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Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga Nitai Gaura Hari Bol
"KRISHNA - A Suprema Personalidade de Deus"
(Original Sem "Correções") de Sua Divina Graça
(Volume 2)
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Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga Nitai Gaura Hari Bol
Sua Divina Graça Fundador Acharya da Sociedade Internacional
Jaya Prabhupada! Jaya Prabhupada! Jaya Prabhupada! Todas as Glórias à Sua Divina Graça Visvavarenya Om Vishnupada Paramahamsa Parivrajakacharya Ashtottara-shata Sri Srimad Bhaktivedanta Swami Maharaj Srila Prabhupada Thakur Mahashaya.
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Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga Nitai Gaura Hari Bol
"KRISHNA - A Suprema Personalidade de Deus"
(Original Sem "Correções") de Sua Divina Graça
Matança de Dhenukasura Assim, Sri Krishna, junto com Seu irmão mais velho Balarama, passaram a idade infantil conhecida como kaumara e entraram na idade de pauganda, do sexto ano até o décimo. Nessa época, os pastores de vacas adultos conferiram e concordaram em dar àqueles meninos que completaram cinco anos o cuidado das vacas nos campos de pastagem. Encarregados das vacas, Krishna e Balarama atravessaram Vrindavana, assim purificaram a terra com Suas pegadas. Acompanhado pelos meninos pastores de vacas e Balarama, Krishna conduzia as vacas adiante e tocava Sua flauta através da floresta de Vrindavana, que era cheia de flores, vegetais [legumes], e capim de pastagem. A floresta de Vrindavana era santificada como a mente clara de um devoto e era cheia de abelhas, flores e frutas. Havia pássaros melodiosos e lagos com água cristalina que aliviavam toda a fadiga de qualquer um. Brisas agradáveis com aromas doces sempre sopravam, e assim refrescavam a mente e o corpo. Krishna, com Seus amigos e Balarama, entraram na floresta e, ao verem a situação favorável, desfrutaram a atmosfera ao máximo. Krishna viu todas as árvores, carregadas de frutas e novos galhos, que chegavam a tocar o chão como se dessem boas vindas a Ele por tocar Seus pés de lótus. Ele ficou muito contente com o comportamento das árvores, frutas e flores, e começou a sorrir, a realizar seus desejos. Krishna então falou com Balarama o seguinte: "Meu querido irmão, Você é superior a todos nós, e Seus pés de lótus são adorados pelos semideuses. Veja justamente como essas árvores, carregadas de frutas, se curvaram para adorar Seus pés de lótus. Parece que elas tentam sair da escuridão por serem obrigadas a aceitar a forma de árvore. Realmente, as árvores nascidas na terra de Vrindavana não são seres vivos ordinários. Por considerar o ponto de vista impessoal em suas vidas passadas, elas agora foram postas nesta condição de vida estacionária, mas agora elas têm a oportunidade de vê-Lo em Vrindavana, e rogam por mais avanço na vida espiritual por meio de Sua associação pessoal. Geralmente, as árvores são seres vivos no modo da escuridão. Os filósofos impersonalistas estão nessa escuridão, mas eles erradicam isso por aproveitarem plenamente a Sua presença. Acho que os zangões a zumbir em Seu redor devem ter sido Seus devotos em suas vidas passadas. Eles não podem deixar Sua companhia porque ninguém pode ser um mestre mais afetuoso do que Você. Você é a suprema e original Personalidade de Deus, e os zangões justamente tentam proclamar Suas glórias com o canto a todo momento. Acho que alguns deles são grandes sábios, devotos de Sua Divindade, e eles se disfarçaram de zangões porque são incapazes de deixar Sua companhia mesmo por um momento. Meu querido irmão, Você é o Supremo Senhor adorável. Veja como os pavões dançam em grande êxtase perante Você. Os cervos, cujo comportamento é como o das gopis, dão as boas vindas a Você com a mesma afeição. E os cucos que residem nesta floresta recebem Você com grande alegria, porque consideram que Seu aparecimento é muito auspicioso na casa deles. Mesmo por serem árvores e animais, esses residentes de Vrindavana glorificam Você. Eles estão preparados para Lhe dar as boas vindas com o melhor de sua capacidade, como é a prática de grandes almas ao receberem outra grande alma em casa. E quanto à terra, é tão piedosa e afortunada que as pegadas de Seus pés de lótus marcam seu corpo". "É muito natural para esses habitantes de Vrindavana receberem assim uma grande personalidade como Você. As ervas, relvas e plantas são tão afortunadas por tocarem Seus pés de lótus. E quando Você toca os galhos com Suas mãos, essas pequenas plantas também se tornam gloriosas. Quanto às montanhas e rios, também estão gloriosos agora porque Você olha para eles. Acima de todos, as donzelas de Vraja, as gopis, atraídas por Sua beleza, são as mais gloriosas, porque Você as abraça com Seus braços poderosos". Dessa forma, tanto o Senhor Krishna quanto Balarama começaram a desfrutar dos residentes de Vrindavana para Sua satisfação plena, juntos com os bezerros e vacas na margem do Yamuna. Em alguns lugares, Krishna e Balarama estavam acompanhados de Seus amigos. Os meninos cantavam, imitavam o zumbido dos zangões e acompanhavam Krishna e Balarama, que usavam colares de flores da floresta. Enquanto andavam, os meninos às vezes imitavam o grasnado dos cisnes nos lagos, ou quando viam os pavões dançarem, imitavam eles na frente de Krishna. Krishna também movia Seu pescoço, para imitar a dança e fazia Seus amigos rirem. As vacas cuidadas por Krishna tinham diferentes nomes, e Krishna as chamava com amor. Quando ouviam Krishna chamar, as vacas imediatamente respondiam com um mugido, e os meninos apreciavam esse intercâmbio para a felicidade de seus corações. Todos eles imitavam as vibrações sonoras feitas por vários tipos de pássaros, especialmente chakoras, pavões, cucos e bharadwajas. Às vezes, quando viam os animais mais fracos fugirem de medo dos sons de tigres e leões, os meninos, junto com Krishna e Balarama, imitavam os animais e fugiam junto com eles. Quando sentiam alguma fatiga, sentavam, e Balarama punha Sua cabeça no colo de um dos meninos apenas para descansar, e Krishna vinha imediatamente, e começava a massagear as pernas de Balarama. E às vezes Ele pegava uma folha de palmeira e abanava o corpo de Balarama, com uma brisa agradável para aliviá-Lo de Sua fatiga. Outros meninos às vezes dançavam e cantavam enquanto Balarama descansava, e às vezes eles lutavam entre si ou saltavam. Quando os meninos estavam entretidos dessa forma, Krishna Se juntava a eles imediatamente, e os pegava pelas mãos, assim desfrutava da companhia deles, e ria e elogiava as atividades deles. Quando Krishna Se sentia cansado e fatigado, às vezes Se abrigava na raiz de uma árvore grande, ou no colo de um menino pastor de vacas, e Se deitava. Quando Ele Se deitava no colo de um menino ou numa raiz como Seu travesseiro, alguns meninos vinham e massageavam Suas pernas, e alguns abanavam Seu corpo com um abanador feito de folhas. Alguns dos meninos mais talentosos cantavam com vozes muito doces para aprazê-Lo. Assim, Sua fatiga ia embora muito rápido. A Suprema Personalidade de Deus, Krishna, cujas pernas são acariciadas pela deusa da fortuna, compartilhava-Se com os meninos pastores de vacas como se fosse um deles, por expandir Sua potência interna para parecer exatamente como um menino da aldeia. Porém, apesar de parecer um menino da vila comum, houve ocasiões quando Ele provou que Ele mesmo é a Suprema Personalidade de Deus. Às vezes, homens se posam como a Suprema Personalidade de Deus e enganam pessoas inocentes, mas eles apenas podem enganar; eles não podem exibir a potência de Deus. Enquanto Krishna estava assim ocupado em exibir Sua potência interna junto com Seus amigos mais afortunados, ocorreu outra chance para Ele exibir Seus poderes sobrenaturais do Supremo. Seus amigos mais íntimos, Sridama, Subala e Stoka Krishna começaram a louvar Krishna e Balarama com grande amor e afeição, dessa forma: "Querido Balarama, Você é muito poderoso; Seus braços são muito fortes. Querido Krishna, Você é muito perito em matar todos os tipos de demônios perturbadores. Observe carinhosamente que bem perto deste lugar existe uma grande floresta chamada Talavana. Essa floresta é cheia de palmeiras, e todas as árvores estão cheias de frutas. Algumas já caem de maduras que estão, e outras estão muito maduras mesmo nas árvores. É um lugar muito agradável, mas por causa de um grande demônio, Dhenukasura, é muito difícil chegar lá. Ninguém consegue chegar até as árvores para pegar as frutas. Queridos Krishna e Balarama, esse demônio está presente lá na forma de um asno, e é rodeado por outros amigos demônios similares que assumiram a mesma forma. Todos eles são muito fortes, por isso é muito difícil se aproximar desse lugar. Queridos irmãos, Vocês são as únicas pessoas capazes de matar esses demônios. Além de Vocês, ninguém pode ir lá com medo de ser morto. Nem os animais vão lá, e nenhum pássaro dorme mais lá; todos fugiram. Apenas se pode apreciar o doce aroma que vem desse lugar. Parece que até agora, ninguém saboreou as frutas doces de lá, tanto as do chão quanto as das árvores. Querido Krishna, para falar francamente, estamos muito atraídos por esse doce aroma. Querido Balarama, vamos lá e apreciar essas frutas. O aroma das frutas agora se espalha por toda parte. Você não sente o cheiro daqui"? Quando Krishna e Balarama foram assim solicitados por Seus amigos íntimos sorridentes, ficaram inclinados a aprazê-los, e começaram a proceder em direção à floresta, rodeados por todos os Seus amigos. Imediatamente, ao entrar em Talavana, Balarama começou a sacudir as árvores com Seus braços, e exibia a força de um elefante. Por causa dessas sacudidas, todas as frutas maduras caíam no chão. Quando ouviu o som das frutas que caíam, o demônio Dhenukasura, que morava lá na forma de asno, aproximou-se com grande força, que fez todo o campo tremer e as árvores começarem a se mover como se fosse um terremoto. O demônio apareceu primeiro na frente de Balarama e deu um coice com suas patas traseiras no peito Dele. Primeiramente, Balarama não disse nada, mas o demônio com muita ira começou a coiceá-Lo novamente com mais veemência. Dessa vez, Balarama pegou as patas do asno imediatamente com uma mão e, girou-o em volta, e o atirou no topo das árvores. Enquanto era girado por Balarama, o demônio perdeu sua vida. Balarama atirou o demônio na palmeira mais alta por perto, e o corpo do demônio era tão pesado que a palmeira caiu em cima de outras árvores, e várias delas caíram. Parecia que um grande furacão passou pela floresta, e todas as árvores caíam, uma depois da outra. Essa exibição de força extraordinária não é de se espantar porque Balarama é a Personalidade de Deus conhecida como Ananta Shesha Naga, que sustenta todos os planetas nos capelos de Suas milhões de cabeças. Toda a manifestação cósmica é mantida por Ele exatamente como duas linhas seguram a trama de um tecido. Depois que o demônio foi atirado nas árvores, todos os amigos e associados de Dhenukasura se reuniram imediatamente e atacaram Balarama e Krishna com grande força. Eles estavam determinados a retaliar e vingar a morte de seu amigo. Mas Krishna e Balarama começaram a pegar cada um dos asnos pelas patas traseiras, exatamente da mesma forma, e os giravam em volta. Assim, Eles mataram todos eles e os atiravam nas palmeiras. Por causa dos corpos mortos dos asnos, havia uma cena pitoresca. Parecia que nuvens de várias cores montaram nas árvores. Ao ouvirem sobre esse grande incidente, os semideuses dos planetas superiores começaram a chover flores em Krishna e Balarama e tocaram seus tambores e ofereceram preces devocionais. Poucos dias depois da matança de Dhenukasura, as pessoas começaram a entrar na floresta de Talavana para colher frutas, e os animais começaram a voltar sem medo para se alimentarem com os bons pastos que crescem ali. Simplesmente por ouvir ou cantar sobre essas atividades e passatempos transcendentais dos irmãos Krishna e Balarama, pode-se acumular atividades piedosas.
Quando Krishna, Balarama e Seus amigos entraram na aldeia de Vrindavana, tocaram Suas flautas, e os meninos louvaram Suas atividades incomuns na floresta. Suas faces estavam decoradas com tilaka e cobertas com a poeira levantada pelas vacas, e a cabeça de Krishna era decorada com uma pena de pavão. Tanto Ele quanto Balarama tocavam Suas flautas, e as gopis jovens ficavam alegres de ver Krishna voltar para casa. Todas as gopis de Vrindavana ficavam muito melancólicas por causa da ausência de Krishna. Elas ficavam o dia todo a pensar em Krishna na floresta ou Nele a cuidar das vacas no pasto. Quando viam Krishna voltar, todas as suas ansiedades se aliviavam imediatamente, e começavam a olhar para a face Dele da mesma forma que os zangões pairam sobre o mel da flor de lótus. Quando Krishna entrou na vila, as gopis jovens sorriam e riam. Krishna, enquanto tocava Sua flauta, desfrutava as belas faces sorridentes das gopis. Então, Krishna e Balarama foram recebidos imediatamente por Suas mães afetuosas, Yashoda e Rohini, que, de acordo com as demandas do tempo, começaram a satisfazer os desejos de seus filhos afetuosos. Simultaneamente, as mães prestaram serviço e concederam bênçãos a seus filhos transcendentais. Elas cuidavam de seus filhos muito bem por banhá-Los e vesti-Los. Krishna era vestido com roupas douradas, e Balarama era vestido com roupas azuladas, e Eles recebiam todos os tipos de adornos e colares de flores. Com o alívio da fadiga Deles devido a Seu trabalho intenso nos campos de pastagem, Eles pareciam refrescados e muito belos. Pratos saborosos foram dados a Eles por Suas mães, e Eles com muito gosto comeram tudo. Depois de comer, Eles foram postos em Suas camas com lençóis limpinhos, e as mães começaram a cantar várias canções sobre as atividades Deles. Logo que sentavam na cama, caíam no sono bem rápido. Dessa forma, Krishna e Balarama costumavam desfrutar da vida de Vrindavana como meninos pastores de vacas. Às vezes, Krishna costumava ir com Seus amiguinhos e com Balarama, e outras vezes, Ele costumava ir sozinho com Seus amigos para a margem do Yamuna e pastorear as vacas. Gradualmente, chegou a estação do verão, e certo dia, quando estavam no campo, os meninos e as vacas sentiram muita sede e começaram a beber a água do Yamuna. O rio, entretanto, foi envenenado pelo veneno de uma grande serpente conhecida como Kaliya. Porque a água estava tão envenenada, os meninos e vacas ficaram visivelmente afetados imediatamente depois de beber. E caíram subitamente no chão, aparentemente mortos. Então Krishna, que é a vida de tudo que vive, simplesmente lançou Seu olhar misericordioso sobre eles, assim, todos os meninos e vacas recobraram suas consciências e começaram a olhar um para o outro com grande espanto. Eles puderam entender que ao beber a água do Yamuna morreram e que o olhar misericordioso de Krishna restaurou suas vidas. Assim, apreciaram o poder místico de Krishna, que é conhecido como Yogeshvara, o mestre de todos os yogis místicos.
Assim termina o significado Bhaktivedanta do Capítulo Quinze de Krishna, "Matança de Dhenukasura".
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"KRISHNA - A Suprema Personalidade de Deus"
(Original Sem "Correções") de Sua Divina Graça
A Derrota de Kaliya Quando Ele entendeu que a água do Yamuna estava poluída por causa da serpente negra Kaliya, o Senhor Krishna agiu contra ele e o fez sair do Yamuna, e ir a outro lugar, assim a água foi purificada. [Serpente macho]. Quando esta história foi narrada por Shukadeva Goswami, Maharaja Parikshit ficou ávido em ouvir mais sobre os passatempos infantis de Krishna. Ele inquiriu Shukadeva Goswami sobre como Krishna puniu Kaliya, que vivia na água por muitos anos. Na realidade, Maharaja Parikshit ficava cada vez mais entusiasmado em ouvir os passatempos transcendentais de Krishna, e sua indagação era feita com muito interesse. Shukadeva Goswami narrou a história como se segue. Havia um grande lago dentro do rio Yamuna, e a serpente negra Kaliya costumava viver naquele lago. Por causa de seu veneno, toda a área ficou tão contaminada que emanava vapor de veneno vinte e quatro horas por dia. Se acontecesse de algum pássaro apenas sobrevoar o local, caía imediatamente na água e morria. Por causa do efeito venenoso dos vapores do Yamuna, as árvores e relva perto da margem do Yamuna tinham secado. O Senhor Krishna viu o efeito do veneno da grande serpente: o rio inteiro que corre na frente de Vrindavana agora estava letal. Krishna, que adveio em Pessoa justamente para matar todos os elementos indesejados do mundo, imediatamente subiu numa grande árvore kadamba na beira do Yamuna. A kadamba é uma flor redonda amarela, geralmente vista somente na área de Vrindavana. Depois de subir até o topo da árvore, Ele apertou Seu cinto de pano e, a bater Seus braços igual a um lutador, pulou bem no meio do lago venenoso. A árvore kadamba da qual Krishna pulou era a única árvore que não tinha morrido. Alguns comentadores dizem que devido ao toque dos pés de lótus de Krishna, a árvore voltou à vida imediatamente. Em alguns outros Puranas é afirmado que Garuda, o eterno carregador de Vishnu, sabia que Krishna faria essa ação no futuro, por isso pôs um pouco de néctar nessa árvore para preservá-la. Quando o Senhor Krishna pulou na água, o rio transbordou nas suas margens, como se algo muito pesado tivesse caído dentro dele. Essa exibição da força de Krishna não é em nada incomum, pois Ele é o reservatório de toda força. Enquanto Krishna nadava por ali, justamente igual a um grande elefante poderoso, produziu um som tumultuoso que a grande serpente negra Kaliya pôde ouvir. O tumulto foi intolerável para ele, que pôde entender que aquilo era uma tentativa de ataque à sua casa. Por isso ele veio imediatamente perante Krishna. Kaliya viu que de fato Krishna merecia ser visto porque Seu corpo era tão belo e delicado; Sua cor parecia como a de uma nuvem, e Suas pernas pareciam uma flor de lótus. Ele estava decorado com Srivatsa, jóias e roupas amarelas. Ele sorria com um belo semblante e brincava no rio Yamuna com muito vigor. Mas apesar das belas características de Krishna, Kaliya sentiu muita raiva dentro do seu coração, então ele agarrou Krishna com suas serpentinas poderosas. Ao verem a forma incrível como Krishna foi envolto nas serpentinas da serpente, os afetuosos meninos pastores de vacas e habitantes de Vrindavana imediatamente ficaram atônitos de medo. Eles dedicaram tudo a Krishna, suas vidas, propriedade, afeição, atividades; tudo era para Krishna; e quando O viram naquela situação, ficaram arrasados de medo e caíram no chão. Todas as vacas, touros e pequenos bezerros ficaram dominados por completo pela aflição, e começaram a olhar para Ele com muita ansiedade. Por causa do medo, eles só conseguiam chorar de agonia e permanecerem eretos na margem, impotentes para ajudar seu amado Krishna. Enquanto essa cena acontecia na margem do Yamuna, manifestaram-se maus presságios. A terra tremeu, meteoros caíram do céu, os corpos dos homens sentiram calafrios. Todos são sinais indicadores de grande perigo imediato. Ao observarem os sinais não auspiciosos, os pastores de vacas adultos, inclusive Nanda Maharaja, ficaram muito ansiosos por causa do medo. Ao mesmo tempo, eles foram informados que Krishna tinha ido para os campos de pastagem sem Seu irmão mais velho, Balarama. Logo que Nanda e Yashoda e os pastores de vacas adultos ouviram essa notícia, ficaram ainda mais ansiosos. Por causa de sua grande afeição por Krishna, sem noção sobre a extensão das potências Dele, ficaram completamente dominados pela aflição e ansiedade porque eles não tinham nada mais querido do que Krishna e porque dedicaram tudo que tinham; vida, propriedade, afeição, mente e atividades; a Krishna. Por causa de seu grande apego por Krishna, eles pensaram: "Hoje, com certeza Krishna será derrotado"! Todos os habitantes de Vrindavana saíram da vila para ver Krishna. O grupo consistia de crianças, jovens e velhos homens, mulheres, animais e todos os seres vivos; eles sabiam que Krishna era seu único meio de sustento. Enquanto isso acontecia, Balarama, que é o mestre de todo conhecimento, ficou em pé ali simplesmente com um sorriso. Ele sabia quão poderoso era Seu irmão mais novo Krishna e que não havia motivo para ansiedade enquanto Krishna lutava com uma serpente ordinária do mundo material. Assim, Ele não participou nem um pouco da preocupação deles. Por outro lado, todos os habitantes de Vrindavana, perturbados, começaram a procurar por Krishna a seguir as impressões de Suas pegadas no chão, e assim se moveram em direção à margem do Yamuna. Finalmente, por seguirem as pegadas marcadas com flâmula, arco e búzio, os habitantes de Vrindavana chegaram à beira do rio e viram que todas as vacas e meninos choravam por verem Krishna envolto na serpentina da serpente negra. Então ficaram ainda mais dominados pela aflição. Enquanto Balarama sorria ao ver a lamentação deles, todos os habitantes de Vrajabhumi se afundaram no oceano de aflição porque achavam que Krishna estava perdido. Apesar dos residentes de Vrindavana não saberem muito sobre Krishna, seu amor por Ele é além de comparação. Logo que viram Krishna dentro do rio Yamuna envolvido pela serpente Kaliya e que os meninos e as vacas se lamentavam, eles simplesmente começaram a pensar na amizade de Krishna, Sua face sorridente, Suas palavras doces e Seu trato com eles. A pensar em tudo isso, e por acreditarem que seu Krishna agora estava nas garras de Kaliya, todos eles pensaram que os três mundos estavam vazios. O Senhor Chaitanya também disse que Ele via os três mundos vazios com a ausência de Krishna. Esse é o estágio mais elevado da consciência de Krishna. Quase todos os habitantes de Vrindavana tinham o êxtase mais elevado, amor por Krishna. Quando mãe Yashoda chegou, queria entrar no rio Yamuna, e impedida, ela desmaiou. Outras amigas, que estavam igualmente aflitas, derramavam lágrimas como torrentes de chuva ou ondas do rio, mas para trazer mãe Yashoda de volta à consciência, elas começaram a falar alto sobre os passatempos transcendentais de Krishna. Mãe Yashoda ficou imóvel, como se estivesse morta, porque sua consciência estava concentrada na face de Krishna. Nanda e todos os outros, que dedicaram tudo, inclusive suas vidas, para Krishna, estavam prontos para entrar nas águas do Yamuna, mas o Senhor Balarama os impediu porque tinha conhecimento perfeito de que não havia perigo algum. Por duas horas, Krishna permaneceu como uma criança ordinária presa na serpentina de Kaliya, mas quando Ele viu que todos os habitantes de Gokula; inclusive Sua mãe e pai, as gopis, os meninos e as vacas; estavam no ponto de morrerem e que não tinham nenhum abrigo para a salvação da morte iminente, Krishna imediatamente Se soltou. Ele começou a expandir Seu corpo, e quando a serpente tentou segurá-Lo, sentiu uma grande tensão. Por causa da tensão, sua serpentina afrouxou, e ele não teve outra alternativa senão soltar a Personalidade de Deus, Krishna, de seu aperto. Kaliya então ficou muito irado, e seus grandes capelos se expandiram. Ele exalava fumaça venenosa por suas narinas, seus olhos ardiam como fogo, e chamas saíam de sua boca. A grande serpente ficou imóvel por algum tempo, a fitar Krishna. Lambia os beiços com suas línguas bifurcadas, a serpente fitava Krishna com seus capelos duplos, e seu olhar estava cheio de veneno. Krishna imediatamente saltou em cima dele, igual a Garuda quando arremete sobre uma serpente. Assim atacado, Kaliya procurou por uma oportunidade de picá-Lo, mas Krishna Se movia em volta dele. À medida que Krishna e Kaliya moviam em círculo, a serpente ficou fatigada gradualmente, e pareceu que sua força diminuiu consideravelmente. Krishna imediatamente pressionou os capelos da serpente e pulava em cima deles. Os pés de lótus do Senhor ficaram tingidos de vermelho pelos raios das jóias em cima dos capelos da serpente. Então Ele que é o artista original de todas as belas artes, como a dança, começou a dançar em cima dos capelos da serpente, apesar de eles se moverem de cá para lá. Ao verem isso, os cidadãos dos planetas superiores começaram a chover flores, tocar tambores, tocar vários tipos de flautas e cantar várias preces e canções. Dessa forma, todos os habitantes do céu, como os Gandharvas, Siddhas e semideuses, ficaram muito felizes. Enquanto Krishna dançava sobre seus capelos, Kaliya tentou empurrá-Lo com alguns de seus outros capelos. Kaliya tinha cerca de cem capelos, porém Krishna assumiu o controle de todos eles. Ele começou a golpear Kaliya com Seus pés de lótus, e isso era mais do que a serpente podia agüentar. Gradualmente, Kaliya foi reduzido a lutar por sua própria vida. Ele vomitou todo tipo de refugo e exalou fogo. Enquanto vomitava material venenoso de dentro de si mesmo, Kaliya se tornou reduzido de sua situação pecaminosa. Com muita fúria, ele começou a lutar pela existência e tentou levantar um de seus capelos para matar o Senhor. O Senhor capturou aquele capelo imediatamente e o imobilizou com Suas pisadas e dançou sobre ele. Na verdade, parecia que a Suprema Personalidade de Deus Vishnu era adorada; os venenos que jorravam da boca da serpente pareciam como oferendas de flores. Kaliya então começou a vomitar sangue em vez de veneno; ele estava completamente fatigado. Todo seu corpo parecia estar quebrado por causa das pisadas do Senhor. Dentro de sua mente, entretanto, ele começou a entender finalmente que Krishna é a Suprema Personalidade de Deus, e se rendeu a Ele. Ele realizou que Krishna é o Supremo Senhor, o mestre de tudo. As esposas da serpente, conhecidas como Nagapatnis, viram que seu esposo foi vencido pelas pisadas do Senhor e já estava quase no ponto da morte por causa do grande peso do Senhor, em cujo ventre, o universo inteiro permanece. As esposas de Kaliya se prepararam para adorar o Senhor, apesar de, na sua pressa, suas roupas, cabelo e ornamentos ficaram desarrumados. Elas também se renderam ao Supremo Senhor e começaram a rezar. Elas apareceram perante Ele, apresentaram sua prole e ansiosamente ofereceram respeitosas reverências, por caírem na margem do Yamuna. As Nagapatnis sabiam que Krishna é o abrigo de todas as almas rendidas, e elas desejavam livrar seu marido do perigo iminente por satisfazerem o Senhor com suas preces. As Nagapatnis começaram a oferecer suas preces como se segue: "O meu Senhor, Você é igual com todos. Para Você não existe distinção entre filhos, amigos ou inimigos. Portanto, a punição que Você ofereceu tão bondosamente a Kaliya é exatamente