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Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga
Nitai Gaura Hari Bol


Srimad Bhagavatam
(de Krishna Dwaipayana Vyasa - Srila Vyasadeva)

pela Divina Graça
de
Sri Srimad Bhaktivedanta Swami Maharaj Prabhupada
Paramahamsa Thakura Mahashaya

(Original Sem "correções")

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Primeiro Canto - "Criação"

Capítulo Dezesseis - Como Parikshit Recebeu a Era de Kali

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Capítulo Dezesseis

Como Parikshit Recebeu a Era de Kali

Verso 1

süta uväca
tataù parékñid dvija-varya-çikñayä
mahéà mahä-bhägavataù çaçäsa ha
yathä hi sütyäm abhijäta-kovidäù
samädiçan vipra mahad-guëas tathä

Suta Goswami disse: Ó brahmanas versados, Maharaja Parikshit então começou o governar o mundo como um grande devoto do Senhor sob as instruções dos melhores brahmanas duas vezes nascidos. Ele governou por essas grandes qualidades que foram preditas por astrólogos experientes na hora do seu nascimento.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Na hora do nascimento de Maharaja Parikshit, os astrólogos-brahmanas versados previram algumas de suas qualidades. Maharaja Parikshit desenvolveu todas essas qualidades, por ser um grande devoto do Senhor. A qualificação real é se tornar um devoto do Senhor, e gradualmente todas boas qualidades dignas de serem possuídas se desenvolvem. Maharaja Parikshit era um maha-bhagavata, ou um devoto de primeira classe, que não somente era bem versado na ciência da devoção mas também era capaz de convencer outros a se tornarem devotos por suas instruções transcendentais. Maharaja Parikshit era, portanto, um devoto de primeira ordem, e por isso ele costumava consultar grandes sábios e brahmanas versados, que podiam aconselhá-lo pelos sastras sobre como executar a administração do estado. Tais grandes reis eram mais responsáveis do que os modernos chefes executivos eleitos porque eles se sujeitam às grandes autoridades por seguirem as instruções deles deixadas nas literaturas Védicas. Não há necessidade de idiotas impraticáveis para promulgar diariamente um novo projeto de lei e convenientemente alterá-lo repetidamente para servir a algum propósito. As regras e regulamentos já foram estabelecidos por grandes sábios tais quais Manu, Yajñavalkya, Parashara, e outros sábios liberados, e os decretos são todos adequados para todas as eras em todos lugares. Assim as regras e regulamentos eram padrão e sem imperfeição ou defeito. Reis iguais a Maharaja Parikshit tinham seu conselho de conselheiros, e todos os membros desse conselho eram ou grandes sábios ou brahmanas de primeira ordem. Eles não aceitavam nenhum salário, eles nem tinham necessidade de tais salários. O estado obtinha o melhor conselho sem despesa. Eles mesmos eram sama-darsi, iguais com todos, tanto humano quanto animal. Eles não aconselhavam o rei para dar proteção para humanos e o instruíam para matar pobres animais. Esses membros do conselho não eram idiotas ou representantes para compor um paraíso de idiotas. Todos eles eram almas auto-realizadas, e eles sabiam perfeitamente bem como todos os seres vivos no estado seriam felizes, tanto nesta vida quanto na próxima. Eles não estavam preocupados com filosofia hedonista de comer, beber, acasalar e desfrutar. Eles eram filósofos no verdadeiro sentido, e eles sabiam bem qual é a missão da vida humana. Sob todas essas obrigações, o conselho dos conselheiros do rei dava instruções corretas, e o rei ou chefe executivo, por ser ele mesmo um devoto qualificado do Senhor, as seguiam minuciosamente para o bem-estar do estado. O estado nos dias de Maharaja Yudhisthira ou Maharaja Parikshit era um estado de bem-estar no sentido verdadeiro do termo porque ninguém era infeliz no estado, seja humano ou animal. Maharaja Parikshit era um rei ideal para um estado de bem-estar do mundo.

Verso 2

sa uttarasya tanayäm
upayema irävatém
janamejayädéàç caturas
tasyäm utpädayat sutän

O Rei Parikshit casou com a filha do Rei Uttara e teve quatro filhos, liderados por Maharaja Janamejaya.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Maharaja Uttara era o filho de Virata e tio materno de Maharaja Parikshit. Iravati, por ser filha de Maharaja Uttara, era prima irmã de Maharaja Parikshit, porém primos irmãos ou irmãs eram permitidos casar se não pertencessem ao mesmo gotra, ou família. No sistema Védico de casamento, a importância do gotra, ou família, era enfatizada. Arjuna também casou com Subhadra, embora ela fosse sua prima irmã materna.

Janamejaya: Um dos reis rajarsi e o filho famoso de Maharaja Parikshit. O nome de sua mãe era Iravati, ou de acordo com alguns, Madravati. Maharaja Janamejaya teve dois filhos de nomes Jñatanika e Shankukarna. Ele celebrou vários sacrifícios no local de peregrinação Kurukshetra, e ele tinha três irmãos mais novos chamados Shrutasena, Ugrasena e Bhimasena II. Ele invadiu Takshashila (Ajanta), e decidiu vingar a maldição ilegal sobre seu grande pai, Maharaja Parikshit. Ele executou um grande sacrifício chamado Sarpa-yajña, para matar a raça das serpentes, inclusive taksaka, que picou seu pai mortalmente. A pedido de muitos semideuses e sábios influentes, ele teve que mudar sua decisão de matar a raça das serpentes, mas apesar de parar o sacrifício, ele agradou a todos envolvidos no sacrifício por recompensá-los apropriadamente. Na cerimônia, Mahamuni Vyasadeva também estava presente, e ele pessoalmente narrou a história da Batalha de Kurukshetra perante o Rei. Depois pela ordem de Vyasadeva, seu discípulo Vaishampayana narrou perante o Rei a matéria do Mahabharata. Ele ficou muito afetado com a morte prematura de seu pai e estava muito ansioso para vê-lo novamente, e expressou isso para o grande sábio Vyasadeva. Vyasadeva também satisfez seu desejo. Seu pai estava presente perante ele, e ele adorou ambos, seu pai e Vyasadeva com respeito e pompa. Plenamente satisfeito, ele deu caridades com o máximo da generosidade para os brahmanas presentes no sacrifício.

