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Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga

Nitai Gaura Hari Bol

 

 

"KRISHNA - A Suprema Personalidade de Deus"

(Original Sem "Correções")

de

Sua Divina Graça
Sri Srimad Bhaktivedanta Swami Maharaj Prabhupada
Paramahamsa Thakura Mahashaya

(Volume 4)

 

  

Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga

Nitai Gaura Hari Bol

 

Sua Divina Graça
Sri Srimad Bhaktivedanta Swami Maharaj Prabhupada
Paramahamsa Thakura Mahashaya

Fundador Acharya da Sociedade Internacional
para a Consciência de Krishna

 

Jaya Prabhupada! Jaya Prabhupada! Jaya Prabhupada!

Todas as Glórias à Sua Divina Graça Visvavarenya Om Vishnupada Paramahamsa Parivrajakacharya Ashtottara-shata Sri Srimad Bhaktivedanta Swami Maharaj Srila Prabhupada Thakur Mahashaya.

 

     

Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga

Nitai Gaura Hari Bol

 

"KRISHNA - A Suprema Personalidade de Deus"

 

(Original Sem "Correções")

de

Sua Divina Graça
Sri Srimad Bhaktivedanta Swami Maharaj Prabhupada
Paramahamsa Thakura Mahashaya

   

Capítulo 55

A História da Jóia Syamantaka

   

Havia um rei de nome Satrajit dentro da jurisdição de Dwarakadhama. Ele era um grande devoto do deus do Sol, que concedeu a ele a bênção de uma jóia conhecida como Syamantaka. Por causa dessa jóia Syamantaka, houve um desentendimento entre o rei Satrajit e a dinastia Yadu. Posteriormente, a matéria foi resolvida quando Satrajit voluntariamente ofereceu sua filha, Satyabhama, a Krishna, junto com a jóia Syamantaka. Não somente Satyabhama estava casada com Krishna por causa da jóia Syamantaka, também Jambavati, a filha do rei Jambavan, também casou com Krishna. Esses dois casamentos aconteceram antes do aparecimento de Pradyumna, como descrito no último capítulo. Como o rei Satrajit ofendeu a dinastia Yadu e como mais tarde ele recobrou seu bom senso e ofereceu sua filha e a jóia Syamantaka a Krishna é descrito como se segue.

Porque ele era um grande devoto do deus do Sol, o rei Satrajit entrou gradualmente em uma relação muito amigável com ele. O deus do Sol ficou muito satisfeito com ele e lhe entregou uma jóia excepcional conhecida como Syamantaka. Quando essa jóia era usada por Satrajit num medalhão em volta de seu pescoço, ele parecia um deus do Sol de imitação. Ele pôs sua jóia, entrou na cidade de Dwaraka, e as pessoas pensaram que o deus do Sol veio à cidade para ver Krishna. Eles sabiam que Krishna, a Suprema Personalidade de Deus, às vezes era visitado pelos semideuses, assim quando Satrajit visitava a cidade de Dwaraka, todos os habitantes exceto Krishna acharam que ele era o deus do Sol em pessoa. Apesar do rei Satrajit ser conhecido de todos, não pôde ser reconhecido por causa do brilho reluzente da jóia Syamantaka.

Uma vez, por não distingui-lo do deus do Sol, alguns dos habitantes importantes de Dwaraka imediatamente foram até Krishna para informá-Lo que o deus do Sol chegou para vê-Lo. Nesse momento, Krishna jogava xadrez. Um dos residentes importantes de Dwaraka falou o seguinte: "Meu querido Senhor Narayana, Você é a Suprema Personalidade de Deus. Em Sua porção plenária de Narayana ou Vishnu, Você tem quatro mãos com diferentes símbolos; o búzio, disco, maça e flor de lótus. Na realidade, Você é o possuidor de tudo, todavia apesar de Você ser a Suprema Personalidade de Deus, Narayana, Você descendeu em Vrindavana para agir como a criança de Yashodamata, que às vezes costumava amarrar Você com suas cordas, e Você é celebrado, por isso, pelo nome Damodara".

Que Krishna é a Suprema Personalidade de Deus, Narayana, como aceito pelos cidadãos de Dwaraka, mais tarde foi confirmado pelo grande líder filosófico Mayavadi, Shankaracharya. Ao aceitar o Senhor como impessoal, ele não rejeitou a forma pessoal do Senhor. Ele quis dizer sobre tudo que tem forma neste mundo material é sujeito à criação, manutenção e aniquilação, contudo a Suprema Personalidade de Deus, Narayana, não tem uma forma material sujeita a essas limitações. A fim de convencer a classe humana menos inteligente que toma Krishna como um ser humano ordinário, Shankaracharya assim diz que Deus é impessoal. Essa impessoalidade quer dizer que Ele não é uma pessoa desta condição material. Ele é uma personalidade transcendental sem um corpo material.

Os cidadãos de Dwaraka chamaram o Senhor Krishna não somente de Damodara, mas também de Govinda, indica que Krishna tem muita afeição pelas vacas e bezerros; e justamente para se referirem à sua conexão íntima com Krishna, eles O chamaram de Yadunandana. Ele é o filho de Vasudeva, nascido na dinastia Yadu. Dessa forma, os cidadãos de Dwaraka concluíram que chamaram Krishna de mestre supremo de todo o universo. Eles chamaram Krishna de muitas formas diferentes, orgulhosos de serem cidadãos de Dwaraka que podiam ver Krishna diariamente.

Quando Satrajit visitava a cidade de Dwaraka, os cidadãos sentiram muito orgulho ao pensar que apesar de Krishna viver em Dwaraka como um ser humano ordinário, os semideuses vinham para vê-Lo. Assim eles informaram o Senhor Krishna que o deus do Sol, com sua refulgência corpórea encantadora, veio para vê-Lo. Os cidadãos de Dwaraka confirmaram que o deus do Sol vir a Dwaraka não era tão espantoso, porque pessoas de todo o universo que procuravam a Suprema Personalidade de Deus sabiam que Ele apareceu na família da dinastia Yadu e vivia em Dwaraka como um dos membros da família. Assim os cidadãos expressaram sua felicidade nessa ocasião. Ao ouvir as declarações de Seus cidadãos, a todo-penetrante Personalidade de Deus, Krishna, simplesmente sorriu. Satisfeito com os cidadãos da Cidade de Dwaraka, Krishna os informou que a pessoa a qual eles descreveram como o deus do Sol era na realidade o rei Satrajit, que veio visitar a Cidade de Dwaraka para mostrar sua opulência na forma da jóia preciosa obtida do deus do Sol.

Satrajit, entretanto, não veio ver Krishna; em vez disso ele estava confuso pela jóia Syamantaka. Ele instalou a jóia num templo para ser adorada por brahmanas ele se engajou para esse propósito. Isso é um exemplo de uma pessoa menos inteligente que adora uma coisa material. No Bhagavad-gita está afirmado que pessoas menos inteligentes, a fim de obter resultados imediatos para suas atividades lucrativas, adoram os semideuses que são criados dentro deste universo. A palavra "materialista" significa aquele preocupado com satisfação dos sentidos dentro deste mundo material. Apesar de Krishna depois pedir essa jóia Syamantaka, o rei Satrajit não a entregou a Ele, mas instalou a jóia para seus propósitos de adoração. E quem não adoraria essa jóia? A jóia Syamantaka era tão poderosa que produzia diariamente uma grande quantidade de ouro. Uma quantidade de ouro é contada por uma medida chamada bhara. De acordo com as fórmulas Védicas, um bhara é igual a dezesseis libras de ouro (7,26 kg); um monte é igual a oitenta e duas libras (37,2 kg). A jóia produzia cerca de 170 libras de ouro todo dia (77 kg). Além disso, é sabido da literatura Védica que em qualquer parte do mundo onde essa jóia é adorada não há possibilidade de fome; não só isso, mas onde quer que a jóia esteja presente, não há possibilidade de nada não auspicioso, como epidemia ou doença.

O Senhor Krishna queria ensinar ao mundo que o melhor de tudo devia ser oferecido ao governante principal do país. O rei Ugrasena era o soberano de muitas dinastias e era também o avô de Krishna, e Krishna pediu a Satrajit para presentear a jóia Syamantaka ao rei Ugrasena. Krishna pleiteou que o melhor deve ser oferecido ao Rei. Porém Satrajit, adorador de semideuses, tornou-se muito materialista e, em vez de aceitar o pedido de Krishna, achou mais sábio adorar a jóia a fim de ganhar 170 libras de ouro todo dia (77 kg). Pessoas materialistas que podem conseguir tantas grandes quantidades de ouro todo dia não estão interessadas em Consciência de Krishna. Algumas vezes, entretanto, a fim de mostrar favor especial, Krishna leva embora grandes acumulações de riqueza materialista de uma pessoa e assim a torna um grande devoto. Mas Satrajit recusou obedecer à ordem de Krishna e não deu a jóia a Ele.

Depois desse incidente, o irmão mais novo de Satrajit, a fim de exibir a opulência da família, pegou a jóia, colocou em seu pescoço e andou no dorso dum cavalo dentro da floresta a fazer um espetáculo de opulência material. Enquanto o irmão de Satrajit, que era conhecido como Prasena, movia-se para lá e para cá na floresta, um grande leão o atacou, e matou tanto ele quanto o cavalo no qual andava, e levou a jóia para sua caverna. A notícia foi recebida pelo rei gorila, Jambavan, que então matou o leão na caverna e levou a jóia embora. Jambavan era um grande devoto do Senhor desde o tempo do Senhor Ramachandra, assim ele não pegou a jóia preciosa como algo que precisasse. Ele a deu ao seu jovem filho para brincar como um brinquedo.

Na cidade, quando o irmão mais novo de Satrajit, Prasena, não retornou da floresta com a jóia, Satrajit ficou muito bravo. Ele não sabia que seu irmão foi morto por um leão e que o leão foi morto por Jambavan. Ele pensava em vez disso que porque Krishna queria aquela jóia e ela não foi entregue a Ele, Krishna pode ter pegado a jóia de Prasena à força e o matou. Essa idéia cresceu num rumor que se espalhou por Satrajit em toda parte de Dwaraka.

O rumor falso que Krishna matou Prasena e levou a jóia embora se espalhou em toda parte como fogo selvagem. Krishna não gostou de ser difamado daquela forma, e por isso Ele decidiu que ia para a floresta e encontraria a jóia Syamantaka, e levou Consigo alguns dos habitantes de Dwaraka. Junto com homens importantes de Dwaraka, Krishna foi procurar Prasena, o irmão de Satrajit, e Ele o achou morto, atacado pelo leão. Ao mesmo tempo, Krishna também achou o leão que foi morto por Jambavan, que geralmente é chamado pelo nome de Riksha. Verificaram que o leão foi morto pela mão de Riksha sem ajuda de qualquer arma. Krishna e os habitantes de Dwaraka então encontraram na floresta um grande túnel, dizia-se que era o caminho para a casa de Riksha. Krishna sabia que os habitantes de Dwaraka ficariam com medo de entrar no túnel; por isso pediu a eles para ficarem do lado de fora, e Ele pessoalmente entrou no túnel escuro sozinho para encontrar Riksha, Jambavan. Depois de entrar no túnel, Krishna viu que a verdadeira jóia preciosa conhecida como Syamantaka foi dada ao filho de Riksha como um brinquedo, e a fim de tirar a jóia da criança, Ele foi até lá e ficou em pé perante ele. Quando a pajem que cuidava do filho de Riksha viu Krishna em pé diante dela, ficou com medo, por achar que a jóia preciosa Syamantaka pudesse ser levada por Ele. Ela começou a gritar alto por causa do medo.

Ao ouvir a pajem gritar, Jambavan apareceu em cena com um humor muito irado. Jambavan era na realidade um grande devoto do Senhor Krishna, mas porque estava com humor irado não pôde reconhecer seu mestre; ele achou que Ele era um homem ordinário. Isso traz à mente a afirmação do Bhagavad-gita no qual o Senhor aconselha Arjuna a se livrar da ira, ganância e luxúria a fim de se elevar à plataforma espiritual. Luxúria, ira e ganância correm paralelas no coração e impedem o progresso da pessoa no caminho espiritual.

Sem reconhecer seu mestre, Jambavan primeiro O desafiou para lutar. Houve então uma grande luta entre Krishna e Jambavan na qual eles lutaram como dois abutres opositores. Sempre onde há um cadáver comestível, os abutres lutam corajosamente sobre a rapina. Krishna e Jambavan primeiro de tudo começaram a lutar com armas, depois com pedras, depois com grandes árvores, depois mão a mão, até que por último eles se golpeavam com seus punhos, e os golpes eram iguais a raios. Cada um esperava a vitória sobre o outro, porém a luta continuou por dias, tanto de dia quando de noite, sem parar. Assim dessa forma a luta continuou por vinte e oito dias.

Apesar de Jambavan ser a entidade viva mais forte daquele tempo, praticamente todas as juntas de seus membros ficaram frouxas e sua força reduziu a praticamente nula depois de ser golpeado constantemente pelos punhos de Sri Krishna. Ele se sentiu muito cansado, com transpiração por todo seu corpo, Jambavan estava admirado. Quem era esse oponente que o enfraquecia? Jambavan era bem ciente de sua própria força corpórea sobre humana, mas quando sentiu cansaço ao ser golpeado por Krishna, ele pôde entender que Krishna não era outro além do seu Senhor adorado, a Suprema Personalidade de Deus. Esse incidente tem um significado especial para os devotos. No começo, Jambavan não pôde entender Krishna porque sua visão estava obscurecida pelo apego material. Ele estava apegado a seu menino e a altamente preciosa jóia Syamantaka, que ele não queria dispensar para Krishna. De fato, quando Krishna foi lá, ele ficou irado, ao pensar que Ele foi para levar a jóia embora. Essa é a posição material; apesar de alguém ser muito forte no corpo, isso não pode ajudá-lo a entender Krishna.

Numa atitude esportiva, Krishna queria se engajar numa luta de brincadeira com Seu devoto. Como experimentamos nas páginas do Srimad Bhagavatam, a Suprema Personalidade de Deus tem todas as propensões e instintos de um ser humano. Algumas vezes, num espírito esportivo, Ele deseja lutar para fazer uma exibição de força corpórea, e quando Ele assim deseja, Ele seleciona um de Seus devotos adequados para Lhe dar prazer. Krishna desejou esse prazer duma luta de brincadeira com Jambavan. Apesar de Jambavan ser um devoto por natureza, ele estava sem conhecimento sobre Krishna enquanto dava serviço ao Senhor com seu poder corpóreo. Contudo logo que Krishna ficou satisfeito com a luta, Jambavan imediatamente entendeu que seu oponente não era outro além do Supremo Senhor em pessoa. A conclusão é que ele conseguiu entender Krishna pelo seu serviço. Krishna às vezes fica satisfeito por lutar também.

Jambavan então disse ao Senhor: "Meu querido Senhor, agora posso entender quem é Você. Você é a Suprema Personalidade de Deus, Senhor Vishnu, a fonte do poder, riqueza, reputação, beleza, sabedoria e renúncia de todos". Essa afirmação de Jambavan é confirmada no Vedanta-sutra, onde o Supremo Senhor é declarado como a fonte de tudo. Jambavan identificou o Senhor Krishna como a Suprema Personalidade de Deus, Senhor Vishnu: "Meu querido Senhor, Você é o criador dos criadores dos afazeres universais". Essa afirmação é muito instrutiva ao humano ordinário, que fica admirado com as atividades duma pessoa que tem um cérebro excepcional. O humano ordinário fica surpreso ao ver as invenções de grandes cientistas, mas a afirmação de Jambavan confirma que apesar de um cientista poder ser o criador de muitas coisas maravilhosas, Krishna é o criador do cientista. Ele não é apenas o criador de um cientista, mas de milhões e trilhões, por todo o universo. Jambavan disse mais ainda: "Você não é apenas o criador dos criadores, mas é também o criador dos elementos materiais que são manipulados pelos assim chamados criadores". Cientistas utilizam elementos físicos ou leis da natureza material e fazem algo maravilhoso, contudo na realidade essas leis e elementos também são criação de Krishna. Isso é entendimento científico verdadeiro. Humanos menos inteligentes não tentam entender quem criou o cérebro do cientista; eles ficam simplesmente satisfeitos por ver a criação ou invenção maravilhosa do cientista.

Jambavan continuou: "Meu querido Senhor, o fator tempo que combina todos os elementos físicos também é Seu representante. Você é o fator tempo supremo no qual toda a criação acontece, é mantida, e é finalmente aniquilada. E não somente os elementos físicos e os fatores do tempo mas também as pessoas que manipulam os ingredientes e vantagens da criação são parte e parcela de Você. O ser vivo não é, portanto, um criador independente. Ao estudar todos os fatores na perspectiva certa, pode-se ver que Você é o controlador supremo e o Senhor de tudo. Meu querido Senhor, eu posso entender portanto que Você é a mesma Suprema Personalidade de Deus que eu adoro como Senhor Ramachandra. Meu Senhor Ramachandra queria construir uma ponte sobre o oceano, e eu vi pessoalmente como o oceano ficou agitado simplesmente por meu Senhor olhar sobre ele. E quando todo o oceano ficou agitado, os seres vivos como as baleias, crocodilos e peixe timingila, todos ficaram perturbados. (O peixe timingila no oceano pode engolir grandes aquáticos como baleias em uma engolida). Assim dessa forma o oceano foi forçado a dar passagem e permitir Ramachandra atravessar até a ilha conhecida como Lanka, (agora supõe-se que seja Ceilão). Essa construção duma ponte sobre o oceano do Cabo Comorin ao Ceilão ainda é bem conhecida por todos. Depois da construção da ponte, um fogo foi ateado sobre todo o reino de Ravana. Durante a luta com Ravana, toda e cada parte dos membros de Ravana foi cortada e picada em pedaços por Suas flechas afiadas, e a cabeça dele caiu sobre a face da terra. Agora eu posso entender que Você não é outro além do meu Senhor Ramachandra. Ninguém mais tem um poder tão incomensurável; ninguém mais poderia me derrotar dessa forma".

O Senhor Krishna ficou satisfeito com as preces e afirmações de Jambavan, e para mitigar as dores do corpo dele, Ele começou a passar a palma de lótus de Sua mão por todo o corpo de Jambavan. Jambavan imediatamente sentiu-se aliviado da fadiga da grande luta. O Senhor Krishna então Se dirigiu a ele como Rei Jambavan, porque ele, e não o leão, era o rei da floresta; com sua mão vazia, sem nenhuma arma, Jambavan matou o leão. Krishna informou Jambavan que veio até ele para pedir a jóia Syamantaka porque desde que a jóia Syamantaka foi roubada Seu nome foi difamado por menos inteligentes. Krishna simplesmente o informou que foi lá para pedir-lhe a jóia a fim de Se livrar dessa difamação. Jambavan entendeu toda a situação, e para satisfazer o Senhor, ele não só entregou imediatamente a jóia Syamantaka, mas também trouxe sua filha Jambavati, que estava na idade de casamento, e a presenteou ao Senhor Krishna.

O episódio do casamento de Jambavati com Krishna e a entrega da jóia conhecida como Syamantaka foi finalizada dentro da caverna na montanha. Apesar da luta entre Krishna e Jambavan durar vinte e oito dias, os habitantes de Dwaraka esperaram fora do túnel por doze dias, e depois disso decidiram que algo indesejável podia ter acontecido. Eles não puderam entender o que realmente aconteceu ao certo, e muito tristes e cansados, retornaram à cidade de Dwaraka.

Todos os membros da família, a saber, a mãe de Krishna, Devaki, Seu pai, Vasudeva, e Sua esposa principal, Rukmini, juntos com todos os outros amigos, familiares e residentes do palácio, ficaram muito tristes quando os cidadãos retornaram para casa sem Krishna. Por causa de sua afeição natural por Krishna, começaram a chamar Satrajit de nomes feios, porque ele foi a causa do desaparecimento de Krishna. Eles foram orar à deusa Chandrabhaga, rogando pelo retorno de Krishna. A deusa ficou satisfeita com as preces dos cidadãos de Dwaraka, e ela imediatamente ofereceu a eles sua bênção. Simultaneamente, Krishna apareceu em cena acompanhado de Sua esposa Jambavati, e todos os habitantes de Dwaraka e os familiares de Krishna ficaram contentes. Os habitantes de Dwaraka ficaram tão alegres quanto alguém que recebe um parente querido de volta da morte. Os habitantes de Dwaraka concluíram que Krishna foi colocado em grandes dificuldades por causa do combate; por isso, eles ficaram quase sem esperança de Seu retorno. Mas quando viram que Krishna retornou de verdade, não sozinho mas com uma nova esposa, Jambavati, eles realizaram imediatamente outra cerimônia de celebração.

O rei Ugrasena então convocou uma reunião com todos os reis e comandantes importantes. Ele também convidou Satrajit, e Krishna explicou perante toda a assembléia o incidente da recuperação da jóia de Jambavan. Krishna queria devolver a jóia preciosa ao rei Satrajit. Satrajit, entretanto, ficou envergonhado porque desnecessariamente difamou Krishna. Ele aceitou a jóia em sua mão, mas ficou em silêncio, e curvou sua cabeça para baixo, e sem falar nada na assembléia de reis e comandantes, voltou para casa com a jóia. Então ele pensou sobre como podia purificar ele mesmo da ação abominável que havia executado por difamar Krishna. Ele estava consciente que ofendeu Krishna muito gravemente e que tinha de achar uma medida reparadora para que Krishna ficasse novamente satisfeito com ele.

O rei Satrajit estava ansioso para obter alívio da ansiedade que criou tolamente devido a ser atraído por uma coisa material, especificamente a jóia Syamantaka. Satrajit estava verdadeiramente aflito devido à ofensa que cometeu contra Krishna, e ele sinceramente queria retificá-la. Interiormente, Krishna deu a ele boa inteligência, e Satrajit decidiu entregar a Krishna tanto a jóia quanto sua bela filha, Satyabhama. Não havia alternativa para mitigar a situação, e assim ele organizou a cerimônia de casamento de Krishna com sua bela filha. Ele deu em caridade tanto a jóia quanto sua filha para a Suprema Personalidade de Deus. Satyabhama era tão bela e qualificada que Satrajit, apesar de ter recebido pedidos pela mão de Satyabhama de muitos príncipes, esperava para encontrar um genro adequado. Pela graça de Krishna, ele decidiu dar a mão de sua filha a Ele.

O Senhor Krishna, satisfeito com Satrajit, informou-o que Ele não tinha nenhuma necessidade da jóia Syamantaka: "É melhor deixá-la no templo como você a manteve", disse Ele, "e cada um de nós receberá benefício da jóia. Por causa da presença da jóia na cidade de Dwaraka, não haverá mais fome ou perturbações criadas por epidemias ou calor e frio excessivos".

  

   

Assim termina o significado Bhaktivedanta do Capítulo Cinqüenta e Cinco de Krishna, "A História da Jóia Syamantaka".

    

    

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Capítulo 56

A Matança de Satrajit e Shatadhanva

   

Depois que Akrura visitou Hastinapura e reportou a condição dos Pandavas para Krishna, houve desenvolvimentos posteriores. Os Pandavas foram transferidos para uma casa que era feita de goma-laca e depois foi posto fogo, e todos entenderam que os Pandavas junto com sua mãe, Kunti, foram mortos. Essa informação também foi enviada ao Senhor Krishna e Balarama. Depois de consultarem juntos, Eles decidiram ir a Hastinapura para mostrar solidariedade a Seus familiares. Krishna e Balarama com certeza sabiam que os Pandavas não podiam ser mortos no fogo devastador, mas apesar desse conhecimento Eles queriam ir a Hastinapura para participarem do luto. Depois de chegar a Hastinapura, Krishna e Balarama primeiro de tudo foram ver Bhismadeva porque ele era o líder da dinastia Kuru. Depois Eles viram Vidura, Gandhari e Drona. Outros membros da dinastia Kuru não estavam tristes, porque eles queriam os Pandavas e sua mãe mortos. Contudo alguns membros familiares, liderados por Bhisma, estavam realmente muito tristes pelo incidente, e Krishna e Balarama expressaram tristeza igual, sem revelar a verdadeira situação.

Quando Krishna e Balarama estavam longe da cidade de Dwaraka, aconteceu uma conspiração para tirar a jóia Syamantaka de Satrajit. O principal conspirador era Shatadhanva. Junto com outros, Shatadhanva queria casar com Satyabhama, a bela filha de Satrajit. Satrajit prometeu que daria sua bela filha em caridade a vários candidatos, porém mais tarde a decisão foi mudada, e Satyabhama foi dada a Krishna junto com a jóia Syamantaka. Satrajit não desejava entregar a jóia junto com sua filha, e Krishna, conhecedor da mentalidade dele, aceitou sua filha e devolveu a jóia. Depois de receber a jóia de volta de Krishna, ele ficou satisfeito e a manteve sempre consigo. Todavia na ausência de Krishna e Balarama aconteceu uma conspiração com muitos homens. Inclusive até mesmo Akrura e Kritavarma, que eram devotos do Senhor Krishna, para tirar a jóia de Satrajit. Akrura e Kritavarma aderiram à conspiração porque queriam a jóia para Krishna. Eles sabiam que Krishna queria a jóia e que Satrajit não a entregou propriamente. Outros se engajaram na conspiração porque estavam desapontados por não terem a mão de Satyabhama. Alguns deles incitaram Shatadhanva a matar Satrajit e levar a jóia embora.

A questão é geralmente levantada, por que um grande devoto como Akrura aderiu a essa conspiração? E por que Kritavarma, apesar de ser um devoto do Senhor, aderiu à conspiração também? A resposta é dada por grandes autoridades como Jiva Goswami e outros que apesar de Akrura ser um grande devoto, ele foi amaldiçoado pelos habitantes de Vrindavana porque levou Krishna embora de seu meio. Porque ele feriu seus sentimentos, Akrura foi forçado a se juntar à conspiração declarada por homens pecaminosos. Similarmente, Kritavarma era um devoto, porém por causa de sua associação íntima com Kamsa, ele também foi contaminado por reação pecaminosa, e ele também se juntou à conspiração.

Inspirado por todos os membros da conspiração, Shatadhanva uma noite entrou na casa de Satrajit e o matou enquanto dormia. Shatadhanva era um homem pecaminoso de caráter abominável, e apesar devido a suas atividades pecaminosas ele não viveria por muitos dias, ele decidiu matar Satrajit enquanto Satrajit dormia em casa. Quando ele entrou na casa de Satrajit, todas as mulheres lá começaram a gritar muito alto, e apesar de seus grandes protestos, Shatadhanva sem misericórdia assassinou Satrajit sem hesitação, exatamente como um açougueiro abate um animal num matadouro. Porque estava ausente do lar, Sua esposa Satyabhama também estava presente na noite quando Satrajit foi assassinado, e ela começou a chorar: "Meu querido pai! Meu querido pai! Como você foi morto sem misericórdia"! O corpo morto de Satrajit não foi removido imediatamente para cremação porque Satyabhama queria ir até Krishna em Hastinapura. Assim o corpo foi preservado num tanque com óleo para que Krishna pudesse voltar e ver o corpo morto de Satrajit e tomar ação real contra Shatadhanva. Satyabhama partiu imediatamente para Hastinapura para informar Krishna sobre o horrível assassinato de seu pai.

Quando Krishna foi informado por Satyabhama sobre o assassinato de Seu sogro, Ele começou a lamentar como um homem ordinário. Sua grande tristeza é, novamente, uma coisa estranha. O Senhor Krishna não tem nada a ver com ação e reação, mas porque Ele atuava no papel de um ser humano, Ele expressou Sua plena solidariedade pelo luto de Satyabhama, e Seus olhos cheios de lágrimas ao ouvir sobre a morte de Seu sogro. Assim Ele começou a lamentar: "Ó, que incidentes infelizes aconteceram"! Dessa forma tanto Krishna quanto Balarama, junto com Satyabhama, a esposa de Krishna, imediatamente retornaram a Dwaraka e começaram a fazer planos para matar Shatadhanva e pegar a jóia. Apesar de ser um grande fora da lei na cidade, Shatadhanva mesmo assim tinha muito medo do poder de Krishna, e por isso ele ficou com mais medo ainda com a chegada de Krishna.

Ao entender o plano de Krishna para matá-lo, ele imediatamente foi se abrigar em Kritavarma. Mas ao ser aproximado por ele, Kritavarma disse: "Eu nuca serei capaz de ofender o Senhor Krishna e Balarama porque Eles não são pessoas. Eles são a Suprema Personalidade de Deus. Quem pode ser salvo da morte se ofendeu Balarama e Krishna? Ninguém pode ser salvo da fúria Deles". Kritavarma disse mais ainda que Kamsa, apesar de poderoso e assistido por muitos demônios, não pôde ser salvo da ira de Krishna, o que dizer de Jarasandha, que foi derrotado por Krishna dezoito vezes e cada vez teve que retornar do combate em desapontamento.

Quando Shatadhanva teve ajuda recusada por Kritavarma, ele foi a Akrura e implorou por sua ajuda. Akrura também respondeu: "Ambos Balarama e Krishna são em Si a Suprema Personalidade de Deus, e qualquer um que conhece Sua força ilimitada nunca ousará ofendê-Los ou lutar contra Eles". Ele informou Shatadhanva mais ainda: "Krishna e Balarama são tão poderosos que simplesmente por desejar Eles criam toda a manifestação cósmica, e a mantêm e a dissolvem. Infelizmente, pessoas confusas pela energia ilusória não podem entender o poder de Krishna, apesar da manifestação cósmica estar inteira sob Seu controle". Ele citou, como exemplo, que Krishna, ainda na idade de sete anos, levantou a colina Govardhana e segurou a montanha em cima durante sete dias, exatamente como uma criança carrega um pequeno guarda-chuva. Akrura simplesmente informou Shatadhanva que sempre ofereceria suas mais respeitosas reverências a Krishna, a Superalma de tudo que é criado e a original causa de todas as causas. Quando Akrura também recusou dar abrigo a ele, Shatadhanva decidiu entregar às mãos de Akrura a jóia Syamantaka. Então, ele cavalgou num cavalo que podia correr em grande velocidade e acima quatrocentas milhas numa esticada (643 km), assim fugiu da cidade.

Quando Krishna e Balarama foram informados da fuga de Shatadhanva, Eles montaram em Sua quadriga, que é marcada com o retrato de Garuda, e seguiram imediatamente. Krishna estava particularmente irado com Shatadhanva e queria matá-lo porque ele matou Satrajit, uma personalidade superior. Satrajit era o sogro de Krishna, e é a injunção dos shastras que qualquer um que se rebelar contra uma pessoa superior, ou guru-druha, deve ser punido em proporção ao volume da ofensa. Porque Shatadhanva matou Seu sogro, Krishna estava determinado a matá-lo por quaisquer meios.

O cavalo de Shatadhanva ficou exausto e morreu perto duma casa de campo em Mithila. Impossibilitado de ter ajuda do cavalo, Shatadhanva começou a correr em grande velocidade. A fim de serem justos com Shatadhanva, Krishna e Balarama também desceram de Sua quadriga e começaram a perseguir Shatadhanva a pé. Enquanto tanto Shatadhanva quanto Krishna corriam a pé, Krishna pegou Seu disco e cortou a cabeça de Shatadhanva. Depois que Shatadhanva foi morto, Krishna procurou nas roupas dele pela jóia Syamantaka, porém não conseguiu encontrá-la. Então Ele Se voltou a Balarama e disse: "Nós matamos essa pessoa inutilmente porque a jóia não foi encontrada em seu corpo". Sri Balarama sugeriu: "A jóia deve ter sido deixada sob a custódia de outro homem em Dwaraka, assim é melhor Você voltar e procurar por ela". Sri Balarama expressou Seu desejo de permanecer na Cidade de Mithila por alguns dias porque Ele desfrutava uma amizade íntima com o rei. Assim, Krishna voltou a Dwaraka, e Balarama entrou na cidade de Mithila.

Quando o rei de Mithila viu a chegada de Sri Balarama em sua cidade, ficou altamente satisfeito e recebeu o Senhor com grande honra e hospitalidade. Ele deu vários presentes a Balaramaji a fim de procurar o prazer Dele. Nesse tempo, Sri Balarama viveu na cidade por vários anos como o convidado de honra do rei de Mithila, Janaka Maharaja. Durante esse tempo, Duryodhana, o filho mais velho de Dhritarastra, aproveitou a oportunidade para vir a Balarama e aprender Dele a arte de lutar com uma maça.

Depois de matar Shatadhanva, Krishna voltou a Dwaraka, e com o propósito de satisfazer Sua esposa Satyabhama, Ele a informou sobre a morte de Shatadhanva, o matador de seu pai. Mas Ele também a informou que a jóia não foi achada em posse dele. Então, de acordo com os princípios religiosos, Krishna, junto com Satyabhama, realizaram todos os tipos de cerimônias em honra à morte de Seu sogro. Nessa cerimônia, todos os amigos e parentes da família se reuniram.

Akrura e Kritavarma, que foram membros proeminentes da conspiração para matar Satrajit, incitaram Shatadhanva a matá-lo, mas quando ouviram sobre a morte de Shatadhanva na mão de Krishna, e quando ouviram que Krishna voltou à Dwaraka, ambos imediatamente deixaram Dwaraka. Os cidadãos de Dwaraka se sentiram ameaçados por epidemias e catástrofes naturais devido à ausência de Akrura na cidade. Isso era um tipo de superstição porque enquanto o Senhor Krishna estava presente ali não poderia haver nenhuma epidemia, fome ou catástrofes naturais. Todavia na ausência de Akrura aconteceram algumas perturbações em Dwaraka. Certa vez na província de Kashi dentro da barricada de Varanasi houve seca severa e praticamente nenhuma chuva. Nessa época o rei de Kashi arranjou o casamento de sua filha, conhecida como Gandini, com Shwaphalka, o pai de Akrura. Isso foi feito pelo rei de Kashi pelo conselho de um astrólogo, e realmente aconteceu depois do casamento da filha do rei com Shwaphalka chuva suficiente na província. Devido ao poder sobrenatural de Shwaphalka, seu filho Akrura também era considerado igualmente poderoso, e as pessoas tinham a impressão onde quer que Akrura ou seu pai permanecessem, não haveria catástrofe natural, fome ou seca. Um reino é considerado feliz onde não há fome, epidemia, ou excesso de calor ou frio e onde as pessoas são felizes mentalmente, espiritualmente e fisicamente. Assim que acontece alguma perturbação, as pessoas consideram a causa devido à ausência de uma personalidade auspiciosa na cidade. Assim houve um rumor que por causa da ausência de Akrura coisas não auspiciosas aconteciam. Depois da partida de Akrura, alguns dos membros mais velhos começaram a perceber que havia alguns sinais não auspiciosos devido à ausência da jóia Syamantaka. Quando o Senhor Sri Krishna ouviu esses rumores espalhados pelas pessoas, decidiu chamar Akrura do reino de Kashi. Akrura era tio de Krishna; por isso, quando ele voltou a Dwaraka, o Senhor Krishna primeiro lhe deu as boas vindas como é digno de uma pessoa superior. Krishna é a Superalma no coração de todos; Ele sabe tudo que acontece dentro do coração de todos. E Ele sabia de tudo que aconteceu em conexão com a conspiração de Akrura com Shatadhanva. Portanto, Ele com um sorriso começou a Se dirigir a Akrura.

Dirigiu-Se a ele como o líder dos homens magníficos, assim Krishna disse: "Meu querido tio, já era sabido por Mim que a jóia Syamantaka foi deixada por Shatadhanva com você. Presentemente não há nenhum requerente da jóia Syamantaka, porque o rei Satrajit não tem descendente masculino. Sua filha Satyabhama não está muito ansiosa por essa jóia, assim seu filho esperado, como neto de Satrajit, será, após a realização dos princípios reguladores da hereditariedade, o requerente legal da jóia". O Senhor Krishna indicou nessa afirmação que Satyabhama já estava grávida e que o filho dela seria o verdadeiro herdeiro da jóia e certamente tomaria a jóia dele.

Krishna continuou: "Essa jóia é tão poderosa que nenhum humano ordinário tem capacidade para mantê-la. Eu sei que você é muito piedoso em atividades, por isso não há objeção da jóia ficar com você. Só há uma dificuldade, e é porque Meu irmão mais velho, Sri Balarama, não acredita na Minha versão que a jóia está com você. Por isso Eu lhe peço, ó pessoa de coração grande, para Me mostrar a jóia perante todos Meus outros familiares para que possam ser apaziguados. Você não pode negar que a jóia está com você por causa dos vários tipos de rumores podemos entender que você incrementou sua opulência e executa sacrifícios num altar feito de ouro sólido". As propriedades da jóia eram conhecidas: onde quer que a jóia ficasse, produzia para o proprietário quase nove montes de ouro puro diariamente. Akrura obtinha ouro nessa proporção e o distribuía muito profusamente em execuções de sacrifícios. O Senhor Krishna citou Akrura a gastar prodigamente em ouro como evidência positiva da sua posse da jóia Syamantaka.

Quando o Senhor Krishna, em termos amigáveis e em linguagem doce, impressionou Akrura sobre o fato real e Akrura entendeu que nada podia ser escondido de Sri Krishna, ele trouxe a jóia valiosa, que brilhava como o Sol e coberta com um pano, e a presenteou a Krishna. O Senhor Krishna pegou a jóia Syamantaka em Sua mão e a mostrou a todos os Seus parentes e amigos presentes ali e depois novamente devolveu a jóia a Akrura na presença deles para que eles soubessem que a jóia estava na realidade sob a guarda de Akrura dentro da Cidade de Dwaraka.

Esta história da jóia Syamantaka é muito significativa. No Srimad Bhagavatam está dito que qualquer um que ouve a história da jóia Syamantaka ou a descreve ou simplesmente a lembra ficará livre de todos os tipos de difamação ou das reações de todas atividades impiedosas e assim alcançará a condição de perfeição mais elevada da paz.

  

  

Assim termina o significado Bhaktivedanta do Capítulo Cinqüenta e Seis de Krishna, "A Matança de Satrajit e Shatadhanva".

    

   

Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga

Nitai Gaura Hari Bol

 

"KRISHNA - A Suprema Personalidade de Deus"

 

(Original Sem "Correções")

de

Sua Divina Graça
Sri Srimad Bhaktivedanta Swami Maharaj Prabhupada
Paramahamsa Thakura Mahashaya

   

Capítulo 57

Cinco Rainhas Casadas por Krishna

   

Havia um grande rumor que os cinco irmãos Pandavas, juntos com sua mãe Kunti, sob o plano de Dhritarastra, morreram num incêndio acidental na casa de goma-laca onde eles viviam. Todavia os cinco irmãos foram detectados na cerimônia de casamento de Draupadi; assim novamente outro rumor se espalhou de que os Pandavas e sua mãe não estavam mortos. Era um rumor, porém assim foi; eles retornaram à sua cidade capital, Hastinapura, e as pessoas os viram face a face. Quando essa notícia foi levada a Krishna e Balarama, Krishna quis vê-los pessoalmente, e assim Krishna decidiu ir a Hastinapura.

Dessa vez, Krishna visitou Hastinapura formalmente, como um príncipe real, acompanhado pelo Seu comandante supremo Yuyudhana, e por muitos outros soldados. Ele não foi realmente convidado para visitar a cidade, mesmo assim Ele foi ver os Pandavas devido à Sua afeição por Seus grandes devotos. Ele visitou os Pandavas sem aviso, e todos eles levantaram de seus respectivos assentos logo que O viram. Krishna é chamado Mukunda porque quando alguém entra em contato constante com Krishna ou O vê em Consciência de Krishna plena, imediatamente se torna livre de todas as ansiedades materiais. Não unicamente isso, mas imediatamente se torna abençoado com toda bem-aventurança espiritual.

Ao receberem Krishna, os Pandavas ficaram muito animados, justamente como se despertassem da inconsciência ou da perda da vida. Quando uma pessoa está deitada inconsciente, seus sentidos e diferentes partes de seu corpo não estão ativos, mas quando recupera sua consciência, seus sentidos imediatamente se tornam ativos. Similarmente, os Pandavas receberam Krishna com se tivessem recuperado sua consciência, e assim ficaram muito animados. O Senhor Krishna abraçou cada um deles, e pelo toque da Suprema Personalidade de Deus, os Pandavas imediatamente ficaram livres de todas as reações da contaminação material, e por isso sorriam em bem-aventurança espiritual. Por ver a face do Senhor Krishna, cada um ficou transcendentalmente satisfeito. O Senhor Krishna, apesar de ser a Suprema Personalidade de Deus, fazia o papel de um ser humano ordinário, e assim Ele tocou os pés de Yudhisthira e Bhima porque eles eram Seus dois primos mais velhos. Arjuna abraçou Krishna como um amigo da mesma idade, enquanto os dois irmãos mais novos, chamados Nakula e Sahadeva, tocaram os pés de lótus de Krishna para mostrar-Lhe respeito. Depois duma troca de cumprimentos de acordo com a etiqueta social adequada à posição dos Pandavas e do Senhor Krishna, foi oferecido um assento exaltado a Krishna. Quando Ele estava sentado confortavelmente, a recém-casada Draupadi, jovem e muito bela em sua graça feminina natural, veio perante o Senhor Krishna para oferecer a Ele respeitosas saudações. Os Yadavas que acompanhavam Krishna a Hastinapura também foram recebidos muito respeitosamente; especialmente, Satyaki, ou Yuyudhana, a quem também foi oferecido um ótimo assento. Dessa forma, quando todos os outros estavam sentados adequadamente, os cinco irmãos sentaram em seus lugares perto do Senhor Krishna.

Depois de Se encontrar com os cinco irmãos, o Senhor Krishna pessoalmente foi visitar Srimati Kuntidevi, a mãe dos Pandavas, que também era tia paterna de Krishna. Ao oferecer Seus respeitos à Sua tia, Krishna também tocou os pés dela. Os olhos de Kuntidevi ficaram molhados, e com grande amor, ela abraçou o Senhor Krishna afetuosamente. Então ela perguntou a Ele sobre o bem-estar de seus parentes da família paterna; seu irmão Vasudeva, a esposa dele, e outros membros da família. Similarmente, Krishna também inquiriu de Sua tia sobre o bem-estar das famílias Pandava. Apesar de Kuntidevi ser relacionada a Krishna por laços familiares, ela sabia imediatamente depois de encontrá-Lo que Ele era a Suprema Personalidade de Deus. Ela lembrou as calamidades passadas de sua vida e como pela graça de Krishna os Pandavas e sua mãe foram salvos. Ela sabia perfeitamente bem que ninguém, sem a graça de Krishna, podia salvá-los do incêndio acidental designado por Dhritarastra e seus filhos. Com a voz embargada, ela começou a narrar perante Krishna a história passada de suas vidas.

Srimati Kuntidevi disse: "Meu querido Krishna, eu lembro o dia quando Você mandou meu irmão Akrura obter informações sobre nós. Isso significa que Você sempre Se lembra de nós automaticamente. Quando enviou Akrura, pude entender que não havia possibilidade de sermos colocados em perigo. Toda a boa fortuna da nossa vida começou quando Você enviou Akrura para nós. Desde então, estou convencida que não estamos sem proteção. Podemos ser postos em vários tipos de condições perigosas pelos nossos membros familiares, os Kurus, e estou confiante de que Você Se lembra de nós e Você sempre nos mantém sãos e seguros. Devotos que simplesmente pensam em Você estão sempre imunes de todos os tipos de perigos materiais, e o que dizer de nós, que somos pessoalmente lembrados por Você. Portanto, meu querido Krishna, não há questão de má sorte; estamos sempre numa posição auspiciosa por causa de Sua graça. Contudo porque Você concedeu um favor especial para nós, as pessoas não devem pensar equivocadamente que Você é parcial com alguns e desatencioso com outros. Você não faz essa distinção. Ninguém é Seu favorito e ninguém é Seu inimigo. Como a Suprema Personalidade de Deus, Você é igual com todos, e todos podem aproveitar a vantagem da Sua proteção especial. O fato é que apesar de Você ser igual com todos, Você é especialmente inclinado a Seus devotos que sempre pensam em Você. Os devotos estão relacionados com Você por laços de amor. Por isso, eles não podem esquecê-Lo mesmo por um momento. Você está presente no coração de todos, mas porque os devotos sempre lembram Você, Você também responde de acordo. Apesar da mãe ter afeição por todos os filhos, ela toma cuidado especial daquele que é plenamente dependente. Eu sei certamente, meu querido Krishna, por estar sentado no coração de todos, Você sempre cria situações auspiciosas para Seus devotos imaculados".

Então o rei Yudhisthira também louvou Krishna como a Suprema Personalidade e amigo universal de todos, mas porque Krishna tinha um cuidado especial com os Pandavas, o rei Yudhisthira disse: "Meu querido Krishna, eu não sei que tipo de atividades piedosas nós executamos em nossas vidas passadas que O fez tão bondoso e gracioso conosco. Nós sabemos muito bem que grandes místicos que estão sempre dedicados à meditação para capturá-Lo não acham fácil obter uma graça dessa, nem eles podem chamar nenhuma atenção pessoal de Você. Eu não posso entender porque Você é tão bom conosco. Nós não somos yogis, mas, ao contrário, somos atraídos a contaminações materiais. Somos chefes de família que lidam com política, assuntos mundanos. Eu não sei porque Você é tão bondoso conosco".

A pedido do rei Yudhisthira, Krishna concordou em ficar em Hastinapura por quatro meses durante a estação das chuvas. Os quatro meses da estação das chuvas são chamados Chaturmasya. Durante esse período, os geralmente itinerantes pregadores e brahmanas param num certo lugar e vivem sob princípios reguladores rígidos. Apesar do Senhor Krishna estar acima de todos os princípios reguladores, Ele concordou em permanecer em Hastinapura por causa da afeição pelos Pandavas. Aproveitaram essa oportunidade da residência de Krishna em Hastinapura, todos os cidadãos da cidade tiveram o privilégio de vê-Lo agora e depois, e assim mergulharam em bem-aventurança transcendental simplesmente por ver o Senhor Krishna olho no olho.

Um dia enquanto Krishna ficava com os Pandavas, Ele e Arjuna se prepararam para ir à floresta caçar. Ambos sentaram na quadriga, onde voava a bandeira com um retrato de Hanuman. A quadriga especial de Arjuna é sempre marcada com o retrato de Hanuman, por isso seu nome também é Kapidhvaja. (Kapi significa Hanuman, e dhvaja significa "bandeira"). Então Arjuna foi para a floresta com seu arco e suas flechas infalíveis. Ele se vestiu com peças de proteção adequadas, porque ele praticava a matança de muitos inimigos. Ele especificamente entrou na parte da floresta que tinha muitos tigres, cervos e vários outros animais. Krishna não foi com Arjuna para praticar matança de animal porque Ele não precisa praticar nada; Ele é auto-suficiente. Ele acompanhou Arjuna para ver como ele estava na prática porque no futuro teria que matar muitos inimigos. Depois de entrar na floresta, Arjuna matou muitos tigres, javalis, bisões, gavayas (espécie de boi selvagem), rinocerontes, cervos, lebres, porcos-espinho e outros animais similares, que ele perfurou com suas flechas. Alguns dos animais mortos, que eram adequados para oferecimento em sacrifícios, foram carregados pelos servidores e mandados para o rei Yudhisthira. Outros animais ferozes, como tigres e rinocerontes, foram mortos apenas para parar as perturbações na floresta. Porque há muitos sábios e pessoas santificadas que são residentes das florestas, é dever dos reis kshatriyas manter até mesmo a floresta numa condição pacífica para a vida.

Arjuna sentiu cansaço e sede por causa da caça, e assim foi até a margem do Yamuna junto com Krishna. Quando ambos os Krishnas, a saber, Krishna e Arjuna (Arjuna às vezes é chamado Krishna, e também Draupadi), alcançaram a margem do Yamuna, lavaram suas mãos e pés e bocas e beberam a água cristalina do Yamuna. Enquanto eles descansavam e bebiam água, eles viram uma linda jovem na idade de casar que andava sozinha na margem do Yamuna. Krishna pediu a Seu amigo Arjuna para ir adiante e perguntar à moça quem era ela. Pela ordem de Krishna, Arjuna imediatamente se aproximou da moça, que era muito bela. Ela tinha um corpo atraente e lindos dentes brilhantes e face sorridente. Arjuna perguntou: "Minha querida menina, você é tão linda com seus seios erguidos; posso perguntar quem é você? Estamos surpresos de ver você a andar por aqui sozinha. Qual seu propósito em vir aqui? Nós podemos supor apenas que você está à procura de um esposo adequado. Se você não se importar, pode revelar o seu propósito. Eu tentarei satisfazê-la".

A bela menina era o rio Yamuna personificado. Ela respondeu: "Senhor, eu sou a filha do deus do Sol, e agora pratico penitência e austeridade para ter o Senhor Vishnu como meu esposo. Eu acho que Ele é a Pessoa Suprema e justamente adequado para Se tornar meu esposo. Eu revelo meu desejo assim porque você quis sabê-lo".

A menina continuou: "Meu querido Senhor, eu sei que você é o herói Arjuna; por isso eu digo mais ainda que não aceitarei ninguém como meu esposo além do Senhor Vishnu, porque Ele é o único protetor de todos os seres vivos e aquele que concede liberação para todas as almas condicionadas. Eu ficarei muito agradecida a você se você orar ao Senhor Vishnu para ficar satisfeito comigo". A menina Yamuna sabia muito bem que Arjuna era um grande devoto do Senhor Krishna e que se ele orasse, Krishna nunca negaria seu pedido. Aproximar-se de Krishna diretamente às vezes pode ser fútil, mas se aproximar de Krishna através de Seu devoto é certo ser bem sucedido. Ela disse mais a Arjuna: "Meu nome é Kalindi, e eu vivo dentro da água do Yamuna. Meu pai foi bondoso o bastante para construir uma casa especial para mim dentro da água do Yamuna, e fiz um voto de permanecer na água enquanto eu não puder encontrar o Senhor Krishna". A mensagem de Kalindi foi devidamente levada a Krishna por Arjuna apesar de Krishna, como a Superalma no coração de todos, já saber de tudo. Sem mais nenhuma discussão, Krishna imediatamente aceitou Kalindi e pediu a ela para sentar na quadriga. Então todos eles se aproximaram do rei Yudhisthira.

Depois disso, Krishna foi solicitado pelo rei Yudhisthira para ajudar a construir uma casa adequada a ser planejada pelo grande arquiteto Visvakarma, o engenheiro celestial do reino celeste. Krishna imediatamente chamou Visvakarma, e o fez construir uma cidade maravilhosa de acordo com o desejo do rei Yudhisthira. Quando a cidade estava construída, Maharaja Yudhisthira pediu a Krishna para viver com eles por alguns dias mais a fim de dar a eles o prazer da Sua associação. O Senhor Krishna aceitou o pedido de Maharaja Yudhisthira e permaneceu lá por muitos dias mais.