apropriada. Ó Senhor, Você descendeu especialmente para o propósito de aniquilar todos os tipos de elementos perturbadores dentro do mundo, e porque Você é a Verdade Absoluta, não há diferença entre Sua misericórdia e Sua punição. Nós achamos, portanto, que esta aparente punição a Kaliya é realmente alguma bênção. Nós consideramos que a Sua punição é Sua grande misericórdia para nós porque quando Você pune alguém, deve-se entender que as reações de suas atividades pecaminosas foram erradicadas. Já ficou claro que essa criatura aparecida num corpo de serpente deve estar sobrecarregada com todos os tipos de pecados; de outra forma, como pode ele estar no corpo de uma serpente? Sua dança em cima dos capelos dele reduz todos os resultados pecaminosos das ações causadas por ele ter o corpo de uma serpente. Assim, é muito auspicioso que Você ficou zangado e o puniu dessa forma. Ficamos muito admiradas de ver como Você ficou tão satisfeito com essa serpente que evidentemente realizou várias atividades religiosas em suas vidas passadas. Todos devem ter ficado satisfeitos por ele se submeter a todos os tipos de penitências e austeridades, e ele deve ter executado atividades de bem-estar universal para todas as criaturas vivas". As Nagapatnis confirmaram que não se pode entrar em contato com Krishna sem ter executado atividades piedosas em serviço devocional em suas vidas prévias. Como o Senhor Chaitanya aconselha no Seu Shikshastaka, deve-se executar serviço devocional por meio do cantar humilde do mantra Hare Krishna, por se considerar inferior a uma palha na rua e não esperar nenhuma honra para si mesmo porém oferecer todos os tipos de honra para os outros. As Nagapatnis estavam admiradas porque, apesar de Kaliya estar no corpo de uma serpente como resultado de atividades pecaminosas atrozes, ao mesmo tempo ele estava em contato com o Senhor à extensão de que os pés de lótus do Senhor tocavam seus capelos. Certamente, isso não era resultado ordinário de atividades piedosas. Esses dois fatos contraditórios as confundiram. Assim, elas continuaram a orar: "Ó querido Senhor, estamos simplesmente espantadas em ver que ele é tão afortunado ao ponto de ter a poeira de Seus pés de lótus em sua cabeça. Essa é uma fortuna perseguida por grandes pessoas santas. Até mesmo a deusa da fortuna se submeteu a severas austeridades só para ter a bênção da poeira de Seus pés de lótus, por isso como é que Kaliya recebe facilmente essa poeira em sua cabeça? Nós ouvimos de fontes autorizadas sobre aqueles que são abençoados pela poeira de Seus pés de lótus não se importam nem pelo posto mais elevado dentro do universo, a saber, o posto do Senhor Brahma, ou o reinado dos planetas celestiais, ou a soberania sobre este planeta. Nem essa pessoa deseja reger os planetas sobre esta Terra, como Siddhaloka; nem essas pessoas aspiram pelos poderes místicos conseguidos pelo processo de yoga. Nem os devotos puros aspiram por liberação para se tornar um com Você. Meu Senhor, apesar de ele nascer numa espécie de vida que é nutrida pelos mais abomináveis modos da natureza material, acompanhados pela qualidade da ira, este rei das cobras alcançou algo muito, muito raro. Seres vivos que vagueiam dentro deste universo em diferentes espécies de vida podem facilmente alcançar a maior bênção somente por Sua misericórdia". O Sri Chaitanya Charitamrita também confirma que os seres vivos vagueiam dentro deste universo em várias espécies de vida, todavia, pela misericórdia de Krishna e do mestre espiritual, eles podem obter a semente do serviço devocional, assim seu caminho de liberação pode ser clareado. "Nós portanto oferecemos nossas respeitosas reverências a Você", continuaram as Nagapatnis, "nosso querido Senhor, porque Você é a Pessoa Suprema, Você mora como a Superalma dentro de todo ser vivo; apesar de Você ser transcendental à manifestação cósmica, tudo repousa em Você. Você é o tempo eterno infatigável personificado. Toda a força do tempo existe dentro de Você, e Você é portanto o vidente e a corporificação do tempo total na forma de passado, presente e futuro, mês, dia, hora, momento; tudo. Em outras palavras, ó Senhor, Você pode ver perfeitamente todas atividades que acontecem em cada momento, em cada hora, em cada dia, em cada ano, passado, presente e futuro. Você é mesmo a Própria forma universal, e ainda assim Você é diferente deste universo. Você é simultaneamente um e diferente do universo. Portanto, oferecemos nossas respeitosas reverências a Você. Você é mesmo o Próprio universo inteiro, e mesmo assim Você é o criador de todo o universo. Você é o superintendente e o mantenedor de todo este universo, e Você é a causa original dele. Embora Você esteja presente dentro deste universo por meio de Suas três encarnações qualitativas, Brahma, Vishnu e Mahesvara, Você é transcendental à criação material. Embora Você seja a causa do aparecimento de todos os seres vivos; de seus sentidos, suas vidas, suas mentes, sua inteligência; Você é para ser realizado por Sua energia interna. Portanto, que nós prestemos nossas respeitosas reverências a Você, que é ilimitado, mais fino que o melhor, o centro de toda a criação e o conhecedor de tudo. Diferentes variedades de especuladores filosóficos tentam alcançá-Lo. Você é o objetivo supremo de todos esforços filosóficos, e Você é descrito realmente por todas as filosofias e por diferentes tipos de doutrinas. Que nós prestemos nossas respeitosas reverências a Você, porque Você é a origem de toda escritura e a fonte do conhecimento. Você é a raiz de todas as evidências, e Você é a Pessoa Suprema que pode nos abençoar com o conhecimento supremo. Você é a causa de todos os tipos de desejos, e Você é a causa de todos os tipos de satisfação. Você é os Vedas personificados. Portanto, nós oferecemos nossas respeitosas reverências a Você". "Nosso querido Senhor, Você é a Suprema Personalidade de Deus, Krishna, e Você é também o desfrutador supremo que agora apareceu como o filho de Vasudeva, que é uma manifestação do estado puro da bondade. Você é as Deidades predominantes da mente e inteligência, Pradyumna e Aniruddha, e Você é o Senhor de todos os Vaishnavas. Por meio de Sua expansão como chatur-vyuha, a saber, Vasudeva, Sankarshana, Aniruddha e Pradyumna, Você é a causa do desenvolvimento da mente e inteligência. Somente por Suas atividades, os seres vivos se tornam cobertos pelo esquecimento ou descobrem sua verdadeira identidade. Isso também está confirmado no Bhagavad-gita (Capítulo Quinze): o Senhor está sentado como a Superalma no coração de todos, e por causa de Sua presença, o ser vivo tanto esquece si mesmo ou revive sua identidade original. Podemos entender parcialmente que Você está dentro de nossos corações como a testemunha de todas as nossas atividades, mas é muito difícil apreciar a Sua presença, embora cada um de nós possa fazer isso até certo ponto. Você é o controlador de ambas as energias material e espiritual; o líder supremo, embora Você seja diferente desta manifestação cósmica. Nós portanto oferecemos nossas respeitosas reverências a Você". "Nosso querido Senhor, sobre a importância de criar esta manifestação cósmica, pessoalmente Você não tem nada a Se esforçar; por meio da expansão de Seus diferentes tipos de energias - chamadas o modo da bondade, o modo da paixão e o modo da ignorância - Você pode criar, manter e aniquilar esta manifestação cósmica. Como o controlador da força inteira do tempo, Você pode simplesmente lançar Seu olhar sobre a energia material, criar este universo e energizar as diferentes forças da natureza material que agem diferentemente em diferentes criaturas. Ninguém pode estimar, portanto, como Suas atividades acontecem dentro deste mundo. Nosso querido Senhor, embora Você Se expanda nas três principais deidades deste universo - chamadas Senhor Brahma, Senhor Vishnu e Senhor Shiva - para criação, manutenção e destruição, Seu aparecimento como Senhor Vishnu é realmente para a bênção das criaturas vivas. Portanto, para aqueles que são verdadeiramente pacíficos e que aspiram pela paz suprema, é recomendado adorar o Seu aparecimento pacífico como Senhor Vishnu. Ó Senhor, nós submetemos nossas preces a Você. O Senhor pode apreciar que essa pobre serpente vai deixar sua vida. Você sabe que para nós mulheres nossas vidas e tudo mais são nosso marido; por isso, rogamos a Você para que bondosamente perdoe Kaliya, nosso marido, porque se essa serpente morrer, nós ficaremos em grande dificuldade. Olhe somente para nós assim, por favor, desculpe esse grande ofensor. Nosso querido Senhor, toda criatura viva é Sua prole, e Você mantém todos. Essa serpente também é Sua prole, e Você pode desculpá-lo por tê-Lo ofendido, indubitavelmente sem conhecer Sua Soberania. Você pode nos ordenar e pedir para que façamos qualquer coisa que O agradar. Todo ser vivo pode ser aliviado de todos os tipos de desespero se concordar em obedecer às Suas ordens". Depois que as Nagapatnis submeteram suas preces, o Senhor Krishna liberou Kaliya de sua punição. Kaliya já estava inconsciente por causa dos golpes do Senhor. Depois de recobrar a consciência e liberado pelo Senhor, Kaliya recebeu de volta sua força viva e o poder de trabalho dos sentidos. Com mãos postas, ele começou a orar humildemente ao Supremo Senhor Krishna: "Meu querido Senhor, eu nasci nesta espécie e por natureza sou irado e invejoso, pois estou na região mais escura do modo da ignorância. O Supremo Senhor sabe bem que é muito difícil abandonar os instintos naturais pessoais, embora por causa desses instintos, a criatura viva transmigre de um corpo a outro". Também está confirmado no Bhagavad-gita que é muito difícil sair das garras da natureza material, mas se a pessoa se render à Suprema Personalidade de Deus, Krishna, os modos da natureza material não podem mais atuar sobre ela. "Meu querido Senhor", Kaliya continuou, "Você é portanto o criador original de todos os tipos de modos da natureza material pelos quais o universo é criado. Você é a causa dos diferentes tipos de mentalidade possuídos pelas criaturas vivas por meio dos quais obtiveram diferentes tipos de corpos. Meu querido Senhor, nasci como uma serpente; portanto, devido ao instinto natural, eu sou muito irado. Então como é possível abandonar minha natureza adquirida sem Sua misericórdia? É muito difícil sair das garras da Sua maya. Por causa de Sua maya, nós permanecemos escravizados. Meu querido Senhor, bondosamente me perdoe por causa de minhas tendências materiais inevitáveis. Agora, Você pode me punir ou me salvar como quiser". Depois de ouvir isso, a Suprema Personalidade de Deus, que agia como uma criança pequena humana, ordenou à serpente como se segue: "Você deve deixar este local imediatamente e ir para o oceano. Parta sem demora. Você pode levar consigo toda a sua prole, esposas e tudo o que possui. Não polua as águas do Yamuna. Deixe que seja bebida por Minhas vacas e meninos pastores de vacas sem dificuldade". O Senhor então declarou que a ordem dada à serpente Kaliya seja recitada e ouvida por todos para que ninguém precise temer Kaliya nunca mais. Qualquer um que ouça a narração da serpente Kaliya e sua punição não precisa mais ter medo das atividades invejosas das cobras. O Senhor também declarou: "Se alguém tomar banho no lago Kaliya, onde Meus amigos meninos pastores de vacas e Eu nos banhamos, ou se alguém, que jejuar por um dia, oferecer oblações aos antepassados de dentro da água deste lago, será aliviado de todos os tipos de reações pecaminosas". O Senhor também garantiu a Kaliya: "Você veio para cá com medo de Garuda, que queria comê-lo na bela terra à beira do oceano. Agora, ao ver as marcas onde toquei a sua cabeça com Meus pés de lótus, Garuda não o perturbará". O Senhor ficou satisfeito com Kaliya e suas esposas. Imediatamente depois de ouvir Sua ordem, as esposas começaram a adorá-Lo com grandes oferendas de roupas finas, flores, colares de flores, jóias, ornamentos, polpa de sândalo, flores de lótus e frutas frescas saborosas. Dessa forma, elas agradaram o mestre de Garuda, de quem elas tinham muito medo. Assim, obedeceram à ordem do Senhor Krishna, e todas elas deixaram o lago dentro do Yamuna.
Assim termina o significado Bhaktivedanta do Capítulo Dezesseis de Krishna, "A Derrota de Kaliya".
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"KRISHNA - A Suprema Personalidade de Deus"
(Original Sem "Correções") de Sua Divina Graça
A Extinção do Incêndio na Floresta O rei Parikshit, depois de ouvir sobre a punição de Kaliya, inquiriu de Shukadeva Goswami sobre porque Kaliya deixou sua bela terra e porque Garuda era tão antagonista em relação a ele. Shukadeva Goswami informou o rei que a ilha conhecida como Nagalaya era habitada por serpentes e que Kaliya era uma das serpentes principais de lá. Devido ao hábito de comer cobras, Garuda costumava ir a essa ilha e matava tantas serpentes quanto quisesse. Algumas delas, ele comia realmente, porém outras eram mortas desnecessariamente. A sociedade de répteis ficou tão perturbada que seu líder, Vasuki, apelou ao Senhor Brahma por proteção. O Senhor Brahma fez um acordo com Garuda que não criaria mais perturbação: A cada quinzena da Lua, a comunidade dos répteis ofereceria uma serpente a Garuda. A serpente deveria ser posta em baixo de uma árvore como uma oferenda de sacrifício a Garuda. Garuda ficou satisfeito com essa oferenda, e assim não perturbou nenhuma outra serpente. Porém gradualmente, Kaliya levou vantagem dessa situação. Ele ficou desnecessariamente vaidoso por causa do volume de seu veneno acumulado, bem como pelo seu poder material, e pensou: "Por que este sacrifício deve ser oferecido a Garuda"? Assim ele parou de oferecer qualquer sacrifício; em vez disso, ele mesmo comia a oferenda destinada a Garuda. Quando Garuda, o grande devoto carregador do Senhor Vishnu, entendeu que Kaliya comia os sacrifícios oferecidos, ficou muito furioso e voou rapidamente à ilha para matar a serpente ofensora. Kaliya tentou lutar com Garuda e o encarou com seus muitos capelos e dentes afiados venenosos. Kaliya tentou picá-lo, e Garuda, o filho de Tarkshya, com muita fúria e grande força digna do carregador do Senhor Vishnu, atacou o corpo de Kaliya com suas asas douradas refulgentes. Kaliya, que é conhecido como Kadrusuta, filho de Kadru, imediatamente fugiu para o lago conhecido como Kaliyadaha, em baixo do rio Yamuna, onde Garuda não pode se aproximar. Kaliya se abrigou na água do Yamuna por esse motivo. Do mesmo modo que Garuda ia à ilha da serpente Kaliya, ele também costumava ir ao Yamuna pescar peixes para comer. Entretanto, havia um grande yogi conhecido como Saubhari Muni, que costumava meditar em baixo da água ali e era solidário com os peixes. Ele disse para Garuda não ir mais lá e não perturbar os peixes. Apesar de Garuda não estar sob a ordem de ninguém, por ser o carregador do Senhor Vishnu, ele não desobedeceu à ordem do grande yogi. Em vez de ficar e comer muitos peixes, ele levou embora um dos peixes maiores, que era o líder deles. Saubhari Muni lamentou porque um dos líderes dos peixes foi levado embora por Garuda, e por pensar na proteção deles, ele amaldiçoou Garuda com as seguintes palavras: "A partir deste dia, se Garuda vier aqui para pescar peixes, então, digo isto com todo o meu poder, ele será morto imediatamente". Essa maldição era conhecida somente por Kaliya. Portanto, Kaliya tinha certeza que Garuda não podia ir lá, por isso ele achou sensato se abrigar no lago dentro do Yamuna. Contudo, Kaliya se abrigar em Saubhari Muni não foi bem sucedido; ele foi expulso do Yamuna por Krishna, o mestre de Garuda. Devemos observar que Garuda tem uma relação direta com a Suprema Personalidade de Deus e é tão poderoso que nunca é sujeito à ordem ou maldição de ninguém. Na realidade, a maldição de Garuda, quem o Srimad Bhagavatam afirma ser da mesma estatura que a Suprema Personalidade de Deus, Bhagavan, foi uma ofensa da parte de Saubhari Muni. Apesar de Garuda não tentar retaliar, o Muni não escapou de seu ato ofensivo contra uma grande personalidade Vaishnava. Por causa de sua ofensa, Saubhari caiu de sua posição como yogi e em seguida se tornou homem casado, um desfrutador sensual no mundo material. A queda de Saubhari Muni, que supostamente estava absorto na bem-aventurança da meditação, é uma instrução para os ofensores dos Vaishnavas. Quando Krishna finalmente saiu do lago de Kaliya, Ele foi visto por todos Seus amigos e parentes na margem do Yamuna. Ele apareceu perante eles belamente adornado, untado com polpa chandana [polpa de sândalo], ornamentado com jóias e pedras preciosas, e quase totalmente coberto de ouro. Os habitantes de Vrindavana, os meninos pastores de vacas e os adultos, mãe Yashoda, Maharaja Nanda e todas as vacas e bezerros, viram Krishna sair do Yamuna, e era como se tivessem recuperado suas próprias vidas. Quando uma pessoa recobra sua vida, naturalmente se torna absorta em prazer e diversão. Então cada um deles apertou Krishna em seu peito, e assim sentiram um grande alívio. Mãe Yashoda, Rohini, Maharaja Nanda e todos os pastores de vacas adultos ficaram tão felizes que abraçaram Krishna e pensaram que alcançaram seu objetivo último da vida. Balarama também abraçou Krishna, porém Ele sorria porque sabia o que aconteceria com Krishna enquanto todos os outros ficaram aflitos com ansiedade. Todas as árvores na margem do Yamuna, todas as vacas, touros e bezerros estavam cheios de prazer por causa do aparecimento de Krishna ali. Os brahmanas habitantes de Vrindavana, juntos com suas esposas, imediatamente vieram congratular Krishna e Seus membros familiares. Os brahmanas são considerados mestres espirituais da sociedade. Eles ofereceram suas bênçãos a Krishna e à família por causa da libertação de Krishna. Eles também pediram a Maharaja Nanda que lhes desse alguma caridade na ocasião. Nanda Maharaja estava tão contente com o retorno de Krishna que começou a dar muitas vacas e muito ouro em caridade aos brahmanas. Enquanto Nanda Maharaja estava ocupado dessa forma, mãe Yashoda simplesmente abraçou Krishna e O fez sentar em seu colo enquanto ela derramava lágrimas continuamente. Como já era quase noite, e todos os habitantes de Vrindavana, inclusive as vacas e bezerros, estavam muito cansados, decidiram descansar na margem do rio. No meio da noite, enquanto dormiam, aconteceu subitamente um grande incêndio florestal, e rapidamente parecia que o fogo devoraria todos os habitantes de Vrindavana. Logo que sentiram o calor do fogo, eles se abrigaram imediatamente em Krishna, a Suprema Personalidade de Deus, apesar de Ele atuar exatamente como o filho pequeno deles. Eles começaram a falar: "Nosso querido Krishna! Ó Suprema Personalidade de Deus! Nosso querido Balarama, o reservatório de toda força! Por favor, tentem nos salvar deste fogo devorador total e devastador. Nós não temos nenhum outro abrigo além de Vocês. Esse incêndio devastador engolirá todos nós"! Assim eles oraram a Krishna, e disseram que não podiam se refugiar em outro abrigo além de Seus pés de lótus. O Senhor Krishna, compadeceu-Se da Sua própria gente da vila, e imediatamente engoliu todo o fogo do incêndio na floresta e os salvou. Isso não foi impossível para Krishna porque Ele é ilimitado. Ele tem poder ilimitado para fazer qualquer coisa que Ele desejar.
Assim termina o significado Bhaktivedanta do Capítulo Dezessete de Krishna, "A Extinção do Incêndio na Floresta".
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"KRISHNA - A Suprema Personalidade de Deus"
(Original Sem "Correções") de Sua Divina Graça
Matança do Demônio Pralambasura Depois de extinguir o fogo devastador, Krishna, rodeado por Seus familiares, amigos, vacas, bezerros e touros e glorificado pelo canto deles, entrou novamente em Vrindavana, que é sempre cheia de vacas. Enquanto Krishna e Balarama desfrutavam a vida em Vrindavana, entre os meninos e meninas pastores de vacas, a estação gradualmente mudou para o verão. A estação do verão na Índia não é muito bem vinda por causa do calor excessivo, mas em Vrindavana todos estavam satisfeitos porque o verão parece igual à primavera. Isso só era possível porque os Senhores Krishna e Balarama, que são os controladores até mesmo do Senhor Brahma e do Senhor Shiva, residiam ali. Em Vrindavana, existem muitas quedas d'água que sempre derramam água, e seu som é tão doce que cobre o som dos grilos. E porque a água flui em toda parte, a floresta sempre parece muito verde e bela. Os habitantes de Vrindavana nunca eram perturbados pelo calor escaldante do Sol ou pelas temperaturas elevadas de verão. Os lagos de Vrindavana são rodeados de gramas verdes, e vários tipos de flores de lótus florescem ali, como kalhara-kañjotpala, e o ar que sopra em Vrindavana carrega o pólen aromático dessas flores de lótus. Quando as partículas de água vindas das ondas do Yamuna, dos lagos e quedas d'água tocam os corpos dos habitantes de Vrindavana, eles sentem um efeito refrescante automaticamente. Por isso eles ficavam praticamente imperturbados pela estação do verão. Vrindavana é um lugar tão bom. As flores estão sempre florescentes, e existem até mesmo vários tipos de cervos com decorações. Os pássaros gorjeiam, os pavões cantam e dançam, e as abelhas zumbem. Os cucos cantam belamente em cinco tipos de melodias. Krishna, o reservatório do prazer, a tocar Sua flauta, acompanhado por Seu irmão mais velho Balarama e os outros meninos pastores de vacas e as vacas entraram na bela floresta de Vrindavana para desfrutar a atmosfera. Eles andaram por entre as folhas recém-nascidas das árvores cujas flores pareciam penas de pavão. Eles usavam colares feitos com aquelas flores e estavam decorados com giz açafrão. Às vezes, eles dançavam e cantavam e outras vezes, lutavam um com outro. Quando Krishna dançava, algum menino pastor de vacas cantava, e outros tocavam flautas; outros soavam seus chifres de búfalo ou batiam palmas, e elogiavam Krishna: "Querido irmão, Você dança muito bem". Na realidade, todos esses meninos eram semideuses que descenderam dos planetas superiores para assessorarem Krishna em Seus passatempos. Os semideuses trajados de meninos pastores de vacas estimulavam Krishna em Sua dança, do mesmo modo como um artista encoraja o outro com elogios. Até aquela época, nem Balarama nem Krishna tiveram a cerimônia do corte de cabelo; por isso o cabelo Deles estava embaraçado como penas de corvo. Eles brincavam o tempo todo de se esconder com Seus amiguinhos ou a pular e lutar um com outro. Às vezes, quando Seus amigos dançavam e cantavam, Krishna os elogiava: "Meus queridos amigos, vocês cantam e dançam muito bem". Os meninos brincavam de apanhar a bola com frutas em forma de sino e amalaki redondas. Brincavam de cabra-cega, e desafiavam e tocavam um no outro. Às vezes, eles imitavam o cervo da floresta e vários tipos de pássaros. Eles gracejavam um com outro e imitavam o coaxar das rãs, eles gostavam de balançar embaixo das árvores. Às vezes, eles brincavam de rei com seus súditos entre eles. Dessa forma, Balarama e Krishna, juntos com todos Seus amigos, divertiam-se com todos os tipos de esportes e desfrutavam da atmosfera suave de Vrindavana, cheia de rios, lagos, riachos, árvores nobres e excelentes frutas e flores. Uma vez, eles estavam entretidos em seus passatempos transcendentais quando um grande demônio de nome Pralambasura entrou na companhia deles, com o desejo de raptar ambos Balarama e Krishna. Apesar de Krishna fazer o papel de um menino pastor de vacas, como a Suprema Personalidade de Deus, Ele pode entender tudo, passado, presente e futuro. Assim, quando Pralambasura entrou na companhia deles, Krishna pensou em como matar o demônio, porém externamente Ele o recebeu como um amigo: "Ó Meu querido amigo", disse Ele, "é muito bom que você veio participar de nossos passatempos". Krishna então chamou todos os Seus amigos e ordenou: "Agora, vamos brincar em pares. Vamos desafiar um o outro em pares". Com essa proposta, todos os meninos se reuniram. Alguns ficaram do lado de Krishna, e outros ficaram do lado de Balarama, e se arranjaram para brincar de duelo. Os membros derrotados na luta do duelo tinham que carregar os membros vitoriosos em suas costas. Assim começaram a brincar, e ao mesmo tempo pastoreavam as vacas à medida que procediam através da floresta Bhandiravana. O partido de Balarama, acompanhado por Sridama e Vrishaba, saiu vitorioso, e o partido de Krishna teve que carregá-los em suas costas através da floresta Bhandiravana. A Suprema Personalidade de Deus, Krishna, derrotado, teve que carregar Sridama em Suas costas, e Bhadrasena carregou Vrishaba. Pralambasura, que apareceu ali como um menino pastor de vacas, imitou a brincadeira deles e carregou Balarama em suas costas. Pralambasura era o maior de todos os demônios, e ele tinha calculado que Krishna era o mais poderoso de todos os meninos pastores de vacas. Para evitar a companhia de Krishna, Pralambasura carregou Balarama para bem longe. O demônio era sem dúvida muito forte e poderoso, mas começou a sentir o peso, e por isso assumiu a sua verdadeira forma. Quando apareceu em seu aspecto real, ele estava adornado com um elmo e brincos de ouro e parecia uma nuvem com relâmpago que carregava a Lua. Balarama observou o corpo do demônio que se expandiu até os limites das nuvens, seus olhos brilhavam como o fogo ardente e sua boca faiscava com dentes afiados. Primeiro, Balarama ficou surpreso com a aparência do demônio, e começou a imaginar: "Como é que este carregador de repente mudou de todas as formas"? Mas com a mente clara, Ele percebeu rapidamente que foi carregado para longe de Seus amigos por um demônio que intencionava matá-Lo. Ele imediatamente golpeou a cabeça do demônio com Seu punho poderoso, exatamente como o Rei dos planetas celestiais golpeia uma montanha com seu raio. Golpeado pelo punho de Balarama, o demônio caiu morto, justamente igual a uma cobra com a cabeça esmagada, e o sangue jorrou da boca dele. Quando o demônio caiu, fez um tremendo estrondo, e soou como se uma grande colina caísse depois de ser golpeada pelo raio do Rei Indra. Todos os meninos pastores de vacas então correram até o local. Admirados com a cena pavorosa, eles começaram a louvar Balarama com as palavras: "Muito bem, muito bem". Todos eles então abraçaram Balarama com grande afeição, pois achavam que Ele tinha retornado da morte e ofereceram suas bênçãos e congratulações. Todos os semideuses nos planetas celestiais ficaram muito contentes e choveram flores no corpo transcendental de Balarama, e também ofereceram suas bênçãos e congratulações por Ele ter matado o grande demônio Pralambasura.
