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Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga
Nitai Gaura Hari Bol


Srimad Bhagavatam
(de Krishna Dwaipayana Vyasa - Srila Vyasadeva)

pela Divina Graça
de
Sri Srimad Bhaktivedanta Swami Maharaj Prabhupada
Paramahamsa Thakura Mahashaya

(Original Sem "correções")

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Primeiro Canto - "Criação"

Capítulo Três - Krishna é a Fonte de Todas Encarnações

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Capítulo Três

Krishna é a Fonte de Todas Encarnações

Verso 1

süta uväca
jagåhe pauruñaà rüpaà
bhagavän mahad-ädibhiù
sambhütaà ñoòaça-kalam
ädau loka-sisåkñayä

Suta disse: No começo da criação, o Senhor primeiro Se expandiu na forma universal da encarnação purusa e manifestou os ingredientes para a criação material. E assim primeiro aconteceu a criação dos dezesseis princípios da ação material. Isso foi com o propósito de criar o universo material.

Iluminação de Srila Prabhupada:

O Bhagavad-gita afirma que a Personalidade de Deus Sri Krishna mantém estes universos materiais por estender Suas porções plenárias. Por isso essa forma purusa é a confirmação do mesmo princípio. A Personalidade de Deus original Vasudeva, ou Senhor Krishna, que é famoso como o filho de Vasudeva ou Rei Nanda, é pleno com todas opulências, todas potências, toda fama, toda beleza, todo conhecimento e toda renúncia. Parte de Suas opulências é manifestada como Brahman impessoal, e parte de Suas opulências é manifestada como Paramatma. Esse aspecto purusa da mesma Personalidade de Deus Sri Krishna é a manifestação Paramatma original do Senhor. Existem três aspectos purusa na criação material, e essa forma, que é conhecida como Karanodakashayi Vishnu, é a primeira das três. As outras são conhecidas como Garbhodakashayi Vishnu e o Kshirodakashayi Vishnu, que nós conheceremos um depois do outro. Os inumeráveis universos são gerados dos orifícios da pele desse Karanodakashayi Vishnu, e em cada um dos universos o Senhor entra como Garbhodakashayi Vishnu.

No Bhagavad-gita também é mencionado que o mundo material é criado em certos intervalos e depois novamente destruído. Essa criação e destruição é feita pela vontade suprema por causa das almas condicionadas, ou os seres vivos nitya-baddha. Os nitya-baddha, ou as almas eternamente condicionadas, possuem o senso de individualidade ou ahankara, que dita a eles prazer sensual, que eles são incapazes de obter constitucionalmente. O Senhor é o único desfrutador, e todos os outros são desfrutados. Os seres vivos são desfrutadores predominados. Mas as almas condicionadas eternamente, esquecidas dessa posição constitucional, têm fortes aspirações para desfrutar. A chance para desfrutar matéria é dada para as almas condicionadas dentro do mundo material, e lado a lado a elas é dada a chance para entender sua posição constitucional real. Aqueles seres vivos afortunados que capturam a verdade e se rendem aos pés de lótus de Vasudeva depois de muitos, e muitos nascimentos no mundo material se juntam às almas eternamente liberadas e assim são autorizados para entrar no reino do Supremo. Depois disso, esses seres vivos afortunados não precisam mais voltar novamente para dentro da criação material ocasional. Mas aqueles que não conseguem capturar a verdade constitucional são novamente imergidos no mahat-tattva na hora da aniquilação da criação material. Quando a criação é novamente estabelecida, esse mahat-tattva é novamente liberado. Esse mahat-tattva contém todos ingredientes das manifestações materiais, inclusive as almas condicionadas. Primeiramente este mahat-tattva é divido em dezesseis partes, chamadas os cinco elementos materiais grosseiros, e os onze instrumentos de trabalho ou sentidos. É como a nuvem no céu claro. No céu espiritual, a refulgência do Brahman é propagada por toda a volta, e todo o sistema brilha com esplendor na luz espiritual. O mahat-tattva é montado em algum canto do vasto, ilimitado céu espiritual, e a parte que é coberta pelo mahat-tattva é chamada céu material. Essa parte do céu espiritual, chamada mahat-tattva, é apenas uma pequena porção de todo o céu espiritual, e dentro desse mahat-tattva existem inumeráveis universos. Todos esses universos são produzidos coletivamente pelo Karanodakashayi Vishnu, também chamado de Maha-Vishnu, que simplesmente lança Seu olhar para impregnar o céu material.

Verso 2

yasyämbhasi çayänasya
yoga-nidräà vitanvataù
näbhi-hradämbujäd äséd
brahmä viçva-såjäà patiù

Uma parte do purusa deita dentro da água do universo, do lago no umbigo de Seu corpo brota um caule de lótus, e da flor de lótus no topo desse caule, Brahma, o mestre de todos engenheiros do universo, torna-se manifestado.

Iluminação de Srila Prabhupada:

O primeiro purusa é o Karanodakashayi Vishnu. Dos poros de Sua pele universos inumeráveis brotaram. Em cada e todo universo, o purusa entra como o Garbhodakashayi Vishnu. Ele fica deitado dentro da metade do universo que é cheia de água do Seu corpo. E do umbigo de Garbhodakashayi Vishnu brotou o caule da flor de lótus, local de nascimento de Brahma, que é o pai de todos seres vivos e o mestre de todos os semideuses engenheiros engajados no projeto e obra perfeitos da ordem universal. Dentro do caule da flor de lótus existem quatorze divisões de sistemas planetários, e os planetas terrestres estão situados no meio. Acima existem outros, sistemas planetários melhores, e o sistema mais elevado é chamado Brahmaloka ou Satyaloka. Abaixo do sistema planetário terrestre existem sete sistemas planetários inferiores habitados por asuras e outros seres vivos materialistas similares.

De Garbhodakashayi Vishnu existe a expansão do Kshirodakashayi Vishnu, que é o Paramatma coletivo de todos seres vivos. Ele é chamado Hari, e Dele todas encarnações dentro do universo são expandidas.

Portanto, a conclusão é que o purusa-avatara é manifestado em três aspectos, primeiro o Karanodakashayi que cria o agregado dos ingredientes materiais no mahat-tattva, segundo o Garbhodakashayi que entra em cada e todo universo, e terceiro o Karanodakashayi que é o Paramatma de cada objeto material, orgânico e inorgânico. Aquele que conhece esses aspectos plenários da Personalidade de Deus conhece o Supremo propriamente, e assim o conhecedor se torna livre das condições materiais de nascimento, morte, velhice e doença, como confirmado no Bhagavad-gita. Nesse sloka o assunto sobre Maha-Vishnu é resumido. O Maha-Vishnu Se deita em alguma parte do mundo espiritual pela Sua própria livre vontade. Assim Ele deitou sobre o oceano karana, de onde Ele olha sobre Sua natureza material, e o mahat-tattva é criado imediatamente. Assim eletrificada pelo poder do Senhor, a natureza material imediatamente cria universos inumeráveis, justamente igual no devido curso do tempo uma árvore se decora com tantas frutas maduras. A semente da árvore é plantada pelo agricultor, e a árvore ou arbusto no devido curso se tornam manifestados com muitas frutas. Nada pode acontecer sem uma causa. O Oceano Karana é portanto chamado Oceano Causal. Karana significa "causal". Nós não devemos aceitar tolamente a teoria ateísta da criação. A descrição dos ateístas é dada no Bhagavad-gita. O ateísta não acredita no criador, mas ele não pode fornecer uma boa teoria para explicar a criação. A natureza material não tem poder para criar sem o poder do purusa, justamente igual uma prakrti, ou mulher, não pode produzir uma criança sem a conexão com um purusa, ou homem. O purusa fecunda, e prakrti concebe. Não podemos esperar leite dos sacos carnudos no pescoço de um bode, apesar de parecerem mamilos. Similarmente não podemos esperar nenhum poder criativo de ingredientes materiais, nós temos que acreditar no poder do purusa, que fecunda prakrti, ou natureza. Porque o Senhor desejou deitar em meditação, a energia material criou inumeráveis universos imediatamente, em cada um deles o Senhor Se deita, e assim todos os planetas e parafernália variada são criados imediatamente pela vontade do Senhor. O Senhor possui potências ilimitadas, e assim Ele pode agir do jeito que Ele quiser por planejamento perfeito, embora pessoalmente Ele não tenha nada a fazer. Ninguém é maior do que ou igual a Ele. Esse é o veredito dos Vedas.

Verso 3

yasyävayava-saàsthänaiù
kalpito loka-vistaraù
tad vai bhagavato rüpaà
viçuddhaà sattvam ürjitam

Acredita-se que todos os sistemas planetários universais estão situados no corpo extensivo do purusa, mas Ele não tem nada a ver com os ingredientes materiais criados. Seu corpo está eternamente em existência espiritual por excelência.

Iluminação de Srila Prabhupada:

A concepção do virat-rupa ou visva-rupa da Verdade Absoluta Suprema é especialmente destinada ao neófito que mal pode pensar na forma transcendental da Personalidade de Deus. Para ele a forma significa algo deste mundo material, e portanto uma concepção oposta do Absoluto é necessária no começo para concentrar a mente na extensão poderosa do Senhor. Como dito acima, O Senhor estende Sua potência na forma do mahat-tattva, o qual inclui todos ingredientes materiais. A extensão poderosa do Senhor e o Senhor Ele mesmo pessoalmente são únicos em um sentido, mas ao mesmo tempo o mahat-tattva é diferente do Senhor. Portanto, a potência do Senhor e o Senhor são simultaneamente diferentes e não diferentes. O conceito do virat-rupa, especialmente para os impersonalistas, é então não diferente da forma eterna do Senhor. Essa forma eterna do Senhor existia antes da criação do mahat-tattva, e é enfatizado aqui que a forma eterna do Senhor é por excelência espiritual ou transcendental aos modos da natureza material. Essa mesma forma transcendental do Senhor é manifestada por Sua potência interna, e a formação de Suas manifestações múltiplas de encarnações é sempre da mesma qualidade transcendental, sem nenhum toque de mahat-tattva.

Verso 4

paçyanty ado rüpam adabhra-cakñuñä
sahasra-pädoru-bhujänanädbhutam
sahasra-mürdha-çravaëäkñi-näsikaà
sahasra-mauly-ambara-kuëòalollasat

Os devotos, com seus olhos perfeitos, vêem a forma transcendental do purusa que possui milhares de pernas, coxas, braços e faces - todos extraordinários. Nesse corpo há milhares de cabeças, ouvidos, olhos e narizes. Eles estão decorados com milhares de elmos e brincos brilhantes e adornados com colares de flores.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Com nossos presentes sentidos materializados não podemos perceber nada do Senhor transcendental. Nossos sentidos presentes precisam ser retificados pelo processo do serviço devocional, e então o Senhor Ele mesmo Se torna revelado para nós. No Bhagavad-gita é confirmado que o Senhor transcendental pode ser percebido somente pelo serviço devocional puro. Assim é confirmado nos Vedas que somente serviço devocional pode conduzir alguém para o lado do Senhor e somente serviço devocional pode revelá-Lo. No Brahma-samhita também está dito que o Senhor é sempre visível para os devotos cujos olhos estão ungidos com a coloração do serviço devocional. Por isso temos que obter informação da forma transcendental do Senhor de pessoas que O viram de verdade com olhos perfeitos ungidos com serviço devocional. No mundo material também nós não vemos sempre coisas com nossos próprios olhos; nós às vezes vemos através da experiência daqueles que realmente viram ou fizeram coisas. Se esse for o processo para experimentar um objeto mundano, é muito mais aplicável em matérias transcendentais. Por isso somente com paciência e perseverança podemos realizar o assunto transcendental a respeito da Verdade Absoluta e Suas formas diferentes. Ele é sem forma para os neófitos, mas Ele está na forma transcendental para o servidor versado.

