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Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga
Nitai Gaura Hari Bol


Srimad Bhagavatam
(de Krishna Dwaipayana Vyasa - Srila Vyasadeva)

pela Divina Graça
de
Sri Srimad Bhaktivedanta Swami Maharaj Prabhupada
Paramahamsa Thakura Mahashaya

(Original Sem "correções")

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Primeiro Canto - "Criação"

Capítulo Dezesseis - Como Parikshit Recebeu a Era de Kali

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Capítulo Dezesseis

Como Parikshit Recebeu a Era de Kali

Verso 1

süta uväca
tataù parékñid dvija-varya-çikñayä
mahéà mahä-bhägavataù çaçäsa ha
yathä hi sütyäm abhijäta-kovidäù
samädiçan vipra mahad-guëas tathä

Suta Goswami disse: Ó brahmanas versados, Maharaja Parikshit então começou o governar o mundo como um grande devoto do Senhor sob as instruções dos melhores brahmanas duas vezes nascidos. Ele governou por essas grandes qualidades que foram preditas por astrólogos experientes na hora do seu nascimento.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Na hora do nascimento de Maharaja Parikshit, os astrólogos-brahmanas versados previram algumas de suas qualidades. Maharaja Parikshit desenvolveu todas essas qualidades, por ser um grande devoto do Senhor. A qualificação real é se tornar um devoto do Senhor, e gradualmente todas boas qualidades dignas de serem possuídas se desenvolvem. Maharaja Parikshit era um maha-bhagavata, ou um devoto de primeira classe, que não somente era bem versado na ciência da devoção mas também era capaz de convencer outros a se tornarem devotos por suas instruções transcendentais. Maharaja Parikshit era, portanto, um devoto de primeira ordem, e por isso ele costumava consultar grandes sábios e brahmanas versados, que podiam aconselhá-lo pelos sastras sobre como executar a administração do estado. Tais grandes reis eram mais responsáveis do que os modernos chefes executivos eleitos porque eles se sujeitam às grandes autoridades por seguirem as instruções deles deixadas nas literaturas Védicas. Não há necessidade de idiotas impraticáveis para promulgar diariamente um novo projeto de lei e convenientemente alterá-lo repetidamente para servir a algum propósito. As regras e regulamentos já foram estabelecidos por grandes sábios tais quais Manu, Yajñavalkya, Parashara, e outros sábios liberados, e os decretos são todos adequados para todas as eras em todos lugares. Assim as regras e regulamentos eram padrão e sem imperfeição ou defeito. Reis iguais a Maharaja Parikshit tinham seu conselho de conselheiros, e todos os membros desse conselho eram ou grandes sábios ou brahmanas de primeira ordem. Eles não aceitavam nenhum salário, eles nem tinham necessidade de tais salários. O estado obtinha o melhor conselho sem despesa. Eles mesmos eram sama-darsi, iguais com todos, tanto humano quanto animal. Eles não aconselhavam o rei para dar proteção para humanos e o instruíam para matar pobres animais. Esses membros do conselho não eram idiotas ou representantes para compor um paraíso de idiotas. Todos eles eram almas auto-realizadas, e eles sabiam perfeitamente bem como todos os seres vivos no estado seriam felizes, tanto nesta vida quanto na próxima. Eles não estavam preocupados com filosofia hedonista de comer, beber, acasalar e desfrutar. Eles eram filósofos no verdadeiro sentido, e eles sabiam bem qual é a missão da vida humana. Sob todas essas obrigações, o conselho dos conselheiros do rei dava instruções corretas, e o rei ou chefe executivo, por ser ele mesmo um devoto qualificado do Senhor, as seguiam minuciosamente para o bem-estar do estado. O estado nos dias de Maharaja Yudhisthira ou Maharaja Parikshit era um estado de bem-estar no sentido verdadeiro do termo porque ninguém era infeliz no estado, seja humano ou animal. Maharaja Parikshit era um rei ideal para um estado de bem-estar do mundo.

Verso 2

sa uttarasya tanayäm
upayema irävatém
janamejayädéàç caturas
tasyäm utpädayat sutän

O Rei Parikshit casou com a filha do Rei Uttara e teve quatro filhos, liderados por Maharaja Janamejaya.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Maharaja Uttara era o filho de Virata e tio materno de Maharaja Parikshit. Iravati, por ser filha de Maharaja Uttara, era prima irmã de Maharaja Parikshit, porém primos irmãos ou irmãs eram permitidos casar se não pertencessem ao mesmo gotra, ou família. No sistema Védico de casamento, a importância do gotra, ou família, era enfatizada. Arjuna também casou com Subhadra, embora ela fosse sua prima irmã materna.

Janamejaya: Um dos reis rajarsi e o filho famoso de Maharaja Parikshit. O nome de sua mãe era Iravati, ou de acordo com alguns, Madravati. Maharaja Janamejaya teve dois filhos de nomes Jñatanika e Shankukarna. Ele celebrou vários sacrifícios no local de peregrinação Kurukshetra, e ele tinha três irmãos mais novos chamados Shrutasena, Ugrasena e Bhimasena II. Ele invadiu Takshashila (Ajanta), e decidiu vingar a maldição ilegal sobre seu grande pai, Maharaja Parikshit. Ele executou um grande sacrifício chamado Sarpa-yajña, para matar a raça das serpentes, inclusive taksaka, que picou seu pai mortalmente. A pedido de muitos semideuses e sábios influentes, ele teve que mudar sua decisão de matar a raça das serpentes, mas apesar de parar o sacrifício, ele agradou a todos envolvidos no sacrifício por recompensá-los apropriadamente. Na cerimônia, Mahamuni Vyasadeva também estava presente, e ele pessoalmente narrou a história da Batalha de Kurukshetra perante o Rei. Depois pela ordem de Vyasadeva, seu discípulo Vaishampayana narrou perante o Rei a matéria do Mahabharata. Ele ficou muito afetado com a morte prematura de seu pai e estava muito ansioso para vê-lo novamente, e expressou isso para o grande sábio Vyasadeva. Vyasadeva também satisfez seu desejo. Seu pai estava presente perante ele, e ele adorou ambos, seu pai e Vyasadeva com respeito e pompa. Plenamente satisfeito, ele deu caridades com o máximo da generosidade para os brahmanas presentes no sacrifício.

Verso 3

äjahäräçva-medhäàs trén
gaìgäyäà bhüri-dakñiëän
çäradvataà guruà kåtvä
devä yaträkñi-gocaräù

Maharaja Parikshit, depois de escolher Kripacharya por orientação como seu mestre espiritual, executou três sacrifícios do cavalo nas margens do Ganges. Esses foram executados com remunerações suficientes para os participantes. e nesses sacrifícios mesmo as pessoas comuns podiam ver semideuses.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Deste verso parece que viagem interplanetária pelos habitantes dos planetas superiores é fácil. Em muitas declarações do Bhagavatam, observamos que os semideuses do paraíso costumavam visitar esta Terra para participar dos sacrifícios executados por reis e imperadores influentes. Aqui também encontramos que durante a hora da cerimônia do sacrifício do cavalo de Maharaja Parikshit, os semideuses de outros planetas eram visíveis mesmo para as pessoas comuns, devido à cerimônia do sacrifício. Os semideuses geralmente não são visíveis para pessoas comuns, do mesmo modo como o Senhor não é visível. Mas o Senhor, por Sua misericórdia sem causa, descende para ser visível para pessoas comuns, similarmente os semideuses também se tornam visíveis para pessoas comuns por sua própria graça. Embora seres celestiais não sejam visíveis para os olhos nus dos habitantes desta Terra, foi devido à influência de Maharaja Parikshit que os semideuses também concordaram em serem visíveis. Os reis costumavam gastar generosamente durante esses sacrifícios, do mesmo modo que uma nuvem distribui chuvas. A nuvem é nada além de outra forma de água, ou, em outras palavras, as águas da terra transformadas em nuvens. Similarmente, a caridade feita pelos reis nesses sacrifícios é só outra forma de impostos coletados dos cidadãos. Porém, do mesmo modo que as chuvas caem muito generosamente e parece ser mais do que o necessário, a caridade feita por esses reis também aparentava ser maior do que os cidadãos precisavam. Cidadãos satisfeitos nunca organizarão agitação contra o rei, e por isso não havia necessidade de mudar o estado monárquico.

Mesmo para um rei igual Maharaja Parikshit havia necessidade de um mestre espiritual para orientação. Sem essa orientação não se pode fazer progresso na vida espiritual. O mestre espiritual tem que ser fidedigno, e aquele que quer ter auto-realização tem que se aproximar e aceitar o abrigo de um mestre espiritual fidedigno para alcançar sucesso real.

Verso 4

nijagrähaujasä véraù
kalià digvijaye kvacit
nåpa-liìga-dharaà çüdraà
ghnantaà go-mithunaà padä

Certa vez, quando Maharaja Parikshit estava em seu caminho para conquistar o mundo, ele viu o mestre de Kali-yuga, que era mais baixo do que um sudra, disfarçado como um rei e feria as patas de uma vaca e touro. O Rei imediatamente o agarrou para aplicar punição suficiente.

