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Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga (Original Sem "correções")
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Versão em Português
Início da Tradução: (Fonte Balarama só na transliteração romana) -.- |
Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga Nitai Gaura Hari Bol Sua Divina Graça Fundador Acharya da Sociedade Internacional
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Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga Nitai Gaura Hari Bol
"KRISHNA - A Suprema Personalidade de Deus"
(Original Sem "correções") de Sua Divina Graça
Srimad Bhagavatam - Sua Divina Graça Srila Bhaktivedanta Swami Maharaj Prabhupada Oitavo Canto - Retirada das Criações Cósmicas Primeiro de tudo, deixe-me oferecer minhas humildes, respeitosas reverências aos pés de lótus de meu mestre espiritual, Sua Divina Graça Sri Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Goswami Prabhupada. Algum dia no ano de 1935 quando Sua Divina Graça estava em Radha-kunda, fui vê-lo de Bombaim. Dessa vez, ele me deu muitas instruções importantes a respeito de construir templos e publicar livros. Ele me disse pessoalmente que publicar livros é mais importante do que construir templos. É claro, essas mesmas instruções permaneceram dentro da minha mente por muitos anos. Em 1944, comecei a publicar minha "Back to Godhead" ("De Volta ao Supremo"), quando me aposentei da vida familiar em 1958, comecei a publicar o Srimad Bhagavatam em Délhi. Quando três partes do Srimad Bhagavatam foram publicadas na Índia, aí eu parti para os Estados Unidos da América em 13 de agosto de 1965.
Eu tento continuamente publicar livros, como sugerido pelo meu mestre espiritual. Agora, neste ano, 1976, completei o Sétimo Canto do Srimad Bhagavatam, e um sumário do Décimo Canto já foi publicado como Krishna, a Suprema Personalidade de Deus. Ainda, o Oitavo Canto, Nono Canto, Décimo Canto, Décimo Primeiro Canto e Décimo Segundo Canto estão para serem publicados. Nesta ocasião, portanto, eu oro a meu mestre espiritual para me dar força para terminar este trabalho. Eu não sou nem um grande erudito nem um grande devoto; eu sou simplesmente um servo humilde de meu mestre espiritual, e com o melhor da minha habilidade eu tento satisfazê-lo por publicar esses livros, com a cooperação dos meus discípulos na América. Felizmente, eruditos do mundo inteiro apreciam essas publicações. Que todos nós cooperativamente publiquemos mais e mais volumes do Srimad Bhagavatam justamente para satisfazer Sua Divina Graça Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura.
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Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga Nitai Gaura Hari Bol Srimad Bhagavatam A Srila Prabhupada Bhaktisiddhanta Sarasvati Goswami Maharaja Meu Mestre Espiritual Na 26ª Cerimônia Anual do Dia de Seu Desaparecimento Ele vive para sempre através de suas instruções divinas e o seguidor vive com ele. -.- |
Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga Nitai Gaura Hari Bol
Srimad Bhagavatam Primeiro Canto "Criação" de Srila Prabhupada (Délhi, 15/12/1962) Precisamos saber a necessidade atual da sociedade humana. E qual é essa necessidade? A sociedade humana é muito mais ampla do que na Idade Média, e a tendência mundial é em direção a uma única sociedade ou só uma sociedade humana. Os ideais do comunismo espiritual, segundo o Srimad Bhagavatam, são baseados mais ou menos na unidade da sociedade humana inteira, não só isso como também toda a energia dos seres vivos. A necessidade de que essa ideologia seja bem sucedida é sentida por grandes pensadores. O Srimad Bhagavatam satisfará essa necessidade da sociedade humana. Ele, portanto, começa com o aforismo da filosofia Vedanta janmady asya yatah para estabelecer o ideal de uma causa comum. A sociedade humana, no presente momento, não está na escuridão do esquecimento. Progrediu rapidamente no campo dos confortos materiais, educação e desenvolvimento econômico em toda parte do mundo inteiro. Porém, existe uma irritação em algum lugar do corpo social e bem grande, por isso acontecem conflitos em grande escala, mesmo por causa de assuntos menos importantes. Existe a necessidade de uma solução sobre como a humanidade pode se tornar unida em paz, fraternidade e prosperidade com uma causa comum. O Srimad Bhagavatam satisfará essa necessidade porque é um oferecimento cultural para a re-espiritualização de toda a sociedade humana. O Srimad Bhagavatam também deve ser introduzido nas escolas e faculdades, pois é recomendado pelo grande devoto estudante Prahlada Maharaja para mudar a face demoníaca da sociedade. kaumara acaret prajnodharman bhagavatan ihadurlabham manusam janmatad apy adhruvam arthadam (Bhag. 7.6.1). Divergência na sociedade humana é por causa da falta de princípios de uma civilização sem Deus. Deus existe, ou o Todo-poderoso, de quem tudo emana, por quem tudo é mantido e em quem tudo se incorpora para repousar. A ciência material tentou achar a fonte da criação com muita insuficiência, entretanto é um fato que existe uma fonte suprema de tudo o que existe. Essa fonte suprema é explicada racionalmente e com autoridade no belo Bhagavatam, ou Srimad Bhagavatam. O Srimad Bhagavatam é a ciência transcendental não somente para conhecer a fonte suprema de tudo, mas também para conhecer nossa relação com Ele e nosso dever rumo à perfeição da sociedade humana com base nesse conhecimento perfeito. É uma leitura poderosa no idioma sânscrito, e agora é oferecida em inglês com esmero para que simplesmente com uma leitura cuidadosa a pessoa possa conhecer Deus perfeitamente bem, tanto que o leitor terá instrução suficiente para se defender contra as investidas de ateístas. Além disso, e acima disso, o leitor será capaz de convencer outros a aceitarem Deus como um princípio concreto. O Srimad Bhagavatam começa com a definição da fonte suprema. É um comentário fidedigno sobre o Vedanta-sutra do mesmo autor, Srila Vyasadeva, e progride em nove cantos até o estágio mais elevado de realização de Deus. A única qualificação que a pessoa precisa para estudar este grande livro de conhecimento transcendental é prosseguir passo a passo cautelosamente e não pular ao acaso como um livro comum. Ele tem que ser lido capítulo por capítulo, um depois do outro. O assunto da leitura é organizado com seu texto original em sânscrito, transliteração em inglês, sinônimos, tradução e significados para que a pessoa se torne com certeza uma alma que realizou Deus no fim do término dos primeiros nove cantos. O Décimo Canto é distinto dos nove primeiros cantos porque lida diretamente com as atividades transcendentais da Personalidade de Deus Sri Krishna. A pessoa não será capaz de capturar os efeitos do Décimo Canto sem passar pelos primeiros nove cantos. O livro consiste de doze cantos, cada um independente, mas é bom para todos lerem em pequenos fascículos um depois do outro. Tenho que admitir minhas debilidades para apresentar o Srimad Bhagavatam, ainda assim tenho esperança que será bem recebido pelos pensadores e líderes da sociedade com a força da seguinte afirmação do Srimad Bhagavatam (1.5.11): tad-vag-visargo janatagha-viplavo "Por outro lado, aquela literatura que é cheia de descrições sobre as glórias do nome, fama, forma e passatempos do Supremo Senhor ilimitado é uma criação transcendental destinada a causar uma revolução nas vidas impiedosas de uma civilização desorientada. Tais literaturas transcendentais, mesmo compostas irregularmente, são ouvidas, cantadas e aceitas por pessoas purificadas que são perfeitamente honestas". Om tat sat A. C. Bhaktivedanta Swami Délhi, 15 de dezembro de 1962 -.- |
Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga Nitai Gaura Hari Bol
Admite-se mesmo no círculo superior que de fato, toda a raiz e base da Cultura Indiana está envolvida dentro da língua Sânscrita. E nós sabemos que estrangeiros invasores da Índia puderam quebrar algum trabalho monumental de arquitetura da Índia mas eles foram incapazes de quebrar os ideais perfeitos de civilização humana até então mantidos ocultos dentro da língua Sânscrita da sabedoria Védica. O Srimad Bhagavatam é o fruto maduro amadurecido da árvore da literatura Védica (pág. 66). Nós justamente começamos a dá-Lo disponível em Inglês com visão mais ampla e é dever dos Indianos de liderança propagarem a cultura por todo o mundo nesta hora importante de necessidade. (Srimad Bhagavatam Original de Prabhupada (publicado na Índia) - Antes da Introdução) -.- |
Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga Nitai Gaura Hari Bol O conceito de Deus e o conceito de Verdade Absoluta não estão no mesmo nível. O Srimad Bhagavatam acerta o alvo da Verdade Absoluta. O conceito de Deus indica o controlador, enquanto o conceito de Verdade Absoluta indica o summum bonum ou a fonte suprema de todas as energias. Não existe diferença de opinião sobre a figura pessoal de Deus como o controlador porque um controlador não pode ser impessoal. Claro que o governo moderno, especialmente o governo democrático, é impessoal até certo ponto, mas ultimamente, o diretor chefe do executivo é uma pessoa, e o aspecto impessoal do governo é subordinado ao aspecto pessoal. Assim sem dúvida, sempre que nos referimos a controle sobre outros, devemos admitir a existência do aspecto pessoal. Porque existem vários controladores para vários postos de gestão, pode haver vários pequenos deuses. De acordo com o Bhagavad-gita, qualquer controlador que tem algum poder extraordinário específico é chamado de vibhutimat-sattva, ou controlador dotado de poder pelo Senhor. Existem muitos vibhutimat-sattvas, controladores ou deuses com vários poderes específicos, mas a Verdade Absoluta é única e inigualável. Este Srimad Bhagavatam designa a Verdade Absoluta ou o summum bonum como param satyam. O autor do Srimad Bhagavatam, Srila Vyasadeva, primeiro oferece suas respeitosas reverências a param satyam (Verdade Absoluta), e porque param satyam é a fonte suprema de todas as energias, o param satyam é a Pessoa Suprema. Os deuses ou controladores são pessoas sem dúvida, mas o param satyam de quem os deuses recebem poderes de controle é a Pessoa Suprema. A palavra sânscrita isvara (controlador) transmite o significado de Deus, mas a Pessoa Suprema é chamada de paramesvara, ou o isvara supremo. A Pessoa Suprema, ou paramesvara, é a personalidade com consciência suprema, e porque Ele não recebe qualquer poder de nenhuma outra fonte, Ele é supremamente independente. Brahma é descrito nas literaturas Védicas como o deus supremo ou o líder de todos os outros deuses como Indra, Chandra e Varuna, mas o Srimad Bhagavatam confirma que mesmo Brahma não é independente no que diz respeito a seu poder e conhecimento. Ele recebeu conhecimento na forma dos Vedas da Pessoa Suprema que reside no coração de todo ser vivo. Essa Suprema Personalidade conhece tudo direta e indiretamente. Pessoas infinitesimais individuais, que são parte e parcela da personalidade Suprema, podem conhecer direta e indiretamente tudo sobre seus corpos ou características externas, mas a Suprema Personalidade conhece tudo sobre Suas características externas e internas. As palavras janmady asya sugerem que a fonte de toda produção, manutenção ou destruição é a mesma pessoa com consciência suprema. Mesmo na nossa experiência presente, podemos saber que nada é gerado a partir da matéria inerte, porém a matéria inerte pode ser gerada a partir do ser vivo. Por exemplo, por meio do contato com o ser vivo, o corpo material se desenvolve em uma máquina de trabalho. Pessoas com pobre fundo de conhecimento confundem o maquinário corpóreo com o ser vivo, mas o fato é que o ser vivo é a base da máquina corpórea. A máquina corpórea se torna inútil logo que a centelha viva sai dela. Similarmente, a fonte original de toda a energia material é a Pessoa Suprema. Esse fato é evidente em todas as literaturas Védicas, e todos os expoentes da ciência espiritual aceitaram essa verdade. A força viva se chama Brahman, e um dos grandes acharyas (professores), chamado Sripada Shankaracharya, pregou que Brahman é a substância enquanto mundo cósmico é a categoria. A fonte original de todas as energias é a força viva, e Ele é aceito logicamente como a Pessoa Suprema. Portanto, Ele é consciente de tudo no passado, presente e futuro, e também de cada e todo canto de Suas manifestações, tanto material quanto espiritual. Um ser vivo imperfeito nem mesmo sabe o que acontece dentro de seu próprio corpo pessoal. Ele come sua comida, mas não sabe como essa comida se transforma em energia ou como ela sustenta seu corpo. Quando um ser vivo é perfeito, ele é consciente de tudo o que acontece, e porque a Pessoa Suprema é todo-perfeita, é bem natural que Ele saiba tudo com todos detalhes. Em conseqüência, a personalidade perfeita é tratada no Srimad Bhagavatam como Vasudeva, ou aquele que vive em toda parte com consciência plena e com posse plena de Sua energia completa. Tudo isso é muito bem explicado no Srimad Bhagavatam, e o leitor tem ampla oportunidade de estudar com espírito crítico. Na era moderna, o Senhor Sri Chaitanya Mahaprabhu pregou o Srimad Bhagavatam por meio da demonstração prática. É mais fácil penetrar nos tópicos do Srimad Bhagavatam pelo intermédio da misericórdia sem causa de Sri Chaitanya. Por isso, incluímos aqui um pequeno esboço de Sua vida e preceitos para ajudar o leitor a entender o verdadeiro mérito do Srimad Bhagavatam. É imperativo aprender o Srimad Bhagavatam da pessoa Bhagavatam. A pessoa Bhagavatam é aquela cuja vida é o Srimad Bhagavatam na prática. E porque Sri Chaitanya Mahaprabhu é a Personalidade de Deus Absoluta, Ele é ao mesmo tempo Bhagavan e Bhagavatam em pessoa e em som. Portanto, Seu processo de aproximação do Srimad Bhagavatam é prático para todas as pessoas no mundo. Foi Seu desejo que o Srimad Bhagavatam fosse pregado em cada canto e rincão do mundo por aqueles que tiveram nascimento na Índia. O Srimad Bhagavatam é a ciência de Krishna, a Personalidade de Deus Absoluta de quem temos informação prévia no texto do Bhagavad-gita. Sri Chaitanya Mahaprabhu disse que qualquer um, não importa o que ele for, que for bem versado na ciência de Krishna (Srimad Bhagavatam e Bhagavad-gita) pode se tornar um pregador ou preceptor autorizado da ciência de Krishna. Existe a necessidade da ciência de Krishna na sociedade humana para o bem de toda a humanidade sofredora do mundo, e nós simplesmente pedimos aos líderes das nações que adotem esta ciência de Krishna para seu próprio bem, para o bem da sociedade e para o bem de toda a população mundial. -.- |