Assim termina o significado Bhaktivedanta do Capítulo Dezoito de Krishna, "Matança do Demônio Pralambasura".
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"KRISHNA - A Suprema Personalidade de Deus"
(Original Sem "Correções") de Sua Divina Graça
Absorção do Fogo na Floresta Enquanto Krishna e Balarama e Seus amigos estavam entretidos nos passatempos descritos acima, as vacas, sem serem vigiadas, começaram a se espalhar por conta própria, e assim entraram mais e mais na parte mais profunda da floresta, atraídas por capins verdes. As cabras, vacas e búfalos andaram de uma floresta à outra e entraram na floresta conhecida como Ishikatavi. Essa floresta era cheia de capim verde, e por isso foram atraídos; mas quando entraram, viram que havia um incêndio florestal, e começaram a gritar. No outro lado, Balarama e Krishna, juntos com Seus amigos, não conseguiam achar seus animais, e ficaram muito preocupados. Eles começaram a seguir a trilha das pegadas das vacas, bem como o pasto comido no caminho. Todos os meninos temiam que seu próprio meio de subsistência, as vacas, agora estavam perdidas. Entretanto, eles logo ouviram o berro das suas vacas. Krishna começou a chamar as vacas por seus nomes respectivos, com grande barulho. Quando ouviram o chamado de Krishna, as vacas responderam imediatamente com muita alegria. Mas nesse momento o fogo da floresta cercou todas elas, e a situação parecia ser muito temerosa. As chamas aumentavam bem rápido à medida que o vento soprava, e parecia que tudo o que era móvel e imóvel seria devorado. Todas as vacas e os meninos ficaram aterrorizados, e eles olharam para Balarama da mesma forma que um homem moribundo olha para o quadro da Suprema Personalidade de Deus. Eles disseram: "Queridos Krishna e Balarama, agora queimamos por causa do calor desse fogo ardente. Que nos abriguemos em Seus pés de lótus. Sabemos que Vocês podem nos proteger desse grande perigo. Nosso querido amigo Krishna, nós somos Seus amigos íntimos. Não é justo que soframos dessa forma. Nós dependemos completamente de Você, e Você é o conhecedor de toda vida religiosa. Nós não queremos ninguém exceto Você". A Personalidade de Deus ouviu as vozes de súplica de Seus amigos, assim lançou um olhar agradável a eles, e começou a responder. Ao falar por meio de Seus olhos, Ele assegurou a Seus amigos que não havia causa para medo. Então Krishna, o supremo místico, a poderosa Personalidade de Deus, imediatamente tragou todas as chamas do fogo. As vacas e os meninos foram assim salvos do perigo iminente. Por causa do medo, os meninos estavam quase inconscientes, mas quando recobraram sua consciência e abriram os olhos, viram que estavam novamente na floresta com Krishna, Balarama e as vacas. Eles ficaram admirados de verem que estavam completamente livres do ataque do fogo ardente e que as vacas estavam salvas. Eles pensaram secretamente que Krishna não era um menino ordinário, porém algum semideus. Na noitinha, Krishna e Balarama, juntos com os meninos e as vacas, retornaram para Vrindavana, a tocar Suas flautas. À medida que se aproximavam da vila, todas as gopis ficaram muito alegres. Durante o dia inteiro, as gopis costumavam pensar em Krishna enquanto Ele estava na floresta, e na ausência Dele, elas consideravam um momento como doze anos.
Assim termina o significado Bhaktivedanta do Capítulo Dezenove de Krishna, "Absorção do Fogo na Floresta".
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"KRISHNA - A Suprema Personalidade de Deus"
(Original Sem "Correções") de Sua Divina Graça
Descrição do Outono A matança de Pralambasura e a absorção do incêndio devastador na floresta por Krishna e Balarama se tornaram assunto familiar em Vrindavana. Os pastores de vacas adultos descreviam essas atividades maravilhosas para suas esposas e para todos os demais, e todos ficavam maravilhados. Eles concluíam que Krishna e Balarama eram semideuses que vieram para Vrindavana bondosamente para se tornarem seus filhos. Assim, a estação de chuva começou. Na Índia, depois do calor escaldante do verão, a estação de chuva é muito bem-vinda. As nuvens se acumulam no céu, cobrem o Sol e a Lua, assim se tornam muito agradáveis para a população, e todos esperam as pancadas de chuva a qualquer momento. Depois do verão, o advento da estação de chuva é considerado uma fonte de revigoramento da vida para todos. O trovão com relâmpagos ocasionais também são agradáveis para a população. Os sintomas da estação de chuva podem ser comparados aos sintomas dos seres vivos que estão cobertos pelos três modos da natureza material. O céu ilimitado é igual ao Supremo Brahman, e os seres vivos insignificantes são iguais ao céu coberto, ou o Brahman coberto pelos três modos da natureza material. Originalmente, todo mundo é parte e parcela do Brahman. O Supremo Brahman, ou o céu ilimitado, nunca pode ser coberto por uma nuvem, porém uma parte dele pode ser coberta. Como o Bhagavad-gita afirma, os seres vivos são parte e parcela da Suprema Personalidade de Deus. Mas são apenas uma porção insignificante do Supremo Senhor. Essa porção é coberta pelos modos da natureza material, e por isso os seres vivos residem dentro deste mundo material. O brahmajyoti, brilho espiritual, é igual ao brilho do Sol, pois o brilho do Sol é repleto de partículas moleculares brilhantes, portanto o brahmajyoti é cheio de porções minúsculas da Suprema Personalidade de Deus. E dessa expansão ilimitada de porções minúsculas do Supremo Senhor, algumas estão cobertas pela influência da natureza material, enquanto outras estão livres. Nuvens são água acumulada da terra pelo brilho do Sol. Continuamente por oito meses, o Sol evapora todos os tipos de água da superfície do globo, e essa água é acumulada na forma de nuvens, que são distribuídas como água quando há necessidade. Similarmente, um governo arrecada vários impostos dos cidadãos os quais os cidadãos são capazes de pagar devido às suas várias atividades materiais: agricultura, comércio e indústria; assim o governo também pode arrecadar impostos na forma de imposto de renda e imposto sobre vendas. Isso é comparado ao Sol extrair água da terra. Quando há necessidade de água novamente na superfície do globo, o mesmo brilho do Sol converte a água em nuvens e as distribui para o povo novamente, igual ao serviço educacional, serviço público, serviço de saneamento, e assim por diante. Isso é muito essencial para um bom governo. O governo não deve simplesmente arrecadar imposto para esbanjamento inútil; a arrecadação de impostos deve ser utilizada para o bem-estar do público do estado. Durante a estação de chuva, há ventos fortes que sopram em todo o país e carregam as nuvens de um lugar a outro para distribuir a água. Quando a água é urgentemente necessária depois da estação do verão, as nuvens são iguais a um homem rico que, em tempos de necessidade, distribui seu dinheiro até exaurir toda a sua fortuna. Assim as nuvens se exaurem com a distribuição de água por toda a superfície do globo. Quando Maharaja Dasharatha, o pai do Senhor Ramachandra, costumava lutar com seus inimigos, é dito que se aproximava deles justamente como um agricultor arranca pela raiz as plantas e árvores desnecessárias. E quando havia necessidade de dar caridade, ele costumava distribuir dinheiro exatamente como a nuvem distribui chuva. A distribuição de chuva pelas nuvens é tão suntuosa que é comparada à distribuição de riqueza por uma grande, munificente pessoa. O aguaceiro das nuvens é tão suficiente que as chuvas caem até mesmo sobre rochas e montanhas e sobre oceanos e mares onde não há necessidade de água. É igual a uma pessoa caridosa que abre seu tesouro para distribuição e não discrimina onde a caridade é necessária ou não. Ela dá caridade generosamente. Antes das chuvas, toda a superfície do globo fica quase desprovida de todos os tipos de energias e parece muito árida. Depois das chuvas, toda a superfície da Terra se torna verde com vegetação e parece muito saudável e forte. Aqui, faz-se uma comparação com a pessoa que se submete a austeridades para a satisfação de um desejo material. A condição florescente da Terra depois da estação de chuva é comparada à satisfação dos desejos materiais. Às vezes, quando um país é subjugado por um governo indesejável, pessoas e partidos se submetem a penitências e austeridades severas para conseguirem o controle do governo, e quando conseguem o controle, elas florescem ao darem para si próprias generosos salários. Isso também é igual ao florescimento da Terra na estação de chuva. Na verdade, a pessoa deve se submeter a penitências e austeridades severas unicamente para obter a felicidade espiritual. O Srimad Bhagavatam recomenda que tapasya, ou penitência, deve ser aceita para a realização do Supremo Senhor. Por aceitar austeridade no serviço devocional, a pessoa recupera sua vida espiritual, e logo que recupera sua vida espiritual, desfruta de bem-aventurança espiritual ilimitada. Mas se a pessoa se submeter a penitências e austeridades por algum ganho material, é afirmado no Bhagavad-gita que os resultados são temporários e são desejados por pessoas com menos inteligência. Durante a estação de chuva, na noite, há muitos vaga-lumes visíveis a perambular pelo topo das árvores, de cá para lá, e brilham iguais a luzes. Porém, as luminárias do céu, as estrelas e a Lua, não são visíveis. Similarmente, na Era de Kali, pessoas que são ateístas ou materialistas ficam muito proeminentemente visíveis, enquanto as pessoas que seguem realmente os princípios Védicos para a emancipação espiritual são praticamente obscuras. Esta Era, Kali-yuga, é comparada à estação nublada dos seres vivos. Nesta Era, o verdadeiro conhecimento é coberto pela influência do avanço material da civilização. Os especuladores mentais baratos, ateístas e manufaturadores de supostos princípios religiosos se tornam proeminentes como vaga-lumes, enquanto as pessoas que seguem estritamente os princípios Védicos ou regulamentos das escrituras ficam cobertas pelas nuvens desta Era. As pessoas têm que aprender a aproveitar a vantagem das verdadeiras luminárias do céu, o Sol, a Lua e estrelas, em vez da luz do vaga-lume. Na realidade, o vaga-lume não pode iluminar a escuridão da noite. Da mesma forma que as nuvens clareiam às vezes, mesmo na estação de chuva, e às vezes a Lua, as estrelas e o Sol ficam visíveis, mesmo nesta Kali-yuga ainda há vantagens. O movimento Védico do Senhor Chaitanya, a distribuição do cantar do mantra Hare Krishna, é percebido dessa forma. As pessoas seriamente ansiosas para encontrar a verdadeira luz devem aproveitar a vantagem deste movimento em vez de olhar para a luz de especuladores mentais e ateístas. Depois da primeira chuva, quando há um som trovejante nas nuvens, todas as rãs começam a coaxar, como estudantes subitamente ocupados na leitura de seus estudos. Supõe-se que estudantes acordam de manhã cedo. Eles geralmente não acordam por conta própria, porém, somente quando um sino toca no templo ou na instituição cultural. Pela ordem do mestre espiritual, eles se levantam imediatamente, e depois de terminarem seus deveres matinais, sentam-se para estudar os Vedas ou cantar mantras Védicos. Todos dormem na escuridão de Kali-yuga, entretanto, quando há um grande acharya, somente por seu chamado, todos adotam o estudo dos Vedas para a aquisição do verdadeiro conhecimento. Durante a estação de chuva, muitas pequenas lagoas, lagos e riachos ficam cheios de água; de outra forma, no resto do ano, permanecem secos. Similarmente, pessoas materialistas são secas, mas às vezes, estão numa assim chamada posição opulenta, com um lar ou filhos ou um pequeno saldo bancário, elas parecem florescer, mas imediatamente depois se tornam secas novamente, como os pequenos riachos e lagoas. O poeta Vidyapati disse que na sociedade de amigos, família, filhos, esposa etc. existe algum prazer com certeza, mas esse prazer é comparado a uma gota de água no deserto. Todos procuram pela felicidade, justamente como no deserto todos anseiam por água. Se, no deserto, existir uma gota de água, a água está lá com certeza, mas o benefício dessa gota de água é muito insignificante. No nosso modo de vida materialista, ansiamos por um oceano de felicidade, porém na forma de sociedade, amigos e amor mundano, não obtemos mais do que uma gota de água. Nossa satisfação nunca é alcançada, tanto quanto os pequenos riachos, lagos e tanques nunca ficam cheios na estação seca. Devido às chuvas, a grama, árvores e vegetação parecem muito verdes. Às vezes, a grama fica coberta por um tipo de inseto vermelho, e quando o verde e o vermelho se combinam com os cogumelos que parecem guarda-chuvas, toda a cena muda, justamente como uma pessoa que ficou rica subitamente. O agricultor então fica muito feliz de ver seu campo cheio de grãos, todavia, os capitalistas; que sempre são inconscientes sobre um poder sobrenatural; ficam tristes por causa do medo de um preço competitivo. Em alguns lugares, certos capitalistas no governo restringem o agricultor a produzir grãos em demasia, sem saber do fato real que todos os grãos alimentícios são supridos pela Suprema Personalidade de Deus. Segundo a lei Védica, eko bahunam yo vidadhati kaman, a Suprema Personalidade de Deus mantém esta criação; portanto, Ele arranja o suprimento do que for necessário para todos os seres vivos. Quando há um aumento da população, é obrigação do Supremo Senhor alimentar todos. Porém pessoas que são ateístas ou materialistas não gostam da produção de grãos alimentícios em abundância, especialmente se seus negócios puderem ser prejudicados. Durante a estação de chuva, todos os seres vivos, na terra, céu e água, ficam muito revigorados, exatamente igual à pessoa dedicada ao serviço amoroso transcendental do Senhor. Nós temos experiência prática disso com nossos estudantes da Sociedade Internacional para a Consciência de Krishna. Antes de se tornarem estudantes, eles tinham uma aparência suja, apesar de terem naturalmente características pessoais bonitas; mas porque não tinham nenhuma informação sobre a Consciência de Krishna, pareciam muito sujos e miseráveis. Desde quando adotaram a Consciência de Krishna, sua saúde melhorou, e por seguirem as regras e regulamentos, seu brilho corpóreo incrementou. Quando eles se vestem com roupas de cor açafrão, com tilaka em suas testas e contas em suas mãos e pescoços, parece que vieram diretamente de Vaikuntha. Na estação de chuva, quando os rios enchem e correm para os oceanos e mares, parecem agitar o oceano. Similarmente, se uma pessoa dedicada ao processo de yoga místico não for muito avançada na vida espiritual, pode ficar agitada pelo impulso sexual. Montanhas altas, entretanto, apesar de encharcadas por torrentes de chuva, não mudam; assim uma pessoa que é avançada na Consciência de Krishna, mesmo se posta em dificuldades, não fica perturbada porque uma pessoa que é avançada espiritualmente aceita qualquer condição de vida adversa como a misericórdia do Senhor, e assim ela é completamente elegível para entrar no reino espiritual. Na estação de chuva, algumas estradas não são usadas freqüentemente, e ficam cobertas com capim alto. Isso é igual a um brahmana que não está acostumado a estudar e praticar os métodos reformatórios das leis Védicas; ele fica coberto com o capim alto de maya. Nessa condição, esquecido de sua natureza constitucional, ele esquece sua posição de servo eterno da Suprema Personalidade de Deus. Desviada pelo crescimento excessivo sazonal do capim alto criado por maya, a pessoa se identifica com a produção de maya e sucumbe na ilusão, ao se esquecer de sua vida espiritual. Durante a estação de chuva, o relâmpago aparece em um grupo de nuvens e depois imediatamente em outro grupo de nuvens. Esse fenômeno é comparado a uma mulher luxuriosa que não fixa sua mente em um homem. Uma nuvem é comparada a uma pessoa qualificada porque ela despeja chuva e dá o sustento de muitas pessoas; um homem que tem qualificação similarmente dá o sustento de muitas criaturas vivas, como os membros familiares ou os muitos trabalhadores em seu negócio. Infelizmente, toda sua vida pode ser perturbada por uma esposa que se divorcia dele; quando o esposo fica perturbado, toda a família fica arruinada, os filhos se dispersam ou o negócio é fechado, e tudo é afetado. Por isso é recomendado a uma mulher que deseja avançar na Consciência de Krishna que viva pacificamente com seu esposo e que o casal não se separe sob nenhuma condição. O esposo e a esposa devem controlar o impulso sexual e concentrar suas mentes na Consciência de Krishna para que suas vidas sejam bem sucedidas. No fim das contas, no mundo material, um homem requer uma mulher, e uma mulher requer um homem. Quando os dois se combinam, devem viver pacificamente em Consciência de Krishna e não devem ser inquietos como o relâmpago, que faísca de um grupo de nuvens para outro. Algumas vezes, em adição ao trovão estrondoso das nuvens, há o aparecimento de um arco-íris, que se posa como um arco sem corda. Na realidade, um arco está na posição curva, por suas duas extremidades estarem amarradas pela corda do arco; mas no arco-íris não existe essa corda, e mesmo assim ele permanece no céu tão belamente. Similarmente, quando a Suprema Personalidade de Deus descende neste mundo material, Ele parece com um ser humano ordinário, mas Ele não Se apóia em nenhuma condição material. No Bhagavad-gita, o Senhor diz que Ele aparece por Sua potência interna, que é livre do cativeiro da potência externa. O que é cativeiro para a criatura ordinária é liberdade para a Personalidade de Deus. Na estação de chuva, o brilho do luar fica coberto pelas nuvens porém é visível em intervalos. Às vezes, parece que a Lua se move com o movimento das nuvens, mas na realidade a Lua está parada; por causa das nuvens, parece que também se move. Similarmente, para quem se identifica com o movimento do mundo material, seu verdadeiro brilho espiritual fica coberto pela ilusão, e com o movimento das atividades materiais, ele pensa que se move através das diferentes esferas de vida. Isso é por causa do ego falso, que é a demarcação entre a existência espiritual e material, exatamente igual à nuvem que se move é a demarcação entre brilho do luar e escuridão. Na estação de chuva, quando as nuvens aparecem na primeira vez, depois que vêem seu aparecimento, os pavões começam a dançar com alegria. Isso pode ser comparado a pessoas muito incomodadas no modo de vida materialista. Se elas puderem encontrar a associação de uma pessoa dedicada ao serviço devocional amoroso do Senhor, tornam-se iluminadas, da mesma forma que os pavões, quando dançam. Temos experiência prática disso, muitos de nossos estudantes eram secos e taciturnos antes de virem para a Consciência de Krishna, porém depois que entraram em contato com devotos, agora dançam em júbilo igual pavões. Plantas e brotos crescem por beberem água do solo. Similarmente, uma pessoa que pratica austeridades se torna seca; depois do cumprimento de austeridades e quando obtém o resultado, começa a desfrutar o prazer sensual, com família, sociedade, amor, lar e outra parafernália. Algumas vezes, parece que garças e patos perambulam continuamente nas margens de lagos e rios, apesar das margens estarem cheias de lixo lamacento e arbustos espinhentos. Similarmente, pessoas que são chefes de família sem Consciência de Krishna constantemente demoram na vida material, apesar de todas as inconveniências. Na vida familiar, ou qualquer vida, a pessoa não pode ser perfeitamente feliz sem ser consciente de Krishna. Srila Narottama Dasa Thakura roga para que ele tenha a associação de uma pessoa; tanto um chefe de família quanto uma pessoa na ordem de vida renunciada; que está dedicada ao serviço devocional amoroso ao Senhor e está sempre gritando o santo nome do Senhor Chaitanya. Para a pessoa materialista, os incidentes mundanos se tornam muito agressivos, enquanto para a pessoa que está em Consciência de Krishna, tudo parece ser alegremente situado. As barragens em volta de um campo de plantação às vezes quebram devido às fortes torrentes de chuva. Similarmente, a propaganda ateísta não autorizada da Era de Kali quebra os limites das leis Védicas. Por isso as pessoas se degeneram gradualmente para o ateísmo. Na estação de chuva, as nuvens, sopradas pelo vento, distribuem água que é bem-vinda como néctar. Quando os seguidores dos Vedas, os brahmanas, inspiram pessoas ricas como reis e membros da comunidade mercantil abastados a darem caridade na realização de grandes sacrifícios, a distribuição dessa riqueza também é nectárea. As quatro seções da sociedade humana, chamadas os brahmanas, os kshatriyas, os vaishyas e os shudras, destinam-se a viver pacificamente de modo cooperativo; isso é possível quando guiados pelos brahmanas peritos nos Vedas que realizam sacrifícios e distribuem riqueza igualmente. A floresta de Vrindavana revigorada pelas chuvas estava repleta de tâmaras, mangas, amoras e outras frutas. O Senhor Krishna, a Suprema Personalidade de Deus, e Seus amiguinhos e o Senhor Balarama, entraram na floresta para desfrutar a nova atmosfera sazonal. As vacas, alimentadas com capins frescos, ficaram muito saudáveis, e seus úberes estavam bem cheios. Quando o Senhor Krishna as chamava pelo nome, elas vinham imediatamente até Ele com muito afeto, e nessa situação de alegria, o leite fluía de seus úberes. O Senhor Krishna ficava muito feliz quando passava através da floresta de Vrindavana ao lado da colina Govardhana. Na margem do Yamuna, Ele viu todas as árvores decoradas com colméias que derramavam mel. Havia muitas quedas d'água na colina Govardhana, e o fluir delas produzia um som agradável. Krishna as ouviu quando olhava para as cavernas dentro da montanha. Enquanto a estação de chuva não passava completamente