Verso 3

äjahäräçva-medhäàs trén
gaìgäyäà bhüri-dakñiëän
çäradvataà guruà kåtvä
devä yaträkñi-gocaräù

Maharaja Parikshit, depois de escolher Kripacharya por orientação como seu mestre espiritual, executou três sacrifícios do cavalo nas margens do Ganges. Esses foram executados com remunerações suficientes para os participantes. e nesses sacrifícios mesmo as pessoas comuns podiam ver semideuses.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Deste verso parece que viagem interplanetária pelos habitantes dos planetas superiores é fácil. Em muitas declarações do Bhagavatam, observamos que os semideuses do paraíso costumavam visitar esta Terra para participar dos sacrifícios executados por reis e imperadores influentes. Aqui também encontramos que durante a hora da cerimônia do sacrifício do cavalo de Maharaja Parikshit, os semideuses de outros planetas eram visíveis mesmo para as pessoas comuns, devido à cerimônia do sacrifício. Os semideuses geralmente não são visíveis para pessoas comuns, do mesmo modo como o Senhor não é visível. Mas o Senhor, por Sua misericórdia sem causa, descende para ser visível para pessoas comuns, similarmente os semideuses também se tornam visíveis para pessoas comuns por sua própria graça. Embora seres celestiais não sejam visíveis para os olhos nus dos habitantes desta Terra, foi devido à influência de Maharaja Parikshit que os semideuses também concordaram em serem visíveis. Os reis costumavam gastar generosamente durante esses sacrifícios, do mesmo modo que uma nuvem distribui chuvas. A nuvem é nada além de outra forma de água, ou, em outras palavras, as águas da terra transformadas em nuvens. Similarmente, a caridade feita pelos reis nesses sacrifícios é só outra forma de impostos coletados dos cidadãos. Porém, do mesmo modo que as chuvas caem muito generosamente e parece ser mais do que o necessário, a caridade feita por esses reis também aparentava ser maior do que os cidadãos precisavam. Cidadãos satisfeitos nunca organizarão agitação contra o rei, e por isso não havia necessidade de mudar o estado monárquico.

Mesmo para um rei igual Maharaja Parikshit havia necessidade de um mestre espiritual para orientação. Sem essa orientação não se pode fazer progresso na vida espiritual. O mestre espiritual tem que ser fidedigno, e aquele que quer ter auto-realização tem que se aproximar e aceitar o abrigo de um mestre espiritual fidedigno para alcançar sucesso real.

Verso 4

nijagrähaujasä véraù
kalià digvijaye kvacit
nåpa-liìga-dharaà çüdraà
ghnantaà go-mithunaà padä

Certa vez, quando Maharaja Parikshit estava em seu caminho para conquistar o mundo, ele viu o mestre de Kali-yuga, que era mais baixo do que um sudra, disfarçado como um rei e feria as patas de uma vaca e touro. O Rei imediatamente o agarrou para aplicar punição suficiente.

Iluminação de Srila Prabhupada:

O significado de um rei sair e conquistar o mundo não é para auto engrandecimento. Maharaja Parikshit saiu para conquistar o mundo depois da sua ascensão ao trono, mas isso não foi para o propósito de agressão sobre outros estados. Ele era o Imperador do mundo, e todos os estados pequenos já estavam sob seu regime. Seu propósito em sair era para ver como iam as coisas em termos do estado divino. O rei, por ser o representante do Senhor, tem que executar a vontade do Senhor devidamente. Não há questão de auto engrandecimento. Assim logo que Maharaja Parikshit viu um homem de classe baixa com vestimenta de rei ferir as patas de uma vaca e um touro, imediatamente ele o prendeu e puniu. O rei não pode tolerar insultos para o animal mais importante, a vaca, nem pode tolerar desrespeito para o humano mais importante, o brahmana. Civilização humana significa avançar a causa da cultura brahmana, e mantê-la, proteção da vaca é essencial. Existe um milagre no leite, porque ele contém todas as vitaminas necessárias para sustentar condições fisiológicas humanas para conquistas maiores. Cultura brahmana só pode avançar quando humano é educado para desenvolver as qualidades da bondade, e para isso existe uma necessidade primordial de comida preparada com leite, frutas e cereais. Maharaja Parikshit ficou atônito de ver que um sudra negro, vestido como um rei, maltratava uma vaca, o animal mais importante na sociedade humana.

A era de Kali quer dizer má administração e briga. E a causa raiz de toda má administração e briga é que pessoas inúteis com os modos de humanos de classe baixa, que não têm ambição superior na vida, assumem o leme da administração do estado. Tais pessoas no posto de um rei com certeza em primeiro lugar ferem a vaca e a cultura brahmana, e assim empurram toda sociedade em direção ao inferno. Maharaja Parikshit, treinado como ele era, sentiu o aroma dessa causa raiz de toda briga no mundo. Por isso ele quis impedi-la bem no início.