Um pequeno esboço da vida e ensinamentos do Senhor Chaitanya, o Pregador do Srimad Bhagavatam:
O Senhor Sri Chaitanya Mahaprabhu, o grande apóstolo do amor de Deus e o pai do canto coletivo do santo nome do Senhor, adveio pessoalmente em Sridham Mayapur, um bairro da cidade de Navadwip na Bengala, durante a noite de Phalguni Purnima do ano 1407 Shakabda (correspondente a fevereiro de 1486 no calendário cristão). Seu pai, Sri Jagannatha Mishra, um brahmana erudito do distrito de Sylhet, veio a Navadwip como estudante porque Navadwip naquela época era considerada centro da educação e cultura. Ele fixou residência nas margens do Ganges depois de casar com Srimati Shachidevi, uma das filhas de Srila Nilambara Chakravarti, o grande catedrático erudito de Navadwip. Jagannatha Mishra teve várias filhas com sua esposa, Srimati Shachidevi, e a maioria delas morreu em idade precoce. Dois filhos sobreviventes, Sri Visvarupa e Visvambhara, foram o objeto de seu amor paterno e materno finalmente. O décimo e filho caçula, que recebeu o nome Visvambhara, ficou conhecido depois como Nimai Pandita e depois, após aceitar a ordem de vida da renúncia, Senhor Sri Chaitanya Mahaprabhu. O Senhor Sri Chaitanya Mahaprabhu exibiu Suas atividades transcendentais durante quarenta e oito anos e então desapareceu no ano 1455 Shakabda em Puri (1534 d.C.). Durante Seus vinte e quatro primeiros anos, Ele permaneceu em Navadwip como estudante e homem casado. Sua primeira esposa foi Srimati Laksmipriya, que teve morte prematura quando o Senhor estava fora de casa. Quando retornou da Bengala Ocidental, Sua mãe Lhe pediu que aceitasse uma segunda esposa. Sua segunda esposa foi Srimati Vishnupriya Devi, que sofreu a separação do Senhor por toda sua vida porque o Senhor aceitou a ordem sannyasa com a idade de vinte e quatro anos, quando Srimati Vishnupriya Devi tinha apenas dezesseis anos. Depois que aceitou sannyasa, o Senhor fez Seu quartel-general em Jagannatha Puri devido a um pedido de Sua mãe, Srimati Shachidevi. O Senhor permaneceu durante vinte e quatro anos em Puri. Durante seis anos desse tempo, Ele viajou continuamente por toda a Índia (e especialmente pelo sul da Índia) pregando o Srimad Bhagavatam. O Senhor Chaitanya não somente pregou o Srimad Bhagavatam como propagou os ensinamentos do Bhagavad-gita na forma mais prática. No Bhagavad-gita, o Senhor é descrito como a Absoluta Personalidade de Deus, e Seu último ensinamento nesse grande livro de conhecimento transcendental instrui que a pessoa deve abandonar todos os modos de atividades religiosas e aceitá-Lo (Senhor Sri Krishna) como o único Senhor adorável. O Senhor então garante que todos Seus devotos ficarão protegidos de todos os tipos de ações pecaminosas e que para eles não há motivo para ansiedade. Infelizmente, apesar da ordem direta do Senhor Sri Krishna no Bhagavad-gita, pessoas menos inteligentes interpretam erradamente que Ele é nada mais do que uma grande personalidade histórica, por isso não podem aceitá-Lo como a Personalidade de Deus original. Tais pessoas com um pobre fundo de conhecimento são mal guiadas por muitos não devotos. Por isso, os ensinamentos do Bhagavad-gita são mal interpretados mesmo por grandes catedráticos. Depois do desaparecimento do Senhor Sri Krishna, surgiram centenas de comentários sobre o Bhagavad-gita por muitos catedráticos eruditos, e quase todos eram motivados por interesse pessoal. O Senhor Sri Chaitanya Mahaprabhu é o próprio Senhor Sri Krishna. Essa vez, entretanto, Ele apareceu como um grande devoto do Senhor a fim de pregar para as pessoas em geral, bem como para religiosos e filósofos, sobre a posição transcendental de Sri Krishna, o Senhor primordial e a causa de todas as causas. A essência de Sua pregação é que o Senhor Sri Krishna, que apareceu em Vrajabhumi (Vrindavana) como filho do rei de Vraja (Nanda Maharaja), é a Suprema Personalidade de Deus e por isso é adorável por todos. Vrindavana-dhama não é diferente do Senhor porque o nome, fama, forma e local onde o Senhor Se manifesta são idênticos ao Senhor como conhecimento absoluto. Portanto, Vrindavana-dhama é tão adorável quanto o Senhor. A forma mais alta de adoração ao Senhor foi exibida pelas donzelas de Vrajabhumi na forma da afeição pura pelo Senhor, e o Senhor Sri Chaitanya Mahaprabhu recomenda esse processo como o modo mais excelente de adoração. Ele aceita o Srimad Bhagavata Purana como a literatura imaculada para o entendimento sobre o Senhor, e Ele prega que o objetivo último da vida para todos os seres humanos é alcançar o estágio de prema, ou amor por Deus. Muitos devotos do Senhor Chaitanya como Srila Vrindavana dasa Thakura, Sri Lochana dasa Thakura, Srila Krsnadasa Kaviraja Goswami, Sri Kavi-karnapura, Sri Prabodhananda Sarasvati, Sri Rupa Goswami, Sri Sanatana Goswami, Sri Raghunatha Bhatta Goswami, Sri Jiva Goswami, Sri Gopala Bhatta Goswami, Sri Raghunatha dasa Goswami, e nessa última geração de duzentos anos, Sri Visvanatha Chakravarti, Sri Baladeva Vidhyabhushana, Sri Shyamananda Goswami, Sri Narottama dasa Thakura, Sri Bhaktivinoda Thakura e por último, Sri Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura (nosso mestre espiritual) e muitos outros grandes e renomados catedráticos e devotos do Senhor prepararam livros e literatura volumosos sobre a vida e preceitos do Senhor. Essas literaturas são todas baseadas nos shastras como os Vedas, Puranas, Upanishads, Ramayana, Mahabharata e outras histórias e literaturas autênticas aprovadas e reconhecidas pelos acharyas. Elas são únicas em composição e incomparáveis em apresentação, e são repletas de conhecimento transcendental. Infelizmente, as pessoas do mundo ainda são ignorantes sobre elas, mas quando essas literaturas, que são na maioria em sânscrito e bengali ( bengalí ), começarem a iluminar o mundo e forem apresentadas às pessoas que pensam, assim a glória da Índia e a mensagem de amor inundarão este mundo mórbido, que procura futilmente paz e prosperidade por meio de vários métodos ilusórios não aprovados pelos acharyas na corrente de sucessão discipular. Os leitores desta pequena descrição da vida e preceitos do Senhor Chaitanya lucrarão muito ao apreciarem os livros de Srila Vrindavana dasa Thakura (Sri Chaitanya-bhagavata) e Srila Krishnadasa Kaviraja Goswami (Sri Chaitanya-charitamrita). A vida inicial do Senhor é fascinantemente descrita pelo autor do Sri Chaitanya Bhagavata, e no que se refere aos ensinamentos, são vividamente explicados no Sri Chaitanya Charitamrita. Agora estão disponíveis para o público que fala inglês no nosso "Ensinamentos do Senhor Chaitanya". A vida inicial do Senhor foi registrada por um de Seus principais devotos e contemporâneos chamado Srila Murari Gupta, um médico da época, e a parte final da vida de Sri Chaitanya Mahaprabhu foi registrada pelo Seu secretário pessoal, Sri Damodara Goswami, ou Srila Swarupa Damodara, que era praticamente companheiro constante do Senhor em Puri. Esses dois devotos registraram praticamente todos os incidentes das atividades do Senhor, e mais tarde, todos os livros que tratam sobre o Senhor, mencionados acima, foram compostos com base em kadachas (anotações) de Srila Damodara Goswami e Murari Gupta. |
Assim, o Senhor adveio em Pessoa na noite de Phalguni Purnima (lua cheia) de 1407 Shakabda (fevereiro de 1486 d.C.), e por vontade do Senhor houve um eclipse lunar naquela noite. Durante as horas do eclipse, era costume da população hindu tomar banho no Ganges ou qualquer outro rio sagrado e cantar mantras Védicos para purificação. Quando o Senhor Chaitanya nasceu, toda a Índia retumbava o som sagrado Hare Krishna, Hare Krishna, Krishna Krishna, Hare Hare. Hare Rama, Hare Rama, Rama Rama, Hare Hare. Esses dezesseis nomes do Senhor são mencionados em vários Puranas e Upanishads, e são descritos como o Taraka-brahma nama desta era. Os shastras recomendam que o canto sem ofensas desses santos nomes do Senhor pode liberar a alma caída do cativeiro material. Existem inumeráveis nomes do Senhor tanto na Índia quanto em outros lugares, e todos eles são igualmente bons porque todos eles indicam a Suprema Personalidade de Deus. Mas porque esses dezesseis nomes são especialmente recomendados para esta era, as pessoas podem aproveitá-los e seguirem o caminho dos acharyas que alcançaram o sucesso pela prática das regras e regulamentos dos shastras (escrituras reveladas). A ocorrência simultânea do aparecimento do Senhor e o eclipse lunar indica a missão característica do Senhor. Essa missão era pregar a importância do canto dos santos nomes do Senhor nesta era de Kali (desavença). Nesta era atual, a desavença acontece mesmo por causa de ninharias, e por isso os shastras recomendam para esta era uma plataforma comum para a realização, a saber, cantar os santos nomes do Senhor. As pessoas podem se reunir para glorificar o Senhor em suas línguas respectivas e com canções melodiosas, se essas reuniões forem feitas de forma sem ofensas, é certeza que os participantes alcançarão gradualmente a perfeição espiritual sem precisarem se submeter a métodos mais rigorosos. Nessas reuniões, todos, o educado e o tolo, o rico e o pobre, os hindus e os islâmicos, os ingleses e os indianos, e os chandalas e os brahmanas, podem ouvir os sons transcendentais e assim limparem a poeira da associação material do espelho do coração. Para confirmar a missão do Senhor, todas as pessoas do mundo aceitarão o santo nome do Senhor como a plataforma comum para a religião universal da humanidade. Em outras palavras, o advento do santo nome aconteceu junto com o advento do Senhor Sri Chaitanya Mahaprabhu. |
Quando o Senhor estava no colo de Sua mãe, parava de chorar imediatamente quando as senhoras que estavam em volta Dele cantavam os santos nomes e batiam palmas. Esse incidente peculiar era observado pelos vizinhos com admiração e veneração. Algumas vezes as meninas mais jovens gostavam de fazer o Senhor chorar para depois fazê-Lo parar com o canto do santo nome. Assim, desde Sua tenra infância o Senhor começou a pregar a importância do santo nome. Durante Sua infância, o Senhor Sri Chaitanya era conhecido como Nimai. Esse nome foi dado por Sua querida mãe porque o Senhor nasceu em baixo de uma árvore nimba (ou nima) no quintal de Sua casa paterna. Quando houve a oferenda de comida sólida ao Senhor com a idade de seis meses na cerimônia de anna-prasada, o Senhor indicou Suas atividades futuras. Nessa ocasião, era costume oferecer à criança moedas e livros a fim de obter alguma indicação das tendências futuras da criança. Ofereceram ao Senhor num lado as moedas e no outro, o Srimad Bhagavatam. O Senhor aceitou o Srimad Bhagavatam em vez das moedas. Quando era apenas um bebê que engatinhava no quintal, um dia apareceu uma serpente na frente do Senhor, e o Senhor começou a brincar com ela. Todas as pessoas da casa ficaram apavoradas e aterrorizadas, mas em pouco tempo a serpente foi embora, e o bebê foi pego por Sua mãe. Certa vez, Ele foi levado por um ladrão que queria roubar Seus ornamentos, mas o Senhor fez uma viagem agradável no ombro do ladrão confuso, que procurava um local solitário para roubar o bebê. Aconteceu que o ladrão, que vagava de lá para cá, finalmente chegou bem em frente à casa de Jagannatha Mishra e, com medo de ser pego, deixou o bebê imediatamente. Claro que os pais e parentes aflitos ficaram felizes de verem a criança perdida.
Certa vez, um brahmana peregrino foi recebido na casa de Jagannatha Mishra, e quando foi oferecer comida ao Supremo Senhor, o Senhor apareceu perante ele e compartilhou a comida preparada. Os alimentos tiveram que ser rejeitados pois a criança havia tocado neles, por isso o brahmana teve que fazer outra preparação. Na próxima vez, aconteceu a mesma coisa, e depois que isso aconteceu repetidamente pela terceira vez, o bebê foi finalmente posto no berço. E lá pela meia noite quando todas as pessoas da casa dormiam profundamente dentro de seus quartos fechados, o brahmana peregrino ofereceu seus alimentos especialmente preparados para a Deidade, e, do mesmo jeito, o Senhor bebê apareceu perante o peregrino e estragou suas oferendas. O brahmana então começou a chorar, mas como todos dormiam profundamente, ninguém pôde ouvi-lo. Nesse momento, o Senhor apareceu perante o brahmana afortunado e revelou Sua identidade como o Próprio Krishna. O brahmana foi proibido de revelar esse incidente, e o bebê retornou para o colo de Sua mãe. Há muitos incidentes similares em Sua infância. Como um menino travesso, Ele às vezes costumava brincar com os brahmanas ortodoxos que tinham o hábito de se banharem no Ganges. Quando os brahmanas reclamavam com Seu pai que Ele espirrava água neles em vez de ir para a escola, o Senhor aparecia subitamente perante Seu pai como se tivesse chegado da escola com todo Seu uniforme escolar e livros. No local de balneário ghata, Ele também costumava brincar com as meninas da vizinhança que se dedicavam à adoração do Senhor Shiva com a esperança de obterem bons esposos. Isso é uma prática comum entre as meninas solteiras de famílias hindus. Enquanto elas se dedicavam a essa adoração, o Senhor aparecia espirituoso perante elas e dizia, "Minhas queridas irmãs, dêem a Mim todas as oferendas que vocês trouxeram agora para o Senhor Shiva. O Senhor Shiva é Meu devoto, e Parvati é Minha serva. Se vocês Me adorarem, o Senhor Shiva e todos os outros semideuses ficarão mais satisfeitos". Algumas delas se recusavam a obedecer ao Senhor espirituoso, e Ele as amaldiçoava por causa de sua recusa a se casarem com homens velhos que já têm sete filhos com suas esposas prévias. Por medo e às vezes por amor, as meninas também ofereciam a Ele vários itens, então o Senhor as abençoava e garantia que elas teriam jovens esposos muito bons e seriam mães de dúzias de filhos. As bênçãos animavam as meninas, mas elas sempre reclamavam a suas mães sobre esses incidentes.