mas se transformava em outono, às vezes, especialmente quando chovia na floresta, Krishna e Seus companheiros sentavam em baixo de uma árvore ou dentro das cavernas na colina Govardhana e saboreavam as frutas maduras e conversavam com prazer. Quando Krishna e Balarama ficavam na floresta o dia inteiro, mãe Yashoda costumava mandar para Eles um pouco de arroz misturado com iogurte, frutas e doces. Krishna costumava pegar tudo e levava a uma laje de pedra na beira do Yamuna. Enquanto Krishna e Balarama e Seus amigos comiam, vigiavam as vacas, bezerros e touros. As vacas pareciam cansadas de estarem em pé com seus úberes pesados. Então sentavam e ruminavam o capim, assim ficavam muito felizes, e Krishna ficava feliz de vê-las. Ele ficava orgulhoso de ver a beleza da floresta, que era nada mais do que uma manifestação de Sua própria energia. Nesses momentos, Krishna louvava as atividades especiais da natureza durante a estação de chuva. O Bhagavad-gita afirma que a energia material, ou natureza, não é independente em suas ações. A natureza age sob a superintendência de Krishna. O Brahma-samhita também afirma que a natureza material, conhecida como Durga, age como se fosse a sombra de Krishna. A qualquer ordem dada por Krishna, a natureza material obedece. Por isso que a beleza natural criada pela estação de chuva foi encenada de acordo com as indicações de Krishna. Logo, todos os reservatórios de água ficaram límpidos e muito agradáveis, e a brisa fresca soprava em toda parte por causa do aparecimento do outono. O céu ficou limpo sem nenhuma nuvem, e recuperou sua cor azul natural. A flor de lótus florescente na água cristalina na floresta parecia como uma pessoa que caiu da prática de yoga mas tornou-se novamente bela ao reassumir sua vida espiritual. Tudo se torna naturalmente belo com o aparecimento da estação de outono. Similarmente, quando uma pessoa materialista adota a Consciência de Krishna e a vida espiritual, também se torna tão limpa quanto o céu e a água no outono. A estação de outono leva embora o rolar das nuvens no céu bem como a água poluída. Condições sujas no chão também são limpas. Similarmente, a pessoa que adota a Consciência de Krishna imediatamente fica limpa de todas as coisas sujas por dentro e por fora. Por isso que Krishna é conhecido como Hari. Hari significa "aquele que leva embora". Krishna leva embora imediatamente todos os hábitos sujos de qualquer um que adote a Consciência de Krishna. As nuvens de outono são brancas, porque não carregam nenhuma água. Similarmente, um homem aposentado, livre de toda responsabilidade dos afazeres familiares (a saber, manter o lar, esposa e filhos) que se dedica completamente à Consciência de Krishna, torna-se livre de todas as ansiedades e parece com as nuvens brancas de outono. Algumas vezes no outono, as quedas d'água caem do topo da montanha para fornecer água limpa, e outras vezes, elas param. Similarmente, grandes pessoas santificadas distribuem conhecimento claro, e às vezes ficam em silêncio. Os pequenos tanques que estão cheios de água devido à estação de chuva, secam gradualmente no outono. No que diz respeito aos insignificantes seres aquáticos nos reservatórios, não podem entender que seu número diminui a cada dia, do mesmo modo como pessoas absortas materialmente não podem entender que sua duração de vida é reduzida dia a dia. Essas pessoas estão ocupadas em manter suas vacas, propriedade, filhos, esposa, sociedade e amizade. Por causa da redução de água e o calor escaldante do Sol na estação de outono, as criaturas vivas pequenas dentro dos reservatórios de água ficam muito perturbadas; são iguais a pessoas descontroladas que estão sempre infelizes por não poderem desfrutar a vida ou manter seus membros familiares. A terra enlameada seca gradualmente, e a vegetação fresca recém-nascida começa a secar. Similarmente, para quem adotou a Consciência de Krishna, o desejo por desfrute familiar seca gradualmente. Por causa do aparecimento da estação de outono, a água do oceano fica calma e serena, justamente igual a uma pessoa desenvolvida na auto-realização que não é mais perturbada pelos três modos da natureza material. No outono, os fazendeiros armazenam a água dentro dos campos com a construção de barragens resistentes para que a água contida no campo não escorra para fora. Não há muita esperança por uma nova queda de chuva; por isso eles querem armazenar toda água que sobrou no campo. Similarmente, uma pessoa que é realmente avançada na auto-realização protege sua energia por controlar seus sentidos. É aconselhado que depois dos cinqüenta anos, a pessoa deve se aposentar da vida familiar e deve conservar a energia do corpo para utilização no avanço da Consciência de Krishna. A menos que a pessoa seja capaz de controlar seus sentidos e se dedicar ao serviço amoroso transcendental de Mukunda, não há possibilidade de salvação. Durante o dia no outono, o Sol é muito ardente, mas à noite, devido ao brilho claro do luar, as pessoas se aliviam da fadiga do dia. Se uma pessoa se abrigar em Mukunda, ou Krishna, ela pode ser salva da fadiga da má identificação do corpo com o eu. Mukunda, ou Krishna, também é a fonte de consolo das meninas de Vrindavana. As meninas de Vrajabhumi sofrem constantemente por causa da separação de Krishna. Quando elas se encontram com Krishna durante a noite de outono iluminada pelo luar, sua fadiga de separação também é saciada. Quando o céu fica limpo de todas as nuvens, as estrelas à noite brilham muito belamente; similarmente, quando a pessoa está realmente situada na Consciência de Krishna, fica limpa de todas as coisas sujas, e ela fica bela igual às estrelas no céu de outono. Apesar dos Vedas prescreverem karma na forma de oferenda de sacrifícios, seu propósito último é afirmado no Bhagavad-gita: a pessoa tem que aceitar a Consciência de Krishna depois de compreender inteiramente o propósito dos Vedas. Portanto, o coração limpo exibido por um devoto em Consciência de Krishna pode ser comparado ao céu limpo da estação de outono. Durante o outono, a Lua parece muito brilhante junto com as estrelas no céu limpo. O Senhor Krishna em Pessoa apareceu no céu da dinastia Yadu, e Ele era exatamente como a Lua rodeada pelas estrelas, ou os membros da dinastia Yadu. Quando há ampla quantidade de flores florescentes nos jardins da floresta, a fresca brisa aromática dá um grande alívio para a pessoa que sofreu durante as estações de verão e estação de chuva. Infelizmente, essas brisas não podiam dar nenhum alívio para as gopis por causa da dedicação de seus corações a Krishna. Pessoas em geral puderam sentir prazer naquela agradável brisa de outono, mas as gopis, sem serem abraçadas por Krishna, não ficavam satisfeitas. Com a chegada da estação de outono, todas as vacas, cervos, pássaros e fêmeas em geral ficam prenhes, porque nessa estação geralmente todos os esposos ficam estimulados pelo desejo sexual. Isso é igual aos transcendentalistas que, pela graça do Supremo Senhor, são agraciados com a bênção de suas destinações na vida. Sri Rupa Goswami instruiu em seu Upadeshamrita que a pessoa deve seguir o serviço devocional com grande entusiasmo, paciência e convicção e deve seguir as regras e regulamentos, manter-se limpo da contaminação material e permanecer na associação com devotos. Se seguir esses princípios, a pessoa com certeza alcançará o resultado desejado do serviço devocional. Para aquele que segue pacientemente os princípios reguladores do serviço devocional, chegará o tempo em que receberá o resultado, como as esposas que colhem os resultados ao se tornarem gestantes. Durante o outono, as flores de lótus nos lagos crescem em grande número por causa da ausência dos lírios; tanto os lírios quanto as flores de lótus crescem pelo brilho do Sol, mas durante a estação de outono, o brilho do Sol ardente ajuda somente o lótus. Esse exemplo é dado no caso de um país onde o rei ou o governo é forte: a ascensão de elementos indesejados como ladrões e assaltantes não pode prosperar. Quando os cidadãos sentem confiança que não serão atacados por bandidos, desenvolvem-se muito satisfatoriamente. Um governo forte é comparado ao brilho do Sol abrasador da estação de outono; os lírios são comparados às pessoas indesejadas como os bandidos, e as flores de lótus são comparadas aos cidadãos satisfeitos com o governo. Durante o outono, os campos ficam repletos de grãos (cereais) maduros. Nessa época, as pessoas ficam muito felizes por causa da colheita e observam várias cerimônias, como o Navanna, oferenda de grãos frescos à Suprema Personalidade de Deus. Os novos grãos primeiro são oferecidos às Deidades em vários templos, e todos são convidados a tomarem o arroz-doce feito com esses grãos frescos. Existem outras cerimônias religiosas e métodos de adoração, particularmente na Bengala, onde a maior de todas essas cerimônias acontece, chamada Durga-puja. Em Vrindavana, a estação de outono era tão bonita assim por causa da presença da Suprema Personalidade de Deus, Krishna e Balarama. A comunidade mercantil, a ordem real, e grandes sábios eram livres para se movimentarem a fim de alcançarem suas bênçãos desejadas. Similarmente, os transcendentalistas, quando se livram do encarceramento do corpo material, também alcançam seu objetivo desejado. Durante a estação de chuva, a comunidade mercantil não pode se mover de um lugar a outro e assim não consegue seu lucro desejado. Nem a ordem real pode ir de um lugar a outro para coletar impostos da população. Quanto às pessoas santificadas, que precisam viajar para pregar o conhecimento transcendental, também ficam impedidos pela estação de chuva. Porém durante o outono, todas elas deixam seus confinamentos. No caso do transcendentalista, seja ele um jñani, um yogi, ou um devoto, por causa do corpo material, não pode realmente desfrutar a conquista espiritual. Mas logo que deixa o corpo, ou depois da morte, o jñani imerge no brilho espiritual do Supremo Senhor; o yogi se transfere a vários planetas superiores, e o devoto vai para o planeta do Supremo Senhor, Goloka Vrindavana, ou os Vaikunthas, e assim desfruta sua vida espiritual eterna.
Assim termina o significado Bhaktivedanta do Capítulo Vinte de Krishna, "Descrição do Outono".
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Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga Nitai Gaura Hari Bol
"KRISHNA - A Suprema Personalidade de Deus"
(Original Sem "Correções") de Sua Divina Graça
As Gopis Atraídas pela Flauta Krishna estava muito satisfeito com a atmosfera da floresta, onde as flores desabrochavam e abelhas e zangões zumbiam em júbilo. Enquanto os pássaros, árvores e vegetação todos pareciam muito felizes, Krishna pastoreava as vacas, acompanhado por Sri Balarama e os meninos pastores de vacas, e começou a vibrar Sua flauta transcendental. Depois de ouvirem a vibração da flauta de Krishna, as gopis em Vrindavana se lembraram Dele e começaram a conversar entre si sobre como Krishna tocava Sua flauta tão bem. Quando as gopis descreviam a doce vibração da flauta de Krishna, elas também lembravam seus passatempos com Ele; por isso as mentes delas ficaram perturbadas, e elas ficaram incapazes de descrever completamente as belas vibrações. Enquanto discutiam sobre a vibração transcendental, elas também lembravam como Krishna Se vestia, decorado com uma pena de pavão em Sua cabeça, igual a um ator dançarino, e com flores azuladas passadas sobre Sua orelha. Sua roupa brilhava como amarelo-ouro, e Ele estava adornado com um colar vaijayanti. Vestido de forma tão atraente, Krishna enchia os orifícios de Sua flauta com o néctar que emanava de Seus lábios. Assim elas se lembravam Dele, quando entrava na floresta de Vrindavana, que é sempre glorificada pelas impressões das pegadas de Krishna e Seus companheiros. Krishna era altamente virtuoso como flautista, e as gopis ficaram cativadas pelo som da vibração, que não era só atraente para elas, mas para todas as criaturas vivas que ouviam. Uma das gopis disse a suas amigas: "A perfeição mais elevada para os olhos é ver Krishna e Balarama quando entram na floresta e tocam Suas flautas e pastoreiam as vacas juntos com Seus amigos". Pessoas que estão constantemente dedicadas à meditação transcendental de ver Krishna, internamente e externamente, por pensar Nele a tocar a flauta e entrar na floresta de Vrindavana, alcançaram a perfeição de samadhi. Samadhi (transe) significa a absorção de todas atividades dos sentidos num objeto particular, e as gopis indicaram que os passatempos de Krishna são a perfeição de toda meditação e samadhi. Também está confirmado no Bhagavad-gita que qualquer pessoa que está absorta no pensamento de Krishna é o mais elevado de todos os yogis. Os lagos e os rios são considerados as mães das árvores porque as árvores vivem simplesmente de beber água. Por isso que os lagos e rios de Vrindavana estavam cheios de flores de lótus porque as águas pensavam: "Como é que nosso filho, a vara de bambu, desfruta o néctar dos lábios de Krishna"? As árvores de bambu ao longo das margens dos rios e lagos também estavam felizes de ver seu descendente assim dedicado ao serviço do Senhor, do mesmo modo como pessoas avançadas em conhecimento sentem prazer em ver seus descendentes dedicados ao serviço do Senhor. As árvores estavam extasiadas de alegria e jorravam mel incessantemente, que fluíam das colméias penduradas nos galhos. Algumas vezes, as gopis falavam desse jeito com suas amigas sobre Krishna: "Queridas amigas, nossa Vrindavana proclama as glórias desta Terra inteira porque este planeta está glorificado pelas impressões das pegadas do filho de Devaki. Além do mais, quando Govinda toca Sua flauta, os pavões ficam imediatamente enlouquecidos. Quando todos os animais e árvores e plantas, tanto no topo da colina Govardhana quanto no vale, vêem a dança dos pavões, todos se levantam imóveis e ouvem o som transcendental da flauta com grande atenção. Nós achamos que este benefício não é possível nem disponível em nenhum outro planeta". Apesar das gopis serem mulheres e meninas pastoras de vacas da área rural, elas tinham conhecimento sobre Krishna. Similarmente, uma pessoa pode aprender as verdades mais elevadas simplesmente por ouvir os Vedas das fontes autorizadas. Outra gopi disse: "Minhas queridas amigas, veja o cervo! Apesar de serem animais mudos, eles se aproximaram do filho de Maharaja Nanda, Krishna. Eles não só estão atraídos pela roupa de Krishna e Balarama, tão logo escutam o tocar da flauta, a fêmea, junto com seus maridos, oferece respeitosas reverências ao Senhor por olhá-Lo com grande afeição". As gopis estavam com inveja do cervo porque a fêmea podia prestar serviço a Krishna junto com seus esposos. As gopis não se achavam tão afortunadas porque sempre que queriam encontrar com Krishna, seus esposos não ficavam muito felizes. Outra gopi disse: "Minhas queridas amigas, Krishna está tão bem vestido que parece ser o ímpeto de vários tipos de cerimônias realizadas pelas senhoras locais. Até mesmo as esposas dos cidadãos do céu sentem atração depois de ouvir o som transcendental de Sua flauta. Apesar de viajaram no ar em seus aeroplanos, e desfrutarem a companhia de seus esposos, quando ouvem o som da flauta de Krishna, ficam imediatamente perturbadas. O cabelo delas se solta e seus cintos de afrouxam". Isso quer dizer que o som transcendental da flauta de Krishna se estende a todos os cantos do Universo. Também, é significante que as gopis sabiam sobre os diferentes tipos de aeroplanos que voavam no céu. Outra gopi disse para suas amigas: "Minhas queridas amigas, as vacas também ficam encantadas logo que ouvem o som transcendental da flauta de Krishna. Para elas, parece que é um jorro de néctar, e elas levantam suas grandes orelhas imediatamente justamente para captar o líquido do néctar da flauta. Quanto aos bezerros, eles são vistos com as tetas de suas mães pressionadas em suas bocas, mas não conseguem sugar o leite. Eles permanecem cativados com devoção, e lágrimas escorrem de seus olhos, o que ilustra vividamente como eles abraçam Krishna de coração a coração". Esse fenômeno indica que mesmo as vacas e bezerros em Vrindavana sabiam chorar por Krishna e abraçá-Lo de coração a coração. Na realidade, a perfeição da Consciência de Krishna pode ser culminada ao derramar lágrimas pelos olhos. Outra jovem gopi disse a sua mãe: "Minha querida mãe, os pássaros, que ficam todos a olhar para Krishna quando toca Sua flauta, sentados com muita atenção nos ramos e galhos das diferentes árvores. Das expressões deles, parece que se esqueceram de tudo e estão dedicados somente a ouvir a flauta de Krishna. Isso prova que não são pássaros ordinários; são grandes sábios e devotos, e só para ouvir a flauta de Krishna, eles apareceram na floresta de Vrindavana como pássaros". Grandes sábios e intelectuais eruditos estão interessados no conhecimento Védico, contudo a essência do conhecimento Védico é afirmada no Bhagavad-gita: vedais ca sarvair aham eva vedyah. Através do conhecimento dos Vedas, Krishna deve ser compreendido. Pelo comportamento desses pássaros, parece que eram grandes intelectuais eruditos em conhecimento Védico e adotaram a vibração transcendental de Krishna e rejeitaram todos os ramos do conhecimento Védico. Mesmo o rio Yamuna, com desejo de abraçar os pés de lótus de Krishna depois de ouvir a vibração transcendental de Sua flauta, quebrou suas ondas bravias para fluir suavemente com flores de lótus em suas mãos, só para presentear as flores a Mukunda com profunda afeição. O calor escaldante do brilho solar de outono às vezes era intolerável, e por isso as nuvens no céu apareciam solidariamente sobre Krishna e Balarama e Seus amiguinhos enquanto Eles estavam entretidos em soprar Suas flautas. As nuvens serviam como um guarda-sol suave sobre Suas cabeças só para fazer amizade com Krishna. As alegres meninas aborígines também ficavam plenamente satisfeitas quando passavam em seus rostos e seios a poeira de Vrindavana, que era avermelhada por causa do toque dos pés de lótus de Krishna. As meninas aborígines tinham seios muito grandes, e também eram muito luxuriosas, porém quando seus amantes sentiam seus seios, não ficavam muito satisfeitas. Quando elas saíam de dentro da floresta, viam que quando Krishna passava, algumas folhas e arbustos de Vrindavana ficavam avermelhados por causa do pó kunkuma que caía de Seus pés de lótus. Seus pés de lótus eram segurados pelas gopis em seus seios, que ficam cobertos com o pó de kunkuma, mas quando Krishna viaja pela floresta de Vrindavana junto com Balarama e Seus amiguinhos, o pó vermelho cai no chão da floresta de Vrindavana. Assim as meninas aborígines luxuriosas, quando olhavam Krishna a tocar Sua flauta, viam o kunkuma avermelhado no chão e imediatamente pegavam e passavam em seus rostos e seios. Dessa forma, elas ficavam plenamente satisfeitas, apesar de não muito satisfeitas quando seus amantes tocavam seus seios. Todos os desejos luxuriosos materiais podem ser imediatamente satisfeitos se a pessoa entrar em contato com a Consciência de Krishna. Outra gopi começou a elogiar a posição única da colina Govardhana dessa forma: "Quanto afortunada essa colina Govardhana, porque desfruta a associação do Senhor Krishna e Balarama, que estão acostumados a andarem nela. Portanto, a colina Govardhana está sempre em toque com os pés de lótus do Senhor. E porque a colina Govardhana é tão agradecida ao Senhor Krishna e Balarama, supre diferentes tipos de frutas e ervas, bem como água cristalina muito agradável de seus lagos, para presentear o Senhor". O melhor presente oferecido pela colina Govardhana, entretanto, é o capim recém-crescido para as vacas e bezerros. A colina Govardhana sabia como agradar o Senhor por agradar Seus associados mais queridos, as vacas e os meninos pastores de vacas. Outra gopi disse que tudo parecia maravilhoso quando Krishna e Balarama viajavam pela floresta de Vrindavana a tocar Suas flautas e a fazer amizade íntima com todos os tipos de criaturas vivas móveis e imóveis. Quando Krishna e Balarama tocavam Suas flautas transcendentais, as criaturas móveis ficavam paralisadas e paravam suas atividades, e as criaturas vivas não móveis, como plantas e árvores, começavam a tremer de êxtase. Krishna e Balarama carregavam cordas de laço em Seus ombros e em Suas mãos, iguais a meninos pastores de vacas ordinários. Quando ordenhavam as vacas, os meninos amarravam as patas traseiras com uma pequena corda. Essa corda quase sempre ficava pendurada nos ombros dos meninos, e não eram ausentes nos ombros de Krishna e Balarama. Apesar de Eles serem a Suprema Personalidade de Deus, Eles agiam exatamente iguais aos meninos pastores de vacas, e por isso tudo ficou tão atraente e tão maravilhoso. Enquanto Krishna estava entretido no pastoreio das vacas na floresta de Vrindavana ou na colina Govardhana, as gopis da vila estavam sempre absortas em pensar Nele e na discussão de Seus diferentes passatempos. Esse é um exemplo perfeito de Consciência de Krishna: de uma forma ou outra permaneça sempre absorto em pensamentos de Krishna. O exemplo vívido é sempre presente no comportamento das gopis; por isso o Senhor Chaitanya declarou que ninguém pode adorar o Supremo Senhor por nenhum método que é melhor do que o método das gopis. As gopis não nasceram em famílias de alta classe, brahmana ou kshatriya, nasceram na família de vaishyas, e não em grandes comunidades mercantis e sim em famílias de pastores de vacas. Elas não tinham muita educação, porém ouviam todos os tipos de conhecimento dos brahmanas, as autoridades do conhecimento Védico. O único propósito das gopis era permanecerem sempre absortas em pensamentos de Krishna.
Assim termina o significado Bhaktivedanta do Capítulo Vinte e Um de Krishna, "As Gopis Atraídas pela Flauta".