Verso 5

etan nänävatäräëäà
nidhänaà béjam avyayam
yasyäàçäàçena såjyante
deva-tiryaì-narädayaù

Essa forma (a segunda manifestação do purusa) é a fonte e semente indestrutível de múltiplas encarnações dentro do universo. Das partículas e porções dessa forma, diferentes seres vivos, tais quais semideuses, humanos e outros, são criados.

Iluminação de Srila Prabhupada:

O purusa, depois de criar inumeráveis universos no mahat-tattva, entrou em cada um deles como o segundo purusa, Garbhodakashayi Vishnu. Quando Ele viu que no universo havia somente escuridão e espaço, sem um lugar de descanso, Ele preencheu metade do universo com a água da Sua própria transpiração e Se deitou sobre essa mesma água. Essa água se chama Garbhodaka. De Seu umbigo o caule da flor de lótus brotou, e nas pétalas da flor o nascimento de Brahma, o engenheiro mestre do plano universal, aconteceu. Brahma se tornou o engenheiro do universo, e o Senhor em pessoa Se encarregou da manutenção do universo como Vishnu. Brahma foi gerado do rajo-guna de prakrti, ou o modo da paixão na natureza, e Vishnu Se tornou o Senhor do modo da bondade. Vishnu, por ser transcendental a todos os modos, está sempre à distância da afeição materialista. Isso já foi explicado. De Brahma vem Rudra (Shiva), que está encarregado do modo da ignorância ou escuridão. Ele destrói toda a criação pelo desejo do Senhor. Portanto todos os três, chamados Brahma, Vishnu e Shiva, são encarnações de Garbhodakashayi Vishnu. De Brahma todos os outros semideuses como Daksha, Marichi, Manu e muitos outros se tornam encarnados para gerar seres vivos dentro do universo. Esse Garbhodakashayi Vishnu é glorificado nos Vedas nos hinos do Garbha-stuti, que começa com a descrição do Senhor que possui milhares de cabeças, etc.. O Garbhodakashayi Vishnu é o Senhor do universo, e embora Ele pareça estar deitado dentro do universo, Ele é sempre transcendental. Isso já foi explicado. O Vishnu que é a porção plenária do Garbhodakashayi Vishnu é a Superalma da vida universal, e Ele é conhecido como o mantenedor do universo ou Kshirodakashayi Vishnu. Assim os três aspectos do purusa original são conhecidos então. Todas as encarnações dentro do universo são emanações desse Kshirodakashayi Vishnu.

Em diferentes milênios existem encarnações diferentes, e elas são inumeráveis, embora algumas delas sejam muito proeminentes, tais quais Matsya, Kurma, Varaha, Rama, Nrisimha, Vamana e muitas outras. Essas encarnações são chamadas encarnações lila. Depois existem encarnações qualitativas tais quais Brahma, Vishnu e Shiva (ou Rudra) que tomam conta dos diferentes modos da natureza material.

O Senhor Vishnu não é diferente da Personalidade de Deus. O Senhor Shiva está na posição marginal entre a Personalidade de Deus e os seres vivos, ou jivas. Brahma é sempre um jiva-tattva. O ser vivo mais piedoso, ou o maior devoto do Senhor, é dotado de poder com a potência do Senhor para criação, e ele é chamado Brahma. Seu poder é igual o poder do Sol quando refletido em pedras e jóias preciosas. Quando não tem nenhum ser vivo desses para se encarregar do posto de Brahma, o Senhor em Pessoa Se torna um Brahma e toma conta do posto.

O Senhor Shiva não é um ser humano ordinário. Ele é a porção plenária do Senhor, mas porque o Senhor Shiva está em contato direto com a natureza material, não está exatamente na mesma posição transcendental do Senhor Vishnu. A diferença é igual entre leite e coalhada. Coalhada é nada mais do que leite, mesmo assim não pode ser usada no lugar do leite.

As próximas encarnações são os Manus. Durante a duração de um dia de Brahma (calculados pelos nossos anos solares como 4.300.000 x 1.000 anos) existem quatorze Manus. Portanto existem 420 Manus em um mês de Brahma e 5040 Manus em um ano de Brahma. Brahma vive por cem anos de sua idade, e portanto existem 5040 x 100 ou 504.000 Manus na duração da vida de Brahma. Existem inumeráveis universos, com um Brahma em cada um deles, e todos eles são criados e aniquilados durante o tempo de uma respiração do purusa.

Os Manus que são proeminentes dentro deste universo são os seguintes: Yajña como Swayambhuva Manu, Vibhu como Swarochisha Manu, Satyasena como Uttama Manu, Hari como Tamasa Manu, Vaikuntha como Raivata Manu, Ajita como Chakshusha Manu, Vamana como Vaivasvata Manu (a era presente está sob o Vaivasvata Manu), Sarvabhauma como Savarni Manu, Rishabha como Dakshasavarni Manu, Vishvaksena como Brahma-savarni Manu, Dharmasetu como Dharma-savarni Manu, Sudhama como Rudra-savarni Manu, Yogeshvara como Deva-savarni Manu, e Bridbhanu como Indra-savarni Manu. Esses são os nomes de um conjunto dos quatorze Manus que cobrem 4.300.000.000 de anos solares como descrito acima.

Então existem os yugavataras, ou as encarnações do milênio. As yugas são conhecidas como Satya-yuga, Treta-yuga, Dwapara-yuga e Kali-yuga. As encarnações das diferentes yugas são de cores diferentes. Essas cores são branca, vermelha, preta e amarela. Na Dwapara-yuga, o Senhor Krishna em cor preta apareceu, em Kali-yuga o Senhor Chaitanya em cor amarela apareceu.

Assim todas as encarnações do Senhor são mencionadas nas escrituras reveladas. Não existe escopo para um impostor se tornar uma encarnação, porque uma encarnação deve ser mencionada nos shastras. Uma encarnação não Se declara como uma encarnação do Senhor, mas grandes sábios concordam pelos sintomas mencionados nas escrituras reveladas. As características da encarnação e o tipo particular de missão que Ele tem que executar são mencionados nas escrituras reveladas.

À parte das encarnações diretas, existem inumeráveis encarnações dotadas de poder. Elas também são mencionadas nas escrituras reveladas. Essas encarnações também são dotadas de poder diretamente e indiretamente. Quando são dotadas de poder diretamente são chamadas encarnações, mas quando são dotadas de poder indiretamente são chamadas vibhutis. Encarnações dotadas de poder diretamente são os Kumaras, Narada, Prithu, Shesha, Ananta, etc.. No que diz respeito às vibhutis, são explicitamente descritas no Bhagavad-gita no capítulo Vibhuti-yoga [Capítulo Dez - "A Opulência do Absoluto"]. E para todos esses tipos de encarnações, a fonte original é o Garbhodakashayi Vishnu.

Verso 6

sa eva prathamaà devaù
kaumäraà sargam äçritaù
cacära duçcaraà brahmä
brahmacaryam akhaëòitam

Primeiro de tudo, no começo da criação, havia os quatro filhos de Brahma solteiros (os Kumaras), que, situados no voto de celibato, submeteram-se a severas austeridades para realização da Verdade Absoluta.

Iluminação de Srila Prabhupada:

A criação do mundo material é efetuada, mantida e então novamente aniquilada em certos intervalos. Por isso existem diferentes nomes de criações em termos dos tipos particulares de Brahma, o pai dos seres vivos na criação. Os Kumaras, como mencionado acima, apareceram na criação Kumara do mundo material, e para nos ensinar o processo da realização Brahman, eles se submeteram a um tipo severo de ação disciplinar como solteiros. Esses Kumaras são encarnações dotadas de poder. E depois de executar o tipo severo de ações disciplinares, todos eles se tornaram brahmanas qualificados. Esse exemplo sugere que deve-se adquirir as qualificações de um brahmana, não simplesmente por nascimento mas também por qualidade, e então pode-se submeter ao processo da realização Brahman.

Verso 7

dvitéyaà tu bhaväyäsya
rasätala-gatäà mahém
uddhariñyann upädatta
yajïeçaù saukaraà vapuù

O supremo desfrutador de todos os sacrifícios aceitou a encarnação de um javali (a segunda encarnação), e para o bem-estar da Terra Ele levantou a Terra das regiões inferiores do universo.

Iluminação de Srila Prabhupada:

A indicação é que para cada e toda encarnação da Personalidade de Deus, a função particular também é mencionada. Não pode haver qualquer encarnação sem uma função particular, e essas funções são sempre extraordinárias. Elas são impossíveis para qualquer ser vivo executar. A encarnação do javali tinha que tirar a Terra da região de Plutão de matéria imunda. Não existe nada impossível para a Personalidade de Deus, e embora fez o papel de um javali, pelos devotos Ele é adorado, e sempre permanece na transcendência.

Verso 8

tåtéyam åñi-sargaà vai
devarñitvam upetya saù
tantraà sätvatam äcañöa
naiñkarmyaà karmaëäà yataù

No milênio dos rsis, a Personalidade de Deus aceitou a terceira encarnação dotada de poder na forma de Devarshi Narada, que é um grande sábio entre os semideuses. Ele coletou exposições dos Vedas que lidam com serviço devocional e que inspiram ação não lucrativa.

Iluminação de Srila Prabhupada:

O grande sábio Narada, que é uma encarnação dotada de poder da Personalidade de Deus, propaga serviço devocional por todo o universo. Todos os grandes devotos do Senhor por todo o universo e em diferentes planetas e espécies de vida são seus discípulos. Srila Vyasadeva, o compilador do Srimad Bhagavatam, também é um de seus discípulos. Narada é o autor do Narada-pañcharatra, que é a exposição dos Vedas particularmente para o serviço devocional do Senhor. Esse Narada-pañcharatra treina os karmis, ou trabalhadores lucrativos, a alcançar liberação do cativeiro do trabalho lucrativo. As almas condicionadas na maioria são atraídas a trabalho lucrativo porque desejam desfrutar a vida pelo suor de suas próprias sobrancelhas. Todo o universo está repleto de trabalhadores lucrativos em todas espécies de vida. Os trabalhos lucrativos incluem todos tipos de planos de desenvolvimento econômico. Mas a lei da natureza estabelece que cada ação tem sua reação resultante, e o executor do trabalho fica obrigado por essas reações, boas ou más. A reação do trabalho bom é prosperidade material comparativa, enquanto a reação do trabalho mau é sofrimento material comparativo. Mas condições materiais, tanto em assim chamada felicidade quanto em assim chamada tristeza, são todas destinadas ultimamente somente para sofrimento. Materialistas tolos não têm informação de como obter felicidade eterna no estado incondicional. Sri Narada informa esses trabalhadores lucrativos tolos como realizar a realidade da felicidade. Ele dá a direção aos humanos enfermos do mundo como seu trabalho pessoal presente pode conduzir a pessoa para o caminho da emancipação espiritual. O médico orienta o paciente a tomar leite tratado na forma de coalhada para seu sofrimento de indigestão devido a ter tomado outra preparação de leite. Assim a causa da doença e o remédio para a doença podem ser o mesmo, mas precisam ser tratados por um médico especialista igual a Narada. O Bhagavad-gita também dá a mesma solução de servir o Senhor com os frutos de seu trabalho pessoal. Isso conduzirá a pessoa para o caminho de naiskarmya, ou liberação.

Verso 9

turye dharma-kalä-sarge
nara-näräyaëäv åñé
bhütvätmopaçamopetam
akarod duçcaraà tapaù

Na quarta encarnação, o Senhor Se tornou Nara e Narayana, os filhos gêmeos da esposa do Rei Dharma. Assim Ele Se submeteu a penitências severas e exemplares para controlar os sentidos.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Do mesmo modo que o Rei Rishabha aconselhou seus filhos, tapasya, ou aceitação voluntária de penitência para realização da Transcendência, é o único dever do ser humano; isso foi feito pelo Senhor em Pessoa de uma maneira exemplar para nos ensinar. O Senhor é muito bondoso com as almas esquecidas. Por isso Ele vem Pessoalmente e deixa para trás instruções necessárias e também envia Seus bons filhos e representantes para chamar as almas condicionadas de volta ao Supremo. Recentemente, para a memória de todos, o Senhor Chaitanya também apareceu para o mesmo propósito: mostrar favor especial para as almas caídas desta era da indústria do ferro. A encarnação de Narayana ainda é adorada em Badari-narayana, na região dos Himalayas.