Dessa forma, o Senhor passou Sua infância. Quando tinha apenas dezesseis anos, começou Sua própria chatuspathi (escola do povoado dirigida por um brahmana erudito). Nessa escola, Ele somente explicava Krishna, mesmo nas leituras de gramática. Srila Jiva Goswami, a fim de agradar o Senhor, mais tarde compôs uma gramática em sânscrito, na qual, todas as regras de gramática são explicadas com exemplos que usam os santos nomes do Senhor. Essa gramática ainda está em uso. É conhecida como Hari-namamrita-vyakarana e é prescrita nos programas de estudo das escolas na Bengala. Naquela época, um grande erudito da Caxemira chamado Keshava Kashmiri veio a Navadwip para presidir discussões sobre os shastras. O pandita da Caxemira era um erudito campeão, e tinha viajado por todos os lugares de conhecimento da Índia. Finalmente, ele veio a Navadwip para confrontar os grandes panditas de lá. Os panditas de Navadwip decidiram confrontar Nimai Pandita (Senhor Chaitanya) com o pandita da Caxemira, pois achavam que se Nimai Pandita fosse derrotado, teriam outra chance de debater com o erudito, porque Nimai Pandita era apenas um menino. E se o pandita da Caxemira fosse derrotado, seriam glorificados mais ainda porque as pessoas iriam proclamar que um simples rapaz de Navadwip derrotou um erudito campeão, famoso na Índia inteira. Aconteceu que Nimai Pandita encontrou Keshava Kashmiri quando passeava na beira do Ganges. O Senhor pediu que ele compusesse um verso em sânscrito em louvor ao Ganges, e o pandita em pouco tempo compôs cem slokas, recitou os versos como uma tempestade e assim exibiu o poder de seu vasto conhecimento. Nimai Pandita memorizou todos os slokas imediatamente sem nenhum erro. Ele citou o sloka sessenta e quatro e apontou certas irregularidades retóricas e literárias. Ele questionou especificamente o uso que o pandita fez da palavra bhavani-bhartuh. Ele mostrou que o uso dessa palavra era redundante. Bhavani significa a esposa do Senhor Shiva, e quem mais pode ser seu bharta, ou esposo? Ele também mostrou várias outras discrepâncias, e o pandita da Caxemira ficou maravilhado. Ele ficou atônito de ver como um mero estudante de gramática pôde apontar os erros literários de um grande catedrático erudito. Apesar dessa ocorrência ter acontecido antes de qualquer encontro público, a notícia se espalhou como fogo selvagem por toda Navadwip. Porém, finalmente, Keshava Kashmiri foi ordenado num sonho por Sarasvati, a deusa do conhecimento, a se render ao Senhor, e assim, o pandita da Caxemira se tornou seguidor do Senhor. |
O Senhor então Se casou com grande pompa e alegria, e nessa época, Ele começou a pregar o canto congregacional do santo nome do Senhor em Navadwip. Alguns brahmanas ficaram com inveja da popularidade Dele, por isso colocaram vários obstáculos em Seu caminho. Ficaram com tanta inveja que finalmente levaram o assunto perante o magistrado islâmico de Navadwip. A Bengala era então governada pelos Pathans, e o governador da província era Nawab Hussain Shah. O magistrado islâmico de Navadwip levou a sério as reclamações dos brahmanas, e primeiramente advertiu os seguidores de Nimai Pandita a não cantarem alto o nome de Hari. Mas o Senhor Chaitanya pediu para Seus seguidores desobedecerem às ordens do Kazi, e continuaram com o seu festival sankirtana (canto) como de costume. O magistrado então mandou policiais que interromperam um sankirtana e quebraram algumas mridangas (tambores). Quando Nimai Pandita ouviu sobre esse incidente, organizou um partido para desobediência civil. Ele é o pioneiro do movimento de desobediência civil na Índia pela causa justa. Ele organizou uma procissão de cem mil homens com milhares de mridangas e karatalas (címbalos de mão), e essa procissão passou pelas ruas de Navadwip em desafio ao Kazi que emitiu a ordem. Finalmente a procissão chegou à casa do Kazi, que foi para o andar superior com medo da multidão. A grande multidão reunida em frente à casa do Kazi mostrava um temperamento violento, mas o Senhor pediu que fossem pacíficos. Nesse momento, o Kazi desceu e tentou acalmar o Senhor ao chamá-Lo de sobrinho. Ele observou que Nilambara Chakravarti se referia a ele como um tio, e em conseqüência, Srimati Shachidevi, a mãe de Nimai Pandita, era sua irmã. Ele perguntou ao Senhor se o filho de sua irmã podia ficar bravo com Seu tio materno, e o Senhor respondeu já que o Kazi era Seu tio materno, deveria receber bem seu sobrinho em sua casa. Dessa forma, a questão foi mitigada, e os dois catedráticos eruditos começaram uma longa discussão sobre o Alcorão e os Shastras da Índia. O Senhor levantou a questão da matança da vaca, e o Kazi respondeu propriamente a Ele com referência ao Alcorão. O Kazi por sua vez questionou o Senhor sobre o sacrifício de vacas nos Vedas, e o Senhor respondeu que esse sacrifício mencionado nos Vedas não é matança de vaca realmente. Nesse sacrifício, um touro velho ou vaca velha é sacrificado com o propósito de receber uma nova vida mais jovem pelo poder dos mantras Védicos. Mas em Kali-yuga esses sacrifícios de vaca são proibidos porque não existem brahmanas qualificados capazes de conduzir um sacrifício desses. De fato, em Kali-yuga, todos os yajñas (sacrifícios) são proibidos porque são tentativas inúteis de pessoas tolas. Em Kali-yuga, somente o sankirtana yajña é recomendado para todos os propósitos práticos. Assim, com Suas explicações, o Senhor finalmente convenceu o Kazi, que se tornou Seu seguidor. O Kazi declarou daí em diante que ninguém deveria impedir o movimento sankirtana que foi iniciado pelo Senhor, e o Kazi deixou essa ordem em seu testamento para seus descendentes. O túmulo do Kazi ainda existe na área de Navadwip, e os peregrinos indianos vão lá prestar seus respeitos. Os descendentes do Kazi são residentes, e nunca se opuseram ao sankirtana, mesmo durante os dias de conflito entre indianos e islâmicos.
Esse incidente mostra claramente que o Senhor não era um assim chamado Vaishnava tímido. Um Vaishnava é um devoto destemido do Senhor, e pela causa justa, ele pode tomar qualquer passo adequado ao propósito. Arjuna também era um devoto Vaishnava do Senhor Krishna, e lutou valentemente para a satisfação do Senhor. Similarmente, Vajrangaji, ou Hanuman, também era um devoto do Senhor Rama, e deu lições ao partido de não devotos de Ravana. Os princípios do Vaishnavismo são satisfazer o Senhor por todos os meios. Um Vaishnava é por natureza um ser vivo não violento e pacífico, e possui todas as qualidades de Deus, mas quando um não devoto blasfema o Senhor ou Seu devoto, o Vaishnava nunca tolera tal impudência. Depois desse incidente, o Senhor começou a pregar e propagar Seu Bhagavata-dharma, ou movimento sankirtana, mais vigorosamente, e quem quer que fosse contra essa propagação do yuga-dharma, ou dever da Era, era propriamente punido com vários tipos de castigo. Dois senhores brahmanas chamados Chapala e Gopala, que também eram tios maternos do Senhor, sofreram com lepra como meio de punição, e mais tarde, quando se arrependeram, foram aceitos pelo Senhor. No curso de Seu trabalho de pregação, Ele costumava mandar diariamente todos os Seus seguidores, inclusive Srila Nityananda Prabhu e Thakura Haridasa, dois condutores principais de Seu partido, de porta em porta para pregarem o Srimad Bhagavatam. Toda Navadwip estava cheia com Seu movimento sankirtana, e Seu quartel general era na casa de Shrivasa Thakura e Sri Adwaita Prabhu, dois de Seus discípulos pais de família principais. Esses dois líderes eruditos da comunidade brahmana eram os sustentadores mais ardentes do movimento do Senhor Chaitanya. Sri Adwaita Prabhu é a causa principal do advento do Senhor. Quando Adwaita Prabhu viu que a totalidade da sociedade humana estava repleta de atividades materialistas e desprovida do serviço devocional, que somente pode salvar a humanidade das três misérias da existência material, Ele, devido à Sua compaixão sem causa pela sociedade humana senil, orou fervorosamente pela encarnação do Senhor e continuamente adorou o Senhor com água do Ganges e folhas da árvore sagrada Tulasi. Em relação ao trabalho no movimento sankirtana, era esperado que todos fizessem sua parte diária de acordo com a ordem do Senhor.
Certa vez, Nityananda Prabhu e Srila Haridasa Thakura andavam por uma rua principal, e viram no caminho uma multidão reunida em alvoroço. Depois de perguntarem a transeuntes, entenderam que os dois irmãos, chamados Jagai e Madhai, causavam uma perturbação pública em estado de embriaguez. Eles também ouviram que esses dois irmãos nasceram numa família brahmana respeitável, mas por causa de companhia inferior, eles se transformaram em libertinos do pior tipo. Eles não eram somente bêbados mas também comedores de carne, caçadores de mulheres, dacoits (ladrões) e pecadores de toda espécie. Srila Nityananda Prabhu ouviu todas essas histórias e decidiu que essas duas almas caídas deveriam ser as primeiras a serem liberadas. Se eles fossem liberados de suas vidas pecaminosas, então o bom nome do Senhor Chaitanya seria glorificado mais ainda. Com essa idéia, Nityananda Prabhu e Haridasa abriram seu caminho na multidão e pediram aos dois irmãos para cantarem o santo nome do Senhor Hari. Os irmãos bêbados ficaram irritados com esse pedido e atacaram Nityananda Prabhu com linguagem obscena. Os dois irmãos os seguiram por uma distância considerável. À noite, o relato do trabalho de pregação foi submetido ao Senhor, e Ele ficou feliz de saber que Nityananda e Haridasa tentaram liberar aquele par de sujeitos estúpidos. No dia seguinte, Nityananda Prabhu foi ver os dois irmãos, e logo que Se aproximou, um deles atirou um pedaço de pote de barro Nele. Isso acertou Sua testa, e o sangue começou a jorrar imediatamente. Mas Nityananda Prabhu era tão bom que em vez de protestar contra esse ato hediondo, Ele disse, "não importa que vocês atiraram esta pedra em Mim. Eu ainda peço para vocês cantarem o santo nome do Senhor Hari". Um dos irmãos, Jagai, ficou admirado de ver o comportamento de Nityananda Prabhu, e caiu a Seus pés imediatamente e pediu a Ele que perdoasse seu irmão pecaminoso. Quando Madhai tentou ferir Nityananda Prabhu novamente, Jagai o impediu e implorou que ele caísse aos pé Dele. Nesse momento, a notícia do ferimento de Nityananda chegou ao Senhor, que imediatamente partiu para o local num humor feroz e furioso. O Senhor invocou imediatamente Sua sudarshana-chakra, (a arma suprema do Senhor, que tem forma parecida com uma roda) para matar os pecadores, mas Nityananda Prabhu lembrou o Senhor sobre Sua missão. A missão do Senhor era liberar as almas caídas sem esperança de Kali-yuga, e os irmãos Jagai e Madhai eram dois exemplos típicos dessas almas caídas. Noventa por cento da população desta Era parece com esses irmãos, apesar de alto nascimento e respeitabilidade mundana. Segundo o veredito das escrituras reveladas, a totalidade da população do mundo nesta Era será da qualidade shudra mais baixa, ou mesmo mais baixa ainda. Deve-se notar que Sri Chaitanya Mahaprabhu nunca reconheceu o sistema de casta estereotipado por nascimento; em vez disso, Ele seguiu estritamente o veredito dos shastras sobre o swarupa próprio de cada um, ou identidade real. Quando o Senhor invocou Sua sudarshana-chakra e Srila Nityananda Prabhu implorou para Ele perdoar os dois irmãos, ambos os irmãos caíram aos pés de lótus do Senhor e imploraram por Seu perdão devido a seu comportamento grosseiro. O Senhor também foi solicitado por Nityananda Prabhu para aceitar essas almas arrependidas, e o Senhor concordou em aceitá-los com uma condição, que de agora em diante abandonassem suas atividades pecaminosas e hábitos depravados. Ambos os irmãos concordaram e prometeram abandonar todos seus hábitos pecaminosos, e o bondoso Senhor os aceitou e nunca mais mencionou os malfeitos passados deles.