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"KRISHNA - A Suprema Personalidade de Deus"
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O Roubo das Roupas das Jovens Gopis Solteiras
Conforme a civilização Védica, meninas solteiras dos dez aos quatorze anos de idade devem adorar tanto o Senhor Shiva quanto a deusa Durga com o propósito de obter um bom esposo. Entretanto, as meninas solteiras de Vrindavana já estavam atraídas pela beleza de Krishna. Porém, elas estavam dedicadas à adoração da deusa Durga no começo da estação hemanta (anterior à estação de verão). O primeiro mês de hemanta se chama Agrahayana (outubro-novembro), e nessa época todas as gopis solteiras de Vrindavana começam a adorar a deusa Durga com um voto. Elas primeiro comem havishyanna, um tipo de preparação com mung-dahl e arroz cozidos juntos sem nenhum tempero ou cúrcuma [açafrão-da-índia]. Segundo a regra Védica, esse tipo de comida é recomendado para purificar o corpo antes de atuar numa cerimônia ritualística. Todas as gopis solteiras de Vrindavana costumavam adorar diariamente a deusa Katyayani de manhã cedo depois de se banharem no rio Yamuna. Katyayani é outro nome da deusa Durga. A deusa é adorada com a preparação de uma boneca feita de areia misturada com argila da beira do Yamuna. As escrituras Védicas recomendam que a deidade pode ser feita com diferentes tipos de elementos materiais; pode ser pintada, feita de metal, feita de jóias, feita de madeira, argila ou pedra, ou pode ser concebida dentro do coração do adorador. Os filósofos Mayavadis consideram todas essas formas de deidades imaginárias, mas na realidade, todas são aceitas nas literaturas Védicas como idênticas ao Supremo Senhor ou ao semideus respectivo. As gopis solteiras costumavam preparar a deidade da deusa Durga e adorá-la com polpa chandana, colares de flores, incenso, lâmpadas e todos os tipos de presentes: frutas, cereais e ramos de plantas. Depois da adoração, é costume pedir alguma bênção. As meninas solteiras costumavam orar com grande devoção à deusa Katyayani, e se dirigiam a ela como se segue: "Ó suprema energia externa da Personalidade de Deus. Ó supremo poder místico. Ó suprema controladora deste mundo material. Ó deusa, seja bondosa conosco e arranje nosso casamento com o filho de Nanda Maharaja, Krishna". Os Vaishnavas geralmente não adoram nenhum tipo de semideus. Srila Narottama Dasa Thakura proibiu estritamente toda adoração a semideuses para qualquer um que queira avançar no serviço devocional puro. Ainda assim, as gopis, que são sem comparação em sua afeição por Krishna, eram vistas a adorar a deusa Durga. Os adoradores dos semideuses às vezes também mencionam que as gopis também adoraram a deusa Durga, porém temos que entender o propósito das gopis. Geralmente, as pessoas adoram a deusa Durga por alguma bendição material. Aqui, as gopis oravam para a deusa com a finalidade de se tornarem esposas do Senhor Krishna. O significado é que se Krishna for o centro da atividade, um devoto pode adotar qualquer meio para alcançar o objetivo. As gopis podiam adotar qualquer meio para satisfazer ou servir Krishna. Essa era a característica acima da excelência das gopis. Elas adoraram a deusa Durga completamente durante um mês a fim de terem Krishna como seu esposo. Elas oraram todos os dias por Krishna, o filho de Nanda Maharaja, para Ele ser seu esposo. De manhã cedo, as gopis costumavam ir à beira do Yamuna para tomar banho. Elas se juntavam todas, e se davam as mãos, e cantavam alto sobre os maravilhosos passatempos de Krishna. É um costume antigo das meninas e mulheres indianas que quando tomam banho no rio, colocam suas roupas na margem e mergulham na água completamente nuas. A porção do rio onde as meninas e mulheres tomam banho era estritamente proibida para qualquer indivíduo masculino, e esse ainda é o sistema. A Suprema Personalidade de Deus, por conhecer as mentes das jovens gopis solteiras, abençoou-as com seu objetivo desejado. Elas oraram para Krishna ser seu esposo, e Krishna quis satisfazer os desejos delas. No fim do mês, Krishna, junto com Seus amigos, apareceu na cena. Outro nome de Krishna é Yogeshvara, ou o mestre de todos poderes místicos. Por meio da prática de meditação, o yogi pode estudar o movimento físico de outros homens, e certamente Krishna podia entender o desejo das gopis. Ao aparecer em cena, Krishna imediatamente apanhou todas as roupas das gopis, de cima de uma árvore no local, e com uma face sorridente começou a falar com elas. "Minhas queridas meninas", disse Ele, "por favor, venham aqui uma depois da outra e roguem por suas roupas e depois as levem embora. Eu não estou brincando com vocês, porque vocês observaram os princípios reguladores durante um mês para a adoração da deusa Katyayani. Por favor, não venham aqui todas de uma vez. Venham sozinhas; Eu quero ver cada uma de vocês em sua beleza completa, porque todas vocês têm cinturas finas. Eu pedi que vocês venham sozinhas. Agora, por favor, obedeçam". Quando as meninas na água ouviram essas palavras jocosas de Krishna, começaram a olhar uma para outra e sorrir. Elas ficaram muito alegres quando ouviram esse pedido de Krishna porque elas já estavam apaixonadas por Ele. Por acanhamento, elas olharam uma para a outra, mas não conseguiam sair da água porque estavam nuas. Como estavam na água por um longo tempo, começaram a sentir frio e tremiam, mesmo assim, depois de ouvirem as palavras agradáveis e jocosas de Govinda, suas mentes ficaram perturbadas com grande alegria. Elas começaram a dizer para Krishna: "Querido filho de Nanda Maharaja, por favor, não brinque conosco dessa forma. É completamente injusto conosco. Você é um menino muito respeitável porque Você é o filho de Nanda Maharaja, e Você é muito querido por nós, mas Você não deve nos pregar essa peça porque agora todas nós estamos a tremer por causa da água fria. Por favor, faça a gentileza de devolver nossas roupas imediatamente, senão vamos sofrer". Então começaram a apelar para Krishna com grande submissão: "Querido Shyamasundara", elas disseram, "todas nós somos Suas servas eternas. Qualquer coisa que Você nos ordene a fazer, somos obrigadas a executar sem hesitação porque nós consideramos isso como nosso dever religioso. Mas se Você insistir em nos apresentar essa proposta, que é impossível de executar, então certamente teremos que ir a Nanda Maharaja e apresentar uma queixa contra Você. Se Nanda Maharaja não tomar providências, então vamos contar ao rei Kamsa sobre o Seu mau comportamento". Depois de ouvir esse apelo das gopis solteiras, Krishna respondeu: "Minhas queridas meninas, se vocês acham que são minhas serventes eternas e estão sempre prontas a executar Minha ordem, então Meu pedido é que, com suas faces sorridentes, vocês venham aqui sozinhas, uma depois da outra, e peguem suas roupas. Se vocês não vierem aqui, entretanto, e se fizerem reclamações a Meu pai, Eu não vou me importar de jeito nenhum, porque sei que Meu pai é idoso e não pode tomar nenhuma ação contra Mim". Quando as gopis viram que Krishna estava firme e determinado, elas não tiveram outra alternativa senão obedecer à Sua ordem. Uma depois da outra, elas saíram da água, mas porque estavam totalmente nuas, tentavam cobrir sua nudez com a mão esquerda sobre a área pubiana. Nessa postura, todas tremiam. Sua apresentação simples era tão pura que o Senhor Krishna imediatamente ficou satisfeito com elas. Todas as gopis solteiras que rezaram para a deusa Katyayani para terem Krishna como seu esposo foram assim satisfeitas. Uma mulher não pode ficar nua na frente de nenhum indivíduo masculino exceto seu esposo. As gopis solteiras desejaram Krishna como seu esposo, e Ele realizou o desejo delas dessa forma. Satisfeito com elas, Ele pegou as roupas delas em Seus ombros e começou a falar como se segue: "Minhas queridas meninas, vocês cometeram uma grande ofensa ao entrarem nuas no rio Yamuna. Por causa disso, a deidade predominante do Yamuna, Varunadeva, ficou descontente com vocês. Portanto, façam o favor de tocarem suas testas com as mãos postas e se prostrem perante o semideus Varuna para que possam ser perdoadas desse ato ofensivo". As gopis eram todas almas simples, e tudo que Krishna dizia elas aceitavam como verdade. Para ficarem livres da ira de Varunadeva, e também satisfazerem o fim desejado de seus votos, e ultimamente satisfazerem seu Senhor adorável, Krishna, elas imediatamente obedeceram à Sua ordem. Assim elas se tornaram as maiores amantes de Krishna, e suas serventes mais obedientes. Nada pode ser comparado à Consciência de Krishna da gopis. Na realidade, as gopis não ligam para Varuna ou qualquer outro semideus; elas só queriam satisfazer Krishna. Krishna ficou muito contente e satisfeito com as atitudes simples das gopis, e Ele imediatamente devolveu suas roupas respectivas, uma por uma. Apesar de Krishna enganar as jovens gopis solteiras e fazê-las ficarem nuas em pé na frente Dele, e Se divertir com palavras jocosas para elas, e apesar de tratá-las iguais a bonecas e roubar suas roupas, mesmo assim elas estavam satisfeitas com Ele e nunca apresentaram reclamações contra Ele. Essa atitude das gopis é descrita pelo Senhor Chaitanya Mahaprabhu quando Ele ora: "Meu querido Senhor Krishna, Você pode Me abraçar ou pisar em Mim com Seus pés, ou Você pode partir Meu coração por nunca estar presente perante Mim. O que Você quiser, Você pode fazer, porque Você tem liberdade completa para agir. Porém, apesar de Suas atitudes, Você é Meu Senhor eternamente, e não tenho nenhum outro objeto de adoração". Assim é a atitude das gopis em relação a Krishna. O Senhor Krishna estava satisfeito com elas, e como todas desejaram tê-Lo como seu esposo, Ele disse a elas: "Minhas queridas meninas bem-comportadas, Eu sei do seu desejo por Mim e porque vocês adoraram a deusa Katyayani, e Eu aprovo completamente sua ação. Qualquer pessoa cuja consciência plena esteja absorta em Mim, mesmo se em luxúria, é elevada. Do mesmo modo que uma semente frita não pode frutificar, qualquer desejo em conexão com Meu serviço amoroso não pode produzir qualquer resultado vantajoso, como no karma ordinário". Há uma afirmação no Brahma-samhita: karmani nirdahati kintu ca bhakti-bhajam. Todo mundo é preso por suas atividades lucrativas, porém os devotos, porque trabalham completamente para a satisfação do Senhor, não sofrem reações. Similarmente, a atitude das gopis em relação a Krishna, apesar de parecer luxúria, não deve ser considerada como os desejos luxuriosos de uma mulher ordinária. A razão foi explicada pelo próprio Krishna em pessoa. Atividades no serviço devocional a Krishna são transcendentais a qualquer resultado lucrativo. "Minhas queridas gopis", Krishna continuou, "o seu desejo de terem a Mim como seu esposo será satisfeito porque com esse desejo vocês adoraram a deusa Katyayani. Eu prometo a vocês que na próxima estação de outono vocês poderão encontrar Comigo, e vocês Me desfrutarão como seu esposo". No abrigo das árvores, Krishna ficou muito feliz. Enquanto andava, Ele começou a se dirigir aos habitantes de Vrindavana: "Meu querido Stoka Krishna, Meu querido Varuthapa, Meu querido Bhadrasena, Meu querido Sudama, Meu querido Subala, Meu querido Arjuna, Meu querido Vishala, Meu querido Rishabha; olhem para essas árvores mais afortunadas de Vrindavana. Elas dedicaram suas vidas ao bem-estar de outros. Individualmente, elas toleram todos os tipos de perturbações naturais, como furacões, torrentes de chuva, calor escaldante e frio intenso, mas são muito cuidadosas em aliviar nossa fadiga e nos dar abrigo. Meus queridos amigos, Eu acho que elas são glorificadas nesse nascimento como árvores. Elas são tão cuidadosas em dar abrigo a outros que são iguais a nobres e altamente elevados homens caridosos que nunca negam caridade a qualquer um que se aproxime deles. Não é negado abrigo a ninguém por essas árvores. Elas fornecem vários tipos de facilidades para a sociedade humana, como folhas, fruta, sombra, raízes, casca, extratos aromáticos e saborosos, e combustível. Elas são o exemplo vivo de vida nobre. Elas são como a pessoa nobre que sacrificou tudo possível; seu corpo, mente, atividades, inteligência e palavras; na dedicação ao bem-estar de todos os seres vivos". Assim a Suprema Personalidade de Deus andava pela margem do Yamuna, tocava as folhas das árvores e suas frutas, flores e ramos, e louvava as gloriosas atividades de bem-estar delas. Diferentes pessoas podem aceitar certas atividades de bem-estar como benéficas para a sociedade humana, de acordo com seus pontos de vista, porém a atividade de bem-estar que pode ser dada às pessoas em geral, para benefício eterno, é a propagação do Movimento para a Consciência de Krishna. Tudo mundo deve se preparar para a propagação deste Movimento. Do modo como o Senhor Chaitanya instruiu, a pessoa tem que ser mais humilde do que a grama no chão e mais tolerante do que uma árvore. A tolerância das árvores foi explicada pelo Senhor Krishna em pessoa, e aqueles que estão dedicados à pregação da Consciência de Krishna devem aprender lições dos Ensinamentos do Senhor Krishna e do Senhor Chaitanya através da sucessão discipular direta Deles. Enquanto passava através da floresta de Vrindavana na margem do Yamuna, Krishna Se sentou num belo local e deixou que as vacas bebessem a água fresca e transparente do Yamuna. Como estavam fatigados, os meninos pastores de vacas, Krishna e Balarama também beberam. Depois de ver as jovens gopis tomarem banho no Yamuna, Krishna passou o resto da manhã com os meninos.
Assim termina o significado Bhaktivedanta do Capítulo Vinte e Dois de Krishna, "O Roubo das Roupas das Jovens Gopis Solteiras".
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Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga Nitai Gaura Hari Bol
"KRISHNA - A Suprema Personalidade de Deus"
(Original Sem "Correções") de Sua Divina Graça
Liberação das Esposas dos Brahmanas que Executavam Sacrifícios
A manhã passou, e os meninos pastores de vacas estavam com muita fome porque não tinham comido o desjejum. Eles imediatamente se aproximaram de Krishna e Balarama e disseram: "Queridos Krishna e Balarama, Vocês dois são todo-poderosos; Vocês podem matar muitos e muitos demônios, mas hoje estamos muito aflitos com fome, e isso nos perturba. Façam o favor de arranjarem algo para mitigar a nossa fome". Assim solicitados por Seus amigos, o Senhor Krishna e Balarama imediatamente mostraram compaixão por certas esposas de brahmanas que executavam sacrifícios. Essas esposas eram grandes devotas do Senhor, e Krishna aproveitou a oportunidade para abençoá-las. Ele disse: "Meus queridos amigos, vão à casa dos brahmanas da redondeza. Agora, eles estão dedicados à execução de sacrifícios Védicos conhecidos como angirasa, porque eles desejam elevação aos planetas celestiais. Todos vocês façam o favor de ir até eles". Então o Senhor Krishna alertou Seus amigos: "Esses brahmanas não são Vaishnavas. Eles não conseguem nem cantar Nossos nomes, Krishna e Balarama. Eles estão muito ocupados no cantar dos hinos Védicos, apesar do propósito do conhecimento Védico ser Me encontrar. Assim, porque eles não têm atração pelos nomes de Krishna e Balarama, é melhor vocês não pedirem a eles nada em Meu nome. É melhor pedir alguma caridade em nome de Balarama". Caridade é dada geralmente aos brahmanas de classe alta, porém Krishna e Balarama não apareceram numa família brahmana. Balarama era conhecido como o filho de Vasudeva, um kshatriya, e Krishna era conhecido em Vrindavana como o filho de Nanda Maharaja, que era um vaishya. Nenhum dos dois pertencia à comunidade brahmana. Por isso, Krishna considerou que os brahmanas ocupados na execução de sacrifícios poderiam não ter motivação para dar caridade a um kshatriya e vaishya. "Porém, pelo menos se vocês mencionarem o nome Balarama, eles podem preferir dar caridade a um kshatriya do que para Mim, porque Eu sou só um vaishya". Assim ordenados pela Suprema Personalidade de Deus, todos os meninos foram aos brahmanas e começaram a pedir alguma caridade. Eles se aproximaram deles com mãos postas e se prostraram no chão para oferecer respeito. "Ó deuses terrestres, façam o favor de nos ouvir pois fomos mandados pelo Senhor Krishna e Balarama. Nós achamos que vocês conhecem Eles dois muito bem, e nós desejamos toda boa fortuna a vocês. Krishna e Balarama pastoreiam as vacas aqui perto, e nós acompanhamos Eles. Nós viemos pedir a vocês que nos dêem alguma comida. Todos vocês são brahmanas e conhecedores dos princípios religiosos, e se vocês acharem que devem nos dar alguma caridade, então nos dêem alguma comida e iremos comer junto com Krishna e Balarama. Vocês são os brahmanas mais respeitáveis dentro da sociedade humana, e espera-se que vocês conheçam todos os princípios do procedimento religioso". Apesar dos meninos serem meninos da vila e não se supor que fossem versados em todos princípios Védicos do ritual religioso, eles insinuaram que por causa de sua associação com Krishna e Balarama, conheciam todos esses princípios. Quando a Suprema Personalidade de Deus, Krishna e Balarama, pediram comida, os brahmanas deveriam fornecer imediatamente sem hesitação porque é afirmado no Bhagavad-gita que a pessoa deve executar yajña (sacrifícios) somente para a satisfação de Vishnu. Os meninos continuaram: "O Senhor Vishnu como Krishna e Balarama está em pé a esperar, e vocês devem entregar imediatamente qualquer comida que tenham no seu estoque". Eles também explicaram aos brahmanas como os alimentos devem ser aceitos. Geralmente, os Vaishnavas, ou devotos puros do Senhor, não participam de execuções de sacrifícios ordinários. Mas eles conhecem muito bem as cerimônias chamadas diksha pashusamtha sautramnya. É permitido que a pessoa coma antes do procedimento de diksha e depois da cerimônia do sacrifício animal e a Sautramani, ou cerimônia onde bebidas alcoólicas também são oferecidas. Os meninos disseram: "Nós podemos aceitar a sua comida no presente estágio de sua cerimônia, porque agora não será proibido. Por isso, vocês podem nos entregar a comida". Apesar dos companheiros do Senhor Krishna e Balarama serem simples meninos pastores de vacas, estavam na posição de ditar até mesmo aos brahmanas de classe alta ocupados nos rituais de sacrifícios Védicos. Entretanto, os smarta-brahmanas, que eram simplesmente de mentalidade voltada a sacrifícios, não conseguiram entender a ordem dada pelos devotos transcendentais do Senhor. Eles não puderam nem apreciar a mendicância do Supremo Senhor, Krishna e Balarama. Apesar de ouvirem todos os argumentos da parte de Krishna e Balarama, eles não deram importância a eles, e se recusaram a falar com os meninos. Apesar de serem altamente elevados no conhecimento dos ritos de sacrifício Védico, todos esses brahmanas não devotos, apesar de se acharem muito altamente elevados, são ignorantes, pessoas tolas. Todas suas atividades são inúteis porque não conhecem o propósito dos Vedas, como é explicado no Bhagavad-gita: entender Krishna. Apesar de seu avanço em conhecimento Védico e rituais, eles não entendem Krishna; por isso que seu conhecimento dos Vedas é superficial. O Senhor Chaitanya, portanto, deu Sua opinião valiosa que uma pessoa não precisa nascer numa família brahmana; se ela conhecer Krishna ou a Ciência da Consciência de Krishna, ela é mais do que um brahmana, e é plenamente capacitada para se tornar um mestre espiritual. Há vários detalhes a serem observados na realização de sacrifícios, eles são conhecidos coletivamente como desha. Eles são os seguintes: kala significa tempo, prthak dravya, as diferentes parafernálias detalhadas, mantra, hinos, tantra, evidências das escrituras, agni, fogo, rtvij, executantes eruditos dos sacrifícios, devata, os semideuses, vajamana, o executante dos sacrifícios, kratu, o sacrifício em si, e dharma, os procedimentos. Tudo isso é para satisfazer Krishna. É confirmado que Ele é o verdadeiro desfrutador de todos os sacrifícios porque Ele é diretamente a Suprema Personalidade de Deus e a Suprema Verdade Absoluta, além da concepção ou especulação dos sentidos materiais. Ele está presente igual a um menino humano ordinário. Mas para as pessoas que se identificam com este corpo, é muito difícil entendê-Lo. Os brahmanas estavam muito interessados nos confortos deste corpo material e na elevação às residências planetárias superiores chamadas svarga-vasa. Por isso que eles eram completamente incapazes de entender a posição de Krishna. Quando os meninos viram que os brahmanas não falariam com eles, ficaram muito desapontados. Então, eles voltaram até o Senhor Krishna e Balarama e explicaram tudo que aconteceu. Depois de ouvir os relatos deles, a Suprema Personalidade começou a sorrir. Ele disse a eles para não ficarem tristes por serem rejeitados pelos brahmanas porque assim é o caminho da mendicância. Ele os convenceu que quando alguém está empenhado em coletar ou mendigar, não deve achar que será bem sucedido em toda parte. Ele pode ser malsucedido em alguns lugares, mas isso não deve ser causa de desapontamento. O Senhor Krishna então pediu para todos os meninos irem novamente, mas dessa vez, para as esposas daqueles brahmanas ocupados em sacrifícios. Ele também os informou que essas esposas eram grandes devotas. "Elas estão sempre absortas em pensar em Nós. Vão lá e peçam alguma comida em Meu nome e em nome de Balarama, e Eu tenho certeza que elas entregarão a vocês quanta comida vocês desejarem". Os meninos obedeceram à ordem de Krishna imediatamente e foram até as esposas dos brahmanas. Eles encontraram as esposas sentadas dentro de suas casas. Elas estavam belamente adornadas com ornamentos. Depois de prestarem respeitosas reverências a elas, os meninos disseram: "Queridas mães, façam o favor de aceitarem nossas humildes reverências e ouvirem nosso pedido. Queremos informá-las que o Senhor Krishna e Balarama estão aqui perto. Eles vieram até aqui com as vacas, e vocês devem saber que viemos aqui sob a instrução Deles. Todos nós estamos com muita fome; por isso que viemos até vocês pedir alguma comida. Façam o favor de nos darem algo para comer, para Krishna, Balarama e nós próprios". Imediatamente depois de ouvirem isso, as esposas dos brahmanas ficaram ansiosas por Krishna e Balarama. Essas reações foram espontâneas. Elas não precisaram ser convencidas da importância de Krishna e Balarama; imediatamente depois de ouvirem Seus nomes, elas ficaram muito ansiosas para verem Eles. Como eram avançadas por pensarem em Krishna constantemente, elas realizavam a maior forma de meditação mística. Todas as esposas então ficaram muito intensivamente dedicadas a encherem diferentes potes com preparações finas. Por causa da execução do sacrifício, as várias preparações eram todas muito saborosas. Depois de coletarem um banquete, elas se prepararam para ir até Krishna, seu mais amado objeto de adoração, exatamente igual aos rios que fluem para o mar. As esposas estavam ansiosas para ver Krishna há muito tempo. Entretanto, quando elas se preparavam para sair de casa e ir vê-Lo, seus esposos, pais, filhos e parentes pediram para que não fossem. Mas as esposas não obedeceram. Quando um devoto é chamado pela atração de Krishna, não liga para laços corpóreos. As mulheres entraram na floresta de Vrindavana na margem do Yamuna, que estava verdejante com nova vegetação e novas videiras e flores. Dentro dessa floresta, elas viram Krishna e Balarama entretidos em pastorear as vacas, juntos com Seus muito afetuosos amiguinhos. As esposas dos brahmanas viram Krishna que vestia uma roupa que brilhava como ouro. Ele usava um lindo colar de flores da floresta e uma pena de pavão em Sua cabeça. Ele também estava pintado com os minerais encontrados em Vrindavana, e Ele parecia exatamente como um ator dançarino num palco de teatro. Elas O viram com uma mão sobre o ombro de Seu amigo, e na Sua outra mão, Ele segurava uma flor de lótus. Suas orelhas estavam adornadas com lírios, Ele usava marcas de tilaka, e Ele sorria com encanto. Com seus próprios olhos, as esposas dos brahmanas viram a Suprema Personalidade de Deus, de quem elas ouviram tanto a respeito, que era tão querido por elas, e em quem as mentes delas estavam sempre absortas. Agora, elas O viam olho no olho e face a face, e Krishna entrou dentro dos corações delas através de seus olhos. Então elas começaram a abraçar Krishna no conteúdo de seus corações, e a tristeza da separação foi mitigada imediatamente. Elas eram iguais a grandes sábios que, por causa do avanço no conhecimento, imergem na existência do Supremo. Como a Superalma que vive dentro do coração de todos, o Senhor Krishna pôde entender as mentes delas; elas vieram até Ele apesar de todos protestos de seus parentes, pais, maridos, irmãos, e todos os deveres dos afazeres domésticos. Elas foram justamente para vê-Lo, que era a vida e alma delas. Na realidade, elas seguiram a instrução de Krishna no Bhagavad-gita: a pessoa tem que se render a Ele, e abandonar todas variedades de deveres ocupacionais e religiosos. As esposas dos brahmanas realmente cumpriram a instrução do Bhagavad-gita na totalidade. Ele então começou a falar com elas, com um sorriso muito magnífico. Deve-se notar a esse respeito que quando Krishna entrou nos corações das esposas e quando elas O abraçaram e sentiram a bem-aventurança transcendental de estarem unidas com Ele, o Supremo Senhor Krishna não perdeu Sua identidade, nem as esposas individualmente perderam a delas. A individualidade tanto do Senhor quanto das esposas permaneceu, ainda assim elas sentiram a unidade na existência. Quando um amante se submete à sua amante sem nenhuma pitada de consideração pessoal, isso se chama unidade. O Senhor Chaitanya nos ensinou esse sentimento de unidade no Seu Shikshastaka: Krishna pode agir livremente, e fazer o que Ele desejar, porém o devoto deve estar sempre em unidade ou de acordo com os desejos Dele. Essa unidade foi exibida pelas esposas dos brahmanas em seu amor por Krishna. Krishna deu as boas-vindas a elas com as seguintes palavras: "Minhas queridas esposas dos brahmanas, vocês todas são muito afortunadas e bem-vindas aqui. Façam o favor de Me deixarem saber o que posso fazer por vocês. Sua vinda aqui depois de negligenciarem todas as restrições e impedimentos de parentes, pais, irmãos e esposos, a fim de Me verem, é completamente conveniente. Quem faz isso conhece realmente seu interesse pessoal, porque prestar serviço amoroso transcendental a Mim, sem motivo ou restrição, é realmente auspicioso para os seres vivos". O Senhor Krishna confirma aqui que o estágio de perfeição mais elevado da alma condicionada é se render a Ele. Deve-se abandonar todas as outras responsabilidades. Essa rendição completa à Suprema Personalidade de Deus é o caminho mais auspicioso para a alma condicionada porque o Supremo Senhor é o objetivo supremo do amor. Todos amam Krishna ultimamente, mas a realização é de acordo com o avanço do seu conhecimento. A pessoa chega a entender que seu eu é a alma espiritual, e a alma espiritual nada mais é do que uma parte e parcela do Supremo Senhor; por isso que o Supremo Senhor é o objetivo último do amor, e por isso que a pessoa tem que se render a Ele. Essa rendição é considerada auspiciosa para a alma condicionada. Nossa vida, propriedade, lar, esposa, filhos, casa, país, sociedade e toda a parafernália que nos é muito estimada são expansões da Suprema Personalidade de Deus. Ele é o objeto central do amor porque Ele nos dá toda a bem-aventurança, por Se expandir em tantos modos de acordo com nossas diferentes situações, chamadas corpóreas, mentais ou espirituais. "Minhas queridas esposas dos brahmanas", Krishna disse, "agora vocês podem voltar para suas casas. Dediquem-se às atividades de sacrifícios e se dediquem ao serviço de seus esposos e afazeres domésticos para que seus esposos fiquem satisfeitos com vocês, e o sacrifício que eles começaram será executado propriamente. Em última instância, seus maridos são chefes de família, e sem a ajuda de vocês, como podem realizar seus deveres prescritos"? As esposas dos brahmanas responderam: "Meu querido Senhor, esse tipo de instrução não condiz com Você. Sua promessa eterna é que Você sempre protegerá Seus devotos, e agora Você tem que cumprir essa promessa. Qualquer um que vem e se rende a Você nunca volta à vida condicionada da existência material. Nós esperamos que Você cumpra a Sua promessa agora. Nós nos rendemos a Seus pés de lótus, que estão cobertos com folhas de Tulasi, por isso que não temos mais desejo de voltar à companhia dos assim chamados parentes, amigos e sociedade e abandonar o abrigo de Seus pés de lótus. E o que podemos fazer agora, de volta para casa? Nossos maridos, irmãos, filhos, mães e nossos amigos não esperam nos ver porque nós já deixamos todos eles. Portanto, não temos nenhum abrigo para retornar. Assim, faça o favor de não pedir que voltemos para casa, e sim faça um arranjo para que possamos ficar sob Seus pés de lótus para que possamos viver eternamente sob Sua proteção". A Suprema Personalidade de Deus respondeu: "Minhas queridas esposas, fiquem tranqüilas que seus esposos não negligenciarão vocês em seu retorno, nem seus irmãos, filhos, ou pais recusarão aceitar vocês. Porque vocês são Minhas devotas puras, não só seus parentes e também as pessoas em geral, bem como os semideuses, ficarão satisfeitos com vocês". Krishna está situado como a Superalma no coração de todos. Assim, se alguém se tornar um devoto puro do Senhor Krishna, imediatamente se tornará agradável para todos. O devoto puro do Senhor Krishna nunca é hostil com ninguém. Uma pessoa sã não pode ser inimiga de um devoto puro. "Amor transcendental por Mim não depende de conexão corpórea", Krishna disse mais, "porém qualquer um cuja mente esteja absorta em Mim certamente, muito em breve, virá a Mim para Minha associação eterna". Depois de serem instruídas pela Suprema Personalidade de Deus, todas as esposas voltaram novamente para casa com seus respectivos esposos. Felizes por verem suas esposas de volta no lar, os brahmanas executaram as cerimônias de sacrifícios sentados juntos, como os shastras ordenam. De acordo com o princípio Védico, rituais religiosos devem ser executados pelo esposo e esposa juntos. Quando as esposas dos brahmanas retornaram, o sacrifício foi devidamente e bem executado. Uma das esposas dos brahmanas, entretanto, que foi impedida à força de ir ver Krishna, começou a se lembrar Dele da forma que ouviu sobre Suas características corpóreas. Assim ficou completamente absorta no pensamento Dele, e abandonou seu corpo material condicionado pelas leis da natureza. Sri Govinda, a sempre alegre Personalidade de Deus, revelou Seus passatempos transcendentais, ao aparecer exatamente igual a um ser humano ordinário, e desfrutou a comida oferecida pelas esposas dos brahmanas. Dessa forma, Ele atraiu pessoas comuns à Consciência de Krishna. Ele atraiu por Suas palavras e beleza todas as vacas, meninos pastores de vacas e donzelas de Vrindavana. Depois da volta de suas esposas de Krishna, os brahmanas ocupados na realização de sacrifícios começaram a se arrepender de suas atividades pecaminosas em recusar comida à Suprema Personalidade de Deus. Eles puderam finalmente entender seu erro; dedicados à execução de rituais Védicos, eles negligenciaram a Suprema Personalidade de Deus que apareceu igual a um ser humano ordinário e pediu um pouco de comida. Eles começaram a se condenar depois de verem a fé e devoção de suas esposas. Eles se arrependeram muito disso, embora suas esposas fossem elevadas na plataforma de serviço devocional puro, eles próprios não podiam entender nenhum pouco de como amar e oferecer serviço amoroso transcendental à Alma Suprema. Eles começaram a falar entre si: "Ao inferno nosso nascimento como brahmanas! Ao inferno nossa erudição em todas literaturas Védicas! Ao inferno nossa realização de grandes sacrifícios e observação de todas as regras e regulamentos! Ao inferno nossas famílias! Ao inferno nosso serviço hábil na realização de rituais exatamente de acordo com a descrição das escrituras! Ao inferno tudo isso, porque nós não desenvolvemos serviço amoroso transcendental à Suprema Personalidade de Deus, que está além da especulação da mente, corpo e sentidos". Os brahmanas eruditos, especialistas em cerimônias ritualísticas Védicas, estavam arrependidos propriamente, porque sem desenvolver Consciência de Krishna, toda execução de deveres religiosos é simplesmente uma perda de tempo e energia. Eles continuaram a falar entre si: "A energia externa de Krishna é tão forte que pode criar uma ilusão para cobrir até mesmo o maior yogi místico. Embora nós brahmanas especialistas sejamos considerados os professores de todas as outras seções da sociedade humana, também fomos iludidos pela energia externa. Simplesmente vejam quanto afortunadas são essas mulheres que com tanta devoção dedicaram suas vidas à Suprema Personalidade de Deus, Krishna. Elas puderam deixar sua conexão familiar com facilidade, o que é tão difícil de se fazer. Vida familiar é exatamente igual a um poço escuro para a continuação das misérias materiais". Mulheres em geral, com um coração muito simples, podem adotar a Consciência de Krishna com muita facilidade, e quando desenvolvem amor por Krishna, podem obter a liberação das garras de maya, o que é muito difícil até mesmo para supostos homens inteligentes e escolados superarem. Segundo a lei Védica, mulheres não têm permissão para se submeterem ao processo purificatório da iniciação com o cordão sagrado, nem têm permissão para viverem como brahmacharini no ashrama do mestre espiritual, nem são aconselhadas a se submeterem aos procedimentos estritos de disciplina; nem são muito espertas na discussão de filosofia ou auto-realização. E por natureza não são muito puras; nem são muito apegadas a atividades auspiciosas. "Porém é muito admirável que elas desenvolveram amor transcendental por Krishna, o Senhor de todos yogis místicos"! os brahmanas exclamaram. "Elas ultrapassaram todos nós em fé firme e devoção a Krishna. Porque somos muito apegados ao modo de vida materialista, embora sejamos considerados os mestres de todos processos purificatórios, nós não sabíamos realmente qual é o objetivo. Mesmo quando fomos lembrados sobre Krishna e Balarama pelos meninos pastores de vacas, nós Os desprezamos. Nós achamos agora que isso foi simplesmente um truque de misericórdia para nós pela Suprema Personalidade de Deus que enviou Seus amigos para mendigar comida de nós. De outra forma, Ele não tinha necessidade de enviá-los. Ele poderia satisfazer a fome deles naquela hora e ali mesmo simplesmente por desejar isso". Se alguém negar a auto-suficiência de Krishna ao ouvir que Ele pastoreava as vacas por subsistência, ou se alguém duvidar que Ele não tinha necessidade da comida, por pensar que Ele estava realmente com fome, então precisa entender que a deusa da fortuna está sempre dedicada a Seu serviço. Dessa forma, a deusa pode quebrar seu hábito defeituoso de inquietação. Nas literaturas Védicas como o Brahma-samhita, é dito que Krishna é servido em Sua morada com grande respeito por não apenas uma deusa da fortuna mas muitos milhares. Portanto, é simplesmente ilusão alguém achar que Krishna mendigou comida dos brahmanas. Na realidade, foi um truque para mostrar a eles a misericórdia de aceitá-Lo em serviço devocional puro. A parafernália cerimonial Védica, o local adequado, a hora adequada, os diferentes graus de artigos para a realização de cerimônias ritualísticas, Os hinos Védicos, o sacerdote que é capacitado para realizar o sacrifício, o fogo e os semideuses, o executante do sacrifício e os princípios religiosos são todos destinados a entender Krishna, porque Krishna é a Suprema Personalidade de Deus. Ele é o Supremo Senhor Vishnu, e o Senhor de todos yogis místicos. "Porque Ele apareceu como uma criança na dinastia dos Yadus, fomos tão tolos que não pudemos entender que Ele é a Suprema Personalidade de Deus", os brahmanas disseram. "Porém por outro lado, estamos muito orgulhosos porque temos esposas tão exaltadas que desenvolveram serviço transcendental puro ao Senhor sem ficarem acorrentadas pela nossa posição rígida. Assim, deixe-nos oferecer nossas respeitosas reverências aos pés de lótus do Senhor Krishna, sob cuja energia ilusória, chamada maya, estamos absortos em atividades lucrativas. Portanto, nós rogamos ao Senhor que seja bondoso o bastante para nos perdoar porque estamos simplesmente cativados pela energia externa Dele. Nós transgredimos Sua ordem sem conhecer Suas glórias transcendentais". Os brahmanas se arrependeram de suas atividades pecaminosas. Eles queriam ir pessoalmente para oferecer suas reverências a Ele, mas com medo de Kamsa, não puderam ir. Em outras palavras, é muito difícil para alguém se render plenamente à Personalidade de Deus sem ser purificado pelo serviço devocional. O exemplo dos brahmanas eruditos e suas esposas é vívido. As esposas dos brahmanas, porque estavam inspiradas pelo serviço devocional puro, não se importavam com nenhum tipo de oposição. Elas foram imediatamente para Krishna. Entretanto, apesar dos brahmanas chegarem ao entendimento da supremacia do Senhor e estarem arrependidos, eles ainda tinham medo do rei Kamsa porque eram muito devotados a atividades lucrativas.