Verso 10

païcamaù kapilo näma
siddheçaù käla-viplutam
proväcäsuraye säìkhyaà
tattva-gräma-vinirëayam

A quinta encarnação, chamada Senhor Kapila, é o principal entre os seres perfeitos. Ele deu uma exposição dos elementos criativos e metafísica para Asuri Brahmana, porque no curso do tempo esse conhecimento foi perdido.

Iluminação de Srila Prabhupada:

A soma total dos elementos criativos é vinte e quatro. Cada e todos eles são explicados explicitamente no sistema da filosofia Sankhya. Filosofia Sankhya é chamada geralmente de metafísica pelos intelectuais europeus. O significado etimológico de sankhya é "aquilo que explica muito lucidamente pela análise dos elementos materiais". Isso foi feito a primeira vez pelo Senhor Kapila, que é dito aqui ser o quinto na linha das encarnações.

Verso 11

ñañöham atrer apatyatvaà
våtaù präpto 'nasüyayä
änvékñikém alarkäya
prahlädädibhya ücivän

A sexta encarnação do purusa era o filho do sábio Atri. Ele nasceu do ventre de Anasuya, que orou por uma encarnação. Ele falou sobre a matéria da transcendência para Alarka, Prahlada e outros (Yadu, Haihaya, etc.).

Iluminação de Srila Prabhupada:

O Senhor encarnou Ele mesmo como Dattatreya, o filho do Rishi Atri e Anasuya. A história do nascimento de Dattatreya como uma encarnação do Senhor é mencionada no Brahmanda Purana em conexão com a história da esposa devotada. Lá é dito que Anasuya, a esposa do Rishi Atri, orou perante os Senhores Brahma, Vishnu e Shiva como se segue: "Meus Senhores, se estão satisfeitos comigo, e se desejam de mim que eu peça para vocês algum tipo de bênção, então eu oro para que vocês se combinem juntos para se tornarem meu filho". Isso foi aceito pelos Senhores, e como Dattatreya o Senhor expôs a filosofia da alma espiritual e especialmente instruiu Alarka, Prahlada, Yadu, Haihaya, etc..

Verso 12

tataù saptama äkütyäà
rucer yajïo 'bhyajäyata
sa yämädyaiù sura-gaëair
apät sväyambhuväntaram

A sétima encarnação foi Yajña, o filho do Prajapati Ruchi e sua esposa Akuti. Ele controlou o período durante a mudança de Swayambhuva Manu e foi auxiliado por semideuses tais quais Seu filho Yama.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Os postos administrativos ocupados pelos semideuses para a manutenção dos regulamentos do mundo material são oferecidos para os altamente elevados seres vivos piedosos. Quando há uma escassez desses seres vivos piedosos, o Senhor encarna Ele mesmo como Brahma, Prajapati, Indra, etc., e assume o comando. Durante o período de Swayambhuva Manu (o período presente é de Vaivasvata Manu) não havia nenhum ser vivo capaz que pudesse ocupar o posto de Indra, o Rei do planeta Indraloka (paraíso). O Senhor Ele mesmo em pessoa nesse tempo Se tornou Indra. Assistido por Seus próprios filhos tais quais Yama e outros semideuses, o Senhor Yajña governou a administração dos assuntos universais.

Verso 13

añöame merudevyäà tu
näbher jäta urukramaù
darçayan vartma dhéräëäà
sarväçrama-namaskåtam

A oitava encarnação foi o Rei Rishabha, filho do Rei Nabhi e sua esposa Merudevi. Nessa encarnação o Senhor demonstrou o caminho da perfeição, que é seguido por aqueles que controlaram plenamente seus sentidos e que são honrados por todas ordens de vida.

Iluminação de Srila Prabhupada:

A sociedade do ser humano é naturalmente dividida em oito por ordens e status de vida - as quatro divisões de ocupação e quatro divisões de avanço cultural. A classe inteligente, a classe administrativa, a classe produtiva e a classe operária são as quatro divisões de ocupação. E a vida de estudante, a vida de casado, vida aposentada e vida renunciada são os quatro status do avanço cultural em direção ao caminho da realização espiritual. Desses, a ordem de vida renunciada, ou a ordem de sannyasa, é considerado o mais elevado de todos, e um sannyasi é constitucionalmente o mestre espiritual para todas as ordens e divisões. Na ordem de sannyasa também existem quatro estágios de elevação em direção à perfeição. Os estágios são kuticaka, bahudaka, parivrajakacarya, e paramahamsa. O estágio de vida paramahamsa é o estágio mais elevado da perfeição. Essa ordem de vida é respeitada por todos os outros. Maharaja Rishabha, o filho do Rei Nabhi e Merudevi, era uma encarnação do Senhor, e Ele instruiu Seus filhos para seguirem o caminho da perfeição por tapasya, que santifica a existência da pessoa e a capacita a alcançar o estágio de felicidade espiritual que é eterna e felicidade ilimitada é obtenível. Pessoas tolas vão atrás de prazer sensual como substituto da felicidade real, mas essas pessoas tolas esquecem que a assim chamada felicidade temporária derivada de prazeres sensuais também é desfrutada por cães e porcos. Nenhum animal, pássaro ou fera é desprovido desse prazer sensual. Em todas espécies de vida, inclusive na forma humana de vida, essa felicidade é obtenível imensamente. A forma humana de vida, todavia, não é destinada para tal felicidade barata. A vida humana é destinada para alcançar felicidade eterna e ilimitada pela realização espiritual. Essa realização espiritual é obtida por tapasya, ou se submeter voluntariamente ao caminho da penitência e abstinência do prazer material. Aqueles que foram treinados para abstinência dos prazeres materiais são chamados dhira, ou pessoas não perturbadas pelos sentidos. Somente esses dhiras podem aceitar as ordens de sannyasa, e então podem se elevar gradualmente para o status de paramahamsa, que é adorado por todos os membros da sociedade. O Rei Rishabha propagou essa missão, e no último estágio Ele ficou completamente indiferente às necessidades corpóreas, que é um estágio raro para não ser imitado por pessoas idiotas, mas para ser adorado por todos.

Verso 14

åñibhir yäcito bheje
navamaà pärthivaà vapuù
dugdhemäm oñadhér vipräs
tenäyaà sa uçattamaù

Ó brahmanas, na nona encarnação, o Senhor, rogado pelos sábios, aceitou o corpo de um rei (Prithu) que cultivou a terra para produzir vários produtos, e por essa razão a Terra ficou bonita e atraente.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Antes do advento do Rei Prithu, houve uma grande destruição de má administração devido à vida pecaminosa do rei prévio, o pai de Maharaja Prithu. A classe inteligente de humanos (chamados os sábios e os brahmanas) não somente rogaram para o Senhor para descender, mas também destronaram o rei prévio. É dever do rei ser piedoso e assim procurar o bem-estar por toda a volta dos cidadãos. Sempre que houver alguma negligência por parte do rei no cumprimento do seu dever, a classe dos humanos inteligentes deve destroná-lo. A classe dos humanos inteligentes, todavia, não ocupa o trono real, porque têm deveres ocupacionais muito mais importantes para o bem-estar do público. Em vez de ocuparem o trono real, eles oraram pela encarnação do Senhor, e o Senhor veio como Maharaja Prithu. Pessoas realmente inteligentes, ou brahmanas qualificados, nunca aspiram por postos políticos. Maharaja Prithu escavou muitos produtos da terra, e assim não somente os cidadãos ficaram felizes de terem um rei tão bom, mas todo o visual da Terra também se tornou belo e atraente.

Verso 15

rüpaà sa jagåhe mätsyaà
cäkñuñodadhi-samplave
nävy äropya mahé-mayyäm
apäd vaivasvataà manum

Quando houve uma inundação completa depois do período de Chakshusha Manu e o mundo inteiro estava afundado na água, o Senhor aceitou a forma de um peixe e protegeu Vaivasvata Manu, por mantê-lo em cima com um barco.

Iluminação de Srila Prabhupada:

De acordo com Sripada Sridhara Swami, o comentador original do Bhagavatam, não é sempre que há uma devastação depois da mudança de cada Manu. E assim essa inundação depois do período de Chakshusha Manu aconteceu com o propósito de exibir algumas maravilhas para Satyavrata. Mas Sri Jiva Goswami apresentou provas definitivas das escrituras autênticas (tais quais Vishnu-dharmottara, Markandeya Purana, Harivamsha, etc.) que sempre acontece uma devastação depois do fim de cada e todo Manu. Srila Visvanatha Chakravarti também apoiou Srila Jiva Goswami, e ele (Sri Chakravarti) também citou o Bhagavatamrita sobre essa inundação depois de cada Manu. Além disso, o Senhor, para mostrar favor especial para Satyavrata, um devoto do Senhor, nesse período particular, encarnou em Pessoa.

Verso 16

suräsuräëäm udadhià
mathnatäà mandaräcalam
dadhre kamaöha-rüpeëa
påñöha ekädaçe vibhuù

A décima primeira encarnação do Senhor tomou a forma de uma tartaruga cuja carapaça serviu como pivô para a Colina Mandarachala, usada como vara de agitação pelos teístas e ateístas do universo.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Certa vez, tanto os teístas quanto os ateístas estavam engajados na produção de néctar do mar para que todos eles pudessem se tornar imortais ao bebê-lo. Naquela época a Colina Mandarachala foi usada como vara de agitação, e o casco do Senhor Tartaruga, a encarnação do Supremo, tornou-se o lugar de apoio (pivô) da colina na água do mar.

Verso 17

dhänvantaraà dvädaçamaà
trayodaçamam eva ca
apäyayat surän anyän
mohinyä mohayan striyä

Na décima segunda encarnação, o Senhor apareceu como Dhanvantari, e na décima terceira Ele seduziu os ateístas pela beleza charmosa de uma mulher e deu néctar para os semideuses beberem.

Verso 18

caturdaçaà närasiàhaà
bibhrad daityendram ürjitam
dadära karajair üräv
erakäà kaöa-kåd yathä

Na décima quarta encarnação, o Senhor apareceu como Nrisimha e bifurcou o poderoso corpo do ateísta Hiranyakashipu com Suas garras, justamente igual uma talhadeira perfura cana de açúcar.

Verso 19

païcadaçaà vämanakaà
kåtvägäd adhvaraà baleù
pada-trayaà yäcamänaù
pratyäditsus tri-piñöapam

Na décima quinta encarnação, o Senhor assumiu a forma de um brahmana anão (Vamana) e visitou a arena de sacrifício organizada por Maharaja Bali. Embora no coração Ele desejava recuperar o reino dos três sistemas planetários, Ele simplesmente pediu a doação de três passos de terra.

Iluminação de Srila Prabhupada:

O Deus Todo-poderoso pode conceder para qualquer um o reino do universo de um começo muito pequeno, e similarmente, Ele pode tirar o reino do universo com o pretexto de ser um pequeno pedaço de terra.

Verso 20

avatäre ñoòaçame
paçyan brahma-druho nåpän
triù-sapta-kåtvaù kupito
niù-kñaträm akaron mahém

Na décima sexta encarnação do Supremo, o Senhor (como Bhrigupati) aniquilou a classe administrativa (ksatriyas) vinte e uma vezes, com raiva deles por causa da rebelião deles contra os brahmanas (a classe inteligente).