Iluminação de Srila Prabhupada:

O significado de um rei sair e conquistar o mundo não é para auto engrandecimento. Maharaja Parikshit saiu para conquistar o mundo depois da sua ascensão ao trono, mas isso não foi para o propósito de agressão sobre outros estados. Ele era o Imperador do mundo, e todos os estados pequenos já estavam sob seu regime. Seu propósito em sair era para ver como iam as coisas em termos do estado divino. O rei, por ser o representante do Senhor, tem que executar a vontade do Senhor devidamente. Não há questão de auto engrandecimento. Assim logo que Maharaja Parikshit viu um homem de classe baixa com vestimenta de rei ferir as patas de uma vaca e um touro, imediatamente ele o prendeu e puniu. O rei não pode tolerar insultos para o animal mais importante, a vaca, nem pode tolerar desrespeito para o humano mais importante, o brahmana. Civilização humana significa avançar a causa da cultura brahmana, e mantê-la, proteção da vaca é essencial. Existe um milagre no leite, porque ele contém todas as vitaminas necessárias para sustentar condições fisiológicas humanas para conquistas maiores. Cultura brahmana só pode avançar quando humano é educado para desenvolver as qualidades da bondade, e para isso existe uma necessidade primordial de comida preparada com leite, frutas e cereais. Maharaja Parikshit ficou atônito de ver que um sudra negro, vestido como um rei, maltratava uma vaca, o animal mais importante na sociedade humana.

A era de Kali quer dizer má administração e briga. E a causa raiz de toda má administração e briga é que pessoas inúteis com os modos de humanos de classe baixa, que não têm ambição superior na vida, assumem o leme da administração do estado. Tais pessoas no posto de um rei com certeza em primeiro lugar ferem a vaca e a cultura brahmana, e assim empurram toda sociedade em direção ao inferno. Maharaja Parikshit, treinado como ele era, sentiu o aroma dessa causa raiz de toda briga no mundo. Por isso ele quis impedi-la bem no início.

Verso 5

çaunaka uväca
kasya hetor nijagräha
kalià digvijaye nåpaù
nådeva-cihna-dhåk çüdra-
ko 'sau gäà yaù padähanat
tat kathyatäà mahä-bhäga
yadi kåñëa-kathäçrayam

Shaunaka Rishi perguntou: Por que Maharaja Parikshit simplesmente o puniu, embora ele fosse o mais baixo dos sudras, vestido de rei e ter golpeado uma vaca na perna? Por favor descreva todos esses incidentes se forem relacionados com os tópicos do Senhor Krishna.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Shaunaka e os rsis ficaram abismados ao ouvirem que o piedoso Maharaja Parikshit simplesmente puniu o culpado e não o matou. Isso sugere que um rei piedoso igual Maharaja Parikshit deveria imediatamente ter matado um ofensor que queria enganar o público por se vestir como um rei e ao mesmo tempo ousar insultar o mais puro dos animais, uma vaca. Os rsis daqueles dias, entretanto, não podiam nem imaginar que nos dias avançados da era de Kali os mais baixos dos sudras serão eleitos como administradores e abrirão matadouros organizados para matar vacas. De qualquer forma, apesar de ouvir sobre um sudraka que era um enganador e insultador de uma vaca não fosse muito interessante para os grandes rsis, eles entretanto queriam ouvir sobre isso para ver se o evento tinha alguma conexão com o Senhor Krishna. Eles estavam interessados somente nos tópicos do Senhor Krishna, porque qualquer coisa que é encaixada com a narração de Krishna é digna de ser ouvida. Existem muitos tópicos no Bhagavatam sobre sociologia, política, economia, assuntos culturais, etc., mas todos eles estão em relação com Krishna, e portanto todos eles são dignos de serem ouvidos. Krishna é o ingrediente purificador em todas matérias, sem levar em conta do que elas são. No mundo mundano, tudo é impuro devido a ser um produto das três qualidades mundanas. O agente purificador, entretanto, é Krishna.

Texto 6

athaväsya padämbhoja-
makaranda-lihäà satäm
kim anyair asad-äläpair
äyuño yad asad-vyayaù

Os devotos do Senhor estão acostumados a lamberem o mel disponível nos pés de lótus do Senhor. Qual a utilidade de tópicos que simplesmente desperdiçam a vida preciosa da pessoa?

Iluminação de Srila Prabhupada:

O Senhor Krishna e Seus devotos estão ambos no plano transcendental; portanto os tópicos do Senhor Krishna e de Seus devotos puros são igualmente bons. A Batalha de Kurukshetra é cheia de política e diplomacia, mas porque esses tópicos estão relacionados com o Senhor Krishna, o Bhagavad-gita assim é adorado em todo o mundo. Não há necessidade de erradicar política, economia, sociologia, etc., que são mundanos para os mundanos. Para um devoto puro, que está realmente relacionado com o Senhor ou com Seus devotos puros, essas coisas mundanas são transcendentais se encaixadas com o Senhor ou Seus devotos puros. Nós ouvimos e falamos sobre as atividades dos Pandavas, e agora estamos tratando dos tópicos de Maharaja Parikshit, mas porque todos esses tópicos são relacionados com o Senhor Sri Krishna, são todos transcendentais, e devotos puros têm grande interesse em ouvi-los. Nós já discutimos esta matéria em conexão com as preces de Bhismadeva.

Nossa duração de vida não é muito longa, e não existe certeza de quando seremos ordenados a deixar tudo para o próximo estágio. Por isso é nosso dever ver que nenhum momento da nossa vida seja desperdiçado em tópicos que não são relacionados com o Senhor Krishna. Qualquer tópico, por mais agradável, não é digno de ser ouvido se desprovido de sua relação com Krishna.

O planeta espiritual, Goloka Vrindavana, a morada eterna do Senhor Krishna, é moldada igual ao verticilo de uma flor de lótus. Mesmo quando o Senhor descende a qualquer um dos planetas mundanos, Ele faz isso por manifestar Sua própria morada como ela é. Assim Seus pés permanecem sempre no mesmo grande verticilo da flor de lótus. Seus pés também são belos iguais à flor de lótus. Por isso que se diz que o Senhor Krishna tem pés de lótus.

Um ser vivo é eterno por constituição. Ele está, por assim dizer, dentro do verticilo de nascimento e morte devido a seu contato com energia material. Livre desta energia material, um ser vivo fica liberado e é elegível para retornar ao lar, de volta ao Supremo. Aqueles que querem viver para sempre sem trocar seus corpos materiais não devem desperdiçar tempo valioso com tópicos além daqueles em relação com o Senhor Krishna e Seus devotos.

Verso 7

kñudräyuñäà nåëäm aìga
martyänäm åtam icchatäm
ihopahüto bhagavän
måtyuù çämitra-karmaëi

Ó Suta Goswami, existem aqueles entre humanos que desejam liberdade da morte e obter vida eterna. Eles escapam do processo de abate por chamar o controlador da morte, Yamaraja.

Iluminação de Srila Prabhupada:

O ser vivo, à medida em que desenvolve de vida animal inferior para um ser humano mais elevado e gradualmente para inteligência superior, fica ansioso para se livrar das garras da morte. Cientistas modernos tentam evitar a morte por avanço no conhecimento físico-químico, mas ai de mim, o controlador da morte, Yamaraja, é tão cruel que ele não poupa mesmo a própria vida do cientista em si. O cientista, quem apresenta a teoria de parar a morte pelo avanço no conhecimento científico, tornar-se ele mesmo uma vítima da morte quando é chamado por Yamaraja. O que falar de parar a morte, ninguém pode incrementar um curto período de vida mesmo por uma fração de momento. A única esperança de suspender o processo de abate cruel de Yamaraja é chamá-lo para ouvir e cantar o santo nome do Senhor. Yamaraja é um grande devoto do Senhor, e ele gosta de ser convidado para kirtanas e sacrifícios pelos devotos puros, que estão constantemente dedicados no serviço devocional do Senhor. Assim os grandes sábios, liderados por Shaunaka e outros, convidaram Yamaraja para participar do sacrifício realizado em Naimisharanya. Isso foi bom para aqueles que não queriam morrer.

Verso 8

na kaçcin mriyate tävad
yävad ästa ihäntakaù
etad-arthaà hi bhagavän
ähütaù paramarñibhiù
aho nå-loke péyeta
hari-lélämåtaà vacaù

Enquanto Yamaraja, que causa a morte de todos, estiver presente aqui, ninguém deve se deparar com a morte. Os grandes sábios convidaram o controlador da morte, Yamaraja, que é o representante do Senhor. Seres vivos que estão sob seu aperto devem aproveitar a vantagem por ouvir o néctar imortal na forma desta narração dos passatempos transcendentais do Senhor.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Todo ser humano não gosta de encontrar a morte, mas não sabe como se livrar da morte. O remédio mais seguro para evitar morte é acostumar-se a ouvir os passatempos nectáreos do Senhor como são narrados sistematicamente no texto do Srimad Bhagavatam. É aconselhado aqui, portanto, que qualquer ser humano que deseja liberdade da morte deve levar a sério esse curso de vida como recomendado pelos rsis liderados por Shaunaka.