Assim termina o significado Bhaktivedanta do Capítulo Vinte e Três de Krishna, "Liberação das Esposas dos Brahmanas que Executavam Sacrifícios".
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Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga Nitai Gaura Hari Bol
"KRISHNA - A Suprema Personalidade de Deus"
(Original Sem "Correções") de Sua Divina Graça
Adoração à Colina Govardhana
Enquanto estavam entretidos com os brahmanas que eram demasiadamente envolvidos na realização de sacrifícios Védicos, Krishna e Balarama também viram que os pastores de vacas adultos preparavam um sacrifício similar com o propósito de pacificar Indra, o rei do céu, que é responsável pelo suprimento de água. Como está afirmado no Sri Chaitanya Charitamrita, um devoto de Krishna tem fé forte e firme no entendimento de que se ele simplesmente se dedicar à Consciência de Krishna e ao serviço amoroso transcendental de Krishna, certamente ficará livre de todas as outras obrigações. Um devoto puro do Senhor Krishna não tem que executar nenhuma função ritualística ordenada nos Vedas; nem é exigido que adore qualquer semideus. Por ser um devoto do Senhor Krishna, entende-se que ele já realizou todos os tipos de cerimônias ritualísticas Védicas ou todos os tipos de adoração aos semideuses. Só a execução de cerimônias ritualísticas Védicas ou adoração aos semideuses, não faz a pessoa desenvolver serviço devocional a Krishna, todavia a pessoa que está dedicada plenamente ao serviço do Senhor já concluiu todas as exigências Védicas. Krishna ordenou a suspensão de todas essas atividades a Seus devotos, porque Ele queria estabelecer firmemente o serviço devocional exclusivo durante Sua presença em Vrindavana. Krishna sabia que os pastores de vacas adultos preparavam o sacrifício para Indra porque Ele é a onisciente Personalidade de Deus, mas por uma questão de etiqueta, Ele começou a inquirir com muita honra e submissão das personalidades mais velhas como Maharaja Nanda e outros. Krishna perguntou a Seu pai: "Meu querido pai, por que acontece essa arrumação para um grande sacrifício? Qual é o resultado desse sacrifício, e para quem ele se destina? Como é realizado? Gentilmente, faça o favor de Me deixar saber? Estou muito ansioso para aprender esse procedimento, por isso faça o favor de Me explicar o propósito desse sacrifício". Depois desse questionamento, Seu pai, Nanda Maharaja, permaneceu em silêncio, pois pensava que seu jovem menino não seria capaz de entender as complexidades da execução de yajña. Krishna, entretanto, persistiu: "Meu querido pai, para quem é liberal e santificado, não existe segredo. Eles não consideram ninguém como amigo ou inimigo porque são sempre abertos com todos. E mesmo quem não é tão liberal, nada deve ser segredo para os membros familiares e amigos, apesar do segredo ser mantido para pessoas que são inimigas. Por isso você não pode ter nenhum segredo para Mim. Todas as pessoas estão ocupadas em atividades lucrativas. Algumas sabem o que são essas atividades, e sabem o resultado delas, e algumas executam as atividades sem saber o propósito ou o resultado. Uma pessoa que age com conhecimento pleno obtém o resultado pleno; quem age sem conhecimento não obtém um resultado tão perfeito. Por isso, faça o favor de Me deixar saber o propósito do sacrifício que você irá realizar. Está de acordo com a lei Védica? Ou é simplesmente uma cerimônia popular? Gentilmente, deixe-Me saber em detalhes sobre o sacrifício". Ao ouvir esse questionamento de Krishna, Maharaja Nanda respondeu: "Meu querido menino, essa realização cerimonial é mais ou menos tradicional. Porque a chuva acontece devido à misericórdia do rei Indra e as nuvens são suas representantes, e porque a água é tão importante para o nosso sustento, devemos mostrar alguma gratidão ao controlador dessa chuva, Maharaja Indra. Nós fazemos os preparativos, portanto, para pacificar o rei Indra, porque ele foi muito bondoso em nos mandar nuvens para que caísse uma boa quantidade de chuva destinada às atividades agrícolas bem-sucedidas. A água é muito importante: sem chuva não podemos cultivar ou produzir grãos. Não podemos viver se não houver chuva. Ela é necessária para cerimônias religiosas bem-sucedidas, desenvolvimento econômico e, ultimamente, liberação. Por isso, não devemos abandonar a função cerimonial tradicional; se alguém abandonar, influenciado pela luxúria, ou ganância ou medo, então isso não parece muito bom para ele". Ao ouvir isso, Krishna, a Suprema Personalidade de Deus, na presença de Seu pai e todos os pastores de vacas adultos de Vrindavana, falou de forma a deixar o rei celestial Indra muito zangado. Ele sugeriu que eles renunciassem ao sacrifício. Suas razões para desencorajar o sacrifício eram duas. Primeira, como está afirmado no Bhagavad-gita, não há necessidade de adorar nenhum semideus para qualquer avanço material; todos os resultados derivados da adoração a semideuses são simplesmente temporários, e somente aqueles que são menos inteligentes ficam interessados em resultados temporários. Segunda, qualquer resultado temporário que alguém obtém da adoração a semideuses é na realidade concedido pela Suprema Personalidade de Deus. Está afirmado claramente no Bhagavad-gita: mayaiva vihitan hi tan. Qualquer benefício supostamente obtido dos semideuses é na realidade concedido pela Suprema Personalidade de Deus. Sem a permissão da Suprema Personalidade de Deus, ninguém pode conceder nenhum benefício para outros. Porém, às vezes, os semideuses ficam cheios de orgulho pela influência da natureza material; assim se acham o máximo e tentam esquecer a supremacia da Personalidade de Deus. No Srimad Bhagavatam, está claramente afirmado que nessa ocorrência, Krishna queria deixar o rei Indra zangado. O advento de Krishna foi destinado especialmente para a aniquilação dos demônios e proteção dos devotos. O rei Indra era com certeza um devoto, não um demônio, mas porque ele estava muito orgulhoso, Krishna queria lhe dar uma lição. Primeiro, Ele tentou deixar Indra zangado por parar o Indra Puja, que foi organizado pelos pastores de vacas adultos de Vrindavana. Com esse propósito em mente, Krishna começou a falar como se fosse um ateísta que apóia a filosofia de karma-mimamsa. Defensores desse tipo de filosofia não aceitam a autoridade suprema da Personalidade de Deus. Eles põem em evidência o argumento de que se alguém trabalhar bem, o resultado é certo que vem. A opinião deles é mesmo se existir um Deus que dá ao homem o resultado de suas atividades lucrativas, não há necessidade de adorá-Lo porque a menos que o homem trabalhe, Ele não pode conceder nenhum resultado bom. Eles dizem que em vez de adorar um semideus ou Deus, as pessoas devem dar atenção a seus próprios deveres, assim o bom resultado virá com certeza. O Senhor Krishna começou a falar com Seu pai de acordo com esses princípios da filosofia karma-mimamsa. "Meu querido pai", disse Ele, "Eu não acho que você precise adorar qualquer semideus para a execução bem-sucedida de suas atividades agrícolas. Todo ser vivo nasce de acordo com seu karma passado e vive sua vida simplesmente por tomar o resultado de seu karma presente. Todos nascem em diferentes tipos ou espécies de vida conforme suas atividades passadas, e obtém seu próximo nascimento de acordo com as atividades desta vida. Diferentes graus de felicidade e tristeza materiais, confortos e desvantagens da vida, são resultados diferentes de diferentes tipos de atividades, tanto da vida passada quanto da presente". Maharaja Nanda e outros membros mais velhos argumentaram que sem satisfazer o deus predominante, ninguém pode obter qualquer bom resultado simplesmente por atividades materiais. Isso é um fato realmente. Por exemplo, às vezes vemos que, apesar da ajuda e tratamento médico de primeira classe com um médico de primeira classe, uma pessoa doente morre. Conclui-se, portanto, que o tratamento médico de primeira classe ou as tentativas do médico de primeira classe não são em si a causa da cura do paciente; tem que haver a mão da Suprema Personalidade de Deus. Similarmente, o pai e a mãe cuidarem do filho não é a causa do conforto do filho. Certas vezes vemos que apesar de todo cuidado dos pais, a criança piora ou sucumbe até a morte. Portanto, causas materiais não são suficientes para resultados. Tem que haver a sanção da Suprema Personalidade de Deus. Nanda Maharaja por isso defendeu que, a fim de obter bons resultados para atividades agrícolas, eles devem satisfazer Indra, a deidade superintendente do fornecimento de chuva. O Senhor Krishna anulou esse argumento ao dizer que os semideuses dão resultados só para pessoas que executaram seus deveres prescritos; portanto, os semideuses são dependentes da execução de deveres e não são absolutos na concessão de bons resultados para ninguém. "Meu querido pai, não há necessidade de adorar o semideus Indra", disse o Senhor Krishna. "Cada um deve alcançar o resultado de seu próprio trabalho. Nós podemos ver realmente que cada um se torna ocupado conforme a tendência natural de seu trabalho; e de acordo com essa tendência natural, todos os seres vivos, tanto humanos quanto semideuses, alcançam seus resultados respectivos. Todos os seres vivos alcançam corpos elevados ou inferiores e criam partidos inimigos, amigos ou neutros somente por causa de seus diferentes tipos de trabalho. Deve-se tomar cuidado para cumprir deveres de acordo com seu instinto natural e não desviar a atenção para a adoração de vários semideuses. Os semideuses ficarão satisfeitos com a execução apropriada de todos os deveres, por isso que não há necessidade de adorá-los. Em vez disso, vamos realizar nossos deveres prescritos muito bem. Na realidade, não se pode ser feliz sem executar seu próprio dever prescrito. Aquele que, portanto, não cumpre propriamente seus deveres prescritos é comparado a uma mulher incasta. O dever prescrito próprio dos brahmanas é o estudo dos Vedas; o dever apropriado da ordem real, os kshatriyas, é a dedicação à proteção dos cidadãos; o dever apropriado da comunidade vaishya é agricultura, comércio e proteção às vacas; e o dever apropriado dos shudras é o serviço às classes mais elevadas, chamadas brahmanas, kshatriyas e vaishyas. Nós pertencemos à comunidade vaishya, e nosso dever apropriado é agricultura, ou comércio com a produção agrícola, proteger as vacas ou negócio bancário". Krishna Se identificou com a comunidade vaishya porque Nanda Maharaja protegia muitas vacas, e Krishna cuidava delas. Ele enumerou quatro tipos de ocupações para a comunidade vaishya, chamados agricultura, comércio, proteção às vacas e negócio bancário. Apesar dos vaishyas poderem adotar qualquer uma dessas ocupações, os homens de Vrindavana estavam ocupados principalmente na proteção às vacas. Krishna explicou mais ainda para Seu pai: "Esta manifestação cósmica anda sob a influência dos três modos da natureza material; bondade, paixão e ignorância. Esses três modos são as causas da criação, manutenção e destruição. A nuvem é causada pela ação do modo da paixão; portanto é o modo da paixão que causa a queda da chuva. E depois da chuva, os seres vivos derivam o resultado; sucesso no trabalho de agricultura. O quê, então, Indra tem de haver nesse caso? Mesmo se você não satisfizer Indra, o que pode ele fazer? Nós não derivamos nenhum benefício especial de Indra. Mesmo se ele estiver lá, ele despeja água no oceano também, onde não há necessidade de água. Assim, ele joga água no oceano ou na terra; isso não depende de nossa adoração a ele. No que diz respeito ao nosso interesse, não precisamos ir para outra cidade ou vila ou país estrangeiro. Existem prédios suntuosos nas cidades, mas nós ficamos satisfeitos em viver nesta floresta de Vrindavana. Nossa relação específica é com a Colina Govardhana e a floresta de Vrindavana e nada mais. Por isso que Eu lhe peço, Meu pai, que comece um sacrifício que satisfará os brahmanas locais e a Colina Govardhana, e que nós não tenhamos nada a ver com Indra". Depois de ouvir essa declaração de Krishna, Nanda Maharaja respondeu: "Meu querido menino, porque Você me pede, vou organizar um sacrifício separado para os brahmanas locais e a Colina Govardhana. Porém no presente, deixe-me executar este sacrifício conhecido como Indra-yajña". Mas Krishna respondeu: "Meu querido pai, não demore. O sacrifício que você propôs para Govardhana e os brahmanas locais tomará muito tempo. Melhor pegar o arranjo e parafernália que você já fez para sacrificar no Indra-yajña e imediatamente utilizá-los para satisfazer a Colina Govardhana e os brahmanas locais". Maharaja Nanda finalmente cedeu. Os pastores de vacas adultos então perguntaram a Krishna como Ele queria que o yajña fosse executado, e Krishna lhes deu as seguintes orientações: "Providenciem preparações de comida muito bem saborosas de todas as descrições com os cereais e ghi coletados para o yajña. Preparem arroz, dahl, então halavah, pakora, puri e todos os tipos de preparações com leite como arroz-doce, bolinhas doces, sandesha, rasagulla, e laddu, e convidem os brahmanas eruditos que podem cantar os hinos Védicos e oferecer oblações ao fogo. Aos brahmanas, deve-se dar todos os tipos de cereais e caridade. Depois, decorem todas as vacas e as alimentem bem. Depois de fazer isso, dêem dinheiro em caridade aos brahmanas. Quanto aos animais inferiores, como cães, e os graus inferiores de pessoas, como candalas, ou a quinta classe de humanos que são considerados intocáveis, a eles também deve ser dada suntuosa prasadam. Depois de dar bons capins para as vacas, o sacrifício conhecido como Govardhana-puja deve começar imediatamente. Esse sacrifício vai Me satisfazer muito". Com essa declaração, o Senhor Krishna praticamente descreveu toda a economia da comunidade vaishya. Em todas as comunidades da sociedade humana, e em todo reino animal, entre as vacas, cães, cabras etc., cada um tem seu papel a atuar. Cada um é para trabalhar em cooperação para o benefício total de toda a sociedade, que inclui não somente objetos animados mas também objetos inanimados como montanhas e terra. A comunidade vaishya é especificamente responsável pela melhoria econômica da sociedade com a produção de cereais, com a proteção às vacas, pelo transporte de alimentos quando necessário, e negócio bancário e financeiro. Dessa declaração, aprendemos que também gatos e cães, apesar de não serem tão importantes, não devem ser negligenciados, proteção às vacas é na realidade mais importante do que a proteção a gatos e cães. Outro aprendizado que tiramos dessa declaração é que os candalas, ou os intocáveis também não devem ser negligenciados pelas classes mais altas. Todos são importantes, porém alguns são diretamente responsáveis pelo avanço da sociedade humana, e outros são apenas indiretamente responsáveis. Entretanto, quando a Consciência de Krishna está ali, então o benefício total de cada um está cuidado. O sacrifício conhecido como Govardhana-puja é observado no Movimento da Consciência de Krishna. O Senhor Chaitanya recomendou que como Krishna é adorável, assim Sua terra, Vrindavana e a Colina Govardhana, também são adoráveis. Para confirmar essa declaração, o Senhor Krishna disse que Govardhana Puja é tão bom quanto a adoração a Ele. A partir daquele dia, Govardhana Puja continua a acontecer e é conhecida como Annakuta. Em todos os templos de Vrindavana ou fora de Vrindavana, enormes quantidades de comida são preparadas nessa cerimônia e são muito suntuosamente distribuídas para a população em geral. Às vezes a comida é jogada nas multidões, e elas desfrutam de coletá-la do chão. Dessas ocasiões, podemos entender que prasadam oferecida a Krishna nunca se torna poluída ou contaminada, mesmo se for atirada no chão. O povo, assim, apanha do chão e come com muita satisfação. A Suprema Personalidade de Deus, Krishna, portanto aconselhou os pastores de vacas adultos a pararem o Indra-yajña e começarem o Govardhana Puja a fim de punir Indra que estava muito cheio de si por ser o supremo controlador dos planetas celestiais. Os honestos e simples pastores de vacas adultos liderados por Nanda Maharaja aceitaram a proposta de Krishna e executaram em detalhe tudo que Ele aconselhou. Eles executaram a adoração a Govardhana e caminharam em volta da colina. (Depois da inauguração do Govardhana Puja, as pessoas em Vrindavana ainda se vestem bem e se reúnem perto da Colina Govardhana para oferecer adoração e caminhar em volta da colina, e conduzem suas vacas por toda a volta). De acordo com a instrução do Senhor Krishna, Nanda Maharaja e os pastores de vacas adultos chamaram brahmanas eruditos e começaram a adorar a Colina Govardhana com o canto de hinos Védicos e oferenda de prasadam. Os habitantes de Vrindavana se reuniram, decoraram suas vacas e deram capim para elas. Com as vacas na frente, eles começaram o passeio em volta da Colina Govardhana. As gopis também se vestiram muito exuberantemente e foram sentadas em carros de boi, e cantavam as glórias dos passatempos de Krishna. Lá reunidos para atuarem como os sacerdotes do Govardhana Puja, os brahmanas ofereceram suas bênçãos aos pastores de vacas adultos e suas esposas, as gopis. Quando tudo estava completo, Krishna assumiu uma grande forma transcendental e declarou para os habitantes de Vrindavana que Ele mesmo era a Própria Colina Govardhana com o propósito de convencer os devotos que a Colina Govardhana e o Próprio Krishna são idênticos. Então Krishna começou a comer toda a comida oferecida ali. A identidade de Krishna e Colina Govardhana é honrada até hoje, e grandes devotos pegam pedras da Colina Govardhana e as adoram da mesma forma que adoram a Deidade de Krishna nos templos. Os devotos assim coletam pequenas pedras ou seixos da Colina Govardhana e as adoram em casa, porque essa adoração é tão boa quanto a adoração à Deidade. A forma de Krishna que começou a comer as oferendas foi constituída separadamente, e Krishna em Pessoa junto com os outros habitantes de Vrindavana começaram a oferecer reverências à Deidade e também à Colina Govardhana. Enquanto oferecia reverências à forma enorme do Próprio Krishna e à Colina Govardhana, Krishna declarou: "Vejam como a Colina Govardhana assumiu essa forma enorme e nos favorece por aceitar todas as oferendas". Krishna também declarou naquela reunião: "Qualquer um que negligenciar a adoração de Govardhana Puja, da forma como Eu pessoalmente conduzo agora, não será feliz. Existem muitas cobras na Colina Govardhana, e as pessoas que negligenciarem o dever prescrito de Govardhana Puja serão picadas por essas cobras e mortas. Com o propósito de assegurar a boa fortuna das vacas e de si próprio, todo o povo de Vrindavana perto da Colina Govardhana deve adorar a montanha, como prescrito por Mim". Assim realizaram o sacrifício Govardhana Puja, todos os habitantes de Vrindavana seguiram as instruções de Krishna, o filho de Vasudeva, e depois disso, voltaram para seus lares respectivos.
Assim termina o significado Bhaktivedanta do Capítulo Vinte e Quatro de Krishna, "Adoração à Colina Govardhana".
