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Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga
Nitai Gaura Hari Bol


Srimad Bhagavatam
(de Krishna Dwaipayana Vyasa - Srila Vyasadeva)

pela Divina Graça
de
Sri Srimad Bhaktivedanta Swami Maharaj Prabhupada
Paramahamsa Thakura Mahashaya

(Original Sem "correções")

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Primeiro Canto - "Criação"

Capítulo Dezessete - Punição e Recompensa de Kali

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Capítulo Dezessete

Punição e Recompensa de Kali

Verso 1

süta uväca
tatra go-mithunaà räjä
hanyamänam anäthavat
daëòa-hastaà ca våñalaà
dadåçe nåpa-läïchanam

Suta Goswami disse: Depois de chegar àquele lugar, Maharaja Parikshit observou que um sudra de casta inferior, vestido como rei, golpeava uma vaca e um touro com uma maça, como se não tivessem nenhum dono.

Iluminação de Srila Prabhupada:

O sinal principal da era de Kali é que os sudras de classe mais baixa, ou seja, pessoas sem cultura brahmana e iniciação espiritual, se vestirão iguais administradores ou reis, e a ocupação principal desses governantes não ksatriya será matar animais inocentes, especialmente as vacas e os touros, que serão desprotegidos por seus donos, os vaisyas fidedignos, a comunidade mercantil. No Bhagavad-gita (18.44), é dito que os vaisyas são destinados para lidar com agricultura, proteção à vaca e comércio. Na era de Kali, os vaisyas degradados, os comerciantes, se dedicam a fornecer vacas para matadouros. Os ksatriyas são destinados a proteger os cidadãos do estado, enquanto os vaishyas são destinados a proteger as vacas e touros e utilizá-los na produção de cereais e leite. A vaca é destinada a dar leite, e o touro é destinado a produzir cereais. Na era de Kali, a classe sudra de pessoas está em postos de administradores, e as vacas e touros, ou mães e pais, desprotegidos pelos vaisyas, são submetidos a matadouros organizados por administradores sudras.

Verso 2

våñaà måëäla-dhavalaà
mehantam iva bibhyatam
vepamänaà padaikena
sédantaà çüdra-täòitam

O touro era tão branco quanto uma flor de lótus branca. Ele estava aterrorizado por causa do sudra que o golpeava, e ele estava com tanto medo por estar em pé só com uma pata, assim tremia e urinava.

Iluminação de Srila Prabhupada:

O próximo sintoma da era de Kali é que os princípios da religião, que são todos impecavelmente brancos, igual à flor de lótus branca, serão atacados pela população sudra inculta da era. Eles podem ser descendentes de antepassados brahmanas ou ksatriyas, mas na era de Kali, pela falta de educação e cultura suficientes da sabedoria Védica, uma população tipo sudra dessa desafiará os princípios da religião, e aqueles que são dotados religiosamente ficarão aterrorizados por tais pessoas. Eles se declararão como adeptos de nenhum princípio religioso, e muitos "ismos" e cultos se propagarão em Kali-yuga somente para matar o impecável touro da religião. O estado será declarado como secular, ou sem nenhum princípio de religião particular, e como resultado haverá indiferença total para os princípios da religião. Os cidadãos serão livres para agirem como quiserem, sem respeito por sadhu, sastra e guru. O touro de pé só em uma pata indica que os princípios da religião diminuem gradualmente. Mesmo a existência fragmentada dos princípios religiosos ficará constrangida por muitos obstáculos como se estivesse na condição de temor para cair a qualquer momento.

Verso 3

gäà ca dharma-dughäà dénäà
bhåçaà çüdra-padähatäm
vivatsäm äçru-vadanäà
kñämäà yavasam icchatém

Embora a vaca seja benéfica porque pode-se extrair princípios religiosos dela, agora ela tinha se tornado pobre e sem bezerro. Suas patas foram golpeadas por um sudra. Havia lágrimas em seus olhos, e ela estava aflita e fraca. Ele ansiava por um pouco de capim no pasto.

Iluminação de Srila Prabhupada:

O próximo sintoma da era de Kali é a condição angustiada da vaca. Ordenhar a vaca significa extrair os princípios da religião numa forma líqüida . Os grandes rsis e munis viviam de leite somente. Srila Shukadeva Goswami ia até a casa de um pai de família quando ele ordenhava a vaca, e ele simplesmente pegava uma pequena quantidade para sua subsistência. Mesmo cinqüenta anos atrás, ninguém negava para um sadhu um quarto ou dois de leite, e todo pai de família dava leite igual água. Para um Sanatanista (um seguidor dos princípios Védicos) é dever de todo pai de família ter vacas e touros como parafernália doméstica, não apenas para beber leite, mas também para extrair princípios religiosos. O Sanatanista adora vacas sobre princípios religiosos e respeita brahmanas. O leite de vaca é requerido para o fogo do sacrifício, e por executar sacrifícios o pai de família pode ser feliz. O bezerro da vaca não somente é bonito de se ver, mas também dá satisfação para a vaca, e assim ela dá tanto leite quanto possível. Nas na era de Kali, os bezerros são separados das vacas o mais cedo possível para propósitos que não poderão ser mencionados nas páginas do Srimad Bhagavatam. A vaca fica com lágrimas nos olhos, o leiteiro sudra tira leite da vaca artificialmente, e quando não tem mais leite a vaca é mandada para o matadouro. Esses atos altamente pecaminosos são responsáveis por todos problemas da sociedade presente. Pessoas não sabem o que fazem em nome do desenvolvimento econômico. A influência de Kali as manterá na escuridão da ignorância. Apesar de todos esforços para paz e prosperidade, elas têm que tentar ver as vacas e os touros felizes em todos aspectos. Pessoas idiotas não sabem como se ganha felicidade por fazer as vacas e touros felizes, o que é um fato pela lei da natureza. Vamos aceitar isso do Srimad Bhagavatam e adotar os princípios para felicidade total da humanidade.

Verso 4

papraccha ratham ärüòhaù
kärtasvara-paricchadam
megha-gambhérayä väcä
samäropita-kärmukaù

Maharaja Parikshit, bem equipado com flechas e arco e sentado numa carruagem revestida com ouro, falou para ele (o sudra), com uma voz profunda que soava igual trovão.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Um chefe administrativo ou rei igual Maharaja Parikshit, com plena autoridade majestosa, bem equipado com armas para punir os malfeitores, pode desafiar os agentes da era de Kali. Somente assim será possível neutralizar a era degradada. E na ausência desses chefes executivos poderosos, sempre haverá ruptura da tranqüilidade. O chefe executivo de amostra grátis eleito, como representante de um público degradado, não pode ser igual a um rei poderoso tal qual Maharaja Parikshit. A roupa ou estilo da ordem real não conta. São as ações pessoais que contam.

Verso 5

kas tvaà mac-charaëe loke
baläd dhaàsy abalän balé
nara-devo 'si veñeëa
naöavat karmaëädvijaù

Ó, quem é você? Você parece ser forte e mesmo assim ousa matar, dentro da minha proteção, aqueles que são desamparados! Por sua roupa você se posa como um homem piedoso (rei), mas pelos seus atos você se opõe aos princípios dos ksatriyas duas vezes nascidos.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Os brahmanas, ksatriyas e vaisyas são chamados duas vezes nascidos porque para essas classes superiores de pessoas existe um nascimento por conjugação parental e existe outro nascimento de rejuvenescimento cultural pela iniciação espiritual por um acarya fidedigno, ou mestre espiritual. Por isso um ksatriya também é duas vezes nascido igual um brahmana, e seu dever é dar proteção aos desamparados. O rei ksatriya é considerado como o representante de Deus para dar proteção aos desamparados e punir os malfeitores. Sempre que acontecerem anomalias nesse trabalho de rotina pelos administradores, há uma encarnação do Senhor para restabelecer os princípios de um reino piedoso. Na era de Kali, os pobres animais desamparados, especialmente as vacas, que são destinadas a receberem todo tipo de proteção dos chefes administrativos, são mortas sem restrição. Por isso os chefes administrativos sob cujos narizes essas coisas acontecem são representantes de Deus só de nome. Tais administradores poderosos são governantes dos pobres cidadãos por vestimenta ou posto, nas na realidade são pessoas indignas, classe inferior sem os recursos culturais dos duas vezes nascidos. Ninguém pode esperar justiça ou tratamento igualitário de uma pessoa de classe inferior nascida uma vez (espiritualmente sem cultura). Por isso na era de Kali todo mundo é infeliz devido à má administração do estado. A sociedade humana moderna não é duas vezes nascida pela cultura espiritual. Por isso o governo do povo, por pessoas que não são duas vezes nascidas, tem que ser um governo de Kali no qual todos são infelizes.

Verso 6

yas tvaà kåñëe gate düraà
saha-gäëòéva-dhanvanä
çocyo 'sy açocyän rahasi
praharan vadham arhasi

Seu velhaco, você ousa golpear uma vaca inocente porque o Senhor Krishna e Arjuna, o portador do arco Gandiva, estão fora da visão? Porque você bate no inocente em um lugar afastado, você é considerado culpado e por isso merece ser morto.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Numa civilização onde Deus é conspicuamente banido, e não há nenhum devoto guerreiro igual Arjuna, os associados da era de Kali aproveitam a vantagem deste reino sem lei e organizam para matar animais inocentes tais quais a vaca em matadouros isolados. Tais assassinos de animais estão sujeitos a serem condenados a morte pela ordem de um rei piedoso igual Maharaja Parikshit. Para um rei piedoso, o culpado que mata um animal em um local isolado é punível com pena de morte, exatamente igual um assassino que mata uma criança inocente num local isolado.

Verso 7

tvaà vä måëäla-dhavalaù
pädair nyünaù padä caran
våña-rüpeëa kià kaçcid
devo naù parikhedayan

Então ele (Maharaja Parikshit) perguntou ao touro: Ó, quem é você? Você é um touro tão branco quanto a flor de lótus branca, ou você é um semideus? Você perdeu três das suas quatro patas e se move só com uma. Você é algum semideus que nos causa sofrimento na forma de um touro?

