hare krishna hare krishna krishna krishna hare hare hare rama hare rama rama rama hare hare

Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga
Nitai Gaura Hari Bol


Srimad Bhagavatam
(de Krishna Dwaipayana Vyasa - Srila Vyasadeva)

pela Divina Graça
de
Sri Srimad Bhaktivedanta Swami Maharaj Prabhupada
Paramahamsa Thakura Mahashaya

(Original Sem "correções")

-.-

Primeiro Canto - "Criação"

Capítulo Nove - O Falecimento de Bhismadeva na Presença do Senhor Krishna

-.-

 

Capítulo Nove

O Falecimento de Bhismadeva na Presença do Senhor Krishna

Verso 1

süta uväca
iti bhétaù prajä-drohät
sarva-dharma-vivitsayä
tato vinaçanaà prägäd
yatra deva-vrato 'patat

Suta Goswami disse: Com medo de ter matado tantos súditos no Campo de Batalha em Kurukshetra, Maharaja Yudhisthira foi até a cena do massacre. Lá, Bhismadeva estava deitado numa cama de flechas, quase para falecer.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Neste Nono Capítulo, como desejado pelo Senhor Sri Krishna, Bhismadeva transmitirá instruções para o Rei Yudhisthira sobre a matéria dos deveres ocupacionais. Bhismadeva também oferecerá sua última prece para o Senhor na beira de falecer deste mundo mortal e assim ficar liberado do cativeiro de mais engajamentos materiais. Bhismadeva era dotado com o poder de deixar seu corpo material por sua vontade própria, e estar deitado na cama de flechas foi sua própria escolha. Essa passagem do grande guerreiro atraiu a atenção de todas elites contemporâneas, e todos eles se reuniram ali para mostrar seus sentimentos de amor, respeito e afeição pela grande alma.

Verso 2

tadä te bhrätaraù sarve
sadaçvaiù svarëa-bhüñitaiù
anvagacchan rathair viprä
vyäsa-dhaumyädayas tathä

Nesse momento todos seus irmãos o seguiram em belas quadrigas puxadas por cavalos de primeira classe decorados com ornamentos de ouro. Com eles estavam Vyasa e rsis tais quais Dhaumya (o sacerdote erudito dos Pandavas) e outros.

Verso 3

bhagavän api viprarñe
rathena sa-dhanaïjayaù
sa tair vyarocata nåpaù
kuvera iva guhyakaiù

Ó sábio entre os brahmanas, o Senhor Sri Krishna, a Personalidade de Deus, também seguiu, sentado numa quadriga com Arjuna. Assim o Rei Yudhisthira parecia muito aristocrático, igual Kuvera rodeado por seus companheiros (os Guhyakas).

Iluminação de Srila Prabhupada:

O Senhor Sri Krishna queria que os Pandavas se apresentassem perante Bhismadeva na ordem mais aristocrática para que ele ficasse satisfeito em vê-los feliz na hora de sua morte. Kuvera é o mais rico de todos semideuses, e aqui o Rei Yudhisthira parecia com ele (Kuvera), porque a procissão com Sri Krishna era bem apropriada para a realeza do Rei Yudhisthira.

Verso 4

dåñövä nipatitaà bhümau
divaç cyutam ivämaram
praëemuù päëòavä bhéñmaà
sänugäù saha cakriëä

Ao vê-lo (Bhisma) deitado no chão, igual um semideuses que caiu do céu, o Rei Pandava Yudhisthira, junto com seus irmãos mais novos e o Senhor Krishna, prostraram-se perante ele.

Iluminação de Srila Prabhupada:

O Senhor Krishna também era um primo mais novo de Maharaja Yudhisthira e também amigo íntimo de Arjuna. Mas todos os membros familiares dos Pandavas conheciam o Senhor Krishna como a Suprema Personalidade de Deus. O Senhor, embora consciente da Sua posição suprema, sempre Se comportou em um costume humano, e assim Ele também Se prostrou perante o agonizante Bhismadeva como se Ele fosse um dos irmão mais novos do Rei Yudhisthira.

Verso 5

tatra brahmarñayaù sarve
devarñayaç ca sattama
räjarñayaç ca taträsan
drañöuà bharata-puìgavam

Justamente para ver o líder dos descendentes do Rei Bharata (Bhisma), todas as grandes almas dentro do universo, chamados os rsis entre os semideuses, brahmanas e reis, todos situados na qualidade da bondade, estavam lá reunidos.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Os rsis são aqueles que alcançaram perfeição por conquistas espirituais. Essas conquistas espirituais podem ser ganhas por todos, seja se for um rei ou um mendigo. O próprio Bhismadeva era um dos brahmarsis e o líder dos descendentes do Rei Bharata. Todos rsis estão situados na qualidade da bondade. Todos eles se reuniram lá ao ouvirem sobre a notícia da morte iminente do grande guerreiro.

Versos 6 e 7

parvato närado dhaumyo
bhagavän bädaräyaëaù
båhadaçvo bharadväjaù
saçiñyo reëukä-sutaù
vasiñöha indrapramadas
trito gåtsamado 'sitaù
kakñévän gautamo 'triç ca
kauçiko 'tha sudarçanaù

Todos os sábios tais quais Parvata Muni, Dhaumya, Vyasa a encarnação de Deus, Brihadashwa, Bharadwaja e Parashurama e discípulos, Vasistha, Indrapramada, Trita, Gritsamada, Asita, Kakshivan, Gautama, Atri, Kaushika e Sudarshana estavam presentes.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Parvata Muni: é considerado um dos sábios mais velhos. Ele é quase sempre um companheiro constante de Narada Muni. Eles também são astronautas competentes para viajar no ar sem a ajuda de nenhum veículo material. Parvata Muni também é um devarsi, ou um grande sábio entre os semideuses, iguais Narada. Ele esteve presente junto com Narada na cerimônia de sacrifício de Maharaja Janamejaya, filho de Maharaja Parikshit. Nesse sacrifício todas as serpentes do mundo deveriam ser mortas. Parvata Muni e Narada Muni são chamados Gandharvas também porque podem viajar no ar cantando as glórias do Senhor. Porque podem viajar no ar, observaram a cerimônia svayamvara de Draupadi (seleção própria do esposo) do ar. Igual Narada Muni, Parvata Muni também costumava visitar a assembléia real no paraíso do Rei Indra. Como um Gandharva, às vezes ele visitava a assembléia real de Kuvera, um dos semideuses importantes. Ambos Narada e Parvata uma vez tiveram problema com a filha de Maharaja Srinjaya. Maharaja Srinjaya recebeu a bênção de um filho por Parvata Muni.

Narada Muni: é inevitavelmente associado com as narrações dos Puranas. Ele é descrito no Bhagavatam. Na sua vida prévia ele foi filho de uma criada, mas pela boa associação com devotos puros ele ficou iluminado no serviço devocional, e na sua próxima vida ele se tornou um homem perfeito comparável somente a ele mesmo. No Mahabharata seu nome é mencionado em muitos locais. Ele é o devarsi principal, ou o sábio líder entre os semideuses. Ele é filho e discípulo de Brahmaji, e através dele a sucessão discipular na linha de Brahma foi propagada. Ele iniciou Prahlada Maharaja, Dhruva Maharaja e muitos devotos célebres do Senhor. Ele iniciou até mesmo Vyasadeva, o autor das literaturas Védicas, e de Vyasadeva, Madhwacharya foi iniciado, e assim o Madhwa-sampradaya, no qual o Gaudiya-sampradaya também é incluído, foi propagado por todo universo. Sri Chaitanya Mahaprabhu pertencia a esse Madhwa-sampradaya; portanto, Brahmaji, Narada, Vyasa, abaixo até Madhwa, Chaitanya e os Goswamis todos pertenciam à mesma linha de sucessão discipular. Naradaji instruiu muitos reis desde tempo imemorável. No Bhagavatam podemos ver que ele instruiu Prahlada Maharaja enquanto ainda estava no ventre de sua mãe, e ele instruiu Vasudeva, o pai de Krishna, e também Maharaja Yudhisthira.

Dhaumya: Um grande sábio que praticou penitências severas em Utkochaka Tirtha e foi indicado sacerdote real dos reis Pandavas. Ele atuou como sacerdote em muitas funções religiosas dos Pandavas (samskara), e também cada um dos Pandavas foi atendido por ele no noivado de Draupadi. Ele estava presente mesmo no exílio dos Pandavas e costumava aconselhá-los em circunstâncias quando ficavam perplexos. Ele os instruiu como viverem incógnitos por um ano, e suas instruções foram seguidas estritamente pelos Pandavas durante esse tempo. Seu nome é mencionado também quando a cerimônia funeral geral foi executada depois da Batalha de Kurukshetra. No Anushasana-parva do Mahabharata (127.15-16), ele deu instruções religiosas muito elaboradamente para Maharaja Yudhisthira. Ele era mesmo o tipo certo de sacerdote para um casado, porque ele pôde guiar os Pandavas no caminho certo da religião. Um sacerdote é destinado para guiar um chefe de família progressivamente no caminho certo de asrama-dharma, ou o dever ocupacional de uma casta particular. Praticamente não existe nenhuma diferença entre o sacerdote familiar e o mestre espiritual. Os sábios, santos e brahmanas eram especialmente destinados para essas funções.

Badarayana (Vyasadeva): Ele é conhecido como Krishna, Krishna-dwaipayana, Dwaipayana, Satyavati-suta, Parasharya, Parashatmaja, Vedavyasa, etc.. Ele é o filho de Mahamuni Parashara no ventre de Satyavati anterior a seu noivado com Maharaja Shantanu, o pai do grande general Patriarca Bhismadeva. Ele é uma encarnação poderosa de Narayana, e ele propaga a sabedoria Védica para o mundo. Por isso, são oferecidos respeitos a Vyasadeva antes de cantar a literatura Védica, especialmente os Puranas. Shukadeva Goswami é seu filho, e rsis tais quais Vaishampayana eram seus discípulos para diferentes ramos dos Vedas. Ele é o autor do grande épico Mahabharata e da grande literatura transcendental Bhagavatam. Os Brahma-sutras - os Vedanta-sutras, ou Badarayana-sutras - foram compilados por ele. Entre sábios ele é o autor mais respeitado por mérito de penitências severas. Quando ele desejou registrar o grade épico Mahabharata para o bem-estar das pessoas em geral na era de Kali, ele sentiu a necessidade de um escrevente poderoso que pudesse tomar seu ditado. Pela ordem de Brahmaji, Sri Ganesha aceitou o encargo de anotar o ditado com a condição de que Vyasadeva não poderia parar o ditado em nenhum momento. O Mahabharata foi então compilado pelo empenho mútuo de Vyasa e Ganesha.

Pela ordem de sua mãe, Satyavati, que depois se casou com Maharaja Shantanu, e pelo pedido de Bhismadeva, o filho mais velho de Maharaja Shantanu pela sua primeira esposa, o Ganges, ele gerou três filhos brilhantes, cujos nomes eram Dhritarastra, Pandu e Vidura. O Mahabharata foi compilado por Vyasadeva depois da Batalha de Kurukshetra e depois da morte de todos os heróis do Mahabharata. Ele foi falado primeiramente na assembléia real de Maharaja Janamejaya, o filho de Maharaja Parikshit.

Brihadashwa: Um sábio antigo que costumava encontrar Maharaja Yudhisthira agora e sempre. Primeiro de tudo ele encontrou Maharaja Yudhisthira em Kamyavana. Esse sábio narrou a história de Maharaja Nala. Existe outro Brihadashwa, que é o filho da dinastia Ikshvaku (Mahabharata, Vana-parva 209.4-5).

Bharadwaja: Ele é um dos sete grandes rsis e estava presente na hora do nascimento de Arjuna. O poderoso rsi às vezes se submeteu a severas penitências na margem do Ganges, e seu asrama ainda é célebre em Prayagadhama. É sabido que esse rsi, enquanto se banhava no Ganges, aconteceu de encontrar Ghitachi, uma das belas moças da sociedade do paraíso, e assim ele expeliu sêmen, que foi mantido e preservado num pote de barro e do qual Drona nasce. Portanto Dronacharya é o filho de Bharadwaja Muni. Outros dizem que esse Bharadwaja o pai de Drona é uma pessoa diferente do Maharshi Bharadwaja. Ele era um grande devoto de Brahma. Uma vez ele se aproximou de Dronacharya e pediu para ele parar a Batalha de Kurukshetra.

Parashurama, ou Renukasuta: Ele é o filho de Maharshi Jamadagni e Srimati Renuka. Por isso ele também é conhecido como Renukasuta. Ele é uma das encarnações poderosas de Deus, e ele matou a comunidade ksatriya como um todo vinte e uma vezes. Com o sangue dos ksatriyas ele satisfez as almas de seus antepassados. Posteriormente ele se submeteu a penitências severas no Mahendra Parvata. Depois de tomar a Terra inteira dos ksatriyas, ele a deu em caridade para Kashyapa Muni. Parashurama instruiu o Dhanur-veda, ou a ciência do combate, para Dronacharya porque acontecia de ser um brahmana. Ele estava presente na coroação de Maharaja Yudhisthira, e ele celebrou a função junto com outros grandes rsis.

Parashurama é tão antigo que encontrou tanto Rama quanto Krishna em diferentes tempos. Ele lutou com Rama, mas ele aceitou Krishna como a Suprema Personalidade de Deus. Ele também elogiou Arjuna quando o viu com Krishna. Quando Bhisma recusou casar com Amba, que queria ele para se tornar seu esposo, Amba encontrou Parashurama, e pelo pedido dela somente, ele pediu a Bhismadeva para aceitá-la como sua esposa. Bhisma se recusou a obedecer sua ordem, embora ele fosse um dos mestres espirituais de Bhismadeva. Parashurama lutou com Bhismadeva quando Bhisma negligenciou seu aviso. Ambos lutaram severamente, e no fim Parashurama ficou satisfeito com Bhisma e lhe deu a bênção de se tornar o maior lutador no mundo.

Vasistha: O grande sábio célebre entre os brahmanas, bem conhecido como Brahmarshi Vasisthadeva. Ele é uma figura proeminente tanto no período do Mahabharata quanto do Ramayana. Ele celebrou a cerimônia de coroação da Personalidade de Deus Sri Rama. Ele estava presente também no Campo de Batalha em Kurukshetra. Ele podia se aproximar de todos os planetas superiores e inferiores, e sua história também é conectada com Hiranyakashipu. Houve uma grande tensão entre ele e Visvamitra, que queria sua kamadhenu, vaca que satisfaz desejos. Vasistha Muni se recusou a ceder sua kamadhenu, e por causa disso Visvamitra matou seus cem filhos. Como um brahmana perfeito ele tolerou todas as provocações de Visvamitra. Uma vez ele tentou cometer suicídio por causa da tortura de Visvamitra, mas todas suas tentativas foram sem êxito. Ele pulou de uma montanha, mas as pedras sobre as quais ele caiu se tornaram uma pilha de algodão, e assim ele foi salvo. Ele pulou no oceano, mas as ondas o levaram para a praia. Ele pulou no rio, mas o rio também o levou para a margem. Assim todas suas tentativas de suicídio foram sem êxito. Ele também é um dos sete rsis e esposo de Arundhati, a famosa estrela.

Indrapramada: Outro rsi célebre.

Trita: Um dos três filhos do Prajapati Gautama. Ele era o terceiro filho, e seus outros dois irmãos eram conhecidos como Ekat e Dwita. Todos os irmãos eram grandes sábios e seguidores estritos dos princípios da religião. Por mérito de severas penitências eles foram promovidos para Brahmaloka (o planeta onde Brahmaji vive). Certa vez Trita Muni caiu dentro de um poço. Ele era um trabalhador organizador de muitos sacrifícios, e como um dos grandes sábios ele também veio mostrar respeito para Bhismaji em seu leito de morte. Ele era um dos sete sábios em Varunaloka. Ele veio de países ocidentais do mundo. Assim, mais provavelmente ele pertencia a países europeus. Naquela época o mundo inteiro estava sob a cultura Védica única.

Gritsamada: Um dos sábios do reino celestial. Ele era um amigo íntimo de Indra, o Rei do paraíso, e era tão grandioso quanto Brihaspati. Ele costumava visitar a assembléia real de Maharaja Yudhisthira, e também visitou o local onde Bhismadeva deu seu último suspiro. Algumas vezes ele explicou as glórias do Senhor Shiva perante Maharaja Yudhisthira. Ele era o filho de Vitahavya, e parecia em aspectos com o corpo de Indra. Algumas vezes os inimigos de Indra o confundiram como Indra e o prenderam. Ele era um grande erudito do Rg-veda, e por isso era altamente respeitado pela comunidade brahmana. Ele viveu uma vida de celibato e era poderoso em todo respeito.