Essa é a bondade específica do Senhor Chaitanya. Nesta Era, ninguém pode dizer que está livre do pecado. É impossível que alguém diga isso. Mas o Senhor Chaitanya aceita todos os tipos de pessoas pecaminosas com a única condição de que prometam não ceder mais a hábitos pecaminosos depois de serem iniciadas por um mestre espiritual fidedigno. Há vários pontos instrutivos para serem observados nesse incidente dos dois irmãos. Nesta Kali-yuga, praticamente todo mundo é da qualidade de Jagai e Madhai. Se quiserem ser aliviados das reações de seus malfeitos, devem se abrigar no Senhor Chaitanya Mahaprabhu e depois da iniciação espiritual, devem abster-se das coisas que são proibidas nos shastras. As regras de proibição são tratadas dentro dos ensinamentos do Senhor para Srila Rupa Goswami. |
Durante Sua vida de casado, o Senhor não exibiu muitos milagres como geralmente se espera de tais personalidades, mas certa vez, Ele realizou um maravilhoso milagre na casa de Srinivasa Thakura quando o sankirtana estava no auge do balanço. Ele perguntou o que os devotos queriam comer, e quando foi informado que queriam comer mangas, Ele pediu um caroço da fruta, apesar de estar fora da época. Quando trouxeram o caroço, Ele o semeou no quintal de Srinivasa, e imediatamente começou a crescer um broto do caroço. Em pouco tempo, esse broto virou uma mangueira plenamente crescida, carregada com mais frutas maduras do que os devotos puderam comer. A árvore permaneceu no quintal de Srinivasa, e desde então os devotos costumavam pegar quantas mangas quisessem da mangueira. O Senhor tinha muita alta estima pela afeição das donzelas de Vrajabhumi (Vrindavana) por Krishna, e em consideração ao serviço imaculado delas para o Senhor, certa vez, Sri Chaitanya Mahaprabhu cantou os nomes das gopis (meninas pastoras de vacas) em vez dos nomes do Senhor. Nesse momento, alguns de Seus alunos, que também eram discípulos, vieram vê-Lo, e viram que o Senhor cantava os nomes das gopis, ficaram surpresos. Por pura tolice, eles questionaram porque o Senhor cantava os nomes das gopis e O advertiram a cantar o nome de Krishna. O Senhor, que estava em êxtase, foi assim perturbado por esses alunos tolos. Ele os repreendeu e os mandou embora. Os alunos tinham quase a mesma idade do Senhor, por isso pensaram erroneamente que o Senhor era um de seus iguais. Eles fizeram uma reunião e decidiram atacar o Senhor se Ele ousasse puni-los novamente dessa forma. Esse incidente provocou comentários maliciosos sobre o Senhor por parte do público em geral. Quando o Senhor soube disso, começou a considerar os vários tipos de homens encontrados na sociedade. Ele notou que especialmente os estudantes, professores, trabalhadores lucrativos, yogis, não devotos, e vários tipos de ateístas eram todos contrários ao serviço devocional do Senhor. "Minha missão é liberar todas as almas caídas desta Era", pensou Ele, "mas se cometerem ofensas contra Mim, por pensarem que sou um homem ordinário, não serão beneficiadas. Se estão prestes a começar sua vida de realização espiritual, precisam de uma forma ou outra oferecer reverências a Mim". Por isso, o Senhor decidiu aceitar a ordem de vida da renúncia (sannyasa) porque as pessoas em geral eram inclinadas a respeitar um sannyasi. Quinhentos anos atrás, a condição da sociedade não era tão degradada quanto hoje. Naquela época, as pessoas costumavam respeitar um sannyasi, e o sannyasi era rígido no cumprimento das regras e regulamentos da ordem de vida da renúncia. Sri Chaitanya Mahaprabhu não era muito a favor da ordem de vida da renúncia nesta Era de Kali, isso pelo motivo que apenas poucos sannyasis são capazes de cumprir as regras e regulamentos da vida sannyasa. Sri Chaitanya Mahaprabhu decidiu aceitar a ordem e se tornar um sannyasi ideal para que a população em geral pudesse respeitá-Lo. Todos têm obrigação de respeitar um sannyasi, porque o sannyasi é considerado o mestre de todos os varnas e ashramas. Enquanto Ele contemplava aceitar a ordem sannyasa, aconteceu que Keshava Bharati, um sannyasi da escola Mayavadi e residente de Katwa (na Bengala), visitou Navadwip e foi convidado a jantar com o Senhor. Quando Keshava Bharati chegou à Sua casa, o Senhor pediu-lhe para conceder a ordem de vida sannyasa a Ele. Isso foi uma questão de formalidade. A ordem sannyasa deve ser aceita de outro sannyasi. Apesar de ser independente em todos os aspectos, mesmo assim, para manter as formalidades dos shastras, o Senhor aceitou a ordem sannyasa de Keshava Bharati, apesar de Keshava Bharati não ser da Vaishnava-sampradaya (escola). Depois de consultar Keshava Bharati, o Senhor partiu de Navadwip para Katwa a fim de aceitar formalmente a ordem de vida sannyasa. Ele foi acompanhado de Srila Nityananda Prabhu, Chandrashekhara Acharya e Mukunda Datta. Esses três assistiram ao Senhor nos detalhes da cerimônia. O incidente quando o Senhor aceitou a ordem sannyasa é descrito com muito esmero no Chaitanya-bhagavata de Srila Vrindavana dasa Thakura. Assim, no final de Seu vigésimo quarto ano, o Senhor aceitou a ordem de vida sannyasa no mês de Magha. Depois de aceitar essa ordem, Ele Se tornou um pregador completo do Bhagavata-dharma. Embora fizesse o mesmo trabalho de pregação de Sua vida de casado, quando experimentou alguns obstáculos em Sua pregação, sacrificou até mesmo o conforto de Sua vida doméstica para o bem das almas caídas. Em Sua vida de casado, Seus assistentes principais eram Srila Adwaita Prabhu e Srila Shrivasa Thakura, porém, depois que aceitou a ordem sannyasa, Seus assistentes principais se tornaram Srila Nityananda Prabhu, que foi delegado a pregar especificamente na Bengala, e os seis Goswamis (Rupa Goswami, Sanatana Goswami, Jiva Goswami, Gopala Bhatta Goswami, Raghunatha dasa Goswami e Raghunatha Bhatta Goswami), liderados por Srila Rupa e Sanatana, que foram delegados a irem para Vrindavana a fim de escavar os locais de peregrinação presentes. A presente cidade de Vrindavana e a importância de Vrajabhumi foram reveladas pelo desejo do Senhor Sri Chaitanya Mahaprabhu. O Senhor, depois de aceitar a ordem sannyasa, queria partir imediatamente para Vrindavana. Ele viajou durante três dias seguidos pelo Radha-desha (locais onde o Ganges não flui). Ele estava em pleno êxtase com a idéia de ir para Vrindavana. Entretanto, Srila Nityananda desviou Seu caminho e em vez disso O trouxe à casa de Adwaita Prabhu em Shantipura. O Senhor ficou na casa de Sri Adwaita Prabhu por alguns dias, e por saber muito bem que o Senhor deixava Seu núcleo e lar para sempre, Sri Adwaita Prabhu mandou Seu pessoal a Navadwip a fim de trazer a mãe Shachi para ter um último encontro com seu filho. Algumas pessoas inescrupulosas dizem que o Senhor Chaitanya também encontrou Sua esposa depois de aceitar sannyasa e ofereceu a ela Seus chinelos de madeira para adoração, mas as fontes autênticas não dão nenhuma informação sobre esse suposto encontro. Sua mãe O encontrou na casa de Adwaita Prabhu, e quando viu seu filho em sannyasa, lamentou. E por acordo, ela pediu que seu filho fizesse Seu quartel general em Puri para ela ter fácil acesso a informações sobre Ele. O Senhor concordou com esse último desejo de Sua querida mãe. Depois desse incidente, o Senhor partiu para Puri, e deixou todos os habitantes de Navadwip imersos num oceano de lamentação por causa da separação Dele. |
O Senhor visitou muitos lugares importantes no caminho para Puri. Ele visitou o templo de Gopinathaji, que roubou leite condensado para Seu devoto Srila Madhavendra Puri. Desde então, a Deidade de Gopinathaji ficou famosa como Kshira-chora-gopinatha. O Senhor apreciou essa história com grande prazer. A propensão de roubar existe até mesmo na consciência absoluta, mas porque essa propensão é exibida pelo Absoluto, perde sua natureza pervertida e assim se torna adorável até pelo Senhor Chaitanya com base na consideração absoluta que o Senhor e Sua propensão a roubar são o mesmo e idênticos. Essa história interessante de Gopinathaji é explicada vividamente no Chaitanya Charitamrita de Krishnadasa Kaviraja Goswami. [N.T.: Quero observar que muitos locais da Índia mudaram de nome à medida que foi resgatando sua própria identidade, mas vou manter a fidelidade às descrições de Prabhupada, que descreveu vividamente tão bem os vários locais por onde o Senhor Chaitanya passou, no maravilhoso Sri Chaitanya Charitamrita. Exemplos: Orissa = Odisha; Calcutá = Kolkata; Bombaim = Mumbai; Navadwip = Nabadwip; Kataka = Cuttack; e assim por diante. Hoje em dia, com o Google Maps, é muito fácil ver tudo isso]. Depois de visitar o templo Kshira-chora-gopinatha de Remuna em Balasore, Orissa, o Senhor prosseguiu para Puri e no caminho visitou o templo de Sakshi-gopala, que apareceu como testemunha no caso de uma disputa familiar entre dois brahmanas devotos. O Senhor ouviu a história de Sakshi-gopala com muito prazer porque Ele queria impressionar os ateístas que as Deidades adoradas nos templos aprovadas pelos grandes acharyas não são ídolos, como alegam as pessoas com um pobre fundo de conhecimento. A Deidade no templo é uma encarnação archa da Personalidade de Deus, portanto, a Deidade é idêntica ao Senhor em todos os aspectos. Ele responde na proporção do afeto que o devoto tem por Ele. Na história de Sakshi-gopala, onde houve um desentendimento familiar entre dois devotos do Senhor, o Senhor, a fim de mitigar a confusão e também mostrar favor específico para Seus servidores, viajou de Vrindavana a Vidyanagara, uma vila em Orissa, na forma de Sua encarnação archa. De lá, a Deidade foi trazida para Cuttack, e assim o templo de Sakshi-gopala até hoje é visitado por milhares de peregrinos no caminho para Jagannatha Puri. No caminho, Seu bastão de sannyasi foi quebrado por Nityananda Prabhu. O Senhor ficou aparentemente bravo com Ele por causa disso e foi para Puri sozinho, e deixou Seus companheiros para trás.
Em Puri, quando entrou no templo de Jagannatha, Ele ficou imediatamente saturado de êxtase transcendental e caiu no chão do templo inconsciente. Os zeladores do templo não podiam entender as proezas transcendentais do Senhor, mas havia um grande pandita chamado Sarvabhauma Bhattacharya, que estava presente, e pôde entender que o fato do Senhor perder Sua consciência ao entrar no templo de Jagannatha não era uma coisa comum. Sarvabhauma Bhattacharya, que era o pandita principal indicado na corte pelo rei de Orissa, Maharaja Prataparudra, ficou atraído pelo brilho juvenil do Senhor Sri Chaitanya Mahaprabhu e pôde entender que um transe transcendental desse tipo era raramente exibido, e somente pelos devotos mais elevados que já estão no plano transcendental com esquecimento completo da existência material. Somente uma alma liberada poderia exibir tal proeza, e o Bhattacharya, que era altamente erudito, pôde entender isso sob a luz da literatura transcendental com a qual era muito familiarizado. Por isso, ele pediu aos zeladores do templo para não perturbarem o sannyasi desconhecido. Ele pediu que levassem o Senhor para sua casa para que pudesse ser mais bem observado em Seu estado inconsciente. O Senhor foi levado imediatamente para a casa de Sarvabhauma Bhattacharya, que naquela época tinha poder de autoridade suficiente por ser o sabha-pandita, ou catedrático decano oficial das Literaturas em Sânscrito. O pandita erudito queria testar minuciosamente os feitos transcendentais do Senhor Chaitanya porque freqüentemente devotos inescrupulosos imitam proezas físicas com o propósito de ostentar conquistas transcendentais a fim de atrair pessoas inocentes e tirar proveito delas. Um acadêmico erudito como o Bhattacharya pode detectar esses impostores, e quando os descobre, pode rejeitá-los imediatamente. No caso do Senhor Chaitanya Mahaprabhu, o Bhattacharya testou todos os sintomas sob a luz dos shastras. Ele testou como um cientista, não como um tolo sentimentalista. Ele observou o movimento do estômago, as batidas do coração e a respiração pelas narinas. Ele também mediu o pulso do Senhor e viu que todas as Suas atividades corpóreas estavam em completa suspensão. Quando pôs uma mecha de algodão perto das narinas, ele viu que havia uma leve respiração pois as fibras finas do algodão se moviam suavemente. Assim, ele soube que o transe inconsciente do Senhor era genuíno, e começou a tratá-Lo do modo prescrito. Mas o Senhor Chaitanya Mahaprabhu só podia ser tratado de forma especial. Ele só respondia ao ressoar dos santos nomes do Senhor pelos Seus devotos. Esse tratamento especial era desconhecido por Sarvabhauma Bhattacharya porque o Senhor ainda era desconhecido para Ele. Quando o Bhattacharya O viu pela primeira vez no templo, apenas O considerou como um dos muitos peregrinos.
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Nesse meio tempo, os companheiros do Senhor, que chegaram ao templo logo depois Dele, ouviram sobre os feitos transcendentais do Senhor e que Ele foi levado pelo Bhattacharya. Os peregrinos no templo ainda comentavam sobre o incidente. Mas por acaso, um desses peregrinos se encontrou com Gopinatha Acharya, que era conhecido por Gadadhara Pandita, e dele souberam que o Senhor estava deitado em estado inconsciente na residência de Sarvabhauma Bhattacharya, que por acaso era cunhado de Gopinatha Acharya. Todos os membros do partido foram apresentados por Gadadhara Pandita a Gopinatha Acharya, que levou todos eles à casa do Bhattacharya onde o Senhor estava deitado inconsciente num transe espiritual. Todos os membros então cantaram bem alto o santo nome do Senhor Hari como de costume, e o Senhor recobrou Sua consciência. Depois disso, o Bhattacharya recebeu todos os membros do partido, inclusive o Senhor Nityananda Prabhu, e pediu que se tornassem seus convidados de honra. O partido, inclusive o Senhor, foram tomar um banho de mar, e o Bhattacharya organizou a residência e refeições deles na casa de Kashi Mishra. Gopinatha Acharya, seu cunhado, também ajudou. Houve algumas conversas amigáveis sobre a divindade do Senhor entre os dois cunhados, e nesse argumento Gopinatha Acharya, que conheceu o Senhor antes, agora tentava estabelecer o Senhor como a Personalidade de Deus, e o Bhattacharya tentava estabelecê-Lo como um dos grandes devotos. Ambos argumentavam do ângulo de visão dos shastras autênticos e não pela força da "vox populi" [voz do povo] sentimental. As encarnações de Deus são determinadas nos shastras autênticos e não por votos populares de fanáticos tolos. Porque o Senhor Chaitanya é uma encarnação de Deus de fato, fanáticos tolos proclamam tantas assim chamadas encarnações de Deus nesta Era sem referência às escrituras autênticas. Mas Sarvabhauma Bhattacharya ou Gopinatha Acharya não se entregavam a esse sentimentalismo tolo; ao contrário, ambos tentaram estabelecer ou rejeitar Sua divindade com a força dos shastras autênticos. Mais tarde, descobriu-se que o Bhattacharya também veio da região de Navadwip, e compreendeu-se dele que Nilambara Chakravarti, o avô materno do Senhor Chaitanya, era colega de classe do pai de Sarvabhauma Bhattacharya. Nesse sentido, o jovem sannyasi Senhor Chaitanya evocou a afeição paternal do Bhattacharya. O Bhattacharya foi professor de muitos sannyasis na ordem da Shankaracharya-sampradaya, e ele próprio pertencia a esse culto. Assim, o Bhattacharya desejou que o jovem sannyasi Senhor Chaitanya também ouvisse dele sobre os ensinamentos do Vedanta. Aqueles que são seguidores do culto de Shankara geralmente são conhecidos como Vedantistas. Isso não significa, entretanto, que Vedanta é um estudo monopólio da Shankara-sampradaya. O Vedanta é estudado por todas as sampradayas fidedignas, mas cada uma tem suas próprias interpretações. Porém os da Shankara-sampradaya geralmente são conhecidos como ignorantes sobre os Vedantistas Vaishnavas. Por esse motivo, o título Bhaktivedanta foi oferecido primeiro ao autor pelos Vaishnavas. [N.T.: Jaya Prabhupada! Presto minhas humildes reverências a meu amado Gurudev, Sua Divina Graça Srila Bhaktivedanta Swami Maharaj Prabhupada, Paramahamsa Thakura Mahashaya. Prabhupada é energia interna do Senhor Chaitanya Mahaprabhu (Shaktyavesha-avatara do Senhor Nityananda Prabhu), ele nos presenteou com o Tesouro inigualável e ilimitado da Consciência de Krishna. Por sua divina graça, podemos ouvir a Verdade Absoluta diretamente da Suprema Personalidade de Deus, Sri Chaitanya Mahaprabhu]. O Senhor concordou em tomar lições do Bhattacharya sobre o Vedanta, e eles se sentaram juntos no templo do Senhor Jagannatha. O Bhattacharya falou continuamente durante sete dias, e o Senhor o ouviu com toda a atenção e não interrompeu. O silêncio do Senhor gerou algumas dúvidas no coração do Bhattacharya, e ele perguntou ao Senhor por que Ele não fez nenhuma pergunta ou comentário sobre suas explicações sobre o Vedanta.