Iluminação de Srila Prabhupada:

Pelo menos até o tempo de Maharaja Parikshit, ninguém podia imaginar as condições miseráveis da vaca e do touro. Maharaja Parikshit, assim, estava abismado de ver uma cena tão horrível daquela. Ele perguntou se o touro não era um semideus que assumiu uma condição desgraçada daquela para indicar o futuro da vaca e do touro.

Verso 8

na jätu kauravendräëäà
dordaëòa-parirambhite
bhü-tale 'nupatanty asmin
vinä te präëinäà çucaù

Agora pela primeira vez num reino bem protegido pelos braços dos reis da dinastia Kuru, vejo você aflito com lágrimas nos olhos. Até agora ninguém na Terra nunca derramou lágrimas por causa de negligência da realeza.

Iluminação de Srila Prabhupada:

A proteção das vidas tanto dos seres humanos quanto dos animais é o primeiro e principal dever de um governo. Um governo não deve discriminar nesses princípios. É simplesmente horrível para uma alma de coração puro ver a matança de animais organizada pelo estado nesta era de Kali. Maharaja Parikshit lamentava pelas lágrimas nos olhos do touro, e ele estava abismado de ver algo tão improcedente em seu reino. Humanos e animais eram igualmente protegidos no que diz respeito à vida. Assim é o caminho num reino de Deus.

Verso 9

mä saurabheyätra çuco
vyetu te våñaläd bhayam
mä rodér amba bhadraà te
khalänäà mayi çästari

Ó filho de Surabhi, agora você não precisa mais se lamentar. Não há necessidade de temer esse sudra de classe baixa. E, ó mãe vaca, enquanto eu estiver vivo como o governante e subjugador de todas pessoas invejosas, não tem motivo para você chorar. Tudo será bom para você.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Proteção de touros e vacas e todos outros animais só pode ser possível quando há um estado governado por um chefe executivo igual Maharaja Parikshit. Maharaja Parikshit chama a vaca de mãe, porque ele é um rei ksatriya culto, duas vezes nascido. Surabhi é o nome das vacas que existem nos planetas espirituais e são especialmente criadas pelo Senhor Sri Krishna em Pessoa. Do mesmo modo que humanos são feitos pela forma e características do Supremo Senhor, assim também as vacas são feitas pela forma e características das vacas surabhi no reino espiritual. No mundo material a sociedade humana dá toda proteção para o ser humano, mas não existe nenhuma lei para proteger os descendentes de Surabhi, que podem dar toda proteção para humanos por suprir o alimento miraculoso, leite. Mas Maharaja Parikshit e os Pandavas eram plenamente conscientes da importância da vaca e touro, e eles estavam preparados para punir o matador de vaca com toda punição, inclusive morte. Às vezes acontece agitação para a proteção da vaca, mas por falta de chefes executivos piedosos e leis adequadas, não se dá proteção para a vaca e o touro. A sociedade humana deve reconhecer a importância da vaca e do touro e assim dar toda proteção para esses animais importantes, por seguir os passos de Maharaja Parikshit. Por proteger as vacas e cultura brahmana, o Senhor, que é muito bom para a vaca e os brahmanas (go-brahmana-hitaya), ficará satisfeito conosco e nos concederá paz verdadeira.

Versos 10 e 11

yasya räñöre prajäù sarväs
trasyante sädhvy asädhubhiù
tasya mattasya naçyanti
kértir äyur bhago gatiù

eña räjïäà paro dharmo
hy ärtänäm ärti-nigrahaù
ata enaà vadhiñyämi
bhüta-druham asattamam

Ó aquela que é casta, o bom nome, duração de vida e bom renascimento do rei somem quando todos tipos de seres vivos são aterrorizados por malfeitores em seu reino. É certamente o dever primordial do rei aliviar primeiro os sofrimentos daqueles que sofrem. Por isso eu tenho que matar esse homem mais desgraçado porque ele é violento contra outros seres vivos.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Quando acontece alguma perturbação causada por animais selvagens numa vila ou cidade, a polícia e outros tomam ação para matá-los. Similarmente, é o dever do governo matar imediatamente todos maus elementos sociais, tais quais ladrões, bandidos e assassinos. A mesma punição também é devida para matadores de animais porque os animais do estado também são praja. Praja significa aquele que nasceu no estado, e isso inclui tanto humanos quanto animais. Qualquer ser vivo que nasce num estado tem o direito primordial de viver sob a proteção do rei. Os animais da selva também são súditos do rei, e também têm o direito de viver. Assim o que dizer sobre animais domésticos igual as vacas e touros.

Qualquer ser vivo, se ele aterroriza outros seres vivos, é um sujeito mais desgraçado, e o rei deve imediatamente matar um elemento de perturbação desse. Do mesmo modo que o animal selvagem é morto quando cria perturbações, similarmente qualquer humano que mata desnecessariamente ou aterroriza os animais da selva ou outros animais deve ser punido imediatamente. Pela lei do Supremo Senhor, todos seres vivos, em qualquer forma que estejam, são os filhos do Senhor, e ninguém tem o direito de matar outro animal, a menos que seja ordenado pelos códigos da lei natural. Um tigre pode matar um animal menor para sua subsistência, mas um humano não pode matar um animal para sua subsistência. Assim é a lei de Deus, que criou a lei na qual um ser vivo subsiste por comer outro ser vivo. Por isso os vegetarianos também vivem por comer outros seres vivos. Por isso, a lei é que alguém deve viver somente por comer seres vivos específicos, como ordenado pela lei de Deus. O Ishopanishad orienta que deve-se viver pela orientação do Senhor e não por sua própria doce vontade. Um humano pode subsistir com variedades de cereais, frutas e leite ordenados por Deus, e não há necessidade de comida animal, salvo e exceto em casos particulares.

O rei ou chefe executivo iludido, mesmo embora às vezes anunciado como um grande filósofo e intelectual erudito, permitirá matadouros no estado sem saber que torturar pobres animais limpa o caminho para o inferno para tais reis ou chefes executivos idiotas. O chefe executivo deve estar sempre alerta com a segurança dos prajas, tanto humanos quanto animais, e inquirir se um ser vivo particular é assediado em qualquer lugar por outro ser vivo. O ser vivo molestador deve ser preso imediatamente e condenado à morte, como mostrado por Maharaja Parikshit.

O governo do povo, ou governo pelo povo, não deve permitir matança de animais inocentes pela doce vontade de governantes idiotas. Eles têm que conhecer os códigos de Deus, como mencionado nas escrituras reveladas. Maharaja Parikshit cita aqui que de acordo com os códigos de Deus o rei ou chefe executivo irresponsável põe em risco seu bom nome, duração de vida, poder, força e ultimamente sua marcha progressiva em direção a uma vida melhor e salvação depois da morte. Tais pessoas idiotas nem mesmo acreditam na existência de uma próxima vida.

Enquanto comentamos sobre este verso particular, tivemos em nossa presença a declaração de um grande político moderno que morreu recentemente e deixou seu testamento, o qual revela seu pobre fundo de conhecimento sobre os códigos de Deus mencionados por Maharaja Parikshit. O político era tão ignorante sobre os códigos de Deus que escreveu: "Eu não acredito em nenhuma dessas cerimônias, e se sujeitar a elas, mesmo por questão de formalidade, seria hipocrisia e uma tentativa de nos iludir e outros... eu não tenho nenhum sentimento religioso no assunto".

Em contraste essas declarações de um grande político da era moderna com essas de Maharaja Parikshit, encontramos uma vasta diferença. Maharaja Parikshit era piedoso de acordo com os códigos das escrituras, enquanto o político moderno vai por sua crença e sentimentos pessoais. Qualquer grande pessoa do mundo material é, depois de tudo, uma alma condicionada. Ela está presa por suas mãos e pernas pelas cordas da natureza material, e mesmo assim a alma condicionada tola se acha livre para agir por seus sentimentos caprichosos. A conclusão é que pessoas na época de Maharaja Parikshit eram felizes, e aos animais era dada proteção apropriada porque o chefe executivo não era caprichoso ou ignorante da lei de Deus. Criaturas tolas, infiéis tentam evitar a existência do Senhor e se proclamam secular ao custo da vida humana preciosa. A vida humana é especialmente destinada para conhecer a ciência de Deus, porém criaturas tolas, especialmente nesta era de Kali, em vez de conhecer Deus cientificamente, fazem propaganda contra crença religiosa e também a existência de Deus, mesmo embora estejam sempre presas pelas leis de Deus pelos sintomas de nascimento, morte, velhice e doença.

Verso 12

ko 'våçcat tava pädäàs trén
saurabheya catuñ-pada
mä bhüvaàs tvädåçä räñöre
räjïäà kåñëänuvartinäm

Ele (Maharaja Parikshit) repetidamente falou e questionou o touro assim: Ó filho de Surabhi, quem cortou suas três patas? No estado dos reis que são obedientes às leis da Suprema Personalidade de Deus, Krishna, não tem ninguém mais infeliz do que você.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Os reis ou chefes executivos de todos estados precisam conhecer os códigos do Senhor Krishna (geralmente Bhagavad-gita e Srimad Bhagavatam) e devem agir de acordo a fim de satisfazer a missão da vida humana, que é dar um fim a todas misérias de condições materiais. Aquele que conhece os códigos do Senhor Krishna pode alcançar esse fim sem nenhuma dificuldade. No Bhagavad-gita, numa sinopse, podemos entender os códigos do Senhor, e no Srimad Bhagavatam os mesmos códigos são explicados mais ainda.

