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Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga
Nitai Gaura Hari Bol

Srimad Bhagavatam
(de Krishna Dwaipayana Vyasa - Srila Vyasadeva)

pela Divina Graça
de
Sri Srimad Bhaktivedanta Swami Maharaj Prabhupada
Paramahamsa Thakura Mahashaya

(Original Sem "correções")

 

Segundo Canto

A Manifestação Cósmica

-.-

Capítulo Dois
O Senhor no Coração

Verso 1

çré-çuka uväca
evaà purä dhäraëayätma-yonir
nañöäà småtià pratyavarudhya tuñöät
tathä sasarjedam amogha-dåñöir
yathäpyayät präg vyavasäya-buddhiù

Sri Shukadeva Goswami disse: Anteriormente, antes da manifestação do cosmos, o Senhor Brahma, por meditar no virat-rupa, recobrou sua consciência perdida por agradar ao Senhor. Assim ele pôde reconstruir a criação como era antes.

Iluminação de Srila Prabhupada:

O exemplo citado aqui de Sri Brahmaji é um de esquecimento. Brahmaji é a encarnação de um dos atributos mundanos do Senhor. Por ser a encarnação do modo da paixão da natureza material, ele recebe poder do Senhor para gerar a bela manifestação material. Mesmo assim por ele ser um dos numerosos seres vivos, está apto para esquecer a arte da sua energia criativa. Esse esquecimento do ser vivo - a começar por Brahma abaixo até a formiga mais insignificante - é uma tendência que pode ser neutralizada por meditação no virat-rupa do Senhor. Essa chance está disponível na forma humana de vida, e se um ser humano segue a instrução do Srimad Bhagavatam e começa a meditar no virat-rupa, então reviver sua consciência pura e neutralização da tendência de esquecer sua relação eterna com o Senhor podem seguir simultaneamente. E logo que esse esquecimento é removido, a vyavasaya-buddhi, como mencionado aqui e no Bhagavad-gita (2.41), segue imediatamente. Esse conhecimento apurado do ser vivo conduz para o serviço amoroso para o Senhor, o qual o ser vivo requer. O reino de Deus é ilimitado, por isso o número de mãos assistentes do Senhor também é ilimitado. O Bhagavad-gita (13.14) afirma que o Senhor tem Suas mãos, pernas, olhos e bocas em cada canto e recanto de Sua criação. Isso quer dizer que as expansões de partes e parcelas diferenciadas, chamadas jivas ou seres vivos, são mãos assistentes do Senhor. A alma condicionada, mesmo na posição de um Brahma, esquece isso pela influência da energia material, ilusória gerada pelo egoísmo falso. Pode-se neutralizar esse egoísmo falso por invocar consciência de Deus. Liberação significa sair do sono do esquecimento e ficar situado no verdadeiro serviço amoroso do Senhor, como exemplificado no caso de Brahma. O serviço de Brahma é o modelo do serviço em liberação distinto dos supostos serviços altruístas cheios de erros e esquecimento. Liberação nunca é inação, mas serviço sem erros humanos.

Verso 2

çäbdasya hi brahmaëa eña panthä
yan nämabhir dhyäyati dhér apärthaiù
paribhramaàs tatra na vindate 'rthän
mäyämaye väsanayä çayänaù

A forma de apresentação dos sons Védicos é tão desconcertante que direciona a inteligência da pessoa para coisas sem sentido tais quais os reinos celestiais. As almas condicionadas pairam em sonhos de tais prazeres ilusórios celestiais, mas na realidade elas não saboreiam nenhuma felicidade tangível nesses lugares.

Iluminação de Srila Prabhupada:

A alma condicionada está sempre engajada em traçar planos para felicidade dentro do mundo material, mesmo para cima até o fim do limite universal. Ela não está satisfeita mesmo com as amenidades disponíveis neste planeta Terra, onde ela explorou os recursos da natureza com o máximo de sua habilidade. Ela deseja ir para a Lua ou o planeta Vênus para explorar recursos lá. Porém o Senhor avisou no Bhagavad-gita (8.16) sobre a inutilidade de todos inumeráveis planetas deste universo, e também igual a dos outros planetas dentro de outros sistemas. Existem inumeráveis universos e também inumeráveis planetas em cada um deles. Mas nenhum deles é imune às principais misérias da existência material, chamadas as dores do nascimento, as dores da morte, as dores da velhice e as dores da doença. O Senhor diz que mesmo o planeta mais elevado, conhecido como o Brahmaloka ou Satyaloka, (e o que falar sobre outros planetas, tipo os planetas celestiais) não é uma terra boa para propósitos residenciais, devido à presença das dores materiais, como mencionado acima. Almas condicionadas estão estritamente sob as leis de atividades lucrativas, e por isso às vezes vão para Brahmaloka e novamente descem para Patalaloka, como se fossem crianças sem inteligência num carrossel. A verdadeira felicidade é o reino de Deus, onde ninguém tem que se submeter às dores da existência material. Por isso, os caminhos Védicos de atividades lucrativas para os seres vivos são enganosos. Pensa-se num modo de vida superior neste país ou naquele, ou neste planeta ou outro, mas em nenhum lugar do mundo material pode satisfazer seu desejo verdadeiro de vida, chamado vida eterna, plena de inteligência e bem-aventurança completa. Indiretamente, Srila Shukadeva Goswami afirma que Maharaja Parikshit, em seu último estágio da vida, não deveria desejar se transferir para os assim chamados planetas celestiais, mas devia se preparar para ir de volta ao lar, de volta ao Supremo. Nenhum dos planetas celestiais, nem as amenidades disponíveis lá para condições de vida, é para sempre; por isso deve-se ter uma relutância de fato para desfrutar tal felicidade temporária do modo como eles proporcionam.

Verso 3

ataù kavir nämasu yävad arthaù
syäd apramatto vyavasäya-buddhiù
siddhe 'nyathärthe na yateta tatra
pariçramaà tatra samékñamäëaù

Por essa razão a pessoa iluminada deve se esforçar somente pelas necessidades mínimas da vida enquanto no mundo de nomes. Deve ficar fixa inteligentemente e nunca se empenhar por coisas indesejadas, ser competente para perceber praticamente que todos esses esforços são meramente trabalho árduo para nada.

Iluminação de Srila Prabhupada:

O bhagavata-dharma, ou o culto do Srimad Bhagavatam, é perfeitamente distinto do caminho de atividades lucrativas, que são consideradas pelos devotos como meramente uma perda de tempo. O universo inteiro, ou para esse assunto toda existência material, se move adiante como jagat, simplesmente por planejar negócios para tornar sua posição muito confortável ou segura, apesar de todo mundo ver que esta existência não é nem confortável nem segura e nunca pode se tornar confortável ou segura em nenhum estágio de desenvolvimento. Aqueles que são cativados pelo avanço ilusório da civilização material (por seguir o caminho da fantasmagoria) são certamente pessoas loucas. A criação material inteira é um malabarismo de nomes apenas; de fato, é nada mais do que uma criação atordoante de matéria tipo terra, água e fogo. Os prédios, mobília, carros, bangalôs, moinhos, fábricas, indústrias, paz, guerra ou mesmo a perfeição mais elevada da ciência material, chamada energia atômica e eletrônica, são simplesmente nomes atordoantes de elementos materiais com suas reações concomitantes dos três modos. Porque o devoto do Senhor os conhece perfeitamente bem, não está interessado em criar coisas indesejadas para uma situação que não é verdade nem um pouco, mas simplesmente nomes sem mais significado do que o balbucio das ondas do mar. Os grandes reis, líderes e soldados lutam um com outro a fim de perpetuar seus nomes na história. Eles são esquecidos no devido curso do tempo, e deixam um lugar para outra era na história. Porém o devoto realiza o quanto história e pessoas históricas são produtos inúteis do tempo oscilante. O trabalhador lucrativo aspira por uma grande fortuna em matéria de riqueza, mulher, e adoração mundana, mas aqueles que estão fixos em realidade perfeita não estão nem um pouco interessados nessas coisas falsas. Para eles é tudo uma perda de tempo. Porque cada segundo da vida humana é importante, uma pessoa iluminada deve ser muito cuidadosa para utilizar o tempo muito cautelosamente. Um segundo de vida humana desperdiçado na busca em vão de planejar para felicidade no mundo material nunca pode ser reposto, mesmo se a pessoa gastar milhões de moedas de ouro. Por isso, o transcendentalista que deseja liberdade das garras de maya, ou das atividades ilusórias da vida, é avisado aqui para não ficar cativado pelos aspectos externos dos atores lucrativos. Vida humana nunca é destinada para prazer sensual, mas para auto-realização. Srimad Bhagavatam nos instrui unicamente sobre este assunto desde bem no começo até o fim. Vida humana é simplesmente destinada para auto-realização. A civilização que almeja essa perfeição máxima nunca se dedica a criar coisas desnecessárias, e uma civilização perfeita assim prepara pessoas somente para aceitar as necessidades básicas da vida ou seguir o princípio do melhor uso de um mau negócio. Nossos corpos materiais e nossas vidas nessa conexão são maus negócios porque o ser vivo é na realidade espírito, e avanço espiritual do ser vivo é absolutamente necessário. Vida humana é projetada para a realização desse fator importante, e deve-se agir de acordo, aceitar somente as necessidades básicas da vida e depender mais da dádiva de Deus sem desvio da energia humana para nenhum outro propósito, tipo ficar louco por prazer material. O avanço materialista da civilização é chamado "a civilização dos demônios", a qual ultimamente acaba em guerras e escassez. O transcendentalista é especificamente avisado aqui para ser fixo na mente, que mesmo embora se houver dificuldade em vida simples e pensamento elevado ele não cederá nem um centímetro de sua firme determinação. Para o transcendentalista, é uma política suicida ficar intimamente em contato com gratificadores dos sentidos do mundo, porque uma política dessa frustrará o ganho último da vida. Shukadeva Goswami encontrou Maharaja Parikshit quando o último sentiu uma necessidade para um encontro assim. É o dever de um transcendentalista ajudar pessoas que desejam salvação real e suportar a causa da salvação. Deve-se notar que Shukadeva Goswami nunca encontrou Maharaja Parikshit enquanto ele governava como um grande rei. Para um transcendentalista, o modo de atividades está explicado no próximo verso.

Verso 4

satyäà kñitau kià kaçipoù prayäsair
bähau svasiddhe hy upabarhaëaiù kim
saty aïjalau kià purudhänna-pätryä
dig-valkalädau sati kià dukülaiù

Quando existe amplas planícies terrestres para deitar, qual a necessidade de berços e camas? Quando se pode usar seus próprios braços, qual a necessidade de um travesseiro? Quando se pode usar as palmas das suas mãos, qual a necessidade de variedades de utensílios? Quando existe ampla cobertura, ou as cascas das árvores, qual a necessidade de roupa?

Iluminação de Srila Prabhupada:

As necessidades da vida para a proteção e conforto do corpo não devem ser incrementadas desnecessariamente. Energia humana é desperdiçada na busca em vão atrás da felicidade ilusória. Se alguém é capaz de deitar no chão, então porque deve se esforçar para obter uma boa cama ou colchão macio para se deitar? Se alguém pode descansar sem um travesseiro e fazer uso de seus braços macios dotados pela natureza, não há necessidade de procurar por um travesseiro. Se fizermos um estudo sobre a vida geral dos animais, podemos ver que eles não têm nenhuma inteligência para construir grandes casas, mobília, e outra parafernália doméstica, e mesmo assim eles mantêm uma vida saudável por se deitarem na terra aberta. Eles não sabem cozinhar ou preparar alimentos, mesmo assim eles vivem vidas saudáveis mais facilmente do que o ser humano. Isso não quer dizer que civilização humana deve reverter para vida animal ou que o ser humano deva viver nu nas selvas sem nenhuma cultura, educação e senso de moralidade. Um humano inteligente não pode viver a vida de um animal; em vez disso, humano deve tentar utilizar sua inteligência nas artes e ciência, poesia e filosofia. De forma tal que possa avançar a marcha progressiva da civilização humana. Porém aqui a idéia dada por Srila Shukadeva Goswami é que a reserva de energia da vida humana, que é muito superior à dos animais, deve simplesmente ser utilizada para auto-realização. Avanço da civilização humana deve ser em direção do objetivo de estabelecer nosso relacionamento perdido com Deus, o que não é possível em nenhuma outra forma de vida além da humana. Deve-se realizar a nulidade do fenômeno material, por considerá-lo uma fantasmagoria passageira, e deve se empenhar para resolver uma solução para as misérias da vida. Autocomplacência com um tipo polido de civilização animal engrenada para gratificação dos sentidos é ilusão, e uma "civilização" assim não é digna do nome. Em perseguição dessas falsas atividades, um ser humano está nas garras de maya, ou ilusão. Grandes sábios e santos nos dias da antigüidade não viviam em edifícios palacianos mobiliados com boa mobília e assim chamadas amenidades da vida. Eles costumavam viver em cabanas e bosques e sentavam no chão plano, e mesmo assim deixaram imensos tesouros de conhecimento elevado com toda perfeição. Srila Rupa Goswami e Srila Sanatana Goswami eram ministros de estado de alto nível, porém foram capazes de deixar para trás imensas obras sobre conhecimento transcendental, enquanto residiam somente por uma noite embaixo de uma árvore. Eles não viviam nem mesmo duas noites sob a mesma árvore, e o que dizer de quartos bem mobiliados com amenidades modernas. E mesmo assim eles foram capazes de nos dar as literaturas de auto-realização mais importantes. Assim chamados confortos da vida não são realmente úteis para civilização progressiva; ao contrário, são prejudiciais para essa vida progressiva. No sistema de sanatana-dharma, de quatro divisões de vida social e quatro ordens de realização progressiva, existem amplas oportunidades e orientações suficientes para uma terminação feliz da vida progressiva, e os seguidores sinceros são aconselhados aqui para aceitar uma vida de renúncia voluntária com o propósito de alcançar o objetivo de vida desejado. Se alguém não está acostumado a atuar pela vida de renúncia e auto abnegação desde o início, deve tentar adquirir o hábito num estágio de vida mais tarde como recomendado por Srila Shukadeva Goswami, e isso o ajudará a alcançar o sucesso desejado.

Verso 5

céräëi kià pathi na santi diçanti bhikñäà
naiväìghripäù para-bhåtaù sarito 'py açuñyan
ruddhä guhäù kim ajito 'vati nopasannän
kasmäd bhajanti kavayo dhana-durmadändhän

Não existem mais roupas rasgadas na via comum? As árvores, que existem para manter outros, não dão mais dádivas em caridade? Os rios, porque estão secos, não mais suprem água para a sede? As cavernas das montanhas agora estão fechadas, ou acima de tudo, o Senhor Todo-poderoso não protege as almas rendidas plenamente? Por que então os sábios versados vão bajular aqueles que estão intoxicados por riqueza conquistada com muito esforço?