Iluminação de Srila Prabhupada:

Os kshatriyas, ou a classe das pessoas administradoras, espera-se que eles governem o planeta pela direção da classe de pessoas inteligentes, que dão a direção aos governantes em termos dos sastras padrão, ou os livros do conhecimento revelado. Os governantes realizam a administração de acordo com essa direção. Sempre que há desobediência por parte dos ksatriyas, ou classe administrativa, contra as ordens dos brahmanas versados e inteligentes, os administradores são removidos à força de seus postos, e é feito arranjo para melhor administração.

Verso 21

tataù saptadaçe jätaù
satyavatyäà paräçarät
cakre veda-taroù çäkhä
dåñövä puàso 'lpa-medhasaù

Depois, na décima sétima encarnação do Supremo, Sri Vyasadeva apareceu no ventre de Satyavati através de Parashara Muni, e ele dividiu o Veda único em vários ramos e sub-ramos, ao ver que as pessoas em geral eram menos inteligentes.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Originalmente o Veda é um. Mas Srila Vyasadeva dividiu o Veda original em quatro, chamados Sama, Yajur, Rg, Atharva, e novamente eles foram explicados em vários ramos tais quais os Puranas e o Mahabharata. Linguagem Védica e a matéria são muito difíceis para pessoas ordinárias. Eles são entendidos pelos brahmanas altamente inteligentes e auto-realizados. Mas a presente era de Kali é cheia de pessoas ignorantes. Mesmo os que nasceram de pai brahmana, na era presente, não são melhores que os sudras ou as mulheres. As pessoas duas vezes nascidas, chamadas brahmanas, ksatriyas e vaisyas, supostamente têm que se submeter ao processo purificatório cultural conhecido como samskaras, mas por causa da má influência da era presente os assim chamados membros das famílias brahmana e outras de ordem superior não são mais altamente cultas. Elas são chamadas os dvija-bandhus, ou os amigos e membros familiares dos duas vezes nascidos. Mas esses dvija-bandhus são classificados entre os sudras e as mulheres. Srila Vyasadeva dividiu os Vedas em vários ramos e sub-ramos para o bem das classes menos inteligentes tais quais os dvija-bandhus, sudras e mulheres.

Verso 22

nara-devatvam äpannaù
sura-kärya-cikérñayä
samudra-nigrahädéni
cakre véryäëy ataù param

Na décima oitava encarnação, o Senhor apareceu como o Rei Rama. Com o propósito de realizar algum trabalho agradável para os semideuses, Ele exibiu poderes sobre-humanos ao controlar o Oceano Índico e depois matar o ateísta Rei Ravana, que estava do outro lado do mar.

Iluminação de Srila Prabhupada:

A Personalidade de Deus Sri Rama assumiu a forma de um ser humano e apareceu na Terra com o propósito de fazer algum trabalho agradável para os semideuses ou as personalidades administrativas para manter a ordem do universo. Às vezes grandes demônios e ateístas como Ravana e Hiranyakashipu e muitos outros ficam famosos devido ao avanço da civilização material pela ajuda da ciência material e outras atividades com o espírito de desafiar a ordem estabelecida pelo Senhor. Por exemplo, a tentativa de voar para outros planetas por meios materiais é um desafio para a ordem estabelecida. As condições de cada e todo planeta são diferentes, e diferentes classes de seres humanos são acomodadas ali para propósitos particulares mencionados nos códigos do Senhor. Mas, enfatuados por insignificante sucesso no avanço material, às vezes materialistas ateus desafiam a existência de Deus. Ravana era um deles, e ele queria deportar pessoas ordinárias para o planeta de Indra (paraíso) por meios materiais sem consideração pelas qualificações necessárias. Ele queria uma escada a ser construída para alcançar diretamente o planeta celestial para que as pessoas não fossem obrigadas a se submeter à rotina do trabalho piedoso para entrar naquele planeta. Ele também queria executar outros atos contra a regra estabelecida pelo Senhor. Ele até mesmo desafiou a autoridade de Sri Rama, a Personalidade de Deus, e raptou Sua esposa, Sita. Claro que o Senhor Rama foi castigar esse ateísta, por responder à prece e desejo dos semideuses. Ele assim aceitou o desafio de Ravana, e a atividade completa é o assunto do Ramayana. Porque o Senhor Ramachandra era a Personalidade de Deus, Ele exibiu atividades sobre-humanas que nenhum ser humano, inclusive o materialista avançado Ravana, poderia executar. O Senhor Ramachandra preparou uma estrada real no Oceano Índico com pedras que flutuavam na água. Os cientistas modernos fizeram pesquisas na área de ausência de peso, mas não é possível estabelecer a ausência de peso em qualquer lugar e todo lugar. Mas porque a gravidade é a criação do Senhor pela qual Ele pode fazer planetas gigantescos voarem e flutuarem no ar, assim Ele fez pedras mesmo dentro desta Terra ficarem sem peso e preparou uma ponte de pedras no mar sem nenhum pilar de suporte. Essa foi uma exibição do poder de Deus.

Verso 23

ekonaviàçe viàçatime
våñëiñu präpya janmané
räma-kåñëäv iti bhuvo
bhagavän aharad bharam

Na décima nona e vigésima encarnações, O Senhor adveio Ele mesmo como o Senhor Balarama e Senhor Krishna na família de Vrishni (a dinastia Yadu), e por fazer isso Ele removeu o peso do mundo.

Iluminação de Srila Prabhupada:

A menção específica da palavra bhagavan nesse texto indica que Balarama e Krishna são formas originais do Senhor. Isso será melhor explicado depois. O Senhor Krishna não é uma encarnação do purusa, como aprendemos no início deste capítulo. Ele é diretamente a Personalidade de Deus original, e Balarama é a primeira manifestação plenária do Senhor. De Baladeva a primeira falange de expansões plenárias, Vasudeva, Sankarshana, Aniruddha e Pradyumna, expande. O Senhor Sri Krishna é Vasudeva, e Baladeva é Sankarshana.

Verso 24

tataù kalau sampravåtte
sammohäya sura-dviñäm
buddho nämnäïjana-sutaù
kékaöeñu bhaviñyati

Então, no começo de Kali-yuga, o Senhor aparecerá como o Senhor Buddha, o filho de Añjana, na província de Gaya, justamente com o propósito de iludir aqueles que são invejosos do teísta fervoroso.

Iluminação de Srila Prabhupada:

O Senhor Buddha, uma encarnação poderosa da Personalidade de Deus, apareceu na província de Gaya (Bihar) como o filho de Añjana, e ele pregou seu próprio conceito de não violência e depreciou mesmo os sacrifícios sancionados nos Vedas. Na época quando o Senhor Buddha apareceu, as pessoas em geral eram ateístas e preferiam carne animal mais que qualquer outra coisa. Com a desculpa do sacrifício Védico, todos locais foram praticamente transformados em matadouros, e matança de animais era praticada irrestritamente. O Senhor Buddha pregou não violência, com pena dos pobres animais. Ele pregou que não acreditava nos princípios dos Vedas e enfatizou os efeitos psicológicos adversos causados pela matança de animais. As pessoas menos inteligentes da era de Kali, que não têm fé em Deus, seguiram seu princípio, e nos tempos de hoje elas foram treinadas em disciplina moral e não violência, os passos preliminares para proceder adiante no caminho da realização de Deus. Ele iludiu os ateístas porque esses ateístas que seguiram seus princípios não acreditavam em Deus, mas eles mantiveram sua fé absoluta no Senhor Buddha, que era em pessoa a encarnação de Deus. Assim as pessoas sem fé foram feitas a acreditar em Deus na forma do Senhor Buddha. Essa foi a misericórdia do Senhor Buddha: ele transformou os descrentes em fervorosos a ele.

Matança de animais antes do advento do Senhor Buddha era o aspecto mais proeminente da sociedade. As pessoas alegavam que esses eram sacrifícios Védicos. Quando os Vedas não são aceitos através da sucessão discipular autêntica, os leitores casuais dos Vedas são desviados pela linguagem florida desse sistema de conhecimento. No Bhagavad-gita foi feito um comentário sobre esses intelectuais idiotas (avipascitah). Os intelectuais tolos da literatura Védica que não se importam em receber a mensagem através das fontes transcendentais realizadas da sucessão discipular com certeza ficarão confundidos. Para eles, as cerimônias ritualísticas são consideradas como tudo em tudo. Eles não têm profundidade de conhecimento. De acordo com o Bhagavad-gita (15.15), vedais ca sarvair aham eva vedyah: o sistema inteiro dos Vedas é conduzir a pessoa gradualmente para o caminho do Supremo Senhor. O tema inteiro da literatura Védica é conhecer o Supremo Senhor, a alma individual, a situação cósmica e a relação entre todos esses itens. Quando a relação é conhecida, a função relativa começa, e como resultado dessa função o objetivo último da vida ou ir de volta ao Supremo acontece da maneira mais fácil. Infelizmente, intelectuais desautorizados dos Vedas se tornam cativados pelas cerimônias purificatórias apenas, e progresso natural é assim impedido.

Para essas pessoas confusas de propensão ateísta, o Senhor Buddha é o emblema do teísmo. Ele assim primeiro de tudo queria parar o hábito de matança de animais. Os matadores de animais são elementos perigosos no caminho de ir de volta ao Supremo. Existem dois tipos de matadores de animais. A alma é às vezes chamada de o "animal" ou o ser vivo. Portanto, tanto os matadores de animais quanto aqueles que perderam sua identidade da alma são matadores de animais.

Maharaja Parikshit disse que somente o matador de animais não pode saborear a mensagem transcendental do Supremo Senhor. Assim se as pessoas devem ser educadas no caminho do Supremo, primeiro e principalmente devem ser ensinadas a parar o processo de matança de animais como mencionado acima. Não tem sentido dizer que matança de animais não tem nada a ver com realização espiritual. Por essa teoria perigosa muitos assim chamados sannyasis brotaram pela graça de Kali-yuga que pregam matança de animais sob a vestimenta dos Vedas. O assunto já foi discutido numa conversação entre o Senhor Chaitanya e Maulana Chand Kazi Shaheb. O sacrifício animal mencionado nos Vedas é diferente da matança de animais irrestrita no matadouro. Porque os asuras ou os assim chamados intelectuais das literaturas Védicas apresentam a evidência da matança de animais nos Vedas, o Senhor Buddha superficialmente negou a autoridade dos Vedas. Essa rejeição dos Vedas pelo Senhor Buddha foi adotada com o propósito de salvar as pessoas do vício da matança de animais e também salvar os pobres animais do processo de matança dos seus grandes irmãos que clamam por fraternidade universal, paz, justiça e igualdade. Não existe justiça onde existe matança de animais. O Senhor Buddha queria parar com isso completamente, e assim seu culto de ahimsa foi propagado não somente na Índia mas também fora do país.

Tecnicamente a filosofia do Senhor Buddha é chamada de ateísta porque não tem aceitação do Supremo Senhor e porque esse sistema de filosofia negou a autoridade dos Vedas. Mas esse é um ato de camuflagem do Senhor. O Senhor Buddha é a encarnação do Supremo. Assim, ele é o proponente original do conhecimento Védico. Por isso ele não pode rejeitar filosofia Védica. Mas ele a rejeitou externamente por causa do sura-dvisa, ou os demônios que são sempre invejosos dos devotos do Supremo, e tentam apoiar matança da vaca ou matança de animais com as páginas dos Vedas, e isso agora é feito por sannyasis modernizados. O Senhor Buddha teve que rejeitar a autoridade dos Vedas inteira. Isso é simplesmente técnico, e se não fosse assim ele não seria aceito assim como a encarnação do Supremo. Nem ele seria adorado nas canções transcendentais do poeta Jayadeva, que é um acarya Vaishnava. O Senhor Buddha pregou os princípios preliminares dos Vedas de uma maneira adequada para a época (e assim também fez Shankaracharya) para estabelecer a autoridade dos Vedas. Assim tanto o Senhor Buddha quanto Acharya Shankara pavimentaram o caminho do teísmo, e acaryas Vaishnava, especificamente o Senhor Chaitanya Mahaprabhu, conduziram as pessoas no caminho em direção a uma realização de ir de volta ao Supremo.