Num estado onde os códigos de Krishna são seguidos, ninguém é infeliz. Onde esses códigos não são seguidos, o primeiro sinal é que três patas do representante da religião são cortadas, e então todas misérias seguem. Quando Krsna estava presente pessoalmente, os códigos de Krishna eram seguidos sem questionamento, mas na ausência Dele esses códigos são apresentados nas páginas do Srimad Bhagavatam para a orientação das pessoas cegas que por acaso estão no leme de todos assuntos.

Verso 13

äkhyähi våña bhadraà vaù
sädhünäm akåtägasäm
ätma-vairüpya-kartäraà
pärthänäà kérti-düñaëam

Ó touro, você é sem ofensas e inteiramente honesto, por isso eu desejo todo bem para você. Diga-me por favor sobre o autor dessas mutilações, as quais chantageiam a reputação dos filhos de Pritha.

Iluminação de Srila Prabhupada:

A reputação do reino de Maharaja Ramachandra e a dos reis que seguiram os passos de Maharaja Ramachandra, tais quais os Pandavas e seus descendentes, nunca devem ser esquecidos porque no reino deles seres vivos sem ofensa e honestos nunca ficavam com problema. O touro e a vaca são os símbolos dos seres vivos mais sem ofensa porque mesmo o esterco e urina desses animais são utilizados para benefício da sociedade humana, Os descendentes dos filhos de Pritha, igual Maharaja Parikshit, tinham receio de perder suas reputações, mas nos dias modernos os líderes não têm medo nem de matar esses animais sem ofensa. Aqui está a diferença entre o reino daqueles reis piedosos e os estados modernos governados por chefes executivos irresponsáveis sem conhecimento dos códigos de Deus.

Verso 14

jane 'nägasy aghaà yuïjan
sarvato 'sya ca mad-bhayam
sädhünäà bhadram eva syäd
asädhu-damane kåte

Qualquer um que causa sofrimento para seres vivos sem ofensa deve me temer em qualquer lugar no mundo. Por refrear malfeitores desonestos, beneficia-se automaticamente os sem ofensa.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Malfeitores desonestos floresceram por causa de chefes de estado covardemente e impotentes. Mas quando os chefes executivos são fortes o bastante para refrear todos tipos de malfeitores desonestos, em qualquer parte do estado, certamente eles não podem florescer. Quando os malfeitores são punidos de uma forma exemplar, automaticamente toda boa fortuna segue. Como dito antes, é o dever primordial do rei, ou do chefe executivo dar proteção em todos aspectos para os cidadãos do estado pacíficos e sem ofensa. Os devotos do Senhor são por natureza pacíficos e sem ofensa, e assim é o dever primordial do estado organizar para converter cada um para se tronar um devoto do Senhor. Assim automaticamente haverá cidadãos pacíficos e sem ofensa. O único dever do rei será refrear os malfeitores desonestos. Isso trará paz e harmonia sobre toda a sociedade humana.

Verso 15

anägaùsv iha bhüteñu
ya ägas-kån niraìkuçaù
ähartäsmi bhujaà säkñäd
amartyasyäpi säìgadam

Um ser vivo oportunista que comete ofensas por torturar aqueles que são sem ofensa será diretamente erradicado por mim, mesmo embora ele seja um habitante do paraíso com armadura e decorações.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Os habitantes do reino celestial são chamados amara, ou imortal, devido a eles terem uma longa extensão de vida, muito maior do que aquela dos seres humanos. Para um ser humano, que tem no máximo cem anos de duração de vida, uma extensão de vida que se estende acima de milhões de anos é certamente considerada como imortal. Por exemplo, do Bhagavad-gita aprendemos que no planeta Brahmaloka a duração de um dia é calculada como 4.300.000 x 1.000 anos solares. Similarmente, em outros planetas celestiais um dia é calculado como seis meses deste planeta, porque a extensão de vida é muito maior do que a do ser humano, os habitantes são chamados imortais por imaginação, embora na realidade ninguém dentro do universo material é imortal.

Maharaja Parikshit desafia mesmo esses habitantes do paraíso se torturarem o sem ofensa. Isso significa que o chefe executivo do estado tem que ser tão forte quanto Maharaja Parikshit para que possa ser determinado para punir os ofensores mais fortes. Esse deve ser o princípio de um chefe executivo de estado que o ofensor dos códigos de Deus seja sempre punido.

Verso 16

räjïo hi paramo dharmaù
sva-dharma-sthänupälanam
çäsato 'nyän yathä-çästram
anäpady utpathän iha

O dever supremo do rei governante é dar toda proteção para pessoas cumpridoras da lei e castigar aqueles que se desviam das ordenanças das escrituras em tempos ordinários, quando não há emergência.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Nas escrituras há menção de apad-dharma, ou dever ocupacional em tempos de acontecimentos extraordinários. É dito que às vezes o grande sábio Vishvamitra teve que viver da carne de cães em alguma posição de perigo extraordinária. Em casos de emergência, alguém pode ter permissão para viver da carne de animais de todas descrições, mas isso não quer dizer que deve ter matadouros regulares para alimentar comedores de animais e que esse sistema tenha que ser encorajado pelo estado. Ninguém deve tentar viver de carne em tempos ordinários simplesmente por causa do paladar. Se alguém fizer isso, o rei ou o chefe executivo deve puni-lo por prazer brutal.

Existem injunções das escrituras regulares para diferentes pessoas engajadas em diferentes deveres ocupacionais, e aquele que as segue é chamado svadharma-stha, ou fiel em seus deveres prescritos. No Bhagavad-gita (18.48) está aconselhado que a pessoa não deve abandonar seus deveres prescritos ocupacionais, mesmo se nem sempre forem perfeitos. Esse sva-dharma pode ser violado em casos de emergência, se a pessoa for forçada pelas circunstâncias, mas não podem ser violadas em tempos ordinários. O chefe executivo do estado tem de ver que esse sva-dharma não seja mudado pelo seguidor, quem quer que seja, e deve dar toda proteção para o seguidor de sva-dharma. O violador é sujeito a punição em termos do shastra, e o dever do rei é ver que todos sigam estritamente seu dever ocupacional, como prescrito na escritura.

Verso 17

dharma uväca
etad vaù päëòaveyänäà
yuktam ärtäbhayaà vacaù
yeñäà guëa-gaëaiù kåñëo
dautyädau bhagavän kåtaù

A personalidade da religião disse: Essas palavras agora mesmo faladas por você são dignas de uma pessoa da dinastia Pandava. Cativado pelas qualidades devocionais dos Pandavas, mesmo o Senhor Krishna, a Personalidade de Deus, realizou deveres de um mensageiro.

Iluminação de Srila Prabhupada:

As garantias e desafios feitos por Maharaja Parikshit nunca são exageros do seu poder verdadeiro. O Maharaja disse que mesmo os habitantes do paraíso não podem escapar de seu governo rigoroso se forem violadores dos princípios religiosos. Ele não estava falsamente orgulhoso, porque um devoto do Senhor é igualmente tão poderoso quanto o Senhor ou às vezes mais poderoso pela graça Dele, e qualquer promessa feita por um devoto, embora possa ser ordinariamente muito difícil de cumprir, é realizada apropriadamente pela graça do Senhor. Os Pandavas, pelo seu serviço devocional imaculado e rendição plena ao Senhor, fizeram possível que o Senhor Se tornasse um condutor de carruagem ou às vezes seu carteiro mensageiro. Esses deveres executados pelo Senhor para Seu devoto são sempre muito agradáveis para o Senhor porque o Senhor quer prestar serviço para Seu devoto imaculado, cuja vida não tem nenhuma outra obrigação além de servir o Senhor com amor e devoção plenos. Maharaja Parikshit, neto de Arjuna, o célebre servidor amigo do Senhor, era um devoto puro do Senhor igual seu avô, e por isso o Senhor estava sempre com ele, mesmo no tempo quando ele estava desamparadamente deitado no ventre de sua mãe, e foi atacado pela arma brahmastra ardente de Asvatthama. Um devoto está sempre sob a proteção do Senhor, e por isso a garantia de proteção por Maharaja Parikshit nunca poderia ser sem sentido. A personalidade da religião aceitou esse fato e assim agradeceu o Rei por ele ser verdadeiro com sua posição exaltada.

Verso 18

na vayaà kleça-béjäni
yataù syuù puruñarñabha
puruñaà taà vijänémo
väkya-bheda-vimohitäù

Ó maior entre os seres humanos, é muito difícil determinar o canalha particular que causou nossos sofrimentos, porque estamos confusos por todas as opiniões diferentes de filósofos teóricos.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Existem muitos filósofos teóricos no mundo que expõem suas próprias teorias de causa e efeito especialmente sobre a causa do sofrimento e seus efeitos sobre diferentes seres vivos. Geralmente há seis grandes filósofos: Kanada, o autor da filosofia Vaisheshika; Gautama, o autor da lógica; Patañjali, o autor do yoga místico, Kapila, o autor da filosofia Sankhya; Jaimini, o autor do Karma-mimamsa; e Vyasadeva, o autor do Vedanta-darshana.

Embora o touro, ou a personalidade da religião, e a vaca, a personalidade da Terra, sabiam perfeitamente bem que a personalidade de Kali era a causa direta de seu sofrimento, mesmo assim, porque eram devotos do Senhor, sabiam muito bem que sem a sanção do Senhor ninguém poderia infligir sofrimento sobre eles. De acordo com o Padma Purana, nosso problema presente é devido à frutificação das mudas do pecado, mas mesmo essas mudas do pecado também desaparecem gradualmente pela execução do serviço devocional puro. Assim mesmo se os devotos vejam os encrenqueiros, eles não os acusam pelos sofrimentos infligidos. Eles têm certeza de que o encrenqueiro é feito a agir por alguma causa indireta, e por isso eles toleram os sofrimentos, e pensam neles como dádiva de Deus em pequenas doses, porque de outra forma os sofrimentos seriam maiores.