Verso 9

mandasya manda-prajïasya
vayo mandäyuñaç ca vai
nidrayä hriyate naktaà
divä ca vyartha-karmabhiù

Seres humanos preguiçosos com inteligência insignificante e uma curta duração de vida passam a noite dormindo e o dia executando atividades que são para nada.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Os menos inteligentes não sabem o verdadeiro valor da forma humana de vida. A forma humana é um presente especial da natureza material no curso dela por aplicar leis rigorosas de sofrimentos sobre o ser vivo. É a chance de alcançar o maior bênção da vida, chamada sair do enredamento de repetidos nascimento e morte. O inteligente cuida desse presente importante por se esforçar arduamente para sair do enredamento. Mas pessoas menos inteligentes são preguiçosas e incapazes de valorizar o presente do corpo humano para alcançar liberação do cativeiro material; elas ficam mais interessadas em suposto desenvolvimento econômico e trabalham muito por toda a vida simplesmente por prazer sensual do corpo temporário. Prazer sensual também é concedido para os animais inferiores pela lei da natureza, e assim um ser humano também é destinado para uma certa quantidade de prazer sensual de acordo com seu passado ou vida presente. Mas a pessoa deve definitivamente tentar entender que prazer sensual não é o objetivo último da vida humana. Aqui é dito que durante o dia a pessoa trabalha "para nada" porque o alvo é nada além de prazer sensual. Nós podemos observar particularmente como os seres humanos se ocupam para nada em grandes cidades e vilas industriais. Existem tantas coisas manufaturadas pela energia humana, mas todas elas são para prazer sensual, e nada para sair do cativeiro material. E depois de trabalhar duro durante o dia, uma pessoa cansada dorme ou se ocupa em hábitos sexuais à noite. Assim é o programa da civilização materialista civilizada para pessoas menos inteligentes. Por isso elas são designadas aqui como preguiçosas, infelizes e de curta duração de vida.

Verso 10

süta uväca
yadä parékñit kuru-jäìgale 'vasat
kalià praviñöaà nija-cakravartite
niçamya värtäm anatipriyäà tataù
çaräsanaà saàyuga-çauëòir ädade

Suta Goswami disse: Enquanto Maharaja Parikshit residia na capital do império Kuru, os sintomas da era de Kali começaram a infiltrar dentro da jurisdição do seu estado. Quando ele ouviu sobre isso, ele não achou o assunto muito palatável. Isso fez, entretanto, dar a ele uma chance de lutar. Ele pegou seu arco e flechas e se preparou para atividades militares.

Iluminação de Srila Prabhupada:

A administração do estado de Maharaja Parikshit era tão perfeita que ele permanecia na sua capital pacificamente. Mas ele obteve a notícia de que os sintomas da era de Kali já tinha infiltrado dentro da jurisdição do seu estado, e ele não gostou disso. Qual são os sintomas da era de Kali? Eles são (1) conexão ilícita com mulheres, (2) saciedade em comer carne, (3) intoxicação e (4) sentir prazer em jogo de azar. A era de Kali literalmente significa a era da briga. Maharaja Parikshit ouviu que algumas pessoas do estado já tinham adotado esses sintomas, e ele quis dar passos imediatos contra tais causas de inquietação. Isso significa que pelo menos até o regime de Maharaja Parikshit, esses sintomas de vida pública eram praticamente desconhecidos, e logo que foram detectados levemente, ele quis erradicá-los. A notícia não foi agradável para ele, mas de uma forma foi, porque Maharaja Parikshit teve a chance de lutar. Não havia necessidade de lutar com estados pequenos porque todos já estavam pacificamente sob sua subordinação, mas os malfeitores de Kali-yuga deram ao seu espírito de guerreiro uma chance para exibição. Um rei ksatriya perfeito fica sempre jubilante logo que obtém uma chance de lutar, justamente igual um esportista fica ávido quando há uma chance de disputa esportiva. Não existe nenhum argumento que na era de Kali esses sintomas são predestinados. Se fosse assim, então por que ocorreu a preparação para combater esses sintomas? Esses argumentos são oferecidos por pessoas preguiçosas e infelizes. Na estação de chuva, a chuva é predestinada, e mesmo assim as pessoas tomam precauções para se defenderem. Similarmente, na era de Kali, os sintomas como mencionados acima com certeza infiltrarão na vida social, mas é dever do estado salvar os cidadãos da associação dos agentes da era de Kali. Maharaja Parikshit queria punir os malfeitores empenhados nos sintomas de Kali, e assim salvar os cidadãos inocentes que eram puros em hábito pela cultura da religião. É dever do rei dar essa proteção, e Maharaja Parikshit estava perfeitamente certo quando se preparou para lutar.

Verso 11

svalaìkåtaà çyäma-turaìga-yojitaà
rathaà mågendra-dhvajam äçritaù purät
våto rathäçva-dvipa-patti-yuktayä
sva-senayä digvijayäya nirgataù

Maharaja Parikshit sentou numa quadriga puxada por cavalos pretos. Seu estandarte era marcado com o emblema de um leão. Assim decorado e rodeado por quadrigários, cavalaria, elefantes e soldados de infantaria, ele deixou a capital para conquistar todas direções.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Maharaja Parikshit é distinto de seu avô Arjuna, porque cavalos pretos puxavam sua quadriga em vez de cavalos brancos. Ele marcou seu estandarte com o emblema de um leão, e seu avô marcou o dele com a marca de Hanumanji. Uma procissão real igual a de Maharaja Parikshit rodeada de quadrigas, cavalaria, elefantes, infantaria e banda não somente é agradável para os olhos, mas também é o sinal de uma civilização estética mesmo na frente de batalha.

Verso 12

bhadräçvaà ketumälaà ca
bhärataà cottarän kurün
kimpuruñädéni varñäëi
vijitya jagåhe balim

Maharaja Parikshit então conquistou todas partes do planeta terrestre - Bhadrashva, Ketumala, Bharata, a Kuru setentrional, Kimpurusha, etc. - e exigiu tributos de seus governantes respectivos.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Bhadrashva: É um pedaço de terra perto de Meru Parvata, e se estende de Gandha-madana Parvata até o oceano de água salgada. Há uma descrição desse varsa no Mahabharata (Bhisma-parva 7.14-18). A descrição foi narrada por Sanjaya para Dhritarastra.

Maharaja Yudhisthira também conquistou esse varsa, e por isso a província foi incluída dentro da jurisdição de seu império. Maharaja Parikshit foi anteriormente declarado imperador em todas as terras governadas por seu avô, mas mesmo assim ele teve que estabelecer sua supremacia enquanto estava fora de sua capital para exigir tributo desses estados.

Ketumala: Este planeta Terra é divido em sete dvipas por sete oceanos, e o dvipa central, chamado Jambudwipa, é dividido em nove varsas, ou partes, por oito montanhas enormes. Bharata-varsha é um dos nove varsas mencionados acima, e Ketumala também é descrito como um dos varsas acima. É dito que em Ketumala varsa, mulheres são as mais bonitas. Esse varsa foi conquistado por Arjuna também. Uma descrição desta parte do mundo está disponível no Mahabharata (Sabha 28.6).

É dito que esta parte do mundo está situada no lado ocidental de Meru Parvata, e os habitantes dessa província costumavam viver até dez mil anos (Bhisma-parva 6.31). Seres humanos que vivem nessa parte do globo têm a cor do ouro, e as mulheres parecem os anjos no paraíso. Os habitantes são livres de todos tipos de doenças e sofrimento.

Bharata-varsha: Essa parte do mundo também é um dos nove varsas de Jambudwipa. Uma descrição de Bharata-varsha é dada no Mahabharata (Bhisma-parva, Capítulos 9 e 10).

No centro de Jambudwipa fica Ilavrita-varsha, e ao sul de Ilavrita-varsha fica Hari-varsha. Uma descrição desses varsas é dada no Mahabharata (Sabha-parva 28.7-8) como se segue:

nagaräàç ca vanäàç caiva
nadéç ca vimalodakäù
puruñän deva-kalpäàç ca
näréç ca priya-darçanäù

adåñöa-pürvän subhagän
sa dadarça dhanaïjayaù
sadanäni ca çubhräëi
näréç cäpsarasäà nibhäù

É mencionado aqui que as mulheres desses dois varsas são lindas, e algumas são iguais às Apsaras, ou mulheres celestiais.

Uttarakuru: Segundo a geografia Védica a parte setentrional extrema de Jambudwipa se chama Uttarakuru-varsa. É rodeada pelo oceano de água salgada em três lados e dividida pela Montanha Shringavan do Hiranmaya-varsha.