Nós estamos felizes que as pessoas despertam interesse no movimento não violento do Senhor Buddha. Mas será que levarão esse assunto muito a sério e fecharão os matadouros de animais todos eles? Caso não, não há sentido no culto de ahimsa.

O Srimad Bhagavatam foi composto justamente antes do começo da era de Kali (cerca de cinco mil anos trás). E o Senhor Buddha apareceu cerca de dois mil e seiscentos anos atrás. Assim no Srimad Bhagavatam o Senhor Buddha é predito. Assim é a autoridade desta escritura clara. Existem muitas dessas profecias, e elas são cumpridas uma depois da outra. Elas indicarão a posição positiva do Srimad Bhagavatam, que é sem nenhum traço de erro, ilusão, enganação e imperfeição, que são as quatro falhas das almas condicionadas. As almas liberadas estão além dessas falhas, por isso que elas podem ver e predizer coisas que acontecerão em datas do futuro distante.

Verso 25

athäsau yuga-sandhyäyäà
dasyu-präyeñu räjasu
janitä viñëu-yaçaso
nämnä kalkir jagat-patiù

Depois, na conjunção das duas yugas, o Senhor da criação terá Seu nascimento como a encarnação Kalki e Se torna o filho de Vishnu Yasha. Nessa época os governantes da Terra se degenerarão em saqueadores.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Aqui está outra predição do advento do Senhor Kalki, a encarnação de Deus. Ele é previsto para aparecer na conjunção das duas yugas, chamadas no fim de Kali-yuga e no começo de Satya-yuga. O ciclo das quatro yugas, chamadas Satya, Treta, Dwapara e Kali, gira igual os meses do calendário. A presente Kali-yuga dura 432.000 anos, dos quais se passaram apenas 5.000 anos depois da Batalha de Kurukshetra e o fim do regime do Rei Parikshit. Assim ainda há 427.000 anos de saldo para finalizar. Assim no fim desse período, a encarnação Kalki acontecerá, como predito no Srimad Bhagavatam. O nome do Seu pai, Vishnu Yasha, um brahmana erudito, e a vila de Shambhala também são mencionados. Como mencionado acima, todas essas predições provarão serem reais na ordem cronológica. Essa é a autoridade do Srimad Bhagavatam.

Verso 26

avatärä hy asaìkhyeyä
hareù sattva-nidher dvijäù
yathävidäsinaù kulyäù
sarasaù syuù sahasraçaù

Ó brahmanas, as encarnações do Senhor são inumeráveis, iguais a riachos que fluem de fontes de água inexauríveis.

Iluminação de Srila Prabhupada:

A lista das encarnações da Personalidade de Deus dada aqui não é completa. É só uma visão parcial de todas as encarnações. Existem muitas outras, tais quais Hayagriva, Hari, Hamsa, Prishnigarbha, Vibhu, Satyasena, Vaikuntha, Sarvabhauma, Vishvaksena, Dharmasetu, Sudhama, Yogeshvara, Brihadbhanu e outros de eras passadas. Sri Prahlada Maharaja disse em sua prece, "Meu Senhor, Você Se manifesta com tantas encarnações quanto existem espécies de vida, chamadas os aquáticos, os vegetais, os répteis, os pássaros, os animais, os humanos, os semideuses, etc., justamente para a manutenção dos fervorosos e a aniquilação dos descrentes. Você advém em Pessoa desse modo de acordo com a necessidade das diferentes yugas. Na Kali-yuga Você encarnou vestido como um devoto". Essa encarnação do Senhor em Kali-yuga é o Senhor Chaitanya Mahaprabhu. Há muitos outros lugares, tanto no Bhagavatam quanto em outras escrituras, nos quais a encarnação do Senhor como Sri Chaitanya Mahaprabhu é explicitamente mencionada. No Brahma-samhita também é dito indiretamente que embora haja muitas encarnações do Senhor, tais quais Rama, Nrisimha, Varaha, Matsya, Kurma e muitas outras, o Senhor Ele mesmo às vezes encarna em pessoa. O Senhor Krishna e o Senhor Sri Chaitanya Mahaprabhu não são, portanto, encarnações, mas a fonte original de todas outras encarnações. Isso será bem explicado no próximo sloka. O Senhor é a fonte inexaurível de inúmeras encarnações que não são sempre mencionadas. Mas essas encarnações são distintas por feitos especificamente extraordinários que são impossíveis de serem realizados por qualquer ser vivo. Esse é o teste geral para identificar uma encarnação do Senhor, diretamente e indiretamente dotado de poder. Algumas encarnações mencionadas acima são quase porções plenárias. Por exemplo, os Kumaras são dotados de poder com conhecimento transcendental. Sri Narada é dotado de poder com serviço devocional. Maharaja Prithu é uma encarnação dotada de poder com função executiva. A encarnação Matsya é diretamente uma porção plenária. Assim as inumeráveis encarnações do Senhor são manifestadas em todos os universos constantemente, sem cessar, igual a água cai constantemente das cachoeiras.

Verso 27

åñayo manavo devä
manu-puträ mahaujasaù
kaläù sarve harer eva
saprajäpatayaù småtäù

Todos os rsis, Manus, semideuses e descendentes de Manu, que são especialmente poderosos, são porções plenárias ou porções das porções plenárias do Senhor. Isso também inclui os Prajapatis.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Aqueles que são comparativamente menos poderosos são chamados vibhuti, e aqueles que são comparativamente mais poderosos são chamados encarnações avesa.

Verso 28

ete cäàça-kaläù puàsaù
kåñëas tu bhagavän svayam
indräri-vyäkulaà lokaà
måòayanti yuge yuge

Todas as encarnações acima mencionadas ou são porções plenárias ou porções das porções plenárias do Senhor, mas o Senhor Sri Krishna é a Personalidade de Deus original. Todas elas aparecem nos planetas sempre que há uma perturbação criada pelos ateístas. O Senhor encarna para proteger os teístas.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Nessa estrofe particular o Senhor Sri Krishna, a Personalidade de Deus, é distinto das outras encarnações. Ele é contado entre os avataras (encarnações) porque por Sua misericórdia sem causa o Senhor descende de Sua morada transcendental. Avatara significa "aquele que descende". Todas as encarnações do Senhor, inclusive o Senhor Ele mesmo, descendem em diferentes planetas do mundo material e também em diferentes espécies de vida para cumprir missões particulares. Às vezes Ele vem em Pessoa, e às vezes Suas diferentes porções plenárias ou partes das porções plenárias, ou Suas porções diferenciadas diretamente ou indiretamente dotadas de poder por Ele, descendem neste mundo material para executarem certas funções específicas. Originalmente o Senhor é pleno de todas as opulências, todo poder, toda fama, toda beleza, todo conhecimento e toda renúncia. Quando elas são parcialmente manifestadas através das porções plenárias ou partes das porções plenárias, deve-se notar que certas manifestações de Seus diferentes poderes são requeridas para aquelas funções particulares. Quando dentro do quarto pequenas lâmpadas elétricas são exibidas, não significa que a central elétrica é limitada pelas pequenas lâmpadas. A mesma central elétrica poder suprir energia para operar dínamos industriais de larga escala com maiores volts. Similarmente, as encarnações do Senhor exibem diferentes poderes porque tamanho poder é necessário naquele tempo particular.

Por exemplo, o Senhor Parashurama e Senhor Nrisimha exibiram opulência incomum por matar os ksatriyas desobedientes vinte e uma vezes e matar o ateísta grandiosamente poderoso Hiranyakashipu. Hiranyakashipu era tão poderoso que mesmo semideuses em outros planetas tremiam simplesmente por uma levantada desfavorável de sua sobrancelha. Os semideuses no nível superior da existência material excedem muitas e muitas vezes os melhores seres humanos prósperos, em duração de vida, beleza, riqueza, parafernália, e em todos outros aspectos. Ainda assim eles tinham medo de Hiranyakashipu. Assim nós podemos simplesmente imaginar quão poderoso era Hiranyakashipu aqui neste mundo material. Mas mesmo Hiranyakashipu foi cortado em pedaços pelas garras do Senhor Nrisimha. Isso significa que qualquer um materialmente poderoso não pode igualar o poder das garras do Senhor. Similarmente, Jamadagnya exibiu o poder do Senhor para matar todos os reis desobedientes poderosamente situados em seus respectivos estados. A encarnação do Senhor dotada de poder Narada e porção plenária Varaha, e também dotado de poder indiretamente o Senhor Buddha, criaram fé na massa de pessoas. As encarnações de Rama e Dhanvantari exibiram Sua fama, e Balarama, Mohini e Vamanadeva exibiram Sua beleza. Dattatreya, Matsya, Kumara e Kapila exibiram Seu conhecimento transcendental. Nara e Narayana Rishis exibiram Sua renúncia. Assim todas as diferentes encarnações do Senhor indiretamente ou diretamente manifestaram diferentes aspectos, mas o Senhor Krishna, o Senhor primordial, exibiu os aspectos completos do Supremo, e assim é confirmado que Ele é a fonte de todas outras encarnações. E o aspecto mais extraordinário exibido pelo Senhor Sri Krishna foi Sua manifestação energética interna ou Seus passatempos com as meninas pastoras de vacas. Seus passatempos com as gopis são todos exibições da existência transcendental, bem-aventurança e conhecimento, embora eles sejam manifestados aparentemente como amor sexual. A atração específica de Seus passatempos com as gopis nunca deve ser mal interpretada. O Bhagavatam relata esses passatempos transcendentais no Décimo Canto. E com o propósito de alcançar a posição de entender a natureza transcendental dos passatempos do Senhor Krishna com as gopis, o Bhagavatam promove o estudante gradualmente em nove outros cantos.

De acordo com a declaração de Srila Jiva Goswami, de acordo com fontes autênticas, o Senhor Krishna é a fonte de todas outras encarnações. Não é que o Senhor Sri Krishna tem qualquer fonte de encarnação. Todos os sintomas da Verdade Absoluta plenamente estão presentes na pessoa do Senhor Sri Krishna, e no Bhagavad-gita o Senhor declara enfaticamente que não existe verdade maior ou igual a Ele mesmo. Nessa estrofe a palavra svayam é particularmente mencionada para confirmar que o Senhor Krishna não tem nenhuma fonte além Dele mesmo. Embora em outros locais as encarnações são descritas como bhagavan por causa de suas funções específicas, em nenhum outro lugar elas são declaradas como a Suprema Personalidade. Nessa estrofe a palavra svayam significa a supremacia como o summum bonum.