Asita: Existe um rei com o mesmo nome, mas aqui o Asita mencionado é o Asita Devala Rishi, um grande sábio poderoso da época. Ele explicou para seu pai os 1.500.000 versos do Mahabharata. Ele era um dos membros do sacrifício de serpente de Maharaja Janamejaya. Ele também estava presente na cerimônia de coroação de Maharaja Yudhisthira junto com outros grandes rsis. Ele também deu a Maharaja Yudhisthira instruções quando ele estava na Montanha Añjana. Ele também era um dos devotos do Senhor Shiva.

Kakshivan: Um dos filhos de Gautama Muni e o pai do grande sábio Chandakausika. Ele era um dos membros do Parlamento de Maharaja Yudhisthira.

Atri: Atri Muni era um grande sábio brahmana e era um dos filhos mentais de Brahmaji. Brahmaji é tão poderoso que simplesmente por pensar em um filho ele pode tê-lo. Esses filhos são conhecidos como manasa-putras. Dos sete manasa-putras de Brahmaji e dos sete grandes sábios brahmanas, Atri era único. Em sua família os grandes Prachetas nasceram. Atri Muni teve dois filhos kshatriyas que se tornaram reis. O Rei Arthama é um deles. Ele é contado entre um dos vinte e um prajapatis. O nome de sua esposa é Anasuya, e ele ajudou Maharaja Yudhisthira em seus grandes sacrifícios.

Kaushika: Um dos rsis membros permanentes na assembléia real de Maharaja Yudhisthira. Ele algumas vezes encontrou o Senhor Krishna. Existem vários outros sábios com o mesmo nome.

Sudarshana: Essa roda que é aceita pela Personalidade de Deus (Vishnu ou Krishna) como sua arma pessoal é a arma mais poderosa, maior do que as brahmastras ou outras armas similares desastrosas. Em uma das literaturas Védicas é dito que Agnideva, o deus do fogo, presenteou essa arma para o Senhor Sri Krishna, mas na realidade essa arma é eternamente portada pelo Senhor. Agnideva presenteou essa arma para Krishna do mesmo modo que Rukmini foi dada por Maharaja Rukma para o Senhor. O Senhor aceita esses presentes de Seus devotos, mesmo embora esses presentes sejam Sua propriedade eternamente. Existe uma descrição elaborada dessa arma no Adi-parva do Mahabharata. O Senhor Sri Krishna usou essa arma para matar Shishupala, um rival do Senhor. Ele também matou Shalva com essa arma, e algumas vezes Ele desejou que Seu amigo Arjuna a usasse para matar seus inimigos (Mahabharata, Virata-parva 56.3).

Verso 8

anye ca munayo brahman
brahmarätädayo 'maläù
çiñyair upetä äjagmuù
kaçyapäìgirasädayaù

E muitos outros tais quais Shukadeva Goswami e outras almas purificadas, Kashyapa e Angirasa e outros, todos acompanhados pelos seus respectivos discípulos, chegaram lá.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Shukadeva Goswami (Brahmarata): O famoso filho e discípulo de Sri Vyasadeva, que primeiro ensinou a ele o Mahabharata e depois o Srimad Bhagavatam. Shukadeva Goswami recitou 1.400.000 versos do Mahabharata nos conselhos dos Gandharvas, Yakshas e Rakshasas, e ele recitou o Srimad Bhagavatam pela primeira vez na presença de Maharaja Parikshit. Ele estudou minuciosamente todas as literaturas Védicas de seu grande pai. Assim ele era uma alma completamente purificada por mérito de seu conhecimento extensivo nos princípios da religião. Do Mahabharata, Sarva-parva (4.11) entende-se que ele também estava presente na assembléia real de Maharaja Yudhisthira e no jejum de Maharaja Parikshit. Como um discípulo fidedigno de Sri Vyasadeva, ele inquiriu de seu pai muito extensivamente sobre princípios religiosos e valores espirituais, e seu grande pai também o satisfez por ensinar-lhe o sistema de yoga pelo qual pode-se alcançar o reino espiritual, a diferença entre trabalho lucrativo e conhecimento empírico, os caminhos e meios de alcançar realização espiritual, os quatro asramas (chamados vida de estudante, vida de casado, vida de aposentado e a vida da renúncia), a posição sublime da Suprema Personalidade de Deus, o processo de vê-Lo olho no olho, o candidato fidedigno para receber conhecimento, a consideração dos cinco elementos, a posição única da inteligência, a consciência da natureza material e do ser vivo, os sintomas da alma auto-realizada, os princípios de trabalho do corpo material, os sintomas dos modos influenciadores da natureza, a árvore do desejo perpétuo, e atividades físicas. Às vezes ele ia ao planeta Sol com a permissão de seu pai e Naradaji. Descrições de sua viagem no espaço são dadas no Shanti-parva do Mahabharata (332). Por último ele alcançou o reino transcendental. Ele é conhecido por nomes diferentes tais quais Araneya, Arunisuta, Vaiyasaki e Vyasatmaja.

Kashyapa: Um dos prajapatis, o filho de Marichi e um dos genros do Prajapati Daksha. Ele é o pai do pássaro gigantesco Garuda, para quem era dado elefantes e tartarugas como comestíveis. Ele casou com treze filhas do Prajapati Daksha, e seus nomes eram Aditi, Diti, Kashtha, Arista, Surasa, Ila, Muni, Krodhavasha, Tamra, Surabhi, Sarama e Timi. Ele gerou muitos filhos, tanto semideuses quanto demônios, por essas esposas. Da sua primeira esposa, Aditi, todos os doze Adityas nasceram; um deles era Vamana, a encarnação do Supremo. Esse grande sábio, Kashyapa, também estava presente no nascimento de Arjuna. Ele recebeu de presente o mundo inteiro de Parashurama, e mais tarde ele pediu para Parashurama ir embora do mundo. Seu outro nome é Aristanemi. Ele vive no lado norte do universo.

Angirasa: Ele é o filho de Maharshi Angira e é conhecido como Brihaspati, o sacerdote dos semideuses. É dito que Dronacharya era sua encarnação parcial. Shukracharya era o mestre espiritual dos demônios, e Brihaspati o desafiou. Seu filho é Kacha, e ele concedeu a arma do fogo primeiro a Bharadwaja Muni. Ele gerou seis filhos (tais quais o deus do fogo) por sua esposa Chandramasi, uma das estrelas renomadas. Ele podia viajar no espaço, e por isso podia se apresentar mesmo nos planetas de Brahmaloka e Indraloka. Ele aconselhou o Rei do paraíso, Indra, sobre conquistar demônios. Certa vez ele amaldiçoou Indra, que teve de se tornar um suíno na Terra e não desejava retornar para o céu. Assim é o poder da atração da energia ilusória. Mesmo um suíno não deseja separar-se de suas posses materiais em troca de um reino celestial. Ele era o preceptor religioso de vários nativos de planetas diferentes.

Verso 9

tän sametän mahä-bhägän
upalabhya vasüttamaù
püjayäm äsa dharma-jïo
deça-käla-vibhägavit

Bhismadeva, que era o melhor entre os oito Vasus, recebeu e deu as boas-vindas a todos os grandes e poderosos rsis que estavam reunidos ali, porque ele sabia perfeitamente todos princípios religiosos de acordo com tempo e local.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Cientistas da religião experientes sabem perfeitamente bem como ajustar princípios religiosos em termos de tempo e local. Todos os grandes acaryas ou pregadores da religião ou reformadores do mundo executaram sua missão pelo ajuste dos princípios religiosos em termos de tempo e local. Existem diferentes climas e situações em diferentes partes do mundo, e se alguém tem que desempenhar seus deveres para pregar a mensagem do Senhor, ele tem de ser experiente em ajustar as coisas em termos de tempo e local. Bhismadeva era uma das doze grandes autoridades na pregação deste culto do serviço devocional, e por isso ele podia receber e dar as boas-vindas a todos os sábios poderosos reunidos ali em seu leito de morte de todas partes do universo. Com certeza ele estava incapaz naquele momento para dar as boas-vindas e recebê-los fisicamente porque não estava em sua casa nem numa condição normal de saúde. Mas ele era bem capaz pelas atividades da sua mente sã, e por isso ele podia pronunciar palavras doces com expressões calorosas, e todos eles foram bem recebidos. Pode-se executar seu dever por trabalho físico, pela mente e por palavras. E ele sabia bem como utilizá-los no local apropriado, e por isso não havia nenhuma dificuldade para ele recebê-los, apesar de fisicamente incapaz.

Verso 10

kåñëaà ca tat-prabhäva-jïa
äsénaà jagad-éçvaram
hådi-sthaà püjayäm äsa
mäyayopätta-vigraham

O Senhor Sri Krishna está situado no coração de todos, mesmo assim Ele manifesta Sua forma transcendental por Sua potência interna. Esse mesmo Senhor estava sentado perante Bhismadeva, e porque Bhismadeva conhecia Suas glórias, ele O adorou devidamente.

Iluminação de Srila Prabhupada:

A onipotência do Senhor é exibida por Sua presença simultânea em cada lugar. Ele está sempre presente em Sua morada eterna Goloka Vrindavana, e mesmo assim Ele está presente no coração de todos e mesmo dentro de cada átomo invisível. Quando Ele manifesta Sua forma transcendental eterna no mundo material, Ele faz isso por Sua potência interna. A potência externa, ou energia material, não tem nada a ver com Sua forma eterna. Todas essas verdades eram sabidas por Sri Bhismadeva, que O adorou de acordo.

Verso 11

päëòu-puträn upäsénän
praçraya-prema-saìgatän
abhyäcañöänurägäçrair
andhébhütena cakñuñä

Os filhos de Maharaja Pandu estavam sentados perto silenciosamente, dominados pela afeição por seu avô moribundo. Ao ver isso, Bhismadeva os congratulou calorosamente. Havia lágrimas de êxtase em seus olhos, ele estava dominado por amor e afeição.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Quando Maharaja Pandu morreu, seus filhos eram todos crianças pequenas, e naturalmente eles foram trazidos sob a afeição dos membros mais velhos da família real, especificamente por Bhismadeva. Mais tarde, quando os Pandavas estavam crescidos, foram enganados pelo ardiloso Duryodhana e companhia, e Bhismadeva, apesar de saber que os Pandavas eram inocentes e foram postos em apuros desnecessariamente, não pôde ficar do lado dos Pandavas por razões políticas. No último estágio da sua vida, quando Bhismadeva viu seus netos altamente exaltados, liderados por Maharaja Yudhisthira, sentados muito gentilmente ao seu lado, o grande avô-guerreiro não pôde impedir suas lágrimas amorosas, que caiam automaticamente de seus olhos. Ele se lembrou dos grandes apuros sofridos pelos seus netos mais piedosos. Certamente ele era o homem mais satisfeito porque Yudhisthira foi entronizado no lugar de Duryodhana, e por isso ele começou a congratulá-los.

Verso 12

aho kañöam aho 'nyäyyaà
yad yüyaà dharma-nandanäù
jévituà närhatha kliñöaà
vipra-dharmäcyutäçrayäù

Bhismadeva disse: Ó, que sofrimentos terríveis e que injustiças terríveis vocês boas almas sofrem por serem os filhos da religião personificada. Vocês não mereciam permanecer vivos sob essas tribulações, mesmo assim vocês foram protegidos pelos brahmanas, Deus e religião.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Maharaja Yudhisthira estava perturbado devido ao grande massacre na Batalha de Kurukshetra. Bhismadeva pôde entender isso, e por isso falou primeiro dos terríveis sofrimentos de Maharaja Yudhisthira. Ele foi posto em dificuldade por injustiça somente, e a Batalha de Kurukshetra foi lutada justamente para anular essa injustiça. Por isso, ele não deveria ter remorso do grande massacre. Ele quis destacar particularmente que eles eram sempre protegidos pelos brahmanas, o Senhor e princípios religiosos. Desde que eles eram protegidos por esses três itens importantes, não havia causa para desapontamento. Assim Bhismadeva encorajou Maharaja Yudhisthira para dissipar seu desânimo. Contanto que a pessoa esteja plenamente em cooperação com os desejos do Senhor, guiada pelos brahmanas e Vaishnavas fidedignos e siga estritamente os princípios religiosos, não existe causa para desapontamento, por mais penosas as circunstâncias da vida. Bhismadeva, como uma das autoridades na linha, queria registrar esse ponto sobre os Pandavas.

Verso 13

saàsthite 'tirathe päëòau
påthä bäla-prajä vadhüù
yuñmat-kåte bahün kleçän
präptä tokavaté muhuù

No que diz respeito à minha nora Kunti, com a morte do grande General Pandu, ela se tornou uma viúva com muitas crianças, e por isso ela sofreu enormemente. E quando vocês cresceram ela sofreu em grande quantidade também por causa de suas ações.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Os sofrimentos de Kuntidevi são lamentados em dobro. Ela sofreu enormemente por causa da viuvez prematura e para que seus filhos menores fossem trazidos para dentro da família real. E quando seus filhos estavam crescidos, ela continuou a sofrer por causa das ações de seus filhos. Assim seus sofrimentos continuaram. Isso significa que ela estava destinada a sofrer pela providência, e esta tem que tolerar sem ficar perturbada.

Verso 14

sarvaà käla-kåtaà manye
bhavatäà ca yad-apriyam
sapälo yad-vaçe loko
väyor iva ghanävaliù

Na minha opinião, tudo isso é devido ao tempo inevitável, por cujo controle todos em todo planeta são carregados, justamente igual as nuvens são carregadas pelo vento.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Há controle pelo tempo por todo o espaço dentro do universo, e existe controle pelo tempo sobre todos planetas. Todos os grandes planetas gigantescos, inclusive o Sol, são controlados pela força do ar, do mesmo modo que as nuvens são carregadas pela força do ar. Similarmente, o kala inevitável, ou tempo, controla até mesmo a ação do ar e outros elementos. Tudo é, portanto, controlado pelo kala supremo, um representante enérgico do Senhor dentro do mundo material. Assim Yudhisthira não devia ficar triste pela inconcebível ação do tempo. Todos têm que suportar as ações e reações do tempo enquanto estiverem dentro das condições do mundo material. Yudhisthira não devia pensar que cometeu pecados em seu nascimento prévio e sofre a conseqüência. Mesmo o mais piedoso tem que sofrer as condições da natureza material. Mas uma pessoa piedosa é fiel ao Senhor, porque é guiada pelo brahmana e Vaishnava fidedignos que seguem os princípios religiosos. Esses três princípios de guia devem ser o objetivo da vida. Não se deve ficar perturbado pelos truques do tempo eterno. Mesmo o grande controlador do universo, Brahmaji, também está sob o controle do tempo; portanto, não se deve ficar com rancor por estar assim controlado pelo tempo embora seja um seguidor verdadeiro dos princípios religiosos.

Verso 15

yatra dharma-suto räjä
gadä-päëir våkodaraù
kåñëo 'stré gäëòivaà cäpaà
suhåt kåñëas tato vipat

Ó quão maravilhosa é a influência do tempo inevitável. É irreversível-caso contrário, como pode haver reveses na presença do Rei Yudhisthira, o filho do semideus controlador da religião; Bhima o grande lutador com uma maça; o grande arqueiro Arjuna com sua arma poderosa Gandiva; e acima de tudo, o Senhor, o benquerente direto dos Pandavas?

Iluminação de Srila Prabhupada:

No que diz respeito a recursos materiais e espirituais requeridos, não havia escassez no caso dos Pandavas. Materialmente eles eram bem equipados porque dois grandes guerreiros, chamados Bhima e Arjuna, estavam lá. Espiritualmente o Rei era o símbolo da religião, e acima de todos eles a Personalidade de Deus, o Senhor Sri Krishna, estava pessoalmente preocupado com seus assuntos como o benquerente. E mesmo assim aconteceram tantos reveses do lado dos Pandavas. Apesar do poder dos atos piedosos, o poder de personalidades, o poder do gerenciamento experiente e o poder das armas sob a supervisão direta do Senhor Krishna, os Pandavas sofreram muitos reveses práticos, que só podem ser explicados devido à influência de kala, tempo inevitável. Kala é idêntico ao Senhor Krishna em Pessoa; e por isso a ação de kala indica a vontade inexplicável do Senhor em Pessoa. Não há nada a lamentar quando o assunto está além do controle de qualquer ser humano.

Verso 16

na hy asya karhicid räjan
pumän veda vidhitsitam
yad vijijïäsayä yuktä
muhyanti kavayo 'pi hi

Ó Rei, ninguém pode saber o plano do Senhor (Sri Krishna). Mesmo embora grandes filósofos inquiram exaustivamente, eles ficam confusos.