Maharaja Parikshit queria uma declaração de acusação contra o malfeitor direto, mas declinaram em dar isso por causa dos motivos mencionados acima. Filósofos especuladores, entretanto, não reconhecem a sanção do Senhor; eles tentam achar a causa do sofrimento do seu próprio jeito, como será descrito nos versos seguintes. De acordo com Srila Jiva Goswami, esses especuladores estão eles mesmos confusos, e por isso não podem saber que a causa última de todas causas é o Supremo Senhor, a Personalidade de Deus.

Verso 19

kecid vikalpa-vasanä
ähur ätmänam ätmanaù
daivam anye 'pare karma
svabhävam apare prabhum

Alguns dos filósofos, que negam todos tipos de dualidades, declaram que o próprio eu da pessoa é responsável por sua felicidade e sofrimento pessoais. Outros dizem que poderes sobre- humanos são responsáveis, enquanto outros ainda dizem que atividade é responsável, e os materialistas grosseiros mantêm que natureza é a causa última.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Como referido acima, filósofos tais quais Jaimini e seus seguidores estabelecem que atividade lucrativa é a causa raiz de todo sofrimento e felicidade, e que mesmo se existir uma autoridade superior, algum Deus sobre-humano ou deuses, Ele ou eles também estão sob a influência da atividade lucrativa porque eles recompensam de acordo com a ação da pessoa. Eles dizem que ação não é independente porque ação é executada por algum executor; por isso, o próprio executor é a causa de sua própria felicidade ou sofrimento. No Bhagavad-gita (6.5) também está confirmado que pela mente da pessoa, livre de toda afeição material, pode se libertar dos sofrimentos das dores materiais. Por isso não se deve enredar na matéria pelas afeições materiais da mente. Por isso a própria mente é sua amiga ou inimiga na sua própria felicidade e sofrimento materiais.

Ateístas, Sankhyaites materialistas concluem que a natureza material é a causa de todas causas. De acordo com eles, combinações de elementos materiais são as causas da felicidade e sofrimento materiais, e desintegração da matéria é a causa da liberdade de todas dores materiais. Gautama e Kanada acham que combinação atômica é a causa de tudo, e impersonalistas tais quais Ashtavakra descobrem que a refulgência espiritual do Brahman é a causa de todas causas. Mas no Bhagavad-gita o Senhor Ele mesmo declara que Ele é a fonte do Brahman impessoal, e por isso Ele, a Personalidade de Deus, é a última causa de todas causas. Também está confirmado no Brahma-samhita que o Senhor Krishna é a última causa de todas causas.

Verso 20

apratarkyäd anirdeçyäd
iti keñv api niçcayaù
atränurüpaà räjarñe
vimåça sva-manéñayä

Existem também alguns pensadores que acreditam que ninguém pode determinar a causa do sofrimento por argumentação, nem saber isso por imaginação, nem expressar isso por palavras. Ó sábio entre os reis, julgue por si mesmo por pensar sobre tudo isso com sua própria inteligência.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Os Vaishnavites, os devotos do Senhor, acreditam, como explicado acima, que nada pode acontecer sem a sanção do Supremo Senhor. Ele é o diretor supremo, porque Ele confirma no Bhagavad-gita (15.15) que Ele, como o Paramatma todo-penetrante, permanece no coração de todos e mantém vigilância sobre todas ações e testemunha todas atividades. O argumento do ateísta de que ninguém pode ser punido pelos seus malfeitos a menos provado perante uma justiça qualificada é recusado aqui, porque nós aceitamos a testemunha perpétua e companheiro constante do ser vivo. Um ser vivo pode esquecer tudo que deve ter feito em sua vida passada ou presente, mas deve-se saber que na mesma árvore do corpo material, a alma individual e a Alma Suprema como Paramatma estão sentados iguais dois pássaros. Um deles, o ser vivo, desfruta os frutos da árvore, enquanto o Ser Supremo está lá para testemunhar todas atividades. Por isso o aspecto Paramatma, a Alma Suprema, é realmente a testemunha de todas atividades do ser vivo, e somente por Sua direção o ser vivo pode lembrar ou esquecer o que ele pode ter feito no passado. Ele é, por isso, tanto o Brahman impessoal todo-penetrante e o Paramatma localizado no coração de todos. Ele é o conhecedor de todo, passado, presente e futuro, e nada pode ser escondido Dele. Os devotos conhecem essa verdade, e por isso executam seus deveres sinceramente, sem serem demasiadamente ansiosos por recompensas. Além disso, não se pode estimar as reações do Senhor, tanto por especulação ou por erudição. Por que Ele põe alguns em dificuldade e outros não? Ele é o conhecedor supremo do conhecimento Védico, e por isso Ele é o verdadeiro Vedantista. Ao mesmo tempo Ele é o compilador do Vedanta. Ninguém é independente Dele, e todos estão engajados em Seu serviço em diferentes modos. No estado condicionado, esses serviços são prestados pelo ser vivo sob a força da natureza material, enquanto no estado liberado o ser vivo é ajudado pela natureza espiritual no serviço amoroso voluntário do Senhor. Não existe incongruência ou embriaguez em Suas ações. Todas são o caminho da Verdade Absoluta. Bhismadeva estimou corretamente as ações inconcebíveis do Senhor. A conclusão é, por isso, que os sofrimentos do representante da religião e a representante da Terra, como presentes perante Maharaja Parikshit, foi planejado para provar que Maharaja Parikshit era o chefe executivo ideal porque ele sabia bem como dar proteção para as vacas (a Terra) e os brahmanas (princípios religiosos), os dois pilares do avanço espiritual. Todos estão sob o controle pleno do Senhor. Ele é muito correto em Sua ação quando Ele deseja que alguma coisa seja feita por alguém, independentemente da consideração do caso particular. Maharaja Parikshit foi assim posto em teste por sua grandeza. Vejamos agora como ele soluciona isso com sua mente perspicaz.

Verso 21

süta uväca
evaà dharme pravadati
sa samräò dvija-sattamäù
samähitena manasä
vikhedaù paryacañöa tam

Suta Goswami disse: Ó melhores entre os brahmanas, o Imperador Parikshit, ao ouvir assim a personalidade da religião falar, estava plenamente satisfeito, e sem erro ou arrependimento ele deu sua resposta.

Iluminação de Srila Prabhupada:

A declaração do touro, a personalidade da religião, foi cheia de filosofia e conhecimento, e o Rei ficou satisfeito, porque pôde entender que o sofrimento do touro não era um ordinário. A menos que a pessoa seja perfeitamente versada com a lei do Supremo Senhor, não pode falar dessas coisas que tocam verdades filosóficas. O Imperador, por também estar num nível igual de sagacidade, respondeu ao ponto, sem dúvidas ou erros.

Verso 22

räjoväca
dharmaà bravéñi dharma-jïa
dharmo 'si våña-rüpa-dhåk
yad adharma-kåtaù sthänaà
sücakasyäpi tad bhavet

O Rei disse: Ó você que está na forma de um touro! Você conhece a verdade da religião, e você fala de acordo com o princípio de que o destino pretendido para o autor de atos irreligiosos é também destinado para aquele que identifica o autor. Você não é ninguém mais além da personalidade da religião.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Uma conclusão do devoto é que ninguém é diretamente responsável por ser um benfeitor ou malfeitor sem a sanção do Senhor; por isso ele não considera ninguém como diretamente responsável por essa ação. Mas em ambos os casos ele tem certeza de que tanto benefício quanto perda é enviado por Deus, e por isso é Sua graça. No caso de benefício, ninguém negará que é enviado por Deus, mas no caso de perda ou reveses a pessoa fica duvidosa sobre como o Senhor pôde ser tão cruel com Seu devoto ao ponto de pô-lo em grande dificuldade. Jesus Cristo foi visivelmente posto naquela grande dificuldade, foi crucificado pelos ignorantes, mas ele nunca ficou com raiva dos malfeitores. Assim é o modo de aceitar uma coisa, tanto favorável quanto desfavorável. Por isso que para um devoto o identificador é igualmente um pecador, igual o malfeitor. Pela graça de Deus, o devoto tolera todos reveses. Maharaja Parikshit observou isso, e por isso ele pôde entender que o touro era ninguém mais além da personalidade da religião em pessoa. Em outras palavras, um devoto não tem nenhum sofrimento de jeito nenhum porque o suposto sofrimento também é graça de Deus porque um devoto vê Deus em tudo. A vaca e o touro nunca colocaram nenhuma reclamação para o Rei por serem torturados pela personalidade de Kali, embora todo mundo apresente essas reclamações perante as autoridades do estado. O comportamento extraordinário do touro fez o Rei concluir que o touro era certamente a personalidade da religião, porque ninguém mais poderia entender as complexidades mais finas dos códigos da religião.

Verso 23

athavä deva-mäyäyä
nünaà gatir agocarä
cetaso vacasaç cäpi
bhütänäm iti niçcayaù

Por isso conclui-se que as energias do Senhor são inconcebíveis. Ninguém pode estimá-las por especulação mental ou malabarismo de palavras.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Uma questão pode surgir sobre por que um devoto deve abster-se de identificar um autor, embora ele saiba definitivamente que o Senhor é o fazedor último de tudo. Por conhecer o fazedor último, a pessoa não deve se posicionar como ignorante sobre o verdadeiro executor. Para responder essa dúvida, a resposta é que o Senhor também não é diretamente responsável, porque tudo é feito por Sua delegada maya-sakti, ou energia material. A energia material também provoca dúvidas sobre a autoridade suprema do Senhor. A personalidade da religião sabia perfeitamente bem que nada pode acontecer sem a sanção do Supremo Senhor, mas mesmo assim ele foi posto em dúvidas pela energia ilusória, e por isso ele evitou mencionar a causa suprema. Essa dúvida foi devido à contaminação de ambos Kali e energia material. A atmosfera inteira da era de Kali é ampliada pela energia ilusória, e a proporção da medida é inexplicável.