Kimpurusha-varsha: É afirmado que está situado ao norte da grande Montanha Himalaia, que tem oitenta mil milhas em extensão e altura e que cobre dezesseis mil milhas em largura. Essas partes do mundo também foram conquistadas por Arjuna (Sabha 28.1-2). Os Kimpurushas são descendentes da filha de Daksha. Quando Maharaja Yudhisthira realizou um yajña do sacrifício do cavalo, os habitantes desses países também estavam presentes para participarem do festival, e pagaram tributos para o imperador. Essa parte do mundo é chamada Kimpurusha-varsha, ou às vezes as províncias do Himalaia (Himavati). É dito que Shukadeva Goswami nasceu nessas províncias do Himalaia e que ele veio para Bharata-varsha depois de atravessar os países do Himalaia.

Em outras palavras, Maharaja Parikshit conquistou todo o mundo. Ele conquistou todos continentes adjuntos de todos os mares e oceanos em todas direções, a saber as partes oriental, ocidental, setentrional e meridional.

Versos 13-15

tatra tatropaçåëvänaù
sva-pürveñäà mahätmanäm
pragéyamäëaà ca yaçaù
kåñëa-mähätmya-sücakam

ätmänaà ca pariträtam
açvatthämno 'stra-tejasaù
snehaà ca våñëi-pärthänäà
teñäà bhaktià ca keçave

tebhyaù parama-santuñöaù
préty-ujjåmbhita-locanaù
mahä-dhanäni väsäàsi
dadau härän mahä-manäù

Onde quer que o Rei visitasse, ele continuamente ouvia as glórias de seus grandiosos antepassados, que eram todos devotos do Senhor, e também os atos gloriosos do Senhor Krishna. Ele também ouviu como ele mesmo foi protegido pelo Senhor da poderosa arma de calor de Asvatthama. Pessoas também mencionavam a grande afeição entre os descendentes de Vrishni e Pritha devido à grande devoção do último para o Senhor Keshava. O Rei, muito satisfeito com os cantores dessas glórias, abriu seus olhos com muita satisfação. E pela magnanimidade ele ficou feliz em premiá-los com roupas e colares preciosos.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Reis e grandes personalidades de estado eram recepcionados com discursos de boas-vindas. Esse é um sistema desde tempo imemorial, e Maharaja Parikshit, por ser um dos imperadores bem conhecidos do mundo, também era recepcionado com discursos de boas-vindas em todas partes do mundo quando visitava esses lugares. O assunto desses discursos de boas-vindas era Krishna. Krishna quer dizer Krishna e Seus devotos eternos, do mesmo modo que rei quer dizer o rei e seus associados confidenciais.

Krishna e Seus devotos imaculados não podem ser separados, e por isso glorificar o devoto significa glorificar o Senhor e vice-versa. Maharaja Parikshit não ficaria feliz em ouvir sobre as glórias de seus antepassados tais quais Maharaja Yudhisthira e Arjuna se eles não fossem conectados com os atos do Senhor Krishna. O Senhor descende especificamente para libertar Seus devotos (paritranaya sadhunam [Bg. 4.8]). Os devotos são glorificados pela presença do Senhor porque não podem viver nenhum momento sem a presença do Senhor e Suas energias diferentes. O Senhor está presente para o devoto por Seus atos e glórias, e por isso Maharaja Parikshit sentiu a presença do Senhor quando Ele foi glorificado por Seus atos, especialmente quando ele foi salvo pelo Senhor no ventre de sua mãe. Os devotos do Senhor nunca ficam em perigo, mas no mundo material que é cheio de perigos a cada passo, os devotos são aparentemente colocados em posições perigosas, e quando são salvos pelo Senhor, o Senhor é glorificado. O Senhor Krishna não seria glorificado como o orador do Bhagavad-gita se Seus devotos tais quais os Pandavas não estivessem enredados na Batalha de Kurukshetra. Todos esses atos do Senhor eram mencionados nos discursos de boas-vindas, e Maharaja Parikshit, com satisfação plena, recompensou aqueles que apresentaram esses discursos. A diferença entre a apresentação de discursos de boas-vindas de hoje e naqueles dias é que antigamente os discursos de boas-vindas eram apresentados para pessoas iguais Maharaja Parikshit. Os discursos de boas-vindas eram cheios de fatos e números, e aqueles que apresentavam esses discursos eram recompensados o suficiente, enquanto nos dias de hoje os discursos de boas-vindas nem sempre são apresentados com declarações verdadeiras mas para agradar o titular do cargo, e freqüentemente são cheios de mentiras lisonjeiras. E raramente aqueles que apresentam tais discursos de boas-vindas são recompensados pelo pobre recebedor.

Verso 16

särathya-pärañada-sevana-sakhya-dautya-
véräsanänugamana-stavana-praëämän
snigdheñu päëòuñu jagat-praëatià ca viñëor
bhaktià karoti nå-patiç caraëäravinde

Maharaja Parikshit ouviu que por Sua misericórdia sem causa o Senhor Krishna (Vishnu), que é obedecido universalmente, prestou todos tipos de serviço para os maleáveis filhos de Pandu por aceitar postos variando de condutor de quadriga para presidente para mensageiro, amigo, vigilante noturno, etc., de acordo com o desejo dos Pandavas, e os obedecia como um servo e prestava reverências igual um mais novo em anos. Quando ouviu isso, Maharaja Parikshit ficou emocionado com devoção para os pés de lótus do Senhor.

Iluminação de Srila Prabhupada:

O Senhor Krishna é tudo para os devotos imaculados iguais os Pandavas. O Senhor era para eles o Supremo Senhor, o mestre espiritual, a Deidade adorável, o guia, o condutor da quadriga, o amigo, o servo, o mensageiro e tudo que podiam conceber. E assim o Senhor também reciprocava os sentimentos dos Pandavas. Maharaja Parikshit, como um devoto puro do Senhor, pôde apreciar a reciprocidade transcendental do Senhor dos sentimentos de Seus devotos, e assim ele mesmo ficou comovido com os relacionamentos do Senhor. Simplesmente por apreciar os relacionamentos do Senhor com Seus devotos puros, pode-se alcançar salvação. Os relacionamentos do Senhor com Seus devotos perecem ser relacionamentos humanos ordinários, mas aquele que os conhece de verdade se torna imediatamente elegível para voltar ao lar, de volta ao Supremo. Os Pandavas eram tão maleáveis para a vontade do Senhor que podiam sacrificar qualquer quantidade de energia para o serviço do Senhor, e por essa determinação imaculada eles podiam assegurar a misericórdia do Senhor em qualquer forma que desejassem.

Verso 17

tasyaivaà vartamänasya
pürveñäà våttim anvaham
nätidüre kiläçcaryaà
yad äsét tan nibodha me

Agora vocês poderão ouvir de mim o que aconteceu enquanto Maharaja Parikshit passava seus dias a ouvir as boas ocupações de seus antepassados e absorto no pensamento deles.

Verso 18

dharmaù padaikena caran
vicchäyäm upalabhya gäm
påcchati smäçru-vadanäà
vivatsäm iva mätaram

A personalidade dos princípios religiosos, Dharma, vagava por aí na forma de um touro. E ele encontrou a personalidade da Terra na forma de uma vaca que parecia lamentar igual uma mãe que perdeu seu filho. Ela tinha lágrimas nos olhos, e a beleza de seu corpo tinha desaparecido. Assim Dharma questionou a Terra como se segue.

Iluminação de Srila Prabhupada:

O touro é o emblema do princípio moral, e a vaca é a representante da Terra. Quando a vaca e o touro estão num humor alegre, deve-se entender que as pessoas do mundo também estão num humor alegre. A razão é que o touro ajuda na produção de cereais no campo de agricultura, e a vaca provém leite, o milagre dos valores alimentícios agregados. A sociedade humana, assim, mantém esses dois animais importantes com muito cuidado para que eles possam andar em toda parte em alegria. Mas no momento presente nesta era de Kali tanto o touro quanto a vaca são abatidos e comidos como alimento por uma classe de pessoas que não conhecem cultura brahmana. O touro e a vaca podem ser protegidos para o bem de toda sociedade humana simplesmente pela propagação da cultura brahmana como a perfeição mais elevada de todos assuntos culturais. Pelo avanço dessa cultura, a moral da sociedade é mantida apropriadamente, e assim paz e prosperidade também são alcançadas sem esforço extrínseco. Quando a cultura brahmana é deteriorada, a vaca e o touro são maltratados, e as ações resultantes são proeminentes pelos seguintes sintomas.

Verso 19

dharma uväca
kaccid bhadre 'nämayam ätmanas te
vicchäyäsi mläyateñan mukhena
älakñaye bhavatém antar-ädhià
düre bandhuà çocasi kaïcanämba

Dharma (na forma de um touro) perguntou: Senhora, não está sadia e satisfeita? Por que está coberta com a sombra do pesar? Parece que pela sua face você se tornou preta. Você sofre por alguma doença interna, ou você pensa em algum familiar que está num lugar distante?