Iluminação de Srila Prabhupada:

A ordem de vida renunciada nunca é destinada para mendigar ou viver às custas dos outros como um parasita. De acordo com o dicionário, um parasita é um sicofanta que vive às custas da sociedade sem fazer nenhuma contribuição para essa sociedade. A ordem renunciada é destinada para contribuir com algo substancial para a sociedade e não depender dos ganhos dos chefes de família. Ao contrário, aceitação de esmola de um pai de família por um mendicante fidedigno é uma oportunidade proporcionada pelo santo para o benefício tangível do doador. Na instituição sanatana-dharma, doação de esmola para o mendicante é parte do dever do pai de família, e é aconselhado nas escrituras que os chefes de família devem tratar os mendicantes como as crianças da sua família e deve provê-los com comida, roupa etc., sem serem pedidos. Pseudo mendicantes, por isso, não devem aproveitar a vantagem da disposição caridosa dos chefes de família fervorosos. O primeiro dever de uma pessoa na ordem de vida renunciada é contribuir com algum trabalho literário para o benefício do ser humano com o propósito de dar-lhe orientação realizada em direção da auto-realização. Entre os outros deveres da ordem de vida renunciada de Srila Sanatana, Srila Rupa e os outros Goswamis de Vrindavana, o dever mais importante desempenhado por eles foi manterem discursos eruditos entre si em Sevakuñja, Vrindavana (o local onde o Templo Sri Radha-Damodara foi estabelecido por Srila Jiva Goswami e onde as tumbas samadhi verdadeiras de Srila Rupa Goswami e Srila Jiva Goswami estão situadas). Para o benefício de todos na sociedade humana, eles deixaram para trás imensas literaturas de importância transcendental. Similarmente, todos acaryas que aceitaram voluntariamente a ordem de vida renunciada destinada para beneficiar a sociedade humana e não para viver uma vida confortável ou irresponsável às custas de outros. Entretanto, aqueles que não podem dar nenhuma contribuição não devem ir aos chefes de família por comida, porque mendicantes assim que pedem pão para os chefes de família são um insulto para a ordem mais elevada. Shukadeva Goswami deu esse aviso especialmente para aqueles mendicantes que adotam essa linha de profissão para resolver seus problemas econômicos. Tais mendicantes existem em abundância na era de Kali. Quando uma pessoa se torna um medicante por vontade própria ou pelas circunstâncias, tem que ser de fé firme e convicção de que o Supremo Senhor é o mantenedor de todos seres vivos em toda parte do universo. Por que, então, Ele negligenciaria a manutenção de uma alma rendida que está cem por cento dedicada no serviço do Senhor? Um patrão comum cuida das necessidades de seu servidor, assim o quanto muito mais o Supremo Senhor todo-poderoso, todo-opulento cuidaria das necessidades da vida para uma alma rendida plenamente. A regra geral é que um devoto mendicante aceitará uma tanga simples sem pedir para ninguém em caridade. Ele simplesmente a coleta de roupas velhas jogadas na rua. Quando estiver com fome pode ir até uma árvore magnânima que deixa cair frutas, e quando estiver com sede pode beber água do rio que flui. Ele não requer viver numa casa confortável, mas pode encontrar uma caverna nas montanhas e não ficar com medo de animais selvagens, mantendo fé em Deus, que vive no coração de todos. Haridasa Thakura, um grande devoto do Senhor Sri Chaitanya, costumava viver numa caverna, e por acaso uma grande serpente venenosa era parceira dele na caverna. Alguns admiradores da Thakura Haridasa que tinham que visitar o Thakura todo dia temiam a serpente e sugeriram que o Thakura deixasse o local. Porque seus devotos tinham medo da serpente e visitavam a caverna regularmente, Thakura Haridasa concordou com a proposta por causa deles. Mas logo que isso foi estabelecido, a serpente realmente rastejou para fora de sua toca na caverna e deixou a caverna para sempre perante todos presentes. Pela ordem do Senhor, que vivia também no coração da serpente, a serpente deu preferência para Haridasa e decidiu sair do local e não perturbá-lo. Assim esse é um exemplo tangível de como o Senhor dá proteção para um devoto fidedigno igual Thakura Haridasa. De acordo com os regulamentos da instituição sanatana-dharma, a pessoa é treinada desde o começo para depender plenamente da proteção do Senhor em todas circunstâncias. O caminho da renúncia é recomendado para aceitação por aquele que é plenamente realizado e plenamente purificado em sua existência. Esse estágio também é descrito no Bhagavad-gita (16.5) como daivi sampat. Um ser humano é requerido para acumular daivi sampat, ou qualidades espirituais; de outra forma, a próxima alternativa, asuri sampat, ou qualidades materiais, vão dominá-lo desproporcionalmente, e assim será forçado para dentro do enredamento das diferentes misérias do mundo material. Um sannyasi deve sempre viver sozinho, sem companhia, e deve ser destemido. Ele nunca deve ter medo de viver sozinho, embora nunca esteja sozinho. O Senhor reside no coração de todos, e a menos que a pessoa esteja purificada pelo processo prescrito, sentirá que está sozinha. Mas uma pessoa na ordem de vida renunciada deve ser purificada pelo processo; assim sentirá a presença do Senhor em toda parte e não terá nada para temer (tipo ficar sem companhia). Todos podem se tornar pessoa destemida e honesta se sua própria existência está purificada por desempenhar o dever prescrito para cada e toda ordem de vida. Pode-se ficar fixado em seu dever prescrito pela recepção auditiva fervorosa das instruções Védicas e assimilação da essência do conhecimento Védico pelo serviço devocional do Senhor.

Verso 6

evaà sva-citte svata eva siddha
ätmä priyo 'rtho bhagavän anantaù
taà nirvåto niyatärtho bhajeta
saàsära-hetüparamaç ca yatra

Assim fixo, deve-se prestar serviço para a Superalma situada em seu próprio coração pela onipotência Dele. Porque Ele é a Personalidade de Deus Todo-poderosa, eterna e ilimitada, Ele é o objetivo último da vida, e por adorá-Lo pode-se finalizar a causa do estado de existência condicionado.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Como confirmado no Bhagavad-gita (18.61), a Suprema Personalidade de Deus Sri Krishna é a Superalma todo-penetrante onipresente. Por isso aquele que é um yogi pode adorar somente Ele porque Ele é a substância e não ilusão. Toda criatura viva está engajada no serviço de alguém mais. A posição constitucional de um ser vivo é prestar serviço, mas na atmosfera de maya, ou ilusão, ou o estado de existência condicionado, a alma condicionada busca o serviço da ilusão. Uma alma condicionada trabalha no serviço de seu corpo temporário, parentes do corpo tais quais esposa e filhos, e a parafernália necessária para manter o corpo e as relações corpóreas, tais quais a casa, terra, riqueza, sociedade e país, porém não sabe que todas essas prestações de serviço são totalmente ilusórias. Como já discutimos muitas vezes antes, este mundo material é ele mesmo uma ilusão, como uma miragem no deserto. No deserto existe uma ilusão de água, e os animais tolos ficam capturados por essa ilusão e correm atrás da água no deserto, apesar de não haver água nenhuma. Mas porque não há água no deserto, não se pode concluir que não existe nenhuma água de jeito nenhum. A pessoa inteligente sabe bem que existe água com certeza, água nos mares e oceanos, mas reservatórios de água assim estão muito, muito longe do deserto. Por isso deve-se procurar por água nas imediações de mares e oceanos e não no deserto. Cada um de nós procura a verdadeira felicidade na vida, a saber, vida eterna, conhecimento eterno ou ilimitado e vida de bem-aventurança sem fim. Mas pessoas tolas que não têm nenhum conhecimento da substância buscam pela realidade da vida na ilusão. Este corpo material não dura eternamente, e tudo em relação com este corpo temporário, tais quais, esposa, filhos, sociedade e país, também muda junto com a mudança do corpo. Isso se chama samsara, ou repetição de nascimento, morte, velhice e doença. Gostaríamos de encontrar uma solução para todos esses problemas da vida, mas não conhecemos o caminho. Aqui está sugerido que qualquer um que deseja pôr um fim nessas misérias da vida, a saber, repetição de nascimento, morte, doença e velhice, deve adotar este processo de adoração do Supremo Senhor e não outros, como é ultimamente sugerido também no Bhagavad-gita (18.65). Se nós queremos de todo jeito finalizar a causa da nossa vida condicionada, devemos adotar a adoração do Senhor Sri Krishna, que está presente no coração de todos por Sua afeição natural por todos seres vivos, que são na realidade as partes e parcelas do Senhor (Bg. 18.61). Um bebê no colo da sua mãe é naturalmente apegado à mãe, e a mãe é apegada ao filho. Mas quando a criança cresce e se torna desorientada pelas circunstâncias, gradualmente fica desapegada da mãe, embora a mãe sempre espere algum tipo de serviço do filho crescido e é afetuosa igualmente com seu filho, mesmo se o filho está esquecido. Similarmente, porque somos todos partes e parcelas do Senhor, o Senhor é sempre afetuoso conosco, e Ele sempre tenta nos levar de volta ao lar, de volta ao Supremo. Mas nós, as almas condicionadas, não ligamos para Ele e em vez disso corremos atrás de conexões corpóreas ilusórias. Por isso nós devemos nos desprender de todas conexões ilusórias do mundo e procurar reunião com o Senhor, por tentar prestar serviço para Ele porque Ele é a verdade última. Na realidade nós ansiamos por Ele igual a criança procura a mãe. E para procurar a Suprema Personalidade de Deus, não precisamos ir a lugar nenhum, porque o Senhor está dentro dos nossos corações. Isso não sugere, entretanto, que não devemos ir aos locais de adoração, chamados templos, igrejas e mesquitas. Esses lugares sagrados de adoração também são ocupados pelo Senhor porque o Senhor é onipresente. Para a pessoa comum esses lugares sagrados são centros de aprendizado sobre a ciência de Deus. Quando os templos são desprovidos de atividades, as pessoas em geral perdem o interesse por esses lugares, e conseqüentemente a massa de pessoas em geral se torna sem Deus, e uma civilização sem Deus é o resultado. Tal civilização infernal incrementa artificialmente as condições de vida, e a existência fica intolerável para todos. Os líderes idiotas de uma civilização sem Deus tentam traçar vários planos para trazer paz e prosperidade ao mundo sem Deus sob uma marca patenteada de materialismo, e porque essas tentativas são apenas ilusórias, as pessoas elegem líderes cegos, incompetentes, um depois do outro, que são incapazes de oferecer soluções. Se quisermos de alguma forma finalizar essa anomalia de civilização sem Deus, devemos seguir os princípios das escrituras reveladas tal qual o Srimad Bhagavatam e seguir a instrução de uma pessoa igual Sri Shukadeva Goswami que não tem atração por ganho material.

Verso 7

kas täà tv anädåtya paränucintäm
åte paçün asatéà näma kuryät
paçyaï janaà patitaà vaitaraëyäà
sva-karmajän paritäpäï juñäëam

Quem mais além de materialistas grosseiros negligenciarão esse pensamento transcendental e adotam os nomes não permanentes somente, vendo a massa de pessoas caírem no rio do sofrimento como a conseqüência de acumular o resultado de seu próprio trabalho?

Iluminação de Srila Prabhupada:

Nos Vedas é dito que pessoas que são apegadas aos semideuses com a exclusão da Suprema Personalidade de Deus são iguais animais que seguem o pecuarista mesmo embora são levados para o matadouro. Os materialistas, iguais animais, também não sabem como estão mal orientados por negligenciar o pensamento transcendental da pessoa Suprema. Ninguém pode ficar vazio de pensamento. É dito que um cérebro ocioso é uma oficina do diabo porque uma pessoa que não pode pensar de forma correta deve pensar em algo que pode trazer desastre. Os materialistas sempre adoram semideuses menores, embora isso esteja condenado no Bhagavad-gita (7.20). Enquanto uma pessoa estiver iludida por ganhos materiais, peticiona os semideuses específicos para extrair algum benefício particular o qual é, depois de tudo, ilusório e não permanente. O transcendentalista iluminado não é cativado por essas coisas ilusórias; por isso está sempre absorto no pensamento transcendental do Supremo em diferentes estágios de realização, a saber, Brahman, Paramatma e Bhagavan. No verso prévio está sugerido que deve-se pensar na Superalma, que é um degrau acima do pensamento impessoal do Brahman, como foi sugerido no caso de comtemplar o virat-rupa da Personalidade de Deus.

Pessoas inteligentes que podem enxergar apropriadamente podem olhar dentro das condições gerais dos seres vivos que vagueiam no ciclo de 8.400.000 espécies de vida, bem como em diferentes classes de seres humanos. É dito que existe um cinturão de água perene chamado Rio Vaitarani na entrada do planeta plutônico de Yamaraja, que pune pecadores de diferentes maneiras. Depois de ser submetido a esses sofrimentos, um pecador é sentenciado a uma espécie de vida particular de acordo com seus feitos no passado. Tais seres vivos como são punidos por Yamaraja são vistos em diferentes variedades de vida condicionada. Alguns deles estão no paraíso, e alguns deles estão no inferno. Alguns deles são brahmanas, e alguns deles são miseráveis. Porém ninguém é feliz dentro deste mundo material, e todos eles tanto classe A, B ou C sofrem por causa de seus próprios feitos. O Senhor é imparcial em todas circunstâncias dos sofrimentos dos seres vivos, porém para aquele que toma abrigo em Seus pés de lótus, o Senhor dá proteção apropriada, e Ele leva o ser vivo assim de volta ao lar, de volta ao Supremo.

Verso 8

kecit sva-dehäntar-hådayävakäçe
prädeça-mätraà puruñaà vasantam
catur-bhujaà kaïja-rathäìga-çaìkha-
gadä-dharaà dhäraëayä smaranti

Outros concebem a Personalidade de Deus que reside dentro do corpo na região do coração e mede somente vinte centímetros e meio, com quatro mãos que carregam um lótus, uma roda de carruagem, um búzio e uma maça respectivamente.

Iluminação de Srila Prabhupada:

A Personalidade de Deus todo-penetrante reside como Paramatma no coração de cada e todo ser vivo. O tamanho da Personalidade de Deus localizada é estimado a expandir do dedo anular até o fim do polegar, mais ou menos vinte centímetros. A forma do Senhor descrita neste verso com distribuição de diferentes símbolos - a começar da mão direita inferior para cima e para baixo até a mão esquerda inferior com lótus, roda de carruagem, búzio e maça respectivamente - chama-se Janardana, ou a porção plenária do Senhor que controla a massa em geral. Existem muitas outras formas do Senhor com situações variadas dos símbolos lótus, búzio etc., e são conhecidos diferentemente como Purushottama, Achyuta, Narasimha, Trivikrama, Hrishikesha, Keshava, Madhava, Aniruddha, Pradyumna, Sankarshana, Shridhara, Vasudeva, Damodara, Janardhana, Narayana, Hari, Padmanabha, Vamana, Madhusudana, Govinda, Krishna, Vishnumurti, Adhokshaja e Upendra. Essas vinte e quatro formas da Personalidade de Deus localizada são adoradas em diferentes partes do sistema planetário, e em cada sistema há uma encarnação do Senhor que tem um planeta Vaikuntha diferente no céu espiritual, que se chama paravyoma. Existem muitas outras centenas e dezenas de formas diferentes do Senhor, e cada uma e todas elas têm um planeta particular no céu espiritual, do qual este céu material é apenas uma ramificação fragmentária. O Senhor existe como purusa, ou o masculino desfrutador, embora não haja nenhuma comparação Dele com qualquer forma masculina no mundo material. Porém todas essas formas diferentes são advaita, não diferentes uma da outra, e cada uma delas é eternamente jovem. O jovem Senhor com quatro mãos é belamente decorado, como descrito abaixo.