Verso 24

tapaù çaucaà dayä satyam
iti pädäù kåte kåtäù
adharmäàçais trayo bhagnäù
smaya-saìga-madais tava

Na era de Satya (veracidade) suas quatro patas foram estabelecidas pelos quatro princípios de austeridade, limpeza, misericórdia e veracidade. Mas parece que três das suas patas foram quebradas devido à irreligião desenfreada na forma de orgulho, luxúria por mulheres, e intoxicação.

Iluminação de Srila Prabhupada:

A energia ilusória, ou natureza material, pode agir sobre os seres vivos em termos dos seres vivos serem presas da atração ilusória de maya. Mariposas ficam cativadas pela luminosidade brilhante da luz, e assim se tornam presas para o fogo. Similarmente, a energia ilusória sempre cativa as almas condicionadas para se tornarem presas do fogo da ilusão, e as escrituras Védicas avisam as almas condicionadas para não se tornarem presas da ilusão mas para se livrarem dela. Os Vedas nos aconselham para não ir em direção à escuridão da ignorância mas para o caminho progressivo da luz. O Senhor em Pessoa também avisa que o poder ilusório da energia material é muito poderoso demais para ser superado, mas aquele que se rende plenamente para o Senhor pode fazer isso facilmente. Mas se render sob os pés de lótus do Senhor também não é muito fácil. Essa rendição é possível para pessoas de austeridade, limpeza, misericórdia e veracidade. Esses quatro princípios de civilização avançada eram características notáveis na era de Satya. Nessa era, todo ser humano era praticamente um brahmana qualificado da mais alta ordem, e em todas ordens de vida sociais todos eram paramahamsas, ou o mais elevado na ordem da renúncia. Pelo padrão cultural, os seres humanos não estavam sujeitos de jeito nenhum para a energia ilusória. Pessoas fortes de caráter assim eram competentes o suficiente para saírem das garras de maya. Mas gradualmente, como os princípios básicos da cultura brahmana, chamados austeridade, limpeza, misericórdia e veracidade, tornaram-se encurtados pelo desenvolvimento proporcional de orgulho, apego por mulheres e intoxicação, o caminho da salvação ou o caminho da bem-aventurança transcendental recuou para muito, muito longe da sociedade humana. Pelo progresso da era de Kali, pessoas se tornam muito orgulhosas, e apegadas a mulheres e intoxicação. Pela influência da era de Kali, mesmo um pobre é orgulhoso do seu centavo, as mulheres estão sempre vestidas numa moda excessivamente atraente para vitimizar as mentes dos homens, e as pessoas são dadas a beber vinho, fumar, beber chá e mascar tabaco, etc.. Todos esses hábitos, ou suposto avanço da civilização, são as causas raízes de todas irreligiosidades, e por isso não é possível impedir corrupção, suborno e nepotismo. Pessoa não pode impedir esses males simplesmente por atos estatutários e vigilância policial, mas pode curar a doença da mente com o remédio apropriado, chamado defender os princípios da cultura brahmana ou os princípios de austeridade, limpeza, misericórdia e veracidade. Civilização moderna e desenvolvimento econômico criam uma nova situação de pobreza e escassez com o resultado de extorquir produtos de consumo. Se os líderes e as pessoas ricas da sociedade gastassem cinqüenta por cento de sua fortuna acumulada misericordiosamente para a massa de pessoas desorientadas e as educasse na consciência de Deus, o conhecimento do Bhagavatam, certamente a era de Kali será derrotada em sua tentativa de aprisionar as almas condicionadas. Devemos sempre lembrar que prestígio falso, ou uma estimativa muito elevada de seus próprios valores de vida, apego indevido a mulheres ou associação com elas, e intoxicação desviará a civilização humana do caminho da paz, por mais que as pessoas clamem por paz no mundo. A pregação dos princípios do Bhagavatam automaticamente tornará todas pessoas austeras, limpas tanto internamente quanto externamente, misericordiosas para os sofredores, e verazes no comportamento diário. Esse é o caminho para corrigir as falhas da sociedade humana, que são exibidas com muita proeminência no momento presente.

Verso 25

idänéà dharma pädas te
satyaà nirvartayed yataù
taà jighåkñaty adharmo 'yam
anåtenaidhitaù kaliù

Agora você está em pé numa pata só, que é veracidade, e de uma forma ou outra você manca ao longo. Mas briga personificada (Kali), que floresceu por engano, também tenta destruir essa pata.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Os princípios da religião não se fundamentam em alguns dogmas ou fórmulas feitas por humanos, mas se fundamentam em quatro observações reguladoras primárias, chamadas austeridade, limpeza, misericórdia e veracidade. A massa de pessoas tem que ser ensinada para praticar esses princípios desde a infância. Austeridade significa aceitar voluntariamente coisas que talvez não sejam confortáveis para o corpo mas são propícias para realização espiritual, por exemplo, jejuar. Jejuar duas ou quatro vezes por mês é um tipo de austeridade que deve ser aceitada voluntariamente para realização espiritual somente, e para nenhum outro propósito, político ou qualquer outra coisa. Jejuns que são destinados não para auto-realização mas para quaisquer outros propósitos são condenados no Bhagavad-gita (17.5-6). Similarmente, limpeza é necessária tanto para a mente quanto para o corpo. Simplesmente limpeza do corpo pode ajudar até certa extensão, porém limpeza da mente é necessária, e é efetiva por glorificar o Supremo Senhor. Ninguém pode limpar a poeira mental acumulada sem glorificar o Supremo Senhor. Uma civilização sem Deus não pode limpar a mente porque não tem nenhuma idéia sobre Deus, e por essa razão simples pessoas sob uma civilização desta não podem ter boas qualificações, o tanto que possam ser materialmente equipadas. Temos que ver as coisas por suas ações resultantes. A ação resultante da civilização humana na era de Kali é insatisfação, por isso todo mundo está ansioso para obter paz da mente. Essa paz da mente era completa na era de Satya por causa da existência dos atributos mencionados acima dos seres humanos. Gradualmente esses atributos diminuíram em Treta-yuga para três quartos, e em Dwapara para metade, e nesta era de Kali para um quarto, os quais diminuem gradualmente por causa da inveracidade prevalecente. Pelo orgulho, tanto artificial quanto real, a ação resultante de austeridade é arruinada; por afeição demais pela associação feminina, limpeza é arruinada; por muito vício de intoxicação, misericórdia é arruinada; e por demasiada propaganda mentirosa, veracidade é arruinada. O renascimento de bhagavata-dharma pode salvar a civilização humana de cair presa dos males de toda descrição.

Verso 26

iyaà ca bhümir bhagavatä
nyäsitoru-bharä saté
çrémadbhis tat-pada-nyäsaiù
sarvataù kåta-kautukä

O fardo da Terra foi certamente diminuído pela Personalidade de Deus e por outros também. Quando Ele estava presente como uma encarnação, todo bem foi realizado por causa de Suas pegadas auspiciosas.

Verso 27

çocaty açru-kalä sädhvé
durbhagevojjhitä saté
abrahmaëyä nåpa-vyäjäù
çüdrä bhokñyanti mäm iti

Agora ela, aquela que é casta, infelizmente abandonada pela Personalidade de Deus, lamenta seu futuro com lágrimas em seus olhos, porque agora ela é governada e desfrutada por pessoas de classe mais baixa que se posam como governantes.

Iluminação de Srila Prabhupada:

O ksatriya, ou a pessoa que é qualificada para proteger os sofredores, é destinado para governar o estado. Pessoas de classe mais baixa destreinadas, ou pessoas sem ambição para proteger os sofredores, não podem ser colocadas na cadeira de um administrador. Infelizmente, na era de Kali as pessoas de classe mais baixa, sem treinamento, ocupam o posto de um governante pelo poder de votos populares, e em vez de proteger os sofredores, uma pessoa dessa cria uma situação quase que intolerável para todos. Governantes assim gratificam-se ilegalmente ao custo de todos confortos dos cidadãos, e por isso a casta mãe terra chora por ver a condição lamentável de seus filhos, tanto humanos quanto animais. Esse é o futuro do mundo na era de Kali, quando irreligiosidade prevalece mais proeminentemente. E na ausência de um rei adequado para refrear tendências irreligiosas, educar as pessoas sistematicamente no ensinamento do Srimad Bhagavatam limpará a atmosfera nebulosa de corrupção, suborno, extorsão, etc..

Verso 28

iti dharmaà mahéà caiva
säntvayitvä mahä-rathaù
niçätam ädade khaògaà
kalaye 'dharma-hetave

Maharaja Parikshit, que podia lutar com mil inimigos sozinho, assim acalmou a personalidade da religião e a Terra. Então ele empunhou sua espada afiada para matar a personalidade de Kali, que é a causa de toda irreligião.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Como descrito acima, a personalidade de Kali é aquela que deliberadamente comete todos tipos de atos pecaminosos que são proibidos nas escrituras reveladas. Esta era de Kali será certamente cheia de todas atividades de Kali, mas isso não significa que os líderes da sociedade, os chefes executivos, as pessoas educadas e inteligentes, ou acima de todos os devotos do Senhor devam se sentar hermeticamente e se tornarem insensíveis com as reações da era de Kali. Na estação de chuva certamente haverá chuvas profusas, mas isso não significa que pessoas não devam adotar meios para se protegerem contra as chuvas. É o dever dos chefes executivos do estado e outros tomar todas ações necessárias contra as atividades de Kali ou das pessoas influenciadas pela era de Kali; e Maharaja Parikshit é o chefe executivo ideal do estado, porque imediatamente ele estava pronto para matar a personalidade de Kali com sua espada afiada. Os administradores não devem simplesmente passar resoluções para passos anticorrupção, mas devem estar prontos com espadas afiadas para matar pessoas que criam corrupções a partir do ângulo de visão dos sastras reconhecidos. Os administradores não podem prevenir atividades corruptas por permitir estabelecimentos de bebida alcoólica. Eles devem fechar imediatamente todos estabelecimentos de drogas intoxicantes e bebida alcoólica e forçar punição mesmo por morte para aqueles que se entregam a hábitos de intoxicação de toda descrição. Esse é o caminho para parar as atividades de Kali, como exibidas aqui por Maharaja Parikshit, o maha-ratha.