Nesse meio tempo, Krishna se dedicou ao passatempo de oferecer a Floresta Kandhava, que pertencia ao rei Indra. Krishna queria dá-la a Agni, o deus do fogo. A Floresta Kandhava continha muitas variedades de drogas, e Agni pediu para comê-las a fim de rejuvenescer. Agni, entretanto, não tocou a Floresta Kandhava diretamente, e sim pediu a Krishna para ajudá-lo. Agni sabia que Krishna estava muito satisfeito com ele porque anteriormente deu a Ele o disco Sudarshana. Assim com o propósito de satisfazer Agni, Krishna Se tornou o piloto da quadriga de Arjuna, e ambos foram para a Floresta Khandava. Depois que Agni comeu a Floresta Khandava, ficou muito satisfeito. Dessa vez, ele ofereceu um arco específico conhecido como Gandiva, quatro cavalos brancos, uma quadriga, e uma aljava invencível com duas flechas específicas consideradas como talismãs, elas tinham tanto poder que nenhum guerreiro podia se defender delas. Quando a Floresta Khandava era devorada pelo deus do fogo, Agni, havia um demônio de nome Maya que foi salvo por Arjuna do fogo devastador. Por essa razão, esse então demônio se tornou grande amigo de Arjuna, e a fim de agradar Arjuna, ele construiu uma bela casa de assembléia dentro da cidade construída por Visvakarma. Essa casa de assembléia tinha alguns cantos tão intrigantes que quando Duryodhana veio visitar essa casa, ficou desorientado, ele aceitou água como terra e terra como água. Duryodhana por isso ficou insultado pela opulência dos Pandavas, e ele se tornou seu inimigo determinado.

Depois de alguns dias, Krishna pediu permissão ao rei Yudhisthira para retornar a Dwaraka. Quando teve a permissão, Ele foi a Seu país, acompanhado por Satyaki, o comandante dos Yadus que estavam em Hastinapura com Ele. Kalindi também retornou com Krishna para Dwaraka. Depois de retornar, Krishna consultou muitos astrólogos eruditos para encontrar o momento adequado exato para casar com Kalindi, então Ele casou com ela com grande pompa. Essa cerimônia de casamento deu muito prazer aos parentes de ambas as partes, e todos eles desfrutaram a grande ocasião.

Os reis de Avantipura (agora conhecida como Ujjain) eram chamados Vinda e Anuvinda. Ambos os reis estavam sob o controle de Duryodhana. Eles tinham uma irmã chamada Mitravinda, que era uma moça muito qualificada, erudita e elegante. Ela era filha de uma das tias de Krishna. Ela ia selecionar seu esposo na assembléia de príncipes, porém ela fortemente desejava ter Krishna como seu esposo. Durante a assembléia para selecionar seu esposo, entretanto, Krishna estava presente, e Ele à força levou embora Mitravinda na presença dos príncipes reais. Incapazes de resistir a Krishna, os príncipes foram deixados simplesmente um a olhar para o outro.

Depois desse incidente, Krishna casou com a filha do rei de Koshala. O rei da província de Koshala se chamava Nagnajit. Ele era muito piedoso e era seguidor das cerimônias ritualísticas Védicas. Sua mais linda filha se chamava Satya. Às vezes, Satya era chamada Nagnajiti, porque era filha do rei Nagnajit. O rei Nagnajit queria dar a mão de sua filha a qualquer príncipe que pudesse derrotar sete muito fortes, robustos touros mantidos por ele. Ninguém na ordem principesca conseguia derrotar os sete touros, e por isso nenhum podia reivindicar a mão de Satya. Os sete touros eram muito fortes, e eles mal podiam tolerar o cheiro de qualquer príncipe. Muitos príncipes se aproximaram desse reino e tentaram dominar esses touros, porém em vez de controlá-los, eles próprios foram derrotados. Essa notícia se espalhou por todo o país, e quando Krishna ouviu que a menina Satya só podia ser conquistada com a derrota desses touros, Ele Se preparou para ir ao reino de Koshala. Com muitos soldados, Ele se aproximou dessa parte do país, conhecida como Ayodhya, e fez uma visita oficial de estado.

Quando foi sabido pelo rei de Koshala que Krishna veio para pedir a mão de sua filha, ele ficou muito contente. Com grande respeito e pompa, ele deu as boas-vindas a Krishna para o reino. Quando Krishna se aproximou dele, ele Lhe ofereceu um assento adequado e artigos para a recepção. Tudo parecia muito elegante. Krishna também ofereceu a ele respeitosas reverências, ao aceitá-lo como Seu futuro sogro.

Quando Satya, a filha do rei Nagnajit, entendeu que Krishna em Pessoa veio para casar com ela, ficou muito contente porque o esposo da deusa da fortuna veio tão gentilmente até lá para aceitá-la. Ela cultivava a idéia de casar com Krishna há muito tempo e seguia os princípios de austeridades a fim de obter seu desejado esposo. Então ela começou a pensar: "Se eu executei quaisquer atividades piedosas com o melhor de minha capacidade e se eu pensei sinceramente o tempo todo para ter Krishna como meu esposo, então Krishna fique satisfeito em cumprir meu muito acalentado desejo". Ela começou a oferecer preces a Krishna mentalmente, e pensava: "Eu não sei como a Suprema Personalidade de Deus pode estar satisfeita comigo. Ele é o mestre e Senhor de todos. Mesmo a deusa da fortuna, cujo lugar é ao lado da Suprema Personalidade de Deus, e o Senhor Shiva, Senhor Brahma e muitos outros semideuses de diferentes planetas sempre oferecem suas respeitosas reverências ao Senhor. O Senhor também descende algumas vezes nesta Terra em diferentes encarnações a fim de satisfazer o desejo de Seus devotos. Ele é tão exaltado e grandioso que eu não sei como satisfazê-Lo". Ela pensou que a Suprema Personalidade de Deus só podia ser satisfeita somente por Sua própria misericórdia sem causa pelo devoto; senão, não havia outro meio de satisfazê-Lo. O Senhor Chaitanya, da mesma forma, ora em Seus versos Shikshastaka: "Meu Senhor, eu sou Seu servo eterno. De alguma forma caí nesta existência material. Se Você bondosamente Me pegar e Me fixar como um átomo de poeira em Seus pés de lótus, será um grande favor a Seu servo eterno". O Senhor pode ficar satisfeito somente com uma atitude humilde no espírito de serviço. Quanto mais prestamos serviço ao Senhor sob a direção do mestre espiritual, mais fazemos avanço no caminho de se aproximar do Senhor. Não podemos demandar nenhuma graça ou misericórdia do Senhor por causa do nosso serviço prestado a Ele. Ele pode aceitar ou não aceitar nosso serviço, porém o único meio de satisfazer o Senhor é através de uma atitude de serviço, e nada mais.

O rei Nagnajit já era um rei piedoso, e com Krishna em seu palácio, ele começou a adorá-Lo com o melhor do seu conhecimento e capacidade. Ele se apresentou perante o Senhor assim: "Meu querido Senhor, Você é o proprietário da manifestação cósmica, e Você é Narayana, o repouso de todas as criaturas. Você é auto-suficiente e satisfeito com Suas opulências pessoais, assim como posso oferecer-Lhe alguma coisa? E como posso agradá-Lo com tal oferenda? Não é possível, porque eu sou um ser vivo insignificante. Na realidade, eu não tenho nenhuma capacidade para prestar qualquer serviço a Você".

Krishna é a Superalma de todas as criaturas vivas, assim Ele pôde entender a mente de Satya, a filha do rei Nagnajit. Ele também estava muito satisfeito com a adoração respeitosa do rei ao Lhe oferecer um assento, comestíveis, residência etc.. Ele tinha a compreensão, portanto, que ambos a menina e o pai da menina estavam muito ansiosos para tê-Lo como seu parente íntimo. Ele começou a sorrir e com uma voz grandiosa disse: "Meu querido rei Nagnajit, você sabe muito bem que qualquer um da ordem principesca que é regular em sua posição nunca pede nada para ninguém, o mais exaltado que possa ser. Tais requisições por um kshatriya a outra pessoa foram deliberadamente proibidas pelos eruditos seguidores Védicos. Se um kshatriya quebra esse regulamento, sua ação é condenada pelos sábios eruditos. Porém apesar desse princípio regulador rígido, Eu peço a você a mão de sua linda filha justamente para estabelecer nossa relação em retribuição à sua grande recepção para Mim. Você também faça o favor de ficar informado que na nossa tradição familiar não há escopo para ofertar qualquer coisa em troca por aceitar sua filha. Nós não podemos pagar qualquer preço que você possa nos impor para entregá-la". Em outras palavras, Krishna queria a mão de Satya do rei sem cumprir a condição de derrotar os sete touros.

Depois de ouvir a afirmação do Senhor Krishna, o rei Nagnajit disse: "Meu querido Senhor, Você é o reservatório de todo prazer, todas opulências e todas qualidades. A deusa da fortuna, Lakshmiji, sempre vive no Seu tórax. Sob essas circunstâncias, quem pode ser um melhor esposo para minha filha? Tanto eu quanto minha filha sempre oramos por esta oportunidade. Você é o líder da dinastia Yadu. Você pode saber desde o começo que fiz um juramento para casar minha filha com um candidato adequado, um que possa sair vitorioso do teste que eu projetei. Eu impus esse teste justamente para compreender o poder e a posição do meu genro pretendente. Você é o Senhor Krishna, Você é o líder de todos os heróis. E eu tenho certeza que Você porá esses sete touros sob controle sem nenhuma dificuldade. Até agora, eles nunca foram derrotados por nenhum príncipe; qualquer um que tentou trazê-los sob controle teve simplesmente seus membros quebrados".

O rei Nagnajit continuou o seu pedido: "Krishna, se Você domar os sete touros e trazê-los sob controle, então sem dúvida Você será selecionado como o esposo desejado da minha filha, Satya". Depois de ouvir essa afirmação, Krishna entendeu que o rei não queria quebrar sua promessa, Assim, a fim de cumprir o desejo dele, Ele apertou Seu cinto e Se preparou para lutar com os touros. Ele imediatamente Se dividiu em sete Krishnas, e cada um Deles imediatamente pegou um touro e colocou a argola no seu nariz, assim o trouxe sob controle como se fosse uma brincadeira.

Krishna Se dividir em sete é muito significativo. Era sabido por Satya, a filha do rei Nagnajit, que Krishna já tinha casado com muitas outras esposas, e ainda assim ela estava apegada a Krishna. A fim de encorajá-la, Ele imediatamente Se expandiu em sete. O significado é que Krishna é um, porém Ele tem formas e expansões ilimitadas. Ele casou com muitas centenas de milhares de esposas, porém isso não significa que quando Ele estava com uma esposa, as outras estavam desprovidas de Sua associação. Krishna podia Se associar com cada e toda esposa por Suas expansões.

Quando Krishna trouxe os touros sob controle ao arrear seus narizes, sua força e orgulho foram esmagados imediatamente. O nome e fama que os touros alcançaram foram assim aniquilados. Quando os touros foram arreados por Krishna, Ele os puxou fortemente, justamente igual a uma criança que puxa um touro de madeira de brinquedo. Depois de ver essa vantagem de Krishna, o rei Nagnajit ficou muito admirado e imediatamente, com grande prazer, trouxe sua filha Satya perante Krishna e a entregou para Ele. Krishna também imediatamente aceitou Satya como Sua esposa. Então houve uma cerimônia de casamento com grande pompa. As rainhas do rei Nagnajit também ficaram muito contentes porque sua filha Satya obteve Krishna como seu esposo. Porque o rei e as rainhas estavam muito felizes nessa ocasião auspiciosa, houve celebração na cidade inteira em honra ao matrimônio. Em toda parte se ouvia o som do búzio e dos címbalos e várias outras vibrações de música e canção. Os brahmanas eruditos começaram a derramar suas bênçãos no casal recém-casado. Em júbilo, todos os habitantes da cidade se vestiram com roupas e ornamentos coloridos. O rei Nagnajit ficou tão feliz que começou a dar um dote à filha e genro, como se segue.

Primeiro de tudo, ele deu a eles dez mil vacas e três mil bem vestidas jovens damas da corte, ornamentadas até seus pescoços. Esse sistema de dote é corrente na Índia especialmente para príncipes kshatriya. Também, quando um príncipe kshatriya casa, pelo menos uma dúzia de damas da corte de idade similar são dadas junto com a noiva. Depois de dar as vacas e damas da corte, o rei também enriqueceu o dote ao dar 9.000 elefantes e cem vezes mais quadrigas do que elefantes. Isso significa que ele deu 900.000 quadrigas. E ele deu mil vezes mais cavalos do que quadrigas, ou 90.000.000 cavalos, e cem vezes mais escravos do que cavalos. Esses escravos e damas da corte eram mantidos pelos príncipes da realeza com todas as provisões, como se fossem seus próprios filhos ou membros da família. Depois de dar esse dote como foi descrito, o rei da Província de Koshala ofereceu à sua filha e grande genro assento numa carruagem. Ele deu permissão a eles para irem a seu lar, guardados por uma divisão de soldados bem equipados. Quando eles viajavam rápido para seu novo lar, seu coração ficou estimulado com afeição por eles.

Antes desse casamento de Satya com Krishna, aconteceram muitos combates competitivos com os touros do rei Nagnajit, e muitos outros príncipes da dinastia Yadu e de outras dinastias também tentaram ganhar a mão de Satya. Quando os príncipes frustrados das outras dinastias ouviram que Krishna foi bem sucedido em obter a mão de Satya por domar os touros, naturalmente ficaram invejosos. Enquanto Krishna viajava para Dwaraka, todos os príncipes frustrados e derrotados O cercaram e começaram a chover suas flechas no partido do casal. Quando atacaram o partido de Krishna e atiraram flechas como torrentes de chuva incessantes, Arjuna, o melhor amigo de Krishna, assumiu o comando do desafio, e ele sozinho os afugentou muito fácil para agradar seu grande amigo Krishna na ocasião do Seu casamento. Ele imediatamente pegou seu arco com o nome Gandiva e afugentou todos os príncipes; exatamente igual a um leão que espanta todos os outros animais menores simplesmente por afugentá-los, Arjuna afugentou todos os príncipes sem matar nem mesmo um deles. Depois disso, o chefe da dinastia Yadu, o Senhor Krishna, junto com Sua recém-casada esposa e imenso dote, entrou na cidade de Dwaraka com grande pompa. Krishna então viveu lá com Sua esposa muito calmamente.

Krishna tinha outra tia, irmã de Seu pai, cujo nome era Shrutakirti, e que era casada e vivia na província de Kekaya. Ela tinha uma filha cujo nome era Bhadra. Bhadra também queria casar com Krishna, e seu irmão a concedeu para Ele incondicionalmente. Krishna também a aceitou como Sua esposa fidedigna. Depois desse, Krishna casou com a filha do rei da província de Madras, e o nome dela era Lakshmana. Lakshmana tinha todas as boas qualidades. Ela também foi casada à força por Krishna, que a pegou do mesmo jeito que Garuda apanhou o jarro de néctar das mãos dos demônios. Krishna raptou essa menina na presença de muitos outros príncipes na assembléia do swayamvara dela. Swayamvara é uma cerimônia na qual a noiva pode selecionar seu próprio esposo de uma assembléia com muitos príncipes.

A descrição do casamento de Krishna com as cinco meninas mencionadas neste Capítulo não é suficiente. Ele teve muitos outros milhares de esposas além delas. Os outros milhares de esposas foram aceitas por Krishna depois de matar um demônio chamado Bhaumasura. Todos esses milhares de meninas eram mantidas em cativeiro no palácio de Bhaumasura, e Krishna as libertou e casou com elas.

        

   

Assim termina o significado Bhaktivedanta do Capítulo Cinqüenta e Sete de Krishna, "Cinco Rainhas Casadas por Krishna".

    

     

Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga

Nitai Gaura Hari Bol

 

"KRISHNA - A Suprema Personalidade de Deus"

 

(Original Sem "Correções")

de

Sua Divina Graça
Sri Srimad Bhaktivedanta Swami Maharaj Prabhupada
Paramahamsa Thakura Mahashaya

   

Capítulo 58

Liberação do Demônio Bhaumasura

   

A história de Bhaumasura - como ele raptou 16.000 princesas por coletá-las dos palácios de vários reis e como ele foi morto por Krishna, o Supremo Senhor de caráter maravilhoso - é descrita por Shukadeva Goswami para o Rei Parikshit no Srimad Bhagavatam. Geralmente, os demônios estão sempre contra os semideuses. Esse demônio, Bhaumasura, por ficar muito poderoso, pegou à força a sombrinha do trono do semideus Varuna. Ele também pegou os brincos de Aditi, a mãe dos semideuses. Ele conquistou uma porção do Monte Meru e ocupou a porção conhecida como Mani-parvata. O rei dos planetas celestiais, Indra, veio até Dwaraka para reclamar de Bhaumasura para o Senhor Krishna.

Ao ouvir essa reclamação de Indra, o Rei do Céu, o Senhor Krishna, acompanhado por Sua esposa Satyabhama, imediatamente partiu para a morada de Bhaumasura. Os dois juntos embarcaram nas costas de Garuda, que voou com Eles até Pragjyotishapura, a cidade capital de Bhaumasura. Não era uma tarefa muito fácil entrar na cidade de Pragjyotishapura, porque era muito bem fortificada. Primeiro de tudo, havia quatro fortes formidáveis que guardavam as quatro direções da cidade, e era bem protegida por todos os lados por um formidável poder militar. A próxima fronteira era um canal de água em toda volta da cidade, e em adição, toda a cidade era rodeada por arames elétricos. A próxima fortificação era de anila, uma substância gasosa. Depois disso, havia uma tela de arame farpado construída por um demônio chamado Mura. Parecia que a cidade era bem protegida mesmo em termos dos avanços científicos de hoje.

Quando Krishna chegou, Ele quebrou todos os fortes em pedaços com os golpes de Sua maça, e a força militar se espalhou de cá para lá pelo constante ataque das flechas de Krishna. Com Seu célebre Sudarshana-chakra, Ele contra-atacou a cerca eletrificada; os canais de água e a cerca gasosa foram feitos nulos e vazios, e Ele cortou em pedaços a tela eletrificada fabricada pelo demônio Mura. Com a vibração de Seu búzio, Ele não só quebrou os corações de grandes guerreiros, e também as máquinas de guerra que estavam lá. Similarmente, as muralhas em volta da cidade foram quebradas por Sua maça invencível.

A vibração de Seu búzio soava como um raio na hora da dissolução de toda a situação cósmica. O demônio Mura ouviu a vibração do búzio, acordou de seu sono, e pessoalmente saiu para ver o que aconteceu. Ele tinha cinco cabeças e fazia tempo que vivia dentro da água. O demônio Mura era tão brilhante quanto o Sol na hora da dissolução da manifestação cósmica, e seu temperamento era igual ao fogo ardente. A refulgência de seu corpo era tão brilhante que era difícil vê-lo com os olhos abertos. Quando ele saiu, primeiro de tudo, ele pegou seu tridente e começou a investir contra a Suprema Personalidade de Deus. O ataque do demônio Mura era como uma grande serpente que ataca Garuda. Seu humor de ira era muito severo, e ele parecia pronto para devorar os três mundos. Primeiro de tudo, ele atacou o carregador de Krishna, Garuda, por girar o seu tridente e começou a vibrar sons através de suas cinco faces como o rugido de um leão. O rugido produzido pela vibração de suas bocas se espalhou por toda a atmosfera até que se estendeu não só no mundo inteiro, mas também no espaço exterior, de cima abaixo, e para fora nas dez direções. Dessa forma, o som ribombava por todo o universo.

O Senhor Krishna viu que o tridente do demônio Mura gradualmente investia em direção a Seu carregador, Garuda. Imediatamente, com uma artimanha de Sua mão, Ele pegou duas flechas e as atirou em direção ao tridente, e o cortou em pedaços. Simultaneamente, com o uso de muitas flechas, Ele perfurou as bocas do demônio Mura. Quando ele se viu superado pela Suprema Personalidade de Deus, o demônio Mura imediatamente começou a atacá-Lo com grande ira com sua maça. Porém o Senhor Krishna, com Sua própria maça, quebrou a maça de Mura em pedaços antes que pudesse alcançá-Lo. O demônio, desprovido de suas armas, decidiu atacar Krishna com seus fortes braços, mas com a ajuda de Seu Sudarshana-chakra, Krishna imediatamente separou as cinco cabeças do demônio do seu corpo. O demônio então caiu na água, justamente igual a um pico de montanha que cai no oceano depois de ser atingida por um raio de Indra.

Esse demônio Mura tinha sete filhos chamados Tamra, Antariksha, Shravana, Vibhavasu, Vasu, Nabhasvan e Aruna. Todos eles ficaram perturbados e vingativos por causa da morte de seu pai, e a fim de retaliar, eles se prepararam com muita ira para lutar com Krishna. Eles se equiparam com armas necessárias e situaram Pitha, outro demônio, para agir como comandante na batalha. Pela ordem de Bhaumasura, todos eles combinados atacaram Krishna.

Quando eles chegaram perante o Senhor Krishna, começaram a chover Nele muitos tipos de armas, como espadas, maças, lanças, flechas e tridentes. Todavia eles não sabiam que o poder da Suprema Personalidade de Deus é ilimitado e invencível. Krishna, com Suas flechas, cortou todas as armas dos homens de Bhaumasura em pedaços, como grãos. Krishna então atirou Suas armas, e o comandante chefe de Bhaumasura, Pitha, junto com seus assistentes, caíram abatidos, suas vestimentas militares cortadas e suas cabeças, pernas, braços e cochas cortados. Todos eles foram mandados para o superintendente da morte, Yamaraja.

Bhaumasura também era conhecido como Narakasura, porque acontecia de ele ser o filho da Terra personificada. Quando ele viu que todos os seus soldados, comandantes e guerreiros foram mortos no campo de batalha pelos golpes das armas da Personalidade de Deus, ele ficou excessivamente furioso com o Senhor. Ele então saiu para fora da cidade com um grande número de elefantes os quais todos nasceram e foram criados na beira do oceano. Todos eles estavam altamente intoxicados. Quando eles saíram, eles viram que o Senhor Krishna e Sua esposa estavam belamente situados no alto do espaço sideral justamente igual a uma nuvem escura sobre o Sol, que brilha com a luz da eletricidade. O demônio Bhaumasura imediatamente atirou a arma chamada Shataghni, com a qual ele podia matar centenas de soldados com um golpe, e simultaneamente todos os seus assistentes também dispararam suas armas respectivas na Suprema Personalidade de Deus. O Senhor Krishna começou a contra-atacar todas essas armas por disparar Suas flechas emplumadas. O resultado desse combate foi que todos os soldados e comandantes de Bhaumasura caíram no chão, seus braços, pernas e cabeças separados de seus troncos, e todos os seus cavalos e elefantes também caíram com eles. Assim dessa forma, todas as armas lançadas por Bhaumasura foram cortadas em pedaços pela reação das flechas do Senhor.

O Senhor lutava no dorso de Garuda, e Garuda também ajudava o Senhor por atacar os cavalos e elefantes com suas asas e por dilacerar suas cabeças com suas garras e bico afiado. Os elefantes sentiam muita dor por causa do ataque de Garuda sobre eles, e todos eles dispersavam do campo de batalha. Bhaumasura sozinho permaneceu no campo de batalha, e ele se engajou em lutar com Krishna. Ele viu que o carregador de Krishna, Garuda, causava grande perturbação a seus soldados e elefantes, e com muita ira ele atacou Garuda com toda sua força, que desafiava a força de um raio. Felizmente, Garuda não era um pássaro ordinário, e ele sentiu os golpes dados por Bhaumasura justamente igual um grande elefante sente o impacto de um colar de flores.

Bhaumasura então viu que nenhum de seus ardis agiria sobre Krishna, e ele ficou ciente de que todas as suas tentativas de matar Krishna seriam frustradas. Mesmo assim, ele tentou pela última vez, pegou o tridente na mão para atacá-Lo. Krishna era tão ágil que antes de Bhaumasura poder tocar em seu tridente, sua cabeça foi cortada pelo afiado Sudarshana-chakra. Sua cabeça, iluminada por brincos e elmos, caiu no campo de batalha. Na ocasião quando Bhaumasura foi morto pelo Senhor Krishna, todos os demônios familiares começaram a chorar em desapontamento, e as pessoas santificadas começaram a glorificar as nobres atividades heróicas do Senhor. Por aproveitar essa oportunidade, os habitantes dos planetas celestiais começaram a chover flores no Senhor.

Nesse momento, a Terra personificada apareceu perante o Senhor Krishna e O saudou com um colar de jóias vaijayanti. Ela também devolveu os brincos brilhantes de Aditi, adornado com jóias e ouro. Ela também devolveu a sombrinha de Varuna, junto com alguma outra jóia preciosa, que ela presenteou a Krishna. Depois disso, a Terra personificada começou a oferecer suas preces a Krishna, a Suprema Personalidade de Deus e mestre do mundo, que é sempre adorado pelos semideuses muito exaltados. Ela se abaixou em reverência e, em grande êxtase devocional, começou a falar.

"Deixe-me oferecer minhas respeitosas reverências ao Senhor, que está sempre presente com quatro tipos de símbolos, chamados, Seu búzio, disco, lótus e maça, e que é o Senhor dos semideuses. Por favor, aceite minhas respeitosas reverências a Você. Meu querido Senhor, Você é a Superalma, e a fim de satisfazer a aspiração de Seus devotos, Você descende na Terra em todas as Suas várias encarnações transcendentais, que são justamente apropriadas ao desejo de adoração dos devotos. Por favor, aceite minhas respeitosas reverências".

"Meu querido Senhor, a flor de lótus cresce de Seu umbigo, e Você está sempre decorado com um colar de flores de lótus. Seus olhos estão sempre puxados como as pétalas da flor de lótus, e por isso eles são totalmente agradáveis para os olhos dos outros. Seus pés de lótus são tão macios e delicados e são sempre adorados por Seus devotos imaculados, e eles pacificam o coração de lótus deles. Eu portanto repetidamente ofereço minhas respeitosas reverências a Você".

"Você possui todos os tipos de religiões, fama, propriedade, conhecimento e renúncia; Você é o abrigo de todas as cinco opulências. Apesar de ser todo-penetrante, Você mesmo assim apareceu como o filho de Vasudeva. Por favor, portanto, aceite minhas respeitosas reverências. Você é a Suprema Personalidade de Deus original e a causa suprema de todas as causas. Somente Vossa Divindade é o reservatório de todo conhecimento. Deixe-me oferecer minhas respeitosas reverências a Você. Pessoalmente, Você é não nascido; mesmo assim, Você é o pai de toda a manifestação cósmica. Você é o reservatório e abrigo de todos os tipos de energias. O aparecimento manifesto deste mundo é causado por Você, e Você é tanto a causa quanto o efeito desta manifestação cósmica. Por favor, portanto, aceite minhas respeitosas reverências".

"Meu querido Senhor, quanto aos três deuses - Brahma, Vishnu e Shiva - eles também são não independentes de Você. Quando há necessidade de criar esta manifestação cósmica, Você cria Sua aparição apaixonada de Brahma, e quando Você quer manter esta manifestação cósmica, Você Se expande como o Senhor Vishnu, o reservatório de toda bondade. Similarmente, Você aparece como o Senhor Shiva, mestre dos modos da ignorância, e assim dissolve toda a criação. Sua posição transcendental é sempre mantida, apesar de criar esses três modos da natureza material. Você nunca está enredado como os seres vivos ordinários com esses três modos da natureza material".

"Na realidade, meu Senhor, Você é a natureza material, Você é o pai do universo, e Você é o tempo eterno que causou a combinação da natureza e o criador material. Ainda assim, Você é sempre transcendental a todas essas atividades materiais. Meu querido Senhor, ó Suprema Personalidade de Deus, eu sei que terra, água, fogo, ar, céu, os cinco objetos dos sentidos, mente, os sentidos e suas deidades, egotismo, e também a energia material total. - tudo animado e inanimado neste mundo fenomenal repousa em Você. Porque tudo é produzido por Você, nada pode ser separado de Você. Mesmo assim, porque Você é transcendentalmente situado, nem nada material pode ser identificado com Sua personalidade. Tudo é, portanto, simultaneamente um e diferente de Você, e os filósofos que tentam separar tudo de Você estão certamente enganados em seu ponto de vista".

"Meu querido Senhor, eu posso informá-Lo que esse menino, cujo nome é Bhagadatta, é o filho do meu filho, Bhaumasura. Ele ficou muito afetado pela situação horrível criada pela morte do seu pai e ficou muito confuso, com medo da presente situação. Por isso eu o trouxe para rendê-lo a Seus pés de lótus. Eu peço à Vossa Divindade para dar abrigo a esse menino e abençoá-lo com Seus pés de lótus. Eu o trago até Você para que ele possa ficar aliviado das reações de todas as atividades pecaminosas de seu pai".

Quando o Senhor Krishna ouviu as preces da mãe Terra, Ele imediatamente a assegurou da imunidade de todas as situações temerosas. Ele disse a Bhagadatta: "Não tenha medo". Ele então entrou no palácio de Bhaumasura, que era equipado com todos os tipos de opulências. Dentro do palácio de Bhaumasura, o Senhor Krishna viu 16.100 jovens princesas, que foram raptadas e mantidas cativas ali. Quando as princesas viram a Suprema Personalidade de Deus, Krishna, entrar no palácio, elas imediatamente ficaram cativadas pela beleza do Senhor e oraram por Sua misericórdia sem causa. Dentro de suas mentes, elas decidiram aceitar Krishna como seu esposo sem nenhuma hesitação. Cada uma delas começou a orar para a providência para que Krishna pudesse ser o esposo dela. Sinceramente e seriamente, elas ofereceram seus corações aos pés de lótus de Krishna com uma atitude devocional imaculada. Por ser a Superalma no coração de todos, Krishna pôde entender o desejo delas sem contaminação, e Ele concordou em aceitá-las como Suas esposas. Assim, Ele organizou roupas e ornamentos para elas, e cada uma delas, sentada num palanquim, foi despachada para a Cidade de Dwaraka. Krishna também coletou riqueza ilimitada do palácio, junto com quadrigas, cavalos, jóias e tesouro. Ele tirou do palácio cinqüenta elefantes brancos, cada um deles com quatro presas, e todos eles foram despachados para Dwaraka.

Depois desse incidente, o Senhor Krishna e Satyabhama entraram em Amaravati, a cidade capital do planeta celestial, e Eles imediatamente entraram no palácio do Rei Indra e sua esposa, Shachidevi, que deram as boas vindas a Eles. Krishna então presenteou Indra com os brincos de Aditi.

Quando Krishna e Satyabhama retornavam da cidade capital de Indra, Satyabhama lembrou a promessa de Krishna de dar a ela a planta da flor parijata. Ela aproveitou a oportunidade de vir ao reino celestial, arrancou uma planta parijata e a manteve no dorso de Garuda. Uma vez, Narada pegou uma flor parijata e a presenteou à esposa sênior de Krishna, Sri Rukminidevi. Por causa disso, Satyabhama desenvolveu um complexo de inferioridade, ela também queria uma flor de Krishna. Krishna pôde entender a natureza femininamente competitiva de Suas co-esposas, e Ele sorriu. Ele imediatamente perguntou a Satyabhama: "Por que você pede apenas uma flor? Eu gostaria de dar a você uma árvore inteira de flores parijata".

Na realidade, Krishna levou de propósito Sua esposa Satyabhama com Ele para que ela pudesse coletar a parijata com sua própria mão. Porém os cidadãos do planeta celestial, inclusive Indra, ficaram muito irritados. Sem sua permissão, Satyabhama tirou uma planta de parijata, que não deve ser encontrada no planeta Terra. Indra, junto com outros semideuses, ofereceram oposição a Krishna e Satyabhama por pegarem a planta, mas para agradar Sua esposa favorita Satyabhama, Krishna ficou determinado e inflexível, assim houve uma luta entre os semideuses e Krishna. Como usual, Krishna saiu vitorioso, e Ele triunfantemente trouxe a planta parijata escolhida por Sua esposa para este planeta Terra, para Dwaraka. Depois disso, a planta foi instalada no jardim do palácio de Satyabhama. Por causa dessa árvore extraordinária, o jardim da casa de Satyabhama ficou extraordinariamente belo. À medida que a planta parijata descendeu ao planeta terrestre, a fragrância da flor também descendeu, e os cisnes celestiais também migraram para esta Terra à procura de sua fragrância e mel.

O comportamento do Rei Indra em relação a Krishna não foi muito apreciado por grandes sábios como Shukadeva Goswami. Por Sua misericórdia sem causa, Krishna foi ao reino celestial, Amaravati, para presentear o Rei Indra com os brincos de sua mãe, que ele perdeu para Bhaumasura, e Indra ficou muito feliz em recebê-los. Mas quando uma planta da flor do reino celestial foi pega por Krishna, Indra se ofereceu para lutar com Ele. Isso foi interesse pessoal por parte de Indra. Ele ofereceu sua prece, e abaixou a cabeça até os pés de lótus de Krishna, mas tão logo seu propósito foi servido, ele se tornou uma criatura diferente. Assim é o caminho das relações dos homens materialistas. Homens materialistas estão sempre interessados em seu lucro pessoal. Para esse propósito eles podem oferecer qualquer tipo de respeito a qualquer um, mas quando seu interesse pessoal termina, eles não são mais amigos. Essa natureza egoísta não é apenas encontrada entre a classe mais rica de pessoas neste planeta, mas está presente até em personalidades como Indra e outros semideuses. Muita riqueza torna um homem egoísta. Um homem egoísta não está preparado para aceitar a Consciência de Krishna e é condenado por grandes devotos como Shukadeva Goswami. Em outras palavras, possessão de muitas riquezas mundanas em demasia é uma desqualificação para o avanço na Consciência de Krishna.

Depois de lidar com Indra, Krishna organizou Se casar com as 16.100 meninas trazidas da custódia de Bhaumasura. Ele Se expandiu em 16.100 formas, e simultaneamente Ele Se casou com todas elas em diferentes palácios num momento auspicioso. Ele assim estabeleceu a verdade de que Krishna e ninguém mais é a Suprema Personalidade de Deus. Não existe nada impossível, porque Krishna é a Suprema Personalidade de Deus; Ele é todo-poderoso, onipresente e imperecível, e assim não existe nada de maravilhoso neste passatempo. Todos os palácios das mais de 16.000 rainhas de Krishna eram cheios de jardins agradáveis, mobília e outra parafernália, da qual não existe nenhum outro paralelo neste mundo. Não há nenhum exagero nesta história do Srimad Bhagavatam. As rainhas de Krishna eram todas expansões da deusa da fortuna, Lakshmiji. Krishna costumava viver com elas em diferentes palácios, e Ele as tratava exatamente da mesma forma como um homem ordinário trata sua esposa.

Nós devemos lembrar sempre que a Suprema Personalidade de Deus Krishna fazia o papel exatamente igual a um ser humano; apesar de Ele exibir Suas opulências extraordinárias por simultaneamente Se casar com mais de dezesseis mil esposas em mais de dezesseis mil palácios, Ele Se comportou com elas justamente igual a um homem ordinário, e Ele seguiu estritamente o relacionamento entre esposo e esposa requerido nos lares ordinários. Por isso, é muito difícil entender as características do Brahman Supremo, a Personalidade de Deus. Mesmo semideuses como Brahma e outros são incapazes de sondar dentro dos passatempos transcendentais do Senhor. As esposas de Krishna eram tão afortunadas que obtiveram a Suprema Personalidade de Deus como seu esposo, apesar da personalidade do esposo delas ser desconhecida até para semideuses como Brahma.

Em suas relações como esposo e esposa, Krishna e Suas rainhas sorriam, conversavam, brincavam, abraçavam, e assim por diante, em sua relação conjugal que sempre se desenvolvia crescentemente. Assim dessa forma, tanto Krishna quanto as rainhas desfrutaram felicidade transcendental em sua vida de casado. Apesar de cada e toda rainha ter milhares de criadas dedicadas a seu serviço, as rainhas eram todas pessoalmente atenciosas em servir Krishna. Cada uma delas costumava receber Krishna pessoalmente quando Ele entrava no palácio. Elas se dedicavam em fazê-Lo sentar num bom sofá, e O presenteavam com todo tipo de parafernália de adoração, lavavam Seus pés de lótus com água do Ganges, ofereciam a Ele nozes de bétel e massageavam Suas pernas. Dessa forma, elas davam a Ele alívio da fadiga de estar longe de casa. Elas cuidavam de abaná-Lo bem, ofereciam a Ele óleo essencial de fragrância floral, elas O decoravam com colares de flores, penteavam Seu cabelo, pediam para Ele deitar para descansar, davam banho Nele pessoalmente e O alimentavam com finos pratos deliciosos. Tudo isso era feito por cada rainha pessoalmente. Elas não esperavam por suas criadas. Em outras palavras, Krishna e Suas diferentes rainhas demonstraram nesta Terra uma vida de casado ideal.

        

   

Assim termina o significado Bhaktivedanta do Capítulo Cinqüenta e Oito de Krishna, "Liberação do Demônio Bhaumasura".

    

  

Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga

Nitai Gaura Hari Bol

 

"KRISHNA - A Suprema Personalidade de Deus"

 

(Original Sem "Correções")

de

Sua Divina Graça
Sri Srimad Bhaktivedanta Swami Maharaj Prabhupada
Paramahamsa Thakura Mahashaya

   

Capítulo 59

Conversas entre Krishna e Rukmini

   

Certa vez, o Senhor Krishna a Suprema Personalidade de Deus, que concede todo conhecimento para todos os seres vivos desde Brahma até a formiga insignificante, estava sentado no quarto de Rukmini, que estava ocupada no serviço ao Senhor junto com suas criadas assistentes. Krishna estava sentado na cama de Rukmini, e as criadas estavam dedicadas a abaná-Lo com chamaras (abano de insetos de rabo de yak).

As relações do Senhor Krishna com Rukmini como esposo perfeito é uma manifestação da suprema perfeição da Personalidade de Deus. Existem muitos filósofos que propõem um conceito da Verdade Absoluta no qual Deus não pode fazer isso ou aquilo. Eles negam a encarnação de Deus, ou a Suprema Verdade Absoluta em forma humana. Porém na realidade, o fato é diferente: Deus não pode ser sujeito às nossas atividades sensuais imperfeitas. Ele é a todo-poderosa, onipresente Personalidade de Deus, e pelo Seu desejo supremo, Ele não pode somente criar, manter e aniquilar toda a manifestação cósmica, mas Ele também pode descender como um ser humano ordinário a fim de executar a missão mais elevada. Como está afirmado no Bhagavad-gita, sempre que há discrepâncias na execução dos deveres ocupacionais humanos, Ele descende. Ele não é forçado a aparecer por qualquer agência externa, mas descende por Sua própria potência interna a fim de restabelecer o padrão das funções das atividades humanas e também simultaneamente aniquilar os elementos de perturbação na marcha progressiva da civilização humana. De acordo com esse princípio dos passatempos transcendentais da Suprema Personalidade de Deus, Ele descendeu em Sua forma eterna de Sri Krishna na dinastia dos Yadus.

O palácio de Rukmini era mobiliado maravilhosamente. Havia vários dosséis pendurados no teto com laços encrustados com colares de pérolas, e todo o palácio era iluminado pela refulgência de jóias preciosas. Havia muitos jardins de flores de baela [jasmim árabe] e chameli [jasmim], que são consideradas as flores mais fragrantes da Índia. Havia muitos cachos dessas plantas, com flores viçosas que incrementavam a beleza do palácio. E por causa da fragrância primorosa das flores, pequenos grupos de abelhas zumbiam e ficavam juntos em volta das árvores, e na noite, o agradável brilho do luar brilhava através da rede de orifícios nas janelas. Havia muitas árvores bem carregadas de flores parijata, e a brisa suave misturava o aroma das flores em toda a volta. Dentro das paredes do palácio, havia incenso queimando, e a fumaça fragrante escorria pelas folhas da janela. Dentro do quarto havia colchões cobertos com lençóis brancos que pareciam espuma de leite; a roupa de cama era tão macia e branca como a espuma do leite. Nessa situação, o Senhor Sri Krishna estava sentado muito confortavelmente e desfrutava o serviço de Rukmini assistida por suas criadas.

Rukmini também estava muito ansiosa para ter a oportunidade de servir a Suprema Personalidade de Deus como seu esposo. Ela portanto queria servir o Senhor pessoalmente e pegou o cabo da chamara que era feito de ouro, decorado e incrustado com jóias preciosas, que ficou mais belo do que era quando tomado por Rukmini, porque os dedos dela eram belamente ornamentados com anéis preciosos. Suas pernas eram adornadas com guizos de tornozelo e jóias, que tilintavam suavemente entre as dobras de seu sari. Os seios elevados de Rukmini estavam cobertos de kunkuma e açafrão; assim sua beleza era incrementada pelo reflexo da cor avermelhada que emanava de seus seios cobertos. As altamente elevadas partes inferiores de seus quadris eram decoradas com um laço de jóias, e um broche de grande refulgência pendurado em seu pescoço. Acima de tudo, porque ela estava dedicada ao serviço do Senhor Krishna, apesar de que naquela idade ela era madura o suficiente para ter filhos crescidos, seu belo corpo era além de comparação nos três mundos. Então tomamos conta de sua bela face, parece que o cabelo encaracolado em sua cabeça, os belos brincos em suas orelhas, sua boca sorridente, e seu colar de ouro, tudo combinado para chover torrentes de néctar; e foi definitivamente provado que Rukmini era nenhuma outra além da deusa da fortuna original que está sempre dedicada ao serviço dos pés de lótus de Narayana.

Os passatempos de Krishna e Rukmini em Dwaraka são aceitos por grandes autoridades como manifestações dessas de Narayana e Lakshmi, que são de uma opulência exaltada. Os passatempos de Radha e Krishna em Vrindavana são simples e rurais, distintos das características polidas urbanas como as de Dwaraka. As características de Rukmini eram raramente brilhantes, e Krishna estava muito satisfeito com o comportamento dela.

Krishna teve a experiência quando Rukmini foi ofertada com uma flor parijata por Narada Muni, Satyabhama ficou com inveja de sua co-esposa e imediatamente demandou uma flor similar de Krishna. De fato, ela não acalmou enquanto não foi prometida a ela a árvore inteira. Isso na realidade foi feito por Krishna; a árvore foi trazida abaixo para o planeta terrestre do reino celestial. Depois desse episódio, Krishna esperava porque Satyabhama foi premiada com uma árvore inteira de parijata, Rukmini também demandaria algo. Rukmini não mencionou nada do incidente, todavia, porque ela estava séria e simplesmente satisfeita com seu serviço. Krishna queria vê-la um pouco irritada, assim Ele tramou para ver a bela face de Rukmini numa condição irritada. Apesar de Krishna ter mais de 16.100 esposas, Ele costumava Se comportar com cada uma delas com afeição familiar; Ele podia criar uma situação particular entre Ele mesmo e Sua esposa na qual a esposa podia criticá-Lo na irritação do amor, e Krishna desfrutava isso. Nesse caso, porque Krishna não pôde encontrar nenhuma falha em Rukmini, porque ela era muito grandiosa e sempre dedicada a Seu serviço, Ele com um sorriso, com grande amor, começou a falar com ela. Rukmini era a filha do rei Bhishmaka, um rei poderoso. Por isso, Krishna não Se dirigiu a ela como Rukmini; Ele a chamou dessa vez de princesa. "Minha querida princesa, é muito surpreendente. Muitas grandes personalidades da ordem real queriam casar com você. Apesar de todos eles não serem reis, todos possuíam a opulência e riqueza da ordem real; eles eram bem comportados, educados, famosos entre os reis, belos em suas características corpóreas e qualificações pessoais, liberais, muito poderosos em força, e avançados em todos aspectos. Eles não eram desqualificados de nenhuma forma, e acima e sobre isso, seu pai e seu irmão não tinham objeção a tais casamentos. Ao contrário, eles deram a palavra de honra que casariam você com Shishupala; o casamento foi sancionado por seus pais. Shishupala era um grande rei e era tão luxurioso e louco por sua beleza que se casasse com você, Eu acho que ele sempre permaneceria com você justamente igual a seu servo fervoroso".

"Em comparação com Shishupala, com as qualidades pessoais dele, Eu não sou nada. E você pode realizar isso pessoalmente. Eu fiquei surpreso que você rejeitou o casamento com Shishupala e Me aceitou, Eu que sou inferior em comparação com Shishupala. Eu Me acho completamente imprestável para ser seu esposo porque você é tão bela, sóbria, séria e exaltada. Posso perguntar a você a razão que a induziu a Me aceitar? Agora, é claro, Eu posso chamá-la de Minha bela esposa, mas mesmo assim Eu informarei você sobre Minha verdadeira posição; que sou inferior a todos aqueles príncipes que queriam casar com você".

"Primeiro de tudo, você pode saber que Eu estava com tanto medo de Jarasandha que Eu não podia ousar viver na terra, e por isso construí minha casa dentro da água do mar. Não é Meu dever revelar esse segredo a outros, mas você precisa saber que Eu não sou muito heróico; Eu sou um covarde e tenho medo deles. Mesmo assim não estou a salvo, porque todos os grandes reis da terra são hostis Comigo. Eu pessoalmente criei esse sentimento de inimizade por lutar contra eles muitas vezes. Outra falta é que apesar de Eu estar no trono de Dwaraka, não tenho direito imediato. Apesar de conquistar um reino por matar Meu tio materno, Kamsa, o reino era para ser do Meu avô; assim Eu não tenho nenhuma posse de um reino. Além disso, Eu não tenho objetivo fixo na vida. As pessoas não podem Me entender muito bem. Qual é a meta última da Minha vida? Eles sabem muito bem que fui um menino pastor de vacas em Vrindavana. As pessoas esperavam que Eu seguisse os passos de Meu pai adotivo, Nanda Maharaja, fosse fiel a Srimati Radharani e todas Suas amigas na vila de Vrindavana. Mas de repente Eu as deixei. Eu queria Me tornar um grande príncipe. Mesmo assim, Eu não pude ter nenhum reino, nem puder reinar como um príncipe. As pessoas estão confusas sobre Minha meta última da vida; elas não sabem se Eu sou um menino pastor de vacas ou um príncipe, se Eu sou filho de Nanda Maharaja ou filho de Vasudeva. Porque Eu não tenho objetivo fixo na vida, as pessoas podem Me chamar de vagabundo. Por isso que Eu estou surpreso que você pôde selecionar tal esposo vagabundo".

"Além disso, Eu não sou muito polido, mesmo em etiqueta social. Uma pessoa deve ficar satisfeita com uma esposa, mas você viu que Eu casei muitas vezes, e que Eu tenho mais de 16.000 esposas. Eu não posso satisfazer todas elas como um esposo polido. Meu comportamento com elas não é muito bom, e Eu sei que você é muito consciente disso. Eu às vezes crio uma situação com Minhas esposas que não é muito feliz. Porque Eu fui criado na vila em Minha infância, não estou muito familiarizado com a etiqueta da vida urbana. Eu não sei o jeito de satisfazer uma esposa com palavras e comportamento agradáveis. E da experiência prática acha-se que qualquer mulher que siga Meu caminho ou se torna atraída por Mim é ultimamente deixada a chorar pelo resto de sua vida. Em Vrindavana, muitas gopis ficaram atraídas por Mim, e agora Eu as deixei, e elas vivem, porém simplesmente choram por Mim em separação. Eu ouvi de Akrura e Uddhava que desde que Eu deixei Vrindavana, todos os Meus amigos meninos pastores de vacas, as gopis e Radharani, Meu pai adotivo Nanda Maharaja, simplesmente choram constantemente por Mim. Eu deixei Vrindavana para sempre e agora estou dedicado às Minhas rainhas em Dwaraka, mas Eu não sou bem comportado com nenhuma de vocês. Por isso vocês podem entender muito fácil que Eu não tenho firmeza de caráter; Eu não sou um esposo muito confiável. O resultado líquido de ficar atraída por Mim é adquirir uma vida de luto somente".

"Minha querida bela princesa, você também pode saber que Eu estou sempre sem dinheiro. Logo depois de Meu nascimento, Eu fui carregado sem dinheiro para a casa de Nanda Maharaja, e Eu fui criado justamente igual a um menino pastor de vacas. Apesar de Meu pai adotivo possuir muitas centenas de milhares de vacas, Eu não era o proprietário nem de uma delas. Eu fui apenas confiado para tomar conta delas e pastoreá-las, mas Eu não era o proprietário. Aqui também, Eu não sou proprietário de nada, contudo estou sempre sem dinheiro. Não há causa para lamentar tal condição sem dinheiro; Eu não possuía nada no passado, então por que Eu preciso Me lamentar de que Eu não possuo nada no presente? Você também pode notar que Meus devotos não são pessoas muito opulentas; eles são muito pobres em bens mundanos. Aqueles que são muito ricos, possuidores de riqueza mundana, não estão interessados na devoção a Mim ou Consciência de Krishna. Ao contrário, quando uma pessoa fica sem dinheiro, seja à força ou por circunstâncias, ela pode ficar interessada em Mim se tiver a oportunidade própria. Pessoas que são orgulhosas de suas riquezas, mesmo se lhes for oferecida a associação com Meus devotos, não aproveitam a vantagem da consciência de Mim. Em outras palavras, a classe de homens mais pobres pode ter algum interesse em Mim, mas a classe de homens mais ricos não tem interesse. Eu acho, portanto, que sua seleção por Mim não foi muito inteligente. Você parece ser muito inteligente, treinada por seu pai e seu irmão, mas ultimamente você cometeu um grande erro na seleção do seu companheiro de vida".

"Mas não faz mal; melhor tarde do que nunca. Você tem liberdade para selecionar um esposo adequado que seja realmente igual a você em opulência, tradição familiar, riqueza, beleza, educação - em todos os aspectos. Quaisquer erros que você cometeu serão perdoados. Agora você pode traçar seu próprio caminho de vida lucrativa. Usualmente uma pessoa não estabelece uma relação conjugal com uma pessoa que seja ou mais alta ou mais baixa do que sua posição. Minha querida filha do rei de Vidarbha, Eu acho que antes você não considerou com muita sagacidade o seu matrimônio. Por isso você fez uma má escolha ao Me selecionar como seu esposo. Você ouviu equivocadamente sobre Eu ter um caráter muito exaltado, apesar de na realidade Eu não ser mais do que um mendigo. Sem Me ver e Minha posição real, simplesmente por ouvir sobre Mim, você Me selecionou como seu esposo. Isso não foi feito muito certo. Por isso Eu aviso você que é melhor tarde do que nunca; agora você pode selecionar um dos grandes príncipes kshatriyas e aceitá-lo como seu companheiro de vida, e você pode Me rejeitar".

Krishna propôs que Rukmini se divorciasse Dele num tempo quando Rukmini já tinha muitos filhos crescidos. Por isso que a proposta de Krishna para Rukmini perecia ser algo inesperado, porque de acordo com a cultura Védica não existe tal coisa como separação de esposo e esposa por divórcio. Nem era possível para Rukmini fazer isso em idade avançada, quando ela tinha muitos filhos casados. Cada e todas propostas de Krishna pareceram a Rukmini como loucura, e ela ficou surpresa de ouvir Krishna falar essas coisas. Simples como ela era, sua ansiedade incrementava mais e mais com o pensamento da separação de Krishna.

Krishna continuou: "Depois de tudo, você tem que se preparar para sua próxima vida. Eu por isso aconselho você a selecionar alguém que possa ajudá-la tanto nesta vida quanto na próxima, porque Eu sou completamente incapaz de ajudar. Minha querida linda princesa, você sabe que todos os membros da ordem principesca, inclusive Shishupala, Shalva, Jarasandha, Dantavakra e mesmo seu irmão mais velho Rukmi, todos são Meus inimigos; eles não gostam de Mim nenhum pouco. Eles Me odeiam do fundo de seus corações. Todos esses príncipes estavam muito enfatuados com suas posses mundanas, e eles não se importaram uma figa com qualquer um que veio perante eles. A fim de ensinar a eles algumas lições, Eu concordei em raptá-la de acordo com seu desejo; caso contrário Eu na realidade não tenho nenhum amor por você, apesar de você Me amar mesmo antes do casamento".