O Senhor Se posicionou perante o Bhattacharya como um estudante tolo que fingiu ouvir o Vedanta dele porque o Bhattacharya achava que isso era dever de um sannyasi. Mas o Senhor não concordava com as aulas dele. Assim, o Senhor indicou que os ditos Vedantistas entre a Shankara-sampradaya, ou qualquer outra sampradaya que não segue as instruções de Srila Vyasadeva, são estudantes mecânicos do Vedanta. Eles não têm ciência plena sobre esse grande conhecimento. A explanação do Vedanta-sutra é dada pelo próprio autor no texto do Srimad Bhagavatam. Quem não tem conhecimento sobre o Bhagavatam dificilmente será capaz de saber o que o Vedanta diz. O Bhattacharya, como era um homem de conhecimento vasto, conseguiu entender os comentários sarcásticos do Senhor sobre os Vedantistas populares. Por isso, perguntou por que Ele não fez nenhuma pergunta sobre qualquer ponto que não pôde entender. O Bhattacharya conseguiu entender o propósito de Seu silêncio mortal durante os dias que o ouviu. Isso mostrou claramente que o Senhor tinha algo a mais em mente; assim, o Bhattacharya pediu-Lhe para revelar Sua mente. Com esse pedido, o Senhor falou como se segue: "Meu querido senhor, Eu posso entender o significado de sutras como janmady asya yatah, sastra-yonitvat, e athato brahma jijñasa do Vedanta-sutra, mas quando você os explica do seu jeito fica muito difícil para Eu entendê-los. O propósito dos sutras já está explicado dentro deles, mas suas explicações os encobrem com alguma outra coisa. Você deliberadamente não toma o significado direto dos sutras mas indiretamente dá suas próprias interpretações". O Senhor assim atacou todos os Vedantistas que interpretam o Vedanta-sutra à sua própria moda, de acordo com seu poder limitado de pensamento, para servir a seus propósitos pessoais. Essas interpretações indiretas das literaturas autênticas como o Vedanta-sutra são condenadas aqui pelo Senhor. O Senhor continuou: "Srila Vyasadeva resumiu o significado direto dos mantras dos Upanishads no Vedanta-sutra. Infelizmente, você não toma seu significado direto. Você os interpreta de uma forma diferente". "A autoridade dos Vedas é imutável e determinada sem nenhuma questão de dúvida. E tudo que é afirmado nos Vedas deve ser aceito completamente, senão a pessoa desafia a autoridade dos Vedas". "O búzio e o estrume da vaca são osso e fezes de dois seres vivos. Entretanto, porque são recomendados nos Vedas como puros, as pessoas os aceitam dessa forma por causa da autoridade dos Vedas". A idéia é que ninguém pode estabelecer sua razão imperfeita sobre a autoridade dos Vedas. As ordens dos Vedas devem ser obedecidas da forma como se apresentam, sem nenhum raciocínio mundano. Os ditos seguidores dos regulamentos Védicos fazem suas próprias interpretações dos regulamentos Védicos, e assim estabelecem diferentes partidos e seitas da religião Védica. O Senhor Buddha negou diretamente a autoridade dos Vedas, e estabeleceu sua própria religião. E por esse motivo, a religião Budista não é aceita pelos seguidores estritos dos Vedas. Mas aqueles que são ditos seguidores dos Vedas são mais prejudiciais do que os Budistas. Os Budistas têm a coragem de negar os Vedas diretamente, mas os supostos seguidores dos Vedas não têm coragem de negar os Vedas, embora indiretamente desobedeçam a todos regulamentos dos Vedas. O Senhor Chaitanya condenou isso. O exemplo dado pelo Senhor do búzio e do estrume de vaca é muito apropriado a esse respeito. Alguém pode argumentar se o estrume de vaca é puro, as fezes de um brahmana erudito são mais puras ainda, esse argumento não vai ser aceito. Estrume de vaca é aceito, e fezes de um brahmana de alto posto são rejeitadas. O Senhor continuou: "Os regulamentos Védicos são auto autorizados, e se alguma criatura mundana ajustar as interpretações dos Vedas, ela desafia sua autoridade. É tolice achar que alguém é mais inteligente do que Srila Vyasadeva. Ele já se expressou em seus sutras, e não há necessidade da ajuda de personalidades de menor importância. Seu trabalho, o Vedanta-sutra, é tão brilhante quanto o sol de meio-dia, e quando alguém tenta dar suas próprias interpretações sobre o brilhante como o sol Vedanta-sutra que tem brilho próprio, tenta cobrir o Sol com a nuvem da sua imaginação". "Os Vedas e Puranas são únicos e iguais em propósito. Eles determinam a Verdade Absoluta, que é maior do que tudo mais. A Verdade Absoluta é realizada ultimamente como a Absoluta Personalidade de Deus com poder de controle absoluto. Por isso, a Absoluta Personalidade de Deus deve ser completamente plena de opulência, poder, fama, beleza, conhecimento e abnegação. Mesmo assim, a Personalidade de Deus transcendental é espantosamente determinada como impessoal". "A descrição impessoal da Verdade Absoluta nos Vedas é dada para anular o conceito mundano do todo absoluto. As características pessoais do Senhor são completamente diferentes de todos os tipos de características mundanas. Os seres vivos são todos pessoas individuais, e todos são partes e parcelas do todo supremo. Se as partes e parcelas são seres individuais, a fonte de sua emanação não pode ser impessoal. Ele é a Pessoa Suprema entre todas as pessoas relativas". "Os Vedas nos informam que Dele (Brahman) tudo emana, e Nele tudo repousa. E depois da aniquilação, tudo se absorve somente Nele. Portanto, Ele é o último receptáculo, causador e conservador, causa de todas as causas. E essas causas não podem ser atribuídas a um objeto impessoal". "Os Vedas nos informam que somente Ele Se torna muitos, e quando Ele assim deseja, lança Seu olhar sobre a natureza material. Portanto, evidência dos Vedas prova que sem nenhuma dúvida o Senhor tem olhos transcendentais e uma mente transcendental. Eles não são materiais. Sua impessoalidade portanto é uma negação da Sua materialidade, mas não uma negação de Sua personalidade transcendental". "Brahman se refere finalmente à Personalidade de Deus. Realização do Brahman impessoal é justamente o conceito negativo das criações mundanas. Paramatma é o aspecto localizado do Brahman dentro de todos os tipos de corpos materiais. Em última instância, a realização do Brahman Supremo é a realização da Personalidade de Deus de acordo com toda evidência das escrituras reveladas. Ele é a fonte última dos vishnu-tattvas". "Os Puranas também são suplementares dos Vedas. Os mantras Védicos são muito difíceis para as pessoas comuns. Mulheres, shudras, e falsos duas-vezes-nascidos de castas superiores são incapazes de penetrar no sentido dos Vedas. Por isso, o Mahabharata bem como os Puranas são feitos de forma fácil para explicar as verdades dos Vedas. Em suas preces perante o menino Sri Krishna, Brahma disse que não há limite para a fortuna dos habitantes de Vrajabhumi liderados por Sri Nanda Maharaja e Yashodamayi porque a Verdade Absoluta eterna Se tornou seu parente íntimo". "Os mantras Védicos mantêm que a Verdade Absoluta não tem pernas nem mãos e mesmo assim vai mais rápido que todos e aceita tudo que é oferecido a Ele com devoção. As últimas citações sugerem definitivamente os aspectos pessoais do Senhor, embora Suas mãos e pernas sejam distintas das mãos e pernas mundanas e outros sentidos". "Brahman, portanto, nunca é impessoal, mas quando esses mantras são interpretados indiretamente, pensa-se erroneamente que a Verdade Absoluta é impessoal. A Verdade Absoluta Personalidade de Deus é plena de todas as opulências, e por isso Ele tem uma forma transcendental de existência, conhecimento e bem-aventurança plenos. Como então, alguém pode estabelecer a Verdade Absoluta como impessoal"? "O Brahman, por ser pleno de opulências, é compreendido como possuidor de muitas energias, e todas essas energias são classificadas em três títulos sob a autoridade do Vishnu Purana (6.7.60), o qual afirma que as energias transcendentais do Senhor Vishnu são três primariamente. Sua energia espiritual e a energia dos seres vivos são classificadas como energia superior, enquanto a energia material é a inferior que brota da ignorância". "A energia dos seres vivos é tecnicamente chamada de energia kshetrajña. Essa kshetrajña-shakti, embora seja igual em qualidade ao Senhor, torna-se dominada pela energia material por causa da ignorância e por isso sofre todos os tipos de misérias materiais. Em outras palavras, os seres vivos são localizados na energia marginal entre as energias superior (espiritual) e inferior (material), e na proporção do contato do ser vivo com as energias material ou espiritual, o ser vivo está situado proporcionalmente em níveis mais alto ou mais baixo de existência". "O Senhor está além das energias inferior e marginal como mencionado acima, e Sua energia espiritual é manifesta em três fases: Como existência eterna, bem-aventurança eterna e conhecimento eterno. No que diz respeito à existência eterna, é conduzida pela potência sandhini; similarmente, bem-aventurança e conhecimento são conduzidos pelas potências hladini e samvit respectivamente. Como o Senhor supremo energético, Ele é o supremo controlador das energias espiritual, marginal e material. E todos esses diferentes tipos de energias são conectados ao Senhor com serviço devocional eterno". "A Suprema Personalidade de Deus assim desfruta em Sua forma transcendental eterna. Não é impressionante que alguém ouse chamar o Supremo Senhor de não energético? O Senhor é o controlador de todas as energias, e os seres vivos são partes e parcelas de uma dessas energias. Portanto, existe um abismo de diferença entre o Senhor e os seres vivos. Como alguém pode dizer que o Senhor e os seres vivos são idênticos e iguais? No Bhagavad-gita também, os seres vivos são descritos como pertencentes à energia superior do Senhor. De acordo com os princípios da correlação íntima entre a energia e o energético, ambos também não são diferentes". "Terra água, fogo, ar, éter, mente, inteligência e ego são todas energias inferiores do Senhor; mas as entidades vivas são diferentes de todas como energia superior. Essa é a versão do Bhagavad-gita (7.4)". "A forma transcendental do Senhor é eternamente existente e plena de bem-aventurança transcendental. Como uma forma dessas pode ser produto do modo da bondade material? Qualquer um, portanto, que não acredita na forma do Senhor é certamente um demônio incrédulo e por isso, intocável, uma "persona non grata" que não deve ser vista, digna de ser punida pelo rei de Plutão". "Os Budistas são considerados ateístas porque não têm respeito pelos Vedas, mas aqueles que desafiam as conclusões Védicas, como mencionado acima, com o pretexto de serem seguidores dos Vedas, são muito mais perigosos que os Budistas". "Srila Vyasadeva muito gentilmente compilou o conhecimento Védico em seu Vedanta-sutra, mas se alguém ouvir o comentário da escola Mayavada (como representada pela Shankara-sampradaya) certamente será desviado do caminho da realização espiritual". "A teoria das emanações é a matéria inicial do Vedanta-sutra. Todas as manifestações cósmicas são emanações da Personalidade de Deus Absoluta por meio de Suas várias energias inconcebíveis. O exemplo da pedra filosofal é aplicável à teoria da emanação. A pedra filosofal pode transformar uma quantidade ilimitada de ferro em ouro, e mesmo assim, a pedra filosofal permanece como ela é. Similarmente, o Supremo Senhor pode produzir todos os mundos manifestos por meio de Suas energias inconcebíveis, e ainda assim Ele é pleno e imutável. Ele é purna (completo), e apesar de vários purnas emanarem Dele, Ele ainda é purna". "A teoria da ilusão da escola Mayavada é defendida com base que a teoria da emanação causará uma transformação na Verdade Absoluta. Se isso fosse verdade, Vyasadeva estaria errado. Para evitar isso, eles habilmente lançaram a teoria da ilusão. Mas o mundo ou criação cósmica não é falso, como sustentado pela escola Mayavada. Ele simplesmente não tem existência permanente. Algo não permanente, não pode ser chamado de falso ao mesmo tempo. Mas o conceito de que o corpo material é o eu com certeza está errado". "O pranava (om), ou o omkara nos Vedas, é o hino primordial. Esse som transcendental é idêntico à forma do Senhor. Todos os hinos Védicos são baseados nesse pranava omkara. Tat tvam asi é apenas uma palavra lateral nas literaturas Védicas, e por isso essa palavra não pode ser o hino primordial dos Vedas. Sripada Shankaracharya deu mais ênfase a uma palavra lateral tat tvam asi do que ao princípio primordial omkara". [N.T.: Essas explicações divinas do Senhor Chaitanya sobre a Verdade Absoluta são descritas vividamente no maravilhoso Sri Chaitanya Charitamrita de Srila Prabhupada, e também no maravilhoso "Ensinamentos do Senhor Chaitanya" de Srila Prabhupada. O maravilhoso Srimad Bhagavatam, também de Prabhupada, descreve em detalhes toda a Filosofia da Verdade Absoluta, achintya-bhedabheda-tattva. Toda essa explicação filosófica maravilhosa do Senhor Chaitanya foi compilada por Prabhupada no "Ensinamentos do Senhor Chaitanya"]. O Senhor então falou dessa forma sobre o Vedanta-sutra e desafiou toda a propaganda da escola Mayavada. O Bhattacharya tentou se defender e sua escola Mayavada com malabarismo de lógica e gramática, mas o Senhor o derrotou com Seus argumentos substanciosos. Ele