Verso 29

taà jighäàsum abhipretya
vihäya nåpa-läïchanam
tat-päda-mülaà çirasä
samagäd bhaya-vihvalaù

Quando a personalidade de Kali entendeu que o Rei estava desejoso de matá-lo, ele imediatamente abandonou a vestimenta de rei e, sob pressão do medo, completamente se rendeu para ele, por abaixar sua cabeça.

Iluminação de Srila Prabhupada:

A vestimenta real da personalidade de Kali é artificial. A vestimenta real é adequada para um rei ou ksatriya, mas quando um homem de classe mais baixa artificialmente se veste como um rei, sua identidade verdadeira é revelada pelo desafio de um ksatriya fidedigno igual Maharaja Parikshit. Um ksatriya verdadeiro nunca se rende. Ele aceita o desafio de seu ksatriya rival, e luta tanto para morrer quanto vencer. Rendição é desconhecida para um ksatriya verdadeiro. Na era de Kali existem tantos fingidos vestidos e posados de administradores ou chefes executivos, mas sua verdadeira identidade é revelada quando são desafiados por um ksatriya de verdade. Por isso quando a personalidade de Kali vestida artificialmente viu que lutar com Maharaja Parikshit estava além de sua habilidade, ele abaixou sua cabeça como um subordinado e abandonou sua vestimenta real.

Verso 30

patitaà pädayor véraù
kåpayä déna-vatsalaù
çaraëyo nävadhéc chlokya
äha cedaà hasann iva

Maharaja Parikshit, que era qualificado para aceitar rendição e digno de ser louvado na história, não matou o pobre rendido e caído Kali, mas sorriu compassivamente, porque ele era gentil com o pobre.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Mesmo um ksatriya ordinário não mata uma pessoa rendida, e o que dizer de Maharaja Parikshit, que era por natureza compassivo e gentil com o pobre. Ele sorria porque o Kali vestido artificialmente revelou sua identidade como uma pessoa de uma classe mais baixa, e ele pensava o quanto irônico foi porque embora ninguém estava salvo de sua espada afiada quando ele desejava matar, o pobre Kali classe baixa foi poupado por sua rendição em tempo. A glória e bondade de Maharaja Parikshit são por isso cantadas na história. Ele era um imperador gentil e compassivo, plenamente digno de aceitar rendição mesmo do seu inimigo. Assim a personalidade de Kali foi salva pela vontade da Providência.

Verso 31

räjoväca
na te guòäkeça-yaço-dharäëäà
baddhäïjaler vai bhayam asti kiïcit
na vartitavyaà bhavatä kathaïcana
kñetre madéye tvam adharma-bandhuù

O Rei então disse: Nós herdamos a fama de Arjuna; por isso porque você se rendeu com mãos postas não precisa temer por sua vida. Mas você não pode permanecer no meu reino, porque você é o amigo da irreligião.

Iluminação de Srila Prabhupada:

A personalidade de Kali, que é o amigo de todos tipos de irreligiosidades, pode ser perdoado se rendeu-se, mas em todas circunstâncias ele não pode ter permissão para viver como um cidadão em nenhuma parte de um estado de bem-estar. Os Pandavas eram representantes de confiança da Personalidade de Deus, Senhor Krishna, que praticamente fez acontecer a Batalha de Kurukshetra, mas não por qualquer interesse pessoal. Ele queria que um rei ideal igual Maharaja Yudhisthira e seus descendentes iguais Maharaja Parikshit governassem o mundo, e por isso um rei responsável igual Maharaja Parikshit não podia permitir o amigo da irreligiosidade florescer em seu reino ao custo da boa fama dos Pandavas. Esse é o modo de limpar corrupção no estado, e de nenhuma outra forma. Os amigos da irreligiosidade devem ser banidos do estado, e isso salvará o estado da corrupção.

Verso 32

tväà vartamänaà nara-deva-deheñv
anupravåtto 'yam adharma-pügaù
lobho 'nåtaà cauryam anäryam aàho
jyeñöhä ca mäyä kalahaç ca dambhaù

Se a personalidade de Kali, irreligião, tiver permissão para agir como um homem-deus ou um chefe executivo, certamente princípios irreligiosos tais quais ganância, falsidade, roubo, incivilidade, traição, infortúnio, trapaça, briga e vaidade existirão em abundância.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Os princípios da religião, chamados austeridade, limpeza, misericórdia e veracidade, como já discutimos, podem ser seguidos por qualquer seguidor de qualquer fé. Não há necessidade de mudar de Hindu para Islâmico para Cristão ou qualquer outra fé e assim se tornar um renegado e não seguir os princípios da religião. A religião Bhagavatam urge seguir os princípios da religião. Os princípios da religião não são os dogmas ou princípios reguladores de uma certa fé. Esses princípios reguladores podem ser diferentes em termos de tempo e local interessado. A pessoa tem que ver se os objetivos da religião foram alcançados. Apegar-se a dogmas e fórmulas sem obter os verdadeiros princípios não é bom. Um estado secular pode ser imparcial com qualquer tipo de fé particular, mas o estado não pode ser indiferente com os princípios da religião como mencionados acima. Mas na era de Kali, os chefes executivos de estado serão indiferentes para com esses princípios religiosos, e assim sob o patrocínio deles os oponentes de princípios religiosos, tais quais ganância, falsidade, trapaça e pilhagem, seguirão naturalmente, e assim não haverá nenhuma razão para propaganda que reclama para parar corrupção no estado.

 

Verso 33

na vartitavyaà tad adharma-bandho
dharmeëa satyena ca vartitavye
brahmävarte yatra yajanti yajïair
yajïeçvaraà yajïa-vitäna-vijïäù

Por isso, ó amigo da irreligião, você não merece permanecer num lugar onde especialistas executam sacrifícios de acordo com verdade e princípios religiosos para a satisfação da Suprema Personalidade de Deus.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Yajñeshvara, ou a Suprema Personalidade de Deus, é o beneficiário de todos tipos de cerimônias de sacrifício. Essas cerimônias de sacrifício são prescritas diferentemente em escrituras para diferentes eras. Em outras palavras, sacrifício significa aceitar a supremacia do Senhor e desse modo executar atos pelos quais o Senhor possa ser satisfeito em todos aspectos. Os ateístas não acreditam na existência de Deus, e não executam nenhum sacrifício para a satisfação do Senhor. Qualquer lugar ou país onde a supremacia do Senhor é aceita e assim sacrifício é executado se chama brahmavarta. Existem diferentes países em diferentes partes do mundo, e cada e todo país podem ter diferentes tipos de sacrifício para agradar o Supremo Senhor, mas o ponto central em agradá-Lo é determinado no Bhagavatam, e é veracidade. O princípio da religião básico é veracidade, e o objetivo último de todas religiões é satisfazer o Senhor. Nesta era de Kali, a maior fórmula comum de sacrifício é o sankirtana-yajña. Essa é a opinião dos especialistas que sabem como propagar o processo de yajña. O Senhor Chaitanya pregou esse método de yajña, e entende-se deste verso que o método de sacrifício de sankirtana-yajña pode ser executado em qualquer lugar e em todo lugar com o propósito de espantar a personalidade de Kali e salvar a sociedade humana de cair presa da influência da era.

Verso 34

yasmin harir bhagavän ijyamäna
ijyätma-mürtir yajatäà çaà tanoti
kämän amoghän sthira-jaìgamänäm
antar bahir väyur ivaiña ätmä

Em todas cerimônias de sacrifício, embora às vezes um semideus é adorado, a Suprema Personalidade de Deus é adorada porque Ele é a Superalma de todos, e existe tanto dentro quanto fora igual o ar. Por isso é Ele somente que concede todo bem-estar para o adorador.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Algumas vezes é mesmo visto que semideuses tais quais Indra e Chandra são adorados e oferecidos prêmios de sacrifício, mesmo assim os prêmios desses sacrifícios são concedidos para o adorador pelo Supremo Senhor, e é o Senhor somente que pode oferecer todo bem-estar para o adorador. Os semideuses, embora adorados, não podem fazer nada sem a sanção do Senhor porque o Senhor é a Superalma de todos, tanto móveis quanto imóveis.

No Bhagavad-gita (9.23) o Senhor Ele mesmo confirma isso no seguinte sloka:

ye 'py anya-devatä-bhaktä
yajante çraddhayänvitäù
te 'pi mäm eva kaunteya
yajanty avidhi-pürvakam

"Qualquer coisa que uma pessoa possa sacrificar para outros deuses, ó filho de Kunti, é na realidade destinada para Mim somente, mas é oferecida sem entendimento verdadeiro".

O fato é que o Supremo Senhor é único sem um segundo. Não existe nenhum Deus outro do que o Senhor Ele mesmo. Por isso o Supremo Senhor é eternamente transcendental para a criação material. Mas existem muitos que adoram os semideuses tais quais o Sol, a Lua e Indra, que são apenas representantes materiais do Supremo Senhor. Esses semideuses são representações indiretas, qualitativas do Supremo Senhor. Um intelectual versado ou devoto, entretanto, sabe quem é quem. Por isso ele adora diretamente o Supremo Senhor e não é desviado pelas representações qualitativas, materiais. Aqueles que não são tão versados adoram essas representações qualitativas, materiais, porém sua adoração é sem cerimônia porque é irregular.

Verso 35

süta uväca
parékñitaivam ädiñöaù
sa kalir jäta-vepathuù
tam udyatäsim ähedaà
daëòa-päëim ivodyatam

Sri Suta Goswami disse: A personalidade de Kali, assim ordenada por Maharaja Parikshit, começou a tremer com medo. Por ver o Rei perante ele igual Yamaraja, pronto para matá-lo, Kali falou para o Rei como se segue.