"Como Eu já expliquei, Eu não estou muito interessado em vida familiar ou amor entre esposo e esposa. Por natureza, Eu não sou muito apreciador da vida familiar, esposa, filhos, lar e opulências. Do mesmo modo que Meus devotos são sempre negligentes com todas essas posses mundanas, Eu também sou assim. Na verdade, Eu estou interessado em auto-realização; que Me dá prazer, e não esta vida familiar". Depois de submeter Sua declaração, o Senhor Krishna parou subitamente.

A grande autoridade Shukadeva Goswami observa que Krishna quase sempre passava Seu tempo com Rukmini, e Rukmini estava um pouco orgulhosa de ser tão afortunada que Krishna nunca a deixou mesmo por um momento. Krishna, entretanto, não gosta que nenhum de Seus devotos fique orgulhoso. Tão logo um devoto fica assim, com alguma tática Ele corta fora esse orgulho. Neste caso também, Krishna disse muitas coisas que foram duras para Rukmini ouvir. Ela só pôde concluir que apesar de ela estar orgulhosa de sua posição, Krishna podia Se separar dela a qualquer momento.

Rukmini tinha consciência que seu esposo não era um ser humano ordinário. Ele era a Suprema Personalidade de Deus, o mestre dos três mundos. Do modo que Ele falou, ela ficou com medo de se separar do Senhor, porque ela nunca tinha ouvido tais palavras duras de Krishna antes. Por isso ela ficou perplexa com o medo da separação, e seu coração começou a palpitar. Sem responder nenhuma palavra da declaração de Krishna, ela simplesmente chorava em grande ansiedade, como se afundada num oceano de lamentação. Ela silenciosamente arranhava o chão com as unhas de seus dedos dos pés, que refletiam luz avermelhada no chão. As lágrimas dos olhos dela eram cor-de-rosa, misturadas com o cosmético preto de suas pálpebras, as águas caíam, e lavavam o kunkuma e açafrão de seus seios. Em choque por causa da grande ansiedade, incapaz de falar mesmo uma palavra, ela manteve sua cabeça abaixada e permaneceu em pé justamente igual a uma vara. Devido ao temor e lamentação extremamente doloridos, ela perdeu todos os seus poderes de raciocínio e ficou tão fraca que imediatamente seu corpo perdeu tanto peso que as pulseiras em seus pulsos ficaram frouxas. O cabo da chamara que ela servia Krishna imediatamente caiu de sua mão. Sua cognição e memória ficaram confusas, e ela perdeu a consciência. O penteado bem feito em sua cabeça se desgrenhou de cá para lá, e ela caiu ereta, como uma bananeira cortada por um furacão.

O Senhor Krishna imediatamente realizou que Rukmini não tinha levado Suas palavras num espírito esportivo. Ela as levou muito a sério, e em sua grande ansiedade sobre a separação imediata Dele, ela caiu nessa condição. O Senhor Sri Krishna é naturalmente muito afetuoso com Seus devotos, e ao ver Rukmini naquela condição, Seu coração imediatamente amoleceu. De imediato, Ele Se tornou misericordioso com ela. A relação de Krishna e Rukmini era igual à de Lakshmi-Narayana; assim, Ele apareceu perante ela em Sua manifestação com quatro mãos de Narayana. Ele levantou da cama, e a levantou pelas mãos dela, ao colocar Suas mãos refrescantes na face dela, alisou os cabelos desgrenhados na cabeça dela. O Senhor Krishna secou os seios molhados de Rukmini com Sua mão. E ao entender a seriedade do amor de Rukmini por Ele, Ele a abraçou em Seu peito.

A Suprema Personalidade é muito hábil em pôr uma coisa razoável para a compreensão da pessoa, e por isso Ele tentou retratar tudo que Ele disse antes. Ele é o único refúgio para todos devotos, e por isso Ele sabe muito bem como satisfazer Seus devotos puros. Krishna entendeu que Rukmini não pôde acompanhar as declarações que Ele fez numa forma de brincadeira. Para contrabalançar a confusão dela, Ele começou a falar novamente, como se segue.

"Minha querida filha do rei Vidarbha, Minha querida Rukmini, por favor, não Me entenda mal. Não seja cruel Comigo desse jeito. Eu sei que você é sinceramente e seriamente apegada a Mim; você é Minha companheira eterna. As palavras que a afetaram tanto não são reais. Eu queria irritar você um pouquinho, e Eu esperava que você fizesse respostas contrárias a essas palavras de brincadeira. Infelizmente, você as levou a sério; e Eu sinto muito por isso. Eu esperava que seus lábios vermelhos tremessem de raiva depois de ouvir Minha declaração e você Me reprenderia com muitas palavras. Ó perfeição do amor, Eu nunca esperava que a sua condição seria assim. Eu esperava que você botasse seus olhos piscantes sobre Mim em retaliação, e desse modo, Eu poderia ver sua bela face nesse humor irado".

"Minha querida linda esposa, você sabe que somos casados. Nós estamos sempre ocupados com muitos afazeres domésticos, por isso ansiamos por um momento quando desfrutamos algumas palavras de brincadeira entre nós. Esse é nosso divertimento último na vida de casado. Na realidade os casados trabalham muito duro dia e noite, mas toda a fadiga do dia de trabalho se torna minimizada logo quando se encontram, esposo e esposa juntos, e desfrutam a vida de várias formas". O Senhor Krishna queria Se exibir justamente igual a um casado ordinário que se deleita ao trocar palavras divertidas com sua esposa. Ele assim repetidamente pediu a Rukmini para não levar aquelas palavras muito a sério.

Dessa forma, quando o Senhor Krishna pacificou Rukmini com Suas palavras doces, ela pôde entender o que Ele falou anteriormente não foi realmente com intenção, mas falou para evocar algum divertimento agradável entre eles. Assim ela ficou calma ao ouvir as palavras de Krishna. Gradualmente, ela ficou livre de todo o temor da separação Dele, e ela começou a olhar para a face Dele muito alegremente com sua face naturalmente sorridente. Ela disse: "Meu querido Senhor com olhos de lótus, Sua declaração que nós não somos uma combinação adequada é completamente correta. Não é possível para eu chegar a um nível igual a Você porque Você é o reservatório de todas as qualidades, a Suprema Personalidade de Deus ilimitada. Como posso ser uma companheira adequada para Você? Não há possibilidade de comparação com Você, que é o mestre de toda grandeza, controlador das três qualidades e objeto de adoração para grandes semideuses como Brahma e o Senhor Shiva. No que diz respeito a mim, sou uma produção dos três modos da natureza material. Os três modos da natureza material são impedimentos em direção ao avanço progressivo do serviço devocional. Quando e onde pode haver um par adequado a Você? Meu querido esposo, Você disse certamente também que com medo dos reis, Você Se abrigou na água do mar. Mas quem é o rei deste mundo material? Eu não acho que as ditas famílias reais sejam os reis do mundo material. Os reis do mundo material são os três modos da natureza material. Eles são realmente os controladores deste mundo material. Você está situado no coração de todos, onde Você permanece completamente à distância do toque dos três modos da natureza material, e não há dúvida sobre isso".

"Você disse que sempre mantém inimizade com os reis mundanos. Mas quem são os reis mundanos? Eu acho que os reis mundanos são os sentidos. Eles são formidáveis ao máximo, e eles controlam todos. Certamente Você mantém inimizade com esses sentidos materiais. Você nunca está sob o controle dos sentidos, em vez disso, Você é o controlador dos sentidos, Hrishikesha. Meu querido Senhor, Você disse que é desprovido de todo poder real, e isso é correto. Você não é somente desprovido da supremacia do mundo material, mas até mesmo Seus servos, aqueles que têm algum apego a Seus pés de lótus, também abandonam a supremacia do mundo material porque consideram a posição material como a região mais escura, que impede o progresso da iluminação espiritual. Seus servos não gostam de supremacia material, o que dizer de Você? Meu querido Senhor, Sua declaração que Você não age como uma pessoa ordinária com um objetivo particular na vida também é perfeitamente correta. Mesmo Seus grandes devotos e servos, conhecidos como grandes sábios e pessoas santificadas, permanecem em tal estado que ninguém pode conseguir nenhum indício do objetivo de suas vidas. Eles são considerados pela sociedade humana como loucos e misantropos. Seus objetivos de vida permanecem um mistério para o ser humano comum; os mais baixos da humanidade não podem conhecer nem Você nem Seu servo. Um ser humano contaminado não pode nem mesmo imaginar os Seus passatempos e de Seus devotos. Ó pessoa ilimitada, quando as atividades e esforços de Seus devotos permanecem um mistério para o ser humano comum, como eles podem entender Seu motivo e esforço? Todos os tipos de energias e opulências estão dedicados a Seu serviço, mesmo assim eles repousam em Seu abrigo".

"Você Se descreveu como sem dinheiro, mas essa condição não é pobreza. Desde que não há nada na existência além de Você mesmo, Você não requer possuir nada - Você somente é tudo. Diferente dos outros, Você não requer adquirir nada extraordinário. Com Você, todas as coisas contrárias podem ser ajustadas porque Você é absoluto. Você não possui nada, mas ninguém é mais rico do que Você. No mundo material ninguém pode ser rico sem possuir. Como Sua Divindade é absoluta, Você pode ajustar a contradição de possuir nada mas ao mesmo tempo ser o mais rico. Nos Vedas está afirmado que apesar de Você não ter mãos e pernas materiais, Você aceita tudo que é oferecido em devoção por Seus devotos. Você não tem olhos e ouvidos materiais, mas mesmo assim Você pode ver tudo em toda parte, e Você pode ouvir tudo em toda parte. Apesar de não possuir nada, os grandes semideuses que aceitam as preces e adoração de outros vêm e O adoram para solicitar Sua misericórdia. Como Você pode ser categorizado entre os pobres"?

"Meu querido Senhor, Você também declarou que a seção mais rica da sociedade humana não O adora. Isso também é correto, porque pessoas que estão enfatuadas com posses materiais pensam em utilizar sua propriedade para desfrute sensual. Quando um homem pobre se torna rico, ele faz um programa para o desfrute sensual. Isso é devido à ignorância em utilizar seu dinheiro ganho arduamente. Sob o encanto da energia externa, ele pensa que seu dinheiro está propriamente empregado em desfrute sensual, assim ele negligencia prestar serviço transcendental. Meu querido Senhor, Você afirmou que pessoas que não possuem nada são muito queridas por Você; ao renunciar tudo, Seu devoto quer possuir Você somente. Eu vejo, portanto, que um grande sábio como Narada Muni que não possui nenhuma propriedade material é ainda mais querido por Você. E tais pessoas não se importam com nada além de Sua Divindade".

"Meu querido Senhor, Você declarou que o casamento entre pessoas iguais em status de posição social, beleza, riqueza, poder, influência e renúncia pode ser um par adequado. Porém esse status de vida só pode ser possível por Sua graça. Você é a suprema fonte perfeccional de todas as opulências. Qualquer status de vida opulento que alguém tenha é derivado de Você. Como descrito no Vedanta-sutra, janmadyasya yatah: Você é a fonte suprema de onde tudo emana, o reservatório de todos prazeres. Por isso, pessoas que são dotadas com conhecimento desejam somente alcançar Você, e nada mais. Para alcançar o Seu favor, elas abandonam tudo - mesmo a realização transcendental de Brahman. Você é o objetivo supremo último da vida. Você é o reservatório de todos os interesses dos seres vivos. Aqueles que são realmente bem motivados desejam somente Você, e por essa razão eles abandonam tudo para alcançar sucesso. Portanto, eles merecem estar associados com Você. Na sociedade dos servidores e servido em Consciência de Krishna, a pessoa não é sujeita às dores e prazeres da sociedade material, que funciona de acordo com a atração sexual. Por isso, todos, homem ou mulher, devem procurar estarem associados na Sua sociedade de servidores e servido. Você é a Suprema Personalidade de Deus; ninguém pode exceder Você, nem ninguém pode subir a um nível igual ao Seu. O sistema social perfeito é aquele no qual Você permanece no centro, servido como o Supremo, e todos os outros se dedicam como Seus servidores. Nessa sociedade perfeitamente construída, todos podem permanecer eternamente felizes e bem-aventurados".

"Meu querido Senhor, Você afirmou que somente mendigos louvam Suas glórias, e isso também é perfeitamente correto. Mas quem são esses mendigos? Esses mendigos são todos os devotos exaltados, personalidades liberadas e aqueles na ordem de vida da renúncia. Eles são todas as grandes almas e devotos que não têm nenhuma outra ocupação do que glorificar Você. Tais grandes almas perdoam mesmo o pior ofensor. Esses ditos mendigos executam seu avanço espiritual de vida, toleram todos os tipos de sofrimentos no mundo material. Meu querido esposo, não pense que foi por causa da minha inexperiência que aceitei Você como meu esposo; na realidade, eu segui todas essas grandes almas. Eu segui o caminho desses grandes mendigos e decidi render minha vida a Seus pés de lótus".

"Você disse que é sem dinheiro, e isso é correto. Você distribui Você mesmo completamente a essas grandes almas e devotos. Por conhecer esse fato perfeitamente bem, eu rejeito mesmo grandes personalidades como o Senhor Brahma e Rei Indra. Meu Senhor, o grande fator tempo age sob Sua direção somente. O fator tempo é tão grandioso e poderoso que em momentos pode efetuar devastação em qualquer lugar da criação. Ao considerar esses fatos, eu pensei em Jarasandha, Shishupala e outros príncipes similares que queriam se casar comigo como não mais importantes do que insetos ordinários".

"Meu querido todo-poderoso filho de Vasudeva, Sua declaração que Se abrigou dentro da água do oceano, com medo de grandes príncipes, é muito adequada, porém minha experiência com Você contradiz isso. Eu vi realmente que Você me raptou à força na presença de todos aqueles príncipes. Na hora da minha cerimônia de casamento, simplesmente deu um puxão na corda de Seu arco, e com muita facilidade Você expulsou os outros do caminho e bondosamente me deu abrigo em Seus pés de lótus. Eu ainda lembro vividamente que Você me raptou da mesma forma que um leão pega à força sua parte do prêmio da caça por espantar todos os outros pequenos animais com um piscar de olhos".

"Meu querido Senhor de olhos de lótus, eu não posso entender Sua declaração que mulheres e outras pessoas que se abrigaram sob Seus pés de lótus passam seus dias somente em luto. Da história do mundo podemos ver que príncipes iguais a Anga, Prithu, Bharata, Yayati e Gaya eram todos grandes imperadores do mundo, e não havia competidores à exaltada posição deles. Mas para alcançar o favor de Seus pés de lótus, eles renunciaram suas posições exaltadas e entraram na floresta para praticar penitências e austeridades. Quando eles aceitam essa posição voluntariamente, ao aceitar Seus pés de lótus como tudo em tudo, isso significa que eles estão em lamentação ou luto"?

"Meu querido Senhor, Você me aconselhou que eu ainda posso selecionar outro da ordem principesca e me divorciar de Sua companhia. Porém, meu querido Senhor, é perfeitamente bem sabido por mim que Você é o reservatório de todas as boas qualidades. Grandes pessoas santificadas como Narada Muni estão sempre dedicadas simplesmente em glorificar Suas características transcendentais. Se alguém simplesmente se abrigar em tal pessoa santificada, ele imediatamente fica livre de toda a contaminação material. E por entrar em contato direto com Seu serviço, a deusa da fortuna concorda em conceder a ele todas as suas bênçãos. Sob as circunstâncias, qual mulher que uma vez ouviu sobre Suas glórias das fontes de autoridades e de alguma forma ou outra saboreou o gosto nectáreo de Seus pés de lótus pode ser tola o suficiente para concordar em casar com outro deste mundo material que está sempre com medo da morte, doença, velhice e renascimento? Por isso eu aceitei Seus pés de lótus, não sem consideração, mas depois de decisão madura e deliberada. Meu querido Senhor, Você é o mestre dos três mundos. Você pode satisfazer todos os desejos de Seus devotos neste mundo e no próximo, porque Você é a Suprema Alma de todos. Eu por isso selecionei Você como meu esposo, ao considerar Você como a única personalidade adequada. Você pode me jogar em quaisquer espécies de vida de acordo com a reação de minhas atividades lucrativas, e eu não tenho a menor preocupação com isso. Minha única ambição é que eu possa sempre estar fixa em Seus pés de lótus, porque Você pode liberar Seus devotos da existência material ilusória e está sempre preparado para distribuir a Si mesmo para Seus devotos".

"Meu querido Senhor, Você me aconselhou a selecionar um dos príncipes como Shishupala, Jarasandha ou Dantavakra, mas qual é a posição deles neste mundo? Eles estão sempre ocupados em trabalho árduo para manter suas vidas familiares, justamente iguais aos bois que trabalham duro dia e noite na máquina de prensar óleo. Eles são comparados a asnos, burros de carga. São sempre desonrados como os cães, e são sempre avarentos como os gatos. Eles se venderam iguais a escravos para suas mulheres. Qualquer mulher desafortunada que nunca ouviu sobre Suas glórias pode aceitar um homem desse como seu esposo, porém uma mulher que aprendeu sobre Você - que Você é louvado não somente neste mundo, mas nos salões de grandes semideuses como o Senhor Brahma e Senhor Shiva - não aceitará ninguém além de Você como seu esposo. Um homem dentro deste mundo material é justamente um corpo morto. De fato, superficialmente, o ser vivo é coberto por este corpo, o que é nada mais do que um saco de pele decorado com barbas e bigodes, pelos no corpo, unhas nos dedos e cabelo na cabeça. Dentro deste saco decorado há fardos de músculos, pacotes de ossos, e poças de sangue, sempre misturados com fezes, urina, muco, bílis e ar poluído, e desfrutado por diferentes tipos de insetos e germes. Uma mulher tola aceita um corpo morto desse como seu esposo e, em equívoco total, ela o ama como seu companheiro querido. Isso só é possível porque uma mulher dessa nunca saboreou o gosto sempre bem-aventurado de Seus pés de lótus".

"Meu querido esposo de olhos de lótus, Você é auto-satisfeito. Você não Se importa se eu sou bela ou qualificada. Você não está nada preocupado com isso. Por isso que o Seu não apego por mim não é nenhum pouco espantoso; é bem natural. Você não pode estar apegado a nenhuma mulher, apesar da posição exaltada e beleza dela. Se Você estiver apegado a mim ou não, possa minha devoção e atenção estarem sempre dedicadas a Seus pés de lótus. O modo material da paixão também é Sua criação, assim quando Você olha para mim apaixonadamente, eu aceito isso como o maior benefício da minha vida. Eu sou ambiciosa somente por esses momentos auspiciosos".

Depois de ouvir a declaração de Rukmini e a elucidação dela sobre cada e toda palavra que Ele usou para despertar a ira de amor dela em direção a Ele, Krishna Se dirigiu a Rukmini como se segue: "Minha querida esposa casta, Minha querida princesa, Eu esperava um esclarecimento assim de você, e por esse propósito somente Eu falei todas essas palavras de brincadeira, para que você pudesse ser enganada sobre o verdadeiro ponto de vista. Agora Meu propósito foi servido. A maravilhosa explanação que você deu sobre toda e cada palavra Minha é completamente real e aprovada por Mim. Ó mais bela Rukmini, você é Minha esposa mais querida. E Eu estou muito satisfeito ao compreender o grande amor que você tem por Mim. Faça o favor de aceitar como garantido não importa qual ambição e desejo que você tenha e não importa o que você espera de Mim, Eu estou sempre a seu serviço. E também é um fato que Meus devotos, Meus mais queridos amigos e servidores, estão sempre livres da contaminação material, mesmo embora eles não sejam inclinados a Me pedir por tal liberação. Meus devotos nunca desejam nada de Mim exceto estarem dedicados a Meu serviço. Ainda assim, porque eles são completamente dependentes de Mim, mesmo se for inclinado a Me pedir alguma coisa, isso não é material. Ambições e desejos assim, em vez de se tornarem a causa do cativeiro material, tornam-se a fonte de liberação deste mundo material".

"Minha querida esposa casta e piedosa, Eu testei, com base na castidade estrita, seu amor por seu marido, e você passou no exame com o máximo de sucesso. Eu agitei você de propósito por falar muitas palavras que não eram aplicáveis a seu caráter, mas Eu estou surpreso de ver que nem uma pitada da sua devoção a Mim foi desviada de sua posição fixa. Minha querida esposa, Eu sou quem concede todas as bênçãos, até mesmo ao padrão da liberação deste mundo material, e sou somente Eu que pode parar a continuação da existência material e chamar a pessoa de volta ao lar, de volta ao Supremo. Alguém cuja devoção a Mim é adulterada Me adora por algum benefício material, justamente para se manter no mundo de felicidade material, que culmina no prazer da vida sexual. Aquele que se dedica a severas penitências e austeridades justamente para obter esta felicidade material está certamente sob a ilusão de Minha energia externa. Pessoas que estão dedicadas a Meu serviço devocional simplesmente para o propósito de ganhos materiais e prazer sensual certamente são muito tolas. Felicidade material baseada na vida sexual está disponível mesmo nas espécies de vida mais abomináveis, como porcos e cães. Ninguém deve tentar se aproximar de Mim por tal felicidade, porque está disponível mesmo se a pessoa for posta numa condição de vida infernal. É melhor portanto, para pessoas que estão simplesmente atrás de felicidade material e não atrás de Mim, permanecerem nessa condição infernal".

A contaminação material é tão forte que todo mundo trabalha muito duro dia e noite para a felicidade material. O espetáculo de religiosidade, austeridade, penitência, humanitarismo, filantropia, política, ciência - tudo é destinado à realização de algum benefício material. Para o sucesso imediato do benefício material, as pessoas materialistas geralmente adoram diferentes semideuses, e sob o encanto das propensões materiais elas às vezes adotam o serviço devocional ao Senhor. Às vezes também acontece de uma pessoa servir ao Senhor sinceramente e ao mesmo tempo manter ambição material, o Senhor muito bondosamente remove as fontes da felicidade material. Sem encontrar nenhum recurso na felicidade material, o devoto então se dedica absolutamente ao serviço devocional puro.

O Senhor Krishna continuou: "Minha querida melhor das rainhas, é claramente compreendido por Mim que você não tem ambição material; seu único propósito é Me servir, e você por muito tempo está dedicada ao serviço imaculado. Serviço devocional imaculado exemplar não só pode conceder ao devoto liberação deste mundo material, mas também promovê-lo ao mundo espiritual por estar sempre ocupado em Meu serviço. Pessoas que são muito dedicadas à felicidade material não podem prestar esse serviço. Mulheres cujos corações estão poluídos e cheios de desejos materiais imaginam vários meios de prazer sensual enquanto externamente se exibem como grandes devotas".

"Minha querida honrada esposa, apesar de Eu ter milhares de esposas, Eu não acho que nenhuma delas pode Me amar mais do que você. A prova prática de sua posição extraordinária é que você nunca Me viu antes do seu casamento; você simplesmente ouviu sobre Mim de uma terceira pessoa, e mesmo assim sua fé em Mim era tão fixa que mesmo na presença de muitos homens qualificados, ricos e belos da ordem real, você não selecionou nenhum deles como seu marido, mas insistiu em ter a Mim. Você negligenciou todos os príncipes presentes, e com muita polidez você Me mandou uma carta confidencial com um convite para Eu seqüestrá-la. Enquanto Eu raptava você, seu irmão mais velho Rukmi violentamente protestou e lutou Comigo. E como resultado da luta, Eu o derrotei sem misericórdia e desfigurei seu corpo. Na época do casamento de Aniruddha, quando estávamos todos entretidos em jogar xadrez, houve outra briga com seu irmão Rukmi num ponto verbal controverso, e Meu irmão mais velho Balarama finalmente o matou. Fiquei surpreso de ver que você não pronunciou nem mesmo uma palavra de protesto sobre esse incidente. Por causa de sua grande ansiedade de que pudesse se separar de Mim, você sofreu todas as conseqüências mesmo sem dizer uma palavra. Como resultado desse grande silêncio, Minha querida esposa, você Me adquiriu para sempre; Eu Me tornei eternamente sob o seu controle. Você mandou seu mensageiro para Me convidar a raptá-la, e quando você percebeu que houve um pequeno atraso na Minha chegada ao local, você começou a ver o mundo como vazio. Naquele momento você concluiu que seu belo corpo não era adequado para ser tocado por ninguém mais; assim, por pensar que Eu não viria, você decidiu cometer suicídio e imediatamente finalizar aquele corpo. Minha querida Rukmini, tão grande e exaltado amor por Mim sempre permanecerá dentro da Minha alma. No que diz respeito a Mim, não está dentro do Meu poder retribuir você por sua devoção imaculada a Mim".

A Suprema Personalidade de Deus Krishna certamente não tem nenhuma obrigação de ser esposo de ninguém ou filho ou pai, porque tudo pertence a Ele e todos estão sob o Seu controle. Ele não precisa da ajuda de ninguém para Sua satisfação. Ele é atmarama, auto-satisfeito; Ele pode derivar todo prazer Dele mesmo, sem a ajuda de ninguém. Quando o Senhor descende para fazer o papel de um ser humano, Ele atua no papel de esposo, filho, amigo ou inimigo, em plena perfeição. Assim, quando Ele atuava como o esposo perfeito das rainhas, especialmente Rukminiji, Ele desfrutou o amor conjugal em perfeição completa.

De acordo com a cultura Védica, embora a poligamia seja permitida, nenhuma das esposas deve ser maltratada. Em outras palavras, alguém pode aceitar muitas esposas somente se ele é capaz de satisfazer todas elas igualmente como um chefe de família ideal; de outra forma, não é permitido. O Senhor Krishna é o professor do mundo; portanto, mesmo apesar de Ele não ter necessidade de uma esposa, Ele Se expandiu em tantas formas quanto Ele tinha esposas, e Ele viveu com elas como o chefe de família ideal, por observar todos os princípios reguladores, regras e comprometimentos de acordo com as leis Védicas e as leis sociais e costumes da sociedade. Para cada uma de Suas 16.108 esposas, Ele simultaneamente manteve diferentes palácios, diferentes estabelecimentos e diferentes atmosferas. Assim o Senhor, apesar de único, exibiu-Se como 16.108 chefes de família ideais.

   

    

Assim termina o significado Bhaktivedanta do Capítulo Cinqüenta e Nove de Krishna, "Conversas entre Krishna e Rukmini".

     

      

Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga

Nitai Gaura Hari Bol

 

"KRISHNA - A Suprema Personalidade de Deus"

 

(Original Sem "Correções")

de

Sua Divina Graça
Sri Srimad Bhaktivedanta Swami Maharaj Prabhupada
Paramahamsa Thakura Mahashaya

   

Capítulo 60

A Tábua Genealógica da Família de Krishna

     

Krishna teve 16.108 esposas, e em cada uma delas Ele concebeu dez filhos, todos eles iguais a seu pai nas opulências de poder, beleza, sabedoria, fama, riqueza e renúncia. "Tal pai tal filho". Todas as 16.108 esposas de Krishna eram princesas, e quando cada uma viu que Krishna estava sempre presente em seu respectivo palácio e não deixava o lar, elas consideraram Krishna como um marido dominado pela mulher e era muito atraído por elas. Cada uma delas achava que Krishna era seu marido muito obediente, mas na realidade Krishna não tinha nenhuma atração por nenhuma delas. Apesar de cada uma pensar que era a única esposa de Krishna e era muito, muito querida por Ele, o Senhor Krishna, por ser atmarama, auto-suficiente, não era nem querido nem inimigo de qualquer uma delas; Ele era igual com todas as Suas esposas e as tratava como o esposo perfeito justamente para agradá-las. Para Ele, não havia necessidade nem mesmo de uma única esposa. De fato, porque eram mulheres, as esposas não podiam entender a posição exaltada de Krishna nem as verdades sobre Ele.

Todas as princesas que eram esposas de Krishna eram primorosamente lindas, e cada uma delas era atraída pelos olhos de Krishna, que eram justamente iguais a pétalas de lótus, e por Sua bela face, braços longos, ouvidos largos, sorriso agradável, fala bem humorada e palavras doces. Influenciadas por essas características de Krishna, todas elas costumavam se vestir de forma muito atraente, com o desejo de atrair Krishna pela influência do encanto do corpo feminino. Elas costumavam exibir suas características femininas por sorrir e mover suas sobrancelhas, assim jogavam flechas afiadas de amor conjugal justamente para despertar os desejos luxuriosos de Krishna por elas. Ainda assim, elas não podiam despertar a mente de Krishna ou Seu apetite sexual. Isso quer dizer que Krishna nunca teve quaisquer relações sexuais com nenhuma de Suas muitas esposas, salvo e exceto para conceber filhos.

As rainhas de Dwaraka eram tão afortunadas que obtiveram o Senhor Sri Krishna como seu esposo e companheiro pessoal, apesar de Ele não ser aproximado por semideuses exaltados como Brahma. Eles permaneceram juntos como esposo e esposa, e Krishna, como o esposo ideal, tratava todas de forma que a cada momento havia um incremento da bem-aventurança transcendental em suas trocas sorridentes, na conversa e convívio juntos. Cada e todas as esposas tinham centenas de milhares de serventes, mesmo assim quando Krishna entrava nos palácios de Suas milhares de esposas, cada uma delas costumava receber Krishna pessoalmente e O sentava numa boa cadeira, e O adorava com toda a parafernália requisitada, lavava Seus pés de lótus pessoalmente, oferecia a Ele nozes de bétel, massageava Suas pernas para aliviá-las da fadiga, e O abanava para deixá-Lo confortável, oferecia todos os tipos de polpa de sândalo perfumada, óleos e aromáticos, punha colares de flores em Seu pescoço, penteava Seu cabelo, e O botava deitado na cama, e O ajudava a tomar Seu banho. Assim elas sempre serviam em todos os aspectos, especialmente enquanto Krishna comia. Elas estavam sempre dedicadas ao serviço do Senhor.

Das 16.108 rainhas de Krishna, cada uma delas teve dez filhos, existe a seguinte lista dos filhos das oito rainhas principais. De Rukmini, Krishna teve dez filhos: Pradyumna, Charudeshna, Sudeshna, Charudeha, Sucharu, Charugupta, Bhadracharu, Caaruchandra, Vicharu e Charu. Nenhum deles era inferior em suas qualidades a seu divino pai, o Senhor Krishna. Similarmente, Satyabhama teve dez filhos, e seus nomes são os seguintes: Bhanu, Subhanu, Svarbhanu, Prabhanu, Bhanuman, Chandrabhanu, Bhrihadbhanu, Atibhanu, Sribhanu e Pratibhanu. A próxima rainha Jambavati, teve dez filhos liderados por Samba. Seus nomes são os seguintes: Samba, Sumitra, Purujit, Shatajit, Sahasrajit, Vijaya, Chitraketu, Vasuman, Dravida e Kratu. O Senhor Krishna era especialmente muito afetuoso com os filhos de Jambavati. De Sua esposa Satya, a filha do Rei Nagnajit, o Senhor Krishna teve dez filhos. Eles são os seguintes: Vira, Chandra, Ashvasena, Chitragu, Vegavan, Vrisha, Ama, Shanku, Vasu e Kunti. Entre todos eles, Kunti era muito poderoso. Krishna teve dez filhos com Kalindi e eles são os seguintes: Shruta, Kavi, Vrisha, Vira, Subahyu, Bhadra, Shanti, Darsha, Purnamasa e o mais novo, Somaka. Para Sua próxima esposa, Lakshmana, a filha do Rei da Província de Madras, Ele concebeu dez filhos, dos nomes: Praghosha, Gatravan, Simha, Bala, Prabala, Urdhvaga, Mahashakti, Saha, Oja e Aparajita. Similarmente, Sua próxima esposa, Mitravinda, teve dez filhos. Eles são os seguintes: Vrika, Harsha, Anila, Gridhra, Vardhana, Annada, Mahamsa, Pavana, Vahni e Kshudhi. Sua próxima esposa, Bhadra teve dez filhos, de nomes Sangramajit, Brihatsena, Shura, Praharana, Arijit, Jaya, Subhadra, Vama, Ayu e Satyaka. Além dessas oito rainhas líderes, Krishna teve 16.100 outras esposas, e todas elas tiveram dez filhos cada.

O filho mais velho de Rukmini, Pradyumna, casou com Mayavati desde seu nascimento, e novamente ele foi casado com Rukmavati, a filha de seu tio materno, Rukmi. Dessa Rukmavati, Pradyumna teve um filho chamado Aniruddha. Assim dessa forma, a família de Krishna - Krishna com Suas esposas, junto com seus filhos e netos e até bisnetos - todos combinados juntos incluía muito perto de um bilhão de membros familiares.

Rukmi, o irmão mais velho da primeira esposa de Krishna, Rukmini, foi grandemente humilhado e insultado em sua luta com Krishna, mas por solicitação de Rukmini a vida dele foi salva. Desde então, Rukmi manteve um grande rancor contra Krishna e era sempre hostil com Ele. Apesar de tudo, sua filha foi casada com o filho de Krishna, e sua neta foi casada com o neto de Krishna, Aniruddha. Esse fato pareceu um pouco estranho para Maharaja Parikshit quando ele ouviu isso de Shukadeva Goswami. "Estou surpreso que Rukmi e Krishna, que eram tão inimigos um do outro, puderam ficar unidos novamente por relações de estado civil entre seus descendentes". Parikshit Maharaja ficou curioso sobre o mistério desse incidente, e por isso ele inquiriu mais além de Shukadeva Goswami. Porque Shukadeva Goswami era um yogi prático, nada ficava escondido de seu poder de introspecção. Um yogi perfeito como Shukadeva Goswami pode ver passado, presente e futuro em todos detalhes. Portanto, desses yogis ou místicos não pode haver nada escondido. Quando Parikshit Maharaja inquiriu de Shukadeva Goswami, Shukadeva Goswami respondeu como se segue.

Pradyumna, o filho mais velho de Krishna, nascido de Rukmini, era o próprio Cupido. Ele era tão bonito e atraente que a filha de Rukmi, chamada Rukmavati, não pôde selecionar nenhum outro esposo além de Pradyumna durante seu swayamvara. Assim, nesse encontro de seleção, ela pôs o colar de flores em Pradyumna na presença de todos os outros príncipes. Quando houve um combate entre os príncipes, Pradyumna saiu vitorioso, e por isso Rukmi foi obrigado a oferecer sua linda filha a ele. Apesar de uma inimizade muito longa sempre a arder no coração de Rukmi porque foi insultado pelo rapto de sua irmã, Rukmini, por Krishna, quando sua filha selecionou Pradyumna como seu esposo, Rukmi não pôde resistir em consentir a cerimônia de casamento justamente para agradar sua irmã, Rukmini. Assim Pradyumna se tornou o sobrinho de Rukmi. Além dos dez filhos descritos acima, Rukmini teve uma linda filha com olhos grandes, e ela foi casada com o filho de Kritavarma, cujo nome era Bali.

Apesar de Rukmi ser um inimigo verdadeiro de Krishna, ele tinha uma grande afeição por sua irmã, Rukmini, e ele queria satisfazê-la em todos aspectos. Por causa disso, quando o neto de Rukmini, Aniruddha, estava para casar, Rukmi ofereceu sua bisneta Rochana a Aniruddha. Esse casamento entre primos imediatos não é muito sancionado pela cultura Védica, mas para agradar Rukmini, Rukmi ofereceu sua filha e bisneta para o filho e o bisneto de Krishna. Dessa forma, quando a negociação do casamento de Aniruddha com Rochana estava completa, um grande grupo de casamento acompanhou Aniruddha e partiram de Dwaraka. Eles viajaram até chegarem a Bhojakata, que Rukmi tinha colonizado depois que sua irmã foi raptada por Krishna. Esse grupo do casamento foi liderado pelo avô, chamado Senhor Krishna, acompanhado pelo Senhor Balarama, e também pela esposa de Krishna, Rukmini, Seu filho Pradyumna, o filho de Jambavati, Samba, e muitos outros parentes e membros familiares. Eles chegaram à cidade de Bhojakata, e a cerimônia de casamento foi realizada pacificamente.

O Rei de Kalinga era um amigo de Rukmi e ele lhe deu o mau conselho de jogar com Balarama e assim derrotá-Lo numa aposta. Entre os reis kshatriya, apostas e jogo de xadrez não era incomum. Se alguém desafiava uma amigo para jogar no tabuleiro de xadrez, o amigo não podia negar o desafio. Sri Balaramaji não era um jogador de xadrez muito habilidoso, e isso era sabido pelo Rei de Kalinga. Por isso Rukmi foi aconselhado a retaliar contra os membros da família de Krishna por desafiar Balarama a jogar xadrez. Apesar de não ser um jogador de xadrez muito habilidoso, Sri Balaramaji ficava muito entusiasmado com atividades esportivas. Ele aceitou o desafio de Rukmi e sentou para jogar. As apostas eram com moedas de ouro, e Balarama primeiro de tudo desafiou com uma aposta de cem moedas, depois 1.000 moedas, depois 10.000 moedas. Todas as vezes, Balarama perdeu, e Rukmi saiu vitorioso.

Sri Balarama perder o jogo foi uma oportunidade para o Rei de Kalinga criticar Krishna e Balarama. Assim o Rei de Kalinga falava jocosamente e de propósito mostrava seus dentes a Balarama. Porque Balarama foi o perdedor do jogo, Ele ficou um pouco intolerante com as palavras sarcásticas de gracejo. Ele ficou um pouco agitado e quando Rukmi desafiou Balarama novamente, Ele fez uma aposta de 100.000 moedas de ouro. Felizmente, dessa vez Balarama venceu. Apesar de Balaramaji ganhar, Rukmi, por astúcia, começou a declarar que Balarama era o perdedor e que ele mesmo que ganhou. Por causa dessa mentira, Balaramaji ficou muito bravo com Rukmi. Sua agitação foi tão repentina e grandiosa que parecia como uma onda de maremoto no oceano num dia de lua cheia. Os olhos de Balarama eram naturalmente avermelhados, e quando Ele ficou agitado e irado, Seus olhos ficaram mais avermelhados ainda. Dessa vez Ele desafiou e fez uma aposta de cem milhões de moedas.

Novamente Balarama foi o vencedor de acordo com as regras do xadrez, mas Rukmi de novo astutamente começou a declarar que ele tinha ganhado. Rukmi apelou aos príncipes presentes, e especialmente mencionou o nome do Rei de Kalinga. Nesse momento, houve uma voz do ar durante a disputa, e anunciou que para todos os propósitos honestos, Balarama, o verdadeiro vencedor do jogo, foi insultado e que a declaração de Rukmi que ele tinha ganhado era absolutamente falsa.

Apesar dessa voz divina, Rukmi insistiu que Balarama perdeu, e por sua persistência, parecia que ele tinha a morte sobre sua cabeça. Falsamente arrogante pelo mau conselho de seu amigo, ele não deu muita importância ao oráculo, e ele começou a criticar Balaramaji. Ele disse: "Meu querido Balaramaji, Vocês dois irmãos, apenas meninos pastores de vacas, podem ser muito habilidosos em pastorear as vacas, mas como Vocês podem ser peritos em jogar xadrez ou atirar flechas no campo de batalha? Essas artes são bem conhecidas somente pela ordem principesca". Ao ouvir esse tipo de fala provocativa por Rukmi e ao ouvir a risada alta de todos os outros príncipes presentes ali, o Senhor Balarama ficou tão agitado quanto carvão em brasa. Ele imediatamente pegou a maça com Sua mão, e sem mais nenhuma conversa, golpeou Rukmi na cabeça. Com esse único golpe, Rukmi caiu imediatamente e estava morto e passado. Assim Rukmi foi morto por Balarama naquela ocasião auspiciosa do casamento de Aniruddha.

Essas coisas não são muito incomuns na sociedade kshatriya, e o Rei de Kalinga, com medo de que seria o próximo a ser atacado, fugiu da cena. Antes que ele pudesse escapar apenas alguns passos, todavia, Balaramaji imediatamente o capturou e, porque o Rei mostrava sempre os seus dentes enquanto criticava Balarama e Krishna, quebrou todos seus dentes com Sua maça. Os outros príncipes que apoiavam o Rei de Kalinga e Rukmi também foram capturados, e Balarama bateu neles com Sua maça, e quebrou as pernas e mãos deles. Eles não tentaram retaliar contudo acharam inteligente fugir da cena sangrenta.

Durante essa briga entre Balarama e Rukmi, o Senhor Krishna não pronunciou uma palavra, porque Ele sabia que se apoiasse Balarama, Rukmini ficaria infeliz, e se Ele dissesse que matar Rukmi foi injusto, então Balarama ficaria infeliz. Por isso, o Senhor Krishna ficou em silêncio na morte de Seu cunhado, Rukmi, na ocasião do casamento de Seu neto. Ele não perturbou nem Sua relação afetuosa com Balarama ou com Rukmini. Depois disso, o noivo e a noiva foram sentados cerimoniosamente na carruagem, e partiram para Dwaraka, acompanhados pelo partido do noivo. O partido do noivo era sempre protegido pelo Senhor Krishna, o matador do demônio Madhu. Assim eles deixaram o reino de Rukmi, Bhojakata, e com alegria partiram para Dwaraka.

    

    

Assim termina o significado Bhaktivedanta do Capítulo Sessenta de Krishna, "A Tábua Genealógica da Família de Krishna".

    

     

Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga

Nitai Gaura Hari Bol

 

"KRISHNA - A Suprema Personalidade de Deus"

 

(Original Sem "Correções")

de

Sua Divina Graça
Sri Srimad Bhaktivedanta Swami Maharaj Prabhupada
Paramahamsa Thakura Mahashaya

   

Capítulo 61

O Encontro de Usha e Aniruddha

     

O encontro de Aniruddha e Usha, que causou uma grande luta entre o Senhor Krishna e o Senhor Shiva, é muito misteriosa e interessante. Maharaja Parikshit estava ansioso para ouvir a história inteira de Shukadeva Goswami, e assim Shukadeva a narrou: "Meu querido Rei, você deve ter ouvido o nome do Rei Bali. Ele era um grande devoto que deu em caridade tudo o que ele tinha - a saber, o mundo inteiro - para o Senhor Vamana, a encarnação de Vishnu como um brahmana anão. O Rei Bali teve cem filhos, e o mais velho deles era Banasura".

Esse grande herói Banasura, nascido de Maharaja Bali, era um grande devoto do Senhor Shiva e estava sempre pronto a prestar serviço a ele. Por causa de sua devoção, ele alcançou uma grande posição na sociedade, e ele era honrado em todo aspecto. Na realidade, ele era inteligente e liberal também, e suas atividades são todas dignas de louvor porque ele nunca desviou de sua promessa e palavra de honra; ele era muito veraz e fixo em seu voto. Naqueles dias, ele governava a cidade de Shonitapura. Pela graça do Senhor Shiva, Banasura tinha mil mãos, e ele se tornou tão poderoso que mesmo semideuses como o Rei Indra o serviam iguais a servos mais obedientes.

Muito tempo atrás, quando o Senhor Shiva dançava em sua célebre forma chamada tandava-nritya, pela qual ele é conhecido como Nataraja, Banasura ajudou o Senhor Shiva na sua dança por tocar tambores ritmicamente com suas mil mãos. O Senhor Shiva é bem conhecido como Ashutosha, agradado muito facilmente, e também ele tem muita afeição por seus devotos. Ele é um grande protetor de pessoas que se abrigam nele e é o mestre de todos os seres vivos dentro deste mundo material. Satisfeito com Banasura, ele disse, "Qualquer coisa que você desejar, pode obter de mim porque estou muito satisfeito com você". Banasura respondeu: "Meu querido Senhor, se você fizer o favor, pode permanecer em minha cidade só para me proteger das mãos de meus inimigos".

Certa vez, Banasura veio oferecer seus respeitos para o Senhor Shiva. Ao tocar os pés de lótus do Senhor Shiva com seu elmo, que brilhava igual ao globo solar, ele ofereceu suas reverências a ele. Enquanto oferecia suas respeitosas reverências, Banasura disse: "Meu querido Senhor, qualquer um que não satisfez sua ambição será capaz de fazer isso por se abrigar em seus pés de lótus, que são como árvores do desejo - pode-se pegar delas qualquer coisa que se desejar. Meu querido Senhor, você me deu mil braços, mas eu não sei o que fazer com eles. Por favor me perdoe, mas parece que não posso usá-los propriamente no combate. Eu não consigo encontrar ninguém competente para lutar comigo exceto Vossa Divindade, o pai original do mundo material. Às vezes eu sinto uma grande tendência de lutar com meus braços, e eu saio para encontrar alguém adequado. Infelizmente, todos fogem, por conhecerem meu poder extraordinário. Frustrado por não achar um adversário, eu simplesmente satisfaço a coceira de meus braços por bater com eles contra as montanhas. Assim dessa forma, eu quebrei muitas grandes montanhas em pedaços".

O Senhor Shiva realizou que sua bênção se tornou problemática para Banasura e se dirigiu a ele: "Seu velhaco! Você está muito ansioso para lutar, mas porque você não tem ninguém para lutar com, está deprimido. Apesar de você pensar que não existe ninguém no mundo para se opor a você com a exceção de mim, eu digo que você eventualmente encontrará essa pessoa competente. Nessa hora, seus dias chegarão ao fim, e sua bandeira de vitória não tremulará mais. Então você verá seu falso prestígio destroçado em pedaços"!

Depois de ouvir a declaração do Senhor Shiva, Banasura ficou muito envaidecido com seu poder. Ele ficou excitado pois encontraria alguém que fosse capaz de destroçá-lo em pedaços. Banasura então retornou ao lar com grande prazer, e ele sempre esperou pelo dia quando um guerreiro adequado viria para cortar sua força. Ele era um demônio tão tolo. Parece que tolos, seres humanos demoníacos, quando desnecessariamente dominados por opulências materiais, querem exibir essas opulências, e tais pessoas tolas sentem satisfação quando essas opulências são exauridas. A idéia é que eles não sabem como gastar sua energia em causas certas, pois não são cientes sobre o benefício da Consciência de Krishna. Na realidade, existem duas classes de homens - um é consciente de Krishna, e o outro é não consciente de Krishna. Os homens não conscientes de Krishna geralmente são devotados aos semideuses, enquanto os homens conscientes de Krishna são devotados à Suprema Personalidade de Deus. Pessoas conscientes de Krishna utilizam tudo para o serviço do Senhor. As pessoas não conscientes de Krishna utilizam tudo para o prazer sensual, e Banasura é um exemplo perfeito de uma pessoa assim. Ele estava muito ansioso para utilizar para a sua própria satisfação o seu poder extraordinário de luta. Sem encontrar nenhum combatente, ele golpeava suas mãos poderosas contra as montanhas, e as quebrava em pedaços. Em contraste a isso, Arjuna também possuía poderes extraordinários de combate, mas eles os utilizava somente para Krishna.

Banasura tinha uma filha muito bonita, cujo nome era Usha. Quando alcançou a idade de casamento e dormia entre suas muitas amigas, ela sonhou uma noite que Aniruddha estava a seu lado e ela desfrutava uma relação conjugal com ele, embora ela nunca tê-lo visto realmente nem ouvido sobre ele antes. Ela acordou de seu sonho a exclamar muito alto: "Meu querido amado, quem é você"? Exposta para suas outras amigas dessa forma, ela ficou um pouco envergonhada. Uma das amigas de Usha era Chitralekha, que era filha do primeiro ministro de Banasura. Chitralekha e Usha eram amigas íntimas, e por causa de muita curiosidade, Chitralekha perguntou: "Minha querida bela princesa, como até agora você não casou com nenhum jovem rapaz, nem você viu quaisquer rapazes até agora; estou surpresa que você exclamou dessa forma. Quem você procura? Quem é o seu par adequado"?

Ao ouvir as indagações de Chitralekha, Usha respondeu: "Minha querida amiga, em meu sonho, vi um belo jovem rapaz que é muito, muito belo. Sua tez é escura, seus olhos são justamente iguais a pétalas de lótus, e está vestido com roupas amarelas. Seus braços são muito longos, e suas características corpóreas em geral são tão agradáveis que qualquer jovem moça ficaria atraída. Eu sinto muito orgulho de dizer que esse jovem rapaz me beijava, e ele apreciava muito o néctar de seu beijar. Lamento informá-la que justamente depois disso ele desapareceu, e eu entrei num redemoinho de desapontamento. Minha querida amiga, estou muito ansiosa para encontrar esse jovem homem maravilhoso, o desejado senhor do meu coração".

Depois de ouvir as palavras de Usha, Chitralekha imediatamente respondeu: "Eu posso entender seu desânimo, e eu asseguro você que se esse menino está dentro destes três mundos - os sistemas planetários superior, médio e inferior - eu vou encontrá-lo para a sua satisfação. Se você puder identificá-lo de seu sonho, eu lhe trarei paz da mente. Agora, vou desenhar alguns retratos para você verificar, e logo que ache o retrato de seu esposo desejado, deixe-me saber. Não importa onde ele esteja; eu sei a arte de trazê-lo aqui. Portanto, logo que você o identifique, eu vou arranjar imediatamente para isso".

Chitralekha enquanto falava, começou a desenhar muitos retratos de semideuses e habitantes dos sistemas planetários superiores, então retratos dos Gandharvas, Siddhas, Charanas, Pannagas, Daityas, Vidyadharas e Yakshas, e também de muitos seres humanos. (As declarações do Srimad Bhagavatam e outras literaturas Védicas provam definitivamente que em cada e todo planeta existem seres vivos de diferentes variedades. Portanto, é tolice afirmar que não existem seres vivos além dos que existem nesta Terra). Chitralekha pintou muitos retratos. Entre aqueles dos seres humanos estava a dinastia Vrishni, inclusive Vasudeva, o pai de Krishna, Shurasena, o avô de Krishna, Sri Balaramaji, o Senhor Krishna e muitos outros. Quando Usha viu o retrato de Pradyumna, ficou um pouco envergonhada, mas quando ela viu o retrato de Aniruddha, ela ficou tão envergonhada que imediatamente abaixou sua cabeça e sorriu. Havia encontrado o homem que procurava. Ela identificou o retrato para Chitralekha como o do homem que roubou seu coração.

Chitralekha era uma grande yogini mística, e logo que Usha identificou o retrato, embora nenhuma das duas nunca tê-lo visto nem sabiam seu nome, Chitralekha pôde entender imediatamente que o retrato era de Aniruddha, o neto de Krishna. Naquela mesma noite, ela viajou no espaço sideral e dentro de muito pouco tempo alcançou a cidade de Dwaraka, que era bem protegida por Krishna. Ela entrou no palácio e encontrou Aniruddha que dormia em seu quarto numa cama muito opulenta. Chitralekha, com seu poder místico, imediatamente trouxe Aniruddha, naquela condição de sono, para a cidade de Shonitapura para que Usha pudesse ver seu esposo desejado. Usha imediatamente explodiu de felicidade e começou a desfrutar a companhia de Aniruddha com grande satisfação.