Iluminação de Srila Prabhupada:

A perplexidade de Maharaja Yudhisthira sobre seus atos pecaminosos passados e os sofrimentos resultantes, etc. é completamente negada pela autoridade de Bhisma (uma das doze pessoas autorizadas). Bhisma queria registrar em Maharaja Yudhisthira que desde tempo imemorável ninguém, inclusive semideuses tais quais Shiva e Brahma, podem descobrir o plano real do Senhor. Assim o que nós entendemos sobre isso? Também é inútil inquirir sobre isso. Mesmo as inquisições filosóficas exaustivas dos sábios não podem desvendar o plano do Senhor. A melhor política é simplesmente cumprir as ordens do Senhor sem argumento. Os sofrimentos dos Pandavas nunca foram devido a seus atos passados. O Senhor tinha que executar o plano de estabelecer o reino da virtude, e por isso Seus próprios devotos sofreram temporariamente a fim de estabelecer a conquista da virtude. Bhismadeva certamente estava satisfeito por ver o triunfo da virtude, e estava feliz de ver o Rei Yudhisthira no trono, embora ele mesmo tenha lutado contra ele. Mesmo um grande guerreiro como Bhisma não pôde vencer a Batalha de Kurukshetra porque o Senhor queria mostrar que vício não pode conquistar virtude, sem levar em conta quem tenta executar isso. Bhismadeva era um grande devoto do Senhor, mas ele escolheu lutar contra os Pandavas pela vontade do Senhor porque o Senhor queria mostrar que mesmo um lutador igual Bhisma não pode vencer do lado errado.

Verso 17

tasmäd idaà daiva-tantraà
vyavasya bharatarñabha
tasyänuvihito 'näthä
nätha pähi prajäù prabho

Ó melhor entre os descendentes de Bharata (Yudhisthira), eu mantenho, portanto, que tudo isso está dentro do plano do Senhor. Por aceitar o plano inconcebível do Senhor, você deve segui-lo. Agora você é o líder administrativo nomeado, e, meu senhor, agora você deve cuidar daqueles súditos que agora estão rendidos ao desamparo.

Iluminação de Srila Prabhupada:

O ditado popular é que uma dona de casa ensina a nora por ensinar a filha. Similarmente, o Senhor ensina o mundo por ensinar o devoto. O devoto não tem que aprender nada de novo do Senhor porque o Senhor ensina o devoto sincero sempre de dentro. Sempre que, portanto, é feito um show para ensinar o devoto, como no caso dos ensinamentos do Bhagavad-gita, é para ensinar as pessoas menos inteligentes. O dever de um devoto é, portanto, aceitar sem má vontade tribulações do Senhor como uma bênção. Os Pandavas foram aconselhados por Bhismadeva para aceitarem a responsabilidade da administração sem hesitação. Os súditos pobres estavam sem proteção devido à Batalha de Kurukshetra, e esperavam a aceitação do poder por Maharaja Yudhisthira. Um devoto puro do Senhor aceita tribulações como favores do Senhor. Porque o Senhor é absoluto, não existe diferença mundana entre os dois.

Verso 18

eña vai bhagavän säkñäd
ädyo näräyaëaù pumän
mohayan mäyayä lokaà
güòhaç carati våñëiñu

Este Sri Krishna é nenhum outro além da inconcebível, Personalidade de Deus original. Ele é o primeiro Narayana, o desfrutador supremo. Mas Ele Se move entre os descendentes do Rei Vrishni, justamente igual a um de nós e Ele nos confunde com Sua energia autocriada.

Iluminação de Srila Prabhupada:

O sistema Védico de adquirir conhecimento é o processo dedutivo. O conhecimento Védico é recebido perfeitamente pela sucessão discipular das autoridades. Esse conhecimento nunca é dogmático, como é mal concebido por pessoas menos inteligentes. A mãe é a autoridade para verificar a identidade do pai. Ela é a autoridade para esse conhecimento confidencial. Portanto, autoridade não é dogmática. No Bhagavad-gita essa verdade é confirmada no Quarto Capítulo (Bg. 4.2), e o sistema de aprendizado perfeito é recebê-lo da autoridade. Esse mesmo sistema é aceito universalmente como verdade, porém somente o argumentador falso fala contra isso. Por exemplo, espaçonaves modernas voam no céu, e quando os cientistas dizem que viajaram para o outro lado da Lua, pessoas acreditam nessas histórias cegamente porque aceitaram os cientistas modernos como autoridades. As autoridades falam, e o povo em geral acredita neles. Mas no caso das verdades Védicas, elas têm sido ensinadas não para acreditar. Mesmo se as aceitam, dão uma interpretação diferente. Cada e toda pessoa deseja uma percepção direta do conhecimento Védico, mas tolamente elas o negam. Isso significa que a pessoa mal orientada pode acreditar numa autoridade, o cientista, mas rejeitará a autoridade dos Vedas. O resultado é que pessoas se degeneraram.

Aqui está uma autoridade que fala sobre Sri Krishna como a Personalidade de Deus original e o primeiro Narayana. Mesmo um impersonalista igual Acharya Shankara disse no início do seu comentário sobre o Bhagavad-gita que Narayana, a Personalidade de Deus, está além da criação material. O universo é uma das criações materiais, mas Narayana é transcendental a esta parafernália material.

Bhismadeva é um dos doze mahajanas que conhecem os princípios do conhecimento transcendental. Sua confirmação do Senhor Sri Krishna ser a Personalidade de Deus original também é corroborada pelo impersonalista Shankara. Todos outros acharyas também confirmaram essa afirmação, portanto não há chance de não aceitar o Senhor Sri Krishna como a Personalidade de Deus original. Bhismadeva diz que Ele é o primeiro Narayana. Isso também é confirmado por Brahmaji no Bhagavatam (10.14.14). Krishna é o primeiro Narayana. No mundo espiritual (Vaikuntha) existem ilimitados números de Narayanas, que são todos a mesma Personalidade de Deus, Sri Krishna. A primeira forma do Senhor Sri Krishna Se expande Ele mesmo na forma de Baladeva, e Baladeva Se expande em muitas outras formas, tais quais Sankarshana, Pradyumna, Aniruddha, Vasudeva, Narayana, Purusha, Rama e Nrisimha. Todas essas expansões são a única e mesma visnu-tattva, e Sri Krishna é a fonte original de todas expansões plenárias. Ele é portanto a Personalidade de Deus direta. Ele é o criador do mundo material, e Ele é a Deidade predominante conhecida como Narayana em todos planetas Vaikuntha. Portanto, Seus movimentos entre seres humanos são outro tipo de perplexidade. O Senhor portanto diz no Bhagavad-gita que pessoas tolas O consideram como igual um dos seres humanos sem conhecerem as complexidades dos Seus movimentos.

A perplexidade a respeito de Sri Krishna é devida à ação das Suas energias interna e externa duplas sobre a terceira, chamada energia marginal. Os seres vivos são expansões de Sua energia marginal, e por isso às vezes são desnorteados pela energia interna do Senhor e às vezes pela energia externa. Pelo desnorteamento energético interno, Sri Krishna Se expande em números ilimitados de Narayanas e reciproca ou aceita serviço amoroso transcendental dos seres vivos no mundo transcendental. E por Suas expansões energéticas, Ele encarna Si próprio no mundo material entre humanos, animais ou semideuses para restabelecer Sua relação esquecida com os seres vivos em diferentes espécies de vida. Grandes autoridades tais quais Bhisma, todavia, escapam de Seu desnorteamento pela misericórdia do Senhor.

Verso 19

asyänubhävaà bhagavän
veda guhyatamaà çivaù
devarñir näradaù säkñäd
bhagavän kapilo nåpa

Ó Rei, o Senhor Shiva, Narada o sábio entre os semideuses, e Kapila, a encarnação do Supremo, todos conhecem muito confidencialmente sobre Suas glórias através do contato direto.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Devotos puros do Senhor são todos buddhas, ou pessoas que conhecem as glórias do Senhor em diferentes serviços amorosos transcendentais. Do mesmo modo que o Senhor possui expansões inumeráveis de Sua forma plenária, existem inumeráveis devotos puros do Senhor, que estão dedicados no intercâmbio de serviço de humores diferentes. Ordinariamente existem doze grandes devotos do Senhor chamados Brahma, Narada, Shiva, Kumara, Kapila, Manu, Prahlada, Bhisma, Janaka, Shukadeva Goswami, Bali Maharaja e Yamaraja. Bhismadeva embora seja um deles, só mencionou três nomes importantes dos doze que conhecem as glórias do Senhor. Srila Visvanatha Chakravarti Thakura, um dos grandes acaryas da era moderna, explica que esse anubhava, ou a glória do Senhor, é primeiramente apreciado pelo devoto em êxtase que manifesta os sintomas de transpirar, tremor, choro, erupções corpóreas, etc., que são mais incrementados pelo entendimento estável das glórias do Senhor. Esses entendimentos diferentes de bhavas são intercambiados entre Yashoda e o Senhor (amarrar o Senhor com cordas) e na direção da quadriga pelo Senhor em troca do amor com Arjuna. Essas glórias do Senhor são exibidas como Ele sendo subordinado perante Seus devotos, e esse é outro aspecto das glórias do Senhor. Shukadeva Goswami e os Kumaras, embora situados na posição transcendental, ficaram convertidos por outro tipo de bhava e se tornaram devotos puros do Senhor. Tribulações impostas sobre o devoto pelo Senhor constituem outro intercâmbio de bhava transcendental entre o Senhor e Seus devotos. O Senhor diz "Eu ponho Meu devoto em dificuldade, e assim o devoto se torna mais purificado no intercâmbio de bhava transcendental Comigo". Colocar o devoto em dificuldades materiais necessita liberá-lo das relações materiais ilusórias. As relações materiais são baseadas na reciprocidade do desfrute material, que depende principalmente de recursos materiais. Assim, quando recursos materiais são retirados pelo Senhor, o devoto fica cem por cento atraído em direção ao serviço amoroso transcendental do Senhor. Assim o Senhor arrebata a alma caída do atoleiro da existência material. Tribulações oferecidas pelo Senhor para Seu devoto são diferentes das tribulações resultantes de ação viciosa. Todas essas glórias do Senhor são especialmente conhecidas pelos grandes mahajanas tais quais Brahma, Shiva, Narada, Kapila, Kumara e Bhisma, como mencionado acima, e alguém é capaz de compreendê-las pela graça deles.

Verso 20

yaà manyase mätuleyaà
priyaà mitraà suhåttamam
akaroù sacivaà dütaà
sauhådäd atha särathim

Ó Rei, esta personalidade a qual, por ignorância somente, você pensou ser seu primo materno, seu amigo muito querido, benquerente, conselheiro, mensageiro, benfeitor, etc., é a própria Personalidade de Deus, Sri Krishna.

Iluminação de Srila Prabhupada:

O Senhor Sri Krishna, embora agisse como um primo, irmão, amigo, benquerente, conselheiro, mensageiro, benfeitor, etc., dos Pandavas, ainda era a Suprema Personalidade de Deus. Por Sua misericórdia sem causa e favor sobre Seus devotos imaculados, Ele realiza todos tipos de serviço, mas isso não significa que Ele mudou Sua posição como a Pessoa Suprema. Pensar Nele como um humano ordinário é o tipo de ignorância mais grotesco.

Verso 21

sarvätmanaù sama-dåço
hy advayasyänahaìkåteù
tat-kåtaà mati-vaiñamyaà
niravadyasya na kvacit

Porque é a Personalidade de Deus Absoluta, Ele está presente no coração de todos. Ele é igualmente bondoso com todos, e Ele é livre do ego falso da diferenciação. Portanto qualquer coisa que Ele faz é livre da embriaguez material. Ele é equilibrado.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Porque Ele é absoluto, não existe nada diferente Dele. Ele é kaivalya; não existe nada exceto Ele mesmo. Tudo e todos são a manifestação de Sua energia, e assim Ele está presente em toda parte por Sua energia, e não é diferente dela. O Sol é identificado com cada polegada dos raios solares e cada partícula molecular dos raios. Similarmente, o Senhor é distribuído por Suas energias diferentes. Ele é Paramatma ou a Superalma, presente em todos como a guia suprema, e portanto Ele já é o piloto da quadriga e conselheiro de todos seres vivos. Quando Ele, portanto, exibe Si mesmo como piloto da quadriga de Arjuna, não existe nenhuma mudança em Sua posição exaltada. É o poder do serviço devocional somente que O demonstra como o piloto da quadriga ou o mensageiro. Desde que Ele não tem nada a ver com o conceito de vida material porque Ele é identidade espiritual absoluta, não existe para Ele nenhuma ação superior ou inferior. Por ser a Personalidade de Deus Absoluta, Ele não tem ego falso, e por isso Ele não Se identifica com nada diferente Dele. O conceito material de ego é equilibrado Nele. Ele não Se sente, portanto, inferior por Se tornar o piloto da quadriga de Seu devoto puro. É a glória do devoto puro que somente ele pode provocar serviço do Senhor afetuoso.

Verso 22

tathäpy ekänta-bhakteñu
paçya bhüpänukampitam
yan me 'süàs tyajataù säkñät
kåñëo darçanam ägataù

Mesmo assim, embora Ele seja igualmente bom com todos, Ele graciosamente veio perante mim enquanto estou no término da minha vida, porque eu sou Seu servidor inabalável.

Iluminação de Srila Prabhupada:

O Supremo Senhor, a Personalidade de Deus Absoluta, Sri Krishna, embora igual para todos, ainda assim é mais inclinado pelo Seu devoto inabalável que é completamente rendido e não conhece ninguém mais como seu protetor e mestre. Ter fé inabalável no Supremo Senhor como seu protetor, amigo e mestre é a condição natural da vida eterna. Um ser vivo é feito assim pela vontade do Todo-poderoso para que ele seja mais feliz quando se coloca numa condição de dependência absoluta.

A tendência oposta é a causa da queda. O ser vivo tem essa tendência de cair por causa de se mal identificar como plenamente independente para dominar o mundo material. A causa raiz de todos problemas está aí no falso egoísmo. Deve-se aspirar em direção ao Senhor em todas circunstâncias.

O aparecimento do Senhor Krishna no leito de morte de Bhismaji é devido a ele ser um devoto inabalável do Senhor. Arjuna tinha uma certa relação corpórea com Krishna porque acontecia do Senhor ser seu primo materno. Mas Bhisma não tinha nenhuma relação corpórea. Por isso a causa da atração era devido à relação íntima da alma. Mesmo assim porque a relação do corpo é muito agradável e natural, o Senhor fica mais satisfeito quando Ele é chamado de o filho de Maharaja Nada, o filho de Yashoda, o amante de Radharani. Essa afinidade pela relação corpórea com o Senhor é outro aspecto da reciprocidade do serviço amoroso com o Senhor. Bhismadeva é consciente da doçura do humor transcendental, e por isso ele prefere chamar o Senhor de Vijaya-Sakhe, Partha-Sakhe, etc., exatamente igual Nanda-nandana ou Yashoda-nandana. O melhor caminho para estabelecer nossa relação em doçura transcendental é se aproximar Dele através de Seus devotos reconhecidos. Não se deve tentar estabelecer a relação diretamente; deve haver um meio através que seja transparente e competente para nos guiar no caminho certo.

Verso 23

bhaktyäveçya mano yasmin
väcä yan-näma kértayan
tyajan kalevaraà yogé
mucyate käma-karmabhiù

A Personalidade de Deus, que aparece na mente do devoto por devoção e meditação atenciosas e por cantar o santo nome, liberta o devoto do cativeiro de atividades lucrativas na hora de deixar o corpo material.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Yoga significa concentração da mente desapegada de todos outros assuntos. E na realidade essa concentração é samadhi, ou cem por cento de dedicação no serviço do Senhor. E aquele que concentra sua atenção dessa maneira se chama um yogi. Esse yogi devoto do Senhor se dedica vinte quatro horas diariamente no serviço do Senhor assim toda sua atenção fica absorta com pensamentos do Senhor em nove tipos de serviço devocional, a saber ouvir, cantar, lembrar, adorar, louvar, tornar-se um servo voluntário, cumprir ordens, estabelecer um relacionamento amistoso, ou oferecer tudo que possa possuir, no serviço do Senhor. Por essa prática de yoga, ou se ligar no serviço do Senhor, a pessoa é reconhecida pelo Senhor Ele mesmo, como está explicado no Bhagavad-gita sobre o mais elevado estágio de samadhi. O Senhor chama esse devoto tão raro como o melhor entre todos os yogis. Esse devoto perfeito fica capacitado pela divina graça do Senhor para concentrar a mente no Senhor com o senso perfeito de consciência, e assim por cantar Seu santo nome antes de deixar o corpo o yogi é transferido de imediato pela energia interna do Senhor para um dos planetas eternos onde não há questão de vida material e seus fatores concomitantes. Na existência material um ser vivo tem que agüentar as condições materiais das misérias triplas, vida após vida, de acordo com seu trabalho lucrativo. Uma vida material assim é produzida somente pelos desejos materiais. Serviço devocional para o Senhor não mata os desejos naturais do ser vivo, mas são aplicados na causa justa do serviço devocional. Isso qualifica o desejo para ser transferido para o céu espiritual. General Bhismadeva se refere a um tipo de yoga particular chamado bhakti-yoga, e ele foi afortunado o bastante para ter o Senhor diretamente na sua presença antes de deixar seu corpo material. Ele assim desejou que o Senhor ficasse em sua visão nos versos seguintes.