Iluminação de Srila Prabhupada:

O Rei estava pronto para matar a personalidade de Kali imediatamente, logo que ele desobedecesse sua ordem. De outro modo o Rei não tinha objeção em permitir-lhe prolongar sua vida. A personalidade de Kali também, depois de tentar se livrar da punição de várias formas, decidiu que precisava se render a ele, e por isso começou a tremer de medo por sua vida. O rei, ou o chefe executivo, deve ser tão forte ao ponto de enfrentar a personalidade de Kali igual a personalidade da morte, Yamaraja. A ordem do Rei tem que ser obedecida, de outro modo a vida do culpado fica em risco. Esse é o modo de governar as personalidades de Kali que criam perturbação na vida normal dos cidadãos do estado.

Verso 36

kalir uväca
yatra kva vätha vatsyämi
särva-bhauma taväjïayä
lakñaye tatra taträpi
tväm ätteñu-çaräsanam

Ó Vossa Majestade, apesar de eu poder viver em qualquer lugar e em todo lugar sob sua ordem, eu devo ver somente você com arco e flechas para onde eu olho.

Iluminação de Srila Prabhupada:

A personalidade de Kali pôde ver que Maharaja Parikshit era o imperador de todas terras por todo o mundo, e por isso em qualquer lugar que ele pudesse viver teria que encontrar o mesmo humor do Rei. A personalidade de Kali era destinada para maldade, e Maharaja Parikshit era destinado para subjugar todos tipos de malfeitores, especialmente a personalidade de Kali. Seria melhor, então, para a personalidade de Kali ter sido morta pelo Rei em vez de ser morta em outro lugar. Ele era, depois de tudo, uma alma rendida perante o Rei, e era para o Rei fazer o que era requerido.

Verso 37

tan me dharma-bhåtäà çreñöha
sthänaà nirdeñöum arhasi
yatraiva niyato vatsya
ätiñöhaàs te 'nuçäsanam

Por isso, ó líder entre os protetores da religião, faça o favor de fixar algum lugar para mim onde eu possa viver permanentemente sob a proteção do seu governo.

Iluminação de Srila Prabhupada:

A personalidade de Kali chamou Maharaja Parikshit de líder entre os protetores da religiosidade porque o Rei se conteve em matar uma pessoa que se rendeu a ele. Para uma alma rendida deve ser dada toda proteção, mesmo embora possa ser um inimigo. Esse é o princípio da religião. E justamente podemos imaginar que sorte de proteção é dada pela Personalidade de Deus para a pessoa que se rende a Ele, não como um inimigo mas como um servidor devotado. O Senhor protege a alma rendida de todos pecados e todas reações resultantes dos atos pecaminosos (Bg. 18.66).

Verso 38

süta uväca
abhyarthitas tadä tasmai
sthänäni kalaye dadau
dyütaà pänaà striyaù sünä
yaträdharmaç catur-vidhaù

Suta Goswami disse: Maharaja Parikshit, assim peticionado pela personalidade de Kali, deu permissão a ele para residir em lugares onde jogo de azar, alcoolismo, prostituição e matança de animal eram praticados.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Os princípios básicos da irreligiosidade, tais quais orgulho, prostituição, embriaguez e falsidade, anulam os quatro princípios da religião, chamados austeridade, limpeza, misericórdia e veracidade. Para a personalidade de Kali foi dada permissão para viver em quatro lugares particularmente mencionados pelo Rei, a saber o lugar de jogo de azar, o lugar de prostituição, o lugar de alcoolismo e o lugar de matança de animal.

Srila Jiva Goswami orienta que alcoolismo contra os princípios das escrituras, tais quais o sautramani-yajña, associação com mulheres fora do casamento, e matança de animais contra as injunções das escrituras religiosas são irreligiosos. Nos Vedas dois tipos diferentes de injunções estão lá para os pravrttas, ou aqueles que estão engajados em desfrute material, e para os nivrttas, ou aqueles que estão liberados do cativeiro material. A injunção Védica dos pravrttas é para regular gradualmente suas atividades em direção ao caminho da liberação. Assim, para aqueles que estão no estágio mais baixo da ignorância e que são dados a bebida alcoólica, mulheres e carne, alcoolismo por executar sautramani-yajña, associação com mulheres pelo matrimônio e comer carne pelos sacrifícios às vezes recomendados. Essas recomendações na literatura Védica são destinadas para uma classe de pessoas, e não para todos. Mas porque são injunções dos Vedas para tipos particulares de pessoas, essas atividades pelos pravrttas não são consideradas adharma. O alimento de uma pessoa pode ser veneno para outras, similarmente, o que é recomendado para aqueles no modo da ignorância pode ser veneno para aqueles no modo da bondade. Srila Jiva Goswami Prabhu, por isso, afirma que recomendações das escrituras para uma certa classe de pessoas nunca devem ser consideradas adharma, ou irreligiosas. Mas essas atividades são realmente adharma, e nunca devem ser encorajadas. As recomendações nas escrituras não são destinadas para o encorajamento de adharma, mas para regular o adharma necessário gradualmente em direção ao caminho de dharma.

Por seguir os passos de Maharaja Parikshit, é o dever de todos chefes executivos dos estados ver que os princípios da religião, chamados austeridade, limpeza, misericórdia e veracidade, estão estabelecidos no estado, e que os princípios da irreligião, chamados orgulho, associação feminina ilícita ou prostituição, embriaguez e falsidade, sejam impedidos por todos meios. E para fazer o melhor uso de um mau negócio, a personalidade de Kali pode ser transferida para lugares de jogo de azar, embriaguez, prostituição e matadouros, se existirem quaisquer lugares assim. Aqueles que são dados a esses hábitos irreligiosos podem ser regulados pelas injunções da escritura. Em nenhuma circunstância devem ser encorajados por qualquer estado. Em outras palavras, o estado deve categoricamente acabar com toda sorte de jogo de azar, bebida alcoólica, prostituição e falsidade. O estado que deseja erradicar corrupção por maioria pode introduzir os princípios da religião da seguinte maneira:

1. Dois dias de jejum compulsório num mês, se não mais (austeridade). Mesmo do ponto de vista econômico, esses dois dias de jejum por mês no estado economizarão toneladas de alimento, e o sistema também agirá muito favoravelmente sobre a saúde geral dos cidadãos.

2. Tem que haver matrimônio compulsório para jovens rapazes e moças quando chegam aos vinte e quatro anos de idade e dezesseis anos de idade respectivamente. Não existe dano na educação conjunta nas escolas e faculdades, desde que os rapazes e moças estejam devidamente casados, e no caso de acontecer conexão íntima entre estudante feminino e masculino, devem ser casados adequadamente sem relação ilícita. O ato do divórcio encoraja prostituição, e deve ser abolido.

3. Os cidadãos do estado devem dar em caridade cinqüenta por cento da sua renda para o propósito de criar uma atmosfera espiritual no estado ou na sociedade humana, tanto individualmente quanto coletivamente. Devem pregar os princípios do Bhagavatam por (a) karma-yoga, ou fazer tudo para a satisfação do Senhor, (b) audição regular do Srimad Bhagavatam de pessoas autorizadas ou almas realizadas, (c) cantar as glórias do Senhor coletivamente em casa ou em locais de adoração, (d) prestar todos tipos de serviços para bhagavatas dedicados em pregar Srimad Bhagavatam e (e) residir num lugar onde a atmosfera está saturada com consciência de Deus. Se o estado for regulado pelo processo acima, naturalmente haverá consciência de Deus em toda parte.

Jogo de azar de toda descrição, mesmo empreendimento de negócio especulativo, é considerado degradante, e quando jogo de azar é encorajado no estado, acontece um desaparecimento completo da veracidade. Permitir que jovens rapazes e moças permaneçam sem casar mais do que as idades mencionadas e licenciar matadouros de animal de todas descrições devem ser imediatamente proibidos. Os comedores de carne podem ter permissão para consumirem carne como mencionado nas escrituras, e não de outra forma. Intoxicação de toda descrição - mesmo fumar cigarros, mascar tabaco ou beber chá - deve ser proibida.

Verso 39

punaç ca yäcamänäya
jäta-rüpam adät prabhuù
tato 'nåtaà madaà kämaà
rajo vairaà ca païcamam

A personalidade de Kali pediu por algo mais, e por causa da súplica dele, o Rei deu a ele permissão de viver onde há ouro porque onde quer que haja ouro existe também falsidade, intoxicação, luxúria, inveja e inimizade.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Embora Maharaja Parikshit desse permissão para Kali viver em quatro lugares, estava muito difícil para ele encontrar os lugares porque durante o reinado de Maharaja Parikshit não existiam tais lugares. Por isso Kali pediu ao Rei para dar-lhe algo prático que pudesse ser utilizado para seus propósitos nefastos. Maharaja Parikshit então deu a ele permissão para viver num lugar onde existe ouro, porque onde quer que haja ouro existem todas quatro coisas mencionadas acima, e acima e além delas existe inimizade também. Assim a personalidade de Kali se tornou padronizada ouro. De acordo com o Srimad Bhagavatam, ouro encoraja falsidade, intoxicação, prostituição, inveja e inimizade. Mesmo um câmbio e moeda padrão ouro é ruim. Moeda padrão ouro é baseada em falsidade porque o dinheiro não está em pé de igualdade com o ouro da reserva. O princípio básico é falsidade porque notas da moeda são emitidas em valor acima do verdadeiro ouro da reserva. Essa inflação artificial da moeda pelas autoridades encoraja prostituição da economia do estado. O preço das mercadorias se tornam artificialmente inflacionados por causa do dinheiro ruim, ou notas de moeda artificiais. Dinheiro ruim expulsa dinheiro bom. Em vez de papel moeda, moedas de ouro verdadeiras devem ser usadas para intercâmbio, e isso acabará com prostituição do ouro. Ornamentos de ouro para mulheres podem ser permitidos por controle, não por qualidade, mas por quantidade. Isso desencorajará luxúria, inveja e inimizade. Quando há moeda de ouro de verdade na forma de moedas, a influência do ouro em produzir falsidade, prostituição, etc., cessará automaticamente. Não haverá necessidade de um ministério anticorrupção para outro termo de prostituição e falsidade de propósito.