O palácio onde Usha e Chitralekha viviam era tão bem fortificado que era impossível para qualquer masculino tanto entrar quanto ver dentro. Usha e Aniruddha viveram juntos no palácio, e dia após dia o amor de Usha por Aniruddha crescia quatro vezes quatro vezes. Usha satisfazia Aniruddha com suas roupas valiosas, flores, colares de flores, essências e incenso. Em seu assento ao lado da cama havia outra parafernália para propósitos residenciais - boas bebidas como leite e sorvete e boas comidas que podiam ser mastigadas ou engolidas. Acima de tudo, ela o agradava com palavras doces e serviço muito amável. Aniruddha era adorado por Usha como se ele fosse a Suprema Personalidade de Deus. Pelo seu serviço excelente, Usha fez Aniruddha esquecer todas as outras coisas e foi capaz de atrair sua atenção e amor para ela sem desvio. Em tal atmosfera de amor e serviço, Aniruddha praticamente se esqueceu de si mesmo e não conseguia recordar quantos dias tinha ficado longe de seu verdadeiro lar.

No devido curso do tempo, Usha exibiu alguns sintomas corpóreos pelos quais podia-se entender que ela tinha intercurso com um amigo masculino. Os sintomas eram tão proeminentes que as ações dela não podiam mais serem escondidas de ninguém. Usha estava realmente feliz na associação com Aniruddha, mas ela não conhecia os limites de sua satisfação. O zelador e o vigia do palácio puderam adivinhar com muita facilidade que ela tinha relações com um amigo masculino, e sem esperar por mais desenvolvimento, todos eles informaram seu mestre, Banasura. Na cultura Védica, uma moça não casada que tem associação com um masculino é a maior desgraça para a família, e por isso o cuidador informou cautelosamente seu mestre que Usha desenvolvia sintomas que indicavam uma associação desgraçada. Os serventes informaram seu mestre que não foram negligentes de nenhum modo na guarda da casa, alertas dia e noite contra qualquer homem jovem que pudesse entrar. Eles eram tão cuidadosos que um masculino não podia nem ver o que acontecia lá dentro, e eles ficaram surpresos como ela ficou contaminada. Desde que eles não conseguiram traçar a razão para isso, submeteram a situação inteira perante seu mestre.

Banasura ficou chocado ao entender que sua filha Usha não era mais uma donzela virgem. Isso pesou duramente em seu coração, e sem demora ele correu em direção ao palácio onde Usha vivia. Lá ele viu que Usha e Aniruddha estavam sentados juntos e conversavam. Usha e Aniruddha pareciam muito belos juntos, Aniruddha que é filho de Pradyumna, era Cupido em pessoa. Banasura viu sua filha e Aniruddha como um par adequado, mesmo assim por causa do prestígio da família, ele não gostou da combinação nenhum pouco. Banasura não pôde entender quem era o rapaz de verdade. Ele apreciou o fato que Usha não poderia ter selecionado ninguém nos três mundos mais belo. A tez de Aniruddha era brilhante e escura. Ele estava vestido com roupas amarelas e tinha olhos iguais a pétalas de lótus. Seus braços eram muito longos, e ele tinha belo cabelo, encaracolado e azulado. Os raios brilhantes de seus brincos cintilantes e seu belo sorriso em seus lábios eram cativantes. Mesmo assim, Banasura estava muito irado.

Quando Banasura o viu, Aniruddha estava entretido em brincar com Usha. Aniruddha estava belamente vestido, e Usha colocou um colar de flores com várias flores belas nele. O pó de kunkuma avermelhado colocado nos seios das mulheres tinha manchado o colar aqui e ali, o que indicava que Usha o tinha abraçado. Banasura estava abismado com isso, mesmo em sua presença, Aniruddha estava sentado pacificamente na frente de Usha. Aniruddha sabia, entretanto, que seu futuro sogro não estava satisfeito nenhum pouco e reunia muitos soldados no palácio para atacá-lo.

Assim, sem encontrar nenhuma arma, Aniruddha pegou uma grande barra de ferro e ficou em pé perante Banasura e seus soldados. Ele firmemente assumiu a postura que indicava que se fosse atacado, abateria todos os soldados no chão com a barra de ferro. Banasura e sua companhia de soldados viram que o menino estava em pé diante deles justamente igual ao superintendente da morte com seu bastão invencível. Agora sob a ordem de Banasura, os soldados de todos os lados tentaram capturá-lo e prendê-lo. Quando ousavam chegar perto dele, Aniruddha os golpeava com o bastão, e quebrava suas pernas, braços e coxas, e um depois do outro começaram a cair no chão. Ele os matou justamente igual ao líder dum bando de falcões mata cães que ladram, um depois do outro. Dessa forma, Aniruddha foi capaz de escapar do palácio.

Banasura conhecia muitas artes de combate, e pela graça do Senhor Shiva ele sabia como prender um inimigo oponente pelo uso de nagapasha, laço da serpente, e dessa forma Aniruddha foi capturado assim que saiu do palácio. Quando Usha recebeu a notícia que seu pai prendeu Aniruddha, ficou dominada pela tristeza e confusão. Lágrimas começaram a escorrer dos olhos dela, e incapaz de se conter, começou a chorar muito alto.

   

     

Assim termina o significado Bhaktivedanta do Capítulo Sessenta e Um de Krishna, "O Encontro de Usha e Aniruddha".

    

     

 

 

Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga

Nitai Gaura Hari Bol

 

"KRISHNA - A Suprema Personalidade de Deus"

 

(Original Sem "Correções")

de

Sua Divina Graça
Sri Srimad Bhaktivedanta Swami Maharaj Prabhupada
Paramahamsa Thakura Mahashaya

   

Capítulo 62

Krishna Luta com Banasura

     

Quando os quatro meses da estação das chuvas passaram e Aniruddha não retornou para o lar, todos os membros da família Yadu ficaram muito perturbados. Eles não conseguiam entender como o menino estava ausente. Felizmente, um dia o grande sábio Narada veio e informou a família sobre o desaparecimento de Aniruddha do palácio. Ele explicou como Aniruddha foi carregado para a cidade de Shonitapura, a capital do império de Banasura, e como Banasura o prendeu com o nagapasha, mesmo apesar de Aniruddha derrotar seus soldados. Essa notícia foi dada em detalhes, e toda a história foi revelada. Os membros da dinastia Yadu, todos os quais tinham grande afeição por Krishna, prepararam para atacar a cidade de Shonitapura. Praticamente todos os líderes da família, inclusive Pradyumna, Satyaki, Gada, Samba, Sarana, Nanda, Upananda e Bhadra, combinaram-se juntos e reuniram dezoito divisões militares akshauhini em falanges. Então eles todos se dirigiram à cidade de Shonitapura e a cercaram com soldados, elefantes, cavalos e quadrigas.

Banasura ouviu que os soldados da dinastia Yadu atacavam a cidade inteira, e destruíam vários muros, portais, e jardins dos arredores. Ele ficou muito irado e imediatamente ordenou seus soldados, que eram de igual calibre, para irem e enfrentá-los. O Senhor Shiva era tão bondoso com Banasura que veio pessoalmente como comandante supremo da força militar, assistido por seus filhos heróicos Karttikeya e Ganapati. Montado em seu touro favorito, Nandishvara, o Senhor Shiva conduziu o combate contra o Senhor Krishna e Balarama. Podemos simplesmente imaginar como foi o combate - o Senhor Shiva com seus filhos valentes num lado e o Senhor Krishna, a Suprema Personalidade de Deus, e Seu irmão mais velho, Sri Balaramaji, no outro lado. A luta foi tão violenta que aqueles que viram a batalha ficaram impressionados, e seus pêlos do corpo se arrepiaram. O Senhor Shiva estava engajado em lutar diretamente com o Senhor Krishna, Pradyumna estava engajado com Karttikeya, e o Senhor Balarama estava engajado com o comandante supremo de Banasura, Kumbhanda, que era assistido por Kupakarna. Samba, o filho de Krishna, estava engajado no combate com o filho de Banasura, e Banasura estava engajado no combate com Satyaki, comandante supremo da dinastia Yadu. Assim dessa forma, a batalha foi travada.

A notícia da luta se espalhou por todo o universo. Semideuses como o Senhor Brahma, dos sistemas planetários superiores, juntos com grandes sábios e pessoas santificadas, Siddhas, Charanas e Gandharvas - todos muito curiosos para ver a luta entre o Senhor Shiva, Senhor Krishna e seus assistentes - pairavam sobre o campo de batalha em seus aeroplanos. O Senhor Shiva é chamado de bhuta-natha, pois é assistido por vários tipos de fantasmas poderosos e habitantes do inferno - bhutas, pretas, pramathas, guhyakas, dakinis, pishachas, kushmandas, vetalas, vinayakas e brahma-rakshasas. (De todos os tipos de fantasmas, os brahma-rakshasas são muito poderosos. Brahmanas transferidos à função de fantasmas se tornam brahma-rakshasas).

A Suprema Personalidade de Deus Sri Krishna simplesmente espantou esses fantasmas do campo de batalha, e os surrava com Seu célebre arco, Sharangadhanu, [Sharanga]. O Senhor Shiva começou a lançar todas as suas armas selecionadas sobre a Personalidade de Deus. O Senhor Sri Krishna, sem nenhuma dificuldade, anulou todas essas armas com armas de contra-ataque. Ele anulou a brahmastra, similar à bomba atômica, com outra brahmastra, e uma arma de ar com uma arma de montanha. Quando o Senhor Shiva lançou uma arma particular que causou um furacão violento no campo de batalha, o Senhor Krishna apresentou justamente o elemento oposto, uma arma de montanha que segurou o furacão no local. Similarmente, quando o Senhor Shiva lançou sua arma de fogo devastador, Krishna contra-atacou com torrentes de chuva.

Por último, quando o Senhor Shiva lançou sua arma pessoal, chamada pashupata-shastra, Krishna imediatamente a contra-atacou com a narayana-shastra. O Senhor Shiva então ficou exasperado em lutar com o Senhor Krishna. Krishna então aproveitou a oportunidade para lançar Sua arma de bocejo. Quando essa arma é lançada, o partido oposto fica cansado, pára de lutar, e começa a bocejar. Conseqüentemente, o Senhor Shiva ficou tão fatigado que se recusou a lutar mais e começou a bocejar. Krishna agora era capaz de voltar Sua atenção do ataque do Senhor Shiva para as forças de Banasura, e Ele começou a matar seus soldados pessoais com espadas e maças. Nesse meio tempo, o filho do Senhor Krishna Pradyumna lutava ferozmente com Karttikeya, o comandante supremo dos semideuses. Karttikeya foi ferido e seu corpo sangrava profusamente. Nessa condição, ele deixou o campo de batalha e, sem lutar mais, foi embora no dorso de seu pavão transportador. Similarmente, o Senhor Balarama esmagava o comandante supremo de Banasura, Kumbhanda, com os golpes de Sua maça. Kupakarna também estava ferido dessa forma, e ambos, ele e Kumbhanda, caíram no campo de batalha, com o comandante supremo ferido fatalmente. Sem comando, todos os soldados de Banasura se espalharam de cá para lá.

Quando Banasura viu que seus soldados e comandantes foram derrotados, sua ira só incrementou. Ele achou inteligente parar de lutar com Satyaki, o comandante supremo de Krishna, e em vez disso atacar o Senhor Krishna. Agora com a oportunidade de usar suas mil mãos, ele correu em direção a Krishna, simultaneamente operando 500 arcos e 2.000 flechas. Tal pessoa tola nunca poderia medir o poder de Krishna. Imediatamente, sem nenhuma dificuldade, Krishna quebrou cada arco de Banasura em pedaços e, para impedi-lo de avançar, fez os cavalos da quadriga dele deitarem no chão. A quadriga então quebrou em pedaços. Depois de fazer isso, Krishna soprou Seu búzio, Panchajanya.

Havia uma semideusa chamada Kotara que era adorada por Banasura, e a relação deles era de mãe para filho. Mãe Kotara estava perturbada porque a vida de Banasura estava em perigo, assim ela apareceu em cena. Com o corpo nu e cabelo desgrenhado, ela ficou na frente do Senhor Krishna. Sri Krishna não gostou da visão daquela mulher nua, e para evitar vê-la, Ele virou Sua face. Banasura, ao obter essa chance, aproveitou para escapar do ataque de Krishna, e deixou o campo de batalha. Todas as cordas de seus arcos estavam quebradas, e não havia quadriga ou cocheiro, assim ele não teve alternativa além de retornar para sua cidade. Ele perdeu tudo na batalha.

Grandemente feridos pelas flechas de Krishna, todos os associados do Senhor Shiva, os duendes e fantasmagóricos bhutas, pretas e kshatriyas, deixaram o campo de batalha. O Senhor Shiva então pegou seu último recurso. Ele lançou sua maior arma mortal, conhecida como Shivajwara, que destrói pela temperatura excessiva. É dito que no fim desta criação o Sol fica doze vezes mais escaldante do que de costume. Essa temperatura doze vezes mais quente se chama Shivajwara. Quando a Shivajwara personificada foi lançada, ele tinha três cabeças e três pernas, e à medida que ele ia em direção a Krishna parecia que ele queimava tudo até as cinzas. Ele era tão poderoso que fez o fogo ardente aparecer em todas as direções, e Krishna observou que ele ia especificamente em direção a Ele.

Do mesmo modo que existe a arma Shivajwara, também existe a Narayanajwara. Narayanajwara é representada pelo frio excessivo. Quando há calor excessivo, a pessoa pode de uma forma ou outra tolerá-lo, mas quando há frio excessivo, tudo entra em colapso. Isso é realmente experimentado por uma pessoa na hora da morte. Na hora da morte, a temperatura do corpo primeiro incrementa até 42°C, então todo o corpo entra em colapso e imediatamente se torna frio como gelo. Para contra-atacar o calor escaldante da Shivajwara, não há outra arma além de Narayanajwara.

Quando o Senhor Krishna viu que a Shivajwara foi lançada pelo Senhor Shiva, Ele não teve outro recurso além de lançar a Narayanajwara. O Senhor Sri Krishna é o Narayana original e o controlador da arma Narayanajwara. Quando a Narayanajwara foi lançada, houve uma grande luta entre as duas jwaras. Quando o calor excessivo é contra-atacado pelo frio excessivo, é natural para a temperatura quente reduzir gradualmente, e isso foi o que aconteceu na luta entre Shivajwara e Narayanajwara. Gradualmente, a temperatura da Shivajwara diminuiu, e a Shivajwara começou a gritar pela ajuda do Senhor Shiva, entretanto o Senhor Shiva estava incapaz para ajudá-la na presença da Narayanajwara. Incapaz de obter qualquer ajuda do Senhor Shiva, Shivajwara entendeu que não tinha nenhum outro meio para escapar além de se render a Narayana, o Senhor Krishna em Pessoa. O Senhor Shiva, o maior de todos os semideuses, não pôde ajudá-lo, o que dizer de semideuses menores, e assim Shivajwara ultimamente se rendeu a Krishna, por se prostrar perante Ele e oferecer uma prece para que o Senhor pudesse ficar satisfeito com ele e lhe dar proteção.

Por esse incidente da luta entre as armas últimas do Senhor Shiva e Senhor Krishna está provado que se Krishna der proteção a alguém, ninguém pode matá-lo. Todavia se Krishna não der nenhuma proteção, ninguém pode salvá-lo. O Senhor Shiva é chamado Mahadeva, maior de todos os semideuses, apesar de às vezes o Senhor Brahma ser considerado o maior dos todos os semideuses, porque ele pode criar, enquanto o Senhor Shiva pode aniquilar as criações de Brahma. Contudo tanto o Senhor Brahma quanto o Senhor Shiva agem apenas em uma capacidade. O Senhor Brahma pode criar, e o Senhor Shiva pode aniquilar, porém nenhum dos dois pode manter. O Senhor Vishnu, entretanto, não somente mantém, mas Ele cria, e aniquila também. Na realidade, a criação não é efetuada por Brahma, porque o próprio Brahma é criado pelo Senhor Vishnu. O Senhor Shiva é criado, ou nascido, de Brahma. A Shivajwara assim compreendeu que sem Krishna ou Narayana, ninguém poderia ajudá-lo. Ele assim certamente tomou abrigo no Senhor Krishna e, com mãos postas, começou a oferecer preces como se segue.

"Meu querido Senhor, eu ofereço minhas respeitosas reverências a Você porque Você possui potências ilimitadas. Ninguém pode superar Suas potências, e por isso Você é o Senhor de todos. Geralmente as pessoas consideram o Senhor Shiva como a personalidade mais poderosa no mundo material, porém o Senhor Shiva não é todo-poderoso; Você é todo-poderoso. Isso é real. Você é a consciência original ou conhecimento. Sem conhecimento ou consciência, nada pode ser poderoso. Uma coisa material pode ser poderosa, mas sem o toque do conhecimento ou consciência não pode agir. Uma máquina material pode ser muito gigantesca e maravilhosa, mas sem o toque da consciência de alguém e com conhecimento, a máquina material é inútil para todos os propósitos. Meu Senhor, Você é conhecimento completo, e não há uma mácula de contaminação material em Sua personalidade. O Senhor Shiva pode ser um semideus muito poderoso por causa do seu poder específico de aniquilar a criação inteira, e similarmente, o Senhor Brahma pode ser muito poderoso porque ele pode criar o universo inteiro, mas realmente nem Brahma nem o Senhor Shiva são a causa original desta manifestação cósmica. Você é a Verdade Absoluta, o Brahman Supremo, e Você é a causa original. A causa original da manifestação cósmica não é a refulgência do Brahman impessoal. Essa refulgência do Brahman impessoal repousa em Você pessoalmente". Como confirmado no Bhagavad-gita, a causa do Brahman impessoal é o Senhor Krishna. Essa refulgência do Brahman é parecida com brilho solar que emana do globo solar. Portanto, o Brahman impessoal não é a causa última. A causa última de tudo é a suprema forma eterna de Krishna. Todas as ações e reações materiais acontecem no Brahman impessoal, mas no Brahman pessoal, a forma eterna de Krishna, não existe ação e reação. "Meu Senhor, Seu corpo é portanto completamente calmo, completamente bem-aventurado e desprovido de contaminação material".

"No corpo material existem ações e reações dos três modos da natureza material. O fator tempo é o elemento mais importante e está acima de todos os outros, porque a manifestação material é efetuada pela agitação do tempo. Assim os fenômenos naturais vêm a existir, e logo que há os aparecimentos dos fenômenos, as ações lucrativas são visíveis. Como resultado dessas atividades lucrativas, o ser vivo assume sua forma. Ele adquire um tipo particular de natureza que é empacotada num corpo grosseiro e sutil adequado formado pelo ar vital, o ego, os dez órgãos dos sentidos, a mente e os cinco elementos grosseiros. Isso então cria o tipo de corpo que mais tarde se torna a raiz ou causa de vários outros corpos, que são adquiridos um depois do outro pela transmigração da alma. Todas essas manifestações fenomenais são as ações combinadas de Sua energia material. Não afetado pela ação e reação de diferentes elementos, Você é a causa desta energia externa, e porque Você é transcendental a essas compulsões da energia material, Você é a tranqüilidade suprema. Você é a palavra final em liberdade da contaminação material. E por isso eu tomo o abrigo de Seus pés de lótus, e abandono todo outro abrigo".

"Meu querido Senhor, Sua aparição como o filho de Vasudeva no Seu papel como um ser humano é um dos passatempos da Sua liberdade completa. Para beneficiar Seus devotos e para aniquilar os não devotos, Você aparece em multi-encarnações. Todas essas encarnações descendem em cumprimento à Sua promessa no Bhagavad-gita que Você aparece logo que acontecem discrepâncias no sistema da vida progressiva. Quando há perturbações por causa de princípios irregulares, meu querido Senhor, Você aparece por Sua potência interna. Seu trabalho principal é proteger e manter os semideuses e pessoas inclinadas espiritualmente e manter o padrão da lei e ordem material. Simultaneamente à manutenção dessa lei e ordem, Sua violência contra os perversos e demônios é bem adequada. Não é a primeira vez que Você encarnou; deve-se entender que Você fez isso muitas e muitas vezes antes".

"Meu querido Senhor, eu imploro em expor que fui muito grandemente ferido pelo lançamento de Sua Narayanajwara. Ela certamente causa muito frio e ao mesmo tempo é severamente perigosa e insuportável para todos nós. Meu querido Senhor, enquanto a pessoa estiver esquecida da Consciência de Krishna, dirigida pelo encanto dos desejos materiais e ignorante sobre o abrigo último de Seus pés de lótus, aquele que aceitou este corpo material se torna perturbado pelas três condições miseráveis da natureza material. Porque a pessoa não se rende a Você, ela continua assim a sofrer perpetuamente".

Depois de ouvir Shivajwara, o Senhor Krishna respondeu: "Ó esse de três cabeças, Eu estou satisfeito com sua declaração. Fique seguro que não há mais perigo para você da Narayanajwara. Não somente você está livre do medo da Narayanajwara, mas qualquer um no futuro que simplesmente recordar este combate entre Shivajwara e Narayanajwara também estará livre de todos os tipos de medos". Depois de ouvir a Suprema Personalidade de Deus, Shivajwara ofereceu suas respeitosas reverências aos pés de lótus Dele e partiu.

Nesse meio tempo, Banasura de uma forma ou outra se recuperou do seu revés e, com energia rejuvenescida, retornou ao combate. Dessa vez, Banasura apareceu perante o Senhor Krishna, que estava sentado em Sua quadriga, com diferentes tipos de armas em suas mil mãos. Banasura estava muito agitado. Ele começou a jorrar suas diferentes armas, como torrentes de chuva, sobre o corpo do Senhor Krishna. Quando o Senhor Krishna viu as armas de Banasura que vinham em direção a Ele, como a água que vem dum coador, Ele pegou Seu disco bem afiado Sudarshana e começou a cortar as mil mãos do demônio uma depois da outra, justamente igual a um jardineiro que apara os ramos duma árvore com um cortador afiado. Quando o Senhor Shiva viu que seu devoto Banasura não podia ser salvo mesmo em sua presença, ele recuperou sua razão e pessoalmente veio perante o Senhor Krishna e começou a pacificá-Lo por oferecer as seguintes preces.

O Senhor Shiva disse: "Meu querido Senhor, Você é o objeto adorável dos hinos Védicos. Aquele que não O conhece considera o brahmajyoti impessoal como a Suprema Verdade Absoluta última, sem nenhum conhecimento de que Você existe atrás de Sua refulgência espiritual em Sua morada eterna. Meu querido Senhor, Você é portanto chamado Parambrahman. Esta palavra, Parambrahman, é usada no Bhagavad-gita para identificá-Lo. Pessoas santificadas que limparam completamente seus corações da contaminação material podem realizar Sua forma transcendental, apesar que Você é todo-penetrante como o céu, não afetado por nenhuma coisa material. Somente os devotos podem realizar Você, e ninguém mais. No conceito dos impersonalistas da Sua existência suprema, o céu é justamente igual a Seu umbigo, o fogo é Sua boca, e a água é Seu sêmen. Os planetas celestiais são Sua cabeça, todas as direções são Seus ouvidos, o planeta Urvi é Seus pés de lótus, a Lua é Sua mente, e o Sol é Seu olho. No que diz respeito a mim, eu atuo como Seu ego. O oceano é Seu abdômen, e o Rei do céu, Indra, é Seu braço. Árvores e plantas são os pêlos em Seu corpo, a nuvem é o cabelo na Sua cabeça, o Senhor Brahma é Sua inteligência. Todos os grandes progenitores, conhecidos como Prajapatis, são Seus representantes simbólicos. E religião é Seu coração. A característica impessoal do Seu corpo supremo é apenas uma pequena expansão de Sua energia. Você é comparado ao fogo original, e as expansões são Sua luz e calor".

O Senhor Shiva continuou: "Meu querido Senhor, apesar de Você ser manifesto universalmente, diferentes partes do universo são as diferentes partes do Seu corpo, e por Sua potência inconcebível, Você pode simultaneamente ser tanto localizado quanto universal. No Brahma-samhita, também encontramos que está afirmado apesar de Você sempre permanecer em Sua morada, Goloka Vrindavana, Você entretanto está presente em toda parte. Como está afirmado no Bhagavad-gita, Você aparece para proteger os devotos, que indica boa fortuna para todo o universo. Todos dos semideuses dirigem diferentes tarefas do universo por Sua graça somente. Assim os sete sistemas planetários superiores são mantidos por Sua graça. No fim desta criação, todas as manifestações de Suas energias, seja na forma de semideuses, seres humanos ou animais inferiores, entram em Você, e todas as causas imediatas e remotas da manifestação cósmica repousam em Você sem características distintas de existência. Ultimamente, não há possibilidade de distinção entre Você mesmo e qualquer outra coisa no mesmo nível que Você ou subordinada a Você. Você é simultaneamente a causa desta manifestação cósmica e seus ingredientes bem como. Você é o Supremo Todo, único e inigualável. Na manifestação fenomenal, existem três estágios: o estágio de consciência, o estágio de semiconsciência no sonho, e o estágio de inconsciência. Todavia Sua Divindade é transcendental a todos esses diferentes estágios materiais da existência. Você existe portanto numa quarta dimensão, e Seu aparecimento e desaparecimento não dependem de nada além de Você mesmo. Você é a causa suprema de tudo, porém para Você não há causa. Você mesmo pessoalmente causa Seu próprio aparecimento e desaparecimento. Apesar de Sua posição transcendental, meu Senhor, a fim de exibir Suas seis opulências e anunciar Suas qualidades transcendentais, Você apareceu em Suas diferentes encarnações - peixe, tartaruga, javali, Nrisimha, Keshava, etc. - por Sua manifestação pessoal; e Você apareceu como diferentes seres vivos por Suas manifestações separadas. Por Sua potência interna, Você aparece como as diferentes encarnações de Vishnu, e por Sua potência externa, Você aparece como o mundo fenomenal".

"Porque está um dia nublado para os olhos do homem comum, o Sol parece estar coberto. Porém o fato é porque o brilho solar cria a nuvem, mesmo apesar de todo o céu estar nublado, o Sol nunca pode ser coberto na realidade. Similarmente, a classe de homens menos inteligentes alega que não existe Deus, mas quando a manifestação de diferentes seres vivos e suas atividades são visíveis, pessoas iluminadas vêem Você presente em cada átomo e através do meio de Suas energias interna e externa. Suas atividades potenciais ilimitadas são experimentadas pelos devotos mais iluminados, mas aqueles que estão confusos pelo encanto de Sua energia externa identificam-se com o mundo material e se tornam atraídos a sociedade, amizade e amor. Assim eles abraçam as misérias triplas da existência material e são sujeitos às dualidades de dor e prazer. Eles são às vezes afundados no oceano de apego às vezes tirados dele".

"Meu querido Senhor, somente por Sua misericórdia e graça pode o ser vivo obter a forma humana de vida, que é uma chance de sair da condição miserável de existência material. Contudo, a pessoa que possui um corpo humano mas não pode trazer os sentidos sob controle é carregada pelas ondas do desfrute sensual. Assim, ela não pode tomar o abrigo de Seus pés de lótus e assim se dedicar a Seu serviço devocional. A vida de uma pessoa assim é muito desafortunada, e qualquer um que vive uma vida dessa de escuridão certamente engana a si mesmo e assim engana outros também. Portanto, a sociedade humana sem Consciência de Krishna é uma sociedade de enganadores e enganados".

"Meu Senhor, Você é na realidade a mais querida Superalma de todos os seres vivos e o supremo controlador de tudo. O ser humano que está sempre iludido tem medo da morte última. Um homem que está apegado simplesmente a desfrute sensual voluntariamente aceita a existência material miserável e assim vagueia atrás do fogo-fátuo do prazer sensual. Ele é certamente o homem mais tolo, porque ele bebe o veneno e põe o néctar de lado. Meu querido Senhor, todos os semideuses, inclusive eu mesmo e o Senhor Brahma, e também grandes pessoas santificadas e sábios que limparam seus corações deste apego material, por Sua graça, eles sinceramente se abrigaram em Seus pés de lótus. Todos nós nos abrigamos em Você, porque nós aceitamos Você como o Supremo Senhor e a mais querida vida e alma de todos nós. Você é a causa original desta manifestação cósmica, Você é o supremo mantenedor dela, e Você é a causa de sua dissolução também. Você é igual com todos, o mais pacífico supremo amigo de todo ser vivo. Você é o objeto de adoração supremo para todos nós. Meu querido Senhor, permita-nos sempre estar dedicados a Seu serviço amoroso transcendental, para que assim nós possamos obter a liberdade deste enredamento material".

"Por último, meu Senhor, quero informá-Lo que esse Banasura é muito querido por mim. Ele prestou um serviço muito valioso a mim; assim eu quero vê-lo sempre feliz. Satisfeito com ele, eu dei a ele a garantia de incolumidade. Eu imploro a Você, meu Senhor, da mesma forma que Você ficou satisfeito com os antepassados dele Rei Prahlada e Bali Maharaja, que Você também fique satisfeito com ele".

Depois de ouvir a prece do Senhor Shiva, o Senhor Krishna também o chamou de Senhor e disse: "Meu querido Senhor Shiva, Eu aceito as suas declarações, e o seu desejo por Banasura também foi aceito por Mim. Eu sei que Banasura é neto de Bali Maharaja, e por causa disso Eu não posso matá-lo devido à Minha promessa. Eu dei uma bênção ao Rei Prahlada que todos os demônios que aparecessem em sua família nunca seriam mortos por Mim. Por isso, sem matar esse Banasura, Eu simplesmente cortei seus braços para privá-lo de seu prestígio falso. O grande número de soldados que ele mantinha se tornou um fardo sobre esta Terra, e Eu matei todos eles a fim de minimizar o fardo. Agora ele tem quatro braços restantes, e ele permanecerá imortal, sem ser afetado pelas dores e prazeres materiais. Eu sei que ele é um dos devotos principais de Vossa Divindade, agora você pode ter certeza que daqui para frente ele não precisa ter medo de nada".

Quando Banasura foi abençoado pelo Senhor Krishna dessa forma, ele veio perante o Senhor e se prostrou na frente Dele, e tocou sua cabeça na terra. Ele imediatamente organizou para trazer Aniruddha junto com sua filha Usha, sentados numa bela carruagem, e os apresentou perante o Senhor Krishna. Depois disso, o Senhor Krishna tomou conta de Aniruddha e Usha que se tornaram muito opulentos materialmente por causa das bênçãos do Senhor Shiva. Assim, no comando da divisão de uma akshauhini adiante, Krishna começou a proceder em direção a Dwaraka. Nesse meio tempo, todas as pessoas de Dwaraka, ao receberem a notícia que o Senhor Krishna voltava com Aniruddha e Usha em grande opulência, decoraram cada canto da cidade com bandeirinhas, festões e guirlandas. Todas as grandes vias e cruzamentos foram limpos cuidadosamente e borrifados com polpa de sândalo misturada com água. Em toda parte, havia o aroma do sândalo. Todos os cidadãos acompanhados por seus amigos e familiares, deram as boas vindas ao Senhor Krishna com grande pompa e júbilo. Nesse momento, houve uma vibração tumultuada de búzios e tambores e clarins para receber o Senhor. Dessa forma, a Suprema Personalidade de Deus Krishna entrou em Sua capital, Dwaraka.

Shukadeva Goswami assegurou o Rei Parikshit que a narração da luta entre o Senhor Shiva e o Senhor Krishna não é de jeito nenhum não auspiciosa como combates ordinários. Ao contrário, se alguém lembrar a narração deste combate entre o Senhor Krishna e o Senhor Shiva na manhã e sentir prazer com a vitória do Senhor Krishna, nunca experimentará derrota em qualquer lugar de sua luta pela vida.

O episódio da luta de Banasura com Krishna e mais tarde salvo pela graça do Senhor Shiva é a confirmação da afirmação do Bhagavad-gita que os adoradores dos semideuses não podem alcançar nenhuma bênção sem que seja sancionada pelo Supremo Senhor, Krishna. Aqui, nesta narração, encontramos que apesar de Banasura ser um grande devoto do Senhor Shiva, quando ele se deparou com a morte por Krishna, o Senhor Shiva não foi capaz de salvá-lo. Porém o Senhor Shiva apelou a Krishna para salvar seu devoto, e assim depois que foi sancionada pelo Senhor. Essa é a posição do Senhor Krishna. As palavras exatas usadas no Bhagavad-gita em conexão a isso são mayaiva vihitan hi tan. Isso significa que sem a sanção do Supremo Senhor, nenhum semideus pode conceder nenhuma bênção ao adorador.

   

   

Assim termina o significado Bhaktivedanta do Capítulo Sessenta e Dois de Krishna, "Krishna Luta com Banasura".

    

   

Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga

Nitai Gaura Hari Bol

 

"KRISHNA - A Suprema Personalidade de Deus"

 

(Original Sem "Correções")

de

Sua Divina Graça
Sri Srimad Bhaktivedanta Swami Maharaj Prabhupada
Paramahamsa Thakura Mahashaya

   

Capítulo 63

A História do Rei Nriga

     

Certa vez, os membros da família do Senhor Krishna, como Samba, Pradyumna, Charubhanu e Gada, todos príncipes da dinastia Yadu, foram para um longo piquenique na floresta perto de Dwaraka. No curso da excursão deles, todos eles ficaram com sede, assim começaram a tentar encontrar onde água estaria disponível na floresta. Quando se aproximaram de um poço, descobriram que não havia água nele, mas ao contrário, dentro do poço estava um ser vivo maravilhoso. Era um grande lagarto, e todos eles ficaram admirados de ver um animal tão maravilhoso. Eles puderam entender que o animal estava preso e não conseguia escapar por seu próprio esforço, então por compaixão eles tentaram tirar o grande lagarto do poço. Infelizmente, eles não conseguiram tirar o lagarto, mesmo apesar de tentar fazer isso de muitas maneiras.

Quando os príncipes retornaram ao lar, sua história foi narrada para o Senhor Krishna. O Senhor Krishna é o amigo de todos os seres vivos. Portanto, depois de ouvir o apelo de Seus filhos, Ele foi pessoalmente ao poço e facilmente tirou o grande lagarto para fora do poço simplesmente por estender Sua mão esquerda. Imediatamente após ser tocado pela mão do Senhor Krishna, o grande lagarto abandonou sua forma prévia e apareceu como um belo semideus, um habitante dos planetas celestiais. Sua cor corpórea brilhava como ouro fundido. Ele estava decorado com roupas finas, e usava ornamentos valiosos em volta do pescoço.

Como o semideus foi obrigado a aceitar o corpo de um lagarto não era segredo para o Senhor Krishna, mesmo assim, para a informação dos outros, o Senhor perguntou: "Meu querido afortunado semideus, agora Eu vejo que seu corpo é tão belo e lustroso. Quem é você? Nós podemos supor que você é um dos melhores semideuses nos planetas celestiais. Toda boa fortuna para você. Eu acho que você não está destinado a ficar nessa situação. Deve ser devido aos resultados de suas ações passadas que você foi posto dentro da espécie de vida de lagarto. Mesmo assim, Eu quero ouvir de você como você foi posto nessa posição. Se você achar que pode revelar o segredo, então faça o favor de nos dizer sua identidade".

Na realidade, esse grande lagarto era o Rei Nriga, e quando ele foi questionado pela Suprema Personalidade de Deus, imediatamente se prostrou perante o Senhor, tocou o chão com o elmo em sua cabeça, que era tão reluzente quanto o brilho solar. Dessa forma, primeiro de tudo ele ofereceu suas respeitosas reverências ao Supremo Senhor. Então ele disse: "Meu querido Senhor, eu sou o filho do Rei Iksvaku, e eu sou o Rei Nriga. Se vocês já souberam de homens plenamente dispostos caritativamente, tenho certeza que Você já ouviu meu nome. Meu Senhor, Você é a testemunha. Você é ciente de cada partícula de trabalho feito pelos seres vivos - passado, presente e futuro. Nada pode ser escondido de Sua cognição eterna. Mesmo assim, Você me ordenou a explicar minha história, e por isso narrarei a história completa".

O Rei Nriga procedeu com a narração da história de sua degradação, causada por suas atividades karma-kanda. Ele era muito disposto caritativamente e já tinha dado tantas vacas, ele disse, que o número era igual à quantidade de poeira na Terra, das estrelas no céu e da chuva. De acordo com as cerimônias ritualísticas Védicas, um homem disposto caritativamente é comandado a dar vacas aos brahmanas. Da declaração do Rei Nriga, parece que ele seguia esse princípio avidamente; entretanto, como resultado de uma pequena discrepância em sua ação, ele foi forçado a tomar nascimento como lagarto. Por isso é recomendado pelo Senhor no Bhagavad-gita que quem for disposto caritativamente e deseja obter o benefício de sua caridade deve oferecer seus presentes para satisfazer Krishna. Dar caridade significa realizar atividades piedosas. Como um resultado de atividades piedosas a pessoa pode ser elevada aos sistemas planetários superiores; contudo promoção aos planetas celestiais não é garantia que a pessoa nunca cairá. Em vez disso, do exemplo do Rei Nriga, está definitivamente provado que atividades lucrativas, mesmo se forem muito piedosas, não podem nos dar vida bem-aventurada eterna. Como está afirmado no Bhagavad-gita, o resultado do trabalho, seja piedoso ou impiedoso, é certeza de atar um homem a menos que seja executado como yajña em nome da Suprema Personalidade de Deus.

O Rei Nriga continuou a dizer que as vacas dadas em caridade não eram vacas ordinárias. Cada uma delas era muito jovem e pariu somente um bezerro. Elas estavam cheias de leite, muito dóceis e saudáveis. Todas as vacas foram adquiridas com dinheiro que foi ganho legalmente. Além do mais, seus chifres eram banhados a ouro, seus cascos eram adornados com placas de prata, e estavam cobertas com capas de seda que eram bordadas com pérolas e colares. Ele declarou que todas essas vacas valiosamente decoradas não foram dadas a nenhuma pessoa indigna, e sim foram distribuídas a brahmanas de primeira classe, os quais ele também decorou com roupas finas e ornamentos de ouro. Os brahmanas eram bem qualificados, nenhum deles era rico, e seus membros familiares estavam sempre em carência das necessidades da vida. Um brahmana de verdade nunca acumula dinheiro para uma vida luxuriosa, como os kshatriyas ou os vaishyas, e sim sempre se mantém numa condição de pobreza, pois sabe que dinheiro desvia a mente para caminhos da vida materialista. Viver dessa forma é o voto de um brahmana qualificado, e todos esses brahmanas eram bem situados nesse voto exaltado. Todos eles eram bem versados no conhecimento Védico. Eles executavam as austeridades e penitências requeridas em suas vidas, eram liberais, assim reuniam o padrão de brahmanas qualificados. Eles eram igualmente amigáveis com todos; acima de tudo, todos eles eram jovens e bem aptos a atuar como brahmanas qualificados. Além das vacas, eles também ganhavam terra, ouro, casas, cavalos e elefantes. Aqueles que não eram casados ganhavam esposas, criadas, cereais, prata, utensílios, roupas, jóias, mobília doméstica, carruagens, etc.. Essa caridade era bem realizada como um sacrifício de acordo com os rituais Védicos. O rei também declarou que não somente ele doou presentes aos brahmanas, mas realizou outras atividades piedosas, como cavar poço, plantar árvores na beira da estrada e instalar tanques nas rodovias.

O Rei continuou: "Apesar de tudo isso, infelizmente uma das vacas do brahmana aconteceu de entrar no meio das minhas vacas. Sem saber disso, eu novamente a dei em caridade a outro brahmana. Quando a vaca era levada pelo brahmana, seu dono anterior a reclamou como sua, e afirmou: 'Essa vaca foi dada a mim anteriormente, então como é que você a leva embora'? Assim houve uma discussão e briga entre os dois brahmanas, e eles vieram a mim e cobraram que eu peguei de volta uma vaca que dei em caridade previamente". Dar alguma coisa a alguém e depois levar embora é considerado um grande pecado, especialmente na relação com um brahmana. Quando ambos os brahmanas cobraram o Rei com a mesma reclamação, ele simplesmente ficou confuso como isso aconteceu. Depois, com grande humildade, o Rei ofereceu a cada um deles cem mil vacas em troca da única vaca que causou a briga entre eles. Ele apelou a eles que era servo deles e que aconteceu algum erro. Assim, a fim de retificar isso, ele implorou para que eles fossem muito bondosos com ele e aceitassem sua oferta em troca da vaca. O Rei apelou fervorosamente aos brahmanas para não causarem sua queda no inferno por causa de seu erro. A propriedade de um brahmana é chamada brahma-sva, e de acordo com a lei de Manu, não pode ser adquirida nem pelo governo. Ambos os brahmanas insistiram que a vaca era deles e não podia ser levada sob nenhuma condição; nenhum deles concordou em trocá-la por cem mil vacas. Assim sem acordo com a proposta do Rei, ambos os brahmanas deixaram o local com ira, por pensar que sua posição legítima foi usurpada.

Depois desse incidente, quando chegou a hora do Rei deixar seu corpo, ele foi levado a Yamaraja, o superintendente da morte. Yamaraja perguntou se ele queria primeiro desfrutar os resultados de suas atividades piedosas ou primeiro sofrer os resultados de suas atividades impiedosas. Yamaraja também sugeriu porque o Rei executou tantas atividades piedosas e caridades, o limite do desfrute de Nriga seria desconhecido para ele. Não havia praticamente fim para a felicidade material do Rei, mas apesar dessa sugestão, ele estava confuso. Ele decidiu primeiro sofrer os resultados de suas atividades impiedosas e depois aceitar os resultados de suas atividades piedosas; assim Yamaraja imediatamente o transformou num lagarto.

O Rei Nriga permaneceu dentro do poço como um grande lagarto por um longo tempo. Ele disse para o Senhor Krishna: "Apesar de ser colocado numa condição de vida degradada, eu simplesmente pensei em Você, meu querido Senhor, e minha memória nunca foi vencida". Parece dessas declarações do Rei Nriga pessoas que seguem os princípios de atividades lucrativas e obtém alguns benefícios não são muito inteligentes. Ao ser dada a escolha pelo superintendente da morte, Yamaraja, o Rei Nriga poderia primeiro aceitar os resultados de suas atividades piedosas. Em vez disso, ele pensou que seria melhor primeiro receber os efeitos de suas atividades impiedosas e depois desfrutar os efeitos de suas atividades piedosas sem perturbação. No total, ele não desenvolveu Consciência de Krishna. A pessoa consciente de Krishna desenvolve amor por Deus, Krishna, e não amor por atividades piedosas ou impiedosas; por isso não está sujeita aos resultados dessa ação. Como está afirmado no Brahma-samhita, um devoto, pela graça do Senhor, não fica sujeito às ações resultantes de ações lucrativas.

De alguma forma ou outra, como resultado de suas atividades piedosas, o Rei Nriga aspirou ver o Senhor. Ele continuou a dizer: "Meu querido Senhor, eu tinha um grande desejo de que algum dia eu fosse capaz de vê-Lo pessoalmente. Eu acho que minha tendência a realizar atividades ritualísticas e caritativas, combinada com esse grande desejo de vê-Lo pessoalmente, capacitaram que eu mantivesse a memória de quem eu era na vida prévia, mesmo apesar de me tornar um lagarto". (Uma pessoa assim, que lembra sua vida passada, é chamada jati-smara). "Meu querido Senhor, Você é a Superalma sentada no coração de todos. Existem muitos yogis místicos que têm olhos para vê-Lo através dos Vedas e Upanishads. A fim de alcançar a posição elevada de serem iguais em qualidade com Você, eles sempre meditam em Você dentro de seus corações. Apesar dessas pessoas santificadas exaltadas poderem vê-Lo dentro de seus corações constantemente, elas ainda não podem vê-Lo olho no olho; por isso estou muito surpreso que sou capaz de vê-Lo pessoalmente. Sei que eu estava dedicado a tantas atividades, especialmente como um rei. Apesar de eu estar no meio da luxúria e opulência e estar sujeito a tanta felicidade e miséria da existência material, eu sou tão afortunado de vê-Lo pessoalmente. Pelo que eu sei, quando alguém se torna liberado da existência material, pode vê-Lo dessa forma".

Quando o Rei Nriga elegeu receber os resultados de suas atividades impiedosas, a ele foi dado um corpo de lagarto por causa do erro em suas atividades piedosas; por isso que ele não pôde ser convertido diretamente a um status mais elevado de vida como um grande semideus. Entretanto, junto com suas atividades piedosas, ele pensou em Krishna, assim ele foi liberado rapidamente do corpo de um lagarto e foi dado a ele um corpo de um semideus. Por adorar o Supremo Senhor, aqueles que desejam opulências materiais são dados corpos de semideuses poderosos. Algumas vezes, esses semideuses podem ver a Suprema Personalidade de Deus olho no olho, mas mesmo assim eles ainda não são elegíveis para entrar no reino espiritual, os planetas Vaikuntha. Entretanto se os semideuses continuarem a serem devotos do Senhor, a próxima chance que eles recebem é entrar nos planetas Vaikuntha.

Depois de ganhar o corpo de um semideus, o Rei Nriga, que continuava a lembrar tudo, disse: "Meu querido Senhor, Você é o Supremo Senhor e é adorado por todos os semideuses. Você não é um dos seres vivos, e sim Você é a Pessoa Suprema, Purushottama. Você é a fonte de toda felicidade de todos os seres vivos; por isso Você é conhecido como Govinda. Você é o Senhor daqueles seres vivos que aceitaram um corpo material e daqueles que não aceitaram um corpo material". (Entre os seres vivos que não aceitaram um corpo material estão aqueles que pairam no mundo material como espíritos do mal ou vivem na atmosfera fantasmagórica. Contudo, aqueles que vivem no reino espiritual, os Vaikunthalokas, têm corpos que não são feitos de elementos materiais). "Você é meu Senhor, infalível. Você é o Supremo, o mais puro de todos os seres vivos, Narayana. Sentado no coração de todos os seres vivos, Você é o supremo diretor das atividades sensuais de todos, por isso, Você é chamado Hrishikesha".

"Meu querido Senhor Supremo Krishna, porque Você me deu este corpo de semideus, eu terei que ir a algum planeta celestial; por isso aproveito esta oportunidade para implorar por Sua misericórdia, que eu possa ter a bênção de nunca esquecer Seus pés de lótus, sem importar qual forma de vida ou planeta que eu seja transferido. Você é todo-penetrante, presente em toda parte como causa e efeito. Você é a causa de todas as causas, e Sua potência e poder são ilimitados. Você é a Verdade Absoluta, a Suprema Personalidade de Deus e o Supremo Brahman. Por isso, eu ofereço minhas respeitosas reverências a Você repetidamente. Meu querido Senhor, Seu corpo é cheio de bem-aventurança e conhecimento transcendental, e Você é eterno. Você é o mestre de todos os poderes místicos; por isso Você é conhecido como Yogeshvara. Bondosamente me aceite como uma poeira insignificante em Seus pés de lótus".

Antes de entrar nos planetas celestiais, o Rei Nriga circungirou o Senhor. Ele tocou seu elmo nos pés de lótus do Senhor e se prostrou perante Ele. Ao ver o aeroplano dos planetas celestiais presente perante ele, a ele foi dada permissão pelo Senhor para embarcar nele. Depois da partida do Rei Nriga, o Senhor Krishna expressou Sua apreciação pela devoção do Rei para com os brahmanas, bem como sua disposição caritativa e sua execução de rituais Védicos. Portanto, é recomendado se alguém não pode se tornar diretamente um devoto do Senhor, deve seguir os princípios de vida Védicos. Isso o habilitará, um dia, a ver o Senhor por ser promovido ou diretamente para o céu espiritual ou indiretamente ao reino celestial, onde ele tem esperança de ser transferido aos planetas espirituais.

Nesse momento, o Senhor Krishna estava presente entre Seus familiares que eram membros da classe kshatriya. Para ensinar a eles através do caráter exemplar do Rei Nriga, Ele disse: "Mesmo se um rei kshatriya for tão poderoso quanto o fogo, não é possível para ele usurpar a propriedade de um brahmana e utilizá-la para seu propósito próprio. Se é assim, como reis ordinários, que falsamente pensam em si mesmos como os seres mais poderosos dentro do mundo material, podem usurpar a propriedade de um brahmana? Eu não acho que tomar veneno é mais perigoso do que tomar a propriedade de um brahmana. Para veneno ordinário existe tratamento - a pessoa pode se livrar dos efeitos; mas se a pessoa beber o veneno de tomar a propriedade de um brahmana, não há remédio para o erro. O exemplo perfeito foi o Rei Nriga. Ele era muito poderoso e muito piedoso, porém devido ao pequeno erro de sem saber usurpar uma vaca de um brahmana, ele foi condenado à vida abominável de um lagarto. Veneno ordinário afeta apenas aquele que o bebe, e o fogo ordinário só pode ser extinto simplesmente por jogar água nele; entretanto o fogo arani que foi aceso pela potência espiritual de um brahmana pode queimar até as cinzas a família inteira da pessoa que provocar esse brahmana". (Antigamente, os brahmanas costumavam acender o fogo do sacrifício não com fósforos ou qualquer outro fogo externo mas com seus mantras poderosos, chamados arani). "Se alguém até mesmo tocar uma propriedade de um brahmana, ele é arruinado por três gerações. Todavia, se uma propriedade de um brahmana for tomada à força, a família do tomador por dez gerações antes dele e dez gerações depois dele serão sujeitas à ruína. Por outro lado, se alguém se torna um Vaishnava ou devoto do Senhor, dez gerações de sua família antes de seu nascimento e dez gerações depois serão liberadas".

O Senhor Krishna continuou: "Se algum rei tolo que é vaidoso com sua própria riqueza, prestígio e poder desejar usurpar uma propriedade de brahmana, deve-se entender que esse rei está limpando seu caminho para o inferno; ele não sabe o quanto terá de sofrer por essa ação insensata. Se alguém levar embora a propriedade de um brahmana muito liberal que é sobrecarregado por uma grande família dependente, então esse usurpador é posto no inferno conhecido como Kumbhipaka; não somente ele é posto nesse inferno, mas seus membros familiares também têm que aceitar essa condição de vida miserável. Uma pessoa que leva embora a propriedade que foi ou premiada a um brahmana ou doada por ele é condenada a viver pelo menos 60.000 anos como um inseto miserável nas fezes. Portanto, Eu os instruo, todos os Meus meninos e familiares presentes aqui, não façam, nem por engano, tomar a posse de um brahmana e assim poluir sua família inteira. Se alguém simplesmente desejar possuir essa propriedade, deixa as tentativas de tomá-la à força, sua duração de vida será reduzida. Ele será derrotado por seus inimigos, e depois de ficar desprovido de sua posição real, quando deixar seu corpo se tornará uma serpente. Uma serpente causa perturbação a todos os outros seres vivos. Meus queridos meninos e familiares, Eu portanto os aconselho mesmo se um brahmana ficar irado com você e chamá-lo de nomes feios ou cortá-lo, mesmo assim vocês não devem retaliar. Ao contrário, vocês devem sorrir, tolerá-lo e oferecer seus respeitos ao brahmana. Vocês sabem muito bem que mesmo Eu ofereço Minhas reverências aos brahmanas com grande respeito três vezes ao dia. Assim vocês devem seguir Minha instrução e exemplo. Eu não perdoarei ninguém que não as seguir, e Eu o punirei. Vocês devem aprender do exemplo do Rei Nriga que mesmo se alguém usurpar sem saber a propriedade de um brahmana, será colocado numa posição de vida miserável".

Assim o Senhor Krishna, que está sempre dedicado a purificar os seres vivos condicionados, deu instruções não somente a Seus membros familiares e aos habitantes de Dwaraka, mas para todos os membros da sociedade humana. Depois disso, o Senhor entrou em Seu palácio.

   

   

Assim termina o significado Bhaktivedanta do Capítulo Sessenta e Três de Krishna, "A História do Rei Nriga".