O summum bonum Krishna é único e sem igual. Ele mesmo em Pessoa Se expandiu em várias partes, porções e partículas como svayam-rupa, svayam-prakasa, tad-ekatma, prabhava, vaibhava, vilasa, avatara, avesa, e jivas, todos providos com inúmeras energias justamente adequadas às pessoas e personalidades respectivas. Intelectuais eruditos em assuntos transcendentais analisaram cuidadosamente o summum bonum Krishna como possuidor de sessenta e quatro atributos principais. Todas expansões ou categorias do Senhor possuem somente percentuais desses atributos. Mas Sri Krishna é o possuidor de todos esses atributos cem por cento. E Suas expansões pessoais tais quais svayam-prakasa, tad-ekatma acima até as categorias dos avataras que são todos visnu-tattva, possuem até noventa e três por cento desses atributos transcendentais. O Senhor Shiva, que não é nem avatara nem avesa nem entre eles, possui quase oitenta e quatro por cento dos atributos. Mas os jivas, ou os seres vivos individuais em diferentes status de vida, possuem até o limite de setenta e oito por cento dos atributos. No estado da vida condicionada da existência material, o ser vivo possui esses atributos em quantidade bem diminuta, que varia em termos da vida piedosa do ser vivo. O ser vivo mais perfeito é Brahma, o administrador supremo do universo. Ele possui setenta e oito por cento dos atributos plenamente. Todos os outros semideuses possuem os mesmos atributos em menor quantidade, enquanto seres humanos possuem os atributos em quantidade bem diminuta. O padrão de perfeição para um ser humano é desenvolver os atributos até setenta e oito por cento plenamente. O ser vivo nunca poderá possuir atributos como Shiva, Vishnu ou Senhor Krishna. Um ser vivo pode se transformar em divino por desenvolver os setenta e oito por cento dos atributos transcendentais em plenitude, mas nunca poderá se tornar um Deus como Shiva, Vishnu ou Krishna. Ele pode se tornar um Brahma no devido curso. Os seres vivos divinos que são todos residentes nos planetas no céu espiritual são associados eternos de Deus em diferentes planetas espirituais chamados Hari-dhama e Mahesha-dhama. A morada do Senhor Krishna acima de todos planetas espirituais é chamada Krishnaloka ou Goloka Vrindavana, e os seres vivos perfeitos, por desenvolverem setenta e oito por cento dos atributos em plenitude, podem entrar no planeta de Krishnaloka depois de deixar o corpo material presente.

Verso 29

janma guhyaà bhagavato
ya etat prayato naraù
säyaà prätar gåëan bhaktyä
duùkha-grämäd vimucyate

Aquele que recita cuidadosamente os aparecimentos misteriosos do Senhor, com devoção na manhã e na noite, obtém alívio de todas misérias da vida.

Iluminação de Srila Prabhupada:

No Bhagavad-gita a Personalidade de Deus declarou sobre qualquer um que sabe os princípios do nascimento e atividades transcendentais do Senhor irá de volta ao Supremo depois de obter alívio deste tabernáculo material. Assim simplesmente por saber verdadeiramente o modo misterioso da encarnação do Senhor neste mundo material pode liberar alguém do cativeiro material. Portanto o nascimento e atividades do Senhor, como manifestados por Ele para o bem-estar das pessoas em geral, não são ordinários. Eles são misteriosos, e somente por aqueles que cuidadosamente tentam ir fundo na matéria da devoção espiritual que o mistério é descoberto. Assim a pessoa obtém liberação do cativeiro material. É aconselhado portanto aquele que simplesmente recita este capítulo do Bhagavatam, que descreve o aparecimento do Senhor em diferentes encarnações, com sinceridade e devoção, pode ter compreensão do nascimento e atividades do Senhor. A própria palavra vimukti, ou liberação, indica que o nascimento e atividades do Senhor são todos transcendentais; de outro modo simplesmente por recitá-los não se poderia obter liberação. Por isso eles são misteriosos, e aqueles que não seguem os regulamentos prescritos do serviço devocional não estão autorizados a entrar dentro dos mistérios de Seus nascimentos e atividades.

Verso 30

etad rüpaà bhagavato
hy arüpasya cid-ätmanaù
mäyä-guëair viracitaà
mahadädibhir ätmani

O conceito do virat forma universal do Senhor, como aparece no mundo material, é imaginário. É para capacitar os menos inteligentes (e neófitos) a ajustar a idéia do Senhor ter uma forma. Mas na realidade o Senhor não tem nenhuma forma material.

Iluminação de Srila Prabhupada:

O conceito do Senhor conhecido como visva-rupa ou a virat-rupa é particularmente não mencionado junto com as várias encarnações do Senhor porque todas as encarnações do Senhor mencionadas acima são transcendentais e não existe nenhuma mancha de materialismo em seus corpos. Não existe diferença entre o corpo e o eu como existe na alma condicionada. A virat-rupa é concebida por aqueles que são justamente adoradores neófitos. Para eles a virat-rupa material é apresentada, e será explicada no Segundo Canto. Na virat-rupa as manifestações materiais dos diferentes planetas foram concebidos como Suas pernas, mãos, etc.. Na verdade todas essas descrições são para os neófitos. Os neófitos não podem conceber nada além da matéria. O conceito material do Senhor não é contado na lista das formas reais do Senhor. Como Paramatma, ou Superalma, o Senhor está dentro de cada e toda forma material, mesmo dentro dos átomos, mas a forma material externa é só uma imaginação, tanto para o Senhor quanto para o ser vivo. As formas presentes das almas condicionadas também não são reais. A conclusão é que o conceito material do corpo do Senhor como virat é imaginário. Tanto o Senhor quanto os seres vivos são espíritos vivos e têm corpos espirituais originais.

Verso 31

yathä nabhasi meghaugho
reëur vä pärthivo 'nile
evaà drañöari dåçyatvam
äropitam abuddhibhiù

Nuvens e poeira são carregadas pelo ar, mas pessoas menos inteligentes dizem que o céu está nublado e o ar está poluído. Similarmente, elas também implantam conceitos materiais corpóreos no eu espiritual.

Iluminação de Srila Prabhupada:

É mais confirmado aqui que com nossos olhos e sentidos materiais presentes não podemos ver o Senhor, que é todo espírito. Nós não podemos nem mesmo identificar a fagulha espiritual que existe dentro do corpo material do ser vivo. Nós olhamos para a cobertura externa do corpo ou mente sutil do ser vivo, mas não conseguimos ver a fagulha espiritual dentro do corpo. Por isso nós temos que aceitar a presença do ser vivo pela presença de seu corpo material grosseiro. Similarmente, aqueles que desejam ver o Senhor com seus olhos materiais presentes ou com os sentidos materiais são aconselhados a meditar na característica gigantesca externa chamada virat-rupa. Por exemplo, quando vemos um cavalheiro particular que vai em seu carro, que pode ser visto muito facilmente, nós identificamos o carro com o homem dentro do carro. Quando o Presidente anda em seu carro particular, nós dizemos, "lá vai o Presidente". Naquele momento nós identificamos o carro com o Presidente. Similarmente, pessoas menos inteligentes que querem ver Deus imediatamente sem qualificação necessária são mostradas primeiro o cosmos material gigantesco como a forma do Senhor, apesar do Senhor estar dentro e fora. As nuvens no céu e o azul do céu são mais bem apreciados nessa conexão. Apesar da coloração azul do céu e o céu em si serem diferentes, nós concebemos a cor do céu como azul. Mas esse é um conceito geral da pessoa leiga somente.

Verso 32

ataù paraà yad avyaktam
avyüòha-guëa-båàhitam
adåñöäçruta-vastutvät
sa jévo yat punar-bhavaù

Além desse conceito grosseiro de forma está outro, conceito sutil de forma que é sem forma formal e é invisível, não ouvida e imanifesta. O ser vivo tem sua forma além dessa sutileza, senão ele não poderia ter repetidos nascimentos.

Iluminação de Srila Prabhupada:

A manifestação cósmica grosseira é concebida como o corpo gigantesco do Senhor, assim também existe o conceito de Sua forma sutil, que é simplesmente realizada sem ser vista, ouvida ou manifestada. Mas de fato esses conceitos grosseiro e sutil estão em relação com os seres vivos. O ser vivo tem sua forma espiritual além desta existência material grosseira ou psíquica sutil. O corpo sutil e funções psíquicas cessam de agir logo que o ser vivo deixa o corpo grosseiro visível. De fato, nós dizemos que o ser vivo foi porque não é visto e não ouvido. Mesmo quando o corpo grosseiro não age quando o ser vivo está em sono profundo, nós sabemos que ele está dentro do corpo por sua respiração. Assim a saída do ser vivo do corpo não significa que não existe nenhuma existência da alma vivente. Está ali, senão como pode haver repetidos nascimentos novamente e novamente?

A conclusão é que o Senhor é eternamente existente em Sua forma transcendental, que não é nem grosseira nem sutil como a do ser vivo; Seu corpo nunca deve ser comparado aos corpos grosseiro e sutil do ser vivo. Todos esses conceitos do corpo de Deus são imaginários. O ser vivo tem sua forma espiritual eterna, que é condicionada somente por sua contaminação material.

Verso 33

yatreme sad-asad-rüpe
pratiñiddhe sva-saàvidä
avidyayätmani kåte
iti tad brahma-darçanam

Quando uma pessoa experimenta, por auto-realização, que tanto os corpos grosseiro e sutil não têm nada a ver com o eu puro, ao mesmo tempo ela se vê e também o Senhor.

Iluminação de Srila Prabhupada:

A diferença entre auto-realização e ilusão material é saber que as imposições ilusórias da energia material na forma dos corpos grosseiro e sutil são coberturas superficiais do eu. As coberturas acontecem devido à ignorância. Essas coberturas nunca são efetivas na pessoa da Personalidade de Deus. Saber disso com convicção se chama liberação, ou visão do Absoluto. Isso significa que a auto-realização perfeita é feita possível pela adoção da vida divina ou espiritual. Auto-realização significa se tornar indiferente às necessidades dos corpos grosseiro e sutil e se tornar sério sobre as atividades do eu. O ímpeto para atividades é gerado pelo eu, mas essas atividades se tornam ilusórias devido à ignorância da verdadeira posição do eu. Por ignorância, auto-interesse é calculado em termos dos corpos grosseiro e sutil, e portanto um conjunto total de atividades é arruinado, vida após vida. Quando, todavia, a pessoa encontra o eu pela cultura apropriada, as atividades do eu começam. Assim uma pessoa que está dedicada nas atividades do eu se chama jivan-mukta, ou uma pessoa liberada mesmo na existência condicional.

Esse estágio perfeito de realização é alcançado não por meios artificiais, mas sob os pés de lótus do Senhor, que é sempre transcendental. No Bhagavad-gita o Senhor diz que Ele está presente no coração de todos, e Dele somente todo conhecimento, lembrança e esquecimento acontecem. Quando o ser vivo deseja ser um desfrutador da energia material (fenômenos ilusórios), o Senhor cobre o ser vivo no mistério do esquecimento, e assim o ser vivo mal interpreta o corpo grosseiro e a mente sutil como seu próprio eu. E pela cultura do conhecimento transcendental, quando o ser vivo ora para o Senhor por liberação das garras do esquecimento, o Senhor, por Sua misericórdia sem causa, remove a cortina ilusória do ser vivo, e assim ele realiza seu próprio eu. Ele assim se dedica no serviço do Senhor em sua posição constitucional eterna, torna-se liberado da vida condicionada. Tudo isso é executado pelo Senhor tanto através de Sua potência externa ou diretamente pela potência interna.

Verso 34

yady eñoparatä devé
mäyä vaiçäradé matiù
sampanna eveti vidur
mahimni sve mahéyate

Se a energia ilusória diminui e o ser vivo se torna plenamente enriquecido com conhecimento pela graça do Senhor, então ele se torna imediatamente iluminado com auto-realização e assim se torna situado em sua própria glória.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Porque o Senhor é a Transcendência absoluta, todas Suas formas, nomes, passatempos, atributos, associados e energias são idênticos a Ele. Sua energia transcendental age de acordo com Sua onipotência. A mesma energia age como Suas energias externa, interna e marginal, e por Sua onipotência Ele pode realizar qualquer coisa e tudo através da agência de qualquer uma das energias acima. Ele pode transformar a energia externa em interna pela Sua vontade. Portanto por Sua graça a energia externa, que é empregada em iludir esses seres vivos que querem tê-la, diminui pela vontade do Senhor em termos de arrependimento e penitência para a alma condicionada. E essa mesma energia então age para ajudar o ser vivo purificado fazer progresso no caminho da auto-realização. O exemplo da energia elétrica é bem apropriado nessa conexão. O eletricista perito pode utilizar energia elétrica tanto para aquecimento quanto para resfriamento por ajuste apenas. Similarmente, a energia externa, que agora confunde o ser vivo dentro da continuação de nascimento e morte, transforma-se em potência interna pela vontade do Senhor para conduzir o ser vivo para vida eterna. Quando um ser vivo é assim agraciado pelo Senhor, ele é colocado em sua posição constitucional própria. Para desfrutar vida espiritual eterna.