Verso 24

sa deva-devo bhagavän pratékñatäà
kalevaraà yävad idaà hinomy aham
prasanna-häsäruëa-locanollasan-
mukhämbujo dhyäna-pathaç catur-bhujaù

Que o meu Senhor, que tem quatro mãos e cuja face de lótus belamente decorada, com olhos tão vermelhos quanto o Sol nascente, sorridente, bondosamente me espere no momento quando eu deixar este corpo material.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Bhismadeva sabia bem que o Senhor Krishna é o Narayana original. Sua Deidade adorável era Narayana de quatro mãos, mas ele sabia que Narayana de quatro mãos é uma porção plenária do Senhor Krishna. Indiretamente ele queria que o Senhor Sri Krishna Se manifestasse em Seu aspecto de Narayana com quatro mãos. Um Vaishnava é sempre humilde em seu comportamento. Embora fosse cem por cento certeza que Bhismadeva se aproximava de Vaikuntha-dhama justamente depois de deixar seu corpo material, mesmo assim como um Vaishnava humilde ele desejava ver a bela face do Senhor, pois após deixar o corpo presente ele não ficaria numa posição de não poder ver o Senhor nunca mais. Um Vaishnava não é enfatuado, embora o Senhor garanta a entrada de Seu devoto puro em Sua morada. Aqui Bhismadeva diz, "enquanto eu não deixar este corpo". Isso quer dizer que o grande General deixaria seu corpo pela sua própria vontade; ele não era forçado pelas leis da natureza. Ele era tão poderoso que podia permanecer no seu corpo o tanto que desejasse. Ele obteve essa bênção de seu pai. Ele desejava que o Senhor permanecesse perante ele em Seu aspecto Narayana de quatro mãos para que pudesse se concentrar Nele e assim ficar em transe nessa meditação. Assim sua mente ficaria santificada com pensamento no Senhor. Assim ele não se importava para onde pudesse ir. Um devoto puro nunca é ansioso para voltar ao reino de Deus. Ele depende inteiramente da boa vontade do Senhor. Ele fica igualmente satisfeito mesmo se o Senhor desejar que ele vá para o inferno. O único desejo que um devoto puro cogita é que ele possa sempre estar com atenção absorta no pensamento dos pés de lótus do Senhor, de qualquer modo. Bhismadeva queria muito isso somente: que sua mente ficasse absorta no pensamento do Senhor e que ele pudesse ir embora assim. Essa é a ambição máxima de um devoto puro.

Verso 25

süta uväca
yudhiñöhiras tad äkarëya
çayänaà çara-païjare
apåcchad vividhän dharmän
åñéëäà cänuçåëvatäm

Suta Goswami disse: Maharaja Yudhisthira, depois de ouvir Bhismadeva falar naquele tom atraente, perguntou a ele, na presença de todos grandes rsis, sobre os princípios essenciais de vários deveres religiosos.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Bhismadeva, por falar naquele tom simpático, convenceu Maharaja Yudhisthira que muito em breve ele partiria. E Maharaja Yudhisthira foi inspirado pelo Senhor Sri Krishna para perguntá-lo dos princípios da religião. O Senhor Sri Krishna inspirou Maharaja Yudhisthira para perguntar a Bhismadeva na presença de muitos grandes sábios, indicando assim que o devoto do Senhor igual Bhismadeva, embora aparentemente vivesse como um homem mundano, é muito superior a muitos grandes sábios, mesmo Vyasadeva. Outro ponto é que Bhismadeva naquele momento não somente deitava num leito de morte feito de flechas, mas sofria enormemente por causa daquele estado. Ninguém devia ter feito nenhuma pergunta a ele naquele momento, mas o Senhor Sri Krishna queria provar que Seus devotos puros são sempre sadios em corpo e mente devido à iluminação espiritual, e assim em quaisquer circunstâncias um devoto do Senhor está em perfeito estado para falar do caminho de vida certo. Yudhisthira também preferiu solucionar suas questões problemáticas por perguntar a Bhismadeva em vez de perguntar a ninguém mais presente ali que fosse aparentemente mais versado do que Bhismadeva. Tudo isso é por causa do arranjo do grande carregador da roda Senhor Sri Krishna, que estabelece as glórias de Seu devoto. O pai gosta de ver seu filho ficar mais famoso do que si próprio. O Senhor declara enfaticamente que adoração do Seu devoto é mais valiosa do que a adoração do Senhor Ele mesmo.

Verso 26

puruña-sva-bhäva-vihitän
yathä-varëaà yathäçramam
vairägya-rägopädhibhyäm
ämnätobhaya-lakñaëän

Pela consulta de Maharaja Yudhisthira, Bhismadeva primeiro definiu todas as classificações de castas e ordens de vida em termos das qualificações individuais. Então sistematicamente, em duas divisões, descreveu contra-ataque pelo desapego e interação pelo apego.

Iluminação de Srila Prabhupada:

O conceito de quatro castas e quatro ordens de vida, como planejado pelo Senhor Ele mesmo (Bg. 4.13), é para acelerar qualidades transcendentais da pessoa individual para que ela possa gradualmente realizar sua identidade espiritual e assim agir de acordo para ficar livre do cativeiro material, ou vida condicional. Em quase todos os Puranas o assunto é descrito no mesmo espírito, e assim também no Mahabharata é mais elaboradamente descrito por Bhismadeva no Shanti-parva, a começar no sexto capítulo.

O varnasrama-dharma é prescrito para o ser humano civilizado justamente para treiná-lo a terminar a vida humana bem sucedida. Auto-realização é distinta da vida dos animais inferiores engajados em comer, dormir, temer e acasalar. Bhismadeva aconselhou para todos seres humanos nove qualificações: (1) não ficar irado, (2) não mentir, (3) distribuir riqueza igualmente, (4) perdoar, (5) gerar filhos somente pela esposa legítima, (6) ser puro na mente e higiênico no corpo, (7) não ser inimigo de ninguém, (8) ser simples, e (9) sustentar serventes ou subordinados. Ninguém pode ser chamado uma pessoa civilizada sem adquirir as qualidades primárias mencionadas acima. Além disso, os brahmanas (as pessoas inteligentes), as pessoas administrativas, a comunidade mercantil e a classe trabalhadora devem adquirir qualidades especiais em termos dos deveres ocupacionais mencionados em todas escrituras Védicas. Para pessoas inteligentes, controle dos sentidos é a qualificação mais essencial. É a base da moralidade. Prática sexual mesmo com a esposa legítima também tem que ser controlada, e assim controle familiar seguirá automaticamente. Uma pessoa inteligente abusa de suas grandes qualificações se não seguir o modo de vida Védico. Isso significa que deve seriamente fazer um estudo das literaturas Védicas, especialmente o Srimad Bhagavatam e o Bhagavad-gita. Para aprender conhecimento Védico, deve-se aproximar de uma pessoa que é cem por cento dedicada no serviço devocional. Não deve fazer coisas que são proibidas nos sastras. Uma pessoa não pode ser um professor se bebe ou fuma. No sistema de educação moderno a qualificação acadêmica do professor é levada em consideração sem avaliação da sua vida moral. Assim, o resultado da educação é mal uso de inteligência elevada em muitos modos.

O ksatriya, o membro da classe administrativa, é especialmente aconselhado a dar caridade e não aceitar caridade em quaisquer circunstâncias. Administradores modernos aumentam contribuições para algumas funções políticas, mas nunca dão caridade aos cidadãos em nenhuma função do estado. Isso é justamente o reverso das injunções dos sastras. A classe administrativa deve ser bem versada nos sastras, mas não devem aceitar a profissão de professores. Os administradores nunca devem pretender se tornarem não violentos e por isso irem para o inferno. Quando Arjuna quis se tornar um covarde não violento no Campo de batalha em Kurukshetra, foi severamente advertido pelo Senhor Krishna. O Senhor degradou Arjuna naquele momento para o status de uma pessoa incivilizada por sua aceitação declarada do culto da não-violência. A classe administrativa deve ser pessoalmente treinada em educação militar. Covardes não devem ser elevados ao trono presidencial por meio de votos numéricos apenas. Os monarcas eram todos personalidades cavalheirescas, e por isso monarquia deve ser mantida desde que o monarca seja regularmente treinado nos deveres ocupacionais de um rei. No combate, o rei ou o presidente nunca deve retornar ao lar sem ter sido ferido pelo inimigo. O assim chamado rei de hoje em dia nunca visita o campo de batalha. Ele é muito perito em encorajar artificialmente a força de combate na esperança de prestígio nacional falso. Logo que a classe administrativa se torna uma quadrilha de pessoas mercenárias e trabalhadores, toda a máquina do governo fica poluída.

Os vaisyas, os membros das comunidades mercantis, são especialmente avisados a proteger as vacas. Proteção à vaca significa incrementar as produções de leite, a saber coalhada e manteiga. Agricultura e distribuição de alimentos são os deveres preliminares da comunidade mercantil apoiada pela educação em conhecimento Védico e treinada para doar em caridade. Do mesmo modo que os ksatriyas são incumbidos da proteção dos cidadãos, os vaisyas são incumbidos da proteção aos animais. Animais nunca são destinados a serem mortos. Matança de animais é um sintoma de sociedade bárbara. Para um ser humano, produção agrícola, frutas e leite são alimentos suficientes e compatíveis. A sociedade humana precisa dar mais atenção à proteção animal. A energia produtiva de um trabalhador é mal usada quando está ocupada em empreendimentos industriais. Indústria de vários tipos não pode produzir as necessidades essenciais do ser humano, a saber arroz, trigo, grãos, leite, frutas e legumes. A produção de máquinas e ferramentas de máquina incrementa o modo de vida artificial de uma classe com interesses adquiridos e deixa milhares de pessoas na fome e inquietação. Esse não deve ser o padrão de civilização.

A classe sudra é menos inteligente e não deve ter independência. Eles são destinados a prestar serviço sincero para as três seções superiores da sociedade. A classe sudra pode obter todos confortos da vida simplesmente por prestar serviço para as classes superiores. É especialmente prescrito que um sudra nunca deve acumular dinheiro. Logo que os sudras acumulam riqueza, será mal usada para atividades pecaminosas em vinho, mulheres e jogo de azar. Vinho, mulheres e jogos de azar indicam que a população está degradada para menos do que a qualidade sudra. As classes mais altas devem sempre procurar a manutenção dos sudras, e devem provê-los com roupas velhas e usadas. Um sudra não deve abandonar seu patrão quando o patrão está velho e inválido, e o patrão deve manter os serventes satisfeitos em todos aspectos. Os sudras devem primeiro de tudo ficarem satisfeitos com comida suntuosa e roupas antes que qualquer sacrifício seja executado. Nesta era tantas funções são mantidas pelo gasto de milhões, mas o trabalhador pobre não é alimentado suntuosamente ou doado caridade, roupas, etc.. Os trabalhadores portanto ficam insatisfeitos assim, e por isso fazem agitação.

Os varnas são, só para dizer, classificações de ocupações diferentes, e asrama-dharma é progresso gradual no caminho da auto-realização. Ambos são interrelacionados, e um é dependente do outro. O propósito principal de asrama-dharma é despertar conhecimento e desapego. O asrama brahmacari é o campo de treinamento para candidatos prospectivos. Nesse asrama é instruído que este mundo material não é realmente o lar do ser vivo. As almas condicionadas sob cativeiro material são prisioneiras da matéria, e por isso auto-realização é o objetivo último da vida. O sistema inteiro de asrama-dharma é um meio para desapego. Aquele que falha em assimilar esse espírito de desapego é permitido entrar na vida familiar com o mesmo espírito de desapego. Portanto, aquele que alcança desapego pode imediatamente adotar a quarta ordem, a saber, renunciada, e assim viver de caridade somente, para não acumular riqueza, mas justamente para manter o corpo e alma juntos para realização última. Vida de casado é para aquele que é apegado, e as ordens de vida vanaprastha e sannyasa são para aqueles que são desapegados da vida material. O brahmacari-asrama é especialmente destinado para treinar tanto apego quanto desapego.

Verso 27

däna-dharmän räja-dharmän
mokña-dharmän vibhägaçaù
stré-dharmän bhagavad-dharmän
samäsa-vyäsa-yogataù

Ele então explicou, por divisões, atos de caridade, as atividades pragmáticas de um rei e atividades para salvação. Então ele descreveu os deveres de mulheres e devotos, tanto resumidamente quanto extensivamente.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Dar caridade é uma das principais funções de um chefe de família, e ele deve estar preparado para dar em caridade pelo menos cinqüenta por cento de seu dinheiro ganho arduamente. Um brahmacari, ou estudante, deve executar sacrifícios, um chefe de família deve dar caridade, uma pessoa na ordem de aposentadoria ou na ordem de renúncia deve praticar penitências e austeridades. Essas são as funções gerais de todos os asramas, ou ordens de vida no caminho da auto-realização. Na vida de brahmacari o treinamento é suficientemente transmitido para que a pessoa possa entender que o mundo como propriedade pertence ao Supremo Senhor, a Personalidade de Deus. Ninguém, portanto, pode alegar ser o proprietário de nada no mundo. Portanto, na vida de um chefe de família, que é uma espécie de licença para desfrute sexual, deve-se dar caridade para o serviço do Senhor. A energia de todos é gerada ou emprestada do reservatório de energia do Senhor; portanto, as ações resultantes dessa energia devem ser dadas ao Senhor na forma de serviço amoroso transcendental para Ele. Do mesmo modo que os rios extraem água do mar através das nuvens e novamente vão abaixo para o mar, similarmente nossa energia é emprestada da fonte suprema, a energia do Senhor, e ela precisa retornar para o Senhor. Essa é a perfeição de nossa energia. O Senhor, portanto, no Bhagavad-gita (9.27) diz que qualquer coisa que fazemos, qualquer coisa que nos submetemos como penitência, qualquer coisa que sacrificamos, qualquer coisa que comemos ou qualquer coisa que damos em caridade deve ser oferecida para Ele (o Senhor). Esse é o modo de utilizar nossa energia emprestada. Quando nossa energia é utilizada desse modo, nossa energia é purificada da contaminação de embriaguez material, e assim ficamos aptos para nossa vida natural original de serviço do Senhor.

Raja-dharma é uma grande ciência, diferente de diplomacia moderna para supremacia política. Os reis eram treinados sistematicamente para se tornarem generosos e não meramente coletores de imposto. Eles eram treinados para realizar diferentes sacrifícios somente para a prosperidade dos súditos. Conduzir os prajas para obtenção da salvação era o grande dever de um rei. O pai, o mestre espiritual e o rei não devem se tornar irresponsáveis na matéria de conduzir seus subordinados para o caminho da liberação última de nascimento, morte, doenças e velhice. Quando esses deveres primários são executados propriamente, não há necessidade de governo do povo, pelo povo. Nos dias modernos as pessoas em geral ocupam a administração pela força de votos manipulados, mas elas nunca são treinadas nos deveres primários do rei, e isso também não é possível para todos. Sob as circunstâncias os administradores destreinados causam estragos para fazer os súditos felizes em todos aspectos. Por outro lado, esses administradores destreinados gradualmente se tornam trapaceiros e ladrões e incrementam a carga tributária para financiar a administração pesada que é inútil para todos propósitos. Na realidade os brahmanas qualificados são destinados para dar direção aos reis para administração apropriada em termos das escrituras tais quais o Manu-samhita e Dharma-shastras de Parashara. Um rei típico é o ideal das pessoas em geral, e se o rei for piedoso, religioso, cavalheiresco e generoso, os cidadãos geralmente o seguem. Um rei desses não é uma pessoa preguiçosa sensual que vive ao custo dos súditos, mas está sempre alerta para matar ladrões e bandidos. Os reis piedosos não eram misericordiosos com bandidos e ladrões em nome de ahimsa (não violência) sem sentido. Os ladrões e bandidos eram punidos de uma forma ideal para que no futuro ninguém ousasse cometer tais estorvos de uma forma organizada. Tais ladrões e bandidos nunca são destinados para administração como são agora.