Verso 40

amüni païca sthänäni
hy adharma-prabhavaù kaliù
auttareyeëa dattäni
nyavasat tan-nideça-kåt

Assim a personalidade de Kali, pelas instruções de Maharaja Parikshit, o filho de Uttara, foi permitido viver nesses cinco lugares.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Assim a era de Kali começou com padronização ouro, e por isso falsidade, intoxicação, matança de animal e prostituição são desenfreadas por todo o mundo, e a seção sóbria é ávida para erradicar corrupção. O processo de neutralização é sugerido acima, e todos podem aproveitar a vantagem dessa sugestão.

Verso 41

athaitäni na seveta
bubhüñuù puruñaù kvacit
viçeñato dharma-çélo
räjä loka-patir guruù

Por isso, quem quer que deseje bem-estar progressivo, especialmente reis, religiosos, líderes públicos, brahmanas e sannyasis, nunca devem entrar em contato com os quatro princípios irreligiosos mencionados acima.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Os brahmanas são os preceptores religiosos para todas outras castas, e os sannyasis são os mestres espirituais para todas as castas e ordens da sociedade. Assim também são o rei e os líderes públicos que são responsáveis pelo bem-estar material de todas pessoas. Os religiosos progressivos e aqueles que são seres humanos responsáveis ou aqueles que não querem arruinar suas vidas humanas preciosas devem abster-se de todos princípios da irreligiosidade, especialmente conexão ilícita com mulheres. Se um brahmana não for veraz, todas suas reivindicações como um brahmana imediatamente se tornam nulas e vazias. Se um sannyasi estiver conectado ilicitamente com mulheres, todas suas reivindicações como um sannyasi se tornam falsas. Similarmente, se o rei e o líder público forem desnecessariamente orgulhosos ou habituados a beber e fumar, certamente se tornam desqualificados para executar atividades de bem-estar público. Veracidade é o princípio básico para todas religiões. Os quatro líderes da sociedade humana, chamados os sannyasis, o brahmana, o rei e o líder público, devem ser examinados crucialmente pelo seu caráter e qualificação. Antes que alguém possa ser aceito como um mestre espiritual ou material da sociedade, deve ser examinado pelo critério de caráter mencionado acima. Esses líderes públicos podem ser menos qualificados em qualificações acadêmicas, mas é necessário primeiramente que estejam livres da contaminação das quatro desqualificações, chamadas jogo de azar, bebida alcoólica, prostituição e matança de animal.

Verso 42

våñasya nañöäàs trén pädän
tapaù çaucaà dayäm iti
pratisandadha äçväsya
mahéà ca samavardhayat

Depois disso o Rei restabeleceu as patas perdidas da personalidade da religião (o touro), e por encorajar atividades ele melhorou suficientemente a condição da Terra.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Ao designar lugares particulares para a personalidade de Kali, Maharaja Parikshit praticamente enganou Kali. Na presença de Kali, Dharma (na forma de um touro), e a Terra (na forma de uma vaca), ele pôde realmente estimar a condição geral do seu reino, e imediatamente deu passos adequados para restabelecer as patas do touro, chamadas, austeridade, limpeza e misericórdia. E para o benefício geral das pessoas do mundo, ele viu que estoque de ouro pode ser empregado para estabilização. Ouro é certamente gerador de falsidade, intoxicação, prostituição, inimizade e violência, mas sob a direção adequada de um rei ou líder público, ou um brahmana ou sannyasi, o mesmo ouro pode ser utilizado apropriadamente para restabelecer as patas perdidas do touro, a personalidade da religião.

Maharaja Parikshit, então, igual seu avô Arjuna, coletou todo o ouro ilícito mantido para as propensões de Kali e o empregou no sankirtana-yajña, conforme instrução do Srimad Bhagavatam. Como sugerimos antes, a riqueza acumulada de alguém deve ser dividida em três partes para distribuição, a saber, cinqüenta por cento para o serviço do Senhor, vinte e cinco por cento para os membros da família e vinte e cinco por cento para necessidades pessoais. Gastar cinqüenta por cento para o serviço do Senhor ou para propagação do conhecimento espiritual na sociedade por meio do sankirtana-yajña é a expressão máxima de misericórdia humana. Pessoas do mundo estão geralmente na escuridão a respeito do conhecimento espiritual, especialmente em relação ao serviço devocional do Senhor, e por isso propagar o conhecimento transcendental sistemático é a maior misericórdia que alguém pode exibir neste mundo. Quando todos são ensinados a sacrificar cinqüenta por cento de seu ouro acumulado para o serviço do Senhor, certamente austeridade, limpeza e misericórdia seguem automaticamente, e assim as três patas perdidas da personalidade da religião são estabelecidas automaticamente. Quando há suficientes austeridade, limpeza, misericórdia e veracidade, naturalmente Mãe Terra fica satisfeita completamente, e há pouquíssima chance de Kali se infiltrar na estrutura da sociedade humana.

Versos 43 e 44

sa eña etarhy adhyästa
äsanaà pärthivocitam
pitämahenopanyastaà
räjïäraëyaà vivikñatä

äste 'dhunä sa räjarñiù
kauravendra-çriyollasan
gajähvaye mahä-bhägaç
cakravarté båhac-chraväù

O mais afortunado Imperador Maharaja Parikshit, a quem foi confiado o reino de Hastinapura por Maharaja Yudhisthira quando desejou se retirar para a floresta, agora governa o mundo com grande sucesso porque é glorificado pelas ações dos reis da dinastia Kuru.

Iluminação de Srila Prabhupada:

As cerimônias de sacrifício prolongadas assumidas pelos sábios de Naimisharanya começaram pouco depois do falecimento de Maharaja Parikshit. O sacrifício era para continuar por mil anos, e entende-se que no começo alguns dos contemporâneos de Baladeva, o irmão mais velho do Senhor Krishna, também visitaram o local do sacrifício. De acordo com algumas autoridades, o tempo presente também é usado para indicar a margem mais próxima de tempo desde o passado. Nesse sentido, o tempo presente é usado para o reinado de Maharaja Parikshit aqui. Para um fato contínuo, também, tempo presente pode ser usado. Os princípios de Maharaja Parikshit ainda podem ser continuados, e sociedade humana ainda pode ser melhorada se houver determinação pelas autoridades. Nós ainda podemos expurgar do estado todas atividades de imoralidade introduzidas pela personalidade de Kali se estivermos determinados a tomar uma atitude igual Maharaja Parikshit. Ele alocou algum lugar para Kali, mas de fato Kali não pôde encontrar tais lugares no mundo de jeito nenhum porque Maharaja Parikshit estava estritamente vigilante para ver que não houvesse nenhum lugar para jogo de azar, bebida alcoólica, prostituição e matança de animal. Administradores modernos desejam banir corrupção do estado, mas idiotas como são, não sabem como fazer isso. Eles querem emitir licenças para estabelecimentos de jogo, estabelecimentos de bebida alcoólica e outras drogas intoxicantes, bordéis, hotéis de prostituição e estabelecimentos de cinemas, e falsidade em todos negócios, mesmo os seus próprios, e eles querem ao mesmo tempo erradicar corrupção do estado. Eles querem o reino de Deus sem consciência de Deus. Como pode ser possível ajustar dois assuntos contraditórios? Se queremos erradicar corrupção do estado, devemos primeiro de tudo organizar a sociedade para aceitar os princípios da religião, a saber, austeridade, limpeza, misericórdia e veracidade, e para tornar a condição favorável devemos fechar todos estabelecimentos de jogo de azar, embriaguez, prostituição e falsidade. Essas são algumas das lições práticas das páginas do Srimad Bhagavatam.

Verso 45

ittham-bhütänubhävo 'yam
abhimanyu-suto nåpaù
yasya pälayataù kñauëéà
yüyaà saträya dékñitäù

Maharaja Parikshit, o filho de Abhimanyu, é tão experiente que por força de sua administração especializada e patrocínio, foi possível para vocês executarem um sacrifício como este.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Os brahmanas e os sannyasis são especialistas no avanço espiritual da sociedade, enquanto os ksatriyas ou administradores são especialistas na paz material e prosperidade da sociedade humana. Ambos são os pilares de toda felicidade, e por isso eles são destinados para cooperação plena para bem-estar comum. Maharaja Parikshit era experiente o suficiente para expulsar Kali do seu campo de atividades e por isso tornou o estado receptivo para iluminação espiritual. Se as pessoas comuns não forem receptivas, é muito difícil impressioná-las sobre a necessidade de iluminação espiritual. Austeridade, limpeza, misericórdia e veracidade, os princípios básicos da religião, preparam o terreno para a recepção do avanço no conhecimento espiritual, e Maharaja Parikshit tornou essa condição favorável possível. Por isso os rsis de Naimisharanya puderam realizar os sacrifícios por mil anos. Em outras palavras, sem o suporte do estado, nenhuma das doutrinas de filosofia ou princípios religiosos podem avançar progressivamente. Deve haver completa cooperação entre brahmanas e ksatriyas para esse bem comum. Mesmo até Maharaja Ashoka, o mesmo espírito era prevalecente. O Senhor Buddha foi suficientemente suportado pelo Rei Ashoka, e por isso seu culto particular de conhecimento foi propagado por todo o mundo.

Assim terminam os significados Bhaktivedanta do Primeiro Canto, Décimo Sétimo Capítulo, do Srimad Bhagavatam, intitulado "Punição e Recompensa de Kali".

      

        

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