afirmou que todos nós somos relacionados com a Personalidade de Deus eternamente e o serviço devocional é nossa função eterna nos intercâmbios dos procedimentos de nossas relações. O resultado desses intercâmbios é alcançar prema, ou amor de Deus. Quando o amor de Deus é alcançado, amor por todos os outros seres segue automaticamente porque o Senhor é a soma total de todos os seres vivos. O Senhor disse que além desses três itens, a saber, relação eterna com Deus, intercâmbio de procedimentos com Ele e o alcance do amor por Ele, tudo que é instruído nos Vedas é supérfluo e forjado. O Senhor acrescentou mais ainda que a filosofia Mayavada ensinada por Sripada Shankaracharya é uma explicação imaginária dos Vedas, mas teve que ser ensinada por ele (Shankaracharya) porque foi ordenado pela Personalidade de Deus a ensinar isso. O Padma Purana afirma que a Personalidade de Deus ordenou o Senhor Shiva a desviar a raça humana Dele (a Personalidade de Deus). A Personalidade de Deus tinha de ser encoberta dessa forma para que as pessoas fossem encorajadas a gerar mais e mais população. O Senhor Shiva disse à Devi: "Em Kali-yuga, Eu vou pregar a filosofia Mayavada, o que é nada mais do que Budismo disfarçado, na forma de um brahmana". Depois de ouvir todas essas explicações do Senhor Sri Chaitanya Mahaprabhu, o Bhattacharya ficou maravilhado e admirado e olhou para Ele em silêncio mortal. O Senhor então o encorajou e assegurou que não havia motivo para admiração. "Eu digo que serviço devocional à Personalidade de Deus é o objetivo máximo da vida humana". Então, Ele citou um sloka do Bhagavatam e o assegurou que mesmo as almas liberadas que estão absortas no espírito e na realização espiritual também aceitam o serviço devocional do Senhor Hari porque a Personalidade de Deus possui qualidades tão transcendentais que atrai o coração até mesmo das almas liberadas também. Então o Bhattacharya desejou ouvir a explicação do sloka "atmarama" do Bhagavatam (1.7.10). O Senhor pediu para o Bhattacharya explicar primeiro, para Ele explicar depois. O Bhattacharya então explicou o sloka de forma acadêmica com referência especial à lógica. Ele explicou o sloka de nove formas diferentes principalmente, baseado em lógica porque ele era o mais renomado acadêmico de lógica da época. O Senhor, depois de ouvir o Bhattacharya, agradeceu-o pela apresentação acadêmica do sloka, e depois, a pedido do Bhattacharya, o Senhor explicou o sloka em sessenta e quatro formas sem tocar nas nove explicações dadas pelo Bhattacharya. |
Depois de ouvir a explicação do verso atmarama do Senhor, o Bhattacharya se convenceu que uma apresentação tão erudita assim é impossível para uma criatura terrestre. Anteriormente, Sri Gopinatha Acharya tentou convencê-lo da divindade do Senhor, mas naquele momento, ele não pôde aceitá-Lo dessa forma. Mas o Bhattacharya ficou surpreendido com a exposição do Senhor sobre o Vedanta-sutra e as explicações sobre o sloka atmarama, e assim ele começou a pensar que tinha cometido uma grande ofensa aos pés de lótus do Senhor por não reconhecê-Lo como o Próprio Krishna em pessoa. Então, ele se rendeu ao Senhor, muito arrependido pelo seu comportamento anterior com Ele, e o Senhor foi bondoso o bastante para aceitar o Bhattacharya. Por Sua misericórdia sem causa, o Senhor manifestou perante ele primeiro Sua forma de Narayana com quatro braços e depois novamente o Senhor Krishna de duas mãos com uma flauta em Sua mão. O Bhattacharya então caiu imediatamente aos pés de lótus do Senhor e compôs muitos slokas em louvor ao Senhor por Sua graça. Ele compôs quase cem slokas em louvor ao Senhor. O Senhor então o abraçou, e por causa do êxtase transcendental, o Bhattacharya perdeu a consciência do estado físico da vida. Lágrimas, tremor, palpitação do coração, transpiração, ondas emocionais, dançar, cantar e chorar, e todos os oito sintomas de transe se manifestaram no corpo do Bhattacharya. Sri Gopinatha Acharya ficou muito feliz e admirado com essa conversão maravilhosa do seu cunhado pela graça do Senhor. |
Dos cem slokas célebres compostos pelo Bhattacharya em louvor ao Senhor, os dois seguintes são os mais importantes, estes dois slokas explicam a missão do Senhor em essência: 1. Eu me rendo à Personalidade de Deus que apareceu como o Senhor Sri Chaitanya Mahaprabhu. Ele é o oceano de toda a misericórdia e descendeu para nos ensinar desapego material, conhecimento e serviço devocional a Ele próprio. 2. Porque o serviço devocional ao Senhor se perdeu no esquecimento do tempo, o Senhor apareceu para renovar os princípios, e por isso eu presto minhas reverências a Seus pés de lótus. O Senhor explicou a palavra mukti como equivalente à palavra Vishnu, ou à Personalidade de Deus. Obter mukti, ou liberação do cativeiro da existência material, é obter o serviço ao Senhor. O Senhor então partiu em direção ao Sul da Índia por algum tempo e converteu todos que encontrou pelo caminho a se tornarem devotos do Senhor Sri Krishna. Esses devotos converteram muitos outros ao culto do serviço devocional, ou o Bhagavata-dharma do Senhor, e assim chegou à beira do Godavari, onde Se encontrou com Srila Ramananda Raya, o governador de Madras nomeado por Maharaja Prataparudra, rei de Orissa. Suas conversas com Ramananda Raya são muito importantes para a realização mais elevada do conhecimento transcendental, e a conversação em si forma um livro pequeno. Entretanto, daremos aqui um resumo da conversa. [N.T.: Esse encontro divino do Senhor Chaitanya com Srila Ramananda Raya é descrito vividamente no maravilhoso Sri Chaitanya Charitamrita de Srila Prabhupada, que foi publicado mais tarde, em 1975]. |
Sri Ramananda Raya é uma alma auto-realizada, apesar de externamente pertencer a uma casta inferior à brahmana no status social. Ele não estava na ordem de vida da renúncia, e além do mais, ele era um alto servidor do governo do estado. Mesmo assim, Sri Chaitanya Mahaprabhu o aceitou como uma alma liberada com o poder da alta ordem de sua realização do conhecimento transcendental. Similarmente, o Senhor aceitou Srila Haridasa Thakura, um devoto veterano do Senhor que veio de uma família islâmica. E há também muitos outros grandes devotos do Senhor que vieram de diferentes comunidades, seitas e castas. O único critério do Senhor era o padrão do serviço devocional da pessoa especificamente. Ele não estava preocupado com a vestimenta externa da pessoa; Ele estava preocupado somente com a alma interior e suas atividades. Portanto, deve-se entender que todas as atividades missionárias do Senhor estão no plano espiritual, e assim, o culto de Sri Chaitanya Mahaprabhu, ou o culto de Bhagavata-dharma, não tem nada a ver com assuntos mundanos, sociologia, política, desenvolvimento econômico, ou qualquer coisa dessa esfera de vida. O Srimad Bhagavatam é o anseio transcendental puro da alma. Quando Ele encontrou Sri Ramananda Raya na margem do Godavari, o varnashrama-dharma seguido pelos indianos foi mencionado pelo Senhor. Srila Ramananda Raya disse que por seguir os princípios do varnashrama-dharma, o sistema de quatro castas e quatro ordens de vida humana, qualquer um pode realizar a Transcendência. Na opinião do Senhor, o sistema de varnashrama-dharma é apenas superficial, e tem muito pouco a ver com a realização mais elevada dos valores espirituais. A perfeição mais elevada da vida é obter desapego do apego material e realizar proporcionalmente o serviço amoroso transcendental ao Senhor. A Personalidade de Deus reconhece um ser vivo que progride nessa linha. Serviço devocional, portanto, é o auge da cultura de todo conhecimento. Quando o Senhor Krishna, a Suprema Personalidade de Deus, apareceu para liberar todas as almas caídas, Ele aconselhou a liberação de todos os seres vivos como se segue. A Suprema Personalidade Absoluta de Deus, de quem todos os seres vivos emanam, deve ser adorada por meio de todos os seus compromissos respectivos, porque tudo que nós vemos também é a expansão de Sua energia. Esse é o caminho da perfeição verdadeira, e é aprovado por todos os acharyas fidedignos do passado e do presente. O sistema de varnashrama é mais ou menos baseado nos princípios da moral e da ética. Assim, há muito pouca realização da Transcendência, e o Senhor Sri Chaitanya Mahaprabhu o rejeitou por ser superficial e pediu a Ramananda Raya para se aprofundar na matéria. |
Sri Ramananda Raya então sugeriu renúncia das ações lucrativas ao Senhor. O Bhagavad-gita (9.27) aconselha a esse respeito: "Qualquer coisa que você fizer, qualquer coisa que você comer e qualquer coisa que você der, bem como o que você realizar em penitência, ofereça somente a Mim". Essa dedicação por parte do trabalhador sugere que a Personalidade de Deus é um degrau superior ao do conceito impessoal do sistema varnashrama, mas mesmo assim, a relação do ser vivo com o Senhor não é distinta dessa forma. O Senhor por isso rejeitou essa proposição e pediu para Ramananda Raya ir adiante. Raya então sugeriu renúncia ao varnashrama-dharma e aceitação do serviço devocional. O Senhor também não aprovou essa sugestão pelo motivo que alguém não pode renunciar de repente sua posição, porque isso pode não trazer o resultado desejado. Raya sugeriu ainda mais que a obtenção da realização
espiritual livre do conceito de vida material é a conquista mais elevada
para o ser vivo. O Senhor rejeitou essa sugestão também porque sob o apelo
dessa realização espiritual muito dano foi forjado por pessoas
inescrupulosas; por isso que de repente não é possível. O Raya então
sugeriu a companhia sincera de almas auto-realizadas e ouvir com submissão
a mensagem transcendental dos passatempos da Personalidade de Deus. Essa
sugestão foi bem-vinda pelo Senhor. Essa sugestão foi feita por seguir os
passos de Brahmaji, quem disse que a Personalidade de Deus é conhecida
como ajita, ou aquele que não pode ser conquistado ou aproximado
por qualquer um. Mas esse ajita também se torna jita
(conquistado) por um método, que é muito simples e fácil. O método simples
é que a pessoa tem que abandonar a atitude arrogante de se declarar como
sendo o próprio Deus. A pessoa tem que ser humilde e submissa e tentar
viver em paz por dedicar a audição às palestras das almas auto-realizadas
transcendentalmente que pregam a mensagem do Bhagavata-dharma,
ou a religião da glorificação ao Supremo Senhor e Seus devotos. Glorificar
um grande homem é um instinto natural dos seres vivos, entretanto, eles
não aprenderam a glorificar o Senhor. A perfeição da vida é alcançada
simplesmente por glorificar o Senhor na companhia de um devoto
auto-realizado do Senhor. [N.T.: Srila Prabhupada afirmou que a ISKCON, ou
International Society for Krishna Consciousness, era seu corpo, e não tem
nada a ver com assuntos mundanos, como confirmado acima. Era simplesmente
para as pessoas poderem praticar esse método simples da companhia do
Devoto Amoroso Eterno do Senhor, e "OUVIR" dele sobre a Consciência de
Krishna de Verdade. Hoje, podemos nos associar com os Vaishnavas
Superiores (Devotos Premika) pela Divina Graça de Srila Prabhupada,
através de Seu SOM DIVINO. O devoto auto-realizado é aquele que se rendeu plenamente ao Senhor e que não tem apego por prosperidade material. Prosperidade material e desfrute sensual e seu avanço são todas atividades da ignorância na sociedade humana. Paz e fraternidade são impossíveis em uma sociedade desapegada da companhia de Deus e Seus devotos. É imperativo, portanto, que a pessoa procure sinceramente a companhia de devotos puros e ouça [ou LEIA] deles com paciência e submissão de qualquer posição de vida. A posição da pessoa num estado superior ou inferior de vida não dificulta seu caminho para a auto-realização. A única coisa que a pessoa tem de fazer é ouvir [ou LER] de uma alma auto-realizada com um programa de rotina. O professor também pode dar aulas sobre as Literaturas Védicas, fiel aos passos dos acharyas antigos que realizaram a Verdade Absoluta. O Senhor Sri Chaitanya Mahaprabhu recomendou esse método simples de auto-realização geralmente conhecido como Bhagavata-dharma. O Srimad Bhagavatam é o guia perfeito para esse propósito. [N.T.: Temos a boa fortuna de nos associarmos com os
devotos premika, companheiros eternos de Sri Chaitanya Mahaprabhu,
pela misericórdia de Srila Prabhupada, através de seus livros sublimes, "O
Bhagavad-gita como Ele é", Srimad-Bhagavatam, Sri
Chaitanya-charitamrita, Néctar da Devoção, Néctar da
Instrução, "O Livro de Krishna, a Suprema Personalidade de Deus",
e tantos outros. E também, Prabhupada nos deu o magnífico abrigo
premika dos pés de lótus de seu irmão querido Srila Bhakti Rakshak
Sridhar Dev-Goswami Maharaj, e todos outros seus irmãos e irmãs queridos,
bem como todos meus irmãos e irmãs queridos também. Acima desses tópicos discutidos pelo Senhor e Sri Ramananda Raya, ainda há conversas mais elevadas espiritualmente entre essas duas grandes personalidades, e omitimos esses tópicos de propósito no presente porque a pessoa precisa chegar ao plano espiritual primeiro antes de poder ouvir as conversas mais avançadas de Ramananda Raya. Nós apresentamos as conversas avançadas de Sri Ramananda Raya com o Senhor em outro livro (Ensinamentos do Senhor Chaitanya).