Verso 9

prasanna-vaktraà nalinäyatekñaëaà
kadamba-kiïjalka-piçaìga-väsasam
lasan-mahä-ratna-hiraëmayäìgadaà
sphuran-mahä-ratna-kiréöa-kuëòalam

Sua boca expressa Sua felicidade, Seus olhos se espalham como as pétalas de um lótus, e Suas roupas, amareladas igual o açafrão da flor kadamba, são enfeitadas com jóias preciosas. Seus ornamentos são todos feitos de ouro, incrustados com jóias, e Ele usa um enfeite de cabeça brilhante e brincos.

Verso 10

unnidra-håt-paìkaja-karëikälaye
yogeçvarästhäpita-päda-pallavam
çré-lakñaëaà kaustubha-ratna-kandharam
amläna-lakñmyä vana-mälayäcitam

Seus pés de lótus estão situados nas corolas dos corações que são como lótus dos grandes místicos. Sobre Seu tórax está a jóia Kaustubha, gravada com um lindo bezerro, e há outras jóias sobre Seus ombros. Seu torso completo está coberto por colares de flores frescas.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Os ornamentos, flores, roupas e todas as outras decorações no corpo transcendental da Personalidade de Deus são idênticos ao corpo do Senhor. Nenhum deles é feito com ingredientes materiais; de outra forma não haveria chance de decorarem o corpo do Senhor. Assim, no paravyoma, variedades espirituais também são distintas das variedades materiais.

Verso 11

vibhüñitaà mekhalayäìguléyakair
mahä-dhanair nüpura-kaìkaëädibhiù
snigdhämaläkuïcita-néla-kuntalair
virocamänänana-häsa-peçalam

Ele é bem decorado com uma grinalda ornamental pela Sua cintura e anéis cravejados com jóias preciosas em Seus dedos. Suas caneleiras, Suas pulseiras, Seu cabelo oleado, encaracolado com uma tonalidade azulada, e Sua bela face sorridente são todos muito agradáveis.

Iluminação de Srila Prabhupada:

A Suprema Personalidade de Deus é a pessoa mais bela entre todas outras, e Srila Shukadeva Goswami descreve cada parte da beleza transcendental Dele, uma depois da outra, com o propósito de ensinar o impersonalista que a Personalidade de Deus não é uma imaginação pelo devoto para facilidade de adoração, mas é a Pessoa Suprema de fato e figura. O aspecto impessoal da Verdade Absoluta é apenas Sua radiação, do mesmo modo que os raios do Sol são apenas radiações do Sol.

Verso 12

adéna-lélä-hasitekñaëollasad-
bhrü-bhaìga-saàsücita-bhüry-anugraham
ékñeta cintämayam enam éçvaraà
yävan mano dhäraëayävatiñöhate

Os passatempos magnânimos do Senhor e o olhar brilhante de Sua face sorridente são todos indicações de Suas bênçãos extensivas. Deve-se por isso concentrar nessa forma transcendental do Senhor, enquanto a mente puder ficar fixa Nele por meditação.

Iluminação de Srila Prabhupada:

No Bhagavad-gita (12.5) é dito que o impersonalista se submete a uma série de programas difíceis por causa da sua meditação impessoal. Mas o devoto, devido ao serviço pessoal do Senhor, progride muito facilmente. Meditação impessoal é assim uma fonte de sofrimento para o impersonalista. Aqui, o devoto tem uma vantagem sobre o filósofo impersonalista. O impersonalista é duvidoso sobre o aspecto pessoal do Senhor, e por isso sempre tenta meditar sobre algo que não é objetivo. Por essa razão existe uma declaração autêntica no Bhagavatam a respeito da concentração positiva da mente sobre a forma factual do Senhor.

O processo de meditação recomendado aqui é bhakti-yoga, ou o processo do serviço devocional depois que alguém é libertado das condições materiais. Jñana-yoga é o processo de liberação das condições materiais. Depois que alguém é libertado das condições da existência material, isto é, quando é nivrtta, como citado previamente aqui, ou quando alguém está livre de todas necessidades materiais, torna-se qualificado para desempenhar o processo de bhakti-yoga. Por isso bhakti-yoga inclui jñana-yoga, ou, em outras palavras, o processo do serviço devocional puro simultaneamente serve o propósito de jñana-yoga; libertação das condições materiais é automaticamente alcançada pelo desenvolvimento gradual do serviço devocional puro. Esses efeitos de bhakti-yoga são chamados anartha-nivrtti. Coisas que são adquiridas artificialmente gradualmente desaparecem junto com o progresso de bhakti-yoga. Meditação nos pés de lótus da Personalidade de Deus, o primeiro degrau processional, deve mostrar seu efeito por anartha-nivrtti. O tipo mais grosseiro de anartha que prende a alma condicionada na existência material é desejo sexual, e esse desejo sexual se desenvolve gradualmente na união do masculino e feminino. Quando o masculino e feminino estão unidos, o desejo sexual é mais agravado pelo acúmulo de prédios, filhos, parentes e riqueza. Quando tudo isso é adquirido, a alma condicionada fica desorientada por esses enredamentos, e o senso de egoísmo falso, ou o senso de "eu mesmo" e "meu", torna-se proeminente, e o desejo sexual se expande para vários enredamentos políticos, sociais, altruístas, filantrópicos e muitos outros enredamentos indesejados, assemelhando-se à espuma das ondas do mar, que ficam muito proeminentes durante um tempo e no próximo momento somem tão rápido quanto uma nuvem no céu. A alma condicionada está cercada por esses produtos, bem como produtos do desejo sexual, e por isso bhakti-yoga conduz para a evaporação gradual do desejo sexual, que é sumarizado em três títulos, a saber, lucro, adoração e distinção. Todas almas condicionadas são loucas atrás dessas formas diferentes de desejo sexual, e deve-se ver por si mesmo o quanto ficou livre desses anseios materiais baseados primariamente no desejo sexual. Igual uma pessoa sente sua fome satisfeita depois de comer cada bocado de comida, deve simplesmente ser capaz de ver o grau para o qual ficou livre do desejo sexual. O desejo sexual é diminuído junto com suas várias formas pelo processo de bhakti-yoga porque bhakti-yoga automaticamente, pela graça do Senhor, efetivamente resulta em conhecimento e renúncia, mesmo se o devoto não for muito bem educado materialmente. Conhecimento significa conhecer as coisas como elas são, e se por deliberação acha-se que existem coisas as quais são de todo desnecessárias, naturalmente a pessoa que adquiriu conhecimento deixa de lado essas coisas indesejadas. Quando a alma condicionada encontra pela cultura do conhecimento que necessidades materiais são coisas indesejadas, fica desapegada dessas coisas indesejadas. Esse estágio do conhecimento se chama vairagya, ou desapego das coisas indesejadas. Nós discutimos previamente que o transcendentalista é requerido a ser auto-suficiente e não deve mendigar de pessoas ricas cegas para satisfazer as necessidades básicas da vida. Shukadeva Goswami sugeriu algumas alternativas para as necessidades básicas da vida, a saber, o problema de comer, dormir e abrigo, mas ele não sugeriu nenhuma alternativa para satisfação sexual. Aquele que tem o desejo sexual ainda consigo não deve de forma alguma aceitar a ordem de vida renunciada. Para quem não alcançou esse estágio, não há questão de uma ordem de vida renunciada. Assim pelo processo gradual do serviço devocional sob a guia de um mestre espiritual apropriado, e por seguir os princípios do Bhagavatam, deve-se ser capaz de controlar pelo menos o desejo sexual grosseiro antes de aceitar a ordem de vida renunciada realmente.

Assim purificação significa ficar livre gradualmente do desejo sexual, e isso é atingido pela meditação na pessoa do Senhor como descrito aqui, a começar pelos pés. Não se deve tentar ir para cima artificialmente sem ver por si mesmo quanto ficou libertado do desejo sexual. A face sorridente do Senhor é o Décimo Canto do Srimad Bhagavatam, e há muitos pretenciosos que imediatamente tentam começar com o Décimo Canto do Srimad Bhagavatam e especialmente com os cinco capítulos que retratam o rasa-lila do Senhor. Isso é certamente impróprio. Por um estudo ou audição impróprios assim do Bhagavatam, os oportunistas materialistas causaram estragos por indulgência sexual no nome do Bhagavatam. Esse vilipêndio do Bhagavatam é prestado pelos atos de assim chamados devotos, deve-se estar livre de todos tipos de desejos sexuais antes de tentar fazer um show de recitação do Bhagavatam. Sri Visvanatha Chakravarti Thakura claramente define o sentido da purificação como cessação da indulgência sexual. Ele diz, yathä yathä dhéç ca çudhyati viñaya-lämpaöyaà tyajati, tathä tathä dhärayed iti citta-çuddhi-täratamyenaiva dhyäna-täratamyam uktam, E à medida que alguém se liberta da intoxicação da indulgência sexual pela purificação da inteligência, deve-se dar um passo à frente para a próxima meditação, ou em outras palavras, o progresso da meditação nos membros diferentes do corpo transcendental do Senhor deve ser incrementado na proporção do progresso da purificação do coração. A conclusão é aqueles que ainda estão presos pela indulgência sexual nunca devem progredir para meditação acima dos pés do Senhor; por isso a recitação do Srimad Bhagavatam por eles deve ser restrita aos Primeiro e Segundo Cantos da grande literatura. Deve-se completar o processo purificatório por assimilar os conteúdos dos primeiros nove cantos. Então a pessoa poderá ser admitida no reino do Décimo canto do Srimad Bhagavatam.

Verso 13

ekaikaço 'ìgäni dhiyänubhävayet
pädädi yävad dhasitaà gadäbhåtaù
jitaà jitaà sthänam apohya dhärayet
paraà paraà çuddhyati dhér yathä yathä

O processo de meditação deve começar dos pés de lótus do Senhor e progredir para Sua face sorridente. A meditação deve ser concentrada sobre os pés de lótus, depois as pernas, depois as coxas, e dessa forma acima e acima. Quanto mais a mente fica fixa nas diferentes partes dos membros, uma depois da outra, mais a inteligência fica purificada.

Iluminação de Srila Prabhupada:

O processo de meditação recomendado no Srimad Bhagavatam não é fixar a atenção em algo impessoal ou vazio. A meditação deve concentrar sobre a pessoa do Deus Supremo, tanto em Seu virat-rupa, a forma universal gigantesca, ou em Seu sac-cid-ananda-vigraha (Bs. 5.1), como descrito nas escrituras. Existem descrições autorizadas das formas de Vishnu, e existem representações autorizadas nos templos. Assim pode-se praticar meditar na Deidade, concentrar sua mente nos pés de lótus do Senhor e gradualmente elevar acima e acima, até Sua face sorridente.

De acordo com a escola Bhagavata, a dança rasa do Senhor é a face sorridente do Senhor. Porque é recomendado neste verso que deve-se progredir gradualmente dos pés de lótus acima para a face sorridente, não devemos pular de uma vez para entender os passatempos da dança rasa. É melhor praticar concentrar nossa atenção por oferecer flores e tulasi para os pés de lótus do Senhor. Dessa forma, gradualmente nos tornamos purificados pelo processo arcana. Nós vestimos o Senhor, nós O banhamos etc., e todas essas atividades transcendentais ajudam-nos purificar nossa existência. Quando alcançamos o padrão mais elevado de purificação, se nós virmos a face sorridente do Senhor ou ouvirmos os passatempos dança rasa do Senhor, então poderemos apreciar Suas atividades. No Srimad Bhagavatam, por isso, os passatempos dança rasa são retratados no Décimo Canto (Capítulos 29-34).

Quanto mais alguém se concentra na forma transcendental do Senhor, tanto nos pés de lótus, as pernas, as coxas ou o tórax, mais se torna purificada. Neste verso está afirmado claramente, "mais a inteligência fica purificada", o que significa a pessoa fica mais desapegada do prazer sensual. Nossa inteligência no estado de vida condicionada presente é impura devido e estar engajada em prazer sensual. O resultado da meditação na forma transcendental do Senhor será manifestado pelo desapego da pessoa do prazer sensual. Por isso, o propósito último da meditação é purificação da inteligência da pessoa.

Aqueles que estão demasiadamente absortos em prazer sensual não podem ter permissão para participar em arcana ou tocar a forma transcendental de Radha-Krishna ou Deidades de Vishnu. Para eles é melhor meditar sobre o virat-rupa gigantesco do Senhor, como recomendado neste verso. Os impersonalistas e os niilistas são assim recomendados a meditar sobre a forma universal do Senhor, enquanto os devotos são recomendados a meditar na adoração da Deidade no templo. Porque os impersonalistas e niilistas não estão purificados o suficiente em suas atividades espirituais, arcana não é destinado para eles.

Verso 14

yävan na jäyeta parävare 'smin
viçveçvare drañöari bhakti-yogaù
tävat sthavéyaù puruñasya rüpaà
kriyävasäne prayataù smareta

A menos que o materialista grosseiro desenvolva um senso de serviço amoroso para o Supremo Senhor, o vidente de ambos os mundos transcendental e material, deve lembrar ou meditar sobre a forma universal do Senhor no fim de seus deveres prescritos.