Iluminação de Srila Prabhupada:

As pessoas do mundo nesta era de Kali estão sempre cheias de ansiedades. Todo mundo está doente com algum tipo de doença. Das próprias faces das pessoas desta era, podemos encontrar o índice da mente. Todos sentem a ausência de seu parente que está longe de casa. O sintoma particular da era de Kali agora nenhuma família é abençoada para viver junta. Para ganhar o seu sustento, o pai vive num lugar longe do filho, ou a esposa vive bem longe do esposo e assim por diante. Existem sofrimentos por causa de doenças internas, separação dos próximos e queridos, e ansiedades para manter o status quo. Esses são apenas alguns fatores importantes que fazem as pessoas desta era sempre infelizes.

Verso 20

pädair nyünaà çocasi maika-pädam
ätmänaà vä våñalair bhokñyamäëam
äho surädén håta-yajïa-bhägän
prajä uta svin maghavaty avarñati

Eu perdi minhas três pernas e agora fico em pé só com uma. Você lamenta pelo meu estado de existência? Ou você está em grande ansiedade porque de agora em diante os comedores de carne ilícitos a explorarão? Ou você está numa situação difícil penosa porque os semideuses agora estão desprovidos da sua parte das oferendas de sacrifício porque nenhum sacrifício é executado no presente? Ou você está de luto pelos seres vivos por causa de seus sofrimentos devido à fome e seca?

Iluminação de Srila Prabhupada:

Com o progresso da era de Kali, quatro coisas particularmente, a saber a duração de vida, misericórdia, o poder da recordação, e moral ou princípios religiosos gradualmente diminuirão. Porque Dharma, ou os princípios da religião, seriam perdidos na proporção de três para quatro, o touro simbólico estava em pé sobre só uma pata. Quando três quartos da população do mundo inteiro se torna irreligiosa, a situação é convertida em inferno para os animais. Na era de Kali, civilizações sem Deus criarão tantas supostas sociedades religiosas nas quais a Personalidade de Deus será direta ou indiretamente desafiada. E assim sociedades de pessoas sem fé farão o mundo inabitável para a seção mais sã das pessoas. Existem gradações de seres humanos em termos de fé proporcional na Suprema Personalidade de Deus. Na primeira classe de pessoas fiéis estão os Vaishnavas e brahmanas, depois os ksatriyas, depois os vaisyas, depois os sudras, depois os mlecchas, os yavanas e por último os candalas. A degradação do instinto humano começa pelos mlecchas, e o estado de vida candala é a última palavra em degradação humana. Todos os termos mencionados acima nas literaturas Védicas nunca são destinados para qualquer comunidade particular ou nascimento. Eles são qualificações diferentes de seres humanos em geral. Não há questão de direito de nascimento ou comunidade. A pessoa pode adquirir as qualificações específicas por seus próprios esforços, e assim o filho de um Vaishnava pose se tornar um mleccha, ou o filho de um candala pode se tornar mais do que um brahmana, tudo em termos de sua relação íntima com o Supremo Senhor.

Os comedores de carne geralmente são conhecidos como mlecchas. Mas todos os comedores de carne não são mlecchas. Aqueles que aceitam carne nos termos das leis das escrituras não são mlecchas, mas aqueles que aceitam carne sem restrição são chamados mlecchas. Carne bovina é proibida nas escrituras, e os touros e vacas são oferecidos proteção especial pelos seguidores dos Vedas. Mas nesta era de Kali, pessoas explorarão o corpo do touro e da vaca do jeito que quiserem, e assim convidarão sofrimentos de vários tipos.

As pessoas desta era não executarão nenhum sacrifício. A população mleccha se importará muito pouco para execuções de sacrifícios, embora execução de sacrifício seja essencial para pessoas que estão engajadas materialmente no prazer sensual. No Bhagavad-gita execução de sacrifícios é fortemente recomendada (Bg. 3.14-16).

Os seres vivos são criados pelo criador Brahma, e justamente para manter o ser vivo criado progressivamente em direção ao caminho de volta ao Supremo, o sistema de executar sacrifício também é criado por ele. O sistema é que seres vivos vivem da produção de cereais e vegetais, e por comer esses alimentos obtêm poder vital do corpo na forma de sangue e sêmen, e do sangue e sêmen um ser vivo é capaz de criar outros seres vivos. Mas a produção de cereais, capim, etc. se torna possível pela chuva, e essa chuva é feita chover apropriadamente pela execução dos sacrifícios recomendados. Esses sacrifícios são dirigidos pelos ritos dos Vedas, a saber Sama, Yajur, Rg e Atharva. No Manu-smriti é recomendado que por oferecer sacrifício no altar do fogo, o deus do Sol fica satisfeito. Quando o deus do Sol fica satisfeito, ele coleta água do oceano apropriadamente, e assim nuvens suficientes são coletadas no horizonte e chuvas caem. Depois de chuvas suficientes, há produção suficiente de cereais para humanos e todos animais, e assim há energia no ser vivo para atividade progressiva. Os mlecchas, entretanto, fazem planos para instalar matadouros para matar bois e vacas junto com outros animais, e acham que prosperarão por incrementar o número de fábricas e viver de comida animal sem se importarem com a realização de sacrifícios e produção de cereais. Mas eles devem saber que mesmo para os animais eles precisam produzir capim e vegetais, de outra forma os animais não podem viver. E para produzir capim para os animais, eles requerem chuvas suficientes. Assim eles devem depender ultimamente da misericórdia dos semideuses tais quais o deus do Sol, Indra, Chandra, e esses semideuses precisam ser satisfeitos pelas realizações de sacrifício.

Este mundo material é um tipo de prisão, como já mencionamos várias vezes. Os semideuses são os serventes do Senhor que cuidam da manutenção apropriada da prisão. Os semideuses querem ver que os seres vivos rebeldes, que querem sobreviver impiedosamente, sejam voltados gradualmente em direção ao poder supremo do Senhor. Por isso, o sistema de oferecer sacrifício é recomendado nas escrituras.

As pessoas materialistas querem trabalhar duro e desfrutar os resultados lucrativos para prazer sensual. Assim elas cometem muitos tipos de pecados em cada passo da vida. Aqueles, entretanto, que estão conscientemente dedicados no serviço devocional do Senhor são transcendentais a todas variedades de pecado e virtude. Suas atividades são livres da contaminação dos três modos da natureza material. Para os devotos não há necessidade de executar os sacrifícios prescritos porque a própria vida do devoto é um símbolo de sacrifício. Mas pessoas que estão engajadas em atividades lucrativas para prazer sensual devem executar os sacrifícios prescritos porque é o único meio de se livrar das reações de todos pecados cometidos pelos trabalhadores lucrativos. Sacrifício é o meio de anular esses pecados acumulados. Os semideuses ficam satisfeitos quando esses sacrifícios são executados, justamente igual os agentes da prisão ficam satisfeitos quando os prisioneiros se transformam em sujeitos obedientes. O Senhor Chaitanya, entretanto, recomendou somente um yajña, ou sacrifício, chamado o sankirtana-yajña, o cantar de Hare Krishna, no qual todos podem participar. Assim tantos os devotos quanto os trabalhadores lucrativos podem obter o mesmo benefício das realizações de sankirtana-yajña.

Verso 21

arakñyamäëäù striya urvi bälän
çocasy atho puruñädair ivärtän
väcaà devéà brahma-kule kukarmaëy
abrahmaëye räja-kule kulägryän

Você sente compunção pelas mulheres e crianças infelizes que são deixadas desamparadas por pessoas inescrupulosas? Ou você está infeliz porque a deusa do conhecimento agora é manipulada por brahmanas adeptos a atos contra os princípios da religião? Ou você está pesarosa de ver que os brahmanas se abrigaram em famílias administrativas que não respeitam a cultura brahmana?

Iluminação de Srila Prabhupada:

Na era de Kali, as mulheres e as crianças, junto com brahmanas e vacas, serão negligenciados grosseiramente e deixados desprotegidos. Nesta era conexão ilícita com mulheres proporcionará muitas mulheres e crianças descuidadas. Circunstancialmente, as mulheres tentarão se tornar independentes da proteção do homem, e casamento será realizado como assunto de acordo formal entre homem e mulher. Na maioria dos casos, as crianças não serão cuidadas apropriadamente. Os brahmanas são tradicionalmente pessoas inteligentes, e por isso eles serão capazes de elevar a educação moderna para a classificação mais alta, mas no que diz respeito a moral e princípios religiosos, eles serão os mais caídos. Educação e mau caráter vão mal juntos, mas essas coisas acontecerão em paralelo. Os chefes administrativos como uma classe condenarão os dogmas do conhecimento Védico e preferirão conduzir um estado supostamente secular, e esses supostos brahmanas educados serão comprados por tais administradores inescrupulosos. Mesmo um filósofo e escritor de muitos livros sobre princípios religiosos também pode aceitar um posto exaltado em algum governo que nega todos os códigos morais dos sastras. Os brahmanas são especificamente restringidos de aceitar um serviço desse. Mas nesta era eles não somente aceitarão o serviço, e farão isso mesmo se for da qualidade mais sórdida. Esses são alguns dos sintomas da era de Kali que é prejudicial para o bem-estar geral da sociedade humana.