A lei tributária era simples. Não havia força, nem usurpação. O rei tinha um direito de receber um quarto da produção feita pelo súdito. O rei tinha o direito de receber um quarto da riqueza alocada de alguém. Ninguém nunca teve rancor contra isso porque devido ao rei piedoso e harmonia religiosa havia riqueza natural suficiente, a saber grãos, frutas, flores, seda, algodão, leite, jóias, minerais, etc., e por isso ninguém era materialmente infeliz. Os cidadãos eram ricos em agricultura e criação animal, e assim tinham grãos, frutas e leite o bastante sem quaisquer necessidades artificiais de sabões e toaletes, cinemas e bares.

O rei tinha que ver se a energia reservada da humanidade era utilizada apropriadamente. Energia humana não é destinada exatamente para satisfazer as propensões materiais, mas sim para auto-realização. O governo inteiro era especificamente projetado para satisfazer esse propósito particular. Assim, o rei tinha que selecionar apropriadamente os ministros de gabinete, mas não no poder da base do voto. Os ministros, os comandantes militares e mesmo os soldados ordinários eram todos selecionados por qualificação pessoal, e o rei tinha que supervisioná-los apropriadamente antes que fossem indicados para seus postos respectivos. O rei era especialmente vigilante para ver se os tapasvis, ou as pessoas que sacrificaram tudo para disseminar conhecimento espiritual, nunca fossem negligenciados. O rei sabia muito bem que a Suprema Personalidade de Deus nunca tolera qualquer insulto a Seus devotos imaculados. Esses tapasvis eram líderes confiáveis até mesmo de bandidos e ladrões, que nunca desobedeceriam as ordens de tapasvis. O rei dava proteção especial para os iletrados, para os desamparados e viúvas do estado. Medidas de defesa eram arranjadas prévias a qualquer ataque pelos inimigos. O processo tributário era fácil, e não destinado para esbanjamento, mas para fortalecimento do fundo de reserva. Os soldados eram recrutados de todas partes do mundo, e eram treinados para deveres especiais.

No que diz respeito à salvação, deve-se conquistar os princípios da luxúria, ira, desejos ilegais, avareza e desnorteamento. Para obter liberdade da ira, deve-se aprender como perdoar. Para ficar livre de desejos ilegais não se deve fazer planos. Pela cultura espiritual a pessoa se capacita para conquistar o sono. Somente pela tolerância pode-se conquistar desejos e avareza. Perturbações de várias enfermidades podem ser evitadas por dietas regulares. Pelo autocontrole pode-se ficar livre de falsas esperanças, o dinheiro pode ser poupado por evitar associação indesejada. Pela prática do yoga pode-se controlar ira, e mundanismo pode ser evitado por cultivar o conhecimento de impermanência. Vertigem pode ser conquistada por se erguer, e argumentos falsos podem ser conquistados por averiguação real. Tagarelice pode ser evitada por gravidade e silêncio, e por coragem pode-se evitar medo. Conhecimento perfeito pode ser obtido pelo auto cultivo. A pessoa deve se livrar de luxúria, avareza, ira, fantasia, etc. para realmente alcançar o caminho da salvação.

No que diz respeito à classe das mulheres, elas são aceitas como um poder de inspiração para o homem. Por isso, mulheres são mais poderosas do que homens. O poderoso Júlio César foi dominado por Cleópatra. Mulheres poderosas assim são controladas por recato. Portanto, recato é importante para mulheres. Uma vez que essa válvula de controle é aberta, mulheres podem criar destruição na sociedade pelo adultério. Adultério significa produção de crianças indesejadas conhecidas como varna-sankara, que perturbam o mundo.

O último item ensinado por Bhismadeva foi o processo de satisfazer o Senhor. Todos nós somos servos eternos do Senhor, e quando esquecemos essa parte essencial da nossa natureza somos postos em condições materiais de vida. O processo simples de satisfazer o Senhor (para os casados especialmente) é instalar a Deidade do Senhor em casa. Por se concentrar na Deidade, pode-se progressivamente seguir com o trabalho de rotina diário. Adorar a Deidade no lar, servir o devoto, ouvir Srimad Bhagavatam, residir num local sagrado e cantar o santo nome do Senhor são todos itens pouco dispendiosos pelos quais pode-se satisfazer o Senhor. Assim a matéria foi explicada pelo avô para seus netos.

Verso 28

dharmärtha-käma-mokñäàç ca
sahopäyän yathä mune
nänäkhyänetihäseñu
varëayäm äsa tattvavit

Então ele descreveu os deveres ocupacionais de ordens diferentes e status de vida, por citar exemplos da história, porque ele mesmo era bem versado com a verdade.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Ocorrências mencionadas nas literaturas Védicas, tais quais os Puranas, Mahabharata e Ramayana são narrações históricas reais que aconteceram em algum tempo no passado, embora em nenhuma ordem cronológica. Tais fatos históricos, que são instrutivos para pessoas ordinárias, eram classificados sem referência cronológica. Além disso, aconteceram em planetas diferentes, mais que isso, em universos diferentes, e por isso a descrição das narrações às vezes é medida em três dimensões. Nós estamos preocupados simplesmente com as lições instrutivas desses acontecimentos, mesmo embora não estejam em ordem pelo nosso alcance de entendimento limitado. Bhismadeva descreveu essas narrações perante Maharaja Yudhisthira em reposta às suas diferentes perguntas.

Verso 29

dharmaà pravadatas tasya
sa kälaù pratyupasthitaù
yo yoginaç chanda-måtyor
väïchitas tüttaräyaëaù

Enquanto Bhismadeva descrevia deveres ocupacionais, o curso do Sol correu dentro do hemisfério norte. Esse período é desejado por místicos que morrem por desejo próprio.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Os yogis perfeitos ou místicos podem deixar o corpo material por sua própria doce vontade em um momento adequado e irem para um planeta adequado desejado por eles. No Bhagavad-gita (8.24) é dito que almas auto-realizadas que se identificaram exatamente com o interesse do Supremo Senhor podem geralmente deixar seu corpo material durante o tempo da refulgência do deus do Sol e quando o Sol está no horizonte norte, e assim alcançar o céu transcendental. Nos Vedas esses momentos são considerados auspiciosos para deixar o corpo, e são aproveitados por místicos experientes que aperfeiçoaram o sistema. Perfeição do yoga significa alcance desses estados super mentais como ser capaz de deixar o corpo material como desejado. Yogis também podem alcançar qualquer planeta sem nenhuma demora sem um veículo material. Os yogis podem alcançar o sistema planetário mais elevado dentro de um período de tempo bem curto, e isso é impossível para o materialista. Mesmo se tentar alcançar o planeta mais elevado levará milhões de anos numa velocidade de milhões de milhas por hora. Essa é uma ciência diferente, e Bhismadeva sabia bem como utilizá-la. Ele simplesmente esperava pelo momento para deixar seu corpo material, e a oportunidade de ouro surgiu quando ele instruía seus nobres netos, os Pandavas. Ele então se preparou para deixar seu corpo perante o exaltado Senhor Sri Krishna, os Pandavas piedosos e os grandes sábios liderados por Bhagavan Vyasa, etc., todos grandes almas.

Verso 30

tadopasaàhåtya giraù sahasraëér
vimukta-saìgaà mana ädi-püruñe
kåñëe lasat-péta-paöe catur-bhuje
puraù sthite 'mélita-dåg vyadhärayat

Então aquele homem que falou sobre assuntos diferentes com milhares de significados e que lutou em milhares de campos de batalha e que protegeu milhares de pessoas, parou de falar e, completamente livre de todo cativeiro, retirou sua mente de tudo mais e fixou seus olhos bem abertos na Personalidade de Deus original, Sri Krishna, que estava em pé diante dele, quatro mãos, vestido com roupas amarelas que resplandeciam e brilhavam.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Na hora importante de deixar este corpo material, Bhismadeva deu o exemplo glorioso a respeito da função importante da forma humana de vida. O assunto que atrai a pessoa moribunda se torna o início de sua próxima vida. Portanto, se a pessoa está absorta em pensamentos do Supremo Senhor Sri Krishna, é certo que irá de volta ao Supremo sem nenhuma dúvida. Isso é confirmado no Bhagavad-gita (8.5-15):

5: E quem quer que, na hora da morte, deixa seu corpo com a lembrança exclusiva em Mim, imediatamente alcança Minha natureza. Quanto a isso não há dúvida.

6: Qualquer estado de existência que a pessoa lembre quando deixa seu corpo, ela irá alcançar esse estado sem falha.

7: Portanto, Arjuna, você deve sempre pensar em Mim na forma de Krishna e ao mesmo tempo cumprir seu dever prescrito de lutar. Com suas atividades dedicadas a Mim e com sua mente e inteligência fixos em Mim, você Me alcançará sem dúvida.

8: Aquele que medita na Suprema Personalidade de Deus, com sua mente constantemente dedicada a se lembrar de Mim, sem se desviar do caminho, ó Partha (Arjuna), com certeza Me alcançará.

9: Deve-se meditar na Pessoa Suprema como aquele que conhece tudo, como quem é o mais velho, que é o controlador, que é menor do que o menor, que é o mantenedor de tudo, que está além de todo conceito material, que é inconcebível, e que é sempre uma pessoa. Ele é luminoso como o Sol e, por ser transcendental, está além desta natureza material.

10: Aquele que, na hora da morte, fixa seu ar da vida entre as sobrancelhas e se dedica com devoção plena à lembrança do Supremo Senhor, certamente alcançará a Suprema Personalidade de Deus.

11: Pessoas eruditas nos Vedas, que pronunciam omkara e que são grandes sábios na ordem renunciada, entram no Brahman. Quem deseja essa perfeição, pratica celibato. Vou explicar para você agora esse processo pelo qual a pessoa pode obter salvação.

12: A situação do yoga é de desapego de todas ocupações sensuais. Com o fechamento de todas portas dos sentidos e com a mente fixa no coração e o ar vital no topo da cabeça, a pessoa se estabelece em yoga.

13: Depois de se situar nessa prática de yoga e vibrar a sílaba sagrada om, a combinação suprema de letras, se a pessoa pensar na Suprema Personalidade de Deus e deixar seu corpo, certamente alcançará os planetas espirituais.

14: Para aquele que se lembra de Mim sem desvio, Eu sou fácil de ser obtido, ó filho de Pritha, por causa de sua dedicação constante no serviço devocional.

15: Depois que Me alcançam, as grandes almas, que são yogis em devoção, nunca mais retornam a este mundo temporário, que é cheio de misérias, porque alcançaram a perfeição mais elevada.

Sri Bhismadeva alcançou a perfeição de deixar seu corpo por vontade própria e foi afortunado o bastante para ter o Senhor Krishna, o objeto de sua atenção, pessoalmente presente na hora da morte. Ele assim fixou seus olhos abertos Nele. Ele queria ver Sri Krishna há um longo tempo por causa de seu amor espontâneo por Ele. Porque ele era um devoto puro, ele tinha muito pouco para lidar com a execução detalhada dos princípios do yoga. Simplesmente bhakti-yoga é suficiente para trazer a perfeição. Portanto, o desejo ardente de Bhismadeva era ver a pessoa do Senhor Krishna, o objeto mais amado, e pela graça do Senhor, Sri Bhismadeva teve essa oportunidade no último estágio de sua respiração.

Verso 31

viçuddhayä dhäraëayä hatäçubhas
tad-ékñayaiväçu gatä-yudha-çramaù
nivåtta-sarvendriya-våtti-vibhramas
tuñöäva janyaà visåjaï janärdanam

Por meditação pura, a olhar para o Senhor Sri Krishna, ele imediatamente ficou livre de tudo material não auspicioso e ficou aliviado de todas dores corpóreas causadas pelos ferimentos das flechas. Assim todas atividades externas dos seus sentidos pararam imediatamente, e ele orou transcendentalmente para o controlador de todos seres vivos enquanto deixava seu corpo material.

Iluminação de Srila Prabhupada:

O corpo material é um presente da energia material, tecnicamente chamada ilusão. Identificação com o corpo material é devida ao esquecimento de nosso relacionamento eterno com o Senhor. Para um devoto puro do Senhor igual Bhismadeva, essa ilusão foi removida imediatamente logo que o Senhor chegou. O Senhor Krishna é igual o Sol, e a ilusória, energia material externa é igual escuridão. Na presença do Sol não há possibilidade da escuridão poder permanecer. Portanto, justamente na chegada do Senhor Krishna, toda contaminação material foi completamente removida, e Bhismadeva assim ficou capaz de estar situado transcendentalmente por parar as atividades dos sentidos impuros em colaboração com a matéria. A alma é originalmente pura e assim também são os sentidos. Pela contaminação material os sentidos assumem o papel da imperfeição e impureza. Por reviver o contato com o Supremo Puro, Senhor Krishna, os sentidos novamente ficam livres das contaminações materiais. Bhismadeva alcançou todas essas condições transcendentais previamente a deixar o corpo material por causa da presença do Senhor. O Senhor é o controlador e benfeitor de todos seres vivos. Esse é o veredito de todos Vedas. Ele é a suprema eternidade e ser vivo entre todos os seres vivos eternos. * E somente Ele provê todas necessidades para todos tipos de seres vivos. Assim Ele providenciou todas facilidades para satisfazer os desejos transcendentais de Seu grande devoto Sri Bhismadeva, que começou a orar como se segue.

[* nityo nityanam cetanas cetananam / eko bahunam yo vidadhati kaman (Katha Upanishad)].

Verso 32

çré-bhéñma uväca
iti matir upakalpitä vitåñëä
bhagavati sätvata-puìgave vibhümni
sva-sukham upagate kvacid vihartuà
prakåtim upeyuñi yad-bhava-pravähaù

Bhismadeva disse: Agora deixe-me investir meu pensamento, sentimento e disposição, que ficaram tanto tempo engajados em assuntos e deveres ocupacionais diferentes, no todo-poderoso Senhor Sri Krishna. Ele é sempre auto-satisfeito, mas às vezes, por ser o líder dos devotos, Ele desfruta prazer transcendental por descender ao mundo material, embora somente Dele o mundo material é criado.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Porque Bhismadeva era um homem de estado, o líder da dinastia Kuru, um grande general e um líder dos ksatriyas, sua mente estava dispersa em muitos assuntos, e seu pensar, sentir e desejar estavam engajados em assuntos diferentes. Agora, a fim de alcançar serviço devocional puro, ele quis investir todos poderes de pensar, sentir e desejar inteiramente no Ser Supremo, Senhor Krishna. Ele é descrito aqui como o líder dos devotos e todo-poderoso. Embora o Senhor Krishna seja a Personalidade de Deus original, Ele em Pessoa descende à Terra para conceder sobre Seus devotos puros a bênção do serviço devocional. Ele descende às vezes como Senhor Krishna como Ele é, e às vezes como Senhor Chaitanya. Ambos são líderes dos devotos puros. Devotos puros do Senhor não têm nenhum outro desejo além do serviço do Senhor, e por isso são chamados satvata. O Senhor é o líder entre esses satvatas. Bhismadeva, então, não tinha outros desejos. A menos que alguém esteja purificado de todos tipos de desejos materiais, o Senhor não Se torna o líder da pessoa. Desejos não podem ser apagados, eles têm apenas que serem purificados. É confirmado no Bhagavad-gita pelo Senhor em Pessoa que Ele dá Sua instrução de dentro do coração de um devoto puro que está constantemente dedicado no serviço do Senhor. Essa instrução não é dada para nenhum propósito material mas somente para ir de volta ao lar, de volta ao Supremo (Bg. 10.10). Para a pessoa ordinária que deseja dominar a natureza material, o Senhor não somente sanciona e Se torna uma testemunha das atividades, mas Ele nunca dá para o não devoto instruções para ir de volta ao Supremo. Essa é a diferença entre o lidar com relações pelo Senhor com seres vivos diferentes, tanto o devoto quanto o não devoto. Ele é o líder de todos seres vivos, do mesmo modo que o rei do estado governa tanto prisioneiros quanto cidadãos livres. Mas Seus relacionamentos são diferentes em termos de devoto e não devoto. Os não devotos nunca se preocupam em aceitar qualquer instrução do Senhor, e por isso o Senhor fica silencioso no caso deles, embora Ele testemunhe todas atividades deles e conceda a eles os resultados necessários, bons ou maus. Os devotos estão acima dessa bondade e maldade materiais. Eles são progressivos no caminho da transcendência, portanto não têm nenhum desejo por nada material. O devoto também conhece Sri Krishna como o Narayana original porque o Senhor Sri Krishna, por Sua porção plenária, aparece como o Karanodakashayi Vishnu, a fonte original de toda criação material. O Senhor também deseja a associação dos Seus devotos puros, e por eles somente o Senhor descende à Terra e os anima. O Senhor aparece por Sua própria vontade. Ele não é forçado pelas condições da natureza material. Por isso Ele é descrito aqui como o vibhu, como o todo-poderoso, porque Ele nunca é condicionado pelas leis da natureza material.