    

     

Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga

Nitai Gaura Hari Bol

 

"KRISHNA - A Suprema Personalidade de Deus"

 

(Original Sem "Correções")

de

Sua Divina Graça
Sri Srimad Bhaktivedanta Swami Maharaj Prabhupada
Paramahamsa Thakura Mahashaya

   

Capítulo 64

O Senhor Balarama Visita Vrindavana

     

O Senhor Balarama ficou muito ansioso para ver Seu pai e mãe, Maharaja Nanda e Yashoda. Por isso Ele partiu para Vrindavana numa quadriga com muito entusiasmo. Os habitantes de Vrindavana estavam ansiosos para ver Krishna e Balarama por muito tempo. Quando o Senhor Balarama retornou a Vrindavana, todos os meninos pastores de vacas e as gopis haviam crescido; mas mesmo assim, na chegada Dele, todos O abraçaram, e Balarama os abraçou reciprocamente. Depois disso, Ele veio perante Maharaja Nanda e Yashoda e ofereceu Suas respeitosas reverências a eles. Em resposta, mãe Yashoda e Nanda Maharaja ofereceram suas bênçãos a Ele. Eles O chamaram de Jagadishvara, ou o Senhor do universo que mantém todos. A razão para isso é que ambos Krishna e Balarama mantêm todos os seres vivos, e mesmo assim Nanda e Yashoda foram postos em tais dificuldades por causa da ausência Deles. Com esse sentimento, eles abraçaram Balarama, e O sentaram em seus colos, assim começaram seu choro perpétuo, que molhou Balarama com suas lágrimas. O Senhor Balarama então ofereceu Suas respeitosas reverências aos pastores de vacas mais velhos e aceitou as reverências dos pastores de vacas mais jovens. Assim, de acordo com suas diferentes idades e relações, o Senhor Balarama trocou sentimentos de amizade com eles. Ele apertou as mãos daqueles que eram iguais a Ele em idade e amizade, e com uma alta risada abraçou cada um deles.

Depois de ser recebido pelos pastores de vacas adultos e crianças, as gopis, e o Rei Nanda e Yashoda, o Senhor Balarama sentou, e sentia satisfação, assim todos eles O rodearam. Primeiro o Senhor Balarama os inquiriu sobre seu bem-estar, e depois, por não vê-Lo durante tanto tempo, eles começaram a perguntar-Lhe diferentes perguntas. Os habitantes de Vrindavana sacrificaram tudo por Krishna, simplesmente por ficarem cativados pelos olhos de lótus do Senhor. Por causa de seu grande desejo de amar Krishna, eles nunca desejaram nada como elevação aos planetas celestiais ou fusão na refulgência do Brahman para se tornar um com a Verdade Absoluta. Eles não estavam nem mesmo interessados em desfrutar uma vida de opulência, e sim estavam satisfeitos em viver uma vida simples na vila como pastores de vacas. Eles estavam sempre absortos em pensamentos de Krishna e não desejavam quaisquer benefícios pessoais, e eles estavam todos em tanto amor com Ele que na ausência Dele Suas vozes balbuciavam quando começaram a inquirir de Balaramaji.

Primeiro, Nanda Maharaja e Yashodamayi perguntaram: "Meu querido Balarama, nossos amigos como Vasudeva e outros da família estão bem? Agora Você e Krishna são homens crescidos e casados com filhos. Na felicidade da vida familiar, Vocês às vezes Se lembram de Seus pobres pai e mãe, Nanda Maharaja e Yashodadevi? É uma notícia muito boa que o mais pecaminoso Rei Kamsa foi morto por Vocês e que nossos amigos como Vasudeva e os outros que foram perseguidos por ele, agora foram aliviados. Também é uma notícia muito boa que ambos Você e Krishna derrotaram Jarasandha e Kalayavana, que agora está morto, e que agora Vocês vivem numa residência fortificada em Dwaraka".

Quando as gopis chegaram, o Senhor Balarama olhou para elas com olhos amorosos. Radiantes, as gopis, que estavam tão mortificadas por tanto tempo devido à ausência de Krishna e Balarama, começaram a perguntar sobre o bem-estar dos dois irmãos. Elas especificamente perguntaram a Balarama se Krishna desfrutava Sua vida rodeado pelas mulheres iluminadas de Dwaraka Puri. "Às vezes Se lembra de Seu pai Nanda e Sua mãe Yashoda e os outros amigos com os quais Se comportou tão intimamente enquanto estava em Vrindavana? Krishna tem algum plano para vir aqui para ver Sua mãe Yashoda e Ele Se lembra de nós gopis que estamos agora lastimavelmente desprovidas de Sua companhia? Krishna pode ter nos esquecido no meio das mulheres cultas de Dwaraka, mas no que nos diz respeito, nós ainda nos lembramos Dele ao coletar flores e costurá-las em colares de flores. Quando Ele não vem, entretanto, nós simplesmente passamos o nosso tempo chorando. Se somente Ele viesse aqui e aceitasse esses colares de flores que nós fizemos. Querido Senhor Balarama, descendente de Dasharha, Você sabe que nós abandonaríamos tudo pela amizade de Krishna. Mesmo em grande tristeza a pessoa não pode abandonar a conexão dos membros familiares, mas apesar de ser impossível para outros, nós abandonamos nossos pais, mães, irmãs e parentes sem se importar em nada com nossa renúncia. Então, de súbito, Krishna nos renuncia e vai embora. Ele quebrou nossa relação íntima sem nenhuma consideração séria e partiu para um país estrangeiro. Porém Ele foi tão esperto e astuto que manufaturou palavras muitos belas. Ele disse: 'Minhas queridas gopis, façam o favor de não se preocuparem. O serviço que vocês Me prestaram é impossível para Mim retribuí-lo'. Depois de tudo, nós somos mulheres, como poderíamos duvidar Dele? Agora nós podemos entender que as palavras doces Dele foram só para nos enganar".

Outra gopi, ao protestar a ausência de Krishna de Vrindavana, começou a dizer: "Meu querido Balaramaji, nós somos é claro meninas da vila, por isso Krishna nos enganou dessa forma, mas o que dizer das mulheres de Dwaraka? Não pense que elas são tão tolas quanto nós! Nós mulheres da vila podemos ser desencaminhadas por Krishna, entretanto as mulheres na cidade de Dwaraka são muito espertas e inteligentes. Por isso eu ficaria surpresa se essas mulheres da cidade puderem ser desencaminhadas por Krishna e acreditarem nas palavras Dele".

Então outra gopi começou a falar: "Minha querida amiga", disse ela, "Krishna é muito esperto no uso de palavras. Ninguém pode competir com Ele nessa arte. Ele pode manufaturar essas palavras coloridas e falar tão docemente que o coração de qualquer mulher será enganado. Além disso, Ele aperfeiçoou a arte de sorrir muito atrativamente, e ao ver Seu sorriso, as mulheres ficam loucas atrás Dele e se entregam a Ele sem nenhuma hesitação".

Outra gopi, depois de ouvir isso, disse: "Minhas queridas amigas, qual a utilidade de falar sobre Krishna? Se vocês estão muito interessadas em passar o tempo falando, vamos falar sobre outro assunto que não seja Ele. Se o cruel Krishna pode passar Seu tempo sem nós, porque não podemos passar nosso tempo sem Krishna? É claro, Krishna passa Seus dias muito feliz sem nós, mas a diferença é que não podemos passar nossos dias muito felizmente sem Ele".

Quando as gopis começaram a falar dessa forma, seus sentimentos por Krishna ficaram mais e mais intensificados, e elas experimentavam o sorriso de Krishna, as palavras de amor de Krishna, as feições atraentes de Krishna, as características de Krishna e os abraços de Krishna. Pela força de seus sentimentos extáticos, parecia para elas que Krishna estava presente pessoalmente e dançava na frente delas. Por causa da lembrança doce de Krishna delas, elas não conseguiam impedir suas lágrimas, e elas começaram a chorar sem consideração.

O Senhor Balarama pôde, é claro, entender os sentimentos extáticos das gopis, e por isso Ele quis acalmá-las. Ele era perito em apresentar um apelo, assim, tratou as gopis com muito respeito, e Ele começou a narrar as histórias de Krishna tão delicadamente que as gopis ficaram satisfeitas. A fim de manter as gopis em Vrindavana satisfeitas, o Senhor Balarama ficou lá continuamente por dois meses, chamados os meses de Chaitra (Março-Abril) e Vaishakha (Abril-Maio). Por esses dois meses, Ele Se manteve entre as gopis, e passava toda noite com elas na floresta de Vrindavana a fim de satisfazer o desejo delas por amor conjugal. Assim Balarama também desfrutou a dança rasa com as gopis durante esses dois meses. Porque a estação era primavera, a brisa na margem do Yamuna soprava suavemente, e carregava o aroma de várias flores, especialmente da flor conhecida como kaumudi. O brilho do luar preenchia o céu e se espalhava por toda parte, e assim as margens do Yamuna pareciam ser muito brilhantes e agradáveis, e o Senhor Balarama desfrutava a companhia das gopis lá.

O semideus conhecido como Varuna mandou sua filha Varuni na forma de mel líquido que escorria dos buracos das árvores. Por causa desse mel, a floresta inteira ficou aromática, e o aroma doce do mel líquido, Varuni, cativou Balaramaji. Balaramaji e todas as gopis ficaram muito atraídos pelo sabor do Varuni, e todos eles o beberam juntos. Enquanto bebiam essa bebida natural, Varuni, todas as gopis cantavam as glórias do Senhor Balarama, e o Senhor Balarama Se sentiu muito feliz, como se tivesse ficado intoxicado por beber aquela bebida Varuni. Seus olhos rolavam numa atitude de prazer. Ele estava decorado com longos colares de flores da floresta, e toda a situação parecia ser uma grande função de felicidade por causa dessa bem-aventurança transcendental. O Senhor Balarama sorria belamente, e as gotas de transpiração que decoravam Sua face pareciam como gotas de orvalho refrescantes da manhã.

Enquanto Balarama estava nesse humor feliz, Ele desejou desfrutar a companhia das gopis na água do Yamuna. Assim Ele chamou Yamuna para chegar mais perto. Porém Yamuna negligenciou a ordem de Balaramaji, por considerar que Ele estava intoxicado. O Senhor Balarama ficou muito descontente por Yamuna negligenciar a Sua ordem. Ele imediatamente quis rasgar a terra perto do rio com Seu arado. O Senhor Balarama tinha duas armas, um arado e uma maça, e Ele aceitava o serviço delas quando eram requeridas. Dessa vez Ele quis trazer o Yamuna à força, e Ele aceitou a ajuda de Seu arado. Ele queria punir Yamuna pois ela não veio em obediência à Sua ordem. Ele Se dirigiu à Yamuna: "Seu rio desprezível! Você não se importou com Minha ordem. Agora lhe ensinarei uma lição! Você não veio a Mim voluntariamente. Agora com a ajuda do Meu arado Eu forçarei você a vir. Eu dividirei você em centenas de córregos espalhados"!

[N.T.: Apesar de em português "rio" ser "masculino", no plano da Verdade Absoluta, os rios são personalidades femininas].

Quando Yamuna foi ameaçada dessa forma, ela ficou grandemente com medo do poder de Balarama e imediatamente veio em pessoa, caiu a Seus pés de lótus e orou dessa forma: "Meu querido Balarama, Você é a personalidade mais poderosa, e Você é agradável com todos. Infelizmente, eu esqueci Sua posição gloriosa exaltada, mas agora recuperei meus sentidos, e eu lembro que Você sustenta todos os sistemas planetários na Sua cabeça meramente por Sua expansão parcial Shesha. Você é o sustentador de todo o universo. Minha querida Suprema Personalidade de Deus, Você é pleno de seis opulências. Porque eu esqueci Sua onipotência, eu desobedeci a Sua ordem, e por isso me tornei uma grande ofensora. Mas, meu querido Senhor, por favor, saiba que eu sou uma alma rendida a Você. Você tem muita afeição por Seus devotos. Por isso faça o favor de perdoar minha impudência e enganos e, por Sua misericórdia sem causa, que Você possa me libertar agora".

Ao mostrar essa atitude submissa, Yamuna foi perdoada, e quando ela chegou perto, o Senhor Balarama queria desfrutar o prazer de nadar dentro da água dela junto com as gopis da mesma forma que um elefante desfruta de si mesmo junto com suas muitas elefantas. Depois de um longo tempo, quando o Senhor Balarama desfrutou até Sua satisfação plena, Ele saiu da água, e imediatamente uma deusa da fortuna ofereceu a Ele uma roupa fina azul e um colar precioso feito de ouro. Depois de tomar banho no Yamuna, o Senhor Balarama, vestido com roupas azuis e decorado com ornamentos de ouro, parecia muito atraente para todos. A cor do Senhor Balarama é branca, e quando Ele estava vestido propriamente, parecia exatamente como o elefante do Rei Indra nos planetas celestiais. O Rio Yamuna ainda tem muitos afluentes devido ao rasgo que sofreu pelo arado do Senhor Balarama. E todos esses afluentes do Rio Yamuna ainda glorificam a onipotência do Senhor Balarama.

O Senhor Balarama e as gopis desfrutaram passatempos transcendentais juntos toda noite por dois meses, e o tempo passou tão rápido que todas aquelas noites pareceram ser uma noite só. Na presença do Senhor Balarama, todas as gopis e habitantes de Vrindavana ficaram tão contentes como eram antes na presença dos dois irmãos, o Senhor Krishna e o Senhor Balarama.

   

   

Assim termina o significado Bhaktivedanta do Capítulo Sessenta e Quatro de Krishna, "O Senhor Balarama Visita Vrindavana".

    

     

Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga

Nitai Gaura Hari Bol

 

"KRISHNA - A Suprema Personalidade de Deus"

 

(Original Sem "Correções")

de

Sua Divina Graça
Sri Srimad Bhaktivedanta Swami Maharaj Prabhupada
Paramahamsa Thakura Mahashaya

   

Capítulo 65

A Liberação de Paundraka e do Rei de Kashi

     

A história do Rei Paundraka é muito interessante porque sempre existiram muitos velhacos e tolos que se consideram Deus. Mesmo na presença da Suprema Personalidade de Deus, Krishna, havia tal pessoa tola. Seu nome era Paundraka, e ele queria se declarar como Deus. Enquanto o Senhor Balarama estava ausente em Vrindavana, esse Rei Paundraka, o rei da província Karusha, por ser insensato e envaidecido, mandou um mensageiro para o Senhor Krishna. O Senhor Krishna é aceito como a Suprema Personalidade de Deus, e o Rei Paundraka desafiou Krishna diretamente por meio do mensageiro, que declarou que Paundraka, e não Krishna, era Vasudeva. Nos dias presentes, há muitos seguidores insensatos desses farsantes. Similarmente, em seu dia, muitos homens insensatos aceitavam Paundraka como a Suprema Personalidade de Deus. Porque ele não podia estimar sua própria posição, Paundraka falsamente pensava consigo mesmo que era o Senhor Vasudeva. Assim, o mensageiro declarou a Krishna que pela misericórdia sem causa dele, o Rei Paundraka, a Suprema Personalidade de Deus, descendeu na Terra justamente para libertar todas as pessoas aflitas.

Rodeado por muitas outras pessoas tolas, esse farsante Paundraka realmente concluiu que era Vasudeva, a Suprema Personalidade de Deus. Esse tipo de conclusão é certamente infantil. Quando as crianças brincam, elas às vezes criam um rei entre si, e a criança que é selecionada pensa que é o rei. Similarmente, muitas pessoas tolas, devido à ignorância, selecionam outro tolo como Deus, e assim o farsante se considera Deus, como se Deus pudesse ser criado por brincadeira de criança ou por votos de homens. Sob essa falsa impressão, e por se achar o Supremo Senhor, Paundraka mandou seu mensageiro a Dwaraka para desafiar a posição de Krishna. O mensageiro chegou à assembléia real de Krishna em Dwaraka e transmitiu a mensagem dada por seu mestre, Paundraka. A mensagem continha as seguintes declarações.

"Eu sou a Suprema Personalidade de Deus, Vasudeva. Não existe homem que possa competir comigo. Eu descendi como o Rei Paundraka, por ter compaixão pelas almas condicionadas aflitas por causa de minha misericórdia sem causa ilimitada. Você falsamente assumiu a posição de Vasudeva sem autoridade, mas Você não deve propagar essa idéia falsa. Você deve abandonar sua posição. Ó descendente da dinastia Yadu, faça o favor de abandonar todos os símbolos de Vasudeva que Você assumiu falsamente. E depois de abandonar essa posição, venha e Se renda a mim. Se por causa de Sua grossa impudência Você não Se importar com minhas palavras, então eu O desafio para lutar. Eu convido Você a uma batalha na qual a decisão será estabelecida".

Quando todos os membros da assembléia real, inclusive o Rei Ugrasena, ouviram essa mensagem de Paundraka, todos riram muito alto por um tempo considerável. Depois de desfrutar a risada alta de todos os membros da assembléia, Krishna respondeu à mensagem como se segue: "Ó mensageiro de Paundraka, você pode levar Minha mensagem a seu mestre: Ele é um farsante tolo. Eu o chamo diretamente de farsante, e Eu Me recuso a seguir suas instruções. Eu nunca abandonarei os símbolos de Vasudeva, especialmente Meu disco. Eu usarei esse disco para matar não somente o Rei Paundraka mas também todos os seus seguidores. Eu destruirei Paundraka e seus associados tolos, que meramente constituem uma sociedade de enganadores e enganados. Quando essa ação for tomada, Rei tolo, você terá que esconder sua face em desgraça, e quando sua cabeça for separada do seu corpo por Meu disco, ficará rodeada de pássaros comedores de carne como abutres, falcões e águias. Nessa hora, em vez de se tornar Meu abrigo como você demandou, você estará sujeito à misericórdia desses pássaros de nascimento baixo. Nessa hora, seu corpo será jogado aos cães, que o comerão com grande prazer".

O mensageiro levou as palavras do Senhor Krishna a seu mestre, Paundraka, que ouviu todos esses insultos pacientemente. Sem esperar mais, o Senhor Sri Krishna partiu imediatamente em Sua quadriga para punir o farsante Paundraka. Porque naquele tempo o Rei de Karusha vivia com seu amigo o Rei de Kashi, Krishna cercou toda a cidade de Kashi.

O Rei Paundraka era um grande guerreiro, e logo que ele ouviu sobre o ataque de Krishna, saiu da cidade junto com duas divisões akshauhini de soldados. O Rei de Kashi também era um amigo do Rei Paundraka, e saiu com três divisões akshauhini. Quando os dois reis chegaram diante de Krishna para se oporem a Ele, Krishna viu Paundraka face a face pela primeira vez. Krishna viu que Paundraka tinha se decorado com os símbolos do búzio, disco, lótus e maça. Ele carregava o arco Sharanga, e no seu peito havia a insígnia de Shrivatsa. Seu pescoço estava decorado com uma jóia Kaustubha falsa, e ele usava um colar de flores em imitação exata do Senhor Vasudeva. Ele estava vestido com roupas de seda em cor amarela, e a bandeira em sua quadriga portava o símbolo de Garuda, exatamente em imitação da quadriga de Krishna. Ele tinha um elmo muito valioso em sua cabeça, e seus brincos, na forma de peixe-espada, reluziam brilhantemente. No todo, entretanto, sua vestimenta e maquiagem eram claramente imitação. Qualquer um podia entender que ele era justamente igual a alguém que está no palco em atuação no papel de Vasudeva com figurino falso. Quando o Senhor Sri Krishna viu Paundraka imitando Sua postura e vestimenta, Ele não pôde conter Sua risada, assim Ele riu com grande satisfação.

Os soldados do lado do Rei Paundraka começaram a chover suas armas sobre Krishna. As armas, inclusive vários tipos de tridentes, maças, estacas, lanças, espadas, adagas e flechas, vinham voando em ondas, e Krishna as contra-atacou. Ele despedaçou não somente as armas mas também os soldados e assistentes de Paundraka, justamente igual durante a dissolução deste universo que o fogo da devastação queima tudo até as cinzas. Os elefantes, quadrigas, cavalos, e infantaria pertencentes ao partido oposto foram espalhados pelas armas de Krishna. O campo de batalha inteiro ficou espalhado com os corpos de animais e quadrigas. Havia cavalos, elefantes, homens, asnos e camelos. Apesar do campo de batalha devastado parecer o local de dança do Senhor Shiva na hora da dissolução do mundo, os guerreiros que estavam do lado de Krishna estavam muito encorajados por ver aquilo, e lutaram com maior vigor.

Nessa hora, o Senhor Krishna disse a Paundraka: "Paundraka, você requereu para Eu abandonar os símbolos do Senhor Vishnu, especificamente Meu disco. Agora Eu o darei a você. Tenha cuidado! Você se declarou falsamente como Vasudeva, e Me imitou. Por isso ninguém é um tolo maior do que você". Dessa declaração de Krishna está claro que qualquer farsante que se anuncia como Deus é o maior tolo na sociedade humana. Krishna continuou: "Agora, Paundraka, Eu forçarei você a abandonar essa falsa representação. Você queria que Eu Me rendesse a você. Agora é sua oportunidade. Nós lutaremos agora, e se Eu for derrotado e você sair vitorioso, Eu certamente Me renderei a você". Dessa forma, depois de repreender Paundraka muito severamente, Ele espalhou a quadriga dele em pedaços por atirar uma flecha. Com a ajuda de Seu disco, Ele separou a cabeça de Paundraka de seu corpo, justamente igual quando Indra raspa os picos das montanhas ao atingi-las com seu raio. Similarmente, Ele também matou o Rei de Kashi com Suas flechas. O Senhor Krishna especificamente arranjou para atirar a cabeça do Rei de Kashi dentro da cidade de Kashi mesmo para que seus parentes e membros familiares pudessem vê-la. Isso foi feito por Krishna justamente igual um furacão carrega uma pétala de lótus daqui para lá. O Senhor Krishna matou Paundraka e seu amigo Kashiraja no campo de batalha, e depois Ele retornou à Sua cidade capital, Dwaraka.

Quando o Senhor Krishna retornou à cidade de Dwaraka, todos os Siddhas dos planetas celestiais cantavam as glórias do Senhor. No que diz respeito a Paundraka, de uma forma ou outra ele estava sempre a pensar no Senhor Vasudeva por se vestir falsamente daquela forma, e por isso Paundraka atingiu sarupya, um dos cinco tipos de liberação, e assim foi promovido aos planetas Vaikuntha, onde os devotos têm as mesmas características corpóreas de Vishnu, com quatro mãos que seguram os quatro símbolos. De fato, sua meditação estava concentrada na forma de Vishnu, mas porque ele pensava que ele mesmo era o Senhor Vishnu, isso era ofensivo. Depois de ser morto por Krishna, entretanto, essa ofensa foi mitigada. Assim, a ele foi dada liberação sarupya, e ele alcançou a forma do Senhor.

Quando a cabeça do Rei de Kashi foi atirada através do portal da cidade, as pessoas se juntaram e ficaram espantadas de ver aquela coisa maravilhosa. Quando perceberam que havia brincos nela, puderam entender que era a cabeça de uma pessoa. Elas conjeturaram de quem poderia ser aquela cabeça. Alguns pensaram que era a cabeça de Krishna porque Krishna era o inimigo de Kashiraja, e eles calcularam que o Rei de Kashi pode ter jogado a cabeça de Krishna dentro da cidade para que as pessoas tivessem o prazer que o inimigo foi morto. Mas finalmente foi detectado que a cabeça não era de Krishna, e sim do próprio Kashiraja. Quando foi assim apurado, as rainhas do Rei de Kashi imediatamente se aproximaram e começaram a lamentar a morte de seu marido. "Nosso querido senhor", elas gritavam, "com a sua morte, nós nos tornamos justamente iguais a corpos mortos".

O Rei de Kashi tinha um filho cujo nome era Sudakshina. Depois de observar as cerimônias ritualísticas de funeral, ele fez um juramento porque Krishna era o inimigo de seu pai, ele mataria Krishna e dessa forma liquidaria suas dívidas com seu pai. Assim, acompanhado por um sacerdote erudito qualificado para ajudá-lo, ele começou a adorar Mahadeva, o Senhor Shiva. O senhor do reino de Kashi é Vishvanatha (Senhor Shiva). O templo do Senhor Vishvanatha ainda existe em Varanasi, e muitos milhares de peregrinos ainda se reúnem diariamente naquele templo. Com a adoração de Sudakshina, o Senhor Shiva ficou muito contente, e ele quis dar uma bênção a seu devoto. O propósito de Sudakshina era matar Krishna, e por isso ele rogou por um poder específico com o qual ele pudesse matá-Lo. O Senhor Shiva aconselhou que Sudakshina, assistido por brahmanas, executasse a cerimônia ritualística para matar o seu inimigo. Essa cerimônia também é mencionada em alguns dos Tantras. O Senhor Shiva informou Sudakshina que se essa cerimônia ritualística negra fosse executada propriamente, o espírito maligno chamado Dakshinagni apareceria para cumprir qualquer ordem que lhe fosse dada. Ele deve ser empregado, entretanto, para matar alguém que não seja um brahmana qualificado. Nesse caso, ele estará acompanhado pelos companheiros fantasmagóricos do Senhor Shiva, e o desejo de Sudakshina para matar seu inimigo será satisfeito.

Quando Sudakshina foi encorajado pelo Senhor Shiva dessa forma, ele ficou seguro que seria capaz de matar Krishna. Com um voto determinado de austeridade, ele começou a executar a arte negra de cantar mantras, assistido pelos sacerdotes. Depois disso, do fogo saiu uma grande forma demoníaca, cujo cabelo, barba e bigode eram exatamente da cor do cobre quente. Essa forma era muito grande e aterrorizante. Enquanto o demônio levantava do fogo, fagulhas de fogo emanavam das suas órbitas oculares. O demônio gigante aterrorizante parecia ainda mais feroz devido aos movimentos de suas sobrancelhas. Ele exibiu dentes longos e afiados e, apontando sua longa língua, lambia ambos os lados de seus lábios. Ele estava nu, e carregava um grande tridente, que era ardente como o fogo. Depois de aparecer do fogo do sacrifício, ele ficou em postura e brandia seu tridente em sua mão. Instigado por Sudakshina, o demônio procedeu em direção à cidade capital, Dwaraka, junto com muitas centenas de companheiros fantasmagóricos, e parecia que ele ia queimar até as cinzas o espaço sideral. A superfície da Terra tremia por causa dos golpes de seus passos. Quando ele entrou na cidade de Dwaraka, todos os residentes entraram em pânico, justamente igual aos animais na hora do fogo na floresta.

Nessa hora, Krishna estava entretido em jogar xadrez no salão do conselho da assembléia real. Todos os residentes de Dwaraka se aproximaram e se dirigiram a Ele: "Querido Senhor dos três mundos, há um grande demônio ardente pronto para queimar toda a cidade de Dwaraka! Faça o favor de nos salvar"! Assim, depois de se aproximarem de Krishna, todos os habitantes de Dwaraka começaram a apelar a Ele por proteção do demônio ardente que justamente apareceu em Dwaraka para devastar a cidade inteira.

O Senhor Krishna, que especificamente protege Seus devotos, viu que toda população de Dwaraka estava perturbada ao extremo pela presença do grande demônio ardente. Ele imediatamente começou a sorrir e os assegurou: "Não se preocupem. Eu darei toda proteção a vocês". A Suprema Personalidade de Deus, Krishna, é todo-penetrante. Ele está dentro do coração de todos, e Ele está fora também na forma da manifestação cósmica. Ele pôde entender que o demônio ardente foi criado pelo Senhor Shiva, e a fim de aniquilá-lo, Ele pegou Seu Sudarshana-chakra e o ordenou para tomar os passos necessários. O Sudarshana-chakra apareceu com a refulgência de milhões de sóis, sua temperatura era tão poderosa quanto o fogo criado no fim da manifestação cósmica. Com sua própria refulgência, o Sudarshana-chakra começou a iluminar o universo inteiro, na superfície da Terra e também no espaço sideral. Então o Sudarshana-chakra começou a congelar o demônio ardente criado pelo Senhor Shiva. Dessa forma, o demônio ardente foi impedido pelo Sudarshana-chakra do Senhor Krishna, e por ser derrotado em sua tentativa de devastar a cidade de Dwaraka, ele retornou de volta.

Devido ao fracasso de atear fogo em Dwaraka, ele foi de volta para Varanasi, o reino de Kashiraja. Como resultado do seu retorno, todos os sacerdotes que ajudaram instruir a arte negra de mantras, juntos com seu empregador, Sudakshina, foram queimados até as cinzas pela refulgência brilhante do demônio ardente. De acordo com os métodos da arte negra de mantras instruídos no Tantra, se o mantra falhar em matar o inimigo, então, porque precisa matar alguém, ele mata o criador original. Sudakshina era o originador, e os sacerdotes o assistiram; por isso que todos eles foram queimados até as cinzas. Assim é o caminho dos demônios: os demônios criam alguma coisa para matar Deus, mas com a mesma arma os demônios eles mesmos são mortos.

Seguindo justamente atrás do demônio ardente, o Sudarshana-chakra também entrou em Varanasi. Essa cidade de Varanasi foi muito opulenta e grandiosa por um longo tempo. Mesmo hoje em dia, a cidade de Varanasi é muito opulenta e famosa, e é uma das cidades importantes da Índia. Havia então muitos grandes palácios, casas de assembléia, mercados e portais, com grandes monumentos muito importantes pelos palácios e portais. Plataformas de palestras podiam ser encontradas em cada e toda esquina dos cruzamentos das vias. Havia uma grande casa do tesouro, e cabeças de elefantes, cabeças de cavalos, quadrigas, celeiros e locais para distribuição de alimentos. A cidade de Varanasi estava repleta com todas essas opulências materiais por um longo tempo, mas porque o Rei de Kashi e seu filho Sudakshina eram contra o Senhor Krishna, o Vishnu-chakra Sudarshana (a arma de disco do Senhor Krishna) devastou toda a cidade por queimar todos esses locais importantes. Essa excursão foi mais devastadora dos que os bombardeios modernos. O Sudarshana-chakra, depois de finalizar seu trabalho, voltou para seu Senhor Sri Krishna em Dwaraka.

Esta narração da devastação de Varanasi pela arma disco de Krishna, o Sudarshana-chakra, é transcendental e auspiciosa. Qualquer um que narrar esta história ou qualquer um que ouvir esta história com fé e atenção será liberado de todas as reações de atividades pecaminosas. Essa é a garantia de Shukadeva Goswami que narrou esta história a Parikshit Maharaja.

   

   

Assim termina o significado Bhaktivedanta do Capítulo Sessenta e Cinco de Krishna, "A Liberação de Paundraka e do Rei de Kashi".

    

    

Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga

Nitai Gaura Hari Bol

 

"KRISHNA - A Suprema Personalidade de Deus"

 

(Original Sem "Correções")

de

Sua Divina Graça
Sri Srimad Bhaktivedanta Swami Maharaj Prabhupada
Paramahamsa Thakura Mahashaya

   

Capítulo 66

Liberação de Dvivida Gorila

     

Enquanto Shukadeva Goswami continuou a falar sobre os passatempos e características do Senhor Krishna, o Rei Parikshit, depois de ouvi-lo, ficou mais e mais entusiasmado e queria ouvir mais. Shukadeva Goswami em seguida narrou a história de Dvivida ["dívida"], o gorila que foi morto pelo Senhor Balarama.

Esse gorila era um grande amigo de Bhaumasura, ou Narakasura, que foi morto por Krishna em conexão com seu rapto de dezesseis mil princesas pelo mundo inteiro. Dvivida era o ministro do Rei Sugriva. Seu irmão, Mainda, também era um rei gorila muito poderoso. Quando o gorila Dvivida ouviu a história de seu amigo Bhaumasura ser morto pelo Senhor Krishna, ele planejou criar vandalismo por todo o país a fim de vingar a morte de Bhaumasura. Seu primeiro trabalho foi atear fogo em vilas, cidades, e locais industriais e de mineração, e também nas quadras residenciais das pessoas da classe mercantil que estavam ocupadas na produção de laticínios e proteção das vacas. Algumas vezes, ele arrancava uma grande montanha e a quebrava em pedaços. Dessa forma, ele criou grandes perturbações por todo o país, especialmente na província de Kathwar. A cidade de Dwaraka era situada nessa província de Kathwar, e porque o Senhor Krishna costumava viver nessa cidade, Dvivida especificamente a fez de seu alvo de perturbação.

Dvivida era tão poderoso quanto 10.000 elefantes. Às vezes, ele ia para a beira-mar, e com suas mãos poderosas criava uma perturbação tão grande no mar que ele inundava as cidades e vilas vizinhas. Muitas vezes, ele ia aos eremitérios de grandes pessoas santificadas e sábios e causava uma grande perturbação por esmagar seus belos jardins e pomares. Não somente ele criava perturbações dessa forma, mas às vezes ele urinava e defecava na arena de sacrifício sagrado deles. Assim ele poluía toda a atmosfera. Ele também raptava tanto homens quanto mulheres, e os levava de suas residências para cavernas das montanhas. Depois de colocá-los nas cavernas, ele fechava as entradas com pilhas de grandes pedras, igual ao inseto bhringi, que captura e carrega muitas moscas e outros insetos e os coloca nos buracos das árvores onde vive. Assim ele regularmente desafiava a lei e ordem do país. Não só isso, mas algumas vezes ele poluía membros femininos de muitas famílias aristocráticas por estuprá-las à força.

Enquanto ele criava essas grandes perturbações por todo o país, às vezes ele ouvia sons musicais muito doces da Montanha Raivataka, assim ele entrou nessa região montanhosa. Lá ele viu o Senhor Balarama que estava presente no meio de muitas belas jovens meninas, e desfrutava da companhia delas enquanto se entretinham em cantar e dançar. Ele ficou cativado pelas belas características do corpo do Senhor Balarama, cada e toda parte do qual era muito bela, decorado como Ele estava com um colar de flores de lótus. Similarmente, todas as jovens meninas presentes, vestidas e com colares de flores, exibiam extrema beleza. O Senhor Balarama parecia completamente intoxicado de beber a bebida Varuni, e Seus olhos pareciam que rolavam num estado embriagado. O Senhor Balarama parecia justamente igual ao rei dos elefantes no meio de suas muitas elefantas.

Esse gorila com o nome de Dvivida podia subir nas árvores e pular de um galho a outro. Algumas vezes ele arrancava os galhos, o que criava um tipo particular de som: "Kila, kila", pois o Senhor Balarama estava grandemente distraído pela atmosfera agradável. Às vezes, Dvivida vinha perante as mulheres e exibia diferentes caricaturas. Por natureza, jovens mulheres estão aptas a desfrutar tudo com risada e brincadeira, e quando o gorila veio perante elas, elas não o levaram a sério, e sim riram dele. Entretanto, o gorila era tão rude que mesmo na presença de Balarama ele começou a mostrar as partes inferiores de seu corpo para as mulheres, e às vezes ele vinha em frente para mostrar seus dentes enquanto mexia suas sobrancelhas. Ele desrespeitou as mulheres mesmo na presença de Balarama. O nome do Senhor Balarama sugere que Ele não somente é poderoso, mas também que Ele sente prazer em exibir poder extraordinário. Assim Ele pegou uma pedra e atirou em Dvivida. O gorila, entretanto, astutamente evitou ser atingido pela pedra. A fim de insultar Balarama, o gorila pegou o pote de barro onde o Varuni era guardado. Dvivida, assim intoxicado, com sua força limitada, começou a rasgar todas as roupas valiosas usadas por Balarama e das jovens meninas acompanhantes. Ele era tão insolente que pensou que Balarama não podia fazer nada para castigá-lo, e continuou a ofender Balaramaji e Suas companheiras.

Quando o Senhor Balarama viu pessoalmente as perturbações criadas pelo gorila e ouviu que ele já havia desempenhado muitas atividades danosas por todo o país, Ele ficou muito bravo e decidiu matá-lo. Imediatamente Ele pegou Sua maça em Suas mãos. O gorila pôde entender que agora Balarama o atacaria. A fim de contra-atacar Balarama, ele imediatamente arrancou pela raiz um grande carvalho, e com grande força ele veio e golpeou a cabeça do Senhor Balarama. O Senhor Balarama, todavia, imediatamente segurou a grande árvore e ficou imperturbado, justamente igual a uma grande montanha. Para retaliar, Ele pegou Sua maça de nome Sunanda e começou a golpear o gorila com ela. A cabeça do gorila ficou severamente ferida. Correntes de sangue fluíam da cabeça dele com grande força, mas o fluxo de sangue incrementou sua beleza como um córrego de manganês líquido que sai de uma grande montanha. O ataque da maça de Balarama não o abalou nenhum pouco. Ao contrário, ele imediatamente arrancou pela raiz outra árvore de carvalho, e depois de aparar todas suas folhas, começou a golpear a cabeça de Balarama com ela. Mas Balarama, com a ajuda de Sua maça, despedaçou a árvore em pedaços. Porque o gorila estava muito furioso, ele pegou outra árvore com suas mãos e começou a atacar o corpo do Senhor Balarama. Novamente o Senhor Balarama despedaçou a árvore em pedaços, e a luta continuou. Toda vez o gorila trazia outra árvore para atacar Balarama, o Senhor Balarama despedaçava a árvore em pedaços. O gorila Dvivida apanhava outra árvore de outra direção e novamente atacava Balarama da mesma forma. Como resultado dessa luta contínua, a floresta ficou sem árvores. Quando nenhuma árvore mais estava disponível, Dvivida pegou a ajuda das montanhas e atirou grandes pedaços de pedra, igual a uma tempestade, sobre o corpo de Balarama. O Senhor Balarama, também em grande humor esportivo, começou a despedaçar esses grandes pedaços de pedra em pequenos seixos. O gorila, desprovido de todas as árvores e lajes de pedra, agora se posicionou na frente Dele e brandiu seus punhos poderosos. Então, com grande força, ele começou a golpear o tórax do Senhor Balarama com seus punhos. Dessa vez o Senhor Balarama ficou muito irado. Porque o gorila O atacava com suas mãos, Ele não o atacaria de volta com Suas armas pessoais, a maça e o arado. Simplesmente com Seus punhos, Ele começou a golpear a clavícula do gorila. Esse ataque provou ser fatal para Dvivida, que imediatamente vomitou sangue e caiu inconsciente no chão. Quando o gorila caiu, pareceu que todas as montanhas e florestas tremeram.

Depois desse horrível incidente, todos os Siddhas, grandes sábios e pessoas santificadas do sistema planetário superior começaram a chover flores na pessoa do Senhor Balarama, e sons que glorificavam a supremacia do Senhor Balarama vibravam. Todos eles começaram a cantar: "Todas as glórias ao Senhor Balarama! Deixe-nos oferecer nossas respeitosas reverências a Seus pés de lótus. Ao matar esse grande demônio, Dvivida, Você iniciou uma era auspiciosa para o mundo". Sons jubilosos de vitória assim eram ouvidos do espaço sideral. Depois de matar o grande demônio Dvivida e ser adorado com chuvas de flores e sons gloriosos de vitória, Balarama retornou à Sua cidade capital, Dwaraka.

 

 

Assim termina o significado Bhaktivedanta do Capítulo Sessenta e Seis de Krishna, "Liberação de Dvivida Gorila".

    

    

Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga

Nitai Gaura Hari Bol

 

"KRISHNA - A Suprema Personalidade de Deus"

 

(Original Sem "Correções")

de

Sua Divina Graça
Sri Srimad Bhaktivedanta Swami Maharaj Prabhupada
Paramahamsa Thakura Mahashaya

   

Capítulo 67

O Casamento de Samba

     

Duryodhana, o filho de Dhritarastra, tinha uma filha casável com o nome de Lakshmana. Ela era uma menina muito altamente qualificada da dinastia Kuru, e muitos príncipes queriam casar com ela. Nesses casos, a cerimônia swayamvara é realizada para que a menina possa selecionar seu esposo de acordo com sua própria escolha. Na assembléia do swayamvara de Lakshmana, quando a menina ia selecionar seu esposo, Samba apareceu. Ele era um filho de Krishna com Jambavati, uma das esposas principais do Senhor Krishna. Esse filho Samba era chamado assim porque era uma criança muito levada, e ele sempre vivia perto da sua mãe. O nome Samba indica um filho que é muito o queridinho da sua mãe. Amba significa mãe, e sa significa com. Por isso esse nome especial foi dado a ele porque ele sempre permanecia com sua mãe. Ele também era conhecido como Jambavatisuta pela mesma razão. Com já foi explicado previamente, todos os filhos de Krishna eram tão qualificados quanto seu grande pai, o Senhor Krishna. Samba queria a filha de Duryodhana, Lakshmana, mesmo sem ela estar inclinada a tê-lo. Por isso que Samba raptou Lakshmana à força da assembléia do swayamvara.

Porque Samba levou Lakshmana embora da assembléia à força, todos os membros da dinastia Kuru, chamados, Dhritarastra, Bhisma, Vidura, Ujahan e Arjuna, acharam isso um insulto à tradição da família deles que o menino, Samba, pudesse possivelmente ter raptado a filha deles. Todos eles sabiam que Lakshmana não estava nenhum pouco inclinada a selecioná-lo como seu esposo e que a ela não foi dada a chance de selecionar seu próprio marido; em vez disso, ela foi levada à força por esse rapaz. Assim, eles decidiram que ele devia ser punido. Eles unanimemente declararam que ele era altamente impudente e que ele degradou a tradição da família Kuru. Então, todos eles, sob o conselho dos membros mais velhos da família Kuru, decidiram prender o rapaz e não matá-lo. Eles concluíram que a menina não podia casar com nenhum outro rapaz além de Samba pois ela tinha sido tocada por ele. (De acordo com o sistema Védico, uma vez usada por um rapaz, uma menina não pode casar ou ser dada a nenhum outro rapaz. Nem ninguém concorda em casar com uma menina que já se associou com outro rapaz). Os membros mais velhos da família, como Bhisma, queriam prendê-lo. Todos os membros da dinastia Kuru, especialmente, os grandes lutadores, juntaram-se justamente para ensinarem a ele uma lição, e Karna foi feito de comandante supremo para essa pequena batalha.

Enquanto era feito o plano para prender Samba, os Kurus aconselharam entre si que com a prisão dele, os membros da dinastia Yadu ficariam muito irados com eles. Havia toda possibilidade dos Yadus aceitarem o desafio e lutarem com eles. Mas eles também pensaram: "Se eles vierem aqui lutar conosco, o que poderiam fazer? Os membros da dinastia Yadu não podem se igualar aos membros da dinastia Kuru porque os reis da dinastia Kuru são os imperadores enquanto os reis da dinastia Yadu são capazes de desfrutar sua propriedade fundiária". Os Kurus pensaram: "Se eles vierem aqui e nos desafiarem porque seu filho foi preso, nós então aceitaremos a luta. Todos nós ensinaremos a eles uma lição, para que automaticamente eles sejam subjugados sob pressão, igual aos sentidos que são subjugados pelo processo de yoga místico, pranayama". (No sistema mecânico de yoga místico, os ares dentro do corpo são controlados, e os sentidos são subjugados e impedidos de estarem dedicados a qualquer coisa além da meditação no Senhor Vishnu).

Depois de consultar e depois de receber permissão dos membros mais velhos da dinastia Kuru, como Bhisma e Dhritarastra, seis grandes guerreiros - Karna, Shala, Bhurishrava, Yajñaketu e Duryodhana, o pai da menina - todos maha-rathis e guiados pelo grande lutador Bhismadeva, tentaram prender o menino Samba. Existem diferentes graus de lutadores, inclusive maha-rathi, eka-rathi e rathi, classificados de acordo com sua capacidade de luta. Esses maha-rathis podiam lutar sozinhos contra muitos milhares de homens. Todos eles se combinaram juntos para prender Samba. Samba também era um maha-rathi, mas estava sozinho e teve que lutar contra os seis outros maha-rathis. Mesmo assim, ele não ficou intimidado quando viu todos os grandes lutadores da dinastia Kuru que viam para prendê-lo.

Sozinho, ele se voltou em direção a eles e pegou seu ótimo arco, e se posicionou exatamente igual a um leão que se posiciona adamantino na face de outros animais. Karna liderava o partido, e ele desafiou Samba: "Por que você foge? Justamente pare, e nós lhe ensinaremos uma lição"! Quando desafiado por outro kshatriya para parar e lutar, um kshatriya não pode ir embora; ele tem que lutar. Assim, logo que Samba aceitou o desafio e se posicionou sozinho perante eles, ele foi dominado por chuvas de flechas atiradas por todos os grandes guerreiros. Igual a um leão que nunca tem medo de ser atacado por muitos lobos e chacais, similarmente, Samba, o glorioso filho da dinastia Yadu, dotado com potências inconcebíveis por ser filho do Senhor Krishna, ficou muito irado com os guerreiros da dinastia Kuru por usarem armas impropriamente contra ele. Ele lutou com eles com grande talento. Primeiro de tudo ele atingiu cada um dos seis cocheiros com seis flechas separadas. Outras quatro flechas, ele usou para matar os cavalos dos cocheiros, quatro em cada quadriga. Uma flecha ele usou para matar o piloto e outra flecha ele usou para Karna e também os outros célebres lutadores. Enquanto Samba lutava de forma tão diligente contra os seis grandes guerreiros, todos eles apreciaram a potência inconcebível do rapaz. Mesmo no meio da luta eles admitiram que esse rapaz Samba era maravilhoso. Mas a luta foi conduzida no espírito kshatriya, assim todos juntos, apesar de impróprio, obrigaram Samba a Descer de sua quadriga, agora quebrada em pedaços. Dos seis guerreiros, quatro se encarregaram de matar os quatro cavalos de Samba, e outro se encarregou de cortar a corda do arco de Samba para que ele não pudesse mais lutar contra eles. Dessa forma, com grande dificuldade e depois de luta severa, Samba foi feito desprovido de sua quadriga, e eles ficaram aptos a prendê-lo. Assim, os guerreiros da dinastia Kuru aceitaram sua grande vitória e pegaram sua filha, Lakshmana, embora dele. Depois disso, eles entraram na cidade de Hastinapura em grande triunfo.

O grande sábio Narada imediatamente levou a notícia para a dinastia Yadu que Samba foi preso e contou a eles toda a história. Os membros da dinastia Yadu ficaram muito irados por Samba estar preso, e impropriamente por seis guerreiros. Agora, com a permissão do rei líder da dinastia Yadu, Ugrasena, eles prepararam para atacar a cidade capital da dinastia Kuru.

Embora o Senhor Balarama soubesse muito bem que por uma pequena provocação pessoas estão preparadas para lutar uma com a outra na era de Kali, Ele não gostou da idéia que as duas grandes dinastias, a dinastia Kuru e a dinastia Yadu, lutariam entre si, mesmo embora eles estarem influenciados por Kali-yuga. "Em vez de lutarem contra eles", Ele pensou sabiamente, "deixe-Me ir lá e ver a situação, e deixe-Me ver se a luta pode ser decidida por entendimento mútuo". A idéia de Balarama era que se a dinastia Kuru pudesse ser induzida a libertar Samba junto com sua esposa, Lakshmana, então a luta poderia ser evitada. Imediatamente, Ele arranjou uma ótima quadriga para ir a Hastinapura, acompanhado por sacerdotes e brahmanas eruditos, bem como por alguns membros mais velhos da dinastia Yadu. Ele estava confiante que os membros da dinastia Kuru concordariam com esse casamento e evitariam a luta entre si. À medida que o Senhor Balarama procedia em direção a Hastinapura em Sua quadriga, acompanhado por brahmanas eruditos e os membros mais velhos da dinastia Yadu, Ele parecia como a Lua brilhante no céu limpo entre as estrelas cintilantes. Quando o Senhor Balarama chegou aos arredores da cidade de Hastinapura, Ele não entrou, mas estacionou num acampamento fora da cidade numa pequena casa de jardim. Então Ele pediu a Uddhava para ver os líderes da dinastia Kuru e inquirir deles se queriam lutar contra a dinastia Yadu ou fazer um acordo. Uddhava foi ver os líderes da dinastia Kuru, e ele encontrou todos os membros importantes, inclusive Bhismadeva, Dhritarastra, Dronacharya, Bali, Duryodhana e Bahlika. Depois de oferecer a eles os devidos respeitos, ele os informou que o Senhor Balarama já tinha chegado ao jardim, fora no portal de entrada da cidade.

Os líderes da dinastia Kuru, especialmente Dhritarastra e Duryodhana, ficaram muito alegres porque eles sabiam muito bem que o Senhor Balarama era um grande benquerente da família deles. Não havia limites para a alegria deles ao ouvir a notícia, e assim imediatamente eles deram as boas vindas a Uddhava. A fim de receber o Senhor Balarama propriamente, eles reuniram toda a parafernália auspiciosa para a recepção Dele em suas mãos e foram vê-Lo fora do portal da cidade. De acordo com suas posições respectivas, eles deram as boas vindas ao Senhor Balarama por dar a Ele ótimas vacas e argha (um sortimento de artigos como água de aratrika, preparações de doces de mel, manteiga, etc., e flores, e colares de flores perfumados com polpa). Porque todos eles conheciam a posição exaltada do Senhor Balarama como a Suprema Personalidade de Deus, eles prostraram suas cabeças perante o Senhor com grande respeito. Todos eles trocaram palavras de recepção por perguntar sobre o bem-estar de cada um, quando essa formalidade acabou, o Senhor Balarama, com uma grande voz e muito pacientemente, submeteu perante eles as seguintes palavras para sua consideração. "Meus queridos amigos, dessa vez Eu vim como um mensageiro com a ordem do todo-poderoso Rei Ugrasena. Por favor, então, ouçam a ordem com atenção e grande cuidado. Sem perder um único momento, façam o favor de cumprir a ordem. O Rei Ugrasena sabe muito bem que vocês guerreiros da dinastia Kuru lutaram impropriamente contra o piedoso Samba, que estava sozinho, e com grande dificuldade e táticas vocês o prenderam. Todos nós ouvimos essa notícia, mas não estamos muito agitados porque nós somos altamente relacionados intimamente um com o outro. Eu não acho que nós devamos perturbar nosso bom relacionamento; nós devemos continuar nossa amizade sem nenhuma luta desnecessária. Por favor, então, imediatamente libertem Samba e tragam-no aqui, junto com sua esposa, Lakshmana, perante Mim".