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"KRISHNA - A Suprema Personalidade de Deus"
(Original Sem "Correções") de Sua Divina Graça
Chuva Devastadora em Vrindavana
Quando Indra percebeu que o sacrifício oferecido pelos pastores de vacas em Vrindavana foi parado por Krishna, ficou irado, e ele descarregou sua ira sobre os habitantes de Vrindavana, que eram liderados por Nanda Maharaja, apesar de Indra saber perfeitamente bem que Krishna os protegia pessoalmente. Como o diretor de diferentes tipos de nuvens, Indra chamou a samvartaka. Essa nuvem é convidada quando há necessidade de devastar toda a manifestação cósmica. A samvartaka foi ordenada por Indra para ir a Vrindavana e inundar toda a área com uma enchente extensiva. Diabolicamente, Indra pensou que era a todo-poderosa suprema personalidade. Quando demônios se tornam muito poderosos, desafiam o supremo controlador, a Personalidade de Deus. Indra, apesar de não ser um demônio, estava cheio de si por causa de sua posição material, e ele queria desafiar o supremo controlador. Ele se achava, pelo menos naquele momento, tão poderoso quanto Krishna. Indra disse: "Veja a impudência dos habitantes de Vrindavana! Eles são simplesmente habitantes da floresta, porém ficaram apaixonados pelo seu amigo Krishna, que é nada mais do que um ser humano ordinário, por isso ousaram desafiar os semideuses". Krishna declarou no Bhagavad-gita que os adoradores dos semideuses não são muito inteligentes. Ele também declarou que a pessoa deve abandonar todos os tipos de adoração e simplesmente se concentrar na Consciência de Krishna. Krishna provocar a ira de Indra e depois aplicar-lhe a punição é uma indicação clara para Seu devoto que aqueles ocupados em Consciência de Krishna não têm necessidade de adorar nenhum semideus, mesmo se perceber que o semideus ficou zangado. Krishna dá toda proteção a Seus devotos, e eles devem depender completamente de Sua misericórdia. Indra amaldiçoou a ação dos habitantes de Vrindavana e disse: "Porque desafiaram a autoridade dos semideuses, os habitantes de Vrindavana sofrerão na existência material. Porque negligenciaram o sacrifício aos semideuses, não podem cruzar sobre os impedimentos do oceano de misérias materiais". Indra declarou mais ainda: "Esses pastores de vacas de Vrindavana negligenciaram minha autoridade por causa do conselho desse menino falador que é conhecido como Krishna. Ele não é nada mais do que uma criança, e porque acreditaram nessa criança, eles me irritaram". Assim ele ordenou que a nuvem samvartaka fosse lá e destruísse a prosperidade de Vrindavana. "Os humanos de Vrindavana", disse Indra, "ficaram cheios de si demasiadamente por causa de sua opulência material e sua confiança na presença de seu amigo minúsculo, Krishna. Ele é apenas um falador, infantil e desconhece a situação cósmica completa, apesar de Se achar muito avançado em conhecimento. Porque eles levaram Krishna tão a sério, devem ser punidos e por isso eu ordenei que a nuvem samvartaka fosse lá imediatamente e inundasse o lugar. Eles devem ser destruídos juntos com suas vacas". Aqui está indicado que nas aldeias ou fora das cidades, os habitantes devem depender das vacas para sua prosperidade. Quando as vacas são destruídas, as pessoas ficam destituídas de todos os tipos de opulências. Quando o rei Indra ordenou à samvartaka e nuvens acompanhantes para irem a Vrindavana, as nuvens ficaram com medo do compromisso. Mas o rei Indra as assegurou: "Vocês vão na frente, eu também irei, montado em meu elefante, acompanhado de grandes tempestades. E vou aplicar toda a minha força para punir os habitantes de Vrindavana". Ordenadas pelo rei Indra, todas as nuvens temerosas apareceram sobre Vrindavana e começaram a jorrar água incessantemente, com toda sua força e poder. Havia um constante relampejar e trovejar, rajadas severas de vento e chuva a cair incessantemente. A chuva que caía parecia com setas afiadas perfurantes. As nuvens despejavam água com um jorro tão grosso quanto um pilar, sem cessar, assim gradualmente encheram todas as terras de Vrindavana com água, e não havia mais distinção visível entre terra alta e baixa. A situação era muito catastrófica, especialmente para os animais. A chuva foi acompanhada de grandes ventos, e toda criatura viva em Vrindavana começou a tremer por causa do frio intenso. Sem poderem encontrar qualquer outra fonte de alívio, todos se aproximaram de Govinda para se abrigarem em Seus pés de lótus. As vacas especialmente, muito aflitas por causa da chuva intensa, abaixaram suas cabeças, e com seus bezerros em baixo de seus corpos, elas se aproximaram da Suprema Personalidade de Deus para se abrigarem em Seus pés de lótus. Nesse momento, todos os habitantes de Vrindavana começaram a orar para o Senhor Krishna: "Querido Krishna", eles oraram, "Você é todo-poderoso, e Você é muito afetuoso com Seus devotos. Agora, faça o favor de nos proteger, fomos muito afligidos pela ira de Indra". Depois de ouvir a prece deles, Krishna também pôde entender que Indra, privado do sacrifício em sua honra, despejou um aguaceiro acompanhado de pedaços pesados de gelo e fortes ventos, apesar de tudo isso estar fora de estação. Krishna entendeu que isso era uma exibição deliberada da ira de Indra. Assim Ele concluiu: "Esse semideus que se acha supremo exibiu seu grande poder, mas vou responder a ele de acordo com Minha posição, vou ensinar-lhe que ele não é autônomo para gerenciar os assuntos universais. Eu sou o Supremo Senhor sobre todos, e Eu assim removerei seu falso prestígio, que surgiu por causa de seu poder. Os semideuses são Meus devotos, e por isso não é possível que eles esqueçam Minha supremacia, porém de alguma forma ele ficou cheio de si com o poder material e por isso está enlouquecido agora. Eu vou agir de forma a livrá-lo desse prestígio falso. Eu darei proteção a Meus devotos puros em Vrindavana, que no presente estão completamente sob Minha misericórdia e quem Eu tomei completamente sob Minha proteção. Eu os salvarei por meio de Meu poder místico". O Senhor Krishna pensou dessa forma e imediatamente pegou a colina Govardhana com uma mão, exatamente como uma criança pega um cogumelo do chão. Assim, Ele exibiu Seu passatempo transcendental de levantar a colina Govardhana. O Senhor Krishna então começou a falar com Seus devotos: "Meus queridos irmãos, Meu querido pai, Meus queridos habitantes de Vrindavana, vocês agora podem entrar em baixo do guarda-chuva da colina Govardhana, que Eu acabei de levantar. Não fiquem com medo da montanha e pensem que ela cairá da Minha mão. Vocês foram demasiadamente atormentados com a chuva pesada e vento forte; por isso que Eu levantei esta colina, que protegerá vocês exatamente como um grande guarda-chuva. Eu acho que este é um arranjo apropriado para aliviar vocês de seu tormento imediato. Fiquem felizes juntos com seus animais em baixo desse grande guarda-chuva". Assim assegurados pelo Senhor Krishna, todos os habitantes de Vrindavana entraram em baixo da grande colina e ficaram a salvo junto com seus pertences e animais. Os habitantes de Vrindavana e seus animais permaneceram ali durante uma semana sem serem perturbados por fome, sede ou quaisquer outros desconfortos. Eles estavam simplesmente admirados em verem Krishna segurar a montanha com o dedo mínimo de Sua mão esquerda. Ao ver o poder místico extraordinário de Krishna, Indra, o rei do Céu, ficou estupefato e perplexo em sua determinação. Ele chamou as nuvens imediatamente e pediu-lhes para desistirem. Quando o céu ficou completamente limpo de todas as nuvens e o Sol brilhou novamente, o vento forte parou. Nesse momento, Krishna, a Suprema Personalidade de Deus, conhecido como o levantador da colina Govardhana, disse: "Meus queridos pastores de vacas, agora vocês podem sair e levar suas esposas, filhos, vacas e objetos de valor, porque tudo isso acabou. A inundação se foi, junto com as águas transbordadas do rio". Todos os homens acomodaram seus objetos valiosos nos carros e partiram lentamente com suas vacas e outras parafernálias. Depois que esvaziaram todo o local, o Senhor Krishna muito lentamente recolocou a colina Govardhana exatamente na mesma posição em que estava antes. Quando tudo foi feito, todos os habitantes de Vrindavana se aproximaram de Krishna e O abraçaram com grande êxtase. As gopis, que eram naturalmente muito afetuosas com Krishna, começaram a oferecer-Lhe coalhada misturada com suas próprias lágrimas, e elas jorravam bênçãos incessantes sobre Ele. Mãe Yashoda, mãe Rohini, Nanda, e Balarama, que é o mais forte dos fortes, abraçaram Krishna um depois do outro e, com sentimentos espontâneos de afeição, eles O abençoavam repetidas vezes. Nos céus, diferentes semideuses de diferentes sistemas planetários, como Siddhaloka, Gandharvaloka e Charanaloka, também começaram a exibir sua completa satisfação. Eles jogavam duchas de flores na superfície da Terra e soavam diferentes búzios. Havia o bater de tambores, e inspirados com sentimentos divinos, os residentes de Gandharvaloka começaram a tocar suas tambouras para agradar o Senhor. Depois desse incidente, a Suprema Personalidade de Deus, rodeado pelos Seus queridos amigos e animais, voltou para Sua casa. Como de costume, as gopis começaram a cantar os gloriosos passatempos do Senhor Krishna com muito sentimento, porque elas cantavam pelo coração.
Assim termina o significado Bhaktivedanta do Capítulo Vinte e Cinco de Krishna, "Chuva Devastadora em Vrindavana".
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"KRISHNA - A Suprema Personalidade de Deus"
(Original Sem "Correções") de Sua Divina Graça
Krishna Maravilhoso
Sem entender as complexidades de Krishna, a Suprema Personalidade de Deus, e sem conhecer Suas opulências espirituais incomuns, os inocentes pastores de vacas meninos e adultos de Vrindavana começaram a discutir as maravilhosas atividades de Krishna que superam as atividades de todos os homens. Um deles disse: "Meus queridos amigos, ao considerar Suas atividades maravilhosas, como é possível que esse menino incomum veio e vive conosco em Vrindavana? Isso realmente não é possível. Imaginem! Agora Ele tem só sete anos de idade! Como foi possível que Ele levantou a colina Govardhana com uma mão e a segurou da mesma forma como o rei dos elefantes segura uma flor de lótus? Levantar uma flor de lótus é a coisa mais insignificante para um elefante, e similarmente, Krishna levantou a colina Govardhana sem esforço. Quando Ele era apenas um pequeno bebê e nem enxergava direito, matou uma grande demônia, Putana. Quando sugou o seio dela, também sugou seu ar vital. Krishna matou a demônia Putana exatamente como o tempo eterno mata uma criatura viva no devido curso. Quando tinha apenas três meses de idade, Ele dormia em baixo dum carrinho de mão. Com fome dos seios de Sua mãe, Ele começou a chorar e esperneou. E com o chute de Seus pequenos pés, o carro se quebrou imediatamente e caiu em pedaços. Quando tinha apenas um ano de idade, Ele foi levado pelo demônio Trinavarta disfarçado como um redemoinho de vento, e apesar de ser levado bem alto no céu, Ele simplesmente agarrou o pescoço do demônio e o forçou a cair do céu e assim morrer imediatamente. Uma vez, Sua mãe perturbada com Seu roubo de manteiga O amarrou num pilão de madeira, e a criança o arrastou entre um par de árvores conhecidas como yamala-arjuna e causou a queda delas. Outra vez, quando Ele estava entretido no pastoreio dos bezerros na floresta junto com Seu irmão mais velho Balarama, um demônio chamado Bakasura apareceu, e Krishna bifurcou o bico do demônio de uma vez. Quando o demônio chamado Vatsasura entrou no meio dos bezerros pastoreados por Krishna com desejo de matá-Lo, Ele detectou o demônio imediatamente, matou-o, e o atirou numa árvore. Quando Krishna, junto com Seu irmão, Balarama, entrou na floresta Talavana, o demônio conhecido como Dhenukasura, na forma de um asno, atacou os dois, e foi imediatamente morto por Balarama, que pegou suas patas traseiras e o atirou em cima duma palmeira. Embora o demônio Dhenukasura fosse ajudado por seus soldados, também em forma de asnos, todos foram mortos, e a floresta Talavana foi aberta para o uso dos animais e habitantes de Vrindavana. Quando Pralambasura entrou no meio de Seus amiguinhos meninos pastores de vacas, Ele causou sua morte por intermédio de Balarama. Depois, Krishna salvou Seus amigos e vacas do incêndio severo na floresta, e puniu a serpente Kaliya no lago do Yamuna e o forçou a deixar as vizinhanças do rio Yamuna; assim Ele fez a água do Yamuna ficar sem veneno". Outro dos amigos de Nanda Maharaja disse: "Meu querido Nanda, nós não sabemos por que estamos tão atraídos a seu filho Krishna. Nós queremos esquecê-Lo, mas isso é impossível. Por que somos naturalmente tão afeiçoados por Ele? Apenas imagine o quanto isso é maravilhoso! Por um lado, Ele é somente um menino de sete anos de idade, e por outro lado, existe uma colina enorme como Govardhana, e Ele a levantou com tanta facilidade! Ó Nanda Maharaja, agora estamos com uma grande dúvida; seu filho Krishna deve ser um dos semideuses. Ele não é um menino ordinário de jeito nenhum. Talvez Ele seja a Suprema Personalidade de Deus". Ao ouvir os elogios dos pastores de vacas adultos de Vrindavana, o rei Nanda disse: "Meus queridos amigos, em resposta a vocês posso simplesmente apresentar a afirmação de Garga Muni para que suas dúvidas sejam esclarecidas. Quando ele veio realizar a cerimônia de dar o nome, disse que esse menino descendeu em diferentes períodos de tempo em cores diferentes e que desta vez Ele apareceu em Vrindavana numa cor escura, conhecida como krishna. Previamente Ele teve cor branca, depois vermelha, e depois amarela. Ele também disse que esse menino uma vez foi filho de Vasudeva, e todos que conhecem Seu nascimento prévio O chamam de Vasudeva. Na realidade, ele disse que meu filho tem muitas variedades de nomes, de acordo com Suas diferentes qualidades e atividades. Gargacharya me assegurou que esse menino será todo auspicioso para minha família e que Ele será capaz de dar o prazer da bem-aventurança transcendental a todos os pastores de vacas adultos e vacas de Vrindavana. Apesar de que seremos postos em vários tipos de dificuldades, pela graça desse menino vamos nos livrar facilmente delas. Também foi dito que esse menino anteriormente salvou o mundo de uma condição irregular, e Ele salvou todos os homens honestos das mãos dos desonestos. Ele também afirmou que qualquer pessoa afortunada que se torna apegada a esse menino, Krishna, nunca será dominada ou derrotada por seu inimigo. No todo, Ele é igual ao Senhor Vishnu, que sempre fica do lado dos semideuses, que conseqüentemente nunca são derrotados pelos demônios. Gargacharya assim concluiu que meu filho crescerá para ser exatamente igual a Vishnu em beleza, qualificação, atividades, influência e opulência transcendentais, e por isso não devemos ficar muito espantados com Suas atividades maravilhosas. Depois de me dizer isso, Gargacharya voltou à sua casa, e desde então vimos continuamente as atividades maravilhosas dessa criança. Segundo a versão de Gargacharya, eu considero que Ele deve ser o Próprio Narayana em pessoa, ou talvez uma porção plenária de Narayana". Quando todos os pastores de vacas adultos ouviram com muita atenção as afirmações de Gargacharya através de Nanda Maharaja, apreciaram mais ainda as atividades maravilhosas de Krishna e ficaram muito jubilosos e satisfeitos. Eles começaram a elogiar Nanda Maharaja, porque o consultaram sobre suas dúvidas sobre Krishna e foram esclarecidos. Eles disseram: "Que Krishna, que é tão bondoso, belo e misericordioso, nos proteja. Quando o irado Indra mandou torrentes de chuva, acompanhadas de duchas de blocos de gelo e ventos fortes, Ele imediatamente teve compaixão de nós e nos salvou junto com nossas famílias, vacas e valores pessoais ao levantar a colina Govardhana, da mesma forma que uma criança pega um cogumelo. Ele nos salvou de forma tão maravilhosa. Que Ele continue a olhar misericordiosamente para nós e nossas vacas. Que vivamos pacificamente sob a proteção do Krishna maravilhoso".
Assim termina o significado Bhaktivedanta do Capítulo Vinte e Seis de Krishna, "Krishna Maravilhoso".
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"KRISHNA - A Suprema Personalidade de Deus"
(Original Sem "Correções") de Sua Divina Graça
Preces de Indra, o Rei do Céu
Quando Krishna salvou os habitantes de Vrindavana da ira de Indra ao levantar a colina Govardhana, uma vaca surabhi de Goloka Vrindavana, e também o rei Indra do planeta celestial, apareceram perante Ele. Indra, o rei do céu, tinha consciência de sua ofensa a Krishna; assim apareceu secretamente perante Ele em um local reservado. Ele caiu imediatamente aos pés de lótus de Krishna, apesar de sua própria coroa ser brilhante como o Sol radiante. Indra sabia da posição exaltada de Krishna porque Krishna é o senhor de Indra, mas ele não pôde acreditar que Krishna pudesse descender e viver em Vrindavana junto com os pastores de vacas. Quando Krishna desafiou a autoridade de Indra, Indra ficou irado porque pensava que era o máximo dentro deste universo e que ninguém era tão poderoso quanto ele. Contudo, depois desse incidente, seu prestígio falso pomposo foi destruído. Consciente de sua posição subordinada, ele apareceu perante Krishna com mãos postas e começou a oferecer as seguintes preces. "Meu querido Senhor", disse Indra, "fiquei orgulhoso por causa do meu falso prestígio, assim pensei que Você me ofendeu por não permitir que os pastores de vacas realizassem o Indra-yajña, e pensei que Você queria desfrutar as oferendas que foram preparadas para o sacrifício. Pensei que em nome do sacrifício a Govardhana, Você tomava minha parte do proveito, e por isso eu confundi Sua posição. Agora por Sua graça eu posso entender que Você é o Supremo Senhor, Personalidade de Deus, e que Você é transcendental a todas as qualidades materiais. Sua posição transcendental é vishuddha-sattvam, que está acima da plataforma do modo da bondade material, e Sua morada transcendental está além da perturbação das qualidades materiais. Seu nome, fama, forma, qualidade e passatempos estão todos além desta natureza material, e nunca são perturbados pelos três modos da natureza material. Sua morada só é acessível para quem se submete a severas austeridades e penitências e que é completamente livre do ataque das qualidades materiais como paixão e ignorância. Se alguém achar que quando Você vem a este mundo material aceita os modos da natureza material, está enganado. As ondas das qualidades materiais nunca são capazes de tocá-Lo, e Você com certeza não as aceita quando está presente dentro deste mundo material. Sua Divindade nunca é condicionada pelas leis da natureza material". "Meu querido Senhor, Você é o pai original desta manifestação cósmica. Você é o mestre espiritual supremo deste mundo cósmico, e Você é o proprietário original de tudo. Como o tempo eterno, Você é competente para punir os ofensores. Dentro deste mundo material, existem vários tolos como eu que se consideram o Senhor Supremo ou o máximo dentro do universo. Você é tão misericordioso que sem punir suas ofensas idealiza meios para que o prestígio falso deles seja subjugado e eles possam saber que Você, e ninguém mais, é a Suprema Personalidade de Deus". "Meu querido Senhor, Você é o pai supremo, o mestre espiritual supremo e o rei supremo. Portanto, Você tem o direito de punir todos os seres vivos sempre que houver qualquer discórdia no comportamento deles. O pai, o mestre espiritual, e o chefe executivo supremo do Estado são sempre benquerentes de seus filhos, seus alunos e seus cidadãos respectivamente. Assim, os benquerentes têm o direito de punir seus dependentes. Por Seu próprio desejo, Você aparece auspiciosamente na Terra em Suas variedades de formas eternas; Você vem para glorificar o planeta terrestre e especificamente para punir pessoas que falsamente arrogam ser Deus. No mundo material, existe competição regular entre diferentes tipos de seres vivos para os que serão líderes supremos da sociedade, e depois de ficarem frustrados quando alcançam posições de liderança supremas, pessoas tolas arrogam ser Deus, a Suprema Personalidade. Existem muitas personalidades tolas assim neste mundo, iguais a mim, mas no devido curso do tempo, quando recobram a razão, rendem-se a Você e novamente se dedicam propriamente por prestarem serviço a Você. E esse é o propósito de Você punir pessoas invejosas de Você". "Meu querido Senhor, eu cometi uma grande ofensa a Seus pés de lótus, por estar falsamente orgulhoso de minhas opulências materiais, sem conhecer Seu poder ilimitado. Portanto, meu Senhor, bondosamente me desculpe, porque eu sou o tolo número um. Bondosamente me dê Suas bênçãos para que eu não possa agir de forma tão tola novamente. Se Você achar, meu Senhor, que a ofensa é muito grande e não pode ser perdoada, então eu apelo a Você pois sou Seu servo eterno; Você aparece neste mundo para dar proteção a Seus servos eternos e destruir os demônios que mantêm grande poderio militar justamente para sobrecarregar a própria existência da Terra. Porque eu sou Seu servo eterno, bondosamente me perdoe". "Meu querido Senhor, Você é a Suprema Personalidade de Deus. Eu ofereço minhas respeitosas reverências a Você porque Você é a Pessoa Suprema e a Alma Suprema. Você é o filho de Vasudeva, e Você é o Supremo Senhor, Krishna, o mestre de todos os devotos puros. Faça o favor de aceitar minhas reverências prostradas. Você é a personificação do conhecimento supremo. Você pode aparecer em qualquer lugar, de acordo com Seu desejo em qualquer uma das Suas formas eternas. Você é a raiz de toda a criação e a Alma Suprema de todos os seres vivos. Por causa da minha ignorância grosseira, eu criei uma grande perturbação em Vrindavana ao mandar torrentes de chuva e uma forte tempestade de granizo. Eu agi com ira severa causada por Você impedir o sacrifício que seria realizado para me satisfazer. Porém meu querido Senhor, Você é tão bondoso comigo que me concedeu Sua misericórdia ao destruir todo meu orgulho falso. Portanto, eu me abrigo em Seus pés de lótus. Meu querido Senhor, Você não é apenas o supremo controlador mas também o mestre espiritual de todos os seres vivos". Assim louvado por Indra, o Senhor Krishna, a Suprema Personalidade de Deus, com um belo sorriso, disse: "Meu querido Indra, Eu impedi seu sacrifício justamente para lhe mostrar Minha misericórdia sem causa e para reviver sua memória de que Eu sou seu mestre eterno. Eu não sou apenas seu mestre, porém também sou o mestre de todos os outros semideuses. Você deve sempre lembrar que todas as suas opulências materiais são por causa da Minha misericórdia. Todos devem sempre lembrar que Eu sou o Supremo Senhor. Eu posso conceder Meu favor a qualquer um, e Eu posso punir qualquer um, porque ninguém é superior a Mim. Se Eu encontrar alguém dominado pelo orgulho falso, para lhe conceder Minha misericórdia sem causa, Eu retiro todas as opulências dele". É notável que Krishna às vezes remove todas as opulências a fim de facilitar que uma pessoa rica se torne uma alma rendida a Ele. Esse é um favor especial do Senhor. Às vezes, vemos que uma pessoa é muito opulenta materialmente, mas por causa de seu serviço devocional ao Senhor, pode ser reduzida à pobreza. Não se deve achar, entretanto, porque adorou o Supremo Senhor se tornou paupérrima. O verdadeiro significado é que quando a pessoa é um devoto puro, porém ao mesmo tempo, por engano, quer dominar a natureza material, o Senhor exibe Sua misericórdia especial por levar embora todas as opulências materiais até que finalmente ela se renda ao Supremo Senhor. Depois de instruir Indra, o Senhor Krishna pediu a ele para retornar ao seu reino no planeta celestial e para lembrar sempre que ele nunca é o supremo e sim é sempre subordinado à Suprema Personalidade de Deus. Ele também o aconselhou a permanecer como o rei do Céu porém tomar cuidado com o orgulho falso. Depois disso, a vaca surabhi transcendental, que também veio com Indra para ver Krishna, ofereceu suas respeitosas reverências a Ele e O adorou. A surabhi ofereceu suas preces como se segue: "Meu querido Senhor Krishna, Você é o mais poderoso de todos os yogis místicos porque Você é a alma do universo completo, e somente de Você que toda esta manifestação cósmica aconteceu. Assim, apesar de Indra tentar com o melhor de si matar minhas vacas descendentes em Vrindavana, elas permaneceram sob Seu abrigo, e Você as protegeu todas tão bem. Nós não conhecemos ninguém mais como o Supremo, nem nós vamos a outro deus ou semideus para proteção. Portanto, Você é o nosso Indra, Você é o pai supremo de toda a manifestação cósmica, e Você é o protetor e ascensor de todas as vacas, brahmanas, semideuses e outros que são devotos puros de Sua Divindade. Ó Superalma do universo, deixe-nos banhá-Lo com nosso leite porque Você é nosso Indra. Ó Senhor, Você aparece justamente para diminuir o peso das atividades impuras sobre a Terra". Dessa forma, Krishna foi banhado com o leite das vacas surabhi, e Indra O banhou com a água do Ganges celestial através da tromba de seu elefante carregador. Depois disso, o rei celestial Indra, junto com as vacas surabhi e todos os outros semideuses e suas mães, adoraram o Senhor Krishna por banhá-Lo com água do Ganges e leite das surabhis. Assim, Govinda, o Senhor Krishna, ficou satisfeito com todos eles. Os habitantes de todos os sistemas planetários superiores, como Gandharvaloka, Vidyadharaloka, Siddhaloka e Charanaloka, todos se reuniram e glorificaram o Senhor por cantar Seu santo nome. Suas esposas e donzelas começaram a dançar com grande alegria. Eles agradaram muito o Senhor por jorrar incessantemente flores do céu. Quando tudo estava estabelecido muito bem e alegremente, as vacas inundaram a superfície da Terra com seu leite. A água dos rios começou a fluir e dar nutrição às árvores, o que produziu frutas e flores de diferentes cores e sabores. As árvores começaram a pingar gotas de mel. As colinas e montanhas começaram a produzir plantas medicinais potentes e pedras preciosas. Por causa da presença de Krishna, todas essas coisas aconteceram muito bem, e os animais inferiores, que geralmente são invejosos, não eram mais invejosos. Depois de satisfazer Krishna, que é o Senhor de todas as vacas de Vrindavana e que é conhecido como Govinda, o rei Indra pediu Sua permissão e retornou a seu reino celestial. Ele estava rodeado por todos os tipos de semideuses que passaram com ele através do espaço cósmico. Esse grande incidente é um exemplo poderoso de como a Consciência de Krishna pode beneficiar o mundo. Até mesmo os animais inferiores esquecem sua natureza invejosa e se tornam elevados com as qualidades dos semideuses.