Iluminação de Srila Prabhupada:

O Supremo Senhor é o vidente de todos mundos, ambos material e transcendental. Em outras palavras, o Supremo Senhor é o beneficiário e desfrutador último de todos mundos, como confirmado no Bhagavad-gita (5.29). O mundo espiritual é a manifestação de Sua potência interna, e o mundo material é a manifestação de Sua potência externa. Os seres vivos também são Sua potência marginal, e por sua própria escolha podem viver em ambos os mundos transcendental e material. O mundo material não é um lugar adequado para seres vivos porque são espiritualmente unos com o Senhor e no mundo material os seres vivos ficam condicionados pelas leis do mundo material. O Senhor quer que todos seres vivos, que são Suas partes e parcelas, vivam com Ele no mundo transcendental, e para iluminar as almas condicionadas no mundo material, todos os Vedas e as escrituras reveladas estão aí - expressamente para resgatar as almas condicionadas de volta ao lar, de volta ao Supremo. Infelizmente, os seres vivos condicionados, apesar de sofrerem continuamente as três misérias da vida condicionada, não são muito sérios em ir de volta ao Supremo. Isso é devido a seu modo de vida equivocado, complicado por pecados e virtudes. Alguns deles que são virtuosos por feitos começam e restabelecer a relação perdida com o Senhor, mas são incapazes de entender o aspecto pessoal do Senhor. O verdadeiro propósito da vida é fazer contato com o Senhor e ficar dedicado no Seu serviço. Essa é a posição natural dos seres vivos. Mas aqueles que são impersonalistas e são incapazes de prestar qualquer serviço amoroso para o Senhor foram aconselhados a meditar sobre Seu aspecto impessoal, o virat-rupa, ou forma universal. De uma forma ou de outra, deve-se tentar restabelecer sua relação esquecida com o Senhor se deseja muito ganhar verdadeira felicidade na vida, e para recuperar sua condição natural e irrestrita. Para os iniciantes menos inteligentes, meditação no aspecto impessoal, o virat-rupa, ou forma universal do Senhor, gradualmente qualificará a pessoa a se elevar para contato pessoal. A pessoa é aconselhada aqui para meditar no virat-rupa especificado nos capítulos prévios com o propósito de entender como os diferentes planetas, mares, montanhas, rios, pássaros, feras, seres humanos, semideuses e tudo que podemos conceber são apenas diferentes membros da forma virat do Senhor. Esse tipo de pensamento também é um tipo de meditação na Verdade Absoluta, e logo que essa meditação começa, desenvolve-se suas qualidades divinas, e o mundo inteiro parece ser uma residência feliz e pacífica para todas as pessoas do mundo. Sem essa meditação em Deus, tanto pessoal quanto impessoal, todas boas qualidades do ser humano ficam cobertas com equívocos a respeito de sua posição constitucional, e sem esse conhecimento avançado, o mundo inteiro se torna um inferno para o ser humano.

Verso 15

sthiraà sukhaà cäsanam ästhito yatir
yadä jihäsur imam aìga lokam
käle ca deçe ca mano na sajjayet
präëän niyacchen manasä jitäsuù

Ó Rei, sempre que o yogi desejar deixar este planeta de seres humanos, não deve ficar perplexo por causa do tempo ou local apropriado, mas deve confortavelmente sentar sem ser perturbado e, com a regulação do ar vital, deve controlar os sentidos pela mente.

Iluminação de Srila Prabhupada:

No Bhagavad-gita (8.14) está claramente afirmado que uma pessoa que está totalmente dedicada no serviço amoroso transcendental do Senhor, e que constantemente se lembra Dele em cada passo, facilmente obtém a misericórdia do Senhor por entrar dentro de Seu contato pessoal. Devotos assim não necessitam procurar um momento oportuno para deixar o corpo presente. Mas aqueles que são devotos mestiços, ligados com ação lucrativa ou especulação filosófica empírica, requerem um momento oportuno para deixar este corpo. Para eles o momento oportuno está afirmado no Bhagavad-gita (8.23-26). Mas esses momentos oportunos não são tão importantes quanto alguém que é um yogi bem sucedido o qual é capaz de deixar seu corpo da forma que desejar. Um yogi assim tem que ser competente para controlar seus sentidos e mente. A mente é facilmente conquistada simplesmente por ocupá-la nos pés de lótus do Senhor. Gradualmente, por esse serviço, todos os sentidos se tornam automaticamente dedicados no serviço do Senhor. Esse é o modo de imergir dentro do Supremo Absoluto.

Verso 16

manaù sva-buddhyämalayä niyamya
kñetra-jïa etäà ninayet tam ätmani
ätmänam ätmany avarudhya dhéro
labdhopaçäntir virameta kåtyät

Depois disso, o yogi deve imergir sua mente, por sua inteligência imaculada, dentro do ser vivo, e então imergir o ser vivo dentro do Super-eu. E por fazer isso, o ser vivo plenamente satisfeito se torna situado no estágio supremo de satisfação, para que ele cesse todas as outras atividades.

Iluminação de Srila Prabhupada:

As funções da mente são pensar, sentir e desejar. Quando a mente é materialista, ou absorta em contato material, age para avanço do conhecimento material, que termina destrutivamente na descoberta de armas nucleares. Mas quando a mente age sob estímulo espiritual, age maravilhosamente para ir de volta ao lar, de volta ao Supremo, para vida em bem-aventurança completa e eternidade. Por isso a mente tem que ser manipulada por inteligência boa e imaculada. Inteligência perfeita é prestar serviço para o Senhor. Deve-se ser inteligente o bastante para entender que o ser vivo é, em todas circunstâncias, um servo das circunstâncias. Todo ser vivo serve os ditames de desejo, raiva, luxúria, ilusão, insanidade e inveja - tudo afetado materialmente. Porém mesmo quando executa esses ditames de diferentes temperamentos, ele é perpetuamente infeliz. Quando alguém realmente sente isso e volta sua inteligência para inquirir sobre isso das fontes certas, obtém informação do serviço amoroso transcendental do Senhor. Em vez de servir materialmente para os diferentes humores do corpo mencionados acima, a inteligência do ser vivo então fica livre da ilusão infeliz do temperamento materialista, e assim, pela inteligência imaculada, a mente é trazida para o serviço do Senhor. O Senhor e Seu serviço são idênticos, por estarem no plano absoluto. Por isso a inteligência imaculada e a mente ficam imersas dentro do Senhor, e assim o ser vivo não permanece mais um vidente de si mesmo mas se torna visto pelo Senhor transcendentalmente. Quando o ser vivo é visto diretamente pelo Senhor, o Senhor dita para ele para agir de acordo com Seu desejo, e quando o ser vivo O segue perfeitamente, o ser vivo cessa de desempenhar qualquer outro dever para sua satisfação ilusória. Em seu estado puro imaculado, o ser vivo atinge o estágio de bem-aventurança plena, labdhopasanti, e cessa todos anseios materiais.

Verso 17

na yatra kälo 'nimiñäà paraù prabhuù
kuto nu devä jagatäà ya éçire
na yatra sattvaà na rajas tamaç ca
na vai vikäro na mahän pradhänam

Nesse estado transcendental de labdhopasanti, não existe nenhuma supremacia do tempo devastador, que controla até mesmo os semideuses celestiais que recebem poder para governar sobre criaturas mundanas. (E o que dizer dos semideuses eles mesmos)? Nem existe lá o modo da bondade material, nem paixão, nem ignorância, nem mesmo o ego falso, nem o Oceano Causal material, nem a natureza material.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Tempo devastador, que controla até mesmo os semideuses celestiais por suas manifestações de passado, presente e futuro, não age no plano transcendental. A influência do tempo é exibida pelos sintomas de nascimento, morte, velhice e doença, e esses quatro princípios de condições materiais estão presentes em toda parte em qualquer parte do cosmos material acima até o planeta Brahmaloka, onde a duração de vida dos habitantes parece para nós como fabulosa. Tempo intransponível traz até mesmo a morte de Brahma, o que dizer de outros semideuses tais quais Indra, Chandra, Surya, Vayu e Varuna? A influência astronômica dirigida pelos semideuses diferentes sobre criaturas mundanas também é conspícua pela sua ausência. Na existência material, os seres vivos têm medo da influência Satânica, porém para um devoto no plano transcendental não existe tal medo nem um pouco. Os seres vivos mudam seus corpos materiais em diferentes perfis e formas sob a influência dos diferentes modos da natureza material, mas no estado transcendental o devoto é guna-tita, ou acima dos modos materiais da bondade, paixão e ignorância. Assim o ego falso de "eu sou o senhor de tudo que enxergo" não surge lá. No mundo material o ego falso do ser vivo que tenta dominar a natureza material é algo do tipo a mariposa que cai no fogo ardente. A mariposa é cativada pela beleza brilhante do fogo, e quando vem para desfrutá-la, o fogo ardente a consome. No estado transcendental o ser vivo é puro em sua consciência, e por isso não tem nenhum ego falso para dominar a natureza material. Ao contrário, sua consciência pura o direciona para se render sob o Supremo Senhor, como afirmado no Bhagavad-gita (7.19): vasudevah sarvam iti sa mahatma sudurlabhah. Tudo isso indica que no estado transcendental não existe nem criação material nem o Oceano Causal para natureza material.

O estado das coisas mencionado acima é factual no plano transcendental, porém é revelado factualmente no conhecimento do estado avançado de consciência pura de um transcendentalista. Tais transcendentalistas são de dois tipos, a saber, os impersonalistas e os devotos. Para o impersonalista o objetivo último ou destino é o brahmajyoti ou o céu espiritual, mas para os devotos o objetivo último são os planetas Vaikuntha. Os devotos experimentam o estado das coisas mencionado acima pela obtenção de formas espirituais para atividade no serviço amoroso transcendental do Senhor. Mas o impersonalista, porque negligencia a associação do Senhor, não desenvolve um corpo espiritual para atividade espiritual, porém permanece uma fagulha espiritual apenas, imersa nos raios espirituais refulgentes da Suprema Personalidade de Deus. O Senhor é a forma completa de eternidade, bem-aventurança e conhecimento, porém o brahmajyoti sem forma é simplesmente eternidade e conhecimento. Os planetas Vaikuntha também são formas de eternidade, bem-aventurança e conhecimento, e por isso os devotos do Senhor, que são admitidos na morada do Senhor, também obtêm corpos de eternidade, bem-aventurança e conhecimento. Por isso não existe nenhuma diferença entre um e outro. A morada, nome, fama, associados etc. são da mesma qualidade transcendental, e como essa qualidade transcendental difere do mundo material é explicado aqui neste verso. No Bhagavad-gita, três assuntos principais foram explicados pelo Senhor Sri Krishna, a saber, karma-yoga, jñana-yoga e bhakti-yoga, porém alguém pode alcançar os planetas Vaikuntha pela prática de bhakti-yoga somente. Os outros dois são incompetentes para ajudar alguém alcançar os Vaikunthalokas, apesar de poderem, entretanto, convenientemente levar alguém para o brahmajyoti refulgente, como descrito acima.

Verso 18

paraà padaà vaiñëavam ämananti tad
yan neti netéty atad utsisåkñavaù
visåjya daurätmyam ananya-sauhådä
hådopaguhyärha-padaà pade pade

Os transcendentalistas desejam evitar tudo sem Deus, porque conhecem essa situação suprema na qual tudo é relacionado com o Supremo Senhor Vishnu. Por isso um devoto puro que está em harmonia absoluta com o Senhor não cria perplexidades, mas adora os pés de lótus do Senhor em cada momento, tomando-os dentro do seu coração.

Iluminação de Srila Prabhupada:

No Bhagavad-gita, mad-dhama ("Minha morada") é mencionada várias vezes, e de acordo com a visão da Suprema Personalidade de Deus Sri Krishna lá existe o céu espiritual, onde os planetas são chamados Vaikunthas, ou a morada da Personalidade de Deus. Nesse céu, o qual é muito, muito além do céu material e suas sete camadas de cobertura, não há necessidade de Sol e Lua, nem tem necessidade de eletricidade para iluminação, porque os planetas são auto-iluminados e mais brilhantes do que sóis materiais. Devotos puros do Senhor estão em harmonia absoluta com a Personalidade de Deus, ou em outras palavras, sempre pensam no Senhor como seu único amigo e benquerente confiável. Eles não ligam para nenhuma criatura mundana, acima até o status de Brahma, o senhor do universo. Somente eles podem ter definitivamente uma visão clara dos planetas Vaikuntha. Tais devotos puros, perfeitamente dirigidos pelo Supremo Senhor, não criam nenhuma perplexidade artificial na matéria do entendimento transcendental por desperdiçar tempo em discutir o que é Brahman e o que não é Brahman, ou maya, nem pensam falsamente que são unos com o Senhor, ou argumentam que não há nenhuma existência do Senhor separadamente, ou que não existe nenhum Deus de jeito nenhum, ou que os próprios seres vivos são Deus, ou quando Deus encarna-Se Ele assume um corpo material. Eles nem se preocupam com tantas teorias especulativas obscuras, que são na realidade tantos obstáculos no caminho do entendimento transcendental. Além dessa classe de impersonalistas não devotos, também existem classes que se posam como devotos do Senhor mas no coração mantêm a idéia de salvação por se tornar uno com o Brahman impessoal. Eles manufaturam seu próprio processo de serviço devocional erroneamente por deboche aberto e desviam outros que são simplórios ou depravados iguais a eles. Todos esses não devotos e depravados são, de acordo com Visvanatha Chakravarti, duratmas, ou almas transviadas na roupa de mahatmas, ou grandes almas. Tais não devotos e transviados são completamente excluídos da lista dos transcendentalistas pela apresentação deste verso particular por Shukadeva Goswami.

Assim os planetas Vaikuntha são factualmente os lugares residenciais supremos chamados param padam. O brahmajyoti impessoal também é chamado o param padam por ser os raios dos planetas Vaikuntha, do mesmo modo que os raios do Sol são os raios do Sol. No Bhagavad-gita (14.27) é dito claramente que o brahmajyoti impessoal repousa na pessoa do Senhor, e porque tudo repousa no brahmajyoti diretamente e indiretamente, tudo é gerado do Senhor, tudo repousa Nele, e depois da aniquilação, tudo imerge Nele somente. Por isso, nada é independente Dele. Um devoto puro do Senhor não mais desperdiça tempo valioso em descriminar o Brahman do não Brahman porque ele sabe perfeitamente bem que o Senhor Parabrahman, por Sua energia Brahman, está entrelaçado em tudo, e por isso tudo é visto por um devoto como a propriedade do Senhor. O devoto tenta ocupar tudo em Seu serviço e não cria perplexidades por falsamente dominar a criação do Senhor. Ele é tão fiel que se ocupa, bem como tudo mais, no serviço amoroso transcendental do Senhor. Em tudo, o devoto enxerga o Senhor, e ele enxerga tudo no Senhor. A perturbação específica criada por um duratma, ou alma transviada, é devido à sua teimosia em manter que a forma transcendental do Senhor é algo material.

Verso 19

itthaà munis tüparamed vyavasthito
vijïäna-dåg-vérya-surandhitäçayaù
sva-pärñëinäpéòya gudaà tato 'nilaà
sthäneñu ñaösünnamayej jita-klamaù

Pela força do conhecimento científico, deve-se estar bem situado em realização absoluta e assim ser capaz de extinguir todos desejos materiais. Deve-se então deixar o corpo material por bloquear o orifício do ar (pelo qual as fezes são evacuadas) com o calcanhar do seu pé e por elevar o ar vital de um lugar para o outro nos seis locais primários.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Existem muitos duratmas que alegam terem se realizado como Brahman e ainda são incapazes de conquistar desejos materiais. No Bhagavad-gita (18.54) está explicado claramente que uma alma auto-realizada se torna completamente indiferente a todos desejos materiais. Desejos materiais são baseados no ego falso do ser vivo e são exibidos por suas atividades infantis e inúteis para conquistar a natureza material e por seu desejo de dominar os recursos dos cinco elementos. Com uma mentalidade dessa, alguém é conduzido a acreditar no poder da ciência material, com sua descoberta da energia atômica e viagem espacial por veículos mecânicos, e por esses avanços insignificantes na ciência material o egoísta falso tenta desafiar o poder do Supremo Senhor, que pode finalizar todos os esforços humanos insignificantes em menos de um segundo. O eu bem situado, ou alma realizada em Brahman, entende perfeitamente que o Brahman Supremo, ou a Personalidade de Deus, é o todo-poderoso Vasudeva e que ele (ser vivo auto-realizado) é uma parte e parcela do todo supremo. Assim, sua posição constitucional é cooperar com Ele em todos aspectos na relação transcendental do servido e do servidor. Uma alma auto-realizada assim cessa de exibir suas atividades inúteis de tentativas para dominar a natureza material. Por ser cientificamente bem informado, dedica-se plenamente na devoção fiel para o Senhor.