Quando o Senhor Balarama falou num tom de comando cheio de afirmação, supremacia e cavalheirismo heróicos, Suas declarações não foram apreciadas pelos líderes da dinastia Kuru. Ao contrário, todos eles ficaram agitados, e com grande ira eles disseram: "Olá! Essas palavras são muito espantosas mas bem adequadas à era de Kali; de outra forma como Balarama poderia falar de forma tão vituperiosa? A linguagem e tom usados por Balarama são simplesmente abusivos, e devido à influência desta era, parece que os calçados dignos dos pés querem se elevar ao topo da cabeça onde se usa o elmo. Nós somos conectados à dinastia Yadu por casamento, e por causa disso, a eles foi dada a chance de virem e viverem conosco, comer conosco, dormir conosco; agora eles aproveitam a vantagem desses privilégios. Eles tinham praticamente nenhuma posição antes de darmos a eles uma porção do nosso reino para reinarem, e agora eles tentam nos comandar. Nós permitimos que a dinastia Yadu usasse as insígnias reais como o abano de cauda de yak, abano, búzio, sombrinha branca, coroa, trono real, local de assento, acolchoado, e tudo digno da ordem real. Eles não deviam ter usado essa parafernália real na nossa presença, mas nós não os impedimos devido às nossas relações familiares. Agora eles têm a audácia de nos ordenarem a fazer coisas. Bem, isso é o bastante da impudência deles! Nós não podemos permitir que eles façam mais essas coisas, nem devemos permitir que eles usem as insígnias reais. É melhor tirar todas essas coisas embora deles; é impróprio alimentar uma serpente com leite, pois essas atividades piedosas simplesmente incrementam seu veneno. A dinastia Yadu agora tenta ir contra aqueles que os alimentaram tão bem. Sua condição de esplendor é devida a nossos presentes e comportamento misericordioso, e mesmo assim eles são tão sem vergonha que tentam nos ordenar. Quão lamentável são todas essas atividades! Ninguém no mundo pode desfrutar nada se os membros da dinastia Kuru como Bhisma, Dronacharya e Arjuna não lhe derem permissão. Exatamente igual a um cordeiro não pode desfrutar a vida na frente de um leão, sem o nosso desejo não é nem mesmo possível para os semideuses no céu, liderados por Indra, encontrarem desfrute na vida, o que dizer de seres humanos ordinários"! Na realidade, os membros da dinastia Kuru estavam muito vaidosos por causa de sua opulência, reino, aristocracia, tradição familiar, grandes guerreiros, membros familiares e vasto império expansivo. Eles nem mesmo observaram as formalidades da sociedade civilizada, e na presença do Senhor Balarama eles pronunciavam palavras de insulto à dinastia Yadu. Falando de forma tão grosseira, eles retornaram à cidade de Hastinapura.

Apesar do Senhor Balarama ouvir pacientemente as palavras de insulto deles e simplesmente observar o comportamento incivilizado deles, por Sua aparência estava claro que Ele queimava de raiva e pensava em retaliar com grande vingança. Suas características corpóreas ficaram tão agitadas que era difícil para qualquer um olhar para Ele. Ele riu muito alto e disse: "É verdade que se um homem fica muito presunçoso por causa de sua família, opulência, beleza e avanço material, ele não quer mais uma vida pacífica e se torna beligerante em relação a todos os outros. É inútil dar uma boa instrução a uma pessoa dessas para comportamento gentil e vida pacífica, mas ao contrário, deve-se procurar formas e meios de puni-la". Geralmente, devido à opulência material um homem se torna exatamente igual a um animal. Dar instruções pacíficas a um animal é inútil, o único meio é argumentum vaculum. Em outras palavras, o único meio de manter animais em ordem é uma vara. "Justamente vejam o quão impudentes os membros da dinastia Kuru são! Eu queria fazer um acordo pacífico apesar da ira de todos os outros membros da dinastia Yadu, inclusive o próprio Senhor Krishna em Pessoa. Eles se prepararam para atacar todo o reino da dinastia Kuru, mas Eu os acalmei e tive o incômodo de vir aqui para solucionar o caso sem nenhuma luta. Ainda assim esses tratantes se comportam dessa forma! Está claro que eles não querem um acordo pacífico, mas eles são na realidade belicistas. Com grande arrogância eles Me insultaram repetidamente por chamar a dinastia dos Yadus de nomes feios".

"Mesmo o Rei do céu, Indra, cumpre a ordem da dinastia Yadu, e vocês consideram o Rei Ugrasena, que é o cabeça dos Bhojas, Vrishnis, Andhakas e Yadavas, como o líder de uma pequena falange! Sua conclusão é maravilhosa! Vocês não têm consideração pelo Rei Ugrasena, cuja ordem é obedecida até mesmo pelo Rei Indra. Considerem a posição exaltada da dinastia Yadu. Eles usam à força tanto a casa de assembléia quanto a árvore parijata do planeta celestial, e mesmo assim vocês acham que eles não podem dar ordens a vocês. Vocês não pensam que o Senhor Krishna, a Suprema Personalidade de Deus, pode sentar no exaltado trono real e comandar todos? Tudo bem! Se o pensamento de vocês é assim, então vocês merecem ser ensinados uma lição muito boa. Vocês acharam sensato que as insígnias reais como o abano de cauda de yak, abano de penas de pavão, sombrinha branca, trono real e outra parafernália principesca não sejam usadas pela dinastia Yadu. Isso quer dizer que mesmo o Senhor Krishna, o Senhor de toda a criação e o esposo da deusa da fortuna, não pode usar essa parafernália real? A poeira dos pés de lótus de Krishna é adorada por grandes semideuses. A água do Ganges inunda o mundo inteiro, e como emana de Seus pés de lótus, suas margens se transformaram em grandes locais de peregrinação. As principais deidades de todos os planetas se dedicam a Seu serviço, e elas se consideram as mais afortunadas por levarem a poeira de Seus pés de lótus em seus elmos. Grandes semideuses como o Senhor Brahma, Senhor Shiva, e mesmo a deusa da fortuna e Eu somos simplesmente partes plenárias da identidade espiritual Dele, e ainda assim vocês acham que Ele não é digno de usar a insígnia real ou mesmo sentar no trono real? Ai de Mim, quão lamentável é que esses tolos nos consideram, os membros da dinastia Yadu, como os sapatos e eles mesmos os elmos. Está claro agora que esses líderes da dinastia Kuru ficaram loucos por causa de suas posses e opulência material. Cada declaração que eles fizeram estava cheia de propostas loucas. Eu devo imediatamente levá-los à obrigação moral e trazê-los a seus sentidos. Se Eu não tomar medidas contra eles, será impróprio da Minha parte. Assim, neste mesmo dia, Eu livrarei o mundo inteiro de qualquer traço da dinastia Kuru. Eu os finalizarei imediatamente"! Enquanto falava assim. O Senhor Balarama parecia tão furioso que Ele parecia como se pudesse queimar a criação cósmica inteira até as cinzas. Ele levantou firmemente, pegou Seu arado em Sua mão, e começou a golpear a terra com ele. Dessa forma, toda a cidade de Hastinapura foi separada da terra. O Senhor Balarama então começou a arrastar a cidade em direção à água corrente do rio Ganges. Por causa disso, houve um grande tremor em toda Hastinapura, com se fosse um terremoto que acontecia, e parecia que toda a cidade seria desmantelada.

Todos os membros da dinastia Kuru viram que sua cidade estava para cair dentro da água do Ganges e quando ouviram seus cidadãos a gritar em grande ansiedade, eles imediatamente recuperaram sua razão e entenderam o que acontecia. Assim sem esperar outro segundo, eles trouxeram adiante sua filha Lakshmana. Eles também trouxeram Samba, que à força tentou levá-la embora, e o mantiveram na frente com Lakshmana atrás dele. Todos os membros da dinastia Kuru apareceram perante o Senhor Balarama com mãos postas justamente para implorar o perdão da Suprema Personalidade de Deus. Agora com uso do bom senso, eles disseram: "Ó Senhor Balarama, Você é o reservatório de todos os prazeres. Você é o mantenedor e suporte da situação cósmica inteira. Infelizmente, todos nós somos inconscientes de suas potências inconcebíveis. Querido Senhor, por favor nos considere altamente tolos. Nossa inteligência estava confusa e não em ordem. Por isso nós viemos até Você para implorar o Seu perdão. Por favor nos desculpe. Você é o criador, sustentador e aniquilador original de toda a manifestação cósmica, e ainda assim Sua posição é sempre transcendental. Ó todo-poderoso Senhor, grandes sábios falam sobre Você. Você é o manipulador de marionetes original, e tudo no mundo é justamente igual a Suas marionetes. Ó ser ilimitado, Você tem uma alça em tudo, e como uma brincadeira de criança, Você suporta todos os sistemas planetários sobre Sua cabeça. Quando chega o tempo da dissolução, Você fecha toda a manifestação cósmica dentro de Si mesmo. Nesse momento, nada permanece além de Você mesmo deitado no Oceano Causal como Maha-Vishnu. Nosso querido Senhor, Você apareceu nesta Terra em Seu corpo transcendental justamente para a manutenção da situação cósmica. Você está acima de toda a ira, inveja e inimizade. Tudo que Você faz, mesmo na forma de punição, é auspicioso para a existência material inteira. Nós oferecemos nossas respeitosas reverências a Você porque é a Suprema Personalidade de Deus imperecível, o reservatório de todas as opulências e potências. Ó criador de inumeráveis universos, deixe-nos prostrar e oferecer a Você nossas respeitosas reverências, repetidamente. Nós agora estamos plenamente rendidos a Você, Por favor, dessa forma, seja misericordioso conosco e nos dê a Sua proteção". Quando os membros proeminentes da dinastia Kuru, a começar pelo patriarca Bhismadeva abaixo até Arjuna e Duryodhana, ofereceram suas respeitosas reverências dessa forma, a Suprema Personalidade de Deus, o Senhor Balarama, imediatamente ficou comovido e os assegurou que não havia causa para medo e que eles não precisavam se preocupar.

Para a maior parte, é prática entre os reis kshatriyas inaugurar algum tipo de luta entre os partidos do noivo e da noiva antes do casamento. Quando Samba à força levou embora Lakshmana, os membros mais velhos da dinastia Kuru ficaram satisfeitos de ver que ele era realmente um par adequado para ela. A fim de ver seu poder pessoal, todavia, eles lutaram com ele, e sem nenhum respeito às regulações de combate, todos eles o prenderam. Quando a dinastia Yadu decidiu libertar Samba do confinamento dos Kurus, o Senhor Balarama veio pessoalmente para solucionar a matéria, e como um kshatriya poderoso, Ele os ordenou a soltar Samba imediatamente. Os Kauravas ficaram superficialmente insultados por essa ordem, assim desafiaram o poder do Senhor Balarama. Eles simplesmente queriam vê-Lo exibir Sua força inconcebível. Assim, com grande prazer eles entregaram sua filha para Samba, e toda a matéria foi resolvida. Duryodhana, que tinha muita afeição por sua filha Lakshmana, a fez casar com Samba com grande pompa. Para o dote dela, primeiro ele deu 1.200 elefantes, cada um deles tinha pelo menos seis anos de idade; então ele deu 10.000 ótimos cavalos, 6.000 quadrigas, que eram brilhantes justamente igual ao brilho solar, e 1.000 criadas que estavam decoradas com ornamentos de ouro. O Senhor Balarama, o membro mais proeminente da dinastia Yadu, atuou como guardião do noivo, Samba, e muito contente Ele aceitou o dote. Balarama ficou muito satisfeito depois de Sua grande recepção pelo lado dos Kurus, e acompanhado pelo casal recém-casado, Ele partiu em direção à Sua cidade capital Dwaraka.

O Senhor Balarama triunfantemente chegou a Dwaraka, onde Ele encontrou muitos cidadãos que eram todos Seus devotos e amigos. Quando todos eles se reuniram, o Senhor Balarama narrou toda a história do casamento, e eles ficaram espantados de ouvir como Balarama fez a cidade de Hastinapura tremer. É confirmado por Shukadeva Goswami que o local de Hastinapura agora é conhecido como Nova Déli, e o rio que flui através da cidade é chamado Yamuna, embora naqueles dias era conhecido como Ganges. Das autoridades como Jiva Goswami também está confirmado que o Ganges e o Yamuna são o mesmo rio que flui em diferentes cursos. A parte do Ganges que flui através de Hastinapura para a área de Vrindavana se chama Yamuna porque é santificada pelos passatempos transcendentais do Senhor Krishna. A parte de Hastinapura que verte em direção ao Yamuna se torna inundada durante a estação de chuva e lembra todos sobre o Senhor Balarama que ameaçou jogar a cidade dentro do Ganges.

   

   

Assim termina o significado Bhaktivedanta do Capítulo Sessenta e Sete de Krishna, "O Casamento de Samba".

    

      

Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga

Nitai Gaura Hari Bol

 

"KRISHNA - A Suprema Personalidade de Deus"

 

(Original Sem "Correções")

de

Sua Divina Graça
Sri Srimad Bhaktivedanta Swami Maharaj Prabhupada
Paramahamsa Thakura Mahashaya

   

Capítulo 68

O Grande Sábio Narada Visita os Diferentes Lares do
Senhor Krishna

     

O grande sábio Narada ouviu que o Senhor Krishna casou com 16.000 esposas depois que Ele matou o demônio Narakasura, às vezes chamado Bhaumasura. Narada ficou admirado que o Senhor Krishna Se expandiu em 16.000 formas de Si mesmo e casou com essas esposas simultaneamente em diferentes palácios. Inquisitivo como Krishna administrava Seus afazeres domésticos com tantas esposas assim, Narada desejou ver esses passatempos e assim partiu para visitar os diferentes lares de Krishna. Quando Narada chegou a Dwaraka, ele viu que os jardins e parques estavam repletos de várias flores de diferentes cores e pomares que estavam superlotados com uma variedade de frutas. Belos pássaros gorjeavam, e os pavões cantavam encantadoramente. Havia tanques e lagoas cheios de flores de lótus azuis e vermelhas, e alguns desses locais eram cheios de variedades de lírios. Os lagos eram cheios de belos cisnes e grous cujas vozes ressoavam em toda parte. Na cidade, havia mais de 900.000 grandes palácios construídos com mármore de primeira classe com portais e portas feitos de prata. As colunas das casas e palácios eram revestidas com jóias como a pedra filosofal, safiras e esmeraldas, e os pisos forneciam um belo lustre. As avenidas, travessas, ruas, cruzamentos e mercados eram todos belamente decorados. Toda a cidade era cheia de casas residenciais, casas de assembléia, e templos, todos com beleza arquitetônica diferente. Tudo isso tornava Dwaraka uma cidade brilhante. As grandes avenidas, cruzamentos, travessas, ruas, e também as entradas de cada casa residencial, eram muito limpos. Em ambos os lados de cada caminho havia arbustos, e em intervalos regulares grandes árvores que sombreavam as avenidas para que o brilho solar não incomodasse os transeuntes.

Nessa grandemente bela cidade de Dwaraka, o Senhor Krishna, a Suprema Personalidade de Deus, tinha muitos bairros residenciais. Os grandes reis e príncipes do mundo costumavam visitar esses palácios justamente para adorá-Lo. Os planejamentos arquitetônicos eram feitos pessoalmente por Visvakarma, o engenheiro dos deuses, e na construção dos palácios ele exibiu todos os seus talentos e engenhosidade. Esses quarteirões residenciais eram em número mais de 16.000, e uma rainha diferente do Senhor Krishna residia em cada um deles. O grande sábio Narada entrou numa dessas casas e viu que os pilares eram feitos de coral e os tetos eram revestidos com jóias. As paredes e também os arcos entre os pilares brilhavam com a decoração de vários tipos de safiras. Pelo palácio inteiro havia dosséis feitos por Visvakarma que eram decorados com cordões de pérolas. As cadeiras e outra mobília eram feitas de marfim, revestidas com ouro e diamantes, e lâmpadas de jóias dissipavam a escuridão dentro do palácio. Havia tanto incenso e resina aromatizante que os vapores fragrantes saíam pelas janelas. Os pavões sentados nos degraus ficavam iludidos pelas fumaças, e as confundiam com nuvens, e começavam a dançar em júbilo. Havia muitas criadas, todas as quais eram decoradas com colares e braceletes de ouro, e belos sáris. Também havia muitos criados que eram finamente vestidos com mantos e turbantes e brincos de jóias. Belos como eram, os serventes estavam todos dedicados a diferentes afazeres domésticos.

Narada viu que o Senhor Krishna estava sentado com Rukminidevi, a senhora daquele palácio particular, que segurava o cabo de um abano chamara. Apesar de haver muitos milhares de criadas que eram igualmente belas e qualificadas, e que eram da mesma idade, Rukminidevi pessoalmente estava dedicada a abanar o Senhor Krishna. Krishna é a Suprema Personalidade de Deus, adorado até por Narada, mesmo assim, logo que Ele viu Narada entrar no palácio, Krishna desceu imediatamente do patamar do leito real de Rukminidevi e levantou para honrá-lo. O Senhor Krishna é o professor do mundo inteiro, e a fim de instruir todos como respeitar uma pessoa santificada semelhante a Narada Muni, Krishna Se prostrou, e tocou Seu elmo no chão. Não somente Krishna Se prostrou, mas Ele também tocou os pés de Narada e com mãos postas pediu que ele sentasse em Sua cadeira. O Senhor Krishna é a Suprema Personalidade de Deus adorado por todos devotos. Ele é o mestre espiritual de todos mais adorado. A água do Ganges que emana de Seus pés santificam os três mundos. Todos os brahmanas qualificados O adoram, e por isso Ele é chamado brahmanya-deva.

Brahmanya significa aquele que possui plenamente todas as qualificações brâmanes, que são ditas como: veracidade, autocontrole, pureza, domínio dos sentidos, simplicidade, conhecimento pleno por aplicação prática, e dedicação ao serviço devocional. O Senhor Krishna pessoalmente possui todas essas qualidades. Existem milhares e milhões de nomes do Senhor Krishna - Vishnu-sahashra-nama - e todos eles são dados a Ele devido às Suas qualidades transcendentais.

O Senhor Krishna em Dwaraka desfrutou os passatempos de um ser humano perfeito. Quando, portanto, Ele lavou os pés do sábio Narada e levou a água à Sua cabeça, Narada não se opôs, pois sabia muito bem que o Senhor fez isso para ensinar todos como respeitar pessoas santificadas. A Suprema Personalidade de Deus, Krishna, que é o Narayana original e amigo eterno de todos os seres vivos, assim adorou o sábio Narada de acordo com os princípios reguladores Védicos. Ele lhe deu as boas vindas com palavras doces nectáreas, Ele chamou Narada de bhagavan, ou aquele que é auto-suficiente, porque possui todos os tipos de conhecimento, renúncia, poder, fama, beleza, e outras opulências similares. Ele particularmente perguntou a Narada: "O que posso fazer a seu serviço"?

Narada respondeu: "Meu querido Senhor, esse tipo de comportamento de Sua Divindade não é em nada espantoso porque Você é a Suprema Personalidade de Deus e mestre de todas as espécies de seres vivos. Você é o amigo supremo de todos os seres vivos, mas ao mesmo tempo, Você é o supremo castigador dos malfeitores e dos invejosos. Eu sei que Sua Divindade descendeu nesta Terra para a manutenção apropriada de todo o universo. Seu aparecimento, portanto, não é forçado por nenhuma outra agência. Pelo Seu doce desejo somente, Você concorda em aparecer e desaparecer. É minha grande fortuna que eu fui capaz de ver Seus pés de lótus hoje. Qualquer um que fica atraído por Seus pés de lótus é elevado à suprema posição de neutralidade e fica incontaminado pelos modos da natureza material. Meu Senhor, Você é o ilimitado; não há limite para Suas opulências. Grandes semideuses como o Senhor Brahma e Senhor Shiva estão sempre ocupados em colocá-Lo dentro de seus corações e meditar em Você. As almas condicionadas que agora foram postas no poço escuro da existência material podem sair desse cativeiro eterno somente por aceitar Seus pés de lótus. Assim, Você é o único abrigo de todas as almas condicionadas. Meu querido Senhor, Você muito gentilmente perguntou o que Você pode fazer por mim. Em reposta a isso eu simplesmente solicito que eu possa não esquecer Seus pés de lótus em momento nenhum. Eu não me importo com o que eu possa ser, mas eu imploro para que eu possa ser sempre permitido a lembrar constantemente Seus pés de lótus".

A bênção que o sábio Narada pediu ao Senhor é a prece ideal de todos devotos puros. Um devoto puro nunca pede nenhum tipo de bênção material ou espiritual ao Senhor, e sim sua única prece é que não possa esquecer os pés de lótus do Senhor em nenhuma condição de vida. Um devoto puro não se importa se é colocado no céu ou no inferno; ele fica satisfeito em qualquer lugar, desde que ele possa constantemente lembrar os pés de lótus do Senhor. O Senhor Chaitanya também ensinou esse mesmo processo de prece em Seu Shikshastaka, onde Ele claramente declara que tudo o que Ele quer é serviço devocional, nascimento após nascimento. Um devoto puro não quer nem mesmo parar a repetição de nascimento e morte. Para um devoto puro, não importa se terá que tomar nascimento novamente em várias espécies de vida. Sua única ambição é que possa não esquecer os pés de lótus do Senhor em qualquer condição de vida.

Depois de partir do palácio de Rukmini, Naradaji queria ver as atividades da potência interna do Senhor Krishna, yogamaya; assim ele entrou no palácio de outra rainha. Lá ele viu o Senhor Krishna entretido em jogar xadrez, junto com Sua querida esposa e Uddhava. O Senhor imediatamente levantou de Seu assento e convidou Narada Muni a sentar em Seu assento pessoal. O Senhor novamente o adorou com tanta parafernália para a recepção quanto O fez no palácio de Rukmini. Depois de adorá-lo propriamente, o Senhor Krishna agiu como se não soubesse o que aconteceu no palácio de Rukmini. Assim, Ele disse a Narada: "Meu querido sábio, quando Sua Santidade vem aqui, você é pleno em si mesmo. Apesar de Nós sermos casados e estarmos sempre em necessidade, você não requer a ajuda de ninguém porque você é auto-satisfeito. Sob as circunstâncias, que recepção Nós podemos oferecer a você, e o que podemos possivelmente dar a você? Mesmo assim, como Sua Santidade é um brahmana, é Nosso dever oferecer-lhe algo na medida do possível. Por isso, Eu lhe peço o prazer de Me pedir. O que posso fazer por você"?

Naradaji sabia tudo sobre os passatempos do Senhor, assim sem mais nenhuma discussão, ele simplesmente deixou o palácio silenciosamente, com grande admiração sobre as atividades do Senhor. Ele então entrou em outro palácio. Dessa vez Naradaji viu que o Senhor Krishna estava entretido como um pai afetuoso a acariciar seus filhos pequenos. Dali, ele entrou em outro palácio e viu o Senhor Krishna que Se preparava para tomar Seu banho. Dessa forma, o Santo Narada entrou em cada e todo palácio dos dezesseis mil palácios residenciais das rainhas do Senhor Krishna, e em cada um deles ele encontrou Krishna a Se divertir de várias formas.

Num palácio, ele encontrou Krishna dedicado a oferecer oblações no fogo sagrado e executar cerimônias ritualísticas dos Vedas como prescrito para casados. Em outro palácio, Krishna foi encontrado na realização do sacrifício pañcha-yajña, que é compulsório para um pai de família. Esse yajña também é conhecido como pañcha-shuna. Se sabe ou se não sabe, todos, especificamente o casado, cometem cinco tipos de atividades pecaminosas. Quando recebemos água dum jarro de água, nós matamos muitos germes que estão ali dentro dele. Similarmente, quando usamos um moedor ou comemos alimentos, nós matamos muitos germes. Quando varremos o chão ou acendemos um fogo, matamos muitos germes, e quando nós andamos na rua, matamos muitas formigas e outros insetos. Conscientemente ou inconscientemente, em todas nossas atividades, nós matamos. Portanto, é incumbência de cada casado executar o sacrifício pañcha-shuna para se livrar das reações dessas atividades pecaminosas.

Num palácio, o Senhor Krishna foi encontrado dedicado a alimentar os brahmanas depois da realização de yajñas ritualísticos. Em outro palácio, Narada encontrou Krishna ocupado em cantar silenciosamente o Gayatri mantra, e num terceiro, ele O encontrou a praticar combate com espada e escudo. Em alguns palácios, o Senhor Krishna foi encontrado montado em cavalos ou elefantes ou quadrigas e a vagar de cá para lá. Noutro palácio, Ele foi encontrado deitado no Seu leito a descansar, e em outro palácio ainda, Ele foi encontrado sentado em Sua cadeira, a receber as preces de Seus diferentes devotos. Em algum dos palácios, Ele foi encontrado a consultar ministros como Uddhava e outros sobre importantes matérias de trabalho. Em um palácio, Ele foi encontrado rodeado por muitas jovens meninas da sociedade, a se divertirem numa piscina. Em outro palácio, Ele foi encontrado a dar vacas bem decoradas em caridade aos brahmanas, e em outro palácio, Ele foi encontrado a ouvir as narrações dos Puranas ou histórias, como o Mahabharata, que são literaturas suplementares para disseminar o conhecimento Védico às pessoas comuns pela narração de acontecimentos importantes na história do universo. Em algum lugar, o Senhor Krishna foi encontrado a desfrutar da companhia de uma esposa particular a trocar palavras de brincadeira com ela. Em outro lugar ainda, Ele foi encontrado dedicado junto com Sua esposa a funções religiosas ritualísticas. Porque é necessário aos casados incrementar seus recursos financeiros para várias despesas, Krishna foi encontrado ocupado com matérias de desenvolvimento econômico. Noutro lugar ainda, Ele foi encontrado a desfrutar da vida familiar de acordo com os princípios reguladores dos shastras.

Em um palácio, Ele foi encontrado sentado em meditação como se Ele estivesse a concentrar Sua mente na Suprema Personalidade de Deus, que está além destes universos materiais. Meditação, como recomendado em escritura autorizada, é destinada a concentrar a mente na Suprema Personalidade de Deus, Vishnu. O Senhor Krishna Ele mesmo é o Vishnu original, mas porque fazia o papel de um ser humano, Ele nos ensinou definitivamente pelo Seu comportamento pessoal o que significa meditação. Em algum outro lugar, o Senhor Krishna foi encontrado a satisfazer superiores mais velhos por suprir a eles coisas que eles precisavam. Em algum outro lugar ainda, Narada encontrou que o Senhor Krishna estava ocupado em discussão de tópicos de combate, e em algum outro lugar em fazer as pazes com inimigos. Em algum outro lugar, o Senhor Krishna foi encontrado na discussão da atividade auspiciosa última para a sociedade humana inteira com Seu irmão mais velho Senhor Balarama. Narada viu o Senhor Krishna dedicado a fazer o casamento de Seus filhos e filhas com noivas e noivos certos no devido curso do tempo, e as cerimônias de casamento se realizaram com grande pompa. Num palácio, Ele foi encontrado Se despedindo de Suas filhas, e em outro, Ele foi encontrado na recepção de uma nora. As pessoas através de toda a cidade ficavam admiradas de ver tanta pompa e cerimônias.

Em algum lugar, o Senhor foi visto na execução de diferentes sacrifícios para satisfazer os semideuses, que são apenas Suas expansões qualitativas. Em algum lugar, Ele foi visto em atividades de bem-estar público, com o estabelecimento de poços profundos para fornecimento de água, casas de descanso e jardins para convidados desconhecidos, e grandes monastérios e templos para pessoas santificadas. Esses são alguns dos deveres ordenados nos Vedas para casados a fim de satisfazerem seus desejos materiais. Em outro lugar, Krishna foi encontrado como um rei kshatriya engajado em caçar animais na floresta e montado em cavalos sindhi muito belos. De acordo com os regulamentos Védicos, os kshatriyas tinham permissão para matar animais prescritos em certas ocasiões, tanto para manter a paz na floresta ou para oferecer animais no fogo do sacrifício. Kshatriyas tinham permissão de praticar essa arte de matar porque eles tinham que matar inimigos sem misericórdia para manter a paz na sociedade. Em uma situação, o grande sábio Narada viu o Senhor Krishna, a Suprema Personalidade de Deus e mestre de todos poderes místicos, a atuar como um espião por trocar Sua roupa habitual a fim de entender os motivos de diferentes cidadãos na cidade e dentro dos palácios.

O Santo Narada viu todas essas atividades do Senhor, que é a Superalma de todos os seres vivos mas que fazia o papel de um ser humano ordinário a fim de manifestar as atividades de Sua potência interna. Ele sorria dentro de si mesmo e começou a se dirigir ao Senhor como se segue: "Meu querido Senhor de todos poderes místicos, objeto de meditação de grandes místicos, a extensão de Seu poder místico é certamente inconcebível, mesmo para místicos como o Senhor Brahma e Senhor Shiva. Porém por Sua misericórdia, porque eu sempre estive dedicado ao serviço amoroso transcendental de Seus pés de lótus, Sua Divindade muito generosamente revelou-me as ações de Sua potência interna. Meu querido Senhor, Você é adorável por todos, e semideuses e deidades predominantes dos quatorze sistemas planetários são completamente cientes de Sua fama transcendental. Agora faça o favor de me dar Suas bênçãos para que eu seja capaz de viajar por todos os universos a cantar as glórias de Suas atividades transcendentais".

A Suprema Personalidade de Deus, o Senhor Krishna, respondeu a Narada como se segue: "Meu querido Narada, ó sábio entre os semideuses, Você sabe que Eu sou o instrutor supremo e perfeito seguidor dos princípios religiosos, e também o supremo executor desses princípios. Eu portanto pessoalmente executo esses princípios religiosos a fim de ensinar o mundo inteiro como agir. Meu querido filho, é Meu desejo que Você não fique confuso por essas demonstrações de Minha energia interna".

A Suprema Personalidade de Deus estava dedicado a Seus ditos afazeres domésticos a fim de ensinar as pessoas como alguém pode santificar sua vida de casado apesar de estar apegado ao aprisionamento da existência material. Na verdade, alguém é obrigado a continuar o termo da existência material por causa da vida de casado. Mas o Senhor, que é muito misericordioso com os casados, demonstrou o caminho de santificar a vida de casado ordinária. Porque Krishna é o centro de todas as atividades, uma vida de casado consciente de Krishna é transcendental às leis Védicas e é automaticamente santificada.

Assim Narada viu um único Krishna que vivia em dezesseis mil palácios por Suas expansões plenárias. Devido à Sua energia inconcebível, Ele estava visível em cada e todo palácio de rainha individual. O Senhor Krishna tem poder ilimitado, e a admiração de Narada era sem limite ao observar repetidamente a demonstração da energia interna do Senhor Krishna. O Senhor Krishna Se comportava pelo Seu exemplo pessoal como se Ele fosse muito apegado aos quatro princípios da vida civilizada, chamados, religiosidade, desenvolvimento econômico, satisfação sensual e salvação. Esses quatro princípios da existência material são necessários para o avanço espiritual da sociedade humana, e apesar do Senhor Krishna não ter nenhuma necessidade de fazer isso, Ele exibiu Suas atividades de casado para que as pessoas possam seguir Seus passos para seu próprio interesse. O Senhor Krishna satisfez o sábio Narada em todo modo. Narada estava muito contente de ver as atividades do Senhor em Dwaraka, e assim ele partiu.

Na narração das atividades do Senhor Krishna em Dwaraka, Shukadeva Goswami explicou ao Rei Parikshit como o Senhor Krishna, a Suprema Personalidade de Deus, descende sobre este universo material pela agência de Sua potência interna e pessoalmente exibe os princípios os quais, se seguidos, podem conduzir a pessoa a alcançar o objetivo último da vida. Todas as rainhas de Dwaraka, mais de dezesseis mil em número, dedicaram suas características femininas atraentes ao serviço transcendental do Senhor por sorrir e servir, e o Senhor estava contente por Se comportar com elas exatamente igual a um esposo perfeito que desfruta a vida de casado. Deve-se saber definitivamente que esses passatempos não podem ser executados por ninguém além do Senhor Sri Krishna. O Senhor Sri Krishna é a causa original da criação, manutenção e dissolução da manifestação cósmica inteira. Qualquer um que ouve com atenção as narrações dos passatempos do Senhor em Dwaraka ou apóia um pregador do movimento da Consciência de Krishna certamente descobrirá que é muito fácil atravessar o caminho da liberação e saborear o néctar dos pés de lótus do Senhor Krishna. E assim ele ficará dedicado a Seu serviço devocional.

   

   

Assim termina o significado Bhaktivedanta do Capítulo Sessenta e Oito de Krishna, "O Grande Sábio Narada Visita os Diferentes Lares do Senhor Krishna".

    

     

Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga

Nitai Gaura Hari Bol

 

"KRISHNA - A Suprema Personalidade de Deus"

 

(Original Sem "Correções")

de

Sua Divina Graça
Sri Srimad Bhaktivedanta Swami Maharaj Prabhupada
Paramahamsa Thakura Mahashaya

   

Capítulo 69

As Atividades Diárias do Senhor Krishna

     

Dos mantras Védicos, aprendemos que a Suprema Personalidade de Deus não tem nada a fazer: na tasya karyam kranam ca vidyate. Se o Supremo Senhor não tem nada a fazer, então como podemos falar das atividades do Supremo Senhor? Do capítulo anterior, fica claro que ninguém pode atuar no modo que o Senhor Krishna faz. Nós devemos notar claramente este fato: as atividades do Senhor devem ser seguidas, mas elas não podem ser imitadas. Por exemplo, a vida ideal de Krishna como casado pode ser seguida, mas se alguém tentar imitar Krishna por se expandir em muitas formas, isso não é possível. Nós devemos sempre lembrar, portanto, que o Senhor Krishna, apesar de fazer o papel de um ser humano, todavia mantém simultaneamente a posição da Suprema Personalidade de Deus. Nós podemos seguir as relações do Senhor Krishna com Suas esposas como um ser humano ordinário, mas Seu relacionamento com mais de dezesseis mil esposas ao mesmo tempo não pode ser imitado. A conclusão é que para nos tornarmos casados ideais, devemos seguir os passos do Senhor Krishna da forma que Ele exibiu Suas atividades diárias, mas nós não podemos imitá-Lo em nenhum estágio da nossa vida.

O Senhor Krishna costumava deitar com Suas dezesseis mil esposas, mas também Ele levantava da cama muito cedo na manhã, três horas antes do Sol nascer. Por arranjo da natureza, o canto dos galos avisa sobre a hora brahma-muhurta. Não há necessidade de relógios despertadores; logo que os galos cantam de manhã cedo, deve-se entender que é hora de levantar da cama. Quando ouvia aquele som, Krishna levantava da cama, porém o acordar cedo Dele não era muito do gosto de Suas esposas. As esposas de Krishna eram tão apegadas a Ele que elas deitavam na cama abraçadas com Ele, porém quando os galos cantavam, as esposas de Krishna ficavam muito tristes e imediatamente condenavam o canto.

No jardim do complexo de cada palácio, havia flores parijata. Parijata, não é uma flor artificial. Nós lembramos que Krishna trouxe as árvores parijata do céu e as implantou em todos os Seus palácios. Na manhã cedo, uma brisa suave carregava o aroma da flor parijata, e Krishna a cheirava justamente depois de levantar da cama. Devido a esse aroma, as abelhas começavam a vibração de seu zumbido, e os pássaros também começavam seus doces sons de gorjeio. Tudo junto parecia a canção de cantores profissionais dedicados a oferecer preces para Krishna. Apesar de Srimati Rukminidevi, a primeira rainha do Senhor Krishna, saber que brahma-muhurta é a hora mais auspiciosa do dia inteiro, ela se sentia descontente no aparecimento de brahma-muhurta porque ela não ficava muito feliz por Krishna deixar seu lado na cama. Apesar do desgosto de Srimati Rukminidevi, o Senhor Krishna levantava da cama imediatamente exatamente no aparecimento de brahma-muhurta. Um casado ideal deve aprender com o comportamento do Senhor Krishna a levantar da cama na manhã, por mais confortável que possa estar deitado na cama abraçado com sua esposa.

Depois de levantar da cama, o Senhor Krishna lavava Sua boca, mãos e pés e imediatamente sentava para meditar em Si mesmo. Isso não significa, entretanto, que nós devemos sentar e meditar em nós mesmos. Nós temos que meditar em Krishna, Radha-Krishna. Essa é meditação real, Krishna é Krishna Ele mesmo; assim Ele nos ensinou que brahma-muhurta deve ser utilizado para meditação em Radha-Krishna. Por fazer isso, Krishna Se sente muito satisfeito, e similarmente nós também nos sentiremos satisfeitos e contentes transcendentalmente se utilizarmos o período de brahma-muhurta para meditar em Radha e Krishna e se pensarmos como Sri Rukminidevi e Krishna atuaram como casados ideais para ensinar toda a sociedade humana a levantar cedo na manhã e imediatamente se dedicar à Consciência de Krishna. Não há diferença entre meditar nas formas eternas de Radha-Krishna e cantar o mahamantra, Hare Krishna. No que diz respeito à meditação de Krishna, Ele não tinha outra alternativa além de meditar em Si mesmo. O objeto de meditação é Brahman, Paramatma ou a Suprema Personalidade de Deus, todavia Krishna Ele mesmo é todos os três: Ele é a Suprema Personalidade de Deus, Bhagavan; o Paramatma localizado é Sua expansão plenária parcial; e a todo-penetrante refulgência do Brahman é os raios pessoais de Seu corpo transcendental. Assim Krishna é sempre um, e para Ele não existe nenhuma diferenciação. Essa é a diferença entre um ser humano ordinário e Krishna. Para um ser vivo ordinário existem muitas distinções. Um ser vivo ordinário é diferente de seu corpo, e ele é diferente também de outras espécies de seres vivos. Um ser humano é diferente de outros seres humanos e diferente dos animais. Mesmo em seu próprio corpo, existem diferentes membros. Nós temos nossas mãos e pernas, mas nossas mãos são diferentes de nossas pernas. A mão não pode atuar como a perna, nem a perna pode atuar como a mão. Os olhos não podem escutar como os ouvidos, nem os ouvidos enxergar como os olhos. Todas essas diferenças são chamadas svajtiya-vijtiya.

A limitação corpórea na qual uma parte do corpo não pode agir como outra parte é totalmente ausente na Suprema Personalidade de Deus. Não há diferença entre Seu corpo e Sua alma. Similarmente, Ele não é diferente de Suas milhões de encarnações e expansões plenárias. Baladeva é a primeira expansão de Krishna, e de Baladeva Se expandem Sankarshana, Vasudeva, Pradyumna e Aniruddha. De Sankarshana há novamente uma expansão de Narayana, e de Narayana há uma segunda expansão quádrupla de Sankarshana, Vasudeva, Pradyumna e Aniruddha. Similarmente, existem inúmeras expansões de Krishna, todavia todas elas são um. Krishna tem muitas encarnações, como o Senhor Nrisimha, o Senhor Javali, o Senhor Peixe e o Senhor Tartaruga, contudo não existe diferença entre a forma original de Krishna com duas mãos, como a de um ser humano, e essas encarnações com formas animais gigantescas. Nem existe qualquer diferença entre a ação de uma parte de Seu corpo e a de outra. Suas mãos podem atuar como Suas pernas, Seus olhos podem atuar como Seus ouvidos, e Seu nariz pode atuar como outra parte de Seu corpo. Krishna cheirar e comer e ouvir são o mesmo. Nós seres vivos limitados temos que usar uma parte particular do corpo para um propósito particular, mas não há distinção para Krishna. No Brahma-samhita é dito, angani yasya sakalendriya-vrtti: Ele pode realizar as atividades de um membro com outro membro. Assim, pelo estudo analítico de Krishna e Sua pessoa, conclui-se que Ele é o todo completo. Quando Ele medita, portanto, Ele medita em Si mesmo. A auto meditação por homens ordinários, designada em sânscrito como so 'ham, é simplesmente imitação. Krishna pode meditar Nele mesmo porque Ele é o todo completo, mas nós não podemos imitá-Lo e meditar em nós mesmos. Nosso corpo é uma designação; o corpo de Krishna não é uma designação. O corpo de Krishna também é Krishna. Ele é portanto o supremo, indestrutível, existência completa, ou a verdade absoluta.

A existência de Krishna não é existência relativa. Tudo mais além de Krishna é uma verdade relativa, mas Krishna é a Suprema Verdade Absoluta. Krishna não depende de nada além Dele mesmo para Sua existência. Nossa existência, entretanto é relativa. Por exemplo, somente quando há a luz do Sol, Lua ou eletricidade que somos capazes de enxergar. Nossa visão, portanto, é relativa, e a luz do Sol e Lua e eletricidade também é relativa; elas são chamadas iluminadoras somente porque nós as vemos dessa forma. Dependência e relatividade não existem em Krishna. Suas atividades não são dependentes da apreciação de ninguém mais, nem Ele depende da ajuda de ninguém. Ele está além da existência de tempo e espaço limitados, e porque Ele é transcendental a tempo e espaço, Ele não pode ser coberto pela ilusão de maya, cujas atividades são limitadas. Na literatura Védica nós encontramos que a Suprema Personalidade de Deus tem múltiplas potências. Porque todas essas potências são emanações Dele mesmo, não há diferença entre Ele e Suas potências. Certos filósofos dizem, entretanto, que quando Krishna vem, Ele aceita um corpo material. Mesmo se for aceito que quando Ele vem a este mundo material, Ele aceita um corpo material, deve-se concluir portanto que porque a energia material não é diferente Dele, esse corpo não age materialmente. No Bhagavad-gita é dito, portanto, que Ele aparece por Sua própria potência interna, atma-maya.

Krishna é chamado Brahman Supremo porque Ele é a causa da criação, a causa da manutenção e a causa da dissolução. O Senhor Brahma, Senhor Vishnu e Senhor Shiva são diferentes expansões dessas qualidades materiais. Todas essas qualidades materiais podem agir em cima das almas condicionadas, mas não há essa ação e reação em cima de Krishna porque essas qualidades são simultaneamente uma e diferente Dele. Krishna em Si é simplesmente sat-cid-ananda-vigraha, a eterna forma de bem-aventurança e conhecimento, e por causa de Sua grandeza inconcebível, Ele é chamado o Brahman Supremo. Sua meditação em Brahman ou Paramatma ou Bhagavan é Nele mesmo somente e em nada mais além Dele mesmo. Essa meditação não pode ser imitada pelo ser vivo ordinário.

Depois dessa meditação, o Senhor tomava banho regularmente de manhã cedo com água pura santificada. Depois Ele Se vestia com roupas novas, e Se cobria com um manto então Se dedicava às Sua funções religiosas diárias. Entre Seus muitos deveres religiosos, o primeiro era oferecer oblações ao fogo do sacrifício e cantar silenciosamente o Gayatri mantra. O Senhor Krishna, como um casado exemplar, executava todas as funções religiosas de um casado sem desvio. quando a luz solar ficava visível, o Senhor oferecia preces específicas ao deus do Sol. O deus do Sol e outros semideuses mencionados nas escrituras Védicas são descritos como diferentes membros do corpo do Senhor Krishna, e é dever do casado oferecer respeitos aos semideuses e grandes sábios, também aos antepassados.

Como é dito no Bhagavad-gita, o Senhor não tem nenhum dever específico a executar neste mundo, e mesmo assim Ele age como um homem ordinário que vive uma vida ideal dentro deste mundo material. De acordo com os princípios ritualísticos Védicos, o Senhor oferecia respeitos aos semideuses. O princípio regulador pelo qual os semideuses e os antepassados são adorados é chamado tarpana, que significa agradável. Os antepassados da pessoa podem ter que aceitar um corpo em outro planeta, mas com a realização desse sistema tarpana, eles se tornam muito felizes onde quer que estejam. É dever de um casado fazer seus membros familiares felizes, e por seguir esse sistema tarpana, ele pode deixar seus antepassados felizes também. Como um casado exemplar perfeito, o Senhor Krishna seguia esse sistema tarpana e ofereceria respeitosas reverências aos mais velhos, membros superiores da Sua família.

Seu próximo dever era dar vacas em caridade aos brahmanas. O Senhor Krishna costumava dar tantas quanto 13.084 vacas. Cada uma delas estava decorada com capa de seda e colar de pérolas, seus chifres eram cobertos com placas de ouro, e seus cascos eram revestidos com placas de prata. Todas elas estavam cheias de leite, porque tinham seus primeiros bezerros nascidos juntos com elas, e elas eram muito dóceis e pacíficas. Quando as vacas eram dadas em caridade aos brahmanas, os brahmanas também eram presenteados com roupas finas de seda, a todos eles era dada uma pele de cervo e quantidade suficiente de grãos de gergelim. O Senhor é geralmente conhecido como go-brahmana-hitaya ca, significa que Seu primeiro dever é ver o bem-estar das vacas e dos brahmanas. Assim Ele costumava dar vacas em caridade aos brahmanas, com decorações e parafernália opulenta. Então, com o desejo do bem-estar de todos os seres vivos, Ele tocava artigos auspiciosos como leite, fogo, mel, ghee (manteiga clarificada), ouro, jóias e fogo. Embora o Senhor seja por natureza muito belo devido à figura perfeita de Seu corpo transcendental, mesmo assim Ele Se vestia com roupas amarelas e punha Seu colar de jóias Kaustubha. Ele usava colares de flores, passava polpa de sândalo no Seu corpo e Se decorava com outros cosméticos e ornamentos. É dito que os próprios ornamentos ficavam belos quando colocados no corpo transcendental do Senhor. Depois de Se decorar dessa forma, o Senhor olhava para estátuas de mármore da vaca e bezerro e visitava os templos de Deus ou semideuses como o Senhor Shiva. Havia muitos brahmanas que vinham diariamente ver o Supremo Senhor antes de tomar seu desjejum, eles eram ansiosos por vê-Lo, e Ele lhes dava as boas vindas.

Seu próximo dever era satisfazer todos os tipos de homens pertencentes a diferentes castas, tanto na cidade quanto dentro do complexo do palácio. Ele os deixava felizes por satisfazer seus diferentes desejos, e quando o Senhor os via felizes, Ele também ficava muito feliz. Os colares de flores, nozes de bétel, polpa de sândalo e outros artigos cosméticos fragrantes que eram oferecidos ao Senhor, eram distribuídos por Ele, primeiro aos brahmanas e aos membros mais velhos da família, depois para as rainhas, então aos ministros, e se houvesse algum balanço ainda, Ele utilizada isso para Seu uso pessoal. Na hora que o Senhor terminava todos os Seus deveres e atividades diários, o piloto de Sua quadriga, Daruka, vinha com Sua quadriga maravilhosa para se prostrar perante o Senhor com mãos postas, e intimava que a quadriga estava pronta, e o Senhor saia do palácio para viajar. Então o Senhor, acompanhado por Uddhava e Satyaki, andava na quadriga justamente igual ao deus do Sol que anda em sua quadriga na manhã, e aparece com seus raios ardentes na superfície do mundo. Quando o Senhor estava para deixar Seus palácios, todas as rainhas olhavam para Ele com gestos femininos. O Senhor correspondia aos acenos delas com sorrisos, assim atraía seus corações tanto que elas sentiam intensa separação do Senhor.

Então, o Senhor ia até a casa de assembléia conhecida como Sudharma. Deve-se lembrar que a casa de assembléia Sudharma foi levada embora do planeta celestial e reestabelecida na cidade de Dwaraka. O significado específico da casa de assembléia era que qualquer um que entrava dentro dela ficava livre dos seis tipos de dores materiais, chamadas fome, sede, lamentação, ilusão, velhice e morte. Essas são as teias da existência material, e enquanto alguém permanecia na casa de assembléia Sudharma, não ficava infectado por essas seis teias. O Senhor dizia até logo nos dezesseis mil palácios, aí novamente Se tornava um e entrava na casa de assembléia Sudharma em procissão com outros membros da dinastia Yadu. Depois de entrar na casa de assembléia, Ele costumava sentar no trono real exaltado e era visto a emanar raios brilhantes da refulgência transcendental. No meio de todos os grandes heróis da dinastia Yadu, Krishna parecia a Lua cheia no céu, rodeada por múltiplas luminárias. Na casa de assembléia, havia humoristas profissionais, dançarinos, músicos e meninas do balé, e logo quando o Senhor sentava em Seu trono eles começavam suas funções respectivas a fim de agradar o Senhor e deixá-Lo num humor feliz. Primeiro, todos os humoristas falavam de uma certa forma que o Senhor e Seus associados apreciavam o humor deles o que fazia refrescar o humor da manhã. Os atores dramáticos encenavam suas peças, e as meninas dançarinas de balé exibiam separadamente seus movimentos artísticos. Todas essas funções eram acompanhadas pela batida dos tambores mridanga e os sons da vina e flautas e címbalos, seguidos pelo som do pakhwaj, outro tipo de tambor. Junto com essas vibrações musicais, o som auspicioso do búzio também pode ser adicionado. Os cantores profissionais chamados sutas e magadhas cantavam, e outros realizavam sua arte de dança. Dessa forma, como devotos, eles ofereciam preces respeitosas à Suprema Personalidade de Deus. Às vezes, os brahmanas eruditos presentes na assembléia cantavam hinos Védicos e os explicavam para a audiência com o melhor de seu conhecimento, e às vezes alguns deles recitavam relatos históricos antigos das atividades de reis proeminentes. O Senhor, acompanhado por Seus associados, ficava muito satisfeito em ouvi-los.

Certa vez, uma pessoa chegou ao portal da casa de assembléia e era desconhecida por todos os membros da assembléia, e com a permissão do Senhor Krishna, ele foi admitido dentro da assembléia pelo porteiro. O porteiro foi ordenado a apresentá-lo perante o Senhor, e o homem apareceu e ofereceu suas respeitosas reverências ao Senhor com mãos postas. Aconteceu que quando o Rei Jarasandha conquistou todos os outros reinos, muitos reis não prostraram suas cabeças perante Jarasandha, e como resultado disso todos eles, vinte mil em número, foram presos e feitos seus prisioneiros. O homem que foi trazido perante o Senhor Krishna pelo porteiro era um representante mensageiro de todos aqueles reis prisioneiros. Depois de ser devidamente apresentado perante o Senhor, o homem começou a explicar a situação real como se segue:

"Meu querido Senhor, Você é a forma eterna de bem-aventurança e conhecimento transcendentais. Assim, Você está além do alcance da especulação mental ou descrição vocal de qualquer homem materialista dentro deste mundo. Uma pequena porção de Suas glórias pode ser conhecida por pessoas que são totalmente rendidas a Seus pés de lótus, e por Sua graça somente essas pessoas se tornam livres das ansiedades materiais. Meu querido Senhor, eu não sou uma dessas almas rendidas; eu ainda estou dentro da dualidade de ilusão da existência material. Eu vim portanto para tomar abrigo em Seus pés de lótus, porque estou com medo do ciclo de nascimento e morte. Meu querido Senhor, eu acho que existem muitos seres vivos como eu que estão eternamente enredados em atividades lucrativas e suas ações resultantes. Eles nunca são inclinados a seguir Suas instruções pela realização do serviço devocional, apesar de ser agradável para o coração e altamente auspicioso para a existência da pessoa. Ao contrário, eles são contra o caminho da vida consciente de Krishna, e eles vagueiam dentro dos três mundos impelidos pela energia ilusória da existência material".

"Meu querido Senhor, quem pode estimar Sua misericórdia e Suas atividades poderosas? Você está presente sempre como a força insuperável do tempo eterno, engajada em frustrar os desejos infatigáveis dos materialistas, que assim se tornam repetidamente confusos e frustrados. Eu por isso ofereço minhas respeitosas reverências a Você em Sua forma do tempo eterno. Meu querido Senhor, Você é o proprietário de todos os mundos, e o Senhor encarnou Si mesmo junto com Sua expansão plenária o Senhor Balarama. É dito que Sua aparição nesta encarnação é para o propósito de proteger os fiéis e destruir os malfeitores. Sob essas circunstâncias, como é possível que malfeitores como Jarasandha podem nos pôr em condições de vida tão deploráveis contra a Sua autoridade? Estamos intrigados com a situação e não podemos entender como é possível. Pode ser que Jarasandha foi deputado a nos dar um tormento desse por causa de nossas atividades passadas, porém nós ouvimos das escrituras reveladas qualquer um que se rende a Seus pés de lótus imediatamente se torna imune das reações da vida pecaminosa. Por isso eu fui deputado por todos os reis aprisionados para sinceramente nos oferecermos a Seu abrigo, e nós esperamos que Sua Divindade agora nos dará proteção completa. Nós agora chegamos à conclusão real de nossas vidas. Nossas posições na realeza não são nada além da recompensa por nossas atividades piedosas passadas, justamente igual ao nosso sofrimento no aprisionamento de Jarasandha também ser o resultado de nossas atividades impiedosas passadas. Nós realizamos agora que as ações resultantes de ambas atividades piedosas e impiedosas são temporárias e nunca podemos ser felizes nesta vida condicionada. Este corpo material é concedido a nós pelos modos da natureza material, e por causa disso nós somos cheios de ansiedades. A condição material de vida simplesmente envolve suportar a carga deste corpo morto. E como resultado de atividades lucrativas, nós ficamos então sujeitos a ser bestas de carga destes corpos, e forçados pela vida condicionada, nós abandonamos a vida agradável da Consciência de Krishna. Agora nós realizamos que somos as pessoas mais tolas. Nós ficamos enredados na rede da reação material devido à nossa ignorância. Nós por isso vimos ao abrigo de Seus pés de lótus, que podem imediatamente erradicar todos os resultados da ação lucrativa e assim nos liberar da contaminação das dores e prazeres materiais".