Assim termina o significado Bhaktivedanta do Capítulo Vinte e Sete de Krishna, "Preces de Indra, o Rei do Céu".
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"KRISHNA - A Suprema Personalidade de Deus"
(Original Sem "Correções") de Sua Divina Graça
Libertação de Nanda Maharaja da Prisão de Varuna
A cerimônia de Govardhana aconteceu num dia de lua nova. Antes disso, houve torrentes de chuva e tempestades de granizo impostas pelo rei Indra durante sete dias. Nove dias da lua crescente haviam passado, o rei Indra adorou o Senhor Krishna no décimo dia, e então o assunto foi resolvido satisfatoriamente. Depois disso, no décimo primeiro dia da lua cheia, era Ekadashi. Maharaja Nanda observou jejum durante o dia inteiro, e de manhã bem cedo no Dwadashi, o dia depois do Ekadashi, foi tomar banho no rio Yamuna. Ele entrou na parte funda da água do rio, porém foi arrastado imediatamente por um dos servos de Varunadeva. Esse servo trouxe Nanda Maharaja perante o semideus Varuna e o acusou de tomar banho no rio numa hora errada. Segundo cálculos astronômicos, a hora na qual ele tomou banho era considerada demoníaca. O fato foi que Nanda Maharaja queria tomar banho no rio Yamuna de manhã cedo antes do Sol nascer, mas de alguma forma, ele foi um pouco cedo demais, e se banhou num horário não auspicioso. Conseqüentemente, ele foi preso. Quando Nanda Maharaja foi levado embora pelos servos de Varuna, seus companheiros começaram a chamar alto por Krishna e Balarama. Imediatamente, Krishna e Balarama perceberam que Nanda Maharaja foi levado por Varuna, assim Eles foram à morada de Varuna, porque prometeram dar proteção. Os habitantes de Vrindavana, devotos imaculados do Senhor, por não terem nenhum outro abrigo além da Suprema Personalidade de Deus, gritam naturalmente para Ele por ajuda, exatamente igual a crianças que não conhecem nada mais além da proteção dos seus pais. O semideus Varuna recebeu o Senhor Krishna e Balarama com grande respeito e disse: "Meu querido Senhor, na verdade, neste mesmo momento, por causa da Sua presença, estou derrotado materialmente. Apesar de eu ser o proprietário de todos os tesouros na água, sei que essas posses não tornam a vida bem sucedida. Porém neste momento, em que olho para Você, minha vida se fez completamente bem sucedida porque ao ver Você, não tenho mais que aceitar um corpo material. Portanto, ó Senhor, Suprema Personalidade de Deus, Brahman Supremo, e Superalma de tudo, deixe-me oferecer minhas respeitosas reverências a Você. Você é a personalidade suprema transcendental; não existe possibilidade de impor a influência da natureza material sobre Você. Estou muito arrependido, por ser tolo, por não saber o que deve ser feito e o que não deve ser feito, eu prendi Seu pai, Nanda Maharaja, por engano. Por isso, imploro Seu perdão para a ofensa dos meus serventes. Eu acho que era Seu plano mostrar Sua misericórdia para mim com Sua presença pessoal aqui. Meu querido Senhor Krishna, Govinda, seja misericordioso comigo; aqui está Seu pai. Você pode levá-lo de volta imediatamente".
Dessa forma, o Senhor Krishna, a Suprema Personalidade de Deus, resgatou Seu pai e o apresentou perante os amigos dele com muito júbilo. Nanda Maharaja ficou surpreso porque, apesar do semideus ser tão opulento, ofereceu tanto respeito a Krishna. Isso foi muito espantoso para Nanda, e ele começou a descrever o incidente para seus amigos e familiares com grande admiração. Na realidade, apesar de Krishna agir tão maravilhosamente, Maharaja Nanda e mãe Yashoda não podiam pensar Nele como a Suprema Personalidade de Deus. Em vez disso, eles sempre O aceitaram como seu filho querido. Assim Nanda Maharaja não aceitou o fato de Varuna adorar Krishna porque Krishna era a Suprema Personalidade de Deus; em vez disso, ele considerou porque Krishna era uma criança tão maravilhosa, Ele era respeitado até mesmo por Varuna. Os amigos de Nanda Maharaja, todos os pastores de vacas adultos, ficaram ávidos para saber se Krishna era realmente a Suprema Personalidade de Deus e se Ele lhes daria toda a salvação. Quando eles se consultavam assim dessa forma, Krishna entendeu a mente deles, e a fim de assegurar a eles sobre seu destino no reino espiritual, Ele mostrou a eles o céu espiritual. Geralmente, as pessoas ordinárias estão dedicadas simplesmente em trabalhar duro no mundo material, e não têm nenhuma informação que existe outro reino ou outro céu, que é conhecido como céu espiritual, onde a vida é eterna, bem-aventurada, e plena de conhecimento. Como está afirmado no Bhagavad-gita, uma pessoa que retorna a esse céu espiritual nunca retorna a este mundo material de morte e sofrimento. Krishna, a Suprema Personalidade de Deus, está sempre ansioso para dar informação à alma condicionada que existe um céu espiritual muito, muito além deste céu material, transcendental aos inumeráveis universos criados dentro da energia material total. Krishna, é claro, é sempre muito bondoso com cada alma condicionada, mas, como está afirmado no Bhagavad-gita, Ele é especialmente inclinado a Seus devotos. Ao ouvir suas perguntas, Krishna imediatamente pensou que Seus devotos em Vrindavana deviam ser informados sobre o céu espiritual e os planetas Vaikuntha ali mesmo. Dentro do mundo material, cada alma condicionada está na escuridão da ignorância. Isso significa que todas as almas condicionadas estão sob o conceito desta existência corpórea. Cada um está sob a impressão de que é deste mundo material, e com esse conceito de vida, cada um trabalha em ignorância em diferentes formas de vida. As atividades de um tipo particular de corpo são chamadas karma, ou ação lucrativa. Todas as almas condicionadas sob a impressão do conceito corpóreo trabalham de acordo com seus tipos de corpos particulares. Essas atividades criam sua vida condicionada futura. Porque têm muito pouca informação sobre o mundo espiritual, geralmente não praticam atividades espirituais, que são chamadas bhakti-yoga. Aqueles que praticam bhakti-yoga com sucesso, depois de deixar este presente corpo, vão diretamente ao mundo espiritual e ficam situados num dos planetas Vaikuntha. Os habitantes de Vrindavana são todos devotos puros. Seu destino depois de deixar o corpo é Krishnaloka. Eles até mesmo ultrapassam os Vaikunthalokas. O fato é que, aqueles que estão sempre dedicados à Consciência de Krishna e serviço devocional maduro e puro recebem a chance, depois da morte, de obterem a associação de Krishna nos universos dentro do mundo material. Os passatempos de Krishna acontecem constantemente, tanto neste universo ou em outro universo. Exatamente igual ao globo solar que passa por muitos locais através do planeta terrestre, assim Krishna-lila, ou o advento e passatempos transcendentais de Krishna, também passa continuamente, tanto neste quanto em outro universo. Os devotos maduros, que executaram completamente a Consciência de Krishna, são transferidos imediatamente ao universo onde Krishna aparecerá. Nesse universo, os devotos obtêm sua primeira oportunidade para se associarem com Krishna pessoalmente e diretamente. O treino continua, como vemos no Vrindavana-lila de Krishna dentro deste planeta. Krishna portanto revelou o aspecto real dos planetas Vaikuntha para que os habitantes de Vrindavana pudessem conhecer seu destino. Assim, Krishna mostrou a eles o eterno sempre existente céu espiritual, que é ilimitado e pleno de conhecimento. Dentro deste mundo material, existem diferentes graduações de formas, e de acordo com as graduações, o conhecimento se manifesta proporcionalmente. Por exemplo, o conhecimento dentro do corpo de uma criança não é tão perfeito quanto no corpo de um adulto. Em toda parte há diferentes graduações de seres vivos, nos animais aquáticos, nas plantas e árvores, nos répteis e insetos, nos pássaros e animais, e nas formas de vida humana civilizadas e incivilizadas. Acima da forma de vida humana, existem os semideuses, Charanas e Siddhas acima até Brahmaloka onde o Senhor Brahma vive, e entre esses semideuses sempre há graduações diferentes de conhecimento. Porém passado este mundo material, no céu Vaikuntha, cada um está em conhecimento pleno. Todos os seres vivos lá estão dedicados ao serviço devocional do Senhor, tanto nos planetas Vaikuntha quanto em Krishnaloka. Como está confirmado no Bhagavad-gita, conhecimento pleno significa conhecer Krishna como a Suprema Personalidade de Deus. Nos Vedas e Bhagavad-gita também está afirmado que no brahmajyoti ou céu espiritual não há necessidade de luz solar, brilho lunar ou eletricidade. Todos esses planetas são auto-iluminados, e todos eles são situados eternamente. Não há questão de criação e aniquilação no brahmajyoti, céu espiritual. O Bhagavad-gita também confirma que além do céu material existe outro céu espiritual eterno onde tudo existe eternamente. Informação sobre o céu espiritual só pode ser obtida dos grandes sábios e pessoas santificadas que já ultrapassaram a influência dos três modos da natureza material. A menos que a pessoa esteja constantemente situada nessa plataforma transcendental, não é possível entender a natureza espiritual. Portanto, é recomendado que a pessoa deve aceitar bhakti-yoga e se manter dedicada vinte e quatro horas à Consciência de Krishna, que coloca a pessoa além do alcance dos modos da natureza material. A pessoa em Consciência de Krishna pode entender facilmente a natureza do céu espiritual e Vaikunthaloka. Os habitantes de Vrindavana, sempre dedicados à Consciência de Krishna, assim puderam entender com muita facilidade a natureza transcendental dos Vaikunthalokas. Assim, Krishna conduziu todos os pastores de vacas adultos, liderados por Nanda Maharaja, ao lago onde posteriormente o sistema planetário Vaikuntha foi mostrado a Akrura. Eles tomaram seu banho imediatamente e viram a natureza real dos Vaikunthalokas, todos os homens, liderados por Nanda Maharaja, sentiram-se maravilhosamente bem-aventurados, e ao sair do rio, viram Krishna, que era adorado com excelentes preces.
Assim termina o significado Bhaktivedanta do Capítulo Vinte e Oito de Krishna, "Libertação de Nanda Maharaja da Prisão de Varuna".
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"KRISHNA - A Suprema Personalidade de Deus"
(Original Sem "Correções") de Sua Divina Graça
A Dança Rasa: Introdução
Está afirmado no Srimad Bhagavatam que a dança rasa aconteceu na noite de lua cheia da estação sharat. Da descrição dos capítulos anteriores, parece que o festival de Govardhana Puja foi executado logo depois da noite de lua nova do mês Karttika, e depois dele, a cerimônia de Bhratrdvitiya foi realizada; então a ira de Indra foi exibida na forma de torrentes de chuva e tempestades de granizo, e o Senhor Krishna levantou a colina Govardhana durante sete dias, até o nono dia da Lua. Assim, no décimo dia, os habitantes de Vrindavana falavam entre si sobre as atividades maravilhosas de Krishna, no dia seguinte, Ekadashi foi observado por Nanda Maharaja. No dia seguinte, Dwadashi, Nanda Maharaja foi tomar banho no Ganges e foi levado preso pelos homens de Varuna; depois foi libertado pelo Senhor Krishna. Então, Nanda Maharaja, junto com os pastores de vacas adultos, tiveram a visão do céu espiritual. [N.T.: rasa - pronuncia "rássa" - o som do "r" é como em "cara"]. Dessa forma, a noite de lua cheia da estação sharat chegou ao fim. A noite de lua cheia de Ashvina se chama sharad-purnima. Pela descrição do Srimad Bhagavatam parece que Krishna teve que esperar outro ano por essa Lua antes de desfrutar a dança rasa com as gopis. Com a idade de sete anos, Ele levantou a colina Govardhana. Portanto, a dança rasa aconteceu durante Seu oitavo ano. Pela literatura Védica, parece que quando um ator de teatro dança entre muitas meninas dançarinas, o grupo de dança se chama dança rasa. Quando Krishna viu a lua cheia da estação sharat, Ele Se ornamentou com várias flores da época, especialmente as flores mallika, que são muito fragrantes, Ele lembrou as preces das gopis à deusa Katyayani, nas quais elas oraram por Krishna como seu esposo. Ele achou que a noite de lua cheia da estação sharat era bem adequada para uma boa dança. Assim o desejo delas para terem Krishna como seu esposo finalmente seria satisfeito. As palavras usadas a esse respeito no Srimad Bhagavatam são bhagavan api. Isso quer dizer que apesar de Krishna ser a Suprema Personalidade de Deus, e Ele não ter nenhum desejo que precise ser satisfeito porque Ele é sempre pleno com seis opulências, ainda assim, Ele queria desfrutar a companhia das gopis. Bhagavan api significa que isso não é igual à dança ordinária de jovens meninos e jovens meninas. A palavra específica usada no Srimad Bhagavatam é yogamayam upasritah, significa que essa dança com as gopis está na plataforma de yogamaya, não mahamaya. A dança de jovens meninos e meninas dentro deste mundo material está no reino de mahamaya, ou a energia externa. A dança rasa de Krishna com as gopis está na plataforma de yogamaya. A diferença entre a plataforma de yogamaya e mahamaya é comparada no Sri Chaitanya Charitamrita com a diferença entre ouro e ferro. Do ponto de vista da metalurgia, os dois, ouro e ferro são metais, porém a qualidade é completamente diferente. Similarmente, apesar da dança rasa e a associação do Senhor Krishna com as gopis parecer com a mistura ordinária de jovens meninos e meninas, a qualidade é completamente diferente. A diferença é apreciada por grandes Vaishnavas porque eles podem entender a diferença entre amor por Krishna e luxúria. Na plataforma mahamaya, dança acontece com base na satisfação sensual. Mas quando Krishna chama as gopis com o soar de Sua flauta, as gopis com muita pressa correm em direção ao local da dança rasa com o desejo transcendental de satisfazer Krishna. O autor do Sri Chaitanya Charitamrita, Krishnadasa Kaviraja Goswami, explicou que luxúria significa satisfação sensual, e amor também significa satisfação sensual; contudo, para Krishna. Em outras palavras, quando as atividades são atuadas na plataforma da satisfação sensual pessoal, são chamadas atividades materiais, porém quando são atuadas para a satisfação de Krishna, então são atividades espirituais. Em qualquer plataforma de atividades, o princípio da satisfação sensual existe. Entretanto, na plataforma espiritual, satisfação sensual é para a Suprema Personalidade de Deus, Krishna, enquanto na plataforma material é para o executor. Por exemplo, na plataforma material, quando um servente serve seu patrão, ele não tenta satisfazer os sentidos do seu patrão, mas sim seus próprios sentidos. O servente não servirá o patrão se o pagamento parar. Isso quer dizer que o servente se dedica ao serviço do patrão apenas para satisfazer seus sentidos. Na plataforma espiritual, o servidor da Suprema Personalidade de Deus serve Krishna sem pagamento, e continua seu serviço em todas as condições. Essa é a diferença entre Consciência de Krishna e consciência material. Parece que Krishna desfrutou a dança rasa com as gopis quando tinha oito anos de idade. Naquela época, muitas das gopis eram casadas, porque na Índia, especialmente naqueles dias, as meninas se casavam com idade bem cedo. Há até mesmo muitos exemplos de menina dar à luz um filho com doze anos de idade. Nessas circunstâncias, todas as gopis que quiseram Krishna como seu esposo já eram casadas. Mesmo assim, elas continuaram a ter esperança que Krishna seria seu esposo. Sua atitude em relação a Krishna era de amor de amante [extraconjugal]. Por isso, os casos amorosos de Krishna com as gopis se chamam parakiya-rasa. Um homem casado que deseja outra esposa ou uma esposa que deseja outro marido se chama parakiya-rasa. Na realidade, Krishna é o esposo de todos porque Ele é o desfrutador supremo. As gopis queriam que Krishna fosse seu esposo, porém efetivamente não havia possibilidade de Ele casar com todas as gopis. Mas porque elas tinham a tendência natural de aceitar Krishna como seu esposo supremo, a relação entre as gopis e Krishna se chama parakiya-rasa. Esse parakiya-rasa é sempre existente em Goloka Vrindavana no céu espiritual onde não existe a possibilidade de embriaguez o que caracteriza parakiya-rasa no mundo material. No mundo material, parakiya-rasa é abominável, enquanto no mundo espiritual está presente na superexcelente relação de Krishna com as gopis. Existem muitas outras relações com Krishna: mestre e servo, amigos e amigo, pai, mãe e filho, e amante e amado. De todos esses rasas, o parakiya-rasa é considerado o mais elevado. Este mundo material é o reflexo pervertido do mundo espiritual; é igual ao reflexo duma árvore na beira dum reservatório de água: a parte mais alta da árvore é vista como a parte mais baixa. Similarmente, parakiya-rasa, quando refletido pervertidamente neste mundo material, é abominável. Quando pessoas, dessa forma, imitam a dança rasa de Krishna com as gopis, simplesmente desfrutam o reflexo pervertido e abominável do parakiya-rasa transcendental. Não existe a possibilidade de desfrutar o parakiya-rasa transcendental dentro do mundo material. Está afirmado no Srimad Bhagavatam que ninguém deve imitar esse parakiya-rasa mesmo em sonho ou imaginação. Aqueles que fazem isso bebem o veneno mais mortal. Quando Krishna, o desfrutador supremo, desejou desfrutar a companhia das gopis naquela noite de lua cheia da estação sharat, exatamente nesse mesmo momento, a Lua, o senhor das estrelas, apareceu no céu, e exibiu suas características mais belas. A noite de lua cheia da estação sharat é a mais bela noite do ano. Na Índia, há um grande monumento chamado Taj Mahal em Agra, uma cidade da província de Uttar Pradesh, e a tumba é feita com pedra de mármore de primeira classe. Durante a noite de lua cheia da estação sharat, muitos estrangeiros vão lá para ver os belos reflexos da Lua na tumba. Assim, essa noite de lua cheia é celebrada até hoje por causa de sua beleza. Quando a lua cheia surgiu no leste, tingiu tudo com uma coloração avermelhada. Por causa do nascer da Lua, todo o céu pereceu como se estivesse manchado com kunkuma vermelha. Quando um esposo muito tempo separado de sua esposa volta para casa, ele decora a face de sua esposa com kunkuma vermelha. Esse tão esperado nascer do luar da estação sharat assim coloria o céu oriental. O aparecimento da Lua incrementou o desejo de Krishna dançar com as gopis. As florestas estavam cheias de flores fragrantes. A atmosfera era refrescante e festiva. Quando o Senhor Krishna começou a tocar Sua flauta, as gopis por toda Vrindavana ficaram encantadas. A atração delas pela vibração da flauta incrementou mil vezes devido ao nascer da lua cheia, o horizonte vermelho, a atmosfera calma e fresca, e as flores desabrochadas. Todas essas gopis eram por natureza muito atraídas pela beleza de Krishna, e quando elas ouviram a vibração de Sua flauta, ficaram aparentemente luxuriosas para satisfazerem os sentidos de Krishna. Imediatamente ao ouvirem a vibração da flauta, todas elas deixaram seus afazeres respectivos e procederam ao local onde Krishna estava situado. Enquanto elas corriam com muita rapidez, todos seus brincos balançavam de trás para a frente. Todas elas correram com pressa em direção ao local conhecido como Vamshivata. Algumas delas estavam ocupadas em tirar o leite das vacas, mas deixaram seu trabalho de ordenha pela metade e foram até Krishna imediatamente. Uma delas acabou de coletar o leite e colocá-lo numa panela sobre o fogão para ferver, mas ela não se importou se o leite ferveria e transbordaria; ela saiu imediatamente para ir ver Krishna. Algumas delas amamentavam seus bebês em seus seios, e algumas serviam comida aos membros de sua família, mas deixaram todas essas ocupações e imediatamente correram apressadas para o local onde Krishna tocava Sua flauta. Algumas estavam ocupadas em servir seus maridos, e algumas comiam sua comida, mas sem se importarem em servir seus maridos ou comer, elas saíram imediatamente. Algumas delas queriam embelezar suas faces com cosméticos de maquiagem e se vestir muito bem antes de ir até Krishna, mas infelizmente elas não conseguiram terminar suas maquiagens nem vestir as roupas de forma adequada por causa de sua ansiedade para encontrar com Krishna imediatamente. Suas faces foram maquiadas com pressa e acabadas ao acaso; algumas até mesmo colocaram a parte inferior da roupa em cima de seus corpos e a parte superior em baixo. Enquanto todas as gopis saíam com pressa de seus locais respectivos, seus maridos, irmãos e pais estavam todos abismados para saberem aonde elas iam. Porque eram jovens meninas, eram protegidas por seus esposos, irmãos mais velhos ou pais. Todos seus guardiões as proibiram de ir a Krishna, mas elas os ignoraram. Quando uma pessoa fica atraída por Krishna e está em Consciência de Krishna plena, ela não se importa com quaisquer deveres mundanos, mesmo se forem muito urgentes. Consciência de Krishna é tão poderosa que dá a todos o alívio de todas atividades materiais. Sri Rupa Goswami compôs um verso muito belo onde uma gopi aconselha a outra: "Minha querida amiga, se você deseja desfrutar a companhia de sociedade, amizade e amor materiais, então faça o favor de não ir ver esse menino sorridente Govinda, que está em pé na margem do Yamuna e toca Sua flauta, e Seus lábios estão iluminados pelos raios da lua cheia". Sri Rupa Goswami instrui indiretamente sobre a pessoa que foi cativada pela bela face sorridente de Krishna, e perde toda a atração por prazeres materiais. Esse é o teste do avanço na Consciência de Krishna: a pessoa avançada na Consciência de Krishna tem que perder o interesse pelas atividades materiais e satisfação sensual pessoal. Algumas das gopis foram realmente impedidas de irem a Krishna por seus maridos e foram trancadas à força dentro de seus quartos. Sem poderem ir a Krishna, elas começaram a meditar na forma transcendental Dele com os olhos fechados. Elas já tinham a forma de Krishna dentro de suas mentes. Elas provaram serem os maiores yogis; como está afirmado no Bhagavad-gita, uma pessoa que pensa constantemente em Krishna dentro de seu coração com fé e amor é considerada o mais elevado de todos os yogis. Na realidade, um yogi concentra sua mente na forma do Senhor Vishnu. Esse é o verdadeiro yoga. Krishna é a forma original de todos os Vishnu tattvas. As gopis não podiam ir a Krishna pessoalmente, por isso começaram a meditar Nele como yogis perfeitos. No estágio de vida condicionada dos seres vivos, existem dois tipos de resultados de atividades lucrativas: o ser vivo condicionado que se dedica constantemente a atividades pecaminosas tem sofrimento como seu resultado, e aquele que se dedica a atividades piedosas tem desfrute material como um resultado. Em ambos os casos; sofrimento material ou desfrute material; o desfrutador ou sofredor está condicionado na natureza material. As gopis companheiras de Krishna, que se reuniram no local onde Krishna apareceu eram de grupos diferentes. A maioria das gopis era das companheiras eternas de Krishna. Como está afirmado no Brahma-samhita, ananda-cin-maya-rasa-pratibhavitabhih: no mundo espiritual, os associados de Krishna, especialmente as gopis, são manifestação da potência de prazer do Senhor Krishna. Elas são expansões de Srimati Radharani. Todavia, quando Krishna exibe Seus passatempos transcendentais dentro do mundo material em algum dos universos, não somente os associados eternos de Krishna vêm, como também aqueles que foram promovidos a esse status a partir deste mundo material. As gopis que participaram dos passatempos de Krishna dentro deste mundo material vieram do status de seres humanos ordinários. Caso estivessem presas a ação lucrativa, ficaram plenamente livres da reação de karma pela constante meditação em Krishna. Seus anseios severamente dolorosos causados por não poderem ver Krishna as libertou de todas as reações pecaminosas, e seu êxtase de amor transcendental por Krishna na ausência Dele era transcendental a todas as suas reações de atividades materiais piedosas. A alma condicionada é sujeita a nascimento e morte, tanto por atividades piedosas quanto pecaminosas, porém as gopis que começaram a meditar em Krishna transcenderam ambas posições e se tornaram purificadas e assim elevadas ao status de gopis já expandidas da Sua potência de prazer. Todas as gopis que concentraram suas mentes em Krishna no espírito de amor extraconjugal ficaram plenamente descontaminadas de todas as reações lucrativas da natureza material, e algumas delas deixaram imediatamente seus corpos materiais