O yogi especialista que praticou inteiramente o controle do ar vital pelo método prescrito do sistema de yoga é aconselhado a deixar seu corpo como se segue. Ele deve tapar o orifício de evacuação com o calcanhar do pé e então progressivamente mover a ar vital acima e acima para seis lugares: o umbigo, abdômen, coração, tórax, palato, sobrancelhas e fosso cerebral. Controlar o ar vital pelo processo de yoga prescrito é mecânico, e a prática é mais ou menos um esforço físico para perfeição espiritual. Antigamente essa prática era muito comum para o transcendentalista, porque o modo de vida e caráter naqueles dias eram favoráveis. Porém nos dias modernos, quando a influência da Era de Kali é tão perturbadora, praticamente todo mundo é destreinado nessa arte de exercício corpóreo. Concentração da mente é alcançada mais facilmente nestes dias por cantar o santo nome do Senhor. Os resultados são mais efetivos do que aqueles derivados do exercício interior do ar vital.

Verso 20

näbhyäà sthitaà hådy adhiropya tasmäd
udäna-gatyorasi taà nayen muniù
tato 'nusandhäya dhiyä manasvé
sva-tälu-mülaà çanakair nayeta

O devoto meditativo deve empurrar o ar vital vagarosamente do umbigo para o coração, daí para o tórax e de lá para a raiz do palato. Ele deve procurar os locais apropriados com inteligência.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Existem seis círculos de movimento do ar vital, e o bhakti-yogi inteligente deve procurar esses seis lugares com inteligência e num humor meditativo. Entre esses, mencionados acima está o svadhisthana-cakra, ou a usina de força do ar vital, e acima desse, justamente abaixo do abdômen e umbigo, está o mani-puraka-cakra. Quando espaço superior é mais procurado no coração, alcança-se o anahata-cakra, e mais para cima, quando o ar vital é colocado na raiz do palato, alcança-se o visuddhi-cakra.

Verso 21

tasmäd bhruvor antaram unnayeta
niruddha-saptäyatano 'napekñaù
sthitvä muhürtärdham akuëöha-dåñöir
nirbhidya mürdhan visåjet paraà gataù

Depois disso o bhakti-yogi deve empurrar o ar vital acima entre as sobrancelhas, e então, bloquear as sete saídas do ar vital, ele deve manter seu objetivo de ir de volta ao lar, de volta ao Supremo. Se ele estiver livre completamente de todos desejos de prazer material, deve então alcançar o orifício cerebral e abandonar suas conexões materiais, por ter ido ao Supremo.

Iluminação de Srila Prabhupada:

O processo de abandonar todas conexões materiais e retornar para o lar, de volta ao Supremo, é recomendado aqui. A condição é que a pessoa esteja completamente livre do desejo de prazer material. E existem graduações de prazeres materiais em respeito à duração da vida e prazer sensual. O plano mais elevado de prazer sensual pelo período mais longo é mencionado no Bhagavad-gita (9.20). Todos são apenas prazeres materiais, e deve-se convencer inteiramente que não há nenhuma necessidade de uma duração de vida tão longa, mesmo no planeta Brahmaloka. Ela tem que retornar para o lar, de volta ao Supremo, e não deve ficar atraída por nenhuma quantidade de facilidades materiais. No Bhagavad-gita (2.59) é dito que essa sorte de desapego material é possível de alcançar quando a pessoa é familiarizada com a associação suprema da vida. Param drstva nivartate. Não se pode ficar livre da atração material a menos que tenha compreensão completa da natureza da vida espiritual. A propaganda por uma certa classe de impersonalistas que vida espiritual é vazia de todas variedades é propaganda perigosa para desviar os seres vivos para se tornarem mais e mais atraídos por prazeres materiais. Assim, pessoas com um pobre fundo de conhecimento não podem ter nenhuma concepção do param, o Supremo; elas tentar aderir às variedades de prazeres materiais, apesar de se vangloriarem por serem almas realizadas Brahman. Pessoas menos inteligentes assim não podem ter nenhuma concepção do param, como mencionado neste verso, e por isso não podem alcançar o Supremo. Os devotos têm conhecimento do mundo espiritual, a Pessoa Suprema e Sua associação transcendental em ilimitados planetas espirituais chamados Vaikunthalokas. Aqui akuntha-drstih é mencionado. Akuntha e vaikuntha transmitem a mesma importância, e somente aquele que tem seu objetivo fixo no mundo espiritual e associação pessoal com o Supremo pode abandonar suas conexões materiais mesmo enquanto vive no mundo material. Esse param e param dhama mencionados em vários lugares do Bhagavad-gita são unos e a mesma coisa. Aquele que vai para o param dhama não retorna para o mundo material. Essa liberdade não é possível mesmo para quem alcançou o loka mais elevado do mundo material.

O ar vital passa por sete aberturas, a saber, dois olhos, duas narinas, dois ouvidos e uma boca. Geralmente passa pela boca na hora da morte de uma pessoa ordinária. Porém o yogi, como mencionado acima, que controla o ar vital de seu próprio modo, geralmente libera o ar vital por perfurar o orifício cerebral na cabeça. O yogi então bloqueia todas as sete aberturas mencionadas acima, para que o ar vital irrompa através do orifício cerebral. Esse é um sinal seguro de um grande devoto que deixa a conexão material.

Verso 22

yadi prayäsyan nåpa pärameñöhyaà
vaihäyasänäm uta yad vihäram
añöädhipatyaà guëa-sanniväye
sahaiva gacchen manasendriyaiç ca

Entretanto, ó Rei, se um yogi mantém um desejo por prazeres materiais melhorados, tipo transferência para o planeta mais elevado, Brahmaloka, ou o alcance das perfeições óctuplas, viajar no espaço sideral com os Vaihayasas, ou uma situação em um dos milhões de planetas, então ele tem que levar embora com ele a mente e sentidos materialmente moldados.

Iluminação de Srila Prabhupada:

No status superior dos sistemas planetários existem facilidades milhares e milhares de vezes maiores para prazeres materiais do que nos sistemas planetários inferiores. Os sistemas planetários mais elevados consistem dos planetas Brahmaloka e Dhruvaloka (a estrela polar), e todos eles estão situados além de Maharloka. Os habitantes desses planetas recebem poder com as conquistas óctuplas da perfeição mística. Eles não têm que aprender e praticar os processos místicos da perfeição do yoga e obter o poder de se tornar pequeno quanto uma partícula (anima-siddhi), ou mais leve do que uma pena macia (laghima-siddhi). Eles não têm que pegar qualquer coisa e tudo de qualquer lugar e todo lugar (prapti-siddhi), ficar mais pesado do que o mais pesado (mahima-siddhi), agir livremente para criar algo maravilhoso ou aniquilar qualquer coisa à vontade (isitva-siddhi), controlar todos elementos materiais (vasitva-siddhi), possuir um poder tamanho para nunca ficar frustrado em qualquer desejo (prakamya-siddhi), ou assumir qualquer perfil ou forma que possa desejar caprichosamente (kamavasayita-siddhi). Todas essas conveniências são tão comuns quanto presentes naturais para os habitantes desses planetas superiores. Eles não precisam de nenhuma ajuda mecânica para viajar no espaço sideral, e podem mover e viajar à vontade de um planeta para qualquer outro planeta dentro de nenhum tempo. Os habitantes da Terra não podem mover mesmo para o planeta mais perto exceto por veículos mecânicos como espaçonave, porém os habitantes altamente talentosos desses planetas superiores podem fazer tudo muito facilmente.

Porque um materialista é geralmente inquisitivo para experimentar o que tem realmente nesses sistemas planetários, ele quer ver tudo pessoalmente. Igual pessoas inquisitivas viajam por todo o mundo para obter experiência direta local, os transcendentalistas menos inteligentes similarmente desejam ter alguma experiência dos planetas sobre os quais ouviram tantas coisas maravilhosas. O yogi pode, entretanto, facilmente satisfazer seu desejo por ir para lá com sua mente e sentidos presentes. A inclinação primária da mente materialista é dominar o mundo material, e todos os siddhis mencionados acima são as características da dominação sobre o mundo. Os devotos do Senhor não são ambiciosos para dominar um fenômeno falso e temporário. Ao contrário, um devoto quer ser dominado pelo supremo predominante, o Senhor. Um desejo de servir o Senhor, o predominante supremo, é espiritual ou transcendental, e tem-se que alcançar essa purificação da mente e sentidos para obter admissão no reino espiritual. Com a mente materialista pode-se alcançar o melhor planeta dentro do universo, mas ninguém pode entrar no reino de Deus. Sentidos são chamados purificados espiritualmente quando não estão envolvidos no prazer sensual. Sentidos requerem ocupações, e quando os sentidos estão dedicados totalmente no serviço amoroso transcendental do Senhor, não têm chance de se tornarem contaminados por infecções materiais.

Verso 23

yogeçvaräëäà gatim ähur antar-
bahis-tri-lokyäù pavanäntar-ätmanäm
na karmabhis täà gatim äpnuvanti
vidyä-tapo-yoga-samädhi-bhäjäm

Os transcendentalistas estão preocupados com o corpo espiritual. Assim, pela força de seu serviço devocional, austeridades, poder místico e conhecimento transcendental, seus movimentos são irrestritos, dentro e além dos mundos materiais. Os trabalhadores lucrativos, ou os materialistas grosseiros, nunca podem se mover de uma forma irrestrita assim.

Iluminação de Srila Prabhupada:

O esforço dos cientistas materialistas para alcançar outros planetas por veículos mecânicos é apenas uma tentativa fútil. Pode-se, entretanto, alcançar planetas celestiais por atividades virtuosas, porém nunca se deve esperar ir além de Swarga ou Janaloka por tais atividades mecânicas ou materialistas, tanto grosseiras quanto sutis. Os transcendentalistas que não têm nada a ver com o corpo material grosseiro podem mover em qualquer lugar dentro ou além dos mundos materiais. Dentro dos mundos materiais eles movem nos sistemas planetários de Mahar-, Janas-, Tapas- e Satya-loka, e além dos mundos materiais eles podem mover nos Vaikunthas igual astronautas irrestritos. Narada Muni é um dos exemplos de tais astronautas, e Durvasa Muni é um desses místicos. Pelo poder do serviço devocional, austeridades, poderes místicos e conhecimento transcendental, todos podem mover igual Narada Muni ou Durvasa Muni. É dito que Durvasa Muni viajou completamente a totalidade do espaço material e parte do espaço espiritual dentro de um ano apenas. A velocidade dos transcendentalistas nunca pode ser alcançada pelos materialistas grosseiros ou sutis.

Verso 24

vaiçvänaraà yäti vihäyasä gataù
suñumëayä brahma-pathena çociñä
vidhüta-kalko 'tha harer udastät
prayäti cakraà nåpa çaiçumäram

Ó Rei, quando um místico assim passa sobre a Via Láctea pela Sushumna iluminadora para alcançar o planeta mais elevado, Brahmaloka, ele vai primeiro para Vaishvanara, o planeta da deidade do fogo, onde fica completamente limpo de todas contaminações, e depois ele ainda vai mais para cima, para o círculo de Shishumara, para relacionar com Senhor Hari, a Personalidade de Deus.

Iluminação de Srila Prabhupada:

A estrela polar do universo e o círculo dela se chama o círculo Shishumara, e aí o planeta residencial da Personalidade de Deus (Kshirodakashayi Vishnu) está situado. Antes de chegar lá, o místico passa sobre a Via Láctea para alcançar Brahmaloka, e enquanto vai para lá ele primeiro alcança Vaishvanara-loka, onde o semideus controla fogo. Em Vaishvanara-loka o yogi fica completamente limpo de todos pecados sujos adquiridos enquanto em contato com o mundo material. A Via Láctea no céu é indicada aqui como o caminho que conduz para Brahmaloka, o planeta mais elevado do universo.

Verso 25

tad viçva-näbhià tv ativartya viñëor
aëéyasä virajenätmanaikaù
namaskåtaà brahma-vidäm upaiti
kalpäyuño yad vibudhä ramante

Esse Shishumara é o pivô para a volta do universo completo, e é chamado o umbigo de Vishnu (Garbhodakashayi Vishnu). O yogi sozinho vai além desse círculo de Shishumara e atinge o planeta (Maharloka) onde santos purificados tais quais Bhrigu desfrutam uma duração de vida de 4.300.000.000 anos solares. Esse planeta é adorado mesmo por santos que estão situados transcendentalmente.

Verso 26

atho anantasya mukhänalena
dandahyamänaà sa nirékñya viçvam
niryäti siddheçvara-yuñöa-dhiñëyaà
yad dvai-parärdhyaà tad u pärameñöhyam

Na hora da devastação final do universo completo (o fim da duração da vida de Brahma), uma chama de fogo emana da boca de Ananta (do fundo do universo). O yogi vê todos os planetas do universo queimarem até as cinzas, e assim ele parte para Satyaloka por aeroplanos usados pelas grandes almas purificadas. A duração da vida em Satyaloka é calculada como 15.480.000.000.000 anos.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Está indicado aqui que os residentes de Maharloka, onde os seres vivos purificados ou semideuses possuem uma duração de vida calculada como 4.300.000.000 anos solares, possuem naves espaciais com as quais podem alcançar Satyaloka, o planeta mais elevado do universo. Em outras palavras, o Srimad Bhagavatam nos dá muitas pistas sobre outros planetas muito, muito longes de nós que aviões e naves espaciais não podem alcançar, mesmo com velocidades imaginárias. As afirmações do Srimad Bhagavatam são aceitas por grandes acaryas tais quais Shridhara Swami, Ramanujacharya e Vallabhacharya. O Senhor Sri Chaitanya Mahaprabhu especificamente aceita Srimad Bhagavatam como a autoridade Védica imaculada, e por isso nenhuma pessoa sensata pode ignorar as afirmações do Srimad Bhagavatam quando são faladas pela alma auto-realizada Srila Shukadeva Goswami, que segue os passos de seu grande pai, Srila Vyasadeva, o compilador de todas literaturas Védicas. Na criação do Senhor existem muitas coisas maravilhosas que podemos ver com nossos próprios olhos cada dia e noite, porém somos incapazes de alcançá-las equipados pela ciência materialista moderna. Nós não devemos, por isso, depender da autoridade fragmentária da ciência materialista por conhecer coisas além do âmbito do alcance científico. Para uma pessoa comum, tanto ciência moderna quanto literatura Védica são simplesmente para serem aceitos porque nenhuma das afirmações tanto da ciência moderna quanto da literatura Védica pode ser verificada por ela. A alternativa para uma pessoa comum é acreditar em uma delas ou em ambas. O modo Védico de entendimento, entretanto, é mais autêntico porque foi aceito pelos acaryas, que não são apenas pessoas fiéis e versadas, mas também são almas liberadas sem nenhuma das falhas das almas condicionadas. Os cientistas modernos, entretanto, são almas condicionadas sujeitas a tantos erros e enganos; por isso o lado seguro é aceitar a versão autêntica das literaturas Védicas, tal qual Srimad Bhagavatam, o qual é aceito unanimemente por grandes acaryas.