Verso 5

çaunaka uväca
kasya hetor nijagräha
kalià digvijaye nåpaù
nådeva-cihna-dhåk çüdra-
ko 'sau gäà yaù padähanat
tat kathyatäà mahä-bhäga
yadi kåñëa-kathäçrayam

Shaunaka Rishi perguntou: Por que Maharaja Parikshit simplesmente o puniu, embora ele fosse o mais baixo dos sudras, vestido de rei e ter golpeado uma vaca na perna? Por favor descreva todos esses incidentes se forem relacionados com os tópicos do Senhor Krishna.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Shaunaka e os rsis ficaram abismados ao ouvirem que o piedoso Maharaja Parikshit simplesmente puniu o culpado e não o matou. Isso sugere que um rei piedoso igual Maharaja Parikshit deveria imediatamente ter matado um ofensor que queria enganar o público por se vestir como um rei e ao mesmo tempo ousar insultar o mais puro dos animais, uma vaca. Os rsis daqueles dias, entretanto, não podiam nem imaginar que nos dias avançados da era de Kali os mais baixos dos sudras serão eleitos como administradores e abrirão matadouros organizados para matar vacas. De qualquer forma, apesar de ouvir sobre um sudraka que era um enganador e insultador de uma vaca não fosse muito interessante para os grandes rsis, eles entretanto queriam ouvir sobre isso para ver se o evento tinha alguma conexão com o Senhor Krishna. Eles estavam interessados somente nos tópicos do Senhor Krishna, porque qualquer coisa que é encaixada com a narração de Krishna é digna de ser ouvida. Existem muitos tópicos no Bhagavatam sobre sociologia, política, economia, assuntos culturais, etc., mas todos eles estão em relação com Krishna, e portanto todos eles são dignos de serem ouvidos. Krishna é o ingrediente purificador em todas matérias, sem levar em conta do que elas são. No mundo mundano, tudo é impuro devido a ser um produto das três qualidades mundanas. O agente purificador, entretanto, é Krishna.

Texto 6

athaväsya padämbhoja-
makaranda-lihäà satäm
kim anyair asad-äläpair
äyuño yad asad-vyayaù

Os devotos do Senhor estão acostumados a lamberem o mel disponível nos pés de lótus do Senhor. Qual a utilidade de tópicos que simplesmente desperdiçam a vida preciosa da pessoa?

Iluminação de Srila Prabhupada:

O Senhor Krishna e Seus devotos estão ambos no plano transcendental; portanto os tópicos do Senhor Krishna e de Seus devotos puros são igualmente bons. A Batalha de Kurukshetra é cheia de política e diplomacia, mas porque esses tópicos estão relacionados com o Senhor Krishna, o Bhagavad-gita assim é adorado em todo o mundo. Não há necessidade de erradicar política, economia, sociologia, etc., que são mundanos para os mundanos. Para um devoto puro, que está realmente relacionado com o Senhor ou com Seus devotos puros, essas coisas mundanas são transcendentais se encaixadas com o Senhor ou Seus devotos puros. Nós ouvimos e falamos sobre as atividades dos Pandavas, e agora estamos tratando dos tópicos de Maharaja Parikshit, mas porque todos esses tópicos são relacionados com o Senhor Sri Krishna, são todos transcendentais, e devotos puros têm grande interesse em ouvi-los. Nós já discutimos esta matéria em conexão com as preces de Bhismadeva.

Nossa duração de vida não é muito longa, e não existe certeza de quando seremos ordenados a deixar tudo para o próximo estágio. Por isso é nosso dever ver que nenhum momento da nossa vida seja desperdiçado em tópicos que não são relacionados com o Senhor Krishna. Qualquer tópico, por mais agradável, não é digno de ser ouvido se desprovido de sua relação com Krishna.

O planeta espiritual, Goloka Vrindavana, a morada eterna do Senhor Krishna, é moldada igual ao verticilo de uma flor de lótus. Mesmo quando o Senhor descende a qualquer um dos planetas mundanos, Ele faz isso por manifestar Sua própria morada como ela é. Assim Seus pés permanecem sempre no mesmo grande verticilo da flor de lótus. Seus pés também são belos iguais à flor de lótus. Por isso que se diz que o Senhor Krishna tem pés de lótus.

Um ser vivo é eterno por constituição. Ele está, por assim dizer, dentro do verticilo de nascimento e morte devido a seu contato com energia material. Livre desta energia material, um ser vivo fica liberado e é elegível para retornar ao lar, de volta ao Supremo. Aqueles que querem viver para sempre sem trocar seus corpos materiais não devem desperdiçar tempo valioso com tópicos além daqueles em relação com o Senhor Krishna e Seus devotos.

Verso 7

kñudräyuñäà nåëäm aìga
martyänäm åtam icchatäm
ihopahüto bhagavän
måtyuù çämitra-karmaëi

Ó Suta Goswami, existem aqueles entre humanos que desejam liberdade da morte e obter vida eterna. Eles escapam do processo de abate por chamar o controlador da morte, Yamaraja.

Iluminação de Srila Prabhupada:

O ser vivo, à medida em que desenvolve de vida animal inferior para um ser humano mais elevado e gradualmente para inteligência superior, fica ansioso para se livrar das garras da morte. Cientistas modernos tentam evitar a morte por avanço no conhecimento físico-químico, mas ai de mim, o controlador da morte, Yamaraja, é tão cruel que ele não poupa mesmo a própria vida do cientista em si. O cientista, quem apresenta a teoria de parar a morte pelo avanço no conhecimento científico, tornar-se ele mesmo uma vítima da morte quando é chamado por Yamaraja. O que falar de parar a morte, ninguém pode incrementar um curto período de vida mesmo por uma fração de momento. A única esperança de suspender o processo de abate cruel de Yamaraja é chamá-lo para ouvir e cantar o santo nome do Senhor. Yamaraja é um grande devoto do Senhor, e ele gosta de ser convidado para kirtanas e sacrifícios pelos devotos puros, que estão constantemente dedicados no serviço devocional do Senhor. Assim os grandes sábios, liderados por Shaunaka e outros, convidaram Yamaraja para participar do sacrifício realizado em Naimisharanya. Isso foi bom para aqueles que não queriam morrer.