"Querido Senhor, porque agora somos almas rendidas a Seus pés de lótus, Você pode nos dar alívio da armadilha da ação lucrativa feita possível pela forma de Jarasandha. Meu Senhor, é sabido por Você que Jarasandha possui a força de dez mil elefantes, e com esse poder ele nos aprisionou, justamente igual um leão hipnotiza um rebanho de ovelhas. Meu querido Senhor, Você já lutou com Jarasandha dezoito vezes consecutivas, das quais Você o derrotou dezessete vezes por superar a posição extraordinariamente poderosa dele. Mas na Sua décima oitava luta, Você exibiu Seu comportamento humano, e por isso pareceu que Você foi derrotado. Meu querido Senhor, nós sabemos muito bem que Jarasandha não pode derrotá-Lo em momento nenhum por que Seu poder, força, recursos e autoridade são todos ilimitados. Ninguém pode se igualar a Você ou superá-Lo. A aparência da derrota por Jarasandha no décimo oitavo combate não é nada além de uma exibição de comportamento humano. Infelizmente, o tolo Jarasandha não pôde entender Seu estratagema, e ele desde então se tornou envaidecido por causa de seu poder e prestígio. Especificamente, ele nos prendeu e aprisionou, mesmo por saber plenamente que como Seus devotos, nós somos subordinados à Sua soberania".

"Agora eu expliquei a posição terrível, e Sua Divindade pode considerar e fazer o que preferir. Como o mensageiro e representante de todos os reis prisioneiros, submeti minhas palavras à Sua Divindade e apresentamos nossas preces a Você. Todos os reis estão muito ansiosos para vê-Lo para que eles possam pessoalmente se renderem a Seus pés de lótus. Meu querido Senhor, seja misericordioso com eles e aja para a boa fortuna deles".

No mesmo momento em que o mensageiro dos reis prisioneiros apresentava seu apelo perante o Senhor, o grande sábio Narada também chegou. Porque ele era um grande santo, seu cabelo brilhava igual ouro, e quando ele entrou na casa de assembléia parecia que o deus do Sol estava presente pessoalmente no meio da assembléia. O Senhor Krishna é o mestre adorável até mesmo pelo Senhor Brahma e Senhor Shiva, mesmo assim logo que Ele viu o sábio Narada chegar, Ele imediatamente levantou junto com Seus ministros e secretários para receber o grande sábio e oferecer Suas respeitosas reverências por prostrar Sua cabeça. O grande sábio Narada aceitou um assento confortável, e o Senhor Krishna o adorou com toda a parafernália, como requerido numa recepção regular de uma pessoa santificada. Enquanto Ele tentava satisfazer Naradaji, o Senhor Krishna falou as seguintes palavras com Sua voz doce e natural.

"Meu querido grande sábio entre os semideuses, Eu acho que agora tudo está certo dentro dos três mundos. Você é perfeitamente elegível para viajar em toda parte no espaço dos sistemas planetários superior, médio e inferior deste universo. Felizmente, quando nós encontramos você, podemos muito facilmente obter informação por Sua Santidade de toda notícia dos três mundos; dentro desta manifestação cósmica do Supremo Senhor, não há nada escondido de seu conhecimento. Você sabe tudo, e por isso Eu quero questioná-lo. Os Pandavas estão bem, e qual é o plano presente do Rei Yudhisthira? Bondosamente, deixe-Me saber o que eles querem fazer no presente"?

O grande sábio Narada falou como se segue: "Meu querido Senhor, Você falou sobre a manifestação cósmica criada pelo Supremo Senhor, mas eu sei que Você é o criador todo-penetrante. Suas energias são tão extensivas e inconcebíveis que mesmo personalidades como Brahma, o senhor deste universo particular, não podem medir Seu poder inconcebível. Meu querido Senhor, Você está presente como a Superalma no coração de todos por Sua potência inconcebível, exatamente igual ao fogo que está presente em todos mas que ninguém pode ver diretamente. Na vida condicionada, todo ser vivo está dentro da jurisdição dos três modos da natureza material. Assim, eles são incapazes de ver Sua presença em toda parte com seus olhos materiais. Por Sua graça, entretanto, eu vi muitas vezes a ação de Sua potência inconcebível, e portanto quando Você me pergunta sobre notícias dos Pandavas, o que não é nem um pouco desconhecido para Você, não fico surpreso com Sua inquisição. Meu querido Senhor, por Suas potências inconcebíveis, Você pode criar esta manifestação cósmica, mantê-la e novamente dissolvê-la. Isso é por meio de Sua potência inconcebível somente que este mundo material, apesar de uma representação de sombra do mundo espiritual, parece ser real. Ninguém pode entender o que Você planejou para fazer no futuro. Sua posição transcendental é sempre inconcebível para todos. No que diz respeito a mim, eu só posso oferecer minhas respeitosas reverências a Você repetidamente. No conceito corpóreo de vida, todos são conduzidos por desejos materiais, e assim todos desenvolvem novos corpos materiais um depois do outro no ciclo de nascimento e morte. Absorta nesse conceito de existência, a pessoa não sabe como sair desse encarceramento do corpo material. Por Sua misericórdia sem causa, meu Senhor, Você descende para exibir Seus diferentes passatempos transcendentais, que são iluminadores e cheios de glória. Por isso eu não tenho alternativa além de oferecer minhas respeitosas reverências a Você. Meu querido Senhor, Você é o Parambrahman, e Seus passatempos como um humano ordinário são outro recurso prático, exatamente igual a uma peça no palco na qual o ator atua em papéis diferentes de sua própria identidade. Você perguntou sobre Seus primos os Pandavas no papel de benquerente deles, e por isso eu O deixarei saber sobre as intenções deles. Agora faça o favor de ouvir de mim. Primeiro de tudo deixe informá-Lo que o Rei Yudhisthira tem todas as opulências materiais que são possíveis de alcançar no sistema planetário superior, Brahmaloka. Ele não tem nenhuma opulência material por que aspirar, mesmo assim ele quer realizar os sacrifícios Rajasuya somente para obter Sua associação e satisfazê-Lo".

Narada informou o Senhor Krishna: "O Rei Yudhisthira é tão opulento que ele alcançou todas as opulências de Brahmaloka mesmo neste planeta terrestre. Ele está plenamente satisfeito, e ele não precisa de nada mais. Ele é pleno em tudo, mas agora ele quer adorá-Lo a fim de obter Sua misericórdia sem causa, e eu imploro em solicitar a Você que satisfaça os desejos dele. Meu querido Senhor, nessas realizações sacrificiais grandiosas pelo Rei Yudhisthira haverá uma assembléia de todos os semideuses e todos os reis famosos do mundo".

"Meu querido Senhor, Você é o Brahman Supremo, a Personalidade de Deus. Aquele que se dedica a Seu serviço devocional pelos métodos prescritos de ouvir, cantar e lembrar certamente se torna purificado da contaminação dos modos da natureza material, e o que falar daqueles que têm a oportunidade de vê-Lo e tocá-Lo diretamente. Meu querido Senhor, Você é o símbolo de tudo auspicioso. Seu nome e fama transcendentais se espalharam por todo o universo, inclusive os sistemas planetários superiores, médios e inferiores. A água transcendental que lava Seus pés de lótus é conhecida nos sistemas planetários superiores como Mandakini, nos sistemas planetários inferiores como Bhogavati, e neste sistema planetário terrestre como o Ganges. Essa água transcendental, sagrada, flui através do universo inteiro, e purifica onde quer que ela flui".

Logo antes do grande sábio Narada chegar à casa de assembléia Sudharma de Dwaraka, o Senhor Krishna e Seus ministros e secretários consideravam como atacar o reino de Jarasandha. Porque eles consideravam seriamente esse assunto, a proposta de Narada para o Senhor Krishna ir a Hastinapura para o grande sacrifício Rajasuya de Maharaja Yudhisthira não os agradou. O Senhor Krishna pôde entender as intenções de Seus associados porque Ele é o soberano até mesmo do Senhor Brahma. Assim, a fim de pacificá-los, Ele disse com um sorriso para Uddhava: "Meu querido Uddhava, você é sempre Meu amigo benquerente confidencial. Eu por isso desejo ver tudo através de você porque Eu acredito que seu conselho é sempre certo. Eu acredito que você entende toda a situação perfeitamente. Por isso Eu peço sua opinião. O que devo fazer? Eu tenho fé em você, e por isso Eu devo fazer qualquer coisa que você aconselhar". Era sabido por Uddhava que apesar do Senhor Krishna atuar como um homem ordinário, Ele sabia tudo - passado, presente e futuro. Entretanto, porque o Senhor tentava consultar com ele, Uddhava, a fim de prestar serviço ao Senhor, começou a falar.

 

 

Assim termina o significado Bhaktivedanta do Capítulo Sessenta e Nove de Krishna, "As Atividades Diárias do Senhor Krishna".

     

      

Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga

Nitai Gaura Hari Bol

 

"KRISHNA - A Suprema Personalidade de Deus"

 

(Original Sem "Correções")

de

Sua Divina Graça
Sri Srimad Bhaktivedanta Swami Maharaj Prabhupada
Paramahamsa Thakura Mahashaya

   

Capítulo 70

O Senhor Krishna na Cidade de Indraprastha

     

Na presença do grande sábio Narada e todos os outros associados do Senhor Krishna, Uddhava considerou a situação e então falou como se segue: "Meu querido Senhor, primeiro de tudo deixe-me dizer que o grande sábio Narada Muni solicitou a Você para ir a Hastinapura satisfazer o Rei Yudhisthira, Seu primo, que faz arranjos para realizar o grande sacrifício conhecido como Rajasuya. Eu penso, portanto, que Sua Divindade deve ir imediatamente lá para ajudar o Rei nessa grande aventura. Entretanto, apesar de aceitar o convite oferecido pelo sábio Narada Muni como prioritário ser bem apropriado, ao mesmo tempo, meu Senhor, é Seu dever dar proteção às almas rendidas. A menos que sejamos vitoriosos sobre todos os reis, ninguém pode realizar esse sacrifício Rajasuya. Em outras palavras, deve ser entendido que o Rei Yudhisthira não pode realizar esse grande sacrifício sem ganhar vitória sobre o beligerante Rei Jarasandha. O sacrifício Rajasuya só pode ser realizado por aquele que ganhou vitória por todas as direções. Por isso, para executar ambos os propósitos, nós primeiro temos que matar Jarasandha. Eu acho que se nós de uma forma ou outra ganharmos vitória sobre Jarasandha, então automaticamente todos os nossos propósitos serão servidos. Os reis aprisionados serão libertados, e com grande prazer nós desfrutaremos a propagação da Sua fama transcendental por ter salvado os reis inocentes da prisão de Jarasandha".

"Mas o Rei Jarasandha não é um homem ordinário. Ele provou que é um a pedra no caminho mesmo para grandes guerreiros por causa de sua força corpórea igual à força de 10.000 elefantes. Se existe alguém que pode conquistar esse rei, ele não é outro além de Bhimasena porque ele também possui a força de 10.000 elefantes. A melhor coisa a fazer é Bhimasena lutar sozinho com ele. Assim não haverá a matança desnecessária de muitos soldados. De fato, será muito difícil conquistar Jarasandha quando ele se posicionar com suas divisões akshauhini de soldados. Nós podemos adotar portanto uma política favorável à situação. Nós sabemos que o Rei Jarasandha é muito devotado aos brahmanas. Ele é muito disposto caridosamente a eles; ele nunca recusa nenhum pedido de um brahmana. Eu penso, portanto, que Bhimasena deve se aproximar de Jarasandha vestido de brahmana, pedir caridade a ele, e então se engajar na luta pessoal com ele. E a fim de assegurar a vitória de Bhimasena, eu penso que Sua Divindade também deve acompanhá-lo. Se a luta acontecer na Sua presença, eu tenho certeza que Bhimasena emergirá vitorioso porque simplesmente por Sua presença tudo que é impossível é feito possível, justamente igual o Senhor Brahma cria este universo e o Senhor Shiva o destrói simplesmente através de Sua influência".

"Na realidade, Você cria e destrói a manifestação cósmica inteira; o Senhor Brahma e o Senhor Shiva são apenas as causas visíveis superficialmente. Criação e destruição são realizadas na realidade pelo fator tempo invisível, que é a Sua representação impessoal. Tudo está sob o controle desse fator tempo. Se o Seu fator tempo invisível pode realizar tais atos maravilhosos através do Senhor Brahma e do Senhor Shiva, Sua presença pessoal não ajudará Bhimasena conquistar Jarasandha? Meu querido Senhor, quando Jarasandha for morto, então as rainhas de todos os reis aprisionados ficarão tão felizes com seus esposos libertados por Sua misericórdia que todas começarão a cantar Suas glórias. Elas ficarão tão satisfeitas quanto as gopis quando foram libertadas das mãos de Shankhasura. Todos os grandes sábios, o rei dos elefantes, Gajendra, a deusa da fortuna, Sita, e mesmo Seu pai e mãe, foram todos libertados por Sua misericórdia sem causa. Nós também fomos libertados assim, e nós estamos sempre a cantar as glórias transcendentais de Suas atividades".

"Por isso, eu penso que se a matança de Jarasandha for feita primeiro, isso automaticamente resolverá muitos outros problemas. E quanto ao sacrifício Rajasuya arranjado em Hastinapura, acontecerá, tanto por causa das atividades piedosas dos reis prisioneiros quanto por causa das atividades impiedosas de Jarasandha".

"Meu Senhor, parece que Você está também pessoalmente para ir a Hastinapura realizar esse grande sacrifício para que esses reis demoníacos como Jarasandha e Shishupala possam ser conquistados, os reis prisioneiros piedosos libertados, e ao mesmo tempo o grande sacrifício Rajasuya realizado. Ao considerar todos esses pontos, eu penso que Sua Divindade deve proceder imediatamente para Hastinapura".

Esse conselho de Uddhava foi apreciado por todos que estavam presentes na assembléia, e todos consideraram que a ida do Senhor Krishna para Hastinapura seria benéfica de todos os pontos de vista. O grande sábio Narada, as personalidades mais velhas da dinastia Yadu, e a Suprema Personalidade de Deus o próprio Krishna todos suportaram a declaração de Uddhava. O Senhor Krishna então pediu permissão a Seu pai Vasudeva e avô Ugrasena, e Ele imediatamente ordenou Seus serventes Daruka e Jaitra para arranjar a viagem para Hastinapura. Quando tudo estava preparado, o Senhor Krishna especialmente Se despediu do Senhor Balarama e do Rei dos Yadus, Ugrasena, e depois de despachar Suas rainhas juntas com seus filhos e mandar adiante a bagagem necessária deles, Ele montou em Sua quadriga, que porta a bandeira marcada com o símbolo de Garuda.

Antes de iniciar a procissão, o Senhor Krishna satisfez o grande sábio Narada com oferenda de diferentes tipos de artigos adoráveis. Naradaji queria cair aos pés de lótus de Krishna, mas porque o Senhor fazia o papel de um ser humano, ele simplesmente ofereceu seus respeitos dentro da sua mente, assim fixou a forma transcendental do Senhor dentro do seu coração, e deixou a assembléia por vias aéreas. Geralmente, o grande sábio Narada nunca caminha na superfície do globo, e sim viaja no espaço sideral. Depois da partida de Narada, o Senhor Krishna Se dirigiu ao mensageiro que veio dos reis prisioneiros. E disse a ele que eles não deviam ficar preocupados. Ele muito em breve arranjaria a morte do Rei de Magadha, Jarasandha. Assim Ele desejou boa fortuna para todos os reis prisioneiros e o mensageiro. Depois de receber essa garantia do Senhor Krishna, o mensageiro retornou para os reis prisioneiros e os informou sobre a notícia feliz da visita do Senhor em breve. Todos os reis ficaram contentes com a notícia e começaram a esperar muito ansiosamente pela chegada do Senhor.

A quadriga do Senhor Krishna começou a proceder, acompanhada por muitas outras quadrigas, junto com elefantes, cavalaria, infantaria e parafernália real similar. Clarins, tambores, trombetas, búzios, chifres e cornetas todos começaram a produzir um som auspicioso alto que vibrou em todas as direções. As 16.000 rainhas, lideradas pela deusa da fortuna Rukminidevi, a esposa ideal do Senhor Krishna, e acompanhadas por seus respectivos filhos, todas seguiam atrás do Senhor Krishna. Elas estavam vestidas com roupas valiosas decoradas com ornamentos, e seus corpos estavam cobertos com polpa de sândalo e com colares de flores fragrantes. Montadas em palanquins que eram bem decorados com sedas, bandeiras e laços dourados, elas seguiam seu exaltado esposo, o Senhor Krishna. Os soldados de infantaria carregavam escudos, espadas e lanças em suas mãos e atuavam como guarda-costas de todas as rainhas. Na parte de trás da procissão estavam as esposas e filhos de todos os outros seguidores, e também havia muitas meninas da sociedade que também seguiam. Muitos animais de carga como touros, búfalos, mulas, e asnos carregavam os acampamentos, camas e tapetes, e as mulheres que seguiam estavam sentadas em palanquins separados no dorso de camelos. Essa procissão panorâmica era acompanhada por gritos das pessoas e estava cheia com a exibição de diferentes bandeiras coloridas, sombrinhas e abanos, e diferentes variedades de armas, roupas, ornamentos, elmos e armamentos. A procissão, que refletia a luz solar, parecia justamente igual a um oceano com ondas altas e tubarões.

Dessa forma, a procissão do partido do Senhor Krishna avançou em direção a Hastinapura (Nova Déli) e gradualmente passou através dos reinos de Anarta (Província de Gujarat), Sauvira (Sauret), o grande deserto do Rajasthan, e então Kurukshetra. Entre esses reinos havia montanhas, rios, cidades, vilas, campos de pastagem e campos de mineração. A procissão passou por todos esses lugares em seu avanço. Em Seu caminho para Hastinapura, o Senhor atravessou dois rios grandes, o Drishvati e o Sarasvati. Depois, Ele cruzou a província de Pañchala e a província de Matsya. Nesse caminho, ultimamente Ele chegou a Indraprastha.

A audiência da Suprema Personalidade de Deus, Krishna, não é uma coisa muito trivial. Assim, quando o Rei Yudhisthira ouviu que o Senhor Krishna já tinha chegado à sua cidade capital, Hastinapura, ele ficou tão feliz que todos os pêlos do seu corpo se arrepiaram em grande êxtase, e ele imediatamente foi para fora da cidade para recebê-Lo propriamente. Ele ordenou a vibração musical de diferentes instrumentos e canções, e os brahmanas eruditos da cidade começaram a cantar os hinos dos Vedas bem alto. O Senhor Krishna é conhecido como Hrishikesha, o mestre dos sentidos, e o Rei Yudhisthira andou adiante para recebê-Lo exatamente igual os sentidos encontram a consciência da vida. O Rei Yudhisthira era primo mais velho de Krishna. Naturalmente, ele tinha muita afeição pelo Senhor, e logo quando O viu, seu coração ficou cheio de amor e afeição. Ele não tinha visto o Senhor por muitos dias, e por isso ele se sentiu o mais afortunado de vê-Lo presente perante ele. O Rei então começou a abraçar o Senhor Krishna repetidamente com grande afeição.

A forma eterna do Senhor Krishna é a residência para sempre da deusa da fortuna. Tão logo o Rei Yudhisthira O abraçou, ficou livre de toda a contaminação da existência material. Ele imediatamente sentiu bem-aventurança transcendental, e imergiu num oceano de felicidade. Havia lágrimas em seus olhos, e seu corpo tremia de êxtase. Ele esqueceu completamente que vivia no mundo material. Depois disso, Bhimasena, o segundo irmão dos Pandavas, sorriu e abraçou o Senhor Krishna, e pensava Nele como seu próprio primo maternal, e assim ele estava imerso em grande êxtase. Bhimasena também estava tão cheio de êxtase que naquele momento esqueceu sua existência material. Então o Senhor Sri Krishna Ele mesmo abraçou os outros três Pandavas, Arjuna, Nakula e Sahadeva. Os olhos de todos os três irmãos estavam inundados de lágrimas, e Arjuna começou a abraçar Krishna repetidamente porque eles eram amigos íntimos. Os dois irmãos Pandava mais novos, depois de serem abraçados pelo Senhor Krishna, caíram a Seus pés de lótus para oferecer seus respeitos. O Senhor Krishna depois ofereceu Suas reverências aos brahmanas presentes ali, e também para os membros mais velhos da dinastia Kuru, como Bhisma, Drona e Dhritarastra. Havia muitos reis de diferentes províncias como Kuru, Srinjaya e Kekaya, e o Senhor Krishna devidamente reciprocou cumprimentos e respeitos com eles. Os recitadores profissionais como os sutas, magadhas e vandinas, acompanhados pelos brahmanas, começaram a oferecer suas preces respeitosas ao Senhor. Artistas e músicos como os Gandharvas, bem como os humoristas reais, começaram a tocar seus tambores, búzios, címbalos, vinas, mridangas, e clarins, e exibiam sua arte de dança para agradar o Senhor. Assim a todo-famosa Suprema Personalidade de Deus, o Senhor Krishna, entrou na cidade de Hastinapura, que era opulenta em todos os aspectos. Enquanto o Senhor Krishna entrava na cidade, todo mundo falava entre si sobre as glórias do Senhor, assim louvavam Seu nome, qualidade, forma, etc. transcendentais.

As avenidas, ruas e alamedas de Hastinapura foram borrifadas com água fragrante através das trombas de elefantes intoxicados. Em diferentes locais da cidade havia festões e bandeiras que decoravam as casas e ruas. Em cruzamentos de avenidas importantes, havia portais com decorações de ouro, e dos dois lados do portal, havia cântaros de ouro com água. Essas belas decorações glorificavam a opulência da cidade. Com a participação nessa grande cerimônia, todos os cidadãos da cidade se reuniam aqui e ali, vestidos com roupas novas coloridas, decorados com ornamentos, colares de flores, e essências fragrantes. Cada e toda casa era iluminada por centenas de milhares de lâmpadas colocadas em diferentes cantos das cornijas, paredes, colunas, bases e arquitraves, e bem de longe, os raios das lâmpadas pareciam o festival de Dipavali (um festival particular observado no Dia do Ano Novo do calendário Hindu). Dentro das paredes das casas, queimava incenso fragrante, e a fumaça saia através das janelas, o que tornava a atmosfera muito agradável. No topo de cada casa, bandeiras tremulavam, e os potes de ouro com água nos telhados reluziam muito brilhantemente.

O Senhor Krishna assim entrou na cidade dos Pandavas, apreciou a bela atmosfera e procedeu adiante vagarosamente. Quando as jovens meninas em cada casa ouviam que o Senhor Krishna, o único objeto digno de ser visto, passava pela rua, elas ficavam muito ansiosas para ver essa todo-famosa personalidade. Seus cabelos se soltavam, e seus sáris apertados ficavam frouxos por causa de sua correria às pressas para vê-Lo. Elas deixavam seus afazeres domésticos, e aquelas que estavam deitadas na cama com seus esposos imediatamente os deixavam e vinham diretamente até a rua para ver o Senhor Krishna. A procissão de elefantes, cavalos, quadrigas, e infantaria estava bem lotada; alguns, sem conseguir ver propriamente na multidão, subiam nos telhados das casas. Eles estavam contentes de ver o Senhor Sri Krishna passar com milhares de rainhas. Eles começaram a chover flores na procissão, e eles abraçavam o Senhor Krishna dentro de suas mentes e davam a Ele uma calorosa recepção. Quando eles O viam no meio de Suas muitas rainhas, igual à Lua cheia situada no meio de muitas luminárias, começavam a falar entre si.

Uma menina disse para outra: "Minha querida amiga, é muito difícil adivinhar que tipo de atividades piedosas essas rainhas devem ter realizado, porque elas estão sempre a desfrutar a face sorridente e os olhares amorosos de Krishna". Enquanto o Senhor Krishna passava dessa forma pela rua, em intervalos, alguns cidadãos, que eram todos ricos, respeitáveis e livres de atividades pecaminosas presentearam artigos auspiciosos para o Senhor, justamente para oferecer a Ele uma recepção para a cidade. Assim eles O serviram como servidores humildes.

Quando o Senhor Krishna entrou no palácio, todas as damas ali ficaram sobrepujadas pela afeição justamente ao vê-Lo. Elas imediatamente receberam o Senhor Krishna com os olhos a brilhar por expressarem seu amor e afeição por Ele, e o Senhor Krishna sorriu e aceitou seus sentimentos e gestos de recepção. Quando Kunti, a mãe dos Pandavas, viu seu sobrinho Senhor Krishna, a Suprema Personalidade de Deus, ela ficou tomada de amor e afeição. Ela imediatamente levantou de seu leito e apareceu perante Ele com sua nora, Draupadi, e com amor e afeição maternais ela O abraçou. Quando ele trouxe Krishna para dentro do palácio, o Rei Yudhisthira ficou tão confuso em seu júbilo que praticamente esqueceu o que tinha que fazer naquela hora a fim de receber Krishna e adorá-Lo propriamente. O Senhor Krishna encantadoramente ofereceu Seus respeitos e reverências a Kunti e às outras damas idosas do palácio. Sua irmã mais nova, Subhadra, também estava lá com Draupadi, e ambas ofereceram suas respeitosas reverências aos pés de lótus do Senhor. Com a indicação de sua sogra, Draupadi trouxe roupas, ornamentos e colares de flores, e com essa parafernália elas receberam as rainhas Rukmini, Satyabhama, Bhadra, Jambavati, Kalindi, Mitravinda, Lakshmana e a devotada Satya. Essas rainhas principais do Senhor Krishna foram recebidas primeiro, e depois também foi oferecida às rainhas restantes uma recepção apropriada. O Rei Yudhisthira organizou o descanso de Krishna e viu se todos que vieram junto com Ele - a saber, Suas rainhas, Seus soldados, Seus ministros e Seus secretários - estavam situados confortavelmente. Ele organizou para que eles experimentassem um novo aspecto da recepção todo dia enquanto permanecessem como hóspedes dos Pandavas.

Foi dessa vez que o Senhor Sri Krishna, com a ajuda de Arjuna, para a satisfação do deus do fogo, Agni, permitiu que Agni devorasse a floresta Khandava. Durante o fogo na floresta, Krishna salvou o demônio Mayasura, que se escondia na floresta. Depois de ser salvo, Mayasura ficou muito agradecido aos Pandavas e ao Senhor Krishna, e assim construiu uma maravilhosa casa de assembléia na cidade de Hastinapura. Dessa forma, o Senhor Krishna, a fim de satisfazer o Rei Yudhisthira, permaneceu na cidade de Hastinapura por muitos meses. Durante Sua estadia, Ele desfrutou de passeios de cá para lá. Ele costumava conduzir quadrigas junto com Arjuna, e muitos guerreiros e soldados costumavam segui-los.

     

     

Assim termina o significado Bhaktivedanta do Capítulo Setenta de Krishna, "O Senhor Krishna na Cidade de Indraprastha".

     

   

Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga

Nitai Gaura Hari Bol

 

"KRISHNA - A Suprema Personalidade de Deus"

 

(Original Sem "Correções")

de

Sua Divina Graça
Sri Srimad Bhaktivedanta Swami Maharaj Prabhupada
Paramahamsa Thakura Mahashaya

   

Capítulo 71

A Liberação do Rei Jarasandha

     

Na grande assembléia de pessoas respeitáveis, cidadãos, amigos, familiares, brahmanas, kshatriyas e vaishyas, o Rei Yudhisthira, na presença de todos, inclusive seus irmãos, diretamente se dirigiu ao Senhor Krishna como se segue: "Meu querido Senhor Krishna, o sacrifício conhecido como Rajasuya yajña deve ser executado pelo imperador, e deve ser considerado o rei de todos os sacrifícios. Por executar esse sacrifício, eu desejo satisfazer todos os semideuses, que são Seus representantes dotados de poder dentro deste mundo material, e eu desejo que Você bondosamente me ajude nessa grande aventura para que seja executada com sucesso. No que se refere aos Pandavas, nós não temos nada para pedir aos semideuses. Nós somos pessoalmente plenamente satisfeitos por sermos Seus devotos. Como Você diz no Bhagavad-gita, 'Pessoas confusas com desejos materiais adoram os semideuses', mas nosso propósito é diferente. Eu quero executar o sacrifício Rajasuya e convidar os semideuses para mostrar a eles que não têm nenhum poder independente de Você. Todos eles são Seus servos, e Você é a Suprema Personalidade de Deus. Pessoas tolas com um pobre fundo de conhecimento consideram Sua Divindade como um ser humano ordinário. Às vezes, eles tentam encontrar falhas em Você, e às vezes, eles O difamam. Por isso eu quero realizar esse sacrifício Rajasuya yajña. Eu desejo convidar todos os semideuses, a começar pelo Senhor Brahma, Senhor Shiva e outros dirigentes exaltados dos planetas celestiais, e nessa grande assembléia de semideuses de todas as partes do universo, eu quero substanciar que Você é a Suprema Personalidade de Deus e que todos são Seus servos".

"Meu querido Senhor, aqueles que estão constantemente em Consciência de Krishna e que pensam em Seus pés de lótus ou em Sua sandália certamente se tornam livres de toda contaminação da vida material. Pessoas que estão dedicadas a Seu serviço em plena Consciência de Krishna, que meditam em Você somente ou que oferecem preces a Você, são almas purificadas. Constantemente dedicadas ao serviço em Consciência de Krishna, essas pessoas se tornam livres do ciclo de repetidos nascimentos e mortes. Elas nem mesmo desejam se tornar livres desta existência material ou desfrutar opulências; os desejos delas são satisfeitos nas atividades conscientes de Krishna. No que diz respeito a nós, somos plenamente rendidos a Seus pés de lótus, e por Sua graça nós somos altamente afortunados de vê-Lo pessoalmente. Por isso, naturalmente nós não temos desejo por opulências materiais. O veredito da sabedoria Védica é que Você é a Suprema Personalidade de Deus. Eu quero estabelecer esse fato, e eu também quero mostrar ao mundo a diferença entre aceitá-Lo como a Suprema Personalidade de Deus e aceitá-Lo como uma pessoa histórica poderosa ordinária. Eu quero mostrar ao mundo que a pessoa pode alcançar a perfeição da vida simplesmente por se abrigar em Seus pés de lótus, exatamente igual a alguém que pode satisfazer os troncos, galhos, folhas e flores de uma árvore inteira simplesmente por aguar a raiz. Assim, se uma pessoa aceita a Consciência de Krishna, sua vida se torna satisfeita tanto materialmente quanto espiritualmente".

"Isso não significa que Você seja parcial com a pessoa consciente de Krishna e seja indiferente com a pessoa não consciente de Krishna. Você é igual com todos; essa é Sua declaração. Você não pode ser parcial com um e não interessado em outros porque Você está sentado no coração de todos como a Superalma e dá a todos os resultados respectivos de suas atividades lucrativas. Você dá para cada ser vivo a chance de desfrutar vida material como ele deseja. Como a Superalma, Você está sentado no corpo junto com o ser vivo, e dá a ele os resultados de suas próprias ações e também oportunidades de se voltar em direção ao Seu serviço devocional por desenvolver Consciência de Krishna. Você declara amplamente que a pessoa deve se render a Você, e abandonar todas as outras obrigações, e que Você cuidará dela, e lhe dará alívio das reações de todos os seus pecados. Você é igual à árvore dos desejos nos planetas celestiais, que concede bênçãos de acordo com os desejos da pessoa. Todo mundo é livre para alcançar a perfeição mais elevada, mas se alguém não deseja assim, então Você conceder uma bênção menor não é parcialidade".

Ao ouvir essas declarações do Rei Yudhisthira, o Senhor Krishna respondeu como se segue: "Meu querido Rei Yudhisthira, ó matador dos inimigos, ó justiça ideal personificada, Eu apóio completamente sua decisão de realizar o sacrifício Rajasuya. Por realizar esse grande sacrifício, seu bom nome permanecerá bem estabelecido para sempre na história da civilização humana. Meu querido Rei, deixe-Me informá-lo que é o desejo de todos os grandes sábios, seus antepassados, os semideuses, e seus familiares e amigos, inclusive Eu mesmo, que você execute esse sacrifício, e Eu acho que você satisfará cada ser vivo. Porém, porque é necessário, Eu peço que você primeiro de tudo conquiste todos os reis do mundo e colete toda a parafernália requisitada para executar esse grande sacrifício. Meu querido Rei Yudhisthira, seus quatro irmãos são representantes diretos de importantes semideuses como Varuna, Indra, etc.. [É dito que Bhima nasceu do semideus Varuna, e Arjuna nasceu do semideus Indra, enquanto Yudhisthira nasceu do semideus Yamaraja]. Seus irmãos são grandes heróis, e você é o mais piedoso e autocontrolado rei e é conhecido por isso como Dharmaraja. Todos vocês são tão qualificados em serviço devocional para Mim que automaticamente Eu fiquei obrigado a vocês".

O Senhor Krishna continuou: "Não existe ninguém nos três mundos do universo, inclusive poderosos semideuses, que pode superar Meus devotos em nenhuma das seis opulências, a saber, riqueza, poder, reputação, beleza, conhecimento e renúncia. Por isso, se você quer conquistar os reis mundanos, não há possibilidade que eles saiam vitoriosos".

Quando o Senhor Krishna encorajou o Rei Yudhisthira assim, a face do Rei brilhou como uma flor desabrochada por causa da felicidade transcendental, assim ele ordenou seus irmãos mais novos a conquistar todos os reis mundiais em todas as direções. O Senhor Krishna deu poder aos Pandavas para executarem Sua grande missão de punir os malfeitores infiéis do mundo e dar proteção a Seus devotos fervorosos. Em Sua forma de Vishnu, o Senhor carrega quatro tipos de armas em Suas quatro mãos. Ele carrega uma flor de lótus e um búzio em duas mãos, e nas outras duas, Ele carrega uma maça e um disco. A maça e o disco são feitas para os não devotos, e porque o Senhor é o Supremo Absoluto, a ação resultante de Suas armas é uma e a mesma. Com a maça e o disco Ele castiga os malfeitores para que voltem a si e saibam que eles não são tudo em tudo. Acima deles existe o Supremo Senhor. E por soprar o búzio, e oferecer bênçãos com a flor de lótus, Ele sempre assegura os devotos que ninguém pode conquistá-los, mesmo na maior das calamidades. O Rei Yudhisthira, assegurado pela indicação do Senhor Krishna, ordenou seu irmão mais novo, Sahadeva, acompanhado pelos soldados da tribo Srinjaya, a conquistar os países do sul. Similarmente, ele ordenou Nakula, acompanhado pelos soldados de Matsyadesha, para conquistar os reis do lado ocidental. Ele mandou Arjuna, acompanhado pelos soldados de Kekayadesha, a conquistar os reis do lado norte, e Bhimasena, acompanhado pelos soldados de Madradesha (Madras), foi ordenado a conquistar os reis no lado oriental.

Deve-se notar que por despachar seus irmãos mais novos para conquistar em diferentes direções, o Rei Yudhisthira não realmente intencionava que eles declarassem guerra com os reis. Na realidade, os irmãos partiram em diferentes direções para informar os reis respectivos sobre a intenção do Rei Yudhisthira realizar o sacrifício Rajasuya. Os reis assim eram informados que eram requeridos a pagar impostos para a execução do sacrifício. Esse pagamento de imposto ao Imperador Yudhisthira significava que o rei aceitava sua subjugação perante ele. No caso de um rei recusar agir de acordo, havia certamente um combate. Assim por sua influência e poder, os irmãos conquistaram todos os reis em diferentes direções, e eles foram capazes de trazer impostos e doações suficientes. Isso foi trazido perante o Rei Yudhisthira por seus irmãos.

O Rei Yudhisthira ficou muito ansioso, entretanto, quando ouviu que o Rei Jarasandha de Magadha não aceitou sua soberania. Ao ver a ansiedade do Rei Yudhisthira, o Senhor Krishna o informou do plano de Uddhava para conquistar o Rei Jarasandha. Bhimasena, Arjuna e o Senhor Krishna então partiram juntos para Girivraja, a cidade capital de Jarasandha, vestidos como brahmanas. Esse foi o plano concebido por Uddhava antes do Senhor Krishna partir para Hastinapura, e agora teve a aplicação prática.

O Rei Jarasandha era um chefe de família diligente, e tinha grande respeito pelos brahmanas. Ele era um grande guerreiro, um rei kshatriya, mas nunca era negligente com as regulações Védicas. De acordo com as determinações Védicas, os brahmanas são considerados os mestres espirituais de todas as outras castas. O Senhor Krishna, Arjuna e Bhimasena eram na realidade kshatriyas, mas eles se vestiram de brahmanas, e na hora em que o Rei Jarasandha estava para dar caridade aos brahmanas e os receber como convidados, eles se aproximaram.

O Senhor Krishna na roupa de um brahmana, disse ao Rei: "Nós desejamos todas as glórias à Vossa Majestade. Nós somos três convidados no seu palácio real, e nós viemos de uma longa distância. Nós viemos para pedir a você por caridade, e nós esperamos que nos conceda bondosamente qualquer coisa que pedirmos a você. Nós sabemos sobre suas boas qualidades. Uma pessoa que é tolerante é sempre preparada para tolerar tudo, mesmo que seja angustiante. Justamente igual a um criminoso poder executar os atos mais abomináveis, assim uma pessoa caridosa igual a você pode dar qualquer coisa e tudo que lhe é pedido. Para uma grande personalidade igual a você, não há distinção entre familiares e estranhos. Um homem famoso vive para sempre, mesmo depois de sua morte; portanto, qualquer pessoa que é completamente qualificada e capaz de executar atos que perpetuarão seu bom nome e fama e mesmo assim não faz isso se torna abominável aos olhos de grandes pessoas. Tal pessoa não pode ser condenada o bastante, e sua recusa em dar caridade é lamentável através de sua vida inteira. Vossa Majestade deve ter ouvido sobre nomes gloriosos de personalidades caridosas como Harishchandra, Rantideva e Mudgala, que costumava viver somente com grãos colhidos dos montes de cascas, e o grande Maharaja Shibi, que salvou a vida de um pombo por suprir carne de seu próprio corpo. Essas grandes personalidades atingiram fama imortal simplesmente por sacrificar este corpo temporário e perecível". O Senhor Krishna, na roupa de um brahmana, assim informou o Rei Jarasandha que fama é imperecível, porém o corpo é perecível. Se alguém puder atingir nome e fama imperecíveis por sacrificar seu corpo perecível, torna-se uma figura muito respeitável na história da civilização humana.

Enquanto o Senhor Krishna falava vestido na roupa de brahmana junto com Arjuna e Bhima, Jarasandha notou que os três juntos não pareciam ser brahmanas de verdade. Havia sinais nos corpos deles pelos quais Jarasandha pôde entender que eram kshatriyas. Seus ombros estavam marcados por carregarem arcos, e tinham corpos belamente estruturados, e suas vozes eram graves e de comando. Assim ele concluiu definitivamente que eles não eram brahmanas, e sim kshatriyas. Ele também achava que já os tinha visto antes em algum lugar. Apesar de essas três pessoas serem kshatriyas, elas vieram até sua porta para pedir doações como brahmanas. Assim ele decidiu que satisfaria seus desejos, apesar de serem kshatriyas. Ele pensou dessa forma por causa da posição deles já estar diminuída por aparecerem na sua porta como pedintes. "Sob essas circunstâncias", ele pensou, "estou preparado para dar a eles qualquer coisa. Mesmo se eles pedirem meu corpo, eu não hesitarei em oferecê-lo a eles". A esse respeito, ele começou a pensar em Bali Maharaja. O Senhor Vishnu nas vestes de um brahmana apareceu como um pedinte perante Bali, e dessa forma Ele tomou toda a opulência e reino dele. Ele fez isso para o benefício de Indra, que, derrotado por Bali Maharaja, ficou desprovido de reino. Apesar de Bali Maharaja ser enganado, sua reputação como um grande devoto que era capaz de dar qualquer coisa e tudo em caridade ainda é glorificada por todos os três mundos. Bali Maharaja pôde adivinhar que o brahmana era o próprio Senhor Vishnu em Pessoa e que Ele veio perante ele justamente para tomar seu reino opulento em benefício de Indra. O mestre espiritual e sacerdote da família de Bali, Shukracharya, avisou-o repetidamente sobre isso, e mesmo assim Bali não hesitou em dar em caridade qualquer coisa que o brahmana queria, e no fim ele deu tudo ao brahmana. "É minha determinação forte", pensou Jarasandha, "se eu puder atingir reputação imortal por sacrificar este corpo perecível, eu devo agir para esse propósito; a vida de um kshatriya que não vive para o benefício de um brahmana é certamente condenada".

Na realidade, o Rei Jarasandha era muito liberal em dar caridade aos brahmanas, assim ele informou o Senhor Krishna, Bhima e Arjuna: "Meus queridos brahmanas, vocês podem pedir a mim qualquer coisa que quiserem. Se vocês desejarem, vocês também podem levar minha cabeça. Estou preparado para dá-la".

Depois disso, o Senhor Krishna se dirigiu a Jarasandha como se segue: "Meu querido Rei, faça o favor de notar que não somos brahmanas realmente, nem viemos pedir por alimentos ou grãos. Todos nós somos kshatriyas, e nós viemos para mendigar um duelo com você. E nós esperamos que você concorde com esta proposta. Você deve notar que aqui está o segundo filho do Rei Pandu, Bhimasena, e o terceiro filho de Pandu, Arjuna. E Eu mesmo, você deve saber que sou seu velho inimigo, Krishna, o primo dos Pandavas".

Quando o Senhor Krishna revelou o disfarce deles, o Rei Jarasandha começou a rir muito alto, e então com muita ira e com uma voz grave ele exclamou: "Seus tolos! Se vocês querem lutar comigo, eu imediatamente concedo seu pedido. Porém, Krishna, eu sei que Você é um covarde. Eu me recuso a lutar com Você porque Você fica muito confuso quando me enfrenta no combate. Por medo de mim, Você deixou Sua própria cidade Mathura, e agora Você se abrigou dentro do mar; por isso eu me recuso a lutar com Você. No que diz respeito a Arjuna, eu sei que ele é mais novo do que eu e não é um lutador igual. Eu recuso lutar com ele porque ele não é de forma alguma um competidor igual. Contudo, no que diz respeito a Bhimasena, eu acho que ele é um competidor adequado para lutar comigo". Depois de falar dessa forma, o Rei Jarasandha imediatamente deu uma maça muito pesada para Bhimasena, e ele mesmo pegou outra, e assim todos eles foram para fora das muralhas da cidade para lutar.

Bhimasena e o Rei Jarasandha se engajaram na luta, e com suas maças respectivas, que eram tão fortes quanto raios, eles começaram a golpear um o outro muito severamente, ambos ávidos para lutar. Os dois eram lutadores peritos com maças, e suas técnicas de golpear um o outro eram tão belas que eles pareciam dois artistas dramáticos a dançar no palco. Quando as maças de Jarasandha e Bhimasena colidiam muito alto, parecia como o impacto de grandes presas de elefantes lutando ou como um raio em uma tempestade elétrica de relâmpagos. Quando dois elefantes lutam entre si num campo de cana-de-açúcar, cada um deles pega um bastão de cana e, com ele bem preso em sua tromba, golpeia o outro. Cada elefante ataca pesado os ombros, braços, clavículas, tórax, cochas, cintura, e pernas do inimigo, e dessa forma os bastões de cana ficam despedaçados. Similarmente, todas as maças usadas por Jarasandha e Bhimasena quebraram, e assim os dois inimigos se prepararam para lutar com os fortes punhos de suas mãos. Jarasandha e Bhimasena estavam muito irados, e começaram a golpear um o outro com seus punhos. Os golpes de seus punhos soavam como o bater de barras de ferro ou como o som de raios, e eles pareciam dois elefantes lutando. Infelizmente, entretanto, nenhum deles foi capaz de derrotar o outro porque os dois eram altos peritos em combate, ambos tinham força igual, e suas técnicas de combate também eram iguais. Nem Jarasandha nem Bhimasena ficaram fatigados ou derrotados na luta, apesar de um golpear o outro continuamente. No fim do dia de luta, ambos viveram como amigos no palácio de Jarasandha, e no dia seguinte lutaram novamente. Dessa forma, eles passaram vinte e sete dias em luta.

No vigésimo oitavo dia, Bhimasena disse a Krishna: "Meu querido Krishna, devo admitir francamente que não posso conquistar Jarasandha". O Senhor Krishna, entretanto, sabia o mistério do nascimento de Jarasandha. Jarasandha nasceu de duas partes diferentes de duas mães. Quando o pai dele viu que o bebê era inútil, jogou as duas partes na floresta, que foram depois achados por uma bruxa malvada com o nome Jara. Ela conseguiu juntar as duas partes do bebê de cima a baixo. Por saber disso, o Senhor Krishna portanto também sabia como matá-lo. Ele deu sugestões a Bhimasena que porque Jarasandha foi trazido à vida ao juntar as duas partes de seu corpo, ele podia ser morto com a separação dessas duas partes. Assim o Senhor Krishna transferiu Seu poder para o corpo de Bhimasena e o informou sobre o dispositivo pelo qual Jarasandha podia ser morto. O Senhor Krishna imediatamente pegou um galho de árvore e, com ele em Sua mão, o bifurcou. Dessa forma, ele indicou a Bhimasena como Jarasandha podia ser morto. O Senhor Krishna, a Suprema Personalidade de Deus, é onipotente, e se Ele quiser matar alguém, ninguém pode salvar essa pessoa. Similarmente, se Ele quiser salvar alguém, ninguém pode matá-lo.

Informado pelas indicações do Senhor Krishna, Bhimasena imediatamente segurou as pernas de Jarasandha e o atirou no chão. Quando Jarasandha caiu no chão, Bhimasena imediatamente pressionou uma das pernas de Jarasandha no chão e segurou a outra perna com as duas mãos. Ao pegar Jarasandha dessa forma, ele quebrou seu corpo em dois, desde o ânus até a cabeça. Da mesma forma que um elefante quebra os galhos de uma árvore em dois, assim Bhimasena separou o corpo de Jarasandha. A audiência presente perto viu que o corpo de Jarasandha agora estava dividido em duas metades, assim cada uma tinha uma perna, uma coxa, um testículo, um peito, metade da espinha dorsal, metade do tórax, uma clavícula, um braço, um olho, uma orelha e meia face.

Tão logo a notícia da morte de Jarasandha foi anunciada, todos os cidadãos de Magadha começaram a chorar, "Ai de mim, ai de mim", enquanto o Senhor Krishna e Arjuna abraçaram Bhimasena para congratulá-lo. Apesar de Jarasandha ser morto, nem Krishna nem os dois irmãos Pandavas fizeram a reinvindicação do trono. Seu propósito em matar Jarasandha era pará-lo de criar perturbação contra o próprio cumprimento da paz mundial. Um demônio sempre cria perturbações, enquanto um semideus sempre tenta manter a paz do mundo. A missão do Senhor Krishna é dar proteção às pessoas corretas e matar demônios que perturbam a situação pacífica. Por isso, o Senhor Krishna imediatamente chamou o filho de Jarasandha, cujo nome era Sahadeva, e com as cerimônias ritualísticas devidas Ele lhe pediu para ocupar o assento de seu pai e reinar sobre o reino pacificamente. O Senhor Krishna é o mestre da manifestação cósmica inteira, e Ele quer que todos vivam pacificamente e executem Consciência de Krishna. Depois de instalar Sahadeva no trono, Ele libertou todos os reis e príncipes que foram aprisionados desnecessariamente por Jarasandha.

 

   

Assim termina o significado Bhaktivedanta do Capítulo Setenta e Um de Krishna, "A Liberação do Rei Jarasandha".

     

     

Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga

Nitai Gaura Hari Bol

 

"KRISHNA - A Suprema Personalidade de Deus"

 

(Original Sem "Correções")

de

Sua Divina Graça
Sri Srimad Bhaktivedanta Swami Maharaj Prabhupada
Paramahamsa Thakura Mahashaya

   

Capítulo 72

O Senhor Krishna Retorna à Cidade de Hastinapura

     

Os reis e príncipes libertados pelo Senhor Krishna depois da morte de Jarasandha eram soberanos de diferentes partes do mundo. Jarasandha era tão poderoso em força militar que conquistou todos esses príncipes e reis, o que contava 20.800. Todos eles estavam encarcerados dentro de uma caverna de montanha construída como um forte, e por um longo tempo foram colocados nessa situação. Quando foram libertados pela graça do Senhor Krishna, todos eles pareciam muito infelizes, suas roupas estavam em trapos, e suas faces estavam quase secas por falta de cuidado corpóreo apropriado. Eles estavam muito fracos por causa da fome, e suas faces perderam toda a beleza e brilho. Por causa do longo aprisionamento dos reis, cada parte de seus corpos ficou frouxa e inválida. Mas apesar de sofrerem nessa condição de vida miserável, eles tiveram a oportunidade de pensar na Suprema Personalidade de Deus, Vishnu.

Agora perante eles, viram a cor do corpo transcendental do Senhor Krishna, exatamente igual à coloração de uma recém-chegada nuvem no céu. Ele apareceu perante eles belamente vestido com roupas de seda da cor amarela, com quatro mãos igual a Vishnu, a portar os diferentes símbolos da maça, do búzio, do disco e flor de lótus. Havia marcas de linhas douradas em Seu tórax, e os bicos de Seus peitos pareciam a corola da flor de lótus. Seus olhos pareciam puxados como as pétalas de uma flor de lótus, e Sua face sorridente exibia o símbolo da eterna paz e prosperidade. Seus brincos reluzentes eram dispostos belamente, e Seu elmo era revestido com jóias preciosas. O colar de pérolas do Senhor e Suas pulseiras e braceletes belamente situados em Seu corpo todos brilhavam com uma beleza transcendental. A jóia Kaustubha pendurada em Seu tórax reluzia com grande brilho, e o Senhor usava um belo colar de flores. Depois de tanto sofrimento, quando os reis e príncipes viram o Senhor Krishna, com Suas belas características transcendentais, eles olharam para Ele para o contentamento de seus corações, como se bebessem néctar pelos olhos, lambessem Seu corpo com suas línguas, cheirassem o aroma de Seu corpo com seus narizes, e O abraçassem com seus braços. Justamente por estarem em frente à Suprema Personalidade de Deus, todas as reações de suas atividades pecaminosas foram lavadas embora. Assim, sem reserva, eles se renderam aos pés de lótus do Senhor. Está afirmado no Bhagavad-gita a menos que a pessoa esteja livre de suas reações pecaminosas, não pode se render plenamente aos pés de lótus do Senhor. Todos os príncipes que viram o Senhor Krishna esqueceram suas tribulações passadas. Com mãos postas e com grande devoção, eles começaram a oferecer preces ao Senhor Krishna, como se segue.