Verso 27

na yatra çoko na jarä na måtyur
närtir na codvega åte kutaçcit
yac cit tato 'daù kåpayänidaà-vidäà
duranta-duùkha-prabhavänudarçanät

Nesse planeta de Satyaloka, não há nem privação, nem velhice nem morte. Não existe nenhuma dor de nenhum tipo, e por isso não existem ansiedades, salvo algumas vezes, devido à consciência, existe um sentimento de compaixão por aqueles não cientes do processo do serviço devocional, os quais são sujeitos a misérias insuperáveis no mundo material.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Pessoas tolas de temperamento materialista não aproveitam a vantagem do conhecimento autorizado sucessivo. O conhecimento Védico é autorizado e é adquirido não por experimentar mas por afirmações autênticas das literaturas Védicas explicadas por autoridades fidedignas. Simplesmente por se tornar um acadêmico intelectual não se pode entender as afirmações Védicas, tem-se que aproximar da autoridade verdadeira que recebeu o conhecimento Védico pela sucessão discipular, como explicado claramente no Bhagavad-gita (4.2). O Senhor Krishna afirma que o sistema de conhecimento como explicado no Bhagavad-gita foi explicado para o deus do Sol, e o conhecimento descendeu pela sucessão discipular a partir do deus do Sol para seu filho Manu, e de Manu para o Rei Ikshvaku (o antepassado do Senhor Ramachandra), e assim o sistema de conhecimento foi explicado abaixo na linha de grandes sábios, um depois do outro. Porém no devido curso do tempo a sucessão autorizada foi quebrada, e por isso, justamente para restabelecer o espírito verdadeiro do conhecimento, o Senhor explicou novamente o mesmo conhecimento para Arjuna, que era um candidato fidedigno para entender por ele ser um devoto puro do Senhor. Bhagavad-gita, como é entendido por Arjuna, também é explicado (Bg. 10.12-13), mas existem muitas pessoas tolas que não seguem os passos de Arjuna no entendimento do espírito do Bhagavad-gita. Elas criam em vez disso suas próprias interpretações, as quais são tão idiotas como elas mesmas, e por isso apenas ajudam a botar um obstáculo no caminho do verdadeiro entendimento, e desviam os seguidores inocentes que são menos inteligentes, ou os sudras. É dito que alguém deve se tornar um brahmana antes que possa entender as afirmações Védicas, e essa restrição é tão importante quanto a restrição de que ninguém pode se tornar um advogado sem ter se qualificado como um diplomado. Uma restrição dessa não é um impedimento no caminho do progresso para ninguém e todos, porém é necessária para um entendimento desqualificado de uma ciência particular. O conhecimento Védico é mal interpretado por aqueles que não são brahmanas qualificados. Um brahmana qualificado é aquele que passou por treinamento estrito sob a guia de um mestre espiritual fidedigno.

A sabedoria Védica nos guia para entender nossa relação com o Supremo Senhor Sri Krishna e para agir de acordo a fim de alcançar o resultado desejado de retornar ao lar, de volta ao Supremo. Mas pessoas materialistas não entendem isso. Elas querem fazer um plano para serem felizes num lugar onde não existe nenhuma felicidade. Para falsa felicidade elas tentam alcançar outros planetas, tanto por ritual Védico ou por nave espacial, porém devem saber com certeza que nenhuma quantidade de ajuste materialista para se tornar feliz num lugar que é destinado para sofrimento não pode beneficiar a pessoa desorientada porque, depois de tudo, o universo inteiro com toda sua parafernália chegará ao fim depois de um certo período. Assim todos planos de felicidade materialista automaticamente chegarão ao fim. A pessoa inteligente por isso faz um plano para retornar ao lar, de volta ao Supremo. Uma pessoa inteligente assim supera todas as dores da existência material, tipo nascimento, morte, doença e velhice. Ela é realmente feliz porque não tem ansiedades da existência material, porém como um simpatizante compassivo ela fica triste pelo sofrimento das pessoas materialistas, e assim ocasionalmente vem perante as pessoas materialistas para ensiná-las a necessidade de ir de volta ao Supremo. Todos os acaryas fidedignos pregam essa verdade de retornar ao lar, de volta ao Supremo, e alertam pessoas para não fazerem planos para felicidade num lugar onde felicidade é só um mito.

Verso 28

tato viçeñaà pratipadya nirbhayas
tenätmanäpo 'nala-mürtir atvaran
jyotirmayo väyum upetya käle
väyv-ätmanä khaà båhad ätma-liìgam

Depois de alcançar Satyaloka, o devoto fica especificamente capaz de ser incorporado sem medo pelo corpo sutil numa identidade similar àquela do corpo grosseiro, e um depois do outro ele alcança gradualmente estágios de existência de terrestre a aquoso, ígneo, brilhante e aéreo, até que ele alcança o estágio etéreo.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Qualquer um que pode alcançar Brahmaloka, ou Satyaloka, por meio de perfeição espiritual é qualificado para alcançar três tipos de perfeição. Aquele que atingiu um planeta específico por meio de atividades piedosas alcança lugares em termos de suas atividades piedosas comparativas. Aquele que alcançou o lugar por meio do virat ou adoração de Hiranyagarbha é liberado junto com a liberação de Brahma. Porém aquele que alcança o lugar por meio do serviço devocional é mencionado aqui especificamente, em relação a como ele pode penetrar dentro das diferentes coberturas do universo e assim ultimamente revelar sua identidade espiritual na atmosfera absoluta da existência suprema.

De acordo com Srila Jiva Goswami, todos os universos estão agrupados juntos em cima e em baixo e cada um deles é separadamente coberto com sete camadas de cobertura. A porção aquosa está além das sete coberturas, e cada cobertura é dez vezes mais expansiva do que a cobertura prévia. A Personalidade de Deus que cria esses universos pelo Seu período de respiração deita acima do cacho dos universos. A água do Oceano Causal está situada diferentemente do que a cobertura de água do universo. A água que serve para cobertura do universo é material, enquanto a água do Oceano Causal é espiritual. Dessa forma, a cobertura aquosa mencionada aqui é considerada como a cobertura do egoísmo falso dos seres vivos, e o processo gradual de liberação das coberturas materiais, uma depois da outra, como mencionado aqui, é o processo gradual de ser libertado dos conceitos do egoísmo falso do corpo material grosseiro, e então ficar absorto na identificação do corpo sutil até a obtenção do corpo espiritual puro dentro do domínio absoluto do reino de Deus.

Srila Shridhara Swami confirma que uma parte da natureza material, depois de ser iniciada pelo Senhor, é conhecida como o mahat-tattva. Uma porção fracional do mahat-tattva é chamada o ego falso. Uma porção do ego é a vibração do som, e uma porção do som é o ar atmosférico. Uma porção da atmosfera aérea se transforma em formas, e as formas constituem o poder da eletricidade ou calor. Calor produz o cheiro do aroma da terra, e a terra grosseira é produzida por esse aroma. E tudo isso combinado juntos constituem o fenômeno cósmico. A extensão do fenômeno cósmico é calculada diametralmente (ambos caminhos) quatro bilhões de milhas. Então as coberturas do universo começam. O primeiro estrato da cobertura é calculado para estender oitenta milhões de milhas, e as coberturas subseqüentes do universo são respectivamente de fogo, refulgência, ar e éter, e uma depois da outra cada uma se estende dez vezes mais do que a prévia. O devoto do Senhor sem medo penetra cada uma delas e ultimamente alcança a atmosfera absoluta onde tudo é da mesma identidade espiritual. Então o devoto entra em um dos planetas Vaikuntha, onde ele assume exatamente a mesma forma do Senhor e se dedica no serviço amoroso transcendental do Senhor. Essa é a perfeição mais elevada da vida devocional. Além disso não existe nada para ser desejado ou conquistado pelo yogi perfeito.

Verso 29

ghräëena gandhaà rasanena vai rasaà
rüpaà ca dåñöyä çvasanaà tvacaiva
çrotreëa copetya nabho-guëatvaà
präëena cäkütim upaiti yogé

O devoto assim supera os objetos sutis de diferentes sentidos tais quais aroma pelo cheiro, o paladar pelo sabor, visão pela visualização de formas, tato pelo contato, as vibrações do ouvido pela identificação etérea, e os órgãos dos sentidos pelas atividades materiais.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Além do céu existem coberturas sutis, que parecem as coberturas elementares dos universos. As coberturas grosseiras são um desenvolvimento de ingredientes parciais das causas sutis. Assim o yogi ou devoto, junto com a liqüidação dos elementos grosseiros, renuncia as causas sutis tal qual aroma pelo cheiro. A fagulha espiritual pura, o ser vivo, assim fica completamente limpo de toda contaminação material para se tornar elegível para entrada dentro do reino de Deus.

Verso 30

sa bhüta-sükñmendriya-sannikarñaà
manomayaà devamayaà vikäryam
saàsädya gatyä saha tena yäti
vijïäna-tattvaà guëa-sannirodham

O devoto, depois de superar as formas de cobertura grosseiras e sutis, entra no plano do egoísmo. E nesse status ele imerge os modos materiais da natureza (ignorância e paixão) nesse ponto de neutralização e assim alcança egoísmo em bondade. Depois disso, todo egoísmo é imerso dentro do mahat-tattva, e ele chega ao ponto da auto-realização pura.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Auto-realização pura, como já discutimos várias vezes, é a consciência pura de admitir-se como o servidor eterno do Senhor. Assim ele é reintegrado em sua posição original de serviço amoroso transcendental para o Senhor, como será claramente explicado no verso seguinte. Esse estágio de prestar serviço amoroso transcendental para o Senhor sem quaisquer expectativas de emolumento pelo Senhor, ou qualquer outro modo, pode ser atingido quando os sentidos materiais estão purificados e o estado original puro dos sentidos é revivido. É sugerido aqui que o processo de purificar os sentidos é pelo caminho do yoga, a saber, os sentidos grosseiros são imersos no modo da ignorância, e os sentidos sutis são imersos no modo da paixão. A mente pertence ao modo da bondade e por isso é chamada devamaya, ou divina, purificação perfeita da mente é feita possível quando está fixo na convicção de ser o servidor eterno do Senhor. Por isso alcance simples da bondade também é um modo material; tem-se que superar esse estágio de bondade material e alcançar o ponto da bondade purificada, ou vasudeva-sattva. Esse vasudeva-sattva ajuda a pessoa a entrar dentro do reino de Deus.

Nós também podemos lembrar nessa conexão que o processo de emancipação gradual pelos devotos da maneira mencionada acima, embora autorizada, não é viável na era presente por causa das pessoas serem primariamente desconhecedoras da prática de yoga. A assim chamada prática de yoga por protagonistas profissionais pode ser fisiologicamente benéfica, mas um sucesso tão pequeno assim não pode ajudar ninguém no alcance da emancipação espiritual como mencionado aqui. Cinco mil anos atrás, quando o status social da sociedade humana estava em ordem Védica perfeita, o processo de yoga mencionado aqui era assunto comum para todos porque todos, e especialmente o brahmana e kshatriya, eram treinados na arte transcendental sob o cuidado do mestre espiritual bem longe de casa, no status de brahmacarya. Pessoa moderna, entretanto, é incompetente para entendê-lo perfeitamente.

Senhor Sri Chaitanya, por isso, tornou mais fácil para o devoto prospectivo da era presente da seguinte maneira específica. Ultimamente não tem diferença no resultado. O primeiro e mais importante ponto é que a pessoa deve entender a importância primordial de bhakti-yoga. Os seres vivos em diferentes espécies de vida são submetidos a diferentes termos de encarceramento de acordo com suas ações e reações lucrativas. Porém na execução de atividades diferentes, aquele que assegura alguns recursos em bhakti-yoga pode entender a importância do serviço para o Senhor por meio da misericórdia sem causa do Senhor, bem como a do mestre espiritual. Uma alma sincera é ajudada pelo Senhor por meio de encontrar um mestre espiritual fidedigno, o representante do Senhor. Pela instrução de um mestre espiritual assim, obtém-se a semente de bhakti-yoga. O Senhor Sri Chaitanya Mahaprabhu recomenda que o devoto semeie a semente de bhakti-yoga dentro do seu coração e a alimente por regá-la com a água de ouvir e cantar o santo nome, fama etc. do Senhor. O processo simples de cantar e ouvir o santo nome do Senhor gradualmente sem ofensas promove alguém muito em breve para o estágio de emancipação. Existem três estágios no cantar do santo nome do Senhor. O primeiro estágio é o cantar ofensivo do santo nome, e o segundo é o estágio reflexivo do cantar do santo nome. O terceiro estágio é o cantar sem ofensas do santo nome do Senhor. No segundo estágio somente, o estágio de reflexão, entre os estágios ofensivo e sem ofensas, atinge-se automaticamente o estágio de emancipação. E no estágio sem ofensas, a pessoa entra realmente no reino de Deus, embora fisicamente possa aparentemente estar dentro do mundo material. Para alcançar o estágio sem ofensas, deve-se ficar de guarda da maneira seguinte.

Quando nós falamos de ouvir e cantar, isso significa que não apenas deve-se cantar e ouvir sobre o santo nome do Senhor como Rama, Krishna (ou sistematicamente os dezesseis nomes Hare Krishna, Hare Krishna, Krishna Krishna, Hare Hare. Hare Rama, Hare Rama, Rama Rama, Hare Hare), porém deve-se também ler e ouvir o Bhagavad-gita e Srimad Bhagavatam na associação de devotos. A prática primária de bhakti-yoga causará a semente já plantada no coração a brotar, e por um processo regular de regar, como mencionado acima, a planta de bhakti-yoga começará a crescer. Por nutrição sistemática, a planta crescerá em tamanha extensão que penetrará as coberturas do universo, e como ouvimos no verso prévio, alcança o céu refulgente, o brahmajyoti, e vai mais e mais e alcança o céu espiritual, onde existem inumeráveis planetas chamados Vaikunthalokas. Acima de todos eles está Krishnaloka, ou Goloka Vrindavana, onde a planta crescente entra e toma repouso nos pés de lótus do Senhor Krishna em Goloka Vrindavana, o processo de regar com ouvir e cantar, bem como cantar o santo nome no estágio devocional puro, frutifica, e as frutas crescidas lá na forma do amor de Deus são tangivelmente saboreadas pelo devoto, mesmo embora ele esteja aqui no mundo material. As frutas maduras do amor de Deus são saboreadas somente pelos devotos que estão constantemente dedicados no processo de regar como descrito acima. Porém o devoto trabalhador deve sempre ser consciente para que a planta a qual cresceu tanto não seja cortada. Por isso ele deve ser consciente sobre as considerações seguintes:

(1) Ofensa por alguém aos pés de lótus de um devoto puro pode ser comparada ao elefante enfurecido que devasta um jardim muito bom se entrar nele.