Verso 33

tri-bhuvana-kamanaà tamäla-varëaà
ravi-kara-gaura-varämbaraà dadhäne
vapur alaka-kulävåtänanäbjaà
vijaya-sakhe ratir astu me 'navadyä

Sri Krishna é o amigo íntimo de Arjuna. Ele apareceu neste mundo em Seu corpo transcendental, que se assemelha com a cor azulada da árvore tamala. Seu corpo atrai todos nos três sistemas planetários (superior, intermediário e inferior). Que Sua roupa amarelo reluzente e Sua face de lótus, coberta com pinturas de polpa de sândalo, seja o objeto da minha atração, e que eu não deseje resultados lucrativos.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Quando Sri Krishna pelo Seu próprio prazer interno aparece na Terra, Ele faz isso pela agência de Sua potência interna. As características atraentes de Seu corpo transcendental são desejadas em todos os três mundos, a saber os sistemas planetários superior, intermediário e inferior. Em nenhum lugar do universo existem esses belos aspectos corpóreos como os do Senhor Krishna. Portanto Seu corpo transcendental não tem nada a ver com nada criado materialmente. Arjuna é descrito aqui como o conquistador, e Krishna é descrito como seu amigo íntimo. Bhismadeva, sobre seu leito de flechas depois da Batalha de Kurukshetra, lembra-se da roupa particular do Senhor Krishna que Ele usou quando foi o piloto da quadriga de Arjuna. Enquanto a luta prosseguia entre Arjuna e Bhisma, a atração de Bhisma foi puxada pela roupa reluzente de Krishna, e indiretamente ele admirou seu assim chamado inimigo Arjuna por possuir o Senhor como seu amigo. Arjuna sempre foi um conquistador porque o Senhor era seu amigo. Bhismadeva aproveitou essa oportunidade para chamar o Senhor de vijaya-sakhe (amigo de Arjuna) porque o Senhor fica feliz quando Ele é chamado conjuntamente com Seus devotos, que são relacionados com Ele em humores transcendentais diferentes. Quando Krishna foi piloto da quadriga de Arjuna, raios solares reluziam na roupa do Senhor, e a bela tonalidade criada pelo reflexo desses raios nunca foi esquecida por Bhismadeva. Como um grande guerreiro ele saboreava a relação com Krishna no humor cavalheiresco. Relação transcendental com o Senhor em qualquer um dos rasas (humores) diferentes é saboreada pelos devotos respectivos no êxtase mais elevado. Mundanos menos inteligentes que querem fazer uma exibição de serem transcendentalmente relacionados com o Senhor artificialmente saltam de imediato para a relação de amor conjugal, por imitar as donzelas de Vrajadhama. Uma relação com o Senhor barata assim exibe apenas a mentalidade básica do mundano porque aquele que saboreou humor conjugal com o Senhor não pode ficar apegado ao rasa conjugal mundano, que é condenado até mesmo pela ética mundana. A relação eterna de uma alma particular com o Senhor é evoluída. Uma relação genuína do ser vivo com o Supremo Senhor pode tomar qualquer forma entre os cinco rasas principais, e isso não faz nenhuma diferença no grau transcendental de um devoto genuíno. Bhismadeva é um exemplo concreto disso, e deve-se observar cuidadosamente como o grande general é relacionado transcendentalmente com o Senhor.

Verso 34

yudhi turaga-rajo-vidhümra-viñvak-
kaca-lulita-çramaväry-alaìkåtäsye
mama niçita-çarair vibhidyamäna-
tvaci vilasat-kavace 'stu kåñëa ätmä

No campo de batalha (onde Sri Krishna atendeu Arjuna por amizade), o cabelo solto do Senhor Krishna ficou cinzento devido à poeira levantada pelos cascos dos cavalos. E por causa de Seu labor, gotas de suor molharam Sua face. Todas essas decorações, intensificadas pelas feridas feitas por minhas flechas afiadas, foram apreciadas por Ele. Que a minha mente então vá para Sri Krishna.

Iluminação de Srila Prabhupada:

O Senhor é a forma absoluta de eternidade, bem-aventurança e conhecimento. Assim, serviço amoroso transcendental para o Senhor em uma das cinco relações principais, a saber santa, dasya, sakhya, vatsalya e madhurya, ou seja, neutralidade, servidão, fraternidade, afeição filial e amor conjugal, é graciosamente aceito pelo Senhor quando oferecido para o Senhor em amor e afeição genuínos. Sri Bhismadeva é um grande devoto do Senhor na relação de servidão. Assim ele atirar flechas afiadas no corpo transcendental do Senhor é tão bom quanto a adoração de outro devoto que joga rosas macias sobre Ele.

Parece que Bhismadeva está arrependido das ações que ele cometeu contra a pessoa do Senhor. Mas na realidade o corpo do Senhor não foi machucado de jeito nenhum, por causa de Sua existência transcendental. Seu corpo não é matéria. Tanto Ele em Pessoa quanto Seu corpo são identidade espiritual. Espírito nunca é perfurado, queimado, seco, molhado, etc.. Isso é explicado vividamente no Bhagavad-gita. E também está afirmado no Skanda Purana. É dito lá que espírito é sempre incontaminado e indestrutível. Não pode ser atormentado, nem pode ser seco. Quando o Senhor Vishnu em Sua encarnação aparece perante nós, Ele aparenta ser igual uma das almas condicionadas, encarceradas materialmente, justamente para confundir os asuras, ou descrentes, que estão sempre alertas para matar o Senhor, mesmo desde o início de Seu aparecimento. Kamsa queria matar Krishna, e Ravana queria matar Rama, porque estupidamente eles não sabiam do fato que o Senhor nunca é morto, porque o espírito nunca é aniquilado.

Portanto Bhismadeva perfurar o corpo do Senhor Krishna é um tipo de problema perturbante para o não devoto ateísta, mas aqueles que são devotos, ou almas liberadas, não ficam confusos.

Bhismadeva apreciou a todo-misericordiosa atitude do Senhor porque Ele não abandonou Arjuna sozinho, embora estivesse ferido pelas flechas afiadas de Bhismadeva, nem ficou relutante em ir perante o leito de morte de Bhisma, mesmo embora Ele foi maltratado por ele no campo de batalha. O arrependimento de Bhisma e a atitude misericordiosa do Senhor são ambas sem igual nesse quadro.

Sri Visvanatha Chakravarti Thakura, um grande acarya e devoto no humor de amor conjugal com o Senhor, observa bem salientemente nesse sentido. Ele diz que as feridas criadas no corpo do Senhor pelas flechas afiadas de Bhismadeva eram tão agradáveis para o Senhor quanto a mordida de uma noiva que morde o corpo do Senhor diretamente por causa de um forte sentimento de desejo sexual. Uma mordida assim pelo sexo oposto nunca é aceita como um sinal de inimizade, mesmo se fizer uma ferida no corpo. Portanto, a luta como um intercâmbio de prazer transcendental entre o Senhor e Seu devoto puro, Sri Bhismadeva, não era mundana de jeito nenhum. Além disso, porque o corpo do Senhor e o Senhor são idênticos, não havia possibilidade de ferimentos no corpo absoluto. As feridas aparentes causadas pelas flechas afiadas são para confundir a pessoa comum, mas alguém que tem um pouco de conhecimento absoluto pode entender o intercâmbio transcendental na relação cavalheiresca. O Senhor ficou perfeitamente feliz com as feridas causadas pelas flechas afiadas de Bhismadeva. A palavra vibhidyamana é significativa porque a pele do Senhor não é diferente do Senhor. Porque nossa pele é diferente de nossa alma, em nosso caso a palavra vibhidyamana, ou ser machucada ou cortada, poderia ser bem adequada. Bem-aventurança transcendental é de diferentes variedades e a variedade das atividades no mundo mundano é qualitativamente mundana, é cheia de embriaguez, enquanto no reino absoluto, porque tudo é da mesma natureza absoluta, existem variedades de desfrute sem embriaguez. O Senhor apreciou as feridas criadas pelo Seu grande devoto Bhismadeva, e porque Bhismadeva é um devoto na relação cavalheiresca, ele fixa sua mente em Krishna nessa condição de ferido.

Verso 35

sapadi sakhi-vaco niçamya madhye
nija-parayor balayo rathaà niveçya
sthitavati para-sainikäyur akñëä
håtavati pärtha-sakhe ratir mamästu

Em obediência ao comando de Seu amigo, o Senhor Sri Krishna entrou na arena do Campo de Batalha em Kurukshetra entre os soldados de Arjuna e Duryodhana, e quando estava ali Ele encurtou as durações de vida do partido oposto por Seu olhar misericordioso. Isso foi feito simplesmente por Ele olhar para o inimigo. Que minha mente fique fixa nesse Krishna.

Iluminação de Srila Prabhupada:

No Bhagavad-gita (1.21-25) Arjuna ordenou ao infalível Senhor Sri Krishna para posicionar sua quadriga entre as falanges dos soldados. Ele disse para Ele permanecer ali até que ele terminasse de observar os inimigos que teria de enfrentar na batalha. Quando o Senhor foi assim solicitado, Ele imediatamente atendeu, justamente igual um cumpridor de ordens. E o Senhor apontou todos os homens importantes no lado oposto, ao dizer, "Aqui está Bhisma, aqui está Drona", e assim por diante. O Senhor, porque é o ser vivo supremo, nunca é o provedor de ordens ou cumpridor de ordens de ninguém, quem quer que seja. Mas por causa de Sua misericórdia sem causa e afeição pelos Seus devotos puros, às vezes Ele cumpre a ordem do devoto como um servente prestativo. Por executar a ordem de um devoto, o Senhor fica feliz, como um pai fica feliz ao cumprir a ordem de seu filho pequeno. Isso só é possível pelo amor transcendental puro entre o Senhor e Seus devotos, e Bhismadeva era bem ciente sobre esse fato. Por isso ele chamou o Senhor de amigo de Arjuna.

O Senhor diminuiu a duração de vida do partido oposto pelo Seu olhar misericordioso. É dito que todos os guerreiros que se reuniram no Campo de Batalha em Kurukshetra alcançaram salvação por verem pessoalmente o Senhor na hora da morte. Portanto, Ele diminuir a duração de vida do inimigo de Arjuna não significa que Ele foi parcial com a causa de Arjuna. Na realidade Ele foi misericordioso com o partido oposto porque eles não teriam alcançado salvação por morrerem em casa no curso ordinário da vida. Portanto, o Senhor é todo bom, e qualquer coisa que Ele faça é para o bem de todos. Aparentemente foi para a vitória de Arjuna, Seu amigo íntimo, mas na realidade foi para o bem dos inimigos de Arjuna. Assim são as atividades transcendentais do Senhor, e quem quer que entenda isso também obtém salvação depois de deixar este corpo material. O Senhor não faz nada errado em nenhuma circunstância porque Ele é absoluto, todo bom em todos momentos.

Verso 36

vyavahita-påtanä-mukhaà nirékñya
sva-jana-vadhäd vimukhasya doña-buddhyä
kumatim aharad ätma-vidyayä yaç
caraëa-ratiù paramasya tasya me 'stu

Quando Arjuna ficou aparentemente poluído por ignorância ao observar os soldados e comandantes perante ele no campo de batalha, o Senhor erradicou sua ignorância por conceder conhecimento transcendental. Que Seus pés de lótus sempre permaneçam o objeto da minha atração.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Os reis e os comandantes deviam ficar no fronte dos soldados guerreiros. Assim era o sistema do combate real. Os reis e comandantes não eram assim chamados presidentes e ministros da defesa como são hoje em dia. Eles não ficavam em casa enquanto os pobres soldados ou mercenários lutavam face a face. Essa pode ser a regulação da democracia moderna, mas quando a monarquia verdadeira prevalecia, os monarcas não eram covardes eleitos sem consideração de qualificação. Como é evidente na Batalha de Kurukshetra, todos os líderes executivos de ambos partidos, tais quais Drona, Bhisma, Arjuna e Duryodhana, não estavam dormindo; todos eles eram participantes reais no combate, que foi selecionado para ser executado em um local longe das quadras residenciais de civis. Isso quer dizer que os cidadãos inocentes eram imunes a todos efeitos do combate entre os partidos reais rivais. Os cidadãos não tinham nenhuma obrigação de verem o que aconteceria durante um combate desses. Eles tinham que pagar um quarto de seu ganho para o governante, seja ele Arjuna ou Duryodhana. Todos os comandantes dos partidos no Campo de batalha em Kurukshetra estavam posicionados face a face, e Arjuna os visualizou com grande compaixão e lamentou que ele teria de matar seus familiares no campo de batalha para o bem do império. Ele não estava nenhum pouco com medo da falange militar gigantesca apresentada por Duryodhana, mas como um devoto misericordioso do Senhor, renúncia das coisas mundanas era natural para ele, então ele decidiu não lutar por posses materiais. Mas isso foi devido a um pobre fundo de conhecimento, e por isso é dito aqui que sua inteligência ficou poluída. Sua inteligência não podia ficar poluída em momento nenhum porque ele era um devoto e companheiro constante do Senhor, como está claro no Quarto Capítulo do Bhagavad-gita. Aparentemente a inteligência de Arjuna ficou poluída porque se não fosse assim não teria a chance de conceder os ensinamentos do Bhagavad-gita para o bem de todas almas condicionadas poluídas engajadas no cativeiro material pelo conceito do corpo material falso. O Bhagavad-gita foi concedido para as almas condicionadas do mundo para liberá-las do forte conceito de identificar o corpo com a alma e para restabelecer a relação eterna da alma com o Supremo Senhor. Atma-vidya, ou conhecimento transcendental Dele em Pessoa, foi principalmente falado pelo Senhor para o benefício de todos os interessados em todas partes do universo.

Verso 37

sva-nigamam apahäya mat-pratijïäm
åtam adhikartum avapluto rathasthaù
dhåta-ratha-caraëo 'bhyayäc caladgur
harir iva hantum ibhaà gatottaréyaù

Satisfez meu desejo e sacrificou Sua própria promessa, Ele levantou da quadriga, pegou sua roda, e correu em minha direção apressadamente, justamente igual um leão avança para matar um elefante. Ele até mesmo deixou cair Suas roupas exteriores no percurso.

Iluminação de Srila Prabhupada:

A Batalha de Kurukshetra foi travada sobre princípios militares mas ao mesmo tempo em espírito esportivo, igual uma luta entre um amigo e outro amigo. Duryodhana criticou Bhismadeva, alegou que ele estava relutante em matar Arjuna por causa da afeição paternal. Um ksatriya não pode tolerar insultos no princípio da luta. Bhismadeva então prometeu que no próximo dia ele mataria todos os cinco Pandavas com armas especiais feitas para esse propósito. Duryodhana ficou satisfeito, e ficou com as flechas para serem entregues no dia seguinte durante o combate. Com truques Arjuna pegou as flechas de Duryodhana, e Bhismadeva pôde entender que esse era um truque do Senhor Krishna. Assim ele fez um juramento que no dia seguinte Krishna teria que pegar em armas Ele Mesmo, senão Seu amigo Arjuna morreria. No combate do dia seguinte Bhismadeva lutou tão violentamente que ambos Arjuna e Krishna ficaram em dificuldade. Arjuna estava quase para ser derrotado; a situação estava tão tensa que ele iria ser morto por Bhismadeva no próximo momento. Nesse momento o Senhor Krishna queria satisfazer Seu devoto, Bhisma, por manter o juramento de Bhisma, que era mais importante do que o Seu próprio. Aparentemente Ele quebrou Sua própria promessa. Ele prometeu antes do começo da Batalha de Kurukshetra que Ele permaneceria sem arma e não usaria Seu poder para nenhum dos dois partidos. Mas para proteger Arjuna Ele saiu da quadriga, pegou a roda da quadriga correu apressadamente em direção a Bhismadeva num humor irado, do mesmo modo que um leão vai para matar um elefante. Ele deixou cair sua capa de cobertura no percurso, e por causa de muita ira Ele não percebeu que tinha deixado cair. Bhismadeva imediatamente largou suas armas e ficou em pé para ser morto por Krishna, seu Senhor amado. A luta do dia assim encerrou naquele mesmo momento, e Arjuna foi salvo. Claro que não havia possibilidade da morte de Arjuna porque o Senhor em Pessoa estava na quadriga, mas porque Bhismadeva queria ver o Senhor Krishna pegar alguma arma para salvar Seu amigo, o Senhor criou essa situação, e fez a morte de Arjuna ser iminente. Ele ficou perante Bhismadeva para mostrar a ele que sua promessa foi cumprida e que Ele pegou a roda.

Verso 38

çita-viçikha-hato viçérëa-daàçaù
kñataja-paripluta ätatäyino me
prasabham abhisasära mad-vadhärthaà
sa bhavatu me bhagavän gatir mukundaù

Que Ele, Senhor Sri Krishna, a Personalidade de Deus, quem concede salvação, seja meu destino último. No campo de batalha Ele me atacou, como se estivesse irado por causa das feridas feitas por minhas flechas afiadas. Seu escudo foi espatifado, e Seu corpo estava manchado de sangue devido às feridas.