Verso 22

kià kñatra-bandhün kalinopasåñöän
räñöräëi vä tair avaropitäni
itas tato väçana-päna-väsaù-
snäna-vyaväyonmukha-jéva-lokam

Os supostos administradores agora estão confusos pela influência desta era de Kali, e por isso eles botaram todos assuntos de estado em desordem. Agora você lamenta essa desordem? Agora a população geral não segue as regras e regulamentos para comer, dormir, beber, acasalar, etc., e são inclinados a fazer isso em qualquer lugar e todo lugar. Você está infeliz por causa disso?

Iluminação de Srila Prabhupada:

Existem algumas necessidades da vida em pé de igualdade com aquelas dos animais inferiores, e são comer, dormir, temer e acasalar. Essas demandas corpóreas são para ambos os seres humanos e os animais. Mas o ser humano precisa satisfazer tais desejos não igual animais, mas igual um ser humano. Um cachorro pode acasalar com uma cadela perante os olhos públicos sem hesitação, mas se um ser humano fizer isso o ato será considerado um incômodo público, e a pessoa será processada criminalmente. Assim para o ser humano existem algumas regras e regulamentos, mesmo para satisfazer demandas comuns. A sociedade humana evita essas regras e regulamentos quando está desorientada pela influência da era de Kali. Nesta era, pessoas se entregam a essas necessidades de vida sem seguir as regras e regulamentos, e essa deterioração das regras sociais e morais é certamente lamentável por causa dos efeitos danosos de um comportamento bestial desse. Nesta era, os pais e guardiões não estão contentes com o comportamento dos seus tutelados. Eles precisam saber que muitas crianças inocentes são vítimas de má associação proporcionada pela influência desta era de Kali. Nós sabemos do Srimad Bhagavatam que Ajamila, o filho inocente de um brahmana, andava pela rua e viu um casal sudra que se abraçava sexualmente. Aquilo atraiu o menino, e mais tarde o menino se tornou vítima de todas devassidões. De um brahmana puro, ele caiu para a posição de um menino de rua, e isso foi por causa de má associação. Havia apenas uma vítima naqueles dias, mas nesta era de Kali os estudantes inocentes pobres são diariamente vítimas de cinemas que atraem pessoas somente para prática sexual. Os supostos administradores são destreinados nos assuntos de um ksatriya. Os ksatriyas são destinados para administração, do mesmo modo que os brahmanas são destinados para conhecimento e direção. A palavra ksatra-bandhu se refere aos supostos administradores ou pessoas promovidas para o posto de administrador sem treinamento apropriado por cultura e tradição. Hoje em dia eles são promovidos para esses postos exaltados por votos do povo que são eles mesmos caídos sobre as regras e regulamentos da vida. Como é que pessoas assim podem selecionar uma pessoa apropriada quando elas mesmas são caídas no padrão de vida? Desse modo, pela influência da era de Kali, em toda parte, politicamente, socialmente ou religiosamente, tudo está de cabeça para baixo, e por isso para a pessoa sã é tudo deplorável.

Verso 23

yadvämba te bhüri-bharävatära-
kåtävatärasya harer dharitri
antarhitasya smaraté visåñöä
karmäëi nirväëa-vilambitäni

Ó mãe Terra, a Suprema Personalidade de Deus, Hari, encarnou em Pessoa como o Senhor Sri Krishna justamente para aliviar seu fardo pesado. Todas atividades Dele são transcendentais, e cimentam o caminho da liberação. Agora você está desprovida da presença Dele. Provavelmente agora você pensa nessas atividades e se sente triste na ausência delas.

Iluminação de Srila Prabhupada:

As atividades do Senhor incluem liberação, mas elas são muito mais saboreáveis do que o prazer derivado de nirvana, ou liberação. De acordo com Srila Jiva Goswami e Visvanatha Chakravarti Thakura, a palavra usada é nirvana-vilambitani, aquilo que minimiza o valor da liberação. Para alcançar nirvana, liberação, a pessoa tem que se submeter a um tipo severo de tapasya, austeridade, mas o Senhor é tão misericordioso que Ele encarna para diminuir o fardo pesado da Terra. Simplesmente por lembrar essas atividades, pode-se desafiar o prazer derivado do nirvana e alcançar a morada transcendental do Senhor para se associar com Ele, eternamente dedicado em Seu serviço amoroso bem-aventurado.

Verso 24

idaà mamäcakñva tavädhi-mülaà
vasundhare yena vikarçitäsi
kälena vä te balinäà baléyasä
surärcitaà kià håtam amba saubhagam

Mãe, você é o reservatório de todas riquezas. Por favor me informe sobre a causa raiz de suas tribulações pelas quais você foi reduzida a um estado tão frágil. Eu acho que a poderosa influência do tempo, que conquista os mais poderosos, pode ter levado embora à força toda sua fortuna, que era adorada até mesmo pelos semideuses.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Pela graça do Senhor, cada e todo planeta é criado plenamente equipado. Por isso não apenas esta Terra é plenamente equipada com todas as riquezas para a manutenção dos habitantes, mas também quando o Senhor descende à Terra, a Terra inteira se torna enriquecida com todos tipos de opulências que até mesmo os habitantes do paraíso adoram com toda afeição. Mas pelo desejo do Senhor, a Terra inteira pode ser mudada imediatamente. Ele pode fazer e desfazer uma coisa pela Sua doce vontade. Por isso ninguém deve se considerar como auto-suficiente ou independente do Senhor.

Verso 25

dharaëy uväca
bhavän hi veda tat sarvaà
yan mäà dharmänupåcchasi
caturbhir vartase yena
pädair loka-sukhävahaiù

A deidade terrestre (na forma de uma vaca) assim respondeu para a personalidade dos princípios religiosos (na forma de um touro): "Ó Dharma, tudo que perguntou para mim será sabido por você. Eu tentarei responder todas essas perguntas. Uma vez você também era mantido por suas quatro patas, e você incrementou felicidade por todo o universo pela misericórdia do Senhor.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Os princípios da religião são estabelecidos pelo Senhor Ele mesmo, e o executor dessas leis é Dharmaraja, ou Yamaraja. Esses princípios funcionavam plenamente na era de Satya-yuga; na Treta-yuga são reduzidos por uma fração de um quarto; na Dwapara-yuga são reduzidos para metade, e em Kali-yuga são reduzidos para um quarto, e diminuem gradualmente para o ponto zero, e então devastação acontece. Felicidade no mundo depende proporcionalmente sobre a manutenção dos princípios religiosos, individualmente ou coletivamente. A melhor parte do valor é manter os princípios apesar de todos tipos de reveses. Assim pode-se ser feliz durante a duração da vida e ultimamente retornar ao Supremo.

Versos 26 a 30

satyaà çaucaà dayä kñäntis
tyägaù santoña ärjavam
çamo damas tapaù sämyaà
titikñoparatiù çrutam

jïänaà viraktir aiçvaryaà
çauryaà tejo balaà småtiù
svätantryaà kauçalaà käntir
dhairyaà märdavam eva ca

prägalbhyaà praçrayaù çélaà
saha ojo balaà bhagaù
gämbhéryaà sthairyam ästikyaà
kértir mäno 'nahaìkåtiù

ete cänye ca bhagavan
nityä yatra mahä-guëäù
prärthyä mahattvam icchadbhir
na viyanti sma karhicit

tenähaà guëa-pätreëa
çré-niväsena sämpratam
çocämi rahitaà lokaà
päpmanä kalinekñitam