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Na conclusão desse encontro, Sri Ramananda Raya foi aconselhado pelo Senhor a se aposentar do serviço e ir para Puri para que pudessem viver juntos e saborear uma relação transcendental. Pouco tempo depois, Sri Ramananda Raya se retirou do serviço do governo e recebeu uma pensão do rei. Ele retornou para sua residência em Puri, onde foi um dos devotos mais confidenciais do Senhor. Havia outro cavalheiro em Puri chamado Shikhi Mahiti, que também era um confidente como Ramananda Raya. O Senhor costumava ter conversas confidenciais sobre valores espirituais com três ou quatro companheiros em Puri, e Ele passou dezoito anos dessa forma em transe espiritual. Suas conversas foram registradas pelo Seu secretário particular Sri Damodara Goswami, um dos quatro devotos mais íntimos. O Senhor viajou extensivamente por toda parte do Sul da Índia. O grande santo de Maharashtra conhecido como São Tukarama também foi iniciado pelo Senhor. São Tukarama, depois de ser iniciado pelo Senhor, inundou a Província de Maharashtra inteira com o movimento sankirtana, e a fluência transcendental ainda rola na parte sudoeste dessa grande península indiana. O Senhor escavou no Sul da Índia duas literaturas antigas muito importantes, chamadas Brahma-samhita e Krishna-karnamrita, e esses dois livros preciosos são estudos autorizados para a pessoa na linha devocional. O Senhor então voltou para Puri depois de Sua viagem pelo Sul da Índia.
Depois de Sua volta para Puri, todos os devotos do Senhor ansiosos voltaram para suas vidas, e o Senhor permaneceu lá com passatempos contínuos das Suas realizações transcendentais. O incidente mais importante durante esse período foi Ele conceder audiência ao rei Prataparudra. O rei Prataparudra era um grande devoto do Senhor, e ele se considerava como um dos serventes do Senhor encarregado da varredura do templo. Essa atitude submissa do rei foi muito apreciada por Sri Chaitanya Mahaprabhu. O rei pediu a Bhattacharya e Raya para ambos providenciarem seu encontro com o Senhor. Entretanto, quando o Senhor foi solicitado pelos Seus dois grandes devotos, recusou terminantemente atender ao pedido, mesmo que foi feito por companheiros pessoais como Ramananda Raya e Sarvabhauma Bhattacharya. O Senhor sustentou que é perigoso para um sannyasi ter contato íntimo com homens de consciência mundana capitalista e com mulheres. O Senhor era um sannyasi ideal. Nenhuma mulher podia se aproximar do Senhor até mesmo para prestar reverências. Os assentos das mulheres eram acomodados bem longe do Senhor. Como um professor e acharya ideal, Ele era muito estrito no trabalho de rotina de um sannyasi. À parte de ser uma encarnação divina, o Senhor era um personagem ideal como um ser humano. Seu comportamento com outras pessoas também era acima de suspeita. Na Sua atitude como acharya, Ele era mais duro do que um raio e mais macio do que uma rosa. Um de Seus companheiros, Haridasa Júnior, cometeu um grande erro quando olhou com luxúria para uma jovem mulher. O Senhor como a Superalma pôde detectar essa luxúria na mente de Haridasa Júnior, que foi banido imediatamente da companhia do Senhor e nunca mais foi aceito, mesmo que o Senhor foi implorado para perdoar Haridasa pelo erro. Haridasa Júnior depois disso cometeu suicídio por ficar desprovido da companhia do Senhor, e a notícia do suicídio foi devidamente relatada ao Senhor. Mesmo nesse momento, o Senhor não esqueceu a ofensa, e disse que Haridasa tinha encontrado a punição apropriada devidamente.
Em relação aos princípios da vida de renúncia e disciplina, o Senhor não conhecia comprometimento, e por isso, Ele sabia que o rei era um grande devoto, mesmo assim recusou-Se a ver o rei, somente porque o rei era um homem de "dólar e centavo" [capitalista]. Com esse exemplo, o Senhor queria enfatizar o comportamento correto de um transcendentalista. Um transcendentalista não tem nada a ver com mulheres e dinheiro. Ele deve sempre evitar tais relacionamentos íntimos. Porém, o rei foi favorecido pelo Senhor por meio de um arranjo inteligente dos devotos. Isso quer dizer que um devoto querido do Senhor pode favorecer um neófito mais liberalmente do que o Senhor. Devotos puros, portanto, nunca cometem uma ofensa aos pés de outro devoto puro. Uma ofensa aos pés de lótus do Senhor algumas vezes é perdoada pelo Senhor misericordioso, mas uma ofensa aos pés de um devoto é muito perigosa para quem deseja progredir de verdade no serviço devocional.
Enquanto o Senhor permaneceu em Puri, milhares de Seus devotos costumavam vir vê-Lo durante o festival dos carros do Senhor Jagannatha, Ratha-yatra. E durante o festival dos carros, a lavagem do templo Gundicha sob a supervisão do Senhor era uma função muito importante. O movimento sankirtana congregacional do Senhor em Puri era uma exibição única para a massa de pessoas. Assim é o meio para direcionar a mente da massa para a realização espiritual. O Senhor inaugurou esse sistema de sankirtana de massa, e os líderes de todos os países podem aproveitar esse movimento espiritual a fim de manter a massa de pessoas num estado puro de paz e fraternidade um com o outro. Essa é a demanda atual da presente sociedade humana em todo o mundo.
Depois de algum tempo, o Senhor partiu novamente em Sua viagem, em direção ao Norte da Índia, e Ele decidiu visitar Vrindavana e seus lugares vizinhos. Ele passou pelas selvas de Jharikhanda (Madhya Bharata), e todos os animais selvagens também se juntaram ao Seu movimento sankirtana. Animais selvagens como tigres, elefantes, ursos e veados todos juntos acompanhavam o Senhor, e o Senhor os acompanhava em sankirtana. Dessa forma, Ele provou que com a propagação do movimento sankirtana (canto e glorificação congregacional do nome do Senhor) até mesmo os animais selvagens podem viver em paz e amizade, e o que dizer de seres humanos que são supostamente civilizados. Nenhuma pessoa no mundo recusará se juntar ao movimento sankirtana. Nem o movimento sankirtana do Senhor é restrito a qualquer casta, credo, cor ou espécie. Aqui está a evidência da grande missão Dele: Ele permitiu que até animais selvagens participassem de Seu grande movimento.
Em Seu caminho de volta de Vrindavana, Ele passou primeiro por Prayaga, onde Se encontrou com Rupa Goswami junto de seu irmão mais novo, Anupama. Depois Ele desceu para Benares. Por dois meses, Ele instruiu Sri Sanatana Goswami na ciência transcendental. A instrução a Sanatana Goswami é em si uma longa narração, e a apresentação completa da instrução não é possível aqui. As idéias principais são as seguintes.
Sanatana Goswami (anteriormente conhecido como Sakara Mallika) estava no serviço de gabinete do governo da Bengala sob o regime do Nawab Hussain Shah. Ele decidiu se juntar ao Senhor e assim se retirou do serviço. Em Seu caminho de volta de Vrindavana, quando chegou a Varanasi, o Senhor foi convidado de Sri Tapana Mishra e Chandrashekhara, auxiliado por um brahmana de Maharashtra. Naquela época, Varanasi era liderada por um grande sannyasi da escola Mayavada chamado Sripada Prakashananda Sarasvati. Quando o Senhor estava em Varanasi, as pessoas em geral ficaram mais atraídas ao Senhor Chaitanya Mahaprabhu por causa de Seu movimento sankirtana de massa. Qualquer lugar que Ele visitasse, especialmente o templo Visvanatha, milhares de peregrinos O seguiam. Alguns eram atraídos por Suas feições corpóreas, e outros eram atraídos por Suas canções melodiosas em glorificação ao Senhor. Os sannyasis Mayavadis se designam como Narayana. Varanasi ainda está repleta de sannyasis Mayavadis. Algumas pessoas que viram o Senhor em Seu partido de sankirtana O consideravam como Narayana realmente, e essa notícia chegou ao acampamento do grande sannyasi Prakashananda. Na Índia, sempre existe um tipo de rivalidade entre as escolas Mayavada e Bhagavata, por isso, quando a notícia do Senhor chegou a Prakashananda, ele sabia que o Senhor era um sannyasi Vaishnava, e assim minimizou o valor do Senhor para os que trouxeram a notícia a ele. Ele desaprovou as atividades do Senhor por causa da pregação de Seu movimento sankirtana, que em sua opinião era nada mais do que sentimentalismo religioso. Prakashananda era um estudante intenso do Vedanta, e aconselhou seus discípulos a prestarem atenção no Vedanta e não cederem ao sankirtana. Um devoto brahmana, que se tornou devoto do Senhor, não gostou da crítica de Prakashananda, e foi até o Senhor expressar sua indignação. Ele disse ao Senhor que quando pronunciou o nome do Senhor perante o sannyasi Prakashananda, este criticou duramente o Senhor, apesar do brahmana ter ouvido Prakashananda pronunciar o nome Chaitanya várias vezes. O brahmana ficou admirado de ver que o sannyasi Prakashananda não conseguia vibrar o som Krishna nem uma vez, apesar de pronunciar o nome Chaitanya várias vezes. O Senhor explicou com um sorriso ao devoto brahmana porque o Mayavadi não pode pronunciar o santo nome de Krishna. "Os Mayavadis são ofensores dos pés de lótus de Krishna, apesar de sempre pronunciarem brahma, atma, ou chaitanya, etc.. E porque são ofensores dos pés de lótus de Krishna, eles são na verdade incapazes de pronunciar o santo nome de Krishna. O nome Krishna e a Personalidade de Deus Krishna são idênticos. Não há diferença entre o corpo e a alma para a Personalidade de Deus, Krishna. Assim, Ele é diferente do ser vivo que é sempre diferente de seu corpo externo. Devido à posição transcendental de Krishna, é muito difícil uma pessoa leiga conhecer verdadeiramente a Personalidade de Deus, Krishna, Seu santo nome e fama, etc.. Seu nome, fama, forma e passatempos são todos da mesma identidade transcendental única e igual, e não são concebíveis por meio de exercício dos sentidos materiais". "A relação transcendental dos passatempos do Senhor é fonte de muito mais bem-aventurança do que alguém pode experimentar com a realização de Brahman ou por se tornar uno com o Supremo. Se não fosse assim, aqueles que já estão situados na bem-aventurança transcendental do Brahman não seriam atraídos à bem-aventurança transcendental dos passatempos do Senhor". Depois disso, os devotos do Senhor organizaram um grande encontro onde todos os sannyasis foram convidados, inclusive o Senhor e Prakashananda Sarasvati. Nesse encontro, os dois eruditos (o Senhor e Prakashananda) tiveram uma longa conversa sobre os valores espirituais do movimento sankirtana, e damos um resumo abaixo. O grande sannyasi Mayavadi Prakashananda perguntou ao Senhor qual a razão Dele preferir o movimento sankirtana ao estudo do Vedanta-sutra. Prakashananda disse que é dever de um sannyasi ler o Vedanta-sutra. O que levou o Senhor a se entregar ao sankirtana? Depois dessa pergunta, o Senhor respondeu submissamente: "Eu adotei o movimento sankirtana em vez de estudar o Vedanta porque sou um grande tolo". O Senhor assim Se apresentou como representante de inumeráveis tolos desta era que são absolutamente incapazes para o estudo da filosofia Vedanta. Quando tolos adotam o estudo do Vedanta, causam muito dano à sociedade. O Senhor então continuou: "E porque Eu sou um grande tolo, Meu mestre espiritual Me proibiu de brincar com a filosofia Vedanta. Ele disse que é melhor Eu cantar o santo nome do Senhor, pois isso vai Me liberar do cativeiro material". "Nesta era de Kali não existe outra religião além da glorificação do Senhor pela pronúncia de Seu santo nome, e essa é a prescrição de todas as escrituras reveladas. E Meu mestre espiritual Me ensinou um sloka (do Brihan-Naradiya Purana)": harer nama harer nama harer namaiva kevalam "Por isso, pela ordem do Meu mestre espiritual, Eu canto o santo nome de Hari, e agora fiquei louco por esse santo nome. Sempre que pronuncio o santo nome, esqueço-Me de Mim completamente, e às vezes Eu rio, choro e danço como um louco. Eu pensei que tinha enlouquecido de verdade por causa desse processo de cantar, e assim perguntei a Meu mestre espiritual sobre isso. Ele Me informou que assim é o efeito real de cantar o santo nome, que produz uma emoção transcendental que é uma manifestação rara. É o sinal do amor de Deus, que é o objetivo último da vida. Amor de Deus é transcendental à liberação (mukti), e por isso é chamado de quinto estágio da realização espiritual, acima do estágio da liberação. Por cantar o santo nome de Krishna, a pessoa alcança o estágio do amor de Deus, e felizmente foi bom que Eu fui favorecido com essa bênção". Ao ouvir essa afirmação do Senhor, o sannyasi Mayavadi perguntou ao Senhor qual era o mal de estudar o Vedanta junto do cantar do santo nome. Prakashananda Sarasvati sabia muito bem que o Senhor era conhecido anteriormente como Nimai Pandita, um grande catedrático erudito de Navadwip, e Ele se posicionar como um grande tolo, com certeza tinha algum propósito. Ao ouvir essa pergunta do sannyasi, o Senhor sorriu e disse: "Meu querido Senhor, se não se importa, vou responder sua pergunta". Todos os sannyasis estavam muito satisfeitos com o Senhor por causa de Sua atitude honesta, e eles responderam unanimemente que não ficariam ofendidos com qualquer resposta que desse. Então o Senhor falou como se segue: "O Vedanta-sutra consiste de palavras e sons transcendentais pronunciados pela Personalidade de Deus transcendental. Por isso, não pode haver no Vedanta qualquer uma das deficiências humanas como erro, ilusão, engano ou ineficiência. A mensagem dos Upanishads é expressa no Vedanta-sutra, e o que é dito ali diretamente é glorificado com certeza. Quaisquer interpretações dadas por Shankaracharya não têm sustentação direta no sutra, e por isso esse comentário estraga tudo". "A palavra Brahman indica o maior de todos, que é pleno de opulências transcendentais, superior a todos. Brahman é ultimamente a Personalidade de Deus, e Ele está coberto por interpretações indiretas e estabelecido como impessoal. Tudo que está no mundo espiritual é pleno de bem-aventurança transcendental, inclusive a forma, corpo, local e parafernália do Senhor. Tudo é eternamente conhecedor e bem-aventurado. Não é falta do Acharya Shankara interpretar o Vedanta dessa forma, mas se alguém aceitar isso, então estará arruinado com certeza. Qualquer um que aceita o corpo transcendental da Personalidade de Deus como algo mundano certamente comete a maior blasfêmia". O Senhor então falou para o sannyasi quase do mesmo jeito que Ele falou para o Bhattacharya de Puri, e com argumentos substanciosos Ele nulificou as interpretações Mayavada do Vedanta-sutra. Todos os sannyasis clamaram que o Senhor era os Vedas personificados e a Personalidade de Deus. Todos os sannyasis foram convertidos ao culto de bhakti, todos eles aceitaram o santo nome do Senhor Sri Krishna, e eles jantaram juntos com o Senhor no meio deles. Depois dessa conversão dos sannyasis, a popularidade do Senhor incrementou em Varanasi, e milhares de pessoas se reuniam para ver o Senhor em pessoa. O Senhor então estabeleceu a importância primeira do Srimad Bhagavata-dharma, e Ele derrotou todos os outros sistemas de realização espiritual. Depois disso, todo mundo em Varanasi ficou extasiado com o movimento sankirtana transcendental. [N.T.: Quero lembrar que todos esses passatempos transcendentais do Senhor Chaitanya Mahaprabhu são descritos vividamente em detalhes no maravilhoso Sri Chaitanya Charitamrita de Srila Prabhupada, que foi publicado depois em 1975. Até a história completa de Haridasa Júnior, que depois foi "aliviado" pelo Senhor misericordioso. Aqui Srila Prabhupada dá ênfase ao exemplo pessoal do Senhor Chaitanya. O Senhor Chaitanya Mahaprabhu veio para ensinar pelo Seu exemplo pessoal].