"Querido Senhor, ó Suprema Personalidade de Deus, mestre de todos os semideuses, Você pode remover imediatamente todas as ansiedades de Seus devotos porque Seus devotos são plenamente rendidos a Você. Ó querido Senhor Krishna, ó Deidade eterna da bem-aventurança e conhecimento, Você é imperecível, e nós oferecemos nossas respeitosas reverências a Seus pés de lótus. Foi por Sua misericórdia sem causa que fomos libertados da prisão de Jarasandha, porém agora nós rogamos a Você para nos libertar do aprisionamento da energia ilusória desta existência material. Por favor, assim, pare nosso contínuo ciclo de nascimento e morte. Nós agora temos experiência suficiente da condição de vida material miserável na qual estamos plenamente absorvidos, e saboreamos seu amargor, nós viemos para nos abrigar em Seus pés de lótus. Querido Senhor, ó matador do demônio Madhu, nós agora podemos ver claramente que Jarasandha não estava o mínimo errado; foi por Sua misericórdia sem causa na realidade que ficamos desprovidos de nossos reinos por causa de sermos muito orgulhosos de nos denominarmos soberanos e reis. Qualquer soberano ou rei que se torna muito enfatuado com falso prestígio e poder não obtém a oportunidade de entender sua real posição constitucional e vida eterna. Tais ditos soberanos e reis tolos se tornam falsamente orgulhosos de sua posição sob a influência da Sua energia ilusória, eles são iguais a uma pessoa tola que considera a miragem no deserto como um reservatório de água. Pessoas tolas pensam que suas posses materiais lhes darão proteção, e aquelas que estão dedicadas à satisfação sensual falsamente aceitam este mundo como um lugar de desfrute eterno. Ó Senhor, ó Suprema Personalidade de Deus, nós devemos admitir que, antes disto, nós éramos envaidecidos com nossas opulências materiais. Porque éramos todos invejosos um do outro e queríamos conquistar um o outro, todos nós nos engajamos em lutar pela supremacia, mesmo ao custo do sacrifício das vidas de muitos cidadãos".

Essa é a doença do poder político. Tão logo um rei ou uma nação se torna rico em opulências materiais, ele quer dominar outras nações com agressão militar. Similarmente, homens mercantis querem monopolizar um certo tipo de negócio e controlar os grupos mercantis. Degradada por falso prestígio e envaidecida por opulências materiais, a sociedade humana, em vez de se empenhar pela Consciência de Krishna, cria destruição e rompe a vida pacífica. Assim homens esquecem naturalmente o propósito real da vida: alcançar o favor do Senhor Vishnu, a Suprema Personalidade de Deus.

Os reis continuaram: "Ó Senhor, nós estávamos simplesmente engajados na tarefa abominável de matar cidadãos e seduzi-los para serem mortos desnecessariamente, justamente para satisfazer nossos caprichos políticos. Nós não consideramos que Sua Divindade está sempre perante nós na forma da morte cruel. Estávamos tão enlouquecidos que nos tornamos a causa da morte de outros, e nos esquecemos de nossa própria morte iminente. Todavia, querido Senhor, a retaliação do elemento tempo, que é Seu representante, é certamente insuperável. O elemento tempo é tão forte que ninguém pode escapar de sua influência; por isso nós recebemos as reações de nossas atividades atrozes, e agora nós estamos desprovidos de todas as opulências e estamos em pé diante de Você como pedintes da rua. Nós consideramos nossa posição como Sua misericórdia sem causa e imaculada porque agora podemos entender que estávamos falsamente orgulhosos e que nossas opulências materiais podiam ser tiradas de nós em um segundo por Sua vontade. Por Sua misericórdia sem causa somente, nós agora somos capazes de pensar em Seus pés de lótus. Esse foi o nosso maior ganho. Querido Senhor, é sabido por todos que o corpo é um terreno fértil de doenças. Agora, envelhecemos bastante, e em vez de ficarmos orgulhosos pelo poder corpóreo, estamos cada vez mais fracos dia a dia. Nós não estamos mais interessados em satisfação sensual ou felicidade falsa derivada do corpo material. Por Sua graça, agora nós chegamos à conclusão que ansiar por tal felicidade material é justamente igual a procurar água numa miragem de deserto. Nós não estamos mais interessados nos resultados de nossas atividades piedosas, como executar grandes sacrifícios a fim de ser elevado aos planetas celestiais. Nós agora entendemos que tal elevação a um padrão de vida superior nos planetas celestiais pode parecer muito prazerosa, mas na realidade não pode haver nenhuma felicidade dentro deste mundo material. Nós rogamos à Sua Divindade para nos favorecer por nos instruir sobre como nos dedicar ao serviço devocional transcendental a Seus pés de lótus para que nunca mais possamos esquecer nossa relação eterna com Sua Divindade. Nós não queremos liberação do enredamento na existência material. Pela Sua vontade, nós podemos nascer em quaisquer espécies de vida; isso não importa. Nós simplesmente rogamos que nunca possamos esquecer Seus pés de lótus sob quaisquer circunstâncias. Querido Senhor, nós agora nos redemos a Seus pés de lótus por oferecer nossas respeitosas reverências a Você porque Você é o Supremo Senhor, a Personalidade de Deus, Krishna, o filho de Vasudeva. Você é Superalma no coração de todos, e Você é o Senhor Hari, aquele que pode levar embora todas as condições miseráveis da existência material. Querido Senhor, Seu nome é Govinda, o reservatório de todo prazer. Aquele que se dedica a satisfazer Seus sentidos automaticamente satisfaz seus próprios sentidos também, e por isso Você é conhecido como Govinda. Querido Senhor, Você é famoso para sempre, porque Você pode pôr fim a todas misérias de Seus devotos. Por favor, portanto, aceite-nos como Seus servos rendidos".

Depois de ouvir as preces dos reis libertados da prisão de Jarasandha, o Senhor Krishna, que é sempre o protetor das almas rendidas e o oceano de misericórdia para os devotos, respondeu a eles como se segue com sua voz doce transcendental, que era grave e cheia de significado. "Meus queridos reis", disse Ele, "Eu concedo a vocês minhas bênçãos. Deste dia em diante, vocês estão atados a Meu serviço devocional sem falha. Eu dou a vocês esta bênção, como vocês desejaram. Vocês devem saber de Mim que Eu estou sempre sentado em seus corações como a Superalma, e porque agora vocês voltaram suas faces para Mim, Eu, como o mestre de todos, sempre darei a vocês bom conselho para que possam nunca Me esquecer e assim vocês irão gradualmente de volta ao lar, de volta ao Supremo. Meus queridos reis, sua decisão de abandonar todas as concepções de desfrute material e voltarem ao invés em direção ao Meu serviço devocional é realmente o sintoma da boa fortuna de vocês. Daqui para frente, vocês serão sempre abençoados com vida bem-aventurada. Eu confirmo tudo que vocês falaram sobre Mim em suas preces é realidade. É um fato que a posição opulenta materialmente de alguém que não é plenamente consciente de Krishna é a causa de sua queda e de se tornar vítima da energia ilusória. No passado, havia vários reis rebeldes, como Haihaya, Nahusha, Vena, Ravana e Narakasura. Alguns deles eram semideuses, e alguns deles eram demônios, mas por causa da percepção falsa deles de suas posições, eles caíram de seus postos exaltados, e assim eles não permanecem mais como reis de seus reinos respectivos".

"Enquanto perdidos na violência da vida condicionada, cada um de vocês precisa entender que tudo material tem seu ponto de partida, crescimento, expansão, deterioração, e, finalmente, desaparecimento. Todos os corpos materiais estão sujeitos a essas seis condições, e quaisquer aquisições relativas que são acumuladas por esse corpo são definitivamente sujeitas à destruição final. Portanto, ninguém deve ficar apegado a coisas perecíveis. Enquanto a pessoa estiver nesse corpo material, deve ser muito cuidadosa nos relacionamentos mundanos. O caminho mais perfeito de vida neste mundo material é simplesmente estar devotada a Meu serviço amoroso transcendental e executar honestamente os deveres prescritos da posição de vida particular da pessoa. No que diz respeito a vocês, todos vocês pertencem a famílias kshatriyas. Assim, vocês devem viver honestamente, de acordo com os deveres prescritos adequados à ordem real, e devem fazer seus súditos felizes em todos os aspectos. Mantenham-se no padrão da vida kshatriya. Não gerem filhos por satisfação sensual, mas simplesmente tomem cuidado do bem-estar das pessoas em geral. Todos nascem neste mundo material por causa dos desejos contaminados de sua vida prévia, assim é sujeito às severas leis da natureza, tais quais nascimento e morte, sofrimento e felicidade, lucro e perda. A pessoa não deve ficar perturbada com dualidade, mas deve estar sempre fixa em Meu serviço e assim permanecer balanceada em mente e satisfeita em todas as circunstâncias, considere que todas as coisas são dadas por Mim, e a pessoa deve permanecer sem se desviar da dedicação ao serviço devocional. Assim a pessoa pode viver uma vida muito feliz e pacífica, mesmo dentro desta condição material. Em outras palavras, a pessoa tem que ser na realidade insensível com esse corpo material e seus subprodutos e deve permanecer não afetada por eles. Ela deve permanecer plenamente satisfeita nos interesses da alma espiritual e ficar dedicada ao serviço da Superalma. A pessoa deve dedicar sua mente somente a Mim, a pessoa deve se tornar Minha devota, a pessoa deve simplesmente Me adorar, e a pessoa deve oferecer suas respeitosas reverências a Mim somente. Dessa forma, a pessoa pode atravessar esse oceano de ignorância muito facilmente e no fim volta a Mim. Em conclusão, suas vidas devem estar dedicadas constantemente a Meu serviço".

Depois de proferir Suas instruções aos reis e príncipes, o Senhor Krishna imediatamente arranjou para o conforto deles e pediu a muitos servos e servas para cuidarem deles. O Senhor Krishna pediu a Sahadeva, o filho do Rei Jarasandha, para prover todas as necessidades dos reis e também lhe pediu para mostrar a eles toda honra e respeito. Em execução à ordem do Senhor Krishna, Sahadeva ofereceu-lhes toda honra e os presenteou com vários ornamentos, trajes, colares de flores, e outra parafernália. Depois de tomarem seus banhos e se vestirem muito finamente, os reis pareciam felizes e amáveis. Então eles foram providos com bons alimentos. O Senhor Krishna forneceu tudo para o conforto deles, como era digno das posições reais deles. Porque os reis foram tão bem tratados pelo Senhor Krishna, eles sentiram grande felicidade, e todas suas faces pareciam justamente iguais a estrelas no céu depois do fim da estação da chuva. Todos eles estavam bem vestidos e ornamentados, e seus brincos brilhavam. Cada um deles então estava sentado numa quadriga revestida de ouro e jóias e puxada por cavalos decorados. Depois de ver que cada um foi cuidado, o Senhor Krishna libertou todos os reis que estiveram nas garras de Jarasandha, e plenamente satisfeitos, os reis começaram a se dedicar ao canto do Seu santo nome, pensar na Sua forma sagrada, e glorificar Seus passatempos transcendentais como a Suprema Personalidade de Deus. Assim dedicados, eles retornaram a seus reinos respectivos. Os cidadãos de seus reinos estavam grandemente contentes de vê-los retornar, e quando ouviram das bondosas atitudes do Senhor Krishna, todos ficaram muito felizes. Os reis começaram a administrar os assuntos de seus reinos e seus súditos de acordo com as instruções do Senhor Krishna, e todos aqueles reis e seus súditos passaram seus dias muito felizes. Esse é um exemplo vívido de sociedade consciente de Krishna. Se as pessoas do mundo dividirem a sociedade, em termos de suas qualificações materiais respectivas, em quatro ordens para progresso material e espiritual, com o centro em Krishna e por seguir as instruções de Krishna como afirmado no Bhagavad-gita, a sociedade humana inteira sem dúvida será feliz. Essa é a lição que temos de levar deste incidente.

Depois de causar assim a aniquilação de Jarasandha por Bhimasena e depois de ser honrado propriamente por Sahadeva, o filho de Jarasandha, o Senhor Krishna, acompanhado por Bhimasena e Arjuna, retornaram à cidade de Hastinapura, eles sopraram seus búzios respectivos, e ao ouvir as vibrações sonoras e ao compreender quem chegava, todos ficaram imediatamente contentes. Mas ao ouvir os búzios, os inimigos de Krishna ficaram muito preocupados. Os cidadãos de Indraprastha sentiram seus corações ficarem jubilosos simplesmente por ouvirem a vibração do búzio de Krishna porque puderam entender que Jarasandha foi morto. Agora a realização do sacrifício Rajasuya pelo Rei Yudhisthira estava quase certa. Bhimasena, Arjuna e Krishna, a Suprema Personalidade de Deus, chegaram perante o Rei Yudhisthira e ofereceram seus respeitos ao Rei. O Rei Yudhisthira ouviu atentamente a narração da matança de Jarasandha e da libertação dos reis. Ele também ouviu sobre a tática que Krishna adotou para matar Jarasandha. O Rei tinha afeição natural por Krishna, porém ao ouvir a história, ele ficou ainda mais atado em amor por Krishna; lágrimas de êxtase rolavam de seus olhos, e ele estava tão emocionado que quase ficou incapaz de falar.

     

     

Assim termina o significado Bhaktivedanta do Capítulo Setenta e Dois de Krishna, "O Senhor Krishna Retorna à Cidade de Hastinapura".

     

      

Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga

Nitai Gaura Hari Bol

 

"KRISHNA - A Suprema Personalidade de Deus"

 

(Original Sem "Correções")

de

Sua Divina Graça
Sri Srimad Bhaktivedanta Swami Maharaj Prabhupada
Paramahamsa Thakura Mahashaya

   

Capítulo 73

A Liberação de Shishupala

     

O Rei Yudhisthira ficou muito feliz depois de ouvir os detalhes do episódio, e ele falou o seguinte: "Meu querido Krishna, ó forma eterna de bem-aventurança e conhecimento, todos os diretores exaltados dos assuntos deste mundo material, inclusive Senhor Brahma, Senhor Shiva e Rei Indra, estão sempre ansiosos para receberem e cumprirem ordens vindas de Você, e sempre que são afortunados o bastante para receberem tais ordens, eles imediatamente as levam e as mantêm em seus corações. Ó Krishna, Você é ilimitado, e embora nós às vezes pensamos em nós mesmos como nobres reis e governantes do mundo e ficamos enfatuados sobre nossas posições triviais, somos muito pobres de coração. Na realidade, somos dignos de ser punidos por Você, mas o espantoso é que em vez de nos punir, Você tão bondosamente e misericordiosamente aceita nossas ordens e as cumpre propriamente. Outros ficam muito surpresos que Sua Divindade pode atuar no papel de um ser humano ordinário, mas nós podemos entender que Você realiza essas atividades justamente igual a um artista dramático. Sua posição real é sempre exaltada, exatamente igual ao Sol, que sempre permanece na mesma temperatura tanto durante o tempo do seu nascer e o tempo de seu ocaso. Apesar de nós sentirmos diferença na temperatura entre o nascer e o pôr do sol, a temperatura do Sol nunca muda. Você é sempre transcendentalmente equilibrado, e assim Você nunca está satisfeito nem perturbado com nenhuma condição dos assuntos materiais. Você é o Supremo Brahman, a Personalidade de Deus, e para Você não existem quaisquer relatividades. Meu querido Madhava, Você nunca é derrotado por ninguém. Distinções materiais - 'Isso é mim'. 'Isso é você'. 'Isso é meu'. 'Isso é seu'. - são todas conspícuas por causa de sua ausência em Você. Tais distinções são vistas nas vidas de todos, até mesmo dos animais, mas aqueles que são devotos puros são livres dessas distinções falsas. Porque essas distinções estão ausentes em Seus devotos, elas não podem possivelmente estar presentes em Você".

Depois de satisfazer Krishna dessa forma, o Rei Yudhisthira arranjou para executar o sacrifício Rajasuya. Ele convidou todos os brahmanas e sábios qualificados para participarem e os apontou para diferentes posições como sacerdotes a cargo da arena de sacrifício. Ele convidou os mais eruditos brahmanas e sábios, cujos nomes são os seguintes: Krishna-dwaipayana Vyasadeva, Bharadwaja, Sumantu, Gautama, Asita, Vasishtha, Chyavana, Kanva, Maitreya, Kavasha, Trita, Vishvamrita, Vamanadeva, Sumati, Jaimini, Kratu, Paila, Parashara, Garga, Vaishampayana, Atharva, Kashyapa, Dhaumya, Parashurama, Shukracharya, Asuri, Vitihotra, Madhucchanda, Virasena e Akritavrana. Além de todos esses brahmanas e sábios, ele convidou respeitáveis patriarcas como Dronacharya, Bhisma, (o grande patriarca dos Kurus), Kripacharya, e Dhritarastra. Ele também convidou os filhos de Dhritarastra, liderados por Duryodhana, e o grande devoto Vidura também foi convidado. Reis de diferentes partes do mundo, junto com seus ministros e secretários, também foram convidados para ver o grande sacrifício realizado pelo Rei Yudhisthira, e os cidadãos, que compreendiam brahmanas eruditos, kshatriyas nobres, vaishyas bem sucedidos, e shudras fiéis, todos visitaram a cerimônia.

Os sacerdotes brahmanas e sábios encarregados da cerimônia de sacrifício construíram a arena de sacrifício como de costume com um rastelo de ouro, e eles iniciaram o Rei Yudhisthira como o executor do grande sacrifício, de acordo com os rituais Védicos. Longos anos atrás, quando Varuna realizou um sacrifício similar, todos os utensílios do sacrifício eram feitos de ouro. Similarmente, no sacrifício Rajasuya do Rei Yudhisthira, todos os utensílios requeridos para o sacrifício eram de ouro.

No intuito de participar do grande sacrifício realizado pelo Rei Yudhisthira, todos os semideuses exaltados como Senhor Brahma, Senhor Shiva, e Indra o Rei do céu, acompanhados por seus associados, e também as deidades predominantes dos sistemas planetários superiores como Gandharvaloka, Siddhaloka, Janoloka, Tapoloka, Nagaloka, Yakshaloka, Rakshasaloka, Pakshiloka e Charanaloka, e também reis famosos com suas rainhas, todos estavam presentes pelo convite do Rei Yudhisthira. Todos os respeitáveis sábios, reis e semideuses que se reuniram ali unanimemente concordaram que o Rei Yudhisthira era bem competente para assumir a responsabilidade da realização do sacrifício Rajasuya; ninguém estava em desacordo sobre esse fato. Todos eles conheciam plenamente a posição do Rei Yudhisthira; porque ele era um grande devoto do Senhor Krishna, nenhuma realização era extraordinária para ele. Os brahmanas e sacerdotes eruditos cuidaram para que esse sacrifício realizado pelo Rei Yudhisthira fosse executado exatamente da mesma forma como em eras passadas pelo semideus Varuna. De acordo com o sistema Védico, sempre que há um arranjo para um sacrifício, aos membros que participam do sacrifício é oferecido o suco da planta soma. O suco da planta soma é um tipo de bebida revigorante. No dia de extrair o suco soma, o Rei Yudhisthira muito respeitosamente recebeu o sacerdote especial que foi responsável pela detecção de qualquer equívoco nas formalidades dos procedimentos do sacrifício. A idéia é que os mantras Védicos devem ser enunciados perfeitamente e cantados com a tonicidade correta; se os sacerdotes que estiverem ocupados na tarefa cometerem qualquer erro, o sacerdote inspetor ou árbitro imediatamente corrige o procedimento, e assim as execuções ritualísticas são realizadas perfeitamente. A menos que seja executado perfeitamente, o resultado não pode produzir o resultado desejado. Nesta era de Kali, não existem tais brahmanas ou sacerdotes eruditos disponíveis; por isso, todos esses sacrifícios são proibidos. O único sacrifício recomendado nos shastras é o canto do mantra Hare Krishna.

Outro procedimento importante é que à personalidade mais exaltada na assembléia duma cerimônia de sacrifício assim é oferecida adoração primeiro. Depois que todos os arranjos foram feitos para o sacrifício de Yudhisthira, a próxima consideração era quem deveria ser adorado primeiro na cerimônia. Essa cerimônia em particular se chama Agrapuja. Agra significa primeiro, e puja significa adoração. Essa Agrapuja é similar à eleição do presidente. Na assembléia do sacrifício, todos os membros eram muito exaltados. Alguns propuseram eleger uma pessoa como o candidato perfeito para aceitar Agrapuja, e outros propuseram alguém mais.

Quando a matéria permaneceu não decidida, Sahadeva começou a falar em favor do Senhor Krishna. Ele disse: "Senhor Krishna, o melhor entre os membros da dinastia Yadu e o protetor de Seus devotos, é a personalidade mais exaltada nesta assembléia. Por isso eu acho que a Ele deve sem nenhuma objeção ser oferecida a honra de ser adorado primeiro. Embora semideuses tais quais Senhor Brahma, Senhor Shiva, Indra, o Rei dos planetas celestiais, e muitas outras grandes personalidades estão presentes aqui nesta assembléia, ninguém pode ser igual ou maior que Krishna em termos de tempo, espaço, riquezas, poder, reputação, sabedoria, renúncia ou qualquer outra consideração. Qualquer coisa que é considerada opulenta está presente originalmente em Krishna. Da forma como uma alma individual é o princípio básico do crescimento de seu corpo material, similarmente Krishna é a Superalma desta manifestação cósmica. Todos os tipos de cerimônias ritualísticas Védicas, tais quais a execução de sacrifícios, oferendas de oblações ao fogo, o canto de hinos Védicos e a prática de yoga místico - todas são destinadas à realização de Krishna. Se alguém seguir o caminho das atividades lucrativas ou o caminho da especulação filosófica, o destino último é Krishna; todos os métodos de auto-realização fidedignos são destinados à compreensão de Krishna. Damas e cavalheiros, é supérfluo falar sobre Krishna, porque cada um de vocês personalidades exaltadas conhece o Supremo Brahman, Senhor Krishna, para quem não existem diferenças materiais entre corpo e alma, entre energia e o energético, ou entre uma parte do corpo e outra. Porque todos são parte e parcela de Krishna, não existe diferença qualitativa entre Krishna e todos os seres vivos. Tudo é uma emanação das energias de Krishna, as energias material e espiritual. As energias de Krishna são iguais ao calor e luz do fogo; não há diferença entre a qualidade do calor e luz e o fogo em si".

"Também, Krishna pode fazer tudo que Ele desejar com qualquer parte de Seu corpo. Nós podemos executar uma ação particular com a ajuda de uma parte particular de nosso corpo, contudo Ele pode fazer qualquer coisa e tudo com qualquer parte de Seu corpo. E porque Seu corpo é pleno de conhecimento e bem-aventurança em eternidade, Ele não Se submete aos seis tipos de mudanças materiais - nascimento, existência, crescimento, ação lucrativa, declínio e desaparecimento. Não forçado por qualquer energia externa, Ele é a suprema causa da criação, manutenção e dissolução de tudo que existe. Pela graça de Krishna somente, todos estão dedicados à prática de religiosidade, o desenvolvimento das condições econômicas, a satisfação dos sentidos e, ultimamente, o alcance da liberação do cativeiro material. Esses quatro princípios da vida progressiva podem ser executados pela misericórdia de Krishna somente. Ele deve por isso ser oferecido com a primeira adoração deste grande sacrifício, e ninguém deve discordar. Da mesma forma que por aguar a raiz, o aguar dos troncos, galhos, folhas e flores está automaticamente realizado, ou igual a suprir alimento ao estômago, a nutrição e metabolismo de todas as outras partes do corpo são automaticamente estabelecidos, ao oferecer a primeira adoração a Krishna, todos os presentes neste encontro - inclusive grandes semideuses - ficarão satisfeitos. Se alguém for disposto caridosamente, será muito bom para ele dar caridade somente para Krishna, que é a Superalma de todos, sem importar seu corpo particular ou personalidade individual. Krishna está presente como a Superalma em cada ser vivo, e se nós pudermos satisfazê-Lo, então automaticamente todo ser vivo se torna satisfeito".

Sahadeva era afortunado por conhecer as glórias de Krishna, e depois de descrevê-las em breve, ele parou de falar. Depois que esse discurso foi transmitido, todos os membros presentes na assembléia do grande sacrifício aplaudiram, e confirmavam as palavras dele continuamente por dizer: "Tudo que você disse é completamente perfeito. Tudo que você disse é completamente perfeito". O Rei Yudhisthira, depois de ouvir a confirmação de todos os presentes, especialmente os brahmanas e sábios eruditos, adorou o Senhor Krishna de acordo com os princípios reguladores dos mandamentos Védicos. Primeiro de tudo, o Rei Yudhisthira - junto com seus irmãos, esposas, filhos, e outros familiares e ministros - lavou os pés de lótus do Senhor Krishna e borrifou a água em suas cabeças. Depois disso, ao Senhor Krishna foram oferecidos vários tipos de roupas de seda em cor amarela, montes de jóias e ornamentos que foram presenteados perante Ele para Seu uso.

O Rei Yudhisthira sentiu tanto êxtase por honrar Krishna, que era seu único objeto louvável, que lágrimas escorriam de seus olhos, e apesar de querer muito, não conseguia ver o Senhor Krishna muito bem. O Senhor Krishna foi assim adorado pelo Rei Yudhisthira. Naquela hora, todos os membros presentes naquela assembléia se levantaram com mãos postas e começaram a cantar: "Jaya! Jaya! Namah! Namah"! Quando todos se juntaram para oferecer suas respeitosas reverências a Krishna, houve chuva de flores do céu.

Naquele encontro, o Rei Shishupala também estava presente. Ele era um inimigo declarado de Krishna por muitas razões, especialmente porque Krishna roubou Rukmini da cerimônia de casamento; por isso, ele não pôde tolerar tanta honra para Krishna e glorificação das qualidades Dele. Ao invés de ficar feliz ao ouvir as glórias do Senhor, ele ficou muito irado. Quando todos ofereceram respeito a Krishna por se levantarem, Shishupala permaneceu em seu assento, mas quando ficou furioso por Krishna ser honrado, Shishupala levantou subitamente, e, com sua mão levantada, começou a falar muito fortemente e destemidamente contra o Senhor Krishna. Ele falou de tal forma que o Senhor Krishna podia ouvi-lo muito distintamente.

"Damas e cavalheiros, eu posso apreciar agora a declaração dos Vedas que, depois de tudo, tempo é o fator predominante. Apesar de todos os esforços ao contrário, o elemento tempo executa seu próprio plano sem oposição. Por exemplo, alguém pode tentar o seu melhor para viver, mas quando a hora da morte chega, ninguém pode impedi-la. Eu vejo aqui apesar de haver muitas personalidades exaltadas presentes nesta assembléia, a influência do tempo é tão forte que vocês foram desviados por essa declaração desse rapaz que falou tolamente sobre Krishna. Há muito sábios eruditos e pessoas mais velhas presentes, mas mesmo assim aceitaram a declaração de um menino tolo. Isso quer dizer que pela influência do tempo, mesmo a inteligência dessas pessoas honoráveis que estão presentes nesta reunião pode ser mal direcionada. Eu concordo plenamente com as pessoas respeitáveis que estão presentes aqui que elas são competentes o bastante para selecionar a personalidade que pode ser adorada primeiro, mas eu não posso concordar com a declaração de Sahadeva, que falou de forma tão elevada sobre Krishna e recomendou que Krishna é adequado para aceitar a primeira adoração no sacrifício. Eu posso ver que nesta reunião há muitas personalidades que se submeteram a grandes austeridades, que são altamente eruditas, e que executaram muitas penitências. Pelo conhecimento e direção deles, eles podem liberar muitas pessoas que sofrem as dores da existência material. Há grandes rishis aqui cujo conhecimento não tem limites, e também muitas pessoas auto-realizadas e brahmanas também, e por isso eu acho que qualquer um deles podia ter sido selecionado para a primeira adoração porque eles são adorados até mesmo por grande semideuses, reis e imperadores. Eu não entendo como puderam selecionar esse menino pastor de vacas, Krishna, e deixaram de lado todas essas grandes personalidades. Eu acho Krishna não melhor do que um corvo - como Ele pode ser adequado para aceitar a primeira adoração neste grande sacrifício"?

"Nós não podemos nem mesmo determinar a qual casta Krishna pertence ou qual é o Seu dever ocupacional agora". Na realidade, Krishna não pertence a nenhuma casta, nem tem que executar nenhum dever ocupacional. É afirmado nos Vedas que o Supremo Senhor não tem nada a fazer como Seu dever prescrito. Qualquer coisa que tenha de ser feita em Seu interesse é executada por Suas diferentes energias.

Shishupala continuou: "Krishna não pertence a uma família elevada. Ele é tão independente que ninguém sabe Seus princípios de vida religiosa. Parece que Ele está fora da jurisdição de todos os princípios religiosos. Ele sempre age independentemente, sem se importar com as leis e princípios reguladores Védicos. Por isso Ele é desprovido de todas as boas qualidades". Shishupala indiretamente elogiou Krishna ao dizer que Ele não está dentro da jurisdição da lei Védica. Isso é verdade porque Ele é a Suprema Personalidade de Deus. Que Ele não tem qualidades significa que Krishna não tem qualidades materiais, e porque Ele é a Suprema Personalidade de Deus, Ele age independentemente, sem se preocupar com convenções sociais ou princípios religiosos.

Shishupala continuou: "Sob essas circunstâncias, como Ele pode ser adequado para aceitar a primeira adoração no sacrifício? Krishna é tão tolo que deixou Mathura, que é habitada por pessoas altamente elevadas seguidoras da cultura Védica, e Ele se abrigou no oceano, onde nem mesmo há fala sobre os Vedas. Em vez de viver abertamente, Ele construiu um forte dentro da água e vive numa atmosfera onde não há discussão sobre o conhecimento Védico. E sempre que Ele sai do forte, Ele simplesmente atormenta os cidadãos igual a um bandoleiro, ladrão ou malandro".

Shishupala enlouqueceu porque Krishna foi eleito a suprema pessoa primeiro adorada naquele encontro, e ele falou tão irresponsavelmente que parecia ter perdido toda sua boa fortuna. Encoberto pelo infortúnio, Shishupala continuou a insultar Krishna mais ainda, e o Senhor Krishna ouviu pacientemente sem protestar. Da mesma forma que um leão não liga quando um bando de chacais uiva, o Senhor Krishna permaneceu silencioso e não provocado. Krishna não respondeu a nem mesmo uma acusação feita por Shishupala, entretanto todos os membros presentes no encontro, exceto alguns que concordaram com Shishupala, ficaram muito agitados porque é o dever de qualquer pessoa respeitável não tolerar blasfêmia contra Deus ou Seu devoto. Alguns deles, que acharam não poderem tomar propriamente ação contra Shishupala, deixaram a assembléia em protesto, e cobriram seus ouvidos com as mãos para não ouvirem mais acusações. Assim deixaram o encontro, em condenação à ação de Shishupala. É a lei Védica que sempre quando há blasfêmia contra a Suprema Personalidade de Deus, a pessoa deve sair imediatamente. Se não fizer isso, ela se torna desprovida de suas ações piedosas e se degrada à condição de vida inferior.

Todos os reis presentes, pertencentes à dinastia Kuru, dinastia Matsya, dinastia Kekaya e dinastia Srinjaya, ficaram muitos irados e imediatamente empunharam suas espadas e escudos para matar Shishupala. Shishupala era tão tolo que não ficou nenhum pouco agitado, apesar de todos os reis presentes estarem prontos a matá-lo. Ele não se importou com os prós e contras de sua fala estúpida, e quando ele viu que todos os reis estavam prontos para matá-lo, em vez de parar, ele se levantou para lutar com sua espada e escudo. Quando o Senhor Krishna viu que eles iam se engajar em combate dentro da arena do auspicioso Rajasuya yajña, Ele pessoalmente os pacificou. Por Sua misericórdia sem causa Ele Mesmo decidiu matar Shishupala. Quando Shishupala insultava os reis que estavam prontos para atacá-lo, o Senhor Krishna pegou Seu disco, que era tão afiado quanto o fio duma navalha, e imediatamente separou a cabeça de Shishupala de seu corpo.

Quando Shishupala foi morto assim, um grande grito e brado surgiu da multidão daquela assembléia. Aproveitaram a vantagem daquele alvoroço, os poucos reis que foram apoiadores de Shishupala rapidamente deixaram a assembléia com medo por suas vidas. Todavia, apesar de tudo isso, a afortunada alma espiritual de Shishupala imediatamente imergiu dentro do corpo do Senhor Krishna na presença de todos os membros, exatamente igual a um meteoro em chamas que cai na superfície do globo. A alma de Shishupala imergir no corpo transcendental do Senhor Krishna nos lembra da história de Jaya e Vijaya, que caíram dos planetas Vaikuntha depois de serem amaldiçoados pelos quatro Kumaras. Para o retorno deles ao mundo Vaikuntha, foi arranjado para que ambos Jaya e Vijaya, por três nascimentos consecutivos agiriam como inimigos mortais do Senhor, e no fim dessas vidas, eles poderiam retornar novamente ao mundo Vaikuntha e servir o Senhor e Seus associados.

Apesar de Shishupala atuar como o inimigo de Krishna, ele não estava em nenhum momento fora da Consciência de Krishna. Ele estava sempre absorto no pensamento de Krishna, e assim ele obteve primeiro a salvação sayujya-mukti, imergir na existência do Supremo, e finalmente foi restabelecido em sua posição original de serviço pessoal. O Bhagavad-gita corrobora o fato de que se alguém está absorto no pensamento do Supremo Senhor na hora da morte, ele imediatamente entra no reino de Deus depois de deixar seu corpo material. Depois da salvação de Shishupala, o Rei Yudhisthira remunerou todos os membros presentes na assembléia do sacrifício. Ele remunerou suficientemente os sacerdotes e sábios eruditos pela sua dedicação na execução do sacrifício, e depois de executar todo esse trabalho de rotina, ele tomou seu banho. Esse banho no fim do sacrifício também é técnico. É chamado o banho avabhritha.

O Senhor Krishna assim possibilitou a realização do Rajasuya yajña arranjado pelo Rei Yudhisthira ser completada com sucesso, e solicitado por Seus primos e familiares, Ele permaneceu em Hastinapura por alguns meses mais. Apesar do Rei Yudhisthira e seus irmãos não desejarem que o Senhor Krishna deixasse Hastinapura, Krishna arranjou para pedir permissão ao Rei para retornar a Dwaraka, e assim Ele retornou junto com Suas rainhas e ministros.

A história da queda de Jaya e Vijaya dos planetas Vaikuntha para o mundo material é descrita no Sétimo Canto do Srimad Bhagavatam. A matança de Shishupala tem uma ligação direta com a narração de Jaya e Vijaya, mas a instrução mais importante que obtemos desse incidente é que a Suprema Personalidade de Deus, por ser absoluta, pode dar salvação a qualquer um, seja alguém que atue como Seu inimigo ou como Seu amigo. Por tanto é um conceito errado que o Senhor age com alguém numa relação de amigo e com alguém mais numa relação de inimigo. Se Ele é amigo ou inimigo, está sempre na plataforma absoluta. Não existe distinção material.

Depois que o Rei Yudhisthira tomou seu banho e estava em pé entre todos os sábios eruditos e brahmanas, ele parecia exatamente igual ao Rei do céu e assim parecia muito belo. O Rei Yudhisthira remunerou suficientemente todos os semideuses que participaram do yajña, e grandemente satisfeitos, todos eles partiram elogiando as atividades do Rei e glorificando o Senhor Krishna.

Quando Shukadeva Goswami narrava esses incidentes de Krishna matar Shishupala e descrever a execução bem-sucedida do Rajasuya yajña por Maharaja Yudhisthira, ele assinalou também que depois da terminação bem-sucedida do yajña havia só uma pessoa que não estava feliz. Era Duryodhana. Duryodhana por natureza era muito invejoso por causa de sua vida pecaminosa, e ele apareceu na dinastia dos Kurus como uma doença crônica personificada a fim de destruir a família inteira.

Shukadeva Goswami assegurou Maharaja Yudhisthira que os passatempos do Senhor Krishna - a matança de Shishupala e Jarasandha e a libertação dos reis aprisionados - são todos vibrações transcendentais, e qualquer um que ouve essas narrações de pessoas autorizadas fica imediatamente livre de todas as reações das atividades pecaminosas de sua vida.

     

     

Assim termina o significado Bhaktivedanta do Capítulo Setenta e Três de Krishna, "A Liberação de Shishupala".

     

     

Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga

Nitai Gaura Hari Bol

 

"KRISHNA - A Suprema Personalidade de Deus"

 

(Original Sem "Correções")

de

Sua Divina Graça
Sri Srimad Bhaktivedanta Swami Maharaj Prabhupada
Paramahamsa Thakura Mahashaya

     

Capítulo 74

Porque Duryodhana Sentiu-se Insultado no Fim do Sacrifício Rajasuya

       

O Rei Yudhisthira era conhecido como ajatashatru, ou uma pessoa que não tem nenhum inimigo. Assim, quando todos os homens, todos os semideuses, todos os reis, sábios e santos viram a terminação bem-sucedida do Rajasuya yajña realizado pelo Rei Yudhisthira, ficaram muito felizes. Porque Duryodhana sozinho não estava feliz foi surpreendente para Maharaja Parikshit, e por isso ele pediu a Shukadeva Goswami para explicar isso.

Shukadeva Goswami disse: "Meu querido Rei Parikshit, seu avô, Rei Yudhisthira, era uma grande alma. Sua disposição simpática atraía todos como seu amigo, e por isso ele era conhecido como ajatashatru, aquele que nunca criou um inimigo. Ele engajou todos os membros da dinastia Kuru em cuidarem de diferentes departamentos para a administração do sacrifício Rajasuya. Por exemplo, Bhimasena foi posto encarregado do departamento de cozinha, Duryodhana encarregado do departamento da tesouraria, Sahadeva a cargo do departamento de recepção, Nakula a cargo do departamento de suprimentos, e Arjuna ficou encarregado de procurar os confortos das pessoas idosas. O fato mais espantoso foi que Krishna, a Suprema Personalidade de Deus, cuidou de lavar os pés de todos os convidados recebidos. A Rainha, a deusa da fortuna Draupadi, estava encarregada de administrar a distribuição da comida, e porque Karna era famoso por dar caridade, foi posto a cargo do departamento de caridade. Dessa forma, Satyaki, Vikarna, Hardikya, Vidura, Bhurishrava, e Santardana, o filho de Bahlika, todos estavam engajados em diferentes departamentos para o gerenciamento dos assuntos do sacrifício Rajasuya. Todos estavam tão agradecidos em afeição amorosa pelo Rei Yudhisthira que simplesmente queriam agradá-lo.

Depois que Shishupala morreu pela misericórdia do Senhor Krishna e ficou imerso na existência espiritual, no fim do Rajasuya yajña, quando todos os amigos, convidados e benquerentes foram suficientemente honrados e remunerados, o Rei Yudhisthira foi até o Ganges para se banhar. A cidade de Hastinapura está agora situada na margem do Yamuna, e a afirmação do Srimad Bhagavatam que o Rei Yudhisthira foi se banhar no Ganges indica, portanto, que durante a época dos Pandavas, o rio Yamuna também era conhecido como Ganges. Enquanto o Rei tomava o banho avabhritha, diferentes instrumentos musicais, tais quais mridangas, búzios, tambores, tímpanos e clarins, vibravam. Em adição, os guizos de tornozelo das meninas dançarinas tilintavam. Muitos grupos de cantores profissionais tocavam vinas, flautas, gongos e címbalos, e assim um som tumultuoso vibrava no céu. Os convidados da realeza de muitos reinos, tais quais Srinjaya, Kamboja, Kuru, Kekaya e Koshala, estavam presentes com suas diferentes bandeiras e elefantes, quadrigas, cavalos e soldados decorados esplendidamente. Todos passavam numa procissão, e o Rei Yudhisthira ia à frente. Os membros executivos tais quais os sacerdotes, ministros religiosos e brahmanas, executavam um sacrifício e todos cantavam alto os hinos Védicos. Os semideuses, os habitantes de Pitriloka e Gandharvaloka, e também muitos sábios, choviam flores do céu. Os homens e mulheres de Hastinapura, Indraprastha, seus corpos untados com essências e óleos florais, estavam finamente vestidos com roupas coloridas e decorados com colares de flores, jóias e ornamentos. Todos desfrutavam a cerimônia, e atiravam um no outro substâncias líquidas tais quais água, óleo, leite, manteiga e iogurte. Alguns desses até esfregavam essas substâncias líquidas no corpo um do outro. Assim, todos desfrutavam a ocasião. As prostitutas profissionais também estavam dedicadas em passar essas substâncias líquidas nos corpos dos homens com júbilo, e os homens reciprocavam da mesma forma. Todas as substâncias líquidas estavam misturadas com cúrcuma e açafrão, e a cor era um amarelo lustroso.

A fim de observar a grande cerimônia, muitas esposas dos semideuses vieram em diferentes aeroplanos, e eles eram visíveis no céu. Similarmente as rainhas da família real chegavam esplendidamente decoradas e rodeadas por guarda-costas na superfície de diferentes palanquins. Durante essa hora, o Senhor Krishna, o primo materno dos Pandavas, e Seu amigo especial Arjuna, estavam ambos a atirar substâncias líquidas nos corpos das rainhas. As rainhas ficavam acanhadas, mas ao mesmo tempo o sorriso lindo delas iluminava suas faces. Por causa das substâncias líquidas atiradas em seus corpos, os saris que as cobriam ficaram completamente molhados. As diferentes partes de seus lindos corpos, particularmente seus seios e seus quadris, ficaram parcialmente visíveis por causa do tecido molhado. As rainhas também trouxeram baldes de substâncias líquidas e as espirravam nos corpos de seus cunhados. Enquanto se dedicavam a essas atividades de júbilo, seu cabelo se desprendeu, e as flores que decoravam seus corpos começaram a cair. Quando o Senhor Krishna, Arjuna e as rainhas estavam assim entretidos nessas atividades de jubilação, pessoas que não eram limpas de coração ficaram agitadas com desejos luxuriosos. Em outras palavras, um comportamento assim entre masculinos e femininos puros é desfrutável, contudo pessoas que são contaminadas materialmente ficam luxuriosas.

O Rei Yudhisthira, numa esplêndida quadriga atrelada com cavalos excelentes, estava presente com suas rainhas, inclusive Draupadi e outras. As festividades do sacrifício eram tão belas que parecia como se o Rajasuya estivesse presente pessoalmente ali em pessoa com as funções do sacrifício.

Em seguida ao sacrifício Rajasuya, havia um dever ritualístico conhecido como patnisamyaja. Esse sacrifício é realizado junto com a esposa, e também foi devidamente executado pelos sacerdotes do Rei Yudhisthira. Quando a Rainha Draupadi e o Rei Yudhisthira tomavam seu banho avabhritha, os cidadãos de Hastinapura e também os semideuses começaram a bater tambores e soprar clarins por causa dos sentimentos de felicidade, e havia uma chuva de flores do céu. Quando o Rei e a Rainha terminaram seus banhos no Ganges, todos os outros cidadãos, a consistir de todos os varnas e castas - os brahmanas, os kshatriyas, os vaishyas, e os shudras - tomaram seus banhos no Ganges. Banho no Ganges é recomendado nas literaturas Védicas porque com esse banho, a pessoa fica livre de todas as reações pecaminosas. Isso ainda é corrente na Índia, especialmente em momentos auspiciosos particulares. Nesses momentos, milhões de pessoas se banham no Ganges.

Depois de tomar seu banho, o Rei Yudhisthira se vestiu com novas roupas de seda e pôs a capa e se decorou com jóias preciosas. O Rei não somente se vestiu e se decorou, mas também deu roupas e ornamentos a todos os sacerdotes e os outros que participaram nos yajñas. Dessa forma, todos foram adorados pelo Rei Yudhisthira. Ele constantemente adorava seus amigos, seus membros familiares, seus parentes, seus benquerentes e todos os presentes, e porque ele era um grande devoto do Senhor Narayana, ou porque ele era um Vaishnava, ele por isso sabia como tratar todos bem. O esforço dos filósofos Mayavadis para ver todos iguais a Deus é um caminho artificial em direção à unidade, porém um Vaishnava ou um devoto do Senhor Narayana vê todo ser vivo como parte e parcela do Supremo Senhor. Portanto, o tratamento de um Vaishnava para outros seres vivos está na plataforma absoluta. Porque não se pode tratar uma parte de seu corpo diferentemente de outra parte porque todas pertencem ao mesmo corpo, assim um Vaishnava não vê um ser humano como distinto de um animal porque em ambos ele vê a alma e a Superalma sentadas simultaneamente.

Todos ficaram revigorados depois do banho e se vestirem em roupas de seda com brincos de jóias, colares de flores, turbantes, capas longas e colares de pérolas, eles pareciam, todos juntos, iguais aos semideuses no céu. Isso era especialmente verdade para as mulheres, que estavam muito bem vestidas. Todas usavam um cinto de ouro na cintura. Elas sorriam. Pontos de tilaka e cabelo ondulado ficavam espalhados de cá para lá. Essa combinação era muito atraente.

Pessoas que participaram do sacrifício Rajasuya - inclusive os sacerdotes mais cultos, os brahmanas que assistiram na execução do sacrifício, os cidadãos de todos os varnas, reis, semideuses, sábios, santos e cidadãos de Pitriloka - todas estavam muito satisfeitas com a conduta do Rei Yudhisthira, e no fim, partiram felizes para suas residências. Enquanto retornavam para seus lares, eles falavam sobre as atitudes do Rei Yudhisthira, e mesmo depois da conversa contínua sobre a grandeza dele, não ficavam saciados, justamente igual a alguém que pode beber néctar repetidamente e nunca ficar satisfeito. Depois da partida de todos os outros, Maharaja Yudhisthira conteve o círculo interno de amigos, inclusive o Senhor Krishna, sem permitir que eles partissem. O Senhor Krishna não pôde recusar o pedido do Rei. Assim Ele mandou de volta todos os heróis da dinastia Yadu, tais quais Samba e outros. Todos eles retornaram a Dwaraka, e o Senhor Krishna permaneceu pessoalmente a fim de dar prazer ao Rei.

No mundo material, todos têm um tipo particular de desejo a ser cumprido, porém a pessoa nunca é capaz de satisfazer seus desejos até sua satisfação plena. Mas o Rei Yudhisthira, por causa de sua devoção infalível por Krishna, pôde satisfazer todos os seus desejos com a realização do Rajasuya yajña. Da descrição da execução do Rajasuya yajña, parece que essa função é um grande oceano de desejos opulentos. Não é possível para um homem ordinário atravessar tal oceano; entretanto, pela graça do Senhor Krishna, o Rei Yudhisthira foi capaz de atravessá-lo facilmente, e assim ficou livre de todas as ansiedades.

Quando Duryodhana viu que Maharaja Yudhisthira ficou muito famoso depois da realização do Rajasuya yajña e estava plenamente satisfeito em cada aspecto, ele começou a queimar com o fogo da inveja porque sua mente era sempre venenosa. Por uma coisa, ele invejava o palácio imperial que foi construído pelo demônio Maya para os Pandavas. O palácio era excelente em sua obra artística intrigante e era digna da posição de grandes príncipes, reis ou líderes dos demônios. Nesse grande palácio, os Pandavas viviam com seus membros familiares, e a Rainha Draupadi servia seus esposos muito pacificamente. E porque naqueles dias o Senhor Krishna também estava lá, o palácio também estava decorado com Suas milhares de rainhas. Quando as rainhas, com seus seios pesados e cinturas finas, moviam dentro do palácio, e seus guizos de tornozelos tilintavam muito melodiosamente com o movimento delas, o palácio inteiro parecia mais opulento do que os reinos celestiais. Porque uma porção de seus seios estava coberta com pó de açafrão, os colares de pérolas em seus pescoços pareciam vermelhos. Com brincos cheios e cabelo solto, as rainhas pareciam muito bonitas. Depois de ver essas beldades no palácio do Rei Yudhisthira, Duryodhana ficou invejoso. Ele ficou especialmente invejoso e luxurioso depois de ver a beleza de Draupadi porque ele ficou enamorado com uma atração especial por ela desde o início de seu casamento com os Pandavas. Na assembléia de seleção do casamento de Draupadi, Duryodhana também estava presente, e com outros príncipes ele ficou muito cativado pela beleza de Draupadi, mas falhou em consegui-la.

Uma vez, o Rei Yudhisthira estava sentado no trono de ouro no palácio construído pelo demônio Maya. Seus quatro irmãos e outros familiares, bem como seu grande benquerente, a Suprema Personalidade de Deus, Krishna, estavam presentes e a opulência material do Rei Yudhisthira parecia não menor do que a do Senhor Brahma. Quando ele estava sentado no trono rodeado por seus amigos, e os recitadores ofereciam preces a ele na forma de belas canções, Duryodhana, junto com seu irmão mais novo, veio ao palácio. Duryodhana estava decorado com um elmo, e carregava uma espada em sua mão. Ele estava sempre num humor invejoso e irritado, e assim, com uma pequena provocação, ele falou asperamente com os porteiros e ficou irritado. Ele ficou irritado porque não pôde distinguir entre água e solo. Pela habilidade artística do demônio Maya, o palácio era decorado de tal forma em diferentes lugares que quem não conhecesse as artimanhas considerava água solo e solo água. Duryodhana também foi iludido por essa artimanha, e quando atravessava a água achando que era solo, caiu. Quando Duryodhana, por causa de sua estupidez, caiu assim, as rainhas acharam graça do incidente e riram. O Rei Yudhisthira pôde compreender os sentimentos de Duryodhana, e tentou impedir que as rainhas rissem, mas o Senhor Krishna indicou que o Rei Yudhisthira não devia reprimi-las de desfrutar o incidente. Krishna desejou que Duryodhana pudesse ser enganado daquela forma e que todos eles pudessem desfrutar do comportamento tolo dele. Quando todos riram, Duryodhana se sentiu insultado, e seus cabelos se arrepiaram de ira. Assim insultado, ele deixou o local imediatamente, com a cabeça baixa. Ele ficou em silêncio e não protestou. Quando Duryodhana saiu com um humor irado desse, todos lastimaram o incidente, e o Rei Yudhisthira também ficou muito triste. Mas apesar de todas as ocorrências, Krishna estava silencioso. Ele não disse nada nem contra ou a favor do incidente. Pareceu que Duryodhana foi posto em ilusão pelo desejo supremo do Senhor Krishna, e isso foi o começo entre a inimizade entre as duas facções da dinastia Kuru. Pareceu que foi parte de um plano de Krishna em Sua missão de diminuir o peso do mundo.

O Rei Parikshit tinha perguntado a Shukadeva Goswami por que Duryodhana não ficou satisfeito depois da terminação do grande sacrifício Rajasuya, e assim foi explicado por Shukadeva Goswami.

 

 

Assim termina o significado Bhaktivedanta do Capítulo Setenta e Quatro de Krishna, "Porque Duryodhana Sentiu-se Insultado no Fim do Sacrifício Rajasuya".

     

     

Continuação em breve...

    

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