Dentro Dele reside (1) veracidade, (2) limpeza, (3) intolerância com infelicidade de outros, (4) o poder de controlar a ira, (5) auto-satisfação, (6) franqueza, (7) estabilidade da mente, (8) controle dos órgãos dos sentidos, (9) responsabilidade, (10) igualdade, (11) tolerância, (12) equanimidade, (13) lealdade, (14) conhecimento, (15) ausência de prazer sensual, (16) liderança, (17) cavalheirismo, (18) influência, (19) o poder de tornar tudo possível, (20) o cumprimento do dever adequado, (21) independência completa, (22) destreza, (23) plenitude de toda beleza, (24) serenidade, (25) bondade, (26) ingenuidade, (27) gentileza, (28) magnanimidade, (29) determinação, (30) perfeição em todo conhecimento, (31) execução apropriada, (32) possessão de todos objetos de desfrute, (33) alegria, (34) imutabilidade, (35) fidelidade, (36) fama, (37) adoração, (38) falta de orgulho, (39) ser (igual à Personalidade de Deus), (40) eternidade, e muitas outras qualidades transcendentais que estão eternamente presentes e nunca para serem separadas Dele. Essa Personalidade de Deus, o reservatório de toda bondade e beleza, Senhor Sri Krishna, agora encerrou Seus passatempos transcendentais na face da Terra. Na ausência Dele a era de Kali espalhou sua influência em toda parte, por isso eu estou triste de ver essa condição de existência.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Mesmo se fosse possível contar os átomos depois de pulverizar a Terra até pó, mesmo assim seria impossível estimar as insondáveis qualidades transcendentais do Senhor. É dito que o Senhor Anantadeva tentou expor as qualidades transcendentais do Supremo Senhor com Suas línguas inumeráveis, e isso mesmo durante inumeráveis anos seguidos foi impossível estimar as qualidades do Senhor. A declaração acima é justamente para estimar as qualidades Dele na medida em que um ser humano é capaz de vê-Lo. Mesmo se fosse assim, as qualidades acima podem ser divididas em muitos subtítulos. De acordo com Srila Jiva Goswami, a terceira qualidade, intolerância com infelicidade de outros, pode ser subdividida em (1) proteção das almas rendidas e (2) benquerente dos devotos. No Bhagavad-gita o Senhor afirma, Ele quer que toda alma se renda a Ele somente, e Ele assegura para todos que se alguém fizer isso Ele dará proteção das reações de todos pecados. Almas não rendidas não são devotos do Senhor, e por isso que não têm proteção particular para todos em geral. Para os devotos Ele tem todos os bons desejos, e para aqueles que estão realmente dedicados no serviço amoroso transcendental do Senhor, Ele dá atenção particular. Ele dá orientação para esses devotos puros para ajudá-los a executar suas responsabilidades no caminho de volta ao Supremo. Para igualdade (10), o Senhor é igualmente bom para todos, igual o Sol é igual em distribuir seus raios sobre todos. Mesmo assim existem muitos que não são capazes de aproveitar os raios do Sol. Similarmente, o Senhor diz que se render a Ele é a garantia para toda proteção Dele, mas pessoas infelizes são incapazes de aceitar essa proposta, e por isso elas sofrem de todas misérias materiais. Assim mesmo embora o Senhor seja igualmente benquerente para todos, o ser vivo infeliz, devido à má associação somente, é incapaz de aceitar Suas instruções no total, e por isso o Senhor nunca deve ser culpado. Ele é chamado de benquerente para os devotos somente. Ele parece ser parcial com Seus devotos, mas na realidade a matéria repousa sobre o ser vivo aceitar ou rejeitar tratamento igual pelo Senhor.

O Senhor nunca desvia de Sua palavra de honra. Quando Ele dá garantia para proteção, a promessa é executada em todas circunstâncias. É o dever do devoto puro ser fixo na execução do dever confiado a ele pelo Senhor ou pelo representante fidedigno do Senhor, o mestre espiritual. O resto é realizado pelo Senhor sem nenhuma interrupção.

A responsabilidade do Senhor também é única. O Senhor não tem nenhuma responsabilidade porque todo Seu trabalho é feito por Suas diferentes energias nomeadas. Mas mesmo assim Ele aceita responsabilidades voluntárias em exibir diferentes papéis em Seus passatempos transcendentais. Como um menino, Ele fez o papel de um menino pastor de vacas. Como filho de Nanda Maharaja, Ele desempenhou a responsabilidade perfeitamente. Similarmente, quando Ele fez o papel de um ksatriya como filho de Maharaja Vasudeva, Ele exibiu toda a destreza de um ksatriya com espírito marcial. Em quase todos casos, o rei ksatriya tem que assegurar uma esposa por lutar ou raptar. Esse tipo de comportamento para um ksatriya é louvável no sentido de que um ksatriya deve mostrar seu poder de cavalheirismo para sua futura esposa para que a filha de um ksatriya possa ver o valor de seu futuro esposo. Mesmo a Personalidade de Deus Sri Rama exibiu esse espírito de cavalheirismo durante Seu casamento. Ele quebrou o arco mais forte, chamado Haradhanur, e conquistou a mão de Sitadevi, a mãe de toda opulência. O Senhor Sri Krishna cumpriu essa responsabilidade plenamente porque embora Ele tivesse mais de dezesseis mil esposas, em cada e todo caso Ele lutou como um cavalheiro ksatriya e assim assegurou uma esposa. Lutar dezesseis mil vezes para assegurar dezesseis mil esposas certamente só é possível para a Suprema Personalidade de Deus. Similarmente, Ele exibiu plena responsabilidade em cada ação de Seus diferentes passatempos transcendentais.

A décima quarta qualidade, conhecimento, pode ser mais estendida em cinco subtítulos, a saber (1) inteligência, (2) gratidão, (3) poder de entender os ambientes circunstanciais de lugar, objeto e tempo, (4) conhecimento perfeito de tudo, e (5) conhecimento do eu. Somente tolos são ingratos com seus benfeitores. O Senhor, entretanto, não requer benefício de ninguém além Dele mesmo porque Ele é pleno em Si mesmo, mesmo assim Ele Se sente beneficiado pelos serviços imaculados de Seus devotos. O Senhor sente gratidão por Seus devotos por esse não sofisticado, incondicional serviço e tenta reciprocar por prestar serviço, embora o devoto também não tenha esse desejo em seu coração. O serviço transcendental do Senhor é em si mesmo um benefício transcendental para o devoto, e por isso o devoto não tem nada a esperar do Senhor. Na afirmação do aforismo Védico sarvam khalv idam brahma, podemos entender que o Senhor, pelos raios onipresentes de Sua refulgência, chamada brahmajyoti, é todo-penetrante dentro ou fora de tudo, igual o céu material onipresente, e assim Ele também é onisciente.

Em relação à beleza do Senhor, Ele tem algumas características especiais que O distinguem de todos outros seres vivos, e acima e além Dele ter algumas belas características especialmente atraentes pelas quais Ele atrai a mente até mesmo de Radharani, a criação supremamente bela do Senhor, Ele é conhecido, por isso, como Madana-mohana, ou aquele que atrai a mente até mesmo de Cupido. Srila Jiva Goswami Prabhu analisou minuciosamente outras qualidades transcendentais do Senhor e afirma que o Senhor Sri Krishna é a Suprema Personalidade de Deus Absoluta (Parabrahman). Ele é onipotente por Suas energias inconcebíveis, e por isso Ele é Yogeshvara, ou mestre supremo de todos poderes místicos. Por ser o Yogeshvara, Sua forma eterna é espiritual, uma combinação de eternidade, bem-aventurança e conhecimento. A classe de não devotos não pode entender a natureza dinâmica do Seu conhecimento porque estão satisfeitos em escalar até Sua forma eterna de conhecimento. Todas grandes almas aspiram por serem iguais em conhecimento com Ele. Isso quer dizer que qualquer outro conhecimento sempre é insuficiente, flexível e mensurável, enquanto o conhecimento do Senhor é sempre fixo e insondável. Srila Suta Goswami afirma no Bhagavatam que embora Ele fosse observado pelos cidadãos de Dwaraka todo dia, sempre havia ansiedade crescente em vê-Lo novamente e novamente. Os seres vivos podem apreciar as qualidades do Senhor como a meta suprema, mas não podem alcançar o status quo dessa igualdade. Este mundo material é um produto do mahat-tattva, o qual é um estado da condição de sonho do Senhor em Seu sono místico yoga-nidra no Oceano Causal, e mesmo assim a criação inteira parece ser uma apresentação real de Sua criação. Isso significa que as condições de sonho do Senhor também são manifestações reais. Ele por isso pode trazer tudo sob Seu controle transcendental, e por isso sempre que e em todo lugar que Ele aparece, Ele faz isso em plenitude.

O Senhor por ser tudo que está descrito acima, mantém os assuntos da criação, e por Ele fazer isso Ele dá salvação até para Seus inimigos que são mortos por Ele. Ele é atraente até para a alma liberada mais elevada, e por isso Ele é adorável até mesmo por Brahma e Shiva, os melhores de todos os semideuses. Mesmo em Sua encarnação de purusa-avatara Ele é o Senhor de toda energia criativa. A energia criativa material trabalha sob Sua direção, como confirmado no Bhagavad-gita (9.10). Ele é o interruptor de controle da energia material, e para controlar a energia material nos universos inumeráveis, Ele é a causa raiz das encarnações inumeráveis em todos os universos. Existem mais de quinhentas mil encarnações de Manu em apenas um universo, além de outras encarnações em universos diferentes. No mundo espiritual, entretanto, além do mahat-tattva, não há questão de encarnações, mas existem expansões plenárias do Senhor em diferentes Vaikunthas. Os planetas no céu espiritual são pelo menos três vezes mais o número daqueles dentro dos inumeráveis universos dentro do mahat-tattva. E todas as formas Narayana do Senhor são apenas expansões de Seu aspecto Vasudeva, e por isso Ele é Vasudeva, Narayana e Krishna simultaneamente. Ele é sri-krsna govinda hare murare, he natha narayana vasudeva, todos em um. Suas qualidades, por isso, não podem ser contadas por ninguém, por mais grandioso que alguém possa ser.