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Quando o Senhor estava acampado em Varanasi, Sanatana Goswami também chegou depois de se aposentar do gabinete. Ele foi anteriormente um dos ministros de estado do governo da Bengala, sob o regime do Nawab Hussain Shah. Ele teve um pouco de dificuldade para se livrar do serviço público, pois o Nawab foi relutante em autorizá-lo a sair. Porém depois, chegou a Varanasi, e o Senhor ensinou a ele os princípios do serviço devocional. Ele lhe ensinou sobre a posição constitucional do ser vivo, a causa de seu cativeiro sob condições materiais, sua relação eterna com a Personalidade de Deus, a posição transcendental da Suprema Personalidade de Deus, Suas expansões em diferentes porções plenárias de encarnações, Seu controle sobre as diferentes partes do universo, a natureza de Sua morada transcendental, atividades devocionais, seus diferentes estágios de desenvolvimento, as regras e regulamentos para o alcance dos estágios graduais da perfeição espiritual, os sintomas das encarnações nas diferentes eras, e como detectá-las com referência ao contexto das escrituras reveladas. Os ensinamentos do Senhor a Sanatana Goswami formam um grande capítulo no texto do Sri Chaitanya Charitamrita, e explicar o texto inteiro em detalhes de minuto vai precisar de um volume próprio. Isso é tratado em detalhe no nosso livro Ensinamentos do Senhor Chaitanya. Em Mathura, o Senhor visitou todos locais importantes; depois Ele chegou a Vrindavana. O Senhor Chaitanya apareceu na família de um brahmana de alta casta, e muito acima disso como sannyasi Ele era o preceptor de todos os varnas e ashramas. Mas Ele costumava aceitar refeições de todas as classes de Vaishnavas. Em Mathura, os brahmanas Sanodiya são considerados do status social inferior, mas o Senhor aceitou refeições na família desse brahmana também porque Seu anfitrião era nada menos do que um discípulo da família de Madhavendra Puri.
Em Vrindavana, o Senhor Se banhou em vinte e quatro locais de banho importantes e ghatas. Ele viajou por todas as doze vanas (florestas) importantes. Nessas florestas, todas as vacas e pássaros vinham Lhe dar as boas-vindas, como se Ele fosse seu velho amigo. O Senhor também começou a abraçar todas as árvores dessas florestas, e ao fazer isso, Ele sentia os sintomas do êxtase transcendental. Às vezes, Ele caia inconsciente, mas recobrava a consciência com o canto do santo nome de Krishna. Os sintomas transcendentais que eram vistos no corpo do Senhor durante Sua viagem dentro da floresta de Vrindavana eram todos únicos e inexplicáveis, e nós só demos uma sinopse. [N.T.: Só para observar que o Senhor Chaitanya viajava a pé, descalço]. Alguns dos locais importantes visitados pelo Senhor em Vrindavana foram Kamyavana, Adishvara, Pavana-sarovara, Khadiravana, Sheshashayi, Khela-tirtha, Bhandiravana, Bhadravana, Shrivana, Lauhavana, Mahavana, Gokula, Kaliya-hrada, Dvadashaditya, Keshi-tirtha, etc.. Quando Ele viu o local onde a dança rasa acontecia, Ele caiu imediatamente em transe. Enquanto permaneceu em Vrindavana, Ele fez Seu quartel general em Akrura-ghata. De Vrindavana, Seu ajudante pessoal Krishnadasa Vipra O induziu a voltar para Prayaga e tomar banho durante o Magha-mela. O Senhor aceitou essa proposta, e eles partiram para Prayaga. No caminho, encontraram alguns Pathans, entre os quais estava um Moulana erudito. O Senhor teve algumas conversas com o Moulana e seus companheiros, e o Senhor convenceu o Moulana que no Alcorão também há descrições do Bhagavata-dharma e Krishna. Todos os Pathans foram convertidos a Seu culto do serviço devocional. Quando voltou a Prayaga, Srila Rupa Goswami e seu irmão mais novo O encontraram perto do templo Bindu-madhava. Dessa vez, o Senhor foi bem-vindo pelo povo de Prayaga mais respeitosamente. Vallabha Bhatta, que morava na outra margem de Prayaga na vila de Adaila, ia recebê-Lo em seu lar, mas quando ia para lá, o Senhor mergulhou no rio Yamuna. Com muita dificuldade, Ele foi resgatado em estado inconsciente. Finalmente, Ele visitou o local de Vallabha Bhatta. Esse Vallabha Bhatta era um dos Seus principais admiradores, porém mais tarde ele inaugurou seu próprio partido, a Vallabha-sampradaya. Na margem do Dashashvamedha-ghata em Prayaga, por dez dias continuamente, o Senhor instruiu Rupa Goswami na ciência do serviço devocional ao Senhor. Ele ensinou ao Goswami as divisões das criaturas vivas em 8.400.000 espécies de vida. Depois Ele ensinou-lhe sobre as espécies humanas. Dessas, Ele discutiu os seguidores dos princípios Védicos, entre essas os trabalhadores lucrativos, entre essas os filósofos empíricos, e entre essas as almas liberadas. Ele disse que existem apenas muito poucos que são realmente devotos puros do Senhor Sri Krishna. Srila Rupa Goswami era irmão mais novo de Sanatana Goswami, e quando ele se retirou do serviço, trouxe consigo dois barcos cheios de moedas de ouro. Isso quer dizer que trouxe consigo algumas centenas de milhares de Rúpias acumuladas pelo labor de seu serviço. E antes de deixar o lar para seguir o Senhor Chaitanya Mahaprabhu, ele dividiu a riqueza como se segue: cinqüenta por cento para o serviço do Senhor e Seus devotos, vinte e cinco por cento para seus familiares e vinte e cinco por cento para suas necessidades pessoais no caso de emergência. Dessa forma, ele estabeleceu um exemplo para todos os chefes de família. O Senhor ensinou ao Goswami sobre serviço devocional, em comparação com uma planta, e o aconselhou a proteger a planta de bhakti muito cuidadosamente contra o elefante louco da ofensa contra os devotos puros. Além disso, a planta tem que ser protegida dos desejos por prazer sensual, liberação monista e perfeição do sistema hatha-yoga. Todos esses são prejudiciais no caminho do serviço devocional. Similarmente, violência contra seres vivos, e desejo de ganância mundana, acolhimento mundano e fama mundana são prejudiciais ao progresso de bhakti, ou Bhagavata-dharma. Serviço devocional puro tem que ser livre de todos desejos por satisfação sensual, aspirações lucrativas e cultura do conhecimento monista. A pessoa tem que estar livre de todos os tipos de designações, e quando ela é assim convertida à pureza transcendental, poderá então servir ao Senhor com sentidos purificados. Enquanto houver o desejo de desfrutar sensualmente ou se tornar uno com o Supremo ou possuir os poderes místicos, não há questão de alcançar o estágio de serviço devocional puro. Serviço devocional é conduzido sob duas categorias, chamadas prática primária e emoção espontânea. Quando a pessoa pode se elevar à plataforma de emoção espontânea, pode fazer mais progresso pelo apego espiritual, sentimento, amor, e muitos estágios mais elevados da vida devocional para os quais não existem palavras em inglês [e português]. Nós tentamos explicar a ciência do serviço devocional em nosso livro "O Néctar da Devoção", baseado na autoridade do Bhakti-rasamrita-sindhu de Srila Rupa Goswami. |
Serviço devocional transcendental tem cinco estágios de reciprocidade: 1. O estágio de auto-realização logo após a liberação do cativeiro material se chama shanta, ou estágio neutro. 2. Depois desse, quando acontece o desenvolvimento do conhecimento transcendental das opulências internas do Senhor, o devoto se ocupa no estágio dasya. 3. Quando o estágio dasya se desenvolve mais, uma fraternidade respeitosa com o Senhor se desenvolve, e acima disso, um sentimento de amizade em termos iguais se torna manifesto. Esses dois estágios se chamam estágio sakhya, ou serviço devocional em amizade. 4. Acima desse está o estágio de afeição paternal pelo Senhor, e é chamado de estágio vatsalya. 5. E acima desse está o estágio de amor conjugal, e esse estágio é chamado de estágio mais elevado do amor de Deus, embora não haja diferença em qualidade de qualquer estágio acima. O último estágio de amor conjugal por Deus se chama estágio madhurya. Assim Ele instruiu Rupa Goswami na ciência devocional e o delegou a Vrindavana para escavar os locais perdidos dos passatempos transcendentais do Senhor. Depois disso, o Senhor retornou a Varanasi e liberou os sannyasis, e instruiu o irmão mais velho de Rupa Goswami. Já discutimos isso. O Senhor deixou apenas oito slokas de Suas instruções por escrito, e eles são conhecidos como o Shikshastaka. Todas as outras literaturas do Seu culto divino foram escritas extensivamente pelos Seus seguidores principais, os seis Goswamis de Vrindavana, e seus seguidores. O culto da filosofia de Chaitanya é mais rico do que qualquer outro, e é admitido como a religião viva do presente com a potência para propagar visva-dharma, ou religião universal. Ficamos felizes que a matéria foi adotada por alguns sábios entusiastas como Bhaktisiddhanta Sarasvati Goswami Maharaja e seus discípulos. Nós esperaremos ansiosamente pelos dias felizes de Bhagavata-dharma, ou prema-dharma, inaugurada pelo Senhor Sri Chaitanya Mahaprabhu. [N.T.: Todas as Glórias à Sua Divina Graça Visvavarenya Om Vishnupada Paramahamsa Parivrajakacharya Ashtottara-shata Sri Srimad Bhaktivedanta Swami Maharaj Srila Prabhupada Thakur Mahashaya, a encarnação do Senhor Nityananda Prabhu que presenteou o Mundo com a Consciência de Krishna do movimento sankirtana do Senhor Sri Chaitanya Mahaprabhu]. [N.T.: Srila Bhaktivinoda Thakura ensina no Sri Chaitanya Shikshamritam que a "Era Dourada" do Senhor Chaitanya já começou há 530 anos, aproximadamente, só que por enquanto, no plano físico, é só para quem quer]. Os oito slokas escritos pelo Senhor são: 1 Glória ao sankirtana de Sri Krishna, que limpa o coração de toda poeira acumulada durante anos e extingue o fogo da vida condicionada, de repetidos nascimento e morte. Este movimento sankirtana é a bênção máxima para a humanidade em larga escala porque ele espalha os raios da Lua da bendição. É a vida de todo conhecimento transcendental. Incrementa o oceano de bem-aventurança transcendental, e nos capacita a saborear plenamente o néctar pelo qual estamos sempre ansiosos. 2 Ó meu Senhor, somente Seu santo nome pode conceder toda bênção para os seres vivos, e por isso o Senhor tem centenas de milhões de nomes como Krishna e Govinda. O Senhor investiu todas as Suas energias transcendentais nesses nomes transcendentais. E nem mesmo existem regras difíceis ou rígidas para cantar esses nomes. Ó meu Senhor, por Sua bondade nos capacitou a nos aproximar facilmente de Você por cantar Seus santos nomes, mas eu sou tão desventurado que não tenho atração por eles. 3 Deve-se cantar o santo nome do Senhor num estado mental de humildade, por considerar-se inferior a uma palha na rua; deve-se ser mais tolerante do que uma árvore, desprovido de todo senso de falso prestígio, e pronto para oferecer todo respeito aos outros. Nesse estado mental, a pessoa pode cantar o santo nome do Senhor constantemente. 4 Ó Senhor todo-poderoso, não tenho desejo de acumular riqueza, nem desejo belas mulheres, nem quero nenhum número de seguidores. Só quero Seu serviço devocional incondicionado nascimento após nascimento. 5 Ó filho de Nanda Maharaja (Krishna), sou Seu servo eterno, mas por algum motivo, caí no oceano de nascimento e morte, por favor, pegue-me deste oceano de morte e coloque-me como um dos átomos de Seus pés de lótus. 6 Ó meu Senhor, quando meus olhos ficarão decorados com lágrimas de amor a fluir constantemente quando eu cantar Seu santo nome? Quando minha voz ficará embargada, e quando os cabelos do meu corpo se arrepiarão com a recitação do Seu nome? 7 Ó Govinda! Por sentir Sua separação, considero um momento como doze anos ou mais. Lágrimas fluem de meus olhos como torrentes de chuva, e eu sinto tudo vazio no mundo na Sua ausência. 8 Não conheço ninguém além de Krishna como meu Senhor, e Ele permanecerá assim mesmo se me apertar fortemente com Seu abraço ou partir meu coração por não estar presente diante de mim. Ele é completamente livre para fazer qualquer coisa e tudo, porque Ele é sempre o meu Senhor adorável incondicionalmente. [N.T.: Jaya Prabhupada! Jaya Prabhupada! Jaya Prabhupada!]. Fim da Introdução -.- |
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