Verso 8

na kaçcin mriyate tävad
yävad ästa ihäntakaù
etad-arthaà hi bhagavän
ähütaù paramarñibhiù
aho nå-loke péyeta
hari-lélämåtaà vacaù

Enquanto Yamaraja, que causa a morte de todos, estiver presente aqui, ninguém deve se deparar com a morte. Os grandes sábios convidaram o controlador da morte, Yamaraja, que é o representante do Senhor. Seres vivos que estão sob seu aperto devem aproveitar a vantagem por ouvir o néctar imortal na forma desta narração dos passatempos transcendentais do Senhor.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Todo ser humano não gosta de encontrar a morte, mas não sabe como se livrar da morte. O remédio mais seguro para evitar morte é acostumar-se a ouvir os passatempos nectáreos do Senhor como são narrados sistematicamente no texto do Srimad Bhagavatam. É aconselhado aqui, portanto, que qualquer ser humano que deseja liberdade da morte deve levar a sério esse curso de vida como recomendado pelos rsis liderados por Shaunaka.

Verso 9

mandasya manda-prajïasya
vayo mandäyuñaç ca vai
nidrayä hriyate naktaà
divä ca vyartha-karmabhiù

Seres humanos preguiçosos com inteligência insignificante e uma curta duração de vida passam a noite dormindo e o dia executando atividades que são para nada.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Os menos inteligentes não sabem o verdadeiro valor da forma humana de vida. A forma humana é um presente especial da natureza material no curso dela por aplicar leis rigorosas de sofrimentos sobre o ser vivo. É a chance de alcançar o maior bênção da vida, chamada sair do enredamento de repetidos nascimento e morte. O inteligente cuida desse presente importante por se esforçar arduamente para sair do enredamento. Mas pessoas menos inteligentes são preguiçosas e incapazes de valorizar o presente do corpo humano para alcançar liberação do cativeiro material; elas ficam mais interessadas em suposto desenvolvimento econômico e trabalham muito por toda a vida simplesmente por prazer sensual do corpo temporário. Prazer sensual também é concedido para os animais inferiores pela lei da natureza, e assim um ser humano também é destinado para uma certa quantidade de prazer sensual de acordo com seu passado ou vida presente. Mas a pessoa deve definitivamente tentar entender que prazer sensual não é o objetivo último da vida humana. Aqui é dito que durante o dia a pessoa trabalha "para nada" porque o alvo é nada além de prazer sensual. Nós podemos observar particularmente como os seres humanos se ocupam para nada em grandes cidades e vilas industriais. Existem tantas coisas manufaturadas pela energia humana, mas todas elas são para prazer sensual, e nada para sair do cativeiro material. E depois de trabalhar duro durante o dia, uma pessoa cansada dorme ou se ocupa em hábitos sexuais à noite. Assim é o programa da civilização materialista civilizada para pessoas menos inteligentes. Por isso elas são designadas aqui como preguiçosas, infelizes e de curta duração de vida.

Verso 10

süta uväca
yadä parékñit kuru-jäìgale 'vasat
kalià praviñöaà nija-cakravartite
niçamya värtäm anatipriyäà tataù
çaräsanaà saàyuga-çauëòir ädade

Suta Goswami disse: Enquanto Maharaja Parikshit residia na capital do império Kuru, os sintomas da era de Kali começaram a infiltrar dentro da jurisdição do seu estado. Quando ele ouviu sobre isso, ele não achou o assunto muito palatável. Isso fez, entretanto, dar a ele uma chance de lutar. Ele pegou seu arco e flechas e se preparou para atividades militares.

Iluminação de Srila Prabhupada:

A administração do estado de Maharaja Parikshit era tão perfeita que ele permanecia na sua capital pacificamente. Mas ele obteve a notícia de que os sintomas da era de Kali já tinha infiltrado dentro da jurisdição do seu estado, e ele não gostou disso. Qual são os sintomas da era de Kali? Eles são (1) conexão ilícita com mulheres, (2) saciedade em comer carne, (3) intoxicação e (4) sentir prazer em jogo de azar. A era de Kali literalmente significa a era da briga. Maharaja Parikshit ouviu que algumas pessoas do estado já tinham adotado esses sintomas, e ele quis dar passos imediatos contra tais causas de inquietação. Isso significa que pelo menos até o regime de Maharaja Parikshit, esses sintomas de vida pública eram praticamente desconhecidos, e logo que foram detectados levemente, ele quis erradicá-los. A notícia não foi agradável para ele, mas de uma forma foi, porque Maharaja Parikshit teve a chance de lutar. Não havia necessidade de lutar com estados pequenos porque todos já estavam pacificamente sob sua subordinação, mas os malfeitores de Kali-yuga deram ao seu espírito de guerreiro uma chance para exibição. Um rei ksatriya perfeito fica sempre jubilante logo que obtém uma chance de lutar, justamente igual um esportista fica ávido quando há uma chance de disputa esportiva. Não existe nenhum argumento que na era de Kali esses sintomas são predestinados. Se fosse assim, então por que ocorreu a preparação para combater esses sintomas? Esses argumentos são oferecidos por pessoas preguiçosas e infelizes. Na estação de chuva, a chuva é predestinada, e mesmo assim as pessoas tomam precauções para se defenderem. Similarmente, na era de Kali, os sintomas como mencionados acima com certeza infiltrarão na vida social, mas é dever do estado salvar os cidadãos da associação dos agentes da era de Kali. Maharaja Parikshit queria punir os malfeitores empenhados nos sintomas de Kali, e assim salvar os cidadãos inocentes que eram puros em hábito pela cultura da religião. É dever do rei dar essa proteção, e Maharaja Parikshit estava perfeitamente certo quando se preparou para lutar.