Iluminação de Srila Prabhupada:

As relações do Senhor Krishna e Bhismadeva na Batalha de Kurukshetra são interessantes porque as atividades do Senhor Sri Krishna pareciam ser parciais para Arjuna e por inimizade com Bhismadeva; mas na realidade tudo isso foi especialmente destinado para mostrar favor especial para Bhismadeva, um grande devoto do Senhor. A característica surpreendente dessas relações é que um devoto pode satisfazer o Senhor por fazer o papel de um inimigo. O Senhor, por ser absoluto, pode aceitar serviço de Seu devoto puro mesmo na vestimenta de inimigo. O Supremo Senhor não tem nenhum inimigo, nem nenhum assim chamado inimigo pode feri-Lo porque Ele é ajita, ou inconquistável. Mas ainda assim Ele sente prazer quando Seus devotos puros batem Nele igual um inimigo ou O repreendem de uma posição superior, embora ninguém possa ser superior ao Senhor. Essas são algumas relações recíprocas transcendentais do devoto com o Senhor. E aqueles que não têm nenhuma informação do serviço devocional puro não podem penetrar no mistério dessas relações. Bhismadeva fez o papel de um guerreiro valente, e ele propositalmente perfurou o corpo do Senhor para que aos olhos comuns parecesse que o Senhor estava ferido, mas na realidade tudo isso foi para confundir os não devotos. O corpo todo-espiritual não pode ser ferido, e um devoto não pode se tornar um inimigo do Senhor. Se fosse assim, Bhismadeva não teria desejado ter esse mesmo Senhor como o destino último da sua vida. Se Bhismadeva fosse um inimigo do Senhor, o Senhor Krishna poderia aniquilá-lo mesmo sem Se mover. Não havia necessidade de ir perante Bhismadeva com sangue e feridas. Mas Ele fez isso porque o devoto guerreiro queria ver a beleza transcendental do Senhor decorado com feridas criadas por um devoto puro. Assim é o modo de intercambiar rasa transcendental, ou relações entre o Senhor e o servidor. Por essas relações tanto o Senhor quanto o devoto se tornam glorificados em suas posições respectivas. O Senhor estava tão irado que Arjuna O impediu quando Ele Se movia em direção a Bhismadeva, mas apesar de Arjuna impedi-Lo, Ele procedeu em direção a Bhismadeva do mesmo modo que um amante corre para uma amada, sem se importar com impedimentos. Aparentemente Sua intenção era matar Bhismadeva, mas na realidade foi para satisfazê-lo como um grande devoto do Senhor. O Senhor é indubitavelmente o libertador de todas almas condicionadas. Os impersonalistas desejam salvação Dele, e Ele sempre concede a eles de acordo com suas aspirações, mas aqui Bhismadeva aspira ver o Senhor em Seu aspecto pessoal. Todos devotos puros aspiram por isso.

Verso 39

vijaya-ratha-kuöumba ätta-totre
dhåta-haya-raçmini tac-chriyekñaëéye
bhagavati ratir astu me mumürñor
yam iha nirékñya hatä gatäù sva-rüpam

No momento da morte, que minha última atração seja para Sri Krishna, a Personalidade de Deus. Eu concentro minha mente no piloto da quadriga de Arjuna que estava com um chicote em Sua mão direita e a rédea de controle em Sua esquerda, que foi muito cuidadoso para dar proteção à quadriga de Arjuna por todos os meios. Aqueles que O viram na Batalha de Kurukshetra alcançaram suas formas originais depois da morte.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Um devoto puro do Senhor constantemente vê a presença do Senhor dentro de si mesmo por estar transcendentalmente situado relacionado pelo serviço devocional. Um devoto puro assim não pode esquecer o Senhor nem por um momento. Isso se chama transe. O místico (yogi) tenta se concentrar na Superalma por controlar os sentidos de todas obrigações, e assim ele atinge samadhi ultimamente. Um devoto mais facilmente atinge samadhi, ou transe, por se lembrar constantemente do aspecto pessoal do Senhor junto com Seu santo nome, fama, passatempos, etc.. Portanto, a concentração do yogi místico e a do devoto não estão no mesmo nível. A concentração do místico é mecânica, enquanto a do devoto puro é natural em amor puro e afeição espontânea. Bhismadeva era um devoto puro, e como um marechal militar ele se lembrava constantemente do aspecto do campo de batalha do Senhor como Partha-sarathi, o piloto da quadriga de Arjuna. Portanto, o passatempo do Senhor como Partha-sarathi também é eterno. Os passatempos do Senhor, a começar de Seu nascimento na prisão de Kamsa até o mausala-lila no fim, todos se movem um após o outro em todos os universos, justamente igual um ponteiro de relógio se move de um ponto a outro. E nesses passatempos Seus associados tais quais os Pandavas e Bhisma são companheiros eternos constantes. Assim Bhismadeva nunca esqueceu o belo aspecto do Senhor como Partha-sarathi, que nem mesmo Arjuna pôde ver. Arjuna estava atrás do belo Partha-sarathi enquanto Bhismadeva estava bem na frente do Senhor. Em relação à característica militar do Senhor, Bhismadeva observou isso com mais deleite do que Arjuna.

Todos os soldados e pessoas na Batalha de Kurukshetra atingiram sua forma espiritual original igual o Senhor depois de sua morte porque pela misericórdia sem causa do Senhor eles foram capazes de vê-Lo face a face naquela ocasião. As almas condicionadas que giram no ciclo evolucionário desde os aquáticos até a forma de Brahma estão todas na forma de maya, a forma obtida de acordo com suas próprias ações e concedida pela natureza material. As formas materiais das almas condicionadas são todas vestimentas estranhas, e quando a alma condicionada se torna liberada das garras da energia material, atinge sua forma original. Os impersonalistas querem alcançar a refulgência Brahman impessoal do Senhor, mas isso não é nenhum pouco conveniente para as centelhas vivas, partes e parcelas do Senhor. Portanto, os impersonalistas caem novamente para baixo e obtêm formas materiais, que são todas falsas para a alma espiritual. Uma forma espiritual igual o Senhor, tanto de duas mãos quanto quatro mãos, é alcançada pelos devotos do Senhor ou nos planetas Vaikuntha ou no planeta Goloka Vrindavana, de acordo com a natureza original da alma. Essa forma, que é cem por cento espiritual, é o svarupa do ser vivo, e todos os seres vivos que participaram da Batalha de Kurukshetra, em ambos os lados, atingiram seu svarupa, como confirmado por Bhismadeva. Assim o Senhor Sri Krishna não foi misericordioso somente com os Pandavas; Ele também foi misericordioso com os outros participantes porque todos eles atingiram o mesmo resultado. Bhismadeva queria a mesma facilidade também, e assim foi sua prece para o Senhor, embora sua posição como um associado do Senhor seja assegurada em todas circunstâncias. A conclusão é quem quer que morra olhando para a Personalidade de Deus internamente ou externamente atinge seu svarupa, que é a perfeição de vida mais elevada.

Verso 40

lalita-gati-viläsa-valguhäsa-
praëaya-nirékñaëa-kalpitorumänäù
kåta-manu-kåta-vatya unmadändhäù
prakåtim agan kila yasya gopa-vadhvaù

Que minha mente fique fixa no Senhor Sri Krishna, cujos movimentos e sorrisos de amor atraiu as donzelas de Vrajadhama (as gopis). As donzelas imitaram os movimentos característicos do Senhor (depois de Seu desaparecimento da dança rasa).

Iluminação de Srila Prabhupada:

Pelo êxtase intenso no serviço amoroso, as donzelas de Vrajabhumi alcançaram unidade qualitativa com o Senhor por dançar com Ele num nível igual, abraçá-Lo em amor nupcial, sorrir para Ele com graça, e olhar para Ele com uma atitude amorosa. A relação do Senhor com Arjuna é indubitavelmente digna de louvor por devotos iguais Bhismadeva, mas a relação das gopis com o Senhor é ainda mais louvável por causa do serviço amoroso delas ainda mais purificado. Pela graça do Senhor, Arjuna foi afortunado o bastante para ter o serviço fraterno do Senhor como piloto da quadriga, mas o Senhor não dotou Arjuna com poder igual. As gopis, entretanto, praticamente se tornaram unas com o Senhor por alcançarem pé de igualdade com o Senhor. A aspiração de Bhisma para lembrar as gopis é uma prece para ter a misericórdia delas também no último estágio de sua vida. O Senhor fica mais feliz quando Seus devotos puros são glorificados, e por isso Bhismadeva não somente glorificou os atos de Arjuna, seu objeto imediato de atração, mas ele também lembrou as gopis, que eram dotadas com oportunidades inigualáveis por prestarem serviço amoroso para o Senhor. A igualdade das gopis com o Senhor nunca deve ser confundida como igual à liberação sayujya do impersonalista. A igualdade é uma de êxtase perfeito onde o conceito diferencial é completamente erradicado, para que os interesses do amante e da amada tornem-se idênticos.

verso 41

muni-gaëa-nåpa-varya-saìkule 'ntaù-
sadasi yudhiñöhira-räjasüya eñäm
arhaëam upapeda ékñaëéyo
mama dåçi-gocara eña ävir ätmä

No Rajasuya-yajña (sacrifício) executado por Maharaja Yudhisthira houve a maior assembléia de todas pessoas de elite do mundo, ordens real e erudita, e nessa grande assembléia o Senhor Sri Krishna foi adorado por cada um e todos como a mais exaltada Personalidade de Deus. Isso aconteceu durante minha presença, e eu lembro o incidente para manter minha mente no Senhor.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Depois de obter vitória na Batalha de Kurukshetra, Maharaja Yudhisthira, o Imperador do mundo, realizou a cerimônia de sacrifício Rajasuya. O imperador, naqueles dias, com sua ascensão ao trono, mandava um cavalo de desafio por todo o mundo para declarar sua supremacia, e qualquer príncipe ou rei governante tinha a liberdade de aceitar o desafio e expressar sua vontade tácita tanto para obedecer ou quanto para desobedecer a supremacia do imperador particular. Aquele que aceitava o desafio tinha que lutar com o imperador e estabelecer sua própria supremacia pela vitória. O desafiante derrotado tinha que sacrificar sua vida, e deixar o lugar para outro rei ou governante. Assim Maharaja Yudhisthira também despachou esses cavalos desafiadores por todo o mundo, e todo príncipe e rei governante em todo o mundo aceitou a liderança de Maharaja Yudhisthira como o Imperador do mundo. Depois disso, todos os governantes do mundo sob o regime de Maharaja Yudhisthira foram convidados para participar na grande cerimônia de sacrifício do Rajasuya. Essas realizações requeriam centenas de milhões de dólares, e não era uma tarefa fácil para um pequeno rei. Uma cerimônia de sacrifício assim, por ser muito dispendiosa e também difícil de executar sob as circunstâncias presentes, agora é impossível nesta era de Kali. Nem ninguém pode assegurar a equipe de sacerdotes experientes para se encarregar da cerimônia.

Assim, depois de serem convidados, todos os reis e grandes sábios eruditos do mundo se reuniram na capital de Maharaja Yudhisthira. A sociedade intelectual, inclusive grandes filósofos, teólogos, médicos, cientistas e todos grandes sábios, foi convidada. O que dizer dos brahmanas e dos kshatriyas que eram as pessoas de liderança mais alta na sociedade, e todos foram convidados para participar na assembléia. Os vaisyas e sudras eram elementos sem importância na sociedade, e não são mencionados aqui. Devido à mudança das atividades sociais na era moderna, as pessoas importantes também mudaram em termos de posições ocupacionais.

Assim nessa grande assembléia, o Senhor Sri Krishna era o centro de atração dos olhos vizinhos. Todos queriam ver o Senhor Krishna, e todos queriam prestar seus humildes respeitos para o Senhor. Bhismadeva lembrou tudo isso e estava feliz porque seu Senhor adorado, a Personalidade de Deus, estava presente perante ele em Sua presença formal real. Por isso para meditar no Supremo Senhor é meditar nas atividades, forma, passatempos, nome e fama do Senhor. Isso é mais fácil do que se imagina como meditação no aspecto impessoal do Supremo. No Bhagavad-gita (12.5) está claramente afirmado que meditar no aspecto impessoal do Senhor é muito difícil. É praticamente meditação nenhuma ou simplesmente uma perda de tempo porque muito raramente o resultado é obtido. Os devotos, entretanto, meditam na forma e passatempos reais do Senhor, e por isso o Senhor é facilmente aproximável pelos devotos. Isso também está afirmado no Bhagavad-gita (12.9). O Senhor não é diferente de Suas atividades transcendentais. Também está indicado neste sloka que o Senhor Sri Krishna, enquanto realmente presente perante a sociedade humana, especialmente em conexão com a Batalha de Kurukshetra, era aceito como a maior personalidade da época, embora Ele possa não ser reconhecido como a Suprema Personalidade de Deus. A propaganda de que uma pessoa muito grandiosa é adorada como Deus depois da sua morte é muito errônea porque uma pessoa depois de sua morte não pode ser transformada em Deus. Nem a Personalidade de Deus pode ser um ser humano, mesmo quando Ele está presente pessoalmente. Ambas idéias são equívocos. A idéia de antropomorfismo não pode ser aplicável no caso do Senhor Krishna.

Verso 42

tam imam aham ajaà çaréra-bhäjäà
hådi hådi dhiñöhitam ätma-kalpitänäm
pratidåçam iva naikadhärkam ekaà
samadhi-gato 'smi vidhüta-bheda-mohaù

Agora eu posso meditar com concentração plena nesse Senhor, Sri Krishna, agora presente perante mim porque agora eu transcendi os equívocos da dualidade em relação à Sua presença no coração de todos, mesmo no coração dos especuladores mentais. Ele está no coração de todos. O Sol pode ser percebido diferentemente, mas o Sol é um só.

Iluminação de Srila Prabhupada:

O Senhor Sri Krishna é a Suprema Personalidade de Deus Absoluta, porém Ele Se expandiu em Suas porções plenárias múltiplas por Sua energia inconcebível. O conceito da dualidade é devido à ignorância de Sua energia inconcebível. No Bhagavad-gita (9.11) o Senhor diz que somente os tolos O consideram como um mero ser humano. Pessoas tolas assim não são cientes sobre Suas energias inconcebíveis. Por Sua energia inconcebível Ele está presente no coração de todos, do mesmo modo que o Sol está presente perante todos no mundo inteiro. O aspecto Paramatma do Senhor é uma expansão de Suas porções plenárias. Ele Se expande Ele próprio como Paramatma no coração de todos por Sua energia inconcebível, e Ele também Se expande como a refulgência brilhante do brahmajyoti pela expansão de Seu brilho pessoal. No Brahma-samhita está afirmado que o brahmajyoti é Sua refulgência pessoal. Portanto, não existe nenhuma diferença entre Ele e Seu brilho pessoal, brahmajyoti, ou Suas porções plenárias como Paramatma. Pessoas menos inteligentes que não são cientes desse fato consideram brahmajyoti e Paramatma como diferentes de Sri Krishna. Esse equívoco da dualidade foi completamente removido da mente de Bhismadeva, e agora ele está satisfeito de que somente o Senhor Sri Krishna é tudo em tudo de tudo. Essa iluminação é alcançada por grandes mahatmas ou devotos, como está afirmado no Bhagavad-gita (7.19) Vasudeva é tudo em tudo de tudo e não existe nenhuma existência de nada sem Vasudeva. Vasudeva, ou Senhor Sri Krishna, é a Pessoa Suprema original, como é confirmado agora pelo mahajana, e por isso tanto os neófitos quanto os devotos puros devem tentar seguir seus passos. Assim é o caminho da linha devocional.

O objeto adorável de Bhismadeva é o Senhor Sri Krishna como Partha-sarathi, e o das gopis é o mesmo Krishna em Vrindavana como o mais atraente Shyamasundara. Às vezes intelectuais menos inteligentes cometem o erro e pensam que o Krishna de Vrindavana e o da Batalha de Kurukshetra são personalidades diferentes. Mas para Bhismadeva esse equívoco foi completamente removido. Mesmo o objeto de destino dos impersonalistas é Krishna como o jyoti impessoal, e o destino do yogi de Paramatma também é Krishna. Krishna é ambos brahmajyoti e Paramatma localizado, mas no brahmajyoti ou Paramatma não há Krishna ou relações doces com Krishna. Em Seu aspecto pessoal Krishna é tanto Partha-sarathi quanto Shyamasundara de Vrindavana, mas em Seu aspecto impessoal Ele não está nem no brahmajyoti nem no Paramatma. Grandes mahatmas iguais Bhismadeva realizaram todos esses aspectos diferentes do Senhor Sri Krishna e por isso eles adoram o Senhor Krishna, pois O conhecem como a origem de todos aspectos.