Verso 31

ätmänaà cänuçocämi
bhavantaà cämarottamam
devän pitèn åñén sädhün
sarvän varëäàs tathäçramän

Eu penso em mim mesma e também, ó melhor entre os semideuses, em você, e também em todos os semideuses, sábios, habitantes de Pitriloka, devotos do Senhor e todas pessoas obedientes ao sistema de varna e asrama na sociedade humana.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Para efetivar a perfeição da vida humana existe cooperação entre humanos e semideuses, sábios, habitantes de Pitriloka, devotos do Senhor e o sistema científico de ordens de vida varna e asrama. A distinção entre vida humana e vida animal por isso começa com o sistema científico de varna e asrama, orientado pela experiência de sábios em relação com os semideuses, que gradualmente se eleva ao ápice de restabelecer nossa relação eterna com a Verdade Absoluta Suprema, a Personalidade de Deus, Senhor Sri Krishna. Quando varnasrama-dharma feito por Deus, o qual é estritamente destinado para desenvolver consciência animal em consciência humana e consciência humana em consciência divina, é quebrado pelo avanço da estupidez, o sistema inteiro de vida pacífica e progressiva é imediatamente perturbado. Na era de Kali, o primeiro ataque da serpente venenosa golpeia contra o varnasrama-dharma, e assim uma pessoa qualificada apropriadamente como um brahmana é chamada de sudra, e um sudra por qualificação se passa por um brahmana, tudo sobre uma falsa reivindicação de nascimento. Tornar-se um brahmana por reivindicação de nascimento não é nem um pouco fidedigno, embora possa ser um cumprimento de uma das condições. Porém a verdadeira qualificação de um brahmana é controlar a mente e os sentidos, e cultivar tolerância, simplicidade, limpeza, conhecimento, veracidade, devoção e fé na sabedoria Védica. Na era presente, consideração da qualificação necessária é negligenciada, e a falsa reivindicação de nascimento é apoiada até mesmo por um poeta popular sofisticado, autor do Rama-charita-manasa.

Isso acontece devido à influência da era de Kali. Por isso Mãe Terra, representada como uma vaca, lamentava a condição deplorável.

Versos 32 e 33

brahmädayo bahu-tithaà yad-apäìga-mokña-
kämäs tapaù samacaran bhagavat-prapannäù
sä çréù sva-väsam aravinda-vanaà vihäya
yat-päda-saubhagam alaà bhajate 'nuraktä

tasyäham abja-kuliçäìkuça-ketu-ketaiù
çrémat-padair bhagavataù samalaìkåtäìgé
trén atyaroca upalabhya tato vibhütià
lokän sa mäà vyasåjad utsmayatéà tad-ante

Lakshmiji, a deusa da fortuna, cujo olhar era procurado por semideuses tais quais Brahma e a quem eles se renderam muitos por dia sob a Personalidade de Deus, abandonou sua própria morada na floresta de flores de lótus e se dedicou no serviço dos pés de lótus do Senhor. Eu fui dotada com poderes específicos para suplantar a fortuna de todos os três sistemas planetários por estar decorada com as impressões da flâmula, raio, bastão de conduzir elefante e flor de lótus, que são sinais dos pés de lótus do Senhor. Mas no fim, quando senti que eu era tão afortunada, o Senhor me deixou.

Iluminação de Srila Prabhupada:

A beleza e opulência do mundo podem ser incrementadas pela graça do Senhor e não por nenhum plano feito por pessoas. Quando o Senhor Sri Krishna estava presente nesta Terra, as impressões dos sinais especiais de Seus pés de lótus ficaram estampadas na poeira, e como resultado dessa graça específica, a Terra inteira foi feita o mais perfeito possível. Em outras palavras, os rios, os mares, as florestas, as montanhas e as minas, que são os agentes supridores para as necessidades de humanos e animais, executavam plenamente seus deveres respectivos. Por isso as riquezas do mundo superaram todas as riquezas de todos outros planetas nos três sistemas planetários do universo. Deve-se, por isso, pedir que a graça do Senhor esteja sempre presente sobre a Terra para que sejamos favorecidos pela misericórdia sem causa Dele e sejamos felizes, com todas necessidades da vida. Pode-se perguntar como podemos deter o Supremo Senhor nesta Terra depois que Sua missão é cumprida e Ele deixou esta Terra para Sua própria morada. A resposta é que não tem necessidade de deter o Senhor. O Senhor, por ser onipresente, pode estar presente conosco se nós O quisermos a todo custo. Por Sua onipresença, Ele sempre pode estar conosco se estivermos apegados a Seu serviço devocional por ouvir, cantar, lembrar, etc..

Não existe nada no mundo que o Senhor esteja desconectado. A única coisa que devemos aprender é escavar a fonte da conexão e assim ficar ligado com Ele pelo serviço sem ofensas. Nós podemos ficar conectado com Ele pela representação do som transcendental do Senhor. O santo nome do Senhor e o Senhor Ele mesmo são idênticos, e quem canta o santo nome do Senhor de uma forma sem ofensas pode realizar imediatamente que o Senhor está presente perante ele. Mesmo pela vibração do som do rádio, podemos realizar parcialmente relatividade do som, e por ressoar o som da transcendência podemos sentir verdadeiramente a presença do Senhor. Nesta era, quando tudo está poluído pela contaminação de Kali, está instruído nas escrituras e pregado pelo Senhor Sri Chaitanya Mahaprabhu que por cantar o santo nome do Senhor, podemos imediatamente ficar livres da contaminação e gradualmente nos elevar para o status de transcendência e ir de volta ao Supremo. O cantor sem ofensas do santo nome do Senhor é tão auspicioso quanto o Senhor Ele mesmo, e o movimento dos devotos puros do Senhor por todo o mundo pode imediatamente mudar a face problemática do mundo. Somente pela propagação do cantar do santo nome do Senhor que podemos ficar imunes de todos efeitos da era de Kali.

Verso 34

yo vai mamätibharam äsura-vaàça-räjïäm
akñauhiëé-çatam apänudad ätma-tantraù
tväà duùstham üna-padam ätmani pauruñeëa
sampädayan yaduñu ramyam abibhrad aìgam

Ó personalidade da religião, eu estava enormemente sobrecarregada pelas falanges militares indevidas arranjadas por reis ateus, e eu fui aliviada pela graça da Personalidade de Deus. Similarmente você também estava numa condição angustiada, enfraquecido na sua força de ficar em pé, e por isso Ele também encarnou por Sua energia interna na família dos Yadus para aliviá-lo.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Os asuras querem desfrutar uma vida de prazer sensual, mesmo pelo custo da felicidade dos outros. Com o propósito de satisfazer sua ambição, os asuras, especialmente reis ateus ou chefes executivos de estado, tentam se equipar com todos tipos de armas letais para trazer uma guerra para uma sociedade pacífica. Eles não têm nenhuma ambição além de engrandecimento pessoal, e por isso a mãe Terra se sente sobrecarregada com esses incrementos de poder militar indevido. Com o incremento da população asurica, aqueles que seguem os princípios da religião se tornam infelizes, especialmente os devotos, ou devas.

Numa situação dessa, a Personalidade de Deus encarna para aniquilar os asuras indesejados e para restabelecer os verdadeiros princípios da religião. Essa foi a missão do Senhor Sri Krishna, e Ele a cumpriu.

Verso 35

kä vä saheta virahaà puruñottamasya
premävaloka-rucira-smita-valgu-jalpaiù
sthairyaà samänam aharan madhu-mäninénäà
romotsavo mama yad-aìghri-viöaìkitäyäù

Quem, então, pode tolerar as dores da separação dessa Suprema Personalidade de Deus? Ele pode conquistar a gravidade e ira apaixonada de Suas amadas tais quais Satyabhama com Seu doce sorriso de amor, olhar agradável e apelos sinceros. Quando Ele atravessou minha (da Terra) superfície, eu fui imersa na poeira de Seus pés de lótus e assim fui coberta suntuosamente com relva que parecia pelos arrepiados sobre mim por causa do prazer.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Havia chances de separação entre o Senhor e Suas milhares de rainhas por causa do Senhor estar ausente do lar, mas no que diz respeito sobre Sua conexão com a Terra, o Senhor atravessava a Terra com Seus pés de lótus, e por isso não havia chance de separação. Quando o Senhor deixou a superfície da Terra para voltar à Sua morada espiritual, os sentimentos de separação da Terra foram ainda mais agudos.

Verso 36

tayor evaà kathayatoù
påthivé-dharmayos tadä
parékñin näma räjarñiù
präptaù präcéà sarasvatém

Enquanto a Terra e a personalidade da religião estavam assim envolvidos em conversação, o Rei Parikshit santificado chegou à margem do Rio Sarasvati, que fluía em direção ao leste.

Assim terminam os significados Bhaktivedanta do Primeiro Canto, Décimo Sexto Capítulo, do Srimad Bhagavatam, intitulado "Como Parikshit Recebeu a Era de Kali".

 

     

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