Verso 11

svalaìkåtaà çyäma-turaìga-yojitaà
rathaà mågendra-dhvajam äçritaù purät
våto rathäçva-dvipa-patti-yuktayä
sva-senayä digvijayäya nirgataù

Maharaja Parikshit sentou numa quadriga puxada por cavalos pretos. Seu estandarte era marcado com o emblema de um leão. Assim decorado e rodeado por quadrigários, cavalaria, elefantes e soldados de infantaria, ele deixou a capital para conquistar todas direções.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Maharaja Parikshit é distinto de seu avô Arjuna, porque cavalos pretos puxavam sua quadriga em vez de cavalos brancos. Ele marcou seu estandarte com o emblema de um leão, e seu avô marcou o dele com a marca de Hanumanji. Uma procissão real igual a de Maharaja Parikshit rodeada de quadrigas, cavalaria, elefantes, infantaria e banda não somente é agradável para os olhos, mas também é o sinal de uma civilização estética mesmo na frente de batalha.

Verso 12

bhadräçvaà ketumälaà ca
bhärataà cottarän kurün
kimpuruñädéni varñäëi
vijitya jagåhe balim

Maharaja Parikshit então conquistou todas partes do planeta terrestre - Bhadrashva, Ketumala, Bharata, a Kuru setentrional, Kimpurusha, etc. - e exigiu tributos de seus governantes respectivos.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Bhadrashva: É um pedaço de terra perto de Meru Parvata, e se estende de Gandha-madana Parvata até o oceano de água salgada. Há uma descrição desse varsa no Mahabharata (Bhisma-parva 7.14-18). A descrição foi narrada por Sanjaya para Dhritarastra.

Maharaja Yudhisthira também conquistou esse varsa, e por isso a província foi incluída dentro da jurisdição de seu império. Maharaja Parikshit foi anteriormente declarado imperador em todas as terras governadas por seu avô, mas mesmo assim ele teve que estabelecer sua supremacia enquanto estava fora de sua capital para exigir tributo desses estados.

Ketumala: Este planeta Terra é divido em sete dvipas por sete oceanos, e o dvipa central, chamado Jambudwipa, é dividido em nove varsas, ou partes, por oito montanhas enormes. Bharata-varsha é um dos nove varsas mencionados acima, e Ketumala também é descrito como um dos varsas acima. É dito que em Ketumala varsa, mulheres são as mais bonitas. Esse varsa foi conquistado por Arjuna também. Uma descrição desta parte do mundo está disponível no Mahabharata (Sabha 28.6).

É dito que esta parte do mundo está situada no lado ocidental de Meru Parvata, e os habitantes dessa província costumavam viver até dez mil anos (Bhisma-parva 6.31). Seres humanos que vivem nessa parte do globo têm a cor do ouro, e as mulheres parecem os anjos no paraíso. Os habitantes são livres de todos tipos de doenças e sofrimento.

Bharata-varsha: Essa parte do mundo também é um dos nove varsas de Jambudwipa. Uma descrição de Bharata-varsha é dada no Mahabharata (Bhisma-parva, Capítulos 9 e 10).

No centro de Jambudwipa fica Ilavrita-varsha, e ao sul de Ilavrita-varsha fica Hari-varsha. Uma descrição desses varsas é dada no Mahabharata (Sabha-parva 28.7-8) como se segue:

nagaräàç ca vanäàç caiva
nadéç ca vimalodakäù
puruñän deva-kalpäàç ca
näréç ca priya-darçanäù

adåñöa-pürvän subhagän
sa dadarça dhanaïjayaù
sadanäni ca çubhräëi
näréç cäpsarasäà nibhäù

É mencionado aqui que as mulheres desses dois varsas são lindas, e algumas são iguais às Apsaras, ou mulheres celestiais.

Uttarakuru: Segundo a geografia Védica a parte setentrional extrema de Jambudwipa se chama Uttarakuru-varsa. É rodeada pelo oceano de água salgada em três lados e dividida pela Montanha Shringavan do Hiranmaya-varsha.

Kimpurusha-varsha: É afirmado que está situado ao norte da grande Montanha Himalaia, que tem oitenta mil milhas em extensão e altura e que cobre dezesseis mil milhas em largura. Essas partes do mundo também foram conquistadas por Arjuna (Sabha 28.1-2). Os Kimpurushas são descendentes da filha de Daksha. Quando Maharaja Yudhisthira realizou um yajña do sacrifício do cavalo, os habitantes desses países também estavam presentes para participarem do festival, e pagaram tributos para o imperador. Essa parte do mundo é chamada Kimpurusha-varsha, ou às vezes as províncias do Himalaia (Himavati). É dito que Shukadeva Goswami nasceu nessas províncias do Himalaia e que ele veio para Bharata-varsha depois de atravessar os países do Himalaia.

Em outras palavras, Maharaja Parikshit conquistou todo o mundo. Ele conquistou todos continentes adjuntos de todos os mares e oceanos em todas direções, a saber as partes oriental, ocidental, setentrional e meridional.