Verso 35

evaà janmäni karmäëi
hy akartur ajanasya ca
varëayanti sma kavayo
veda-guhyäni håt-pateù

Assim pessoas eruditas descrevem os nascimentos e atividades do não nascido e inativo, que é indetectável mesmo nas literaturas Védicas. Ele é o Senhor do coração.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Tanto o ser vivo quanto o Senhor são essencialmente espirituais. Portanto ambos são eternos, e nenhum dos dois tem nascimento e morte. A diferença é que os assim chamados nascimentos e desaparecimentos do Senhor não são iguais aos dos seres vivos. Os seres vivos que aceitam nascimento e depois novamente aceitam morte são sujeitos às leis da natureza material. Mas os assim chamados aparecimento e desaparecimento do Senhor não são ações da natureza material, e sim são demonstrações da potência interna do Senhor. Eles são descritos pelos grandes sábios para o propósito da auto-realização. Está afirmado no Bhagavad-gita pelo Senhor que Seu assim chamado nascimento no mundo material e Suas atividades são transcendentais. E simplesmente por meditação nessas atividades pode-se alcançar realização de Brahman e assim se tornar liberado do cativeiro material. Nos srutis está dito que o não nascido parece ter nascido. O Supremo não tem nada para fazer, mas porque Ele é onipotente, tudo é realizado por Ele naturalmente, como se fosse feito automaticamente. De fato, o aparecimento e desaparecimento da Suprema Personalidade de Deus e Suas diferentes atividades são todos confidenciais, mesmo para as literaturas Védicas. Mesmo assim elas são exibidas pelo Senhor para conceder misericórdia para as almas condicionadas. Nós sempre devemos aproveitar a vantagem das narrações das atividades do Senhor, que são meditações em Brahman na forma mais conveniente e palatável.

Verso 36

sa vä idaà viçvam amogha-lélaù
såjaty avaty atti na sajjate 'smin
bhüteñu cäntarhita ätma-tantraù
ñäò-vargikaà jighrati ñaò-guëeçaù

O Senhor, cujas atividades são sempre imaculadas, é o mestre dos seis sentidos e é plenamente onipotente com seis opulências. Ele cria os universos manifestados, Ele os mantêm e os aniquila sem ser afetado no mínimo. Ele está dentro de todo ser vivo e é sempre independente.

Iluminação de Srila Prabhupada:

A diferença primordial entre o Senhor e os seres vivos é que o Senhor é o criador e os seres vivos são os criados. Aqui Ele é chamado o amogha-lilah, indica que não há nada lamentável em Sua criação. Aqueles que criam perturbação na Sua criação são eles mesmos perturbados. Ele é transcendental a todas aflições materiais porque Ele é pleno com todas seis opulências, chamadas riqueza, poder, fama, beleza, conhecimento e renúncia, e por isso Ele é o mestre dos sentidos. Ele cria estes universos manifestados com o propósito de recuperar os seres vivos que estão dentro deles a sofrer as misérias triplas, Ele os mantêm, e no devido curso os aniquila sem ser ao mínimo afetado por essas ações. Ele está conectado com esta criação material muito superficialmente, do mesmo modo como alguém cheira odor sem estar conectado com o artigo odorífico. Elementos impiedosos, portanto, nunca podem se aproximar Dele, apesar de todos esforços.

Verso 37

na cäsya kaçcin nipuëena dhätur
avaiti jantuù kumanéña ütéù
nämäni rüpäëi mano-vacobhiù
santanvato naöa-caryäm iväjïaù

Os tolos com um pobre fundo de conhecimento não podem conhecer a natureza transcendental das formas, nomes e atividades do Senhor, que atua como um ator em um drama. Nem eles podem expressar essas coisas, nem em suas especulações nem em suas palavras.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Ninguém pode descrever propriamente a natureza transcendental da Verdade Absoluta. Por isso é dito que Ele está além da expressão da mente e fala. E mesmo assim existem algumas pessoas, com um pobre fundo de conhecimento, que desejam entender a Verdade Absoluta pela especulação mental imperfeita e descrição falha de Suas atividades. Para a pessoa leiga Suas atividades, aparecimento e desaparecimento, Seus nomes, Suas formas, Sua parafernália, Suas personalidades e todas as coisas em relação com Ele são misteriosos. Existem duas classes de materialistas, chamados os trabalhadores lucrativos e os filósofos empíricos. Os trabalhadores lucrativos praticamente não têm informação da Verdade Absoluta, e os especuladores mentais, depois de ficarem frustrados com atividades lucrativas, voltam suas faces para a Verdade Absoluta e tentam conhecê-Lo por especulação mental. E para todas essas pessoas, a Verdade Absoluta é um mistério, igual a prestidigitação de um mágico é um mistério para crianças. Enganados pela prestidigitação do Ser Supremo, os não devotos, que podem ser muitos hábeis em trabalho lucrativo e especulação mental, estão sempre na ignorância. Com esse conhecimento tão limitado, eles ficam incapazes para penetrar na região misteriosa da transcendência. Os especuladores mentais são um pouco mais progressivos do que os materialistas grosseiros ou os trabalhadores lucrativos, mas porque também estão na garra da ilusão, aceitam como verdade que tudo aquilo que tem forma, um nome e atividades é apenas um produto da energia material. Para eles o Espírito Supremo é sem forma, sem nome e inativo. E porque esses especuladores mentais igualizam o nome e forma transcendentais do Senhor com nomes e forma mundana, eles estão de fato na ignorância. Com esse pobre fundo de conhecimento, não existe nenhum acesso à natureza real do Ser Supremo. Como está afirmado no Bhagavad-gita, o Senhor está sempre numa posição transcendental, mesmo quando Ele está dentro do mundo material. Mas a pessoa ignorante considera o Senhor uma das grandes personalidades do mundo, e assim são desviados pela energia ilusória.

Verso 38

sa veda dhätuù padavéà parasya
duranta-véryasya rathäìga-päëeù
yo 'mäyayä santatayänuvåttyä
bhajeta tat-päda-saroja-gandham

Somente aqueles que prestam serviço sem reservas, ininterrupto, favorável aos pés de lótus do Senhor Krishna, que carrega a roda da quadriga em Sua mão, podem conhecer o criador do universo em Sua glória, poder e transcendência plenos.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Somente os devotos puros podem conhecer o nome, forma e atividades transcendentais do Senhor Krishna devido a estarem completamente livres das reações do trabalho lucrativo e especulação mental. Os devotos puros não têm nada a obter como lucro pessoal de seu serviço imaculado para o Senhor. Eles prestam serviço incessante para o Senhor espontaneamente, sem nenhuma reserva. Todos dentro da criação do Senhor prestam serviço para o Senhor indiretamente ou diretamente. Ninguém é exceção a essa lei do Senhor. Aqueles que prestam serviço indiretamente, forçados pelo agente ilusório do Senhor, prestam serviço a Ele desfavoravelmente. Mas aqueles que prestam serviço diretamente sob a direção de Seu agente amado prestam serviço a Ele favoravelmente. Esses servidores favoráveis são devotos do Senhor, e pela graça do Senhor eles podem entrar na região misteriosa da transcendência pela misericórdia do Senhor. Mas os especuladores mentais permanecem na escuridão o tempo todo. Como está afirmado no Bhagavad-gita, o Senhor Ele mesmo guia os devotos puros em direção ao caminho da realização devido à sua constante dedicação no serviço amoroso do Senhor em afeição espontânea. Esse é o segredo para entrar no reino de Deus. Atividades lucrativas e especulação não são qualificações para entrar.

Verso 39

atheha dhanyä bhagavanta itthaà
yad väsudeve 'khila-loka-näthe
kurvanti sarvätmakam ätma-bhävaà
na yatra bhüyaù parivarta ugraù

Somente por fazer esses questionamentos neste mundo que alguém pode ser bem sucedido e perfeitamente consciente, porque essas investigações invocam amor extático transcendental pela Personalidade de Deus, que é o proprietário de todos os universos, e garantem cem por cento de imunidade da terrível repetição de nascimento e morte.

Iluminação de Srila Prabhupada:

As perguntas dos sábios liderados por Shaunaka são aqui elogiadas por Suta Goswami pelo mérito de sua natureza transcendental. Como já foi concluído, somente os devotos do Senhor podem conhecê-Lo a uma extensão considerável, e ninguém mais pode conhecê-Lo de jeito nenhum, por isso os devotos são perfeitamente conscientes de todo conhecimento espiritual. A Suprema Personalidade de Deus é a última palavra em Verdade Absoluta, Brahman impessoal e Paramatma localizado (Superalma) estão incluídos no conhecimento da Personalidade de Deus. Por isso aquele que conhece a Personalidade de Deus pode automaticamente conhecer tudo sobre Ele, Suas potências múltiplas e Suas expansões. Assim os devotos são congratulados como bem sucedidos. Um devoto cem por cento do Senhor é imune às terríveis misérias materiais de repetidos nascimento e morte.

Verso 40

idaà bhägavataà näma
puräëaà brahma-sammitam
uttama-çloka-caritaà
cakära bhagavän åñiù
niùçreyasäya lokasya
dhanyaà svasty-ayanaà mahat

Este Srimad Bhagavatam é a encarnação literária de Deus, e é compilado por Srila Vyasadeva, a encarnação de Deus. Ele é destinado para o bem último de todas pessoas, e é plenamente bem sucedido, plenamente bem-aventurado e plenamente perfeito.

Iluminação de Srila Prabhupada:

O Senhor Sri Chaitanya Mahaprabhu declarou que o Srimad Bhagavatam é a representação sonora imaculada de todo conhecimento e história Védicos. Há histórias seletas de grandes devotos que estão em contato direto com a Personalidade de Deus. Srimad Bhagavatam é a encarnação literária do Senhor Sri Krishna e não é diferente Dele. Srimad Bhagavatam deve ser adorado tão respeitosamente quanto adoramos o Senhor. Por ele nós podemos obter as bênçãos últimas do Senhor através de seu estudo cuidadoso e paciente. Do mesmo modo que Deus é plenamente luz, plenamente bem-aventurança e plenamente perfeição, assim também é o Srimad Bhagavatam. Nós podemos ter toda a luz transcendental do Brahman Supremo, Sri Krishna, pela recitação do Srimad Bhagavatam, contanto que seja recebido através do meio do mestre espiritual transparente. O secretário pessoal do Senhor Chaitanya Srila Swarupa Damodara Goswami aconselhava todos visitantes pretendentes que vinham ver o Senhor em Puri a fazerem um estudo do Bhagavatam da Pessoa Bhagavatam. Pessoa Bhagavatam é o mestre espiritual fidedigno auto-realizado, e somente por ele pode-se entender as aulas do Bhagavatam a fim de receber o resultado desejado. Pode-se obter do estudo do Bhagavatam todos benefícios que são possíveis de serem obtidos pela presença pessoal do Senhor. Ele carrega consigo todas bênçãos transcendentais do Senhor Sri Krishna que podemos esperar de Seu contato pessoal.