(2) Deve-se ser muito cuidadoso para se guardar contra tais ofensas aos pés de devotos puros, justamente igual alguém protege uma planta com cerca por toda a volta.

(3) Acontece que pelo processo de regar, algumas ervas daninhas também crescem, e a menos que essas ervas sejam arrancadas, a nutrição da planta principal, ou a planta de bhakti-yoga, pode ser dificultada.

(4) Na realidade essas ervas daninhas são prazer material, imergir o eu no Absoluto sem individualidade separada, e muitos outros desejos no campo da religião, desenvolvimento econômico, prazer sensual e emancipação.

(5) Existem muitas outras ervas daninhas, como desobediência aos princípios das escrituras reveladas, ocupações desnecessárias, matança de animais, anseio por ganho material, prestígio e adoração.

(6) Se cuidado suficiente não for tomado, o processo de regar pode apenas ajudar a gerar ervas daninhas, que atrofia o crescimento saudável da planta principal e que resulta em nenhuma frutificação do requerimento último: amor de Deus.

(7) O devoto deve por isso ser muito cuidadoso para arrancar pela raiz diferentes ervas daninhas bem no começo. Somente assim o crescimento saudável da planta principal não será dificultado.

(8) E por fazer isso, o devoto é capaz de saborear o fruto do amor de Deus e assim viver praticamente com o Senhor Krishna, mesmo nesta vida, e ser capaz de ver o Senhor em cada passo.

A perfeição mais elevada da vida é desfrutar a vida constantemente na associação do Senhor, e aquele que pode saborear isso não aspira por nenhum prazer temporário do mundo material via outro meio.

Verso 31

tenätmanätmänam upaiti çäntam
änandam änandamayo 'vasäne
etäà gatià bhägavatéà gato yaù
sa vai punar neha viñajjate 'ìga

Somente a alma purificada pode atingir a perfeição de associar com a Personalidade de Deus em bem-aventurança e satisfação completas em seu estado constitucional. Quem quer que é capaz de renovar tal perfeição devocional nunca é novamente atraído por este mundo material, e ele nunca retorna.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Nós devemos notar especialmente neste verso a descrição de gatim bhagavatim. Ficar imerso nos raios do Parabrahman, a Suprema Personalidade de Deus, como desejado pelo impersonalista brahmavadi, não é perfeição bhagavatim. Os bhagavatas nunca aceitam imergir nos raios impessoais do Senhor, mas sempre aspiram pela associação pessoal com o Supremo Senhor em um dos planetas Vaikuntha espirituais no céu espiritual. A totalidade do céu espiritual, do qual o número total de céus materiais é apenas uma parte insignificante, é cheio de números ilimitados de planetas Vaikuntha. O destino do devoto (o bhagavata) é entrar dentro dos planetas Vaikuntha, em cada um deles a Personalidade de Deus, em Suas expansões pessoais ilimitadas, desfruta Si mesmo na associação de números ilimitados de devotos puros associados. As almas condicionadas no mundo material, depois de ganharem emancipação pelo serviço devocional, são promovidas para esses planetas. Porém o número de almas eternamente liberadas é muito, muito maior do que o número de almas condicionadas no mundo material, e as almas liberadas eternamente nos planetas Vaikuntha nunca se preocupam em visitar este mundo material miserável.

Os impersonalistas, que aspiram imergir na refulgência brahmajyoti impessoal do Senhor porém não têm nenhum conceito do serviço amoroso devocional para Ele em Sua forma pessoal na manifestação espiritual, podem ser comparados a certas espécies de peixe, que, nascidos em rios e riachos, migram para o grande oceano. Eles não podem permanecer no oceano definitivamente, porque seu ímpeto por prazer sensual os traz de volta para os rios e riachos para desovar. Similarmente, quando o materialista fica frustrado em suas tentativas de desfrutar de si mesmo no mundo material limitado, ele pode procurar liberação impessoal por imergir tanto com o Oceano Causal quanto com a refulgência do brahmajyoti impessoal. Entretanto, porque nem o Oceano Causal nem a refulgência do brahmajyoti impessoal proporcionam nenhum superior substituto para associação e ocupação dos sentidos, o impersonalista cairá novamente dentro do mundo material limitado para ficar enredado mais uma vez na roda dos nascimentos e mortes puxado pelo desejo inextinguível por atividade sensual. Porém qualquer devoto que entra no reino de Deus pela ocupação transcendental dos seus sentidos no serviço devocional, e que se associa com as almas liberadas e a Personalidade de Deus lá, nunca ficará atraído pelos arredores limitados do mundo material.

No Bhagavad-gita (8.15) também é confirmado o mesmo, tal qual o Senhor diz, "Os grandes mahatmas, ou, ou os bhakti-yogis, depois de alcançarem Minha associação, nunca voltam para este mundo material, que é cheio de misérias e é impermanente". A perfeição de vida mais elevada, por isso, é alcançar Sua associação, e nada mais. O bhakti-yogi, por estar completamente dedicado no serviço do Senhor, não tem nenhuma atração por qualquer outro processo de liberação tais quais jñana ou yoga. Um devoto puro é um devoto cem por cento do Senhor e nada mais.

Nós devemos notar mais ainda neste verso as duas palavras santam e anandam, as quais denotam que serviço devocional do Senhor pode realmente conceder sobre o devoto duas bênçãos importantes, a saber, paz e satisfação. O impersonalista é desejoso de se tornar uno com o Supremo, em outras palavras, ele quer se tornar o Supremo. Isso é só um mito. Os yogis místicos ficam sobrecarregados por vários poderes místicos e assim não têm nem paz nem satisfação. Por isso nem os impersonalistas nem o yogi podem ter verdadeira paz e satisfação, porém o devoto, pode ficar plenamente pacífico e satisfeito por causa da sua associação com o todo completo. Por isso, imergir no Absoluto ou obter alguns poderes místicos não tem nenhuma atração para o devoto.

Realização do amor do Supremo significa liberdade completa de todas outras atrações. A alma condicionada tem muitas aspirações tais quais se tornar uma pessoa religiosa, uma pessoa rica, ou um desfrutador de primeira classe ou se tornar o próprio Deus ela mesma, ou se tornar poderosa igual os místicos e agir maravilhosamente para obter qualquer coisa ou fazer qualquer coisa, porém todas essas aspirações devem ser rejeitadas pelo devoto prospectivo que realmente quer reviver seu amor de Deus adormecido. O devoto impuro aspira por todas as coisas materiais acima mencionadas pela perfeição da devoção. Porém um devoto puro não tem nenhuma das manchas das contaminações acima, as quais são a influência dos desejos materiais, especulações impessoais e obtenção de poderes místicos. Pode-se alcançar o estágio do amor de Deus pelo serviço devocional puro, ou por "um trabalho aprendido com amor", pela causa do objeto adorável do devoto, a Personalidade de Deus.

Para ser mais claro, se alguém deseja atingir o estágio do amor de Deus, precisa abandonar todos desejos por desfrute material, deve evitar adorar qualquer um dos semideuses, e deve se devotar somente para a adoração da Suprema Personalidade de Deus. Deve abandonar a idéia estúpida de se tornar uno com o Senhor e o desejo de ter alguns poderes maravilhosos justamente para obter a adoração efêmera do mundo. O devoto puro é somente dedicado favoravelmente no serviço do Senhor, sem nenhuma expectativa por emolumento. Isso trará amor do Supremo, ou o estágio de santam e anandam, como afirmado neste verso.

Verso 32

ete såté te nåpa veda-géte
tvayäbhipåñöe ca sanätane ca
ye vai purä brahmaëa äha tuñöa
ärädhito bhagavän väsudevaù

Vossa Majestade Maharaja Parikshit, saiba que tudo que eu descrevi em resposta à sua consulta é justamente de acordo com a versão dos Vedas, e é verdade eterna. Isto foi descrito pessoalmente pelo Senhor Krishna para Brahma, com quem o Senhor ficou satisfeito após ser adorado apropriadamente.

Iluminação de Srila Prabhupada:

As duas formas diferentes de alcançar o céu espiritual e depois disso obter emancipação de todo cativeiro material, a saber, o processo direto de alcançar o reino de Deus ou o processo gradual através dos outros planetas superiores do universo, são apresentadas exatamente de acordo com a versão dos Vedas. As versões Védicas nessa conexão são, yada sarve pramucyante kama ye 'sya hrdi sritah/atha martyo 'mrto bhavaty atra brahma samasnute (Brihad-aranyaka Upanishad 4.4.7) e te 'rcir abhisambhavanti (Brihad-aranyaka Upanishad 6.2.15): "Aqueles que estão livres de todos desejos materiais, os quais são doenças do coração, são capazes de conquistar morte e entrar no reino de Deus através dos planetas Archi". As versões Védicas corroboram a versão do Srimad Bhagavatam, e a última é mais confirmada por Shukadeva Goswami, o qual afirma que a verdade foi revelada pela Suprema Personalidade de Deus Senhor Sri Krishna, Vasudeva, para Brahma, por Brahma para Narada, e por Narada para Vyasadeva, e depois por Vyasadeva para Shukadeva Goswami e assim por diante. Por isso não existe nenhuma diferença entre as versões de todas as autoridades. A verdade é eterna, e por isso não pode haver nenhuma nova opinião sobre a verdade. Esse é o caminho para aprender o conhecimento contido nos Vedas. Não é uma coisa para ser entendida pela erudição acadêmica de alguém ou pelas interpretações da moda por estudiosos mundanos. Não há nada para ser acrescentado e nada para ser subtraído, porque a verdade é a verdade. Uma pessoa tem que aceitar, depois de tudo, alguma autoridade. Os cientistas modernos também são autoridades para a pessoa comum por causa de algumas verdades científicas. A pessoa comum segue a versão do cientista. Isso quer dizer que a pessoa comum segue a autoridade. O conhecimento Védico também é recebido desse modo. A pessoa comum não pode argumentar sobre o que está além do céu, ou além do universo; ela tem que aceitar as versões dos Vedas como são compreendidas pela sucessão discipular autorizada. No Bhagavad-gita também o mesmo processo de compreender o Gita é afirmado no Quarto Capítulo. Se alguém não seguir a versão autorizada dos acharyas, ele procurará em vão pela verdade mencionada nos Vedas.

Verso 33

na hy ato 'nyaù çivaù panthä
viçataù saàsåtäv iha
väsudeve bhagavati
bhakti-yogo yato bhavet

Para aqueles que vagueiam no universo material, não existe nenhum meio de liberação mais auspicioso do que aquele que é destinado para dentro do serviço devocional direto do Senhor Krishna.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Como será esclarecido no próximo verso, serviço devocional, ou bhakti-yoga direto, é o único meio absoluto e auspicioso de liberação da garra da existência material. Existem muitos métodos indiretos para liberação das garras da existência material, mas nenhum deles é tão fácil e auspicioso quanto bhakti-yoga. Os meios de jñana e yoga e outras disciplinas auxiliares não são independentes na liberação de um executante. Tais atividades ajudam a pessoa alcançar o estágio de bhakti-yoga depois de muitos, muitos anos. No Bhagavad-gita (12.5) é dito sobre aqueles que são apegados ao aspecto impessoal do Absoluto ficam passíveis a muitos problemas na busca de seu objetivo desejado, e os filósofos empíricos, na busca pela Verdade Absoluta, realizam a importância da realização Vasudeva, como tudo em tudo depois de muitos, muitos nascimentos (Bg. 7.19). Em relação aos sistemas de yoga, também é dito no Bhagavad-gita (6.47) que entre os místicos que buscam a Verdade Absoluta, aquele que está sempre dedicado no serviço devocional do Senhor é o maior de todos. E a última instrução do Bhagavad-gita (18.66) aconselha rendição plena sob o Senhor, e deixar de lado outras ocupações ou diferentes processos de auto-realização e liberação do cativeiro material. E o significado de todas literaturas Védicas é induzir a pessoa para aceitar o serviço amoroso transcendental do Senhor por todos os meios.

Como já foi explicado nos textos do Srimad Bhagavatam (Primeiro Canto), tanto bhakti-yoga direto quanto os meios que ultimamente culminam em bhakti-yoga, sem nenhuma mancha de atividade lucrativa, constituem a forma de religião mais elevada. Qualquer outra coisa é simplesmente uma perda de tempo para o executante.

Srila Shridhara Swami e todos outros acaryas, tal qual Jiva Goswami, concordam que bhakti-yoga não é apenas fácil, simples, natural e livre de problema, mas é a única fonte de felicidade para o ser humano.

Verso 34

bhagavän brahma kärtsnyena
trir anvékñya manéñayä
tad adhyavasyat küöa-stho
ratir ätman yato bhavet

A grande personalidade Brahma, com grande atenção e concentração da mente, estudou os Vedas três vezes, e depois de examiná-los minuciosamente, ele verificou que atração pela Suprema Personalidade de Deus Sri Krishna é a perfeição mais elevada de religião.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Sri Shukadeva Goswami se refere à autoridade Védica mais elevada, Senhor Brahma, que é a encarnação qualitativa do Supremo. Os Vedas foram ensinados para Brahmaji no começo da criação material. Embora Brahmaji ouviu instruções Védicas diretamente da Personalidade de Deus, com o propósito de satisfazer a curiosidade de todos estudantes dos Vedas prospectivos, Brahma, justamente igual um estudioso, estudou os Vedas três vezes, como é feito geralmente por todos estudiosos. Ele estudou com grande atenção, concentrado no propósito dos Vedas, e depois de examinar minuciosamente o processo inteiro, ele verificou que se tornar um devoto puro, imaculado da Suprema Personalidade de Deus Sri Krishna é a mais elevada perfeição de todos princípios religiosos. E essa é a última instrução do Bhagavad-gita diretamente apresentado pela Personalidade de Deus. A conclusão Védica é assim aceita por todos acaryas, e aqueles que são contra essa conclusão são apenas veda-vada-ratas, como explicado no Bhagavad-gita (2.42).

Verso 35

bhagavän sarva-bhüteñu
lakñitaù svätmanä hariù
dåçyair buddhy-ädibhir drañöä
lakñaëair anumäpakaiù

A Pessoa Suprema Senhor Sri Krishna está em cada ser vivo junto com a alma individual. E esse fato é percebido e em hipótese nos nossos atos de ver e aceitar ajuda da inteligência.