Versos 13-15

tatra tatropaçåëvänaù
sva-pürveñäà mahätmanäm
pragéyamäëaà ca yaçaù
kåñëa-mähätmya-sücakam

ätmänaà ca pariträtam
açvatthämno 'stra-tejasaù
snehaà ca våñëi-pärthänäà
teñäà bhaktià ca keçave

tebhyaù parama-santuñöaù
préty-ujjåmbhita-locanaù
mahä-dhanäni väsäàsi
dadau härän mahä-manäù

Onde quer que o Rei visitasse, ele continuamente ouvia as glórias de seus grandiosos antepassados, que eram todos devotos do Senhor, e também os atos gloriosos do Senhor Krishna. Ele também ouviu como ele mesmo foi protegido pelo Senhor da poderosa arma de calor de Asvatthama. Pessoas também mencionavam a grande afeição entre os descendentes de Vrishni e Pritha devido à grande devoção do último para o Senhor Keshava. O Rei, muito satisfeito com os cantores dessas glórias, abriu seus olhos com muita satisfação. E pela magnanimidade ele ficou feliz em premiá-los com roupas e colares preciosos.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Reis e grandes personalidades de estado eram recepcionados com discursos de boas-vindas. Esse é um sistema desde tempo imemorial, e Maharaja Parikshit, por ser um dos imperadores bem conhecidos do mundo, também era recepcionado com discursos de boas-vindas em todas partes do mundo quando visitava esses lugares. O assunto desses discursos de boas-vindas era Krishna. Krishna quer dizer Krishna e Seus devotos eternos, do mesmo modo que rei quer dizer o rei e seus associados confidenciais.

Krishna e Seus devotos imaculados não podem ser separados, e por isso glorificar o devoto significa glorificar o Senhor e vice-versa. Maharaja Parikshit não ficaria feliz em ouvir sobre as glórias de seus antepassados tais quais Maharaja Yudhisthira e Arjuna se eles não fossem conectados com os atos do Senhor Krishna. O Senhor descende especificamente para libertar Seus devotos (paritranaya sadhunam [Bg. 4.8]). Os devotos são glorificados pela presença do Senhor porque não podem viver nenhum momento sem a presença do Senhor e Suas energias diferentes. O Senhor está presente para o devoto por Seus atos e glórias, e por isso Maharaja Parikshit sentiu a presença do Senhor quando Ele foi glorificado por Seus atos, especialmente quando ele foi salvo pelo Senhor no ventre de sua mãe. Os devotos do Senhor nunca ficam em perigo, mas no mundo material que é cheio de perigos a cada passo, os devotos são aparentemente colocados em posições perigosas, e quando são salvos pelo Senhor, o Senhor é glorificado. O Senhor Krishna não seria glorificado como o orador do Bhagavad-gita se Seus devotos tais quais os Pandavas não estivessem enredados na Batalha de Kurukshetra. Todos esses atos do Senhor eram mencionados nos discursos de boas-vindas, e Maharaja Parikshit, com satisfação plena, recompensou aqueles que apresentaram esses discursos. A diferença entre a apresentação de discursos de boas-vindas de hoje e naqueles dias é que antigamente os discursos de boas-vindas eram apresentados para pessoas iguais Maharaja Parikshit. Os discursos de boas-vindas eram cheios de fatos e números, e aqueles que apresentavam esses discursos eram recompensados o suficiente, enquanto nos dias de hoje os discursos de boas-vindas nem sempre são apresentados com declarações verdadeiras mas para agradar o titular do cargo, e freqüentemente são cheios de mentiras lisonjeiras. E raramente aqueles que apresentam tais discursos de boas-vindas são recompensados pelo pobre recebedor.

Verso 16

särathya-pärañada-sevana-sakhya-dautya-
véräsanänugamana-stavana-praëämän
snigdheñu päëòuñu jagat-praëatià ca viñëor
bhaktià karoti nå-patiç caraëäravinde

Maharaja Parikshit ouviu que por Sua misericórdia sem causa o Senhor Krishna (Vishnu), que é obedecido universalmente, prestou todos tipos de serviço para os maleáveis filhos de Pandu por aceitar postos variando de condutor de quadriga para presidente para mensageiro, amigo, vigilante noturno, etc., de acordo com o desejo dos Pandavas, e os obedecia como um servo e prestava reverências igual um mais novo em anos. Quando ouviu isso, Maharaja Parikshit ficou emocionado com devoção para os pés de lótus do Senhor.

Iluminação de Srila Prabhupada:

O Senhor Krishna é tudo para os devotos imaculados iguais os Pandavas. O Senhor era para eles o Supremo Senhor, o mestre espiritual, a Deidade adorável, o guia, o condutor da quadriga, o amigo, o servo, o mensageiro e tudo que podiam conceber. E assim o Senhor também reciprocava os sentimentos dos Pandavas. Maharaja Parikshit, como um devoto puro do Senhor, pôde apreciar a reciprocidade transcendental do Senhor dos sentimentos de Seus devotos, e assim ele mesmo ficou comovido com os relacionamentos do Senhor. Simplesmente por apreciar os relacionamentos do Senhor com Seus devotos puros, pode-se alcançar salvação. Os relacionamentos do Senhor com Seus devotos perecem ser relacionamentos humanos ordinários, mas aquele que os conhece de verdade se torna imediatamente elegível para voltar ao lar, de volta ao Supremo. Os Pandavas eram tão maleáveis para a vontade do Senhor que podiam sacrificar qualquer quantidade de energia para o serviço do Senhor, e por essa determinação imaculada eles podiam assegurar a misericórdia do Senhor em qualquer forma que desejassem.

Verso 17

tasyaivaà vartamänasya
pürveñäà våttim anvaham
nätidüre kiläçcaryaà
yad äsét tan nibodha me

Agora vocês poderão ouvir de mim o que aconteceu enquanto Maharaja Parikshit passava seus dias a ouvir as boas ocupações de seus antepassados e absorto no pensamento deles.