Verso 43

süta uväca
kåñëa evaà bhagavati
mano-väg-dåñöi-våttibhiù
ätmany ätmänam äveçya
so 'ntaùçväsa upäramat

Suta Goswami disse: Assim Bhismadeva imergiu ele mesmo na Superalma, Senhor Sri Krishna, a Suprema Personalidade de Deus, com sua mente, fala, visão e ações, e assim ele ficou silencioso, e sua respiração parou.

Iluminação de Srila Prabhupada:

O estágio alcançado por Bhismadeva enquanto deixava seu corpo material é chamado nirvikalpa-samadhi porque ele imergiu seu eu em pensamento do Senhor e sua mente em lembrar Suas diferentes atividades. Ele cantou as glórias do Senhor, e por sua visão ele começou a ver o Senhor pessoalmente presente perante ele, e assim todas suas atividades se tornaram concentradas no Senhor sem desvio. Esse é o estágio mais elevado de perfeição, e é possível para todos atingirem esse estágio pela prática do serviço devocional. O serviço devocional do Senhor consiste em nove princípios de atividades de serviço, e são (1) ouvir, (2) cantar, (3) lembrar, (4) servir os pés de lótus, (5) adorar, (6) louvar, (7) executar ordens, (8) fraternizar, e (9) render-se plenamente. Qualquer um deles ou todos eles são igualmente competentes para conceder o resultado desejado, mas eles requerem ser praticados persistentemente sob a guia de um devoto experiente do Senhor. O primeiro item, ouvir, é o item mais importante de todos, e por isso ouvir o Bhagavad-gita e, depois, o Srimad Bhagavatam é essencial para o candidato sério que deseja alcançar o estágio de Bhismadeva no fim. A situação única na hora da morte de Bhismadeva pode ser alcançada, mesmo embora o Senhor Krishna possa não estar presente pessoalmente. Suas palavras do Bhagavad-gita ou as do Srimad Bhagavatam são idênticas ao Senhor. São encarnações sonoras do Senhor, e pode-se utilizá-las plenamente para se habilitar a alcançar o estágio de Sri Bhismadeva, que era um dos oito Vasus. Todo humano ou animal deve morrer em certo estágio da vida, mas aquele que morre igual Bhismadeva alcança perfeição, e aquele que morre forçado pelas leis da natureza morre igual um animal. Essa é a diferença entre um humano e um animal. A forma humana de vida é especialmente destinada para morrer igual Bhismadeva.

Verso 44

sampadyamänam äjïäya
bhéñmaà brahmaëi niñkale
sarve babhüvus te tüñëéà
vayäàséva dinätyaye

Ao saberem que Bhismadeva imergiu na eternidade ilimitada do Supremo Absoluto, todos presentes ficaram silenciosos iguais pássaros no fim do dia.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Entrar dentro ou ficar imergido na eternidade ilimitada do Supremo Absoluto significa entrar no lar original dos seres vivos. Os seres vivos são todos partes e parcelas componentes da Personalidade de Deus Absoluta, e por isso são eternamente relacionados com Ele como o servidor e o servido. O Senhor é servido por todas Suas partes e parcelas, do mesmo modo que a máquina completa é servida por suas partes e parcelas. Qualquer parte da máquina removida do todo não é mais importante. Similarmente, qualquer parte e parcela do Absoluto destacada do serviço do Senhor é inútil. Os seres vivos que estão no mundo material são todos partes e parcelas desagregadas do todo supremo, e não são mais importantes quanto as partes e parcelas originais. Existem, entretanto, seres vivos mais integrados que são liberados eternamente. A energia material do Senhor, chamada Durga-shakti, ou a superintendente da prisão, cuida das partes e parcelas desintegradas, e assim elas se submetem à vida condicionada sob as leis da natureza material. Quando o ser vivo se torna consciente desse fato, ele tenta ir de volta ao lar, de volta ao Supremo, e assim o desejo espiritual do ser vivo começa. Esse desejo espiritual se chama brahma-jijñasa, ou inquirir sobre Brahman. Principalmente esse brahma-jijñasa é bem sucedido pelo conhecimento, renúncia e serviço devocional para o Senhor. Jñana, ou conhecimento, significa conhecimento de tudo sobre Brahman, o Supremo; renúncia significa desapego da afeição material, e serviço devocional é o renascimento pela prática da posição original do ser vivo. Os seres vivos bem sucedidos que são elegíveis para entrar dentro do reino do Absoluto são chamados os jñanis, os yogis e os bhaktas. Os jñanis e yogis entram nos raios impessoais do Supremo, mas os bhaktas entram dentro dos planetas espirituais conhecidos como Vaikunthas. Nesses planetas espirituais o Supremo Senhor como Narayana predomina, e os saudáveis, não condicionados seres vivos vivem por prestarem serviço amoroso para o Senhor na capacidade de servo, amigo, pais, e noiva. Lá os seres vivos não condicionados desfrutam a vida em liberdade plena com o Senhor, enquanto os jñanis e yogis impersonalistas entram na refulgência esplendorosa impessoal dos planetas Vaikuntha. Os planetas Vaikuntha são todos auto iluminados igual o Sol, e os raios dos planetas Vaikuntha são chamados brahmajyoti. O brahmajyoti é propagado ilimitadamente, e o mundo material é apenas uma porção coberta de uma parte insignificante desse mesmo brahmajyoti. Essa cobertura é temporária, e portanto é um tipo de ilusão.

Bhismadeva, como um devoto puro do Senhor, entrou no reino espiritual em um dos planetas Vaikuntha onde o Senhor em Sua forma eterna de Partha-sarathi predomina sobre os seres vivos não condicionados que estão constantemente dedicados no serviço do Senhor. O amor e afeição que prende o Senhor e o devoto são exibidos no caso de Bhismadeva. Bhismadeva nunca esqueceu o Senhor em Seu aspecto transcendental como o Partha-sarathi, e o Senhor estava presente pessoalmente perante Bhismadeva enquanto ele passava para o mundo transcendental. Essa é a perfeição mais elevada da vida.

Verso 45

tatra dundubhayo nedur
deva-mänava-väditäù
çaçaàsuù sädhavo räjïäà
khät petuù puñpa-våñöayaù

Depois disso, tanto humanos quanto semideuses soaram tambores em honra, e a ordem real honesta começou demonstrações de honra e respeito. E do céu choveram aguaceiros de flores.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Bhismadeva era respeitado tanto por seres humanos quanto por semideuses. Os seres humanos vivem na Terra e outros planetas similares no grupo de planetas Bhur e Bhuvar, mas os semideuses vivem no Svar, ou planetas celestiais, e todos eles conheciam Bhismadeva como um grande guerreiro e devoto do Senhor. Como um mahajana (ou autoridade) ele estava no nível de Brahma, Narada e Shiva, embora fosse um ser humano. Qualificação em pé de igualdade com grandes semideuses só é possível ao alcançar a perfeição espiritual. Assim Bhismadeva era conhecido em todos os universos, e durante seu tempo viagem interplanetária era efetuada por métodos mais finos do que os esforços fúteis de naves espaciais mecânicas. Quando os planetas distantes foram informados do falecimento de Bhismadeva, todos os habitantes dos planetas superiores e também da Terra jogaram flores para mostrar devido respeito para a grande personalidade que partiu. Essa chuva de flores do céu é um sinal de reconhecimento por grandes semideuses, e isso nunca deve ser comparado com a decoração de um corpo morto. O corpo de Bhismadeva perdeu seus efeitos materiais devido a estar carregado com realização espiritual, e por isso o corpo estava espiritualizado igual quando ferro vira ferro em brasa no contato com fogo. O corpo de uma alma plenamente auto-realizada não é, portanto, aceito como material. Cerimônias especiais são observadas para esses corpos espirituais. O respeito e reconhecimento de Bhismadeva nunca deve ser imitado por meios artificiais, como se tornou moda observar a cerimônia jayanti para qualquer e toda pessoa comum. De acordo com os satras autorizados, uma cerimônia jayanti dessa para uma pessoa ordinária, por mais exaltada que possa ser materialmente, é uma ofensa para o Senhor porque jayanti é reservada para o dia quando o Senhor aparece na Terra. Bhismadeva era único em suas atividades, e sua passagem para o reino de Deus também é única.

Verso 46

tasya nirharaëädéni
samparetasya bhärgava
yudhiñöhiraù kärayitvä
muhürtaà duùkhito 'bhavat

Ó descendente de Bhrigu (Shaunaka), depois de realizar os rituais do funeral para o corpo morto de Bhismadeva, Maharaja Yudhisthira ficou momentaneamente tomado pela tristeza.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Bhismadeva não era apenas um grande chefe da família de Maharaja Yudhisthira, mas ele também era um grande filósofo e amigo para ele, seus irmãos e mãe. Desde quando Maharaja Pandu, o pai dos cinco irmãos liderados por Maharaja Yudhisthira, morreu, Bhismadeva foi o mais afetuoso avô dos Pandavas e protetor da nora viúva Kuntidevi. Embora Maharaja Dhritarastra, o tio mais velho de Maharaja Yudhisthira, estivesse lá para cuidar deles, sua afeição estava mais para o lado de seus cem filhos, liderados por Duryodhana. Ultimamente foi fabricado um grupo exclusivo colossal para destituir os cinco irmãos sem pai da reivindicação legítima do reino de Hastinapura. Houve uma grande intriga, comum em palácios imperiais, e os cinco irmãos foram exilados para a região selvagem. Mas Bhismadeva sempre foi um simpatizante sincero benquerente, avô, amigo e filósofo para Maharaja Yudhisthira, até mesmo o último momento da sua vida. Ele morreu muito feliz de ver Maharaja Yudhisthira no trono, senão teria deixado seu corpo material muito tempo atrás, em vez de sofrer agonia por causa dos sofrimentos indevidos dos Pandavas. Ele simplesmente esperou o momento oportuno porque ele tinha convicção e certeza de que os filhos de Pandu se sairiam vitoriosos da Batalha de Kurukshetra, porque Sua Divindade Sri Krishna era protetor deles. Porque era um devoto do Senhor, ele sabia que o devoto do Senhor não pode ser vencido em nenhum momento. Maharaja Yudhisthira era bem ciente de todas boas vontades de Bhismadeva, e por isso ele devia sentir a grande separação. Ele estava triste por causa da separação de uma grande alma, e não pelo corpo material que Bhismadeva abandonou. A cerimônia de funeral era um dever necessário, embora Bhismadeva fosse uma alma liberada. Porque Bhismadeva não tinha filhos, o neto mais velho, chamado Maharaja Yudhisthira, era a pessoa legítima para realizar a cerimônia. Foi uma grande bênção para Bhismadeva que um neto igualmente grandioso da família assumiu os últimos ritos de um grande homem.

Verso 47

tuñöuvur munayo håñöäù
kåñëaà tad-guhya-nämabhiù
tatas te kåñëa-hådayäù
sväçramän prayayuù punaù

Todos os grandes sábios então glorificaram o Senhor Sri Krishna, que estava presente ali, com hinos Védicos confidenciais. Depois todos voltaram para seus eremitérios respectivos, e sempre mantendo o Senhor Krishna em seus corações.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Os devotos do Senhor estão sempre no coração do Senhor, e o Senhor está sempre nos corações de Seus devotos. Essa é a relação doce entre o Senhor e Seus devotos. Devido ao amor e devoção imaculados pelo Senhor, os devotos sempre O vêem dentro de si mesmos, e o Senhor também, embora Ele não tenha nada a fazer e nem nada para aspirar, está sempre ocupado em cuidar do bem estar de Seus devotos. Para os seres vivos ordinários a lei da natureza está lá para todas ações e reações, mas Ele está sempre ansioso para pôr Seus devotos no caminho certo. Os devotos, portanto, estão sob o cuidado direto do Senhor. E o Senhor também voluntariamente Se coloca sob o cuidado de Seus devotos somente. Assim todos os sábios, liderados por Vyasadeva, eram devotos do Senhor, e assim cantaram os hinos Védicos depois da cerimônia funeral justamente para agradar o Senhor, que estava presente ali pessoalmente. Todos os hinos Védicos são cantados para agradar o Senhor Krishna. Isso é confirmado no Bhagavad-gita (15.15). Todos Vedas, Upanishads, Vedanta, etc., procuram por Ele somente, e todos hinos glorificam Ele somente. Os sábios, portanto, executaram os atos exatos adequados para o propósito, e partiram alegremente para seus eremitérios respectivos.

Verso 48

tato yudhiñöhiro gatvä
saha-kåñëo gajähvayam
pitaraà säntvayäm äsa
gändhäréà ca tapasviném

Depois disso, Maharaja Yudhisthira imediatamente foi para sua capital, Hastinapura, acompanhado pelo Senhor Sri Krishna, e lá ele consolou seu tio e tia Gandhari, que era uma ascética.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Dhritarastra e Gandhari, o pai e a mãe de Duryodhana e seus irmãos, eram o tio e tia mais velhos de Maharaja Yudhisthira. Depois da Batalha de Kurukshetra, o célebre casal, que perderam todos seus filhos e netos, estavam sob o cuidado de Maharaja Yudhisthira. Eles passavam seus dias em grande agonia por causa de uma perda de vida tão grande e viviam praticamente vida de ascetas. A notícia da morte de Bhismadeva, tio de Dhritarastra, foi outro grande choque para o Rei e a Rainha, e portanto eles requeriam consolo de Maharaja Yudhisthira. Maharaja Yudhisthira era consciente de seu dever, e ele imediatamente se apressou para o local com o Senhor Krishna e satisfez o desolado Dhritarastra com palavras agradáveis, dele mesmo e também do Senhor.

Gandhari era uma asceta poderosa, embora vivesse a vida de uma mulher fiel e mãe bondosa. É dito que Gandhari também vendou seus olhos voluntariamente por causa da cegueira de seu marido. O dever de uma mulher é seguir seu esposo cem por cento. E Gandhari era tão veraz para seu esposo que ela o seguiu até mesmo em sua cegueira perpétua. Portanto em suas ações ela era uma grande asceta. Além disso, o choque que ela sofreu por causa da matança completa de seus cem filhos e seus netos também certamente foi muito demais para uma mulher. Mas ela sofreu tudo isso justamente igual um ascético. Gandhari, embora fosse uma mulher, não era menos do que Bhismadeva em caráter. Eles são ambos personalidades notáveis no Mahabharata.

Verso 49

piträ cänumato räjä
väsudevänumoditaù
cakära räjyaà dharmeëa
pitå-paitämahaà vibhuù

Depois disso, o grande Rei religioso, Maharaja Yudhisthira, executou o poder real no reino estritamente de acordo com os códigos e princípios reais aprovados por seu tio e confirmados pelo Senhor Sri Krishna.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Maharaja Yudhisthira não era um mero coletor de imposto. Ele estava sempre consciente do seu dever como um rei, que não é menos do que um pai ou mestre espiritual. O rei deve procurar o bem estar dos cidadãos de todos ângulos da elevação social, política, econômica e espiritual. O rei deve saber que a vida humana é destinada para liberar a alma encarcerada do cativeiro das condições materiais, e por isso seu dever é verificar se os cidadãos estão protegidos adequadamente para alcançarem o estágio mais elevado da perfeição.

Maharaja Yudhisthira seguiu esses princípios estritamente, como será visto no próximo capítulo. Ele não somente seguiu os princípios, mas também obteve a aprovação de seu tio mais velho, que era experiente em assuntos políticos, e isso também foi confirmado pelo Senhor Krishna, o orador da filosofia do Bhagavad-gita.

Maharaja Yudhisthira é o monarca ideal, e monarquia sob um rei treinado igual Maharaja Yudhisthira é de longe a forma mais superior de governo, superior às repúblicas modernas ou governos do povo, pelo povo. A massa de pessoas, especialmente nesta era de Kali, todos nascem sudras, basicamente nascimento baixo, mal treinados, desgraçados e mal associados. Elas mesmas não conhecem o objetivo de perfeição mais elevado da vida. Portanto, votos aliciados por elas na realidade não têm nenhum valor, e assim pessoas eleitas por tais votos irresponsáveis não podem ser representantes responsáveis igual Maharaja Yudhisthira.

Assim terminam os significados Bhaktivedanta do Primeiro Canto, Nono Capítulo, do Srimad Bhagavatam, intitulado "O Falecimento de Bhismadeva na Presença do Senhor Krishna".

 

 

 

Primeiro Canto - Capítulo Dez

 

 

Índice do Bhagavad-gita

Índice de Livros

Desde 18/julho/2000

(Última Edição: 19-mai-2023 )

home