Verso 41

tad idaà grähayäm äsa
sutam ätmavatäà varam
sarva-vedetihäsänäà
säraà säraà samuddhåtam

Sri Vyasadeva o entregou para seu filho, que é o mais respeitado entre os auto-realizados, depois de extrair o creme de todas literaturas Védicas e histórias do universo.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Pessoas com um pobre fundo de conhecimento somente aceitam as histórias do mundo desde o tempo de Buddha, ou desde 600 a.C., e anterior a esse período todas histórias mencionadas nas escrituras são calculadas por elas como histórias imaginárias apenas. Isso não é um fato. As histórias mencionadas nos Puranas e Mahabharata, etc., são histórias verdadeiras, não somente deste planeta mas também de milhões de outros planetas dentro do universo. Às vezes a história de planetas além deste mundo parece para essas pessoas como inacreditável. Mas elas não sabem que diferentes planetas não são iguais em todos aspectos e portanto alguns dos fatos históricos obtidos de outros planetas não correspondem com a experiência deste planeta. Ao considerar a situação diferente de planetas diferentes e também tempo e circunstâncias, não há nada de mirabolante nas histórias dos Puranas, nem são imaginárias. Nós sempre devemos lembrar a máxima que comida de um é veneno de outro. Nós não devemos, portanto, rejeitar as histórias dos Puranas como imaginárias. Os grandes rsis tais quais Vyasa não tinham nenhum negócio para pôr histórias imaginárias em suas literaturas.

No Srimad Bhagavatam fatos históricos selecionados das histórias de diferentes planetas foram retratados. Ele é aceito então por todas autoridades espirituais como o Maha-Purana. A importância especial dessas histórias é que todas elas estão conectadas com atividades do Senhor num tempo e atmosfera diferentes. Srila Shukadeva Goswami é a personalidade mais elevada das almas auto-realizadas, e ele as aceitou como matéria dos estudos vindos de seu pai, Vyasadeva. Srila Vyasadeva é a grande autoridade, e a matéria do Srimad Bhagavatam por ser tão importante, ele entregou a mensagem primeiro a seu grande filho Srila Shukadeva Goswami. É considerado como o creme do leite. A literatura Védica é como o oceano de leite do conhecimento. Creme ou manteiga é a essência mais palatável do leite, e assim também é o Srimad Bhagavatam, porque ele contém todas versões palatáveis, instrutivas e autênticas das diferentes atividades do Senhor e Seus devotos. Não há nenhum ganho, entretanto, em aceitar a mensagem do Bhagavatam dos incrédulos, ateístas e recitadores profissionais que fazem negócio do Bhagavatam para o leigo. Ele foi entregue a Srila Shukadeva Goswami, e ele não tinha nada a ver com o negócio do Bhagavata. Ele não precisava manter despesas da família com esse negócio. Srimad Bhagavatam deve portanto ser recebido do representante de Shukadeva, que deve estar na ordem de vida renunciada sem estorvo de família. Leite é indubitavelmente muito bom e nutritivo, mas quando tocado pela boca de uma serpente não é mais nutritivo; ao invés, torna-se uma causa de morte. Similarmente, aqueles que não estão estritamente na disciplina Vaishnava não devem fazer negócio com este Bhagavatam e se tornar a causa da morte espiritual para tantos ouvintes. No Srimad Bhagavad-gita o Senhor diz que o propósito de todos os Vedas é conhecê-Lo (Senhor Krishna), e o Srimad Bhagavatam é o Senhor Sri Krishna Ele mesmo na forma de conhecimento registrado. Por isso, é o creme de todos os Vedas, e contém todos fatos históricos de todos os tempos em relação com Sri Krishna. É realmente a essência de todas histórias.

Verso 42

sa tu saàçrävayäm äsa
mahäräjaà parékñitam
präyopaviñöaà gaìgäyäà
parétaà paramarñibhiù

Shukadeva Goswami, o filho de Vyasadeva, por sua vez concedeu o Bhagavatam para o grande Imperador Parikshit, que sentou rodeado por sábios na margem do Ganges, esperando a morte sem ingerir comida ou bebida.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Todas mensagens transcendentais são recebidas propriamente na cadeia de sucessão discipular. Essa sucessão discipular se chama parampara. A menos que o Bhagavatam ou quaisquer outras literaturas Védicas sejam recebidas através do sistema parampara, a recepção do conhecimento não é fidedigna. Vyasadeva concedeu a mensagem para Shukadeva Goswami, e de Shukadeva Goswami, Suta Goswami recebeu a mensagem. Deve-se então receber a mensagem do Bhagavatam de Suta Goswami ou de seu representante e não de nenhum intérprete irrelevante.

O Imperador Parikshit recebeu a informação da hora de sua morte, e imediatamente ele deixou seu reino e família e sentou na margem do Ganges para jejuar até a morte. Todos grandes sábios, rsis, filósofos, místicos, etc., foram até lá por causa de sua posição imperial. Eles ofereceram muitas sugestões sobre seu dever imediato, e por último ficou estabelecido que ele ouviria de Shukadeva Goswami sobre o Senhor Krishna. Assim o Bhagavatam foi falado para ele.

Sripada Shankaracharya, que pregou filosofia Mayavada e enfatizou o aspecto impessoal do Absoluto, também recomendou que se deve abrigar nos pés de lótus do Senhor Sri Krishna, e não existe esperança de ganho em debater. Indiretamente Sripada Shankaracharya admitiu sobre o que havia pregado nas interpretações gramaticais floreadas do Vedanta-sutra não pode ajudar a pessoa na hora da morte. Na hora crítica da morte deve-se recitar o nome de Govinda. Essa é a recomendação de todos os grandes transcendentalistas. Shukadeva Goswami muito tempo atrás afirmou a mesma verdade, que no fim deve-se lembrar Narayana. Essa é a essência de todas atividades espirituais. Na procura dessa verdade eterna, o Srimad Bhagavatam foi ouvido pelo Imperador Parikshit, e foi recitado pelo hábil Shukadeva Goswami. E ambos o orador e o receptor das mensagens do Bhagavatam foram devidamente liberados pelo mesmo meio.

Verso 43

kåñëe sva-dhämopagate
dharma-jïänädibhiù saha
kalau nañöa-dåçäm eña
puräëärko 'dhunoditaù

Este Bhagavata Purana é tão brilhante quanto o Sol, e ele apareceu justamente depois da partida do Senhor Krishna para Sua própria morada, acompanhado pela religião, conhecimento, etc.. Pessoas que perderam a visão devido à escuridão densa da ignorância da era de Kali obterão luz deste Purana.

Iluminação de Srila Prabhupada:

O Senhor Sri Krishna tem Seu dhama eterno, ou morada, onde Ele eternamente desfruta Dele mesmo com Seus associados e parafernália eternos. E Sua morada eterna é uma manifestação de Sua energia interna, enquanto o mundo material é uma manifestação da Sua energia externa. Quando Ele descende no mundo material, Ele Se exibe com toda parafernália dentro da Sua potência interna, que é chamada atma-maya. No Bhagavad-gita o Senhor diz que Ele descende por Sua própria potência (atma-maya). Sua forma, nome, fama, parafernália, morada, etc., não são, portanto, criações da matéria. Ele descende para resgatar as almas caídas e para restabelecer códigos da religião que são diretamente promulgados por Ele. Exceto por Deus, ninguém pode estabelecer os princípios da religião. Tanto Ele quanto uma pessoa adequada dotada de poder por Ele pode ditar os códigos da religião. Verdadeira religião significa conhecer Deus, nossa relação com Ele e nossos deveres em relação a Ele e conhecer ultimamente nosso destino depois de deixar este corpo material. As almas condicionadas, que estão presas pela energia material, dificilmente sabem todos esses princípios de vida. A maioria delas são iguais animais engajadas em comer, dormir, temer e acasalar. Elas na maioria estão engajadas em prazer sensual sob a pretensão de religiosidade, conhecimento ou salvação. Elas são ainda mais cegas na presente era das desavenças, ou Kali-yuga. Na Kali-yuga a população é justamente uma edição nobre dos animais. Elas não têm nada a ver com conhecimento espiritual ou vida religiosa divina. Elas são tão cegas que não podem ver nada além da jurisdição da mente, inteligência e ego sutis, mas são muito orgulhosas de seu avanço em conhecimento, ciência e prosperidade materiais. Elas podem arriscar suas vidas para se tornar um porco ou cão justamente depois de deixar o corpo presente, porque elas perderam completamente a visão do objetivo último da vida. A Personalidade de Deus Sri Krishna apareceu perante nós justamente anterior ao início de Kali-yuga, e Ele retornou para Seu lar eterno praticamente no começo de Kali-yuga. Enquanto Ele esteve presente, Ele exibiu tudo por Suas diferentes atividades. Ele falou o Bhagavad-gita especificamente e erradicou todos princípios pretenciosos da religiosidade. E anterior à Sua partida deste mundo material, Ele dotou de poder Sri Vyasadeva através de Narada para compilar as mensagens do Srimad Bhagavatam, e assim tanto o Bhagavad-gita quanto o Srimad Bhagavatam são iguais tochas de iluminação para as pessoas cegas desta era. Em outras palavras, se as pessoas nesta era de Kali quiserem ver a luz verdadeira da vida, elas devem se valer desses dois livros somente, e seus objetivos de vida serão satisfeitos. O Bhagavad-gita é o estudo preliminar do Bhagavatam. E o Srimad Bhagavatam é o summum bonum da vida, o Senhor Sri Krishna personificado. Devemos aceitar portanto o Srimad Bhagavatam como a representação direta do Senhor Krishna. Alguém que pode ver o Srimad Bhagavatam também pode ver o Senhor Sri Krishna em pessoa. Eles são idênticos.

Verso 44

tatra kértayato viprä
viprarñer bhüri-tejasaù
ahaà cädhyagamaà tatra
niviñöas tad-anugrahät
so 'haà vaù çrävayiñyämi
yathädhétaà yathä-mati

Ó brahmanas eruditos, quando Shukadeva Goswami recitou o Bhagavatam lá (na presença do Imperador Parikshit), eu o ouvi com atenção extasiada, e assim, pela misericórdia dele, eu aprendi o Bhagavatam daquele grandioso e poderoso sábio. Agora eu tentarei fazê-los ouvir a mesmíssima coisa que eu aprendi dele e como eu a realizei.

Iluminação de Srila Prabhupada:

Pode-se ver a presença do Senhor Sri Krishna diretamente nas páginas do Bhagavatam se a pessoa o ouviu da grande alma auto-realizada igual Shukadeva Goswami. Não se pode, entretanto, de um narrador profissional contratado cujo objetivo da vida é ganhar algum dinheiro com tal narração e empregar o ganho em prática sexual. Ninguém pode aprender o Bhagavatam de quem é associado de pessoas que estão engajadas em vida sexual. Esse é o segredo para aprender o Srimad Bhagavatam. Ninguém pode aprender o Bhagavatam daquele que interpreta o texto por sua erudição mundana. Deve-se aprender o Srimad Bhagavatam do representante de Shukadeva Goswami, e ninguém mais, se alguém deseja ver o Senhor Sri Krishna nas páginas. Assim é o processo, e não existe nenhuma alternativa. Suta Goswami é um representante fidedigno de Shukadeva Goswami porque ele deseja apresentar a mensagem que ele recebeu do grande brahmana versado. Shukadeva Goswami apresentou o Bhagavatam da mesma forma que ele ouviu de seu grande pai, e assim também Suta Goswami apresenta o Bhagavatam do modo como o ouviu de Shukadeva Goswami. Simplesmente ouvir não é tudo; deve-se realizar o texto com atenção apropriada. A palavra nivista significa que Suta Goswami bebeu o suco do Bhagavatam através de seus ouvidos. Esse é o processo real de receber o Bhagavatam. Deve-se ouvir com atenção arrebatada da pessoa real, e então pode-se realizar imediatamente a presença do Senhor Krishna em cada página. O segredo para conhecer o Bhagavatam é mencionado aqui. Ninguém pode ser puro em ação quem não é puro em comer, dormir, temer e acasalar. Mas se de uma forma ou outra alguém ouve com atenção arrebatada da pessoa certa, desde o começo a pessoa pode com certeza ver o Senhor Sri Krishna em pessoa nas páginas do Bhagavatam.

 

Assim terminam os significados Bhaktivedanta do Primeiro Canto, Terceiro Capítulo, do Srimad Bhagavatam, intitulado "Krishna É a Fonte de Todas Encarnações".

 

     

 

Primeiro Canto - Capítulo Quatro

 

     

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