Verso 18

dharmaù padaikena caran
vicchäyäm upalabhya gäm
påcchati smäçru-vadanäà
vivatsäm iva mätaram

A personalidade dos princípios religiosos, Dharma, vagava por aí na forma de um touro. E ele encontrou a personalidade da Terra na forma de uma vaca que parecia lamentar igual uma mãe que perdeu seu filho. Ela tinha lágrimas nos olhos, e a beleza de seu corpo tinha desaparecido. Assim Dharma questionou a Terra como se segue.

Iluminação de Srila Prabhupada:

O touro é o emblema do princípio moral, e a vaca é a representante da Terra. Quando a vaca e o touro estão num humor alegre, deve-se entender que as pessoas do mundo também estão num humor alegre. A razão é que o touro ajuda na produção de cereais no campo de agricultura, e a vaca provém leite, o milagre dos valores alimentícios agregados. A sociedade humana, assim, mantém esses dois animais importantes com muito cuidado para que eles possam andar em toda parte em alegria. Mas no momento presente nesta era de Kali tanto o touro quanto a vaca são abatidos e comidos como alimento por uma classe de pessoas que não conhecem cultura brahmana. O touro e a vaca podem ser protegidos para o bem de toda sociedade humana simplesmente pela propagação da cultura brahmana como a perfeição mais elevada de todos assuntos culturais. Pelo avanço dessa cultura, a moral da sociedade é mantida apropriadamente, e assim paz e prosperidade também são alcançadas sem esforço extrínseco. Quando a cultura brahmana é deteriorada, a vaca e o touro são maltratados, e as ações resultantes são proeminentes pelos seguintes sintomas.

Verso 19

dharma uväca
kaccid bhadre 'nämayam ätmanas te
vicchäyäsi mläyateñan mukhena
älakñaye bhavatém antar-ädhià
düre bandhuà çocasi kaïcanämba

Dharma (na forma de um touro) perguntou: Senhora, não está sadia e satisfeita? Por que está coberta com a sombra do pesar? Parece que pela sua face você se tornou preta. Você sofre por alguma doença interna, ou você pensa em algum familiar que está num lugar distante?

Iluminação de Srila Prabhupada:

As pessoas do mundo nesta era de Kali estão sempre cheias de ansiedades. Todo mundo está doente com algum tipo de doença. Das próprias faces das pessoas desta era, podemos encontrar o índice da mente. Todos sentem a ausência de seu parente que está longe de casa. O sintoma particular da era de Kali agora nenhuma família é abençoada para viver junta. Para ganhar o seu sustento, o pai vive num lugar longe do filho, ou a esposa vive bem longe do esposo e assim por diante. Existem sofrimentos por causa de doenças internas, separação dos próximos e queridos, e ansiedades para manter o status quo. Esses são apenas alguns fatores importantes que fazem as pessoas desta era sempre infelizes.

Verso 20

pädair nyünaà çocasi maika-pädam
ätmänaà vä våñalair bhokñyamäëam
äho surädén håta-yajïa-bhägän
prajä uta svin maghavaty avarñati

Eu perdi minhas três pernas e agora fico em pé só com uma. Você lamenta pelo meu estado de existência? Ou você está em grande ansiedade porque de agora em diante os comedores de carne ilícitos a explorarão? Ou você está numa situação difícil penosa porque os semideuses agora estão desprovidos da sua parte das oferendas de sacrifício porque nenhum sacrifício é executado no presente? Ou você está de luto pelos seres vivos por causa de seus sofrimentos devido à fome e seca?

Iluminação de Srila Prabhupada:

Com o progresso da era de Kali, quatro coisas particularmente, a saber a duração de vida, misericórdia, o poder da recordação, e moral ou princípios religiosos gradualmente diminuirão. Porque Dharma, ou os princípios da religião, seriam perdidos na proporção de três para quatro, o touro simbólico estava em pé sobre só uma pata. Quando três quartos da população do mundo inteiro se torna irreligiosa, a situação é convertida em inferno para os animais. Na era de Kali, civilizações sem Deus criarão tantas supostas sociedades religiosas nas quais a Personalidade de Deus será direta ou indiretamente desafiada. E assim sociedades de pessoas sem fé farão o mundo inabitável para a seção mais sã das pessoas. Existem gradações de seres humanos em termos de fé proporcional na Suprema Personalidade de Deus. Na primeira classe de pessoas fiéis estão os Vaishnavas e brahmanas, depois os ksatriyas, depois os vaisyas, depois os sudras, depois os mlecchas, os yavanas e por último os candalas. A degradação do instinto humano começa pelos mlecchas, e o estado de vida candala é a última palavra em degradação humana. Todos os termos mencionados acima nas literaturas Védicas nunca são destinados para qualquer comunidade particular ou nascimento. Eles são qualificações diferentes de seres humanos em geral. Não há questão de direito de nascimento ou comunidade. A pessoa pode adquirir as qualificações específicas por seus próprios esforços, e assim o filho de um Vaishnava pose se tornar um mleccha, ou o filho de um candala pode se tornar mais do que um brahmana, tudo em termos de sua relação íntima com o Supremo Senhor.

Os comedores de carne geralmente são conhecidos como mlecchas. Mas todos os comedores de carne não são mlecchas. Aqueles que aceitam carne nos termos das leis das escrituras não são mlecchas, mas aqueles que aceitam carne sem restrição são chamados mlecchas. Carne bovina é proibida nas escrituras, e os touros e vacas são oferecidos proteção especial pelos seguidores dos Vedas. Mas nesta era de Kali, pessoas explorarão o corpo do touro e da vaca do jeito que quiserem, e assim convidarão sofrimentos de vários tipos.

As pessoas desta era não executarão nenhum sacrifício. A população mleccha se importará muito pouco para execuções de sacrifícios, embora execução de sacrifício seja essencial para pessoas que estão engajadas materialmente no prazer sensual. No Bhagavad-gita execução de sacrifícios é fortemente recomendada (Bg. 3.14-16).

Os seres vivos são criados pelo criador Brahma, e justamente para manter o ser vivo criado progressivamente em direção ao caminho de volta ao Supremo, o sistema de executar sacrifício também é criado por ele. O sistema é que seres vivos vivem da produção de cereais e vegetais, e por comer esses alimentos obtêm poder vital do corpo na forma de sangue e sêmen, e do sangue e sêmen um ser vivo é capaz de criar outros seres vivos. Mas a produção de cereais, capim, etc. se torna possível pela chuva, e essa chuva é feita chover apropriadamente pela execução dos sacrifícios recomendados. Esses sacrifícios são dirigidos pelos ritos dos Vedas, a saber Sama, Yajur, Rg e Atharva. No Manu-smriti é recomendado que por oferecer sacrifício no altar do fogo, o deus do Sol fica satisfeito. Quando o deus do Sol fica satisfeito, ele coleta água do oceano apropriadamente, e assim nuvens suficientes são coletadas no horizonte e chuvas caem. Depois de chuvas suficientes, há produção suficiente de cereais para humanos e todos animais, e assim há energia no ser vivo para atividade progressiva. Os mlecchas, entretanto, fazem planos para instalar matadouros para matar bois e vacas junto com outros animais, e acham que prosperarão por incrementar o número de fábricas e viver de comida animal sem se importarem com a realização de sacrifícios e produção de cereais. Mas eles devem saber que mesmo para os animais eles precisam produzir capim e vegetais, de outra forma os animais não podem viver. E para produzir capim para os animais, eles requerem chuvas suficientes. Assim eles devem depender ultimamente da misericórdia dos semideuses tais quais o deus do Sol, Indra, Chandra, e esses semideuses precisam ser satisfeitos pelas realizações de sacrifício.

Este mundo material é um tipo de prisão, como já mencionamos várias vezes. Os semideuses são os serventes do Senhor que cuidam da manutenção apropriada da prisão. Os semideuses querem ver que os seres vivos rebeldes, que querem sobreviver impiedosamente, sejam voltados gradualmente em direção ao poder supremo do Senhor. Por isso, o sistema de oferecer sacrifício é recomendado nas escrituras.

As pessoas materialistas querem trabalhar duro e desfrutar os resultados lucrativos para prazer sensual. Assim elas cometem muitos tipos de pecados em cada passo da vida. Aqueles, entretanto, que estão conscientemente dedicados no serviço devocional do Senhor são transcendentais a todas variedades de pecado e virtude. Suas atividades são livres da contaminação dos três modos da natureza material. Para os devotos não há necessidade de executar os sacrifícios prescritos porque a própria vida do devoto é um símbolo de sacrifício. Mas pessoas que estão engajadas em atividades lucrativas para prazer sensual devem executar os sacrifícios prescritos porque é o único meio de se livrar das reações de todos pecados cometidos pelos trabalhadores lucrativos. Sacrifício é o meio de anular esses pecados acumulados. Os semideuses ficam satisfeitos quando esses sacrifícios são executados, justamente igual os agentes da prisão ficam satisfeitos quando os prisioneiros se transformam em sujeitos obedientes. O Senhor Chaitanya, entretanto, recomendou somente um yajña, ou sacrifício, chamado o sankirtana-yajña, o cantar de Hare Krishna, no qual todos podem participar. Assim tantos os devotos quanto os trabalhadores lucrativos podem obter o mesmo benefício das realizações de sankirtana-yajña.

Verso 21

arakñyamäëäù striya urvi bälän
çocasy atho puruñädair ivärtän
väcaà devéà brahma-kule kukarmaëy
abrahmaëye räja-kule kulägryän

Você sente compunção pelas mulheres e crianças infelizes que são deixadas desamparadas por pessoas inescrupulosas? Ou você está infeliz porque a deusa do conhecimento agora é manipulada por brahmanas adeptos a atos contra os princípios da religião? Ou você está pesarosa de ver que os brahmanas se abrigaram em famílias administrativas que não respeitam a cultura brahmana?

Iluminação de Srila Prabhupada:

Na era de Kali, as mulheres e as crianças, junto com brahmanas e vacas, serão negligenciados grosseiramente e deixados desprotegidos. Nesta era conexão ilícita com mulheres proporcionará muitas mulheres e crianças descuidadas. Circunstancialmente, as mulheres tentarão se tornar independentes da proteção do homem, e casamento será realizado como assunto de acordo formal entre homem e mulher. Na maioria dos casos, as crianças não serão cuidadas apropriadamente. Os brahmanas são tradicionalmente pessoas inteligentes, e por isso eles serão capazes de elevar a educação moderna para a classificação mais alta, mas no que diz respeito a moral e princípios religiosos, eles serão os mais caídos. Educação e mau caráter vão mal juntos, mas essas coisas acontecerão em paralelo. Os chefes administrativos como uma classe condenarão os dogmas do conhecimento Védico e preferirão conduzir um estado supostamente secular, e esses supostos brahmanas educados serão comprados por tais administradores inescrupulosos. Mesmo um filósofo e escritor de muitos livros sobre princípios religiosos também pode aceitar um posto exaltado em algum governo que nega todos os códigos morais dos sastras. Os brahmanas são especificamente restringidos de aceitar um serviço desse. Mas nesta era eles não somente aceitarão o serviço, e farão isso mesmo se for da qualidade mais sórdida. Esses são alguns dos sintomas da era de Kali que é prejudicial para o bem-estar geral da sociedade humana.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Continua em breve...

 

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