Iluminação de Srila Prabhupada:

O argumento geral da pessoa comum é que o fato de o Senhor não ser visível para os nossos olhos, como pode alguém tanto se render a Ele quanto prestar serviço amoroso transcendental para Ele? Para uma pessoa comum assim, aqui está uma sugestão prática dada por Srila Shukadeva Goswami de como alguém pode perceber o Supremo Senhor pela razão e pela percepção. Na realidade o Senhor não é perceptível pelos nossos sentidos presentes materializados, porém quando alguém fica convencido da presença do Senhor por uma atitude de serviço prática, acontece uma revelação pela misericórdia do Senhor, e um devoto puro do Senhor assim pode perceber a presença do Senhor sempre e em todo lugar. Pode perceber que inteligência é a forma da diretoria da porção plenária Paramatma da Personalidade de Deus. A presença do Paramatma na companhia de todos não é muito difícil de realizar, mesmo para a pessoa comum. O procedimento é o seguinte. Pode-se perceber sua autoidentificação e sentir positivamente que ela existe. Talvez não sinta isso abruptamente, porém com o uso de um pouco de inteligência, poderá sentir que não é o corpo. Pode perceber que a mão, a perna, a cabeça, o cabelo e os membros são todos suas partes e parcelas corpóreas, porém assim a mão, a perna, a cabeça etc. não podem ser identificados com o seu eu. Por isso justamente por usar a inteligência ele pode distinguir e separar seu eu das outras coisas que ele vê. Assim a conclusão natural é que o ser vivo, tanto humano quanto animal, é o visualizador, e ele vê além de si mesmo todas outras coisas. Por isso existe uma diferença entre o visualizador e o visualizado. Agora, com um pequeno uso de nossa inteligência também podemos concordar prontamente que o ser vivo que vê as coisas além de si mesmo pela visão ordinária não tem poder para ver ou mover independentemente. Todas nossas ações e percepções ordinárias dependem de várias formas de energia supridas para nós pela natureza em várias combinações. Nossos sentidos de percepção e de ação, isto quer dizer, nossos cinco sentidos de percepção de (1) audição, (2) tato, (3) visão, (4) paladar e (5) olfato, e também nossos cinco sentidos de ação, a saber, (1) mãos, (2) pernas, (3) fala, (4) órgãos de evacuação e (5) órgãos reprodutivos, e também os três sentidos sutis, a saber, (1) mente, (2) inteligência e (3) ego (treze sentidos ao todo), são supridos para nós por vários arranjos de formas grosseiras ou sutis da energia natural. E é igualmente evidente que nossos objetos de percepção são nada mais do que os produtos de permutações e combinações inesgotáveis das formas assumidas pela energia material. Como isso prova conclusivamente que o ser vivo ordinário não tem nenhum poder de percepção independente ou de movimento, e como nós indubitavelmente sentimos nossa existência ser condicionada pela energia da natureza, concluímos aquele que vê é espírito, e que os sentidos bem como os objetos de percepção são materiais. A qualidade espiritual do visualizador é manifestada em nossa insatisfação com o estado limitado da existência materialmente condicionada. Essa é a diferença entre espírito e matéria. Há alguns argumentos menos inteligentes que matéria desenvolve o poder de ver e mover como um certo tipo de desenvolvimento orgânico, porém um argumento desse não pode ser aceito porque não existe evidência experimental que matéria em algum lugar produziu um ser vivo. Não confie em nenhum futuro, por mais agradável que seja. Conversas ociosas sobre o desenvolvimento futuro da matéria em espírito são realmente estúpidas porque nenhuma matéria nunca desenvolveu o poder de ver e mover em qualquer parte do mundo. Por isso é definitivo que matéria e espírito são duas identidades diferentes, e essa conclusão é alcançada pelo uso da inteligência. Agora chegamos ao ponto de que coisas que são vistas por um pequeno uso da inteligência não podem ser animadas a menos que aceitemos alguém como o usuário de ou diretor da inteligência. Inteligência dá para alguém direção igual alguma autoridade superior, e o ser vivo não pode ver ou mover ou comer ou fazer qualquer coisa sem o uso da inteligência. Quando alguém falha em aproveitar a vantagem da inteligência torna-se uma pessoa perturbada, e assim um ser vivo é dependente da inteligência ou da direção de um ser superior. Essa inteligência é todo-penetrante. Cada ser vivo tem sua inteligência, e sua inteligência, por ser a direção de uma autoridade superior, é justamente igual um pai que dá direção para seu filho. A autoridade superior, que está presente e reside dentro de cada ser vivo individual, é o Super-eu.

Nesse ponto em nossa investigação, podemos considerar a seguinte questão: por um lado nós realizamos que todas nossas percepções e atividades são condicionadas pelos arranjos da natureza material, mesmo assim nós também ordinariamente sentimos e dizemos, "eu estou percebendo" ou "eu estou fazendo". Por isso podemos dizer que nossos sentidos materiais de percepção e ação se movem porque nós estamos identificando o eu com o corpo material, e que o princípio superior do Super-eu nos guia e nos supre de acordo com nosso desejo. Por aproveitar a vantagem da guia do Super-eu na forma da inteligência, podemos continuar a estudar e a colocar em prática nossa conclusão de que "eu não sou este corpo", ou podemos escolher permanecer na falsa identificação material, por nos imaginar como os possuidores e fazedores. Nossa liberdade consiste em orientar nosso desejo tanto em direção ao equívoco material, ignorante quanto ao conceito espiritual, verdadeiro. Nós podemos facilmente atingir o conceito espiritual, verdadeiro por reconhecer o Super-eu (Paramatma) como nosso amigo e guia e por encaixar nossa inteligência com a inteligência superior do Paramatma. O Super-eu e o eu individual são ambos espírito, e por isso o Super-eu e o eu individual são ambos qualitativamente unos e distintos da matéria. Porém o Super-eu e o eu individual não podem estar no mesmo nível porque o Super-eu dá direção ou supre inteligência e o eu individual segue a direção, e assim ações são desempenhadas apropriadamente. O indivíduo é completamente dependente da direção do Super-eu porque em cada passo o eu individual segue a direção do Super-eu em matéria de ver, ouvir, pensar, sentir, desejar etc..

Até aqui no que diz respeito ao senso comum, nós chegamos à conclusão de que existem três identidades, a saber, matéria, espírito e Super-espírito. Agora se formos para o Bhagavad-gita, ou a inteligência Védica, poderemos entender mais ainda que todas três identidades, chamadas matéria, espírito individual, e o Super-espírito, são todos dependentes da Suprema Personalidade de Deus. O Super-eu é uma representação parcial ou porção plenária da Suprema Personalidade de Deus. O Bhagavad-gita afirma que a Suprema Personalidade de Deus domina sobre todo o mundo material por Sua representação parcial apenas. Deus é grande, e Ele não pode ser simplesmente um cumpridor de ordens dos egos individuais; por isso o Super-eu não pode ser uma representação do Eu Supremo, Purushottama, a Personalidade de Deus Absoluta. Realização do Super-eu pelo eu individual é o começo da auto-realização, e pelo progresso dessa auto-realização pode-se ser capaz de realizar a Suprema Personalidade de Deus pela inteligência, pela ajuda das escrituras autorizadas, e, principalmente, pela graça do Senhor. O Bhagavad-gita é o conceito preliminar da Personalidade de Deus Sri Krishna, e Srimad Bhagavatam é a explicação avançada da ciência do Supremo. Então se nos fixarmos em nossa determinação e orar pela misericórdia do diretor da inteligência sentado dentro da mesma árvore corpórea, igual um pássaro sentado com outro pássaro (como explicado nos Upanishads), certamente o significado da informação revelada nos Vedas fica claro para nossa visão, e não há dificuldade em realizar a Suprema Personalidade de Deus, Vasudeva. A pessoa inteligente por isso, depois de muitos nascimentos desse uso da inteligência, rende-se aos pés de lótus de Vasudeva, como confirmado no Bhagavad-gita (7.19).

Verso 36

tasmät sarvätmanä räjan
hariù sarvatra sarvadä
çrotavyaù kértitavyaç ca
smartavyo bhagavän nåëäm

Ó Rei, por isso é essencial que cada ser humano ouça sobre, glorifique e lembre o Supremo Senhor, a Personalidade de Deus, sempre e em toda parte.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Srila Shukadeva Goswami começa este verso com a palavra tasmat, ou "por isso", porque no verso prévio ele já explicou que não existe nenhum meio auspicioso para salvação outro do que o processo sublime de bhakti-yoga. O processo de bhakti-yoga é praticado pelos devotos em métodos diferentes tais quais ouvir, cantar, lembrar, servir os pés de lótus do Senhor, adorar, louvar, prestar serviço com amor, tornar-se amigável, e oferecer tudo que alguém possa possuir. Todos nove métodos são métodos fidedignos, e tanto todos eles, alguns deles quanto mesmo um só deles pode trazer o resultado desejado para o devoto sincero. Porém de todos os nove métodos diferentes, o primeiro, chamado ouvir, é a função mais importante no processo de bhakti-yoga. Sem ouvir suficientemente e apropriadamente, ninguém pode fazer nenhum progresso por nenhum dos métodos de prática. E para ouvir somente, todas as literaturas Védicas estão aí, compiladas por pessoas autorizadas igual Vyasadeva, que é a encarnação poderosa do Supremo. E porque foi verificado que o Senhor é a Superalma de tudo, Ele deve por isso ser ouvido e glorificado em toda parte e sempre. Esse é o dever especial do ser humano. Quando o ser humano abandona o processo de ouvir sobre a Personalidade de Deus todo-penetrante, torna-se vítima de ouvir bobagem transmitida por máquinas feitas por humano. Máquinas não são ruins porque através da máquina podemos aproveitar a vantagem de ouvir sobre o Senhor, porém porque maquinário é usado para propósitos ulteriores, isso causa degradação rápida no padrão da civilização humana. É dito aqui que é responsabilidade dos seres humanos ouvir porque as escrituras tais quais Bhagavad-gita e Srimad Bhagavatam são feitas para esse propósito. Seres vivos além de seres humanos não têm habilidade para ouvir tais literaturas Védicas. Se a sociedade humana se entregar para o processo de ouvir a literatura Védica, não se tornará uma vítima dos sons impiedosos vibrados por pessoas impiedosas que degradam os padrões da sociedade total. Ouvir é solidificado pelo processo de cantar. Aquele que ouviu perfeitamente da fonte perfeita fica convencido sobre a Personalidade de Deus todo-penetrante e assim fica entusiasmado para glorificar o Senhor. Todos os grandes acaryas, tais quais Ramanuja, Madhwa, Chaitanya, Sarasvati Thakura ou mesmo, em outros países, Mohamed, Cristo, e outros, todos glorificaram extensivamente o Senhor por sempre cantar em todo lugar. Porque o Senhor é todo-penetrante, é essencial glorificá-Lo sempre e em toda parte. No processo de glorificar o Senhor não deve haver restrição de tempo e espaço. Isso se chama sanatana-dharma ou bhagavata-dharma. Sanatana significa eterno, sempre e em toda parte. Bhagavata significa que pertence a Bhagavan, o Senhor. O Senhor é o mestre de todo tempo e todo espaço, e por isso o santo nome do Senhor deve ser ouvido, glorificado e lembrado em todo lugar no mundo. Isso trará as desejadas paz e prosperidade tão ansiosamente esperadas pelas pessoas do mundo. A palavra ca inclui todos os processos remanescentes ou métodos de bhakti-yoga, como mencionado acima.

Verso 37

pibanti ye bhagavata ätmanaù satäà
kathämåtaà çravaëa-puöeñu sambhåtam
punanti te viñaya-vidüñitäçayaà
vrajanti tac-caraëa-saroruhäntikam

Aqueles que bebem através da recepção auditiva, plenamente preenchida com a mensagem nectárea do Senhor Krishna, o adorado dos devotos, purificam o objetivo da vida poluído conhecido como desfrute material e assim vão de volta ao Supremo, para os pés de lótus Dele (a Personalidade de Deus).

Iluminação de Srila Prabhupada:

Os sofrimentos da sociedade humana são devidos ao objetivo da vida poluído, chamado dominar os recursos materiais. Quanto mais a sociedade humana se engaja na exploração de recursos materiais não desenvolvidos para prazer sensual, mais ficará presa pela energia material, ilusória do Senhor, e assim o sofrimento do mundo será intensificado em vez de diminuído. As necessidades humanas de vida são plenamente supridas pelo Senhor na forma de grãos alimentícios, leite, fruta, madeira, pedra, açúcar, seda, jóias, algodão, sal, água, vegetais etc., em quantidade suficiente para alimentar e cuidar da raça humana do mundo bem como os seres vivos em cada e todo planeta dentro do universo. A fonte de fornecimento é completa, e apenas uma pequena energia do ser humano é requerida para obter as necessidades dentro do canal apropriado. Não há necessidade de máquinas e ferramentas ou enormes usinas siderúrgicas para criar artificialmente confortos da vida. Vida nunca é feita confortável por necessidades artificiais, porém por vida simples e pensamento elevado. O pensamento de perfeição mais elevado para sociedade humana é sugerido aqui por Shukadeva Goswami, a saber, suficientemente ouvir Srimad Bhagavatam. Para humanos desta era de Kali, quando perderam a visão perfeita da vida, este Srimad Bhagavatam é a luz da luminária pela qual se enxerga o caminho verdadeiro. Srila Jiva Goswami Prabhupada comentou sobre o kathamrtam mencionado neste verso e indicou que Srimad Bhagavatam é a mensagem nectárea da Personalidade de Deus. Pela audição suficiente do Srimad Bhagavatam, o objetivo poluído da vida, chamado dominar matéria, diminuirá, e as pessoas em geral em todas partes do mundo serão capazes de viver uma vida pacífica de conhecimento e bem-aventurança.

Para um devoto puro do Senhor, quaisquer tópicos em relação com Seu nome, fama, qualidade, associados etc. são todos agradáveis, e porque esses tópicos foram aprovados por grandes devotos tais quais Narada, Hanuman, Nanda Maharaja e outros habitantes de Vrindavana, certamente essas mensagens são transcendentais e agradáveis para coração e alma.

E por constantemente ouvir as mensagens do Bhagavad-gita, e depois do Srimad Bhagavatam, a pessoa fica assegurada por Srila Shukadeva Goswami que alcançará a Personalidade de Deus e prestará para Ele serviço amoroso transcendental no planeta espiritual de nome Goloka Vrindavana, que parece uma grande flor de lótus.

Assim pelo processo de bhakti-yoga, diretamente aceito, como sugerido neste verso, pela audição suficiente da mensagem transcendental do Senhor, a contaminação material é diretamente eliminada sem a tentativa da pessoa para contemplar o conceito virat impessoal do Senhor. E por praticar bhakti-yoga, se o praticante não estiver purificado da contaminação material, deve ser um pseudo devoto. Para um impostor desse não há remédio para ficar livre do enredamento material.

Assim terminam os significados Bhaktivedanta do Segundo Canto, Segundo Capítulo, do Srimad Bhagavatam, intitulado "O Senhor no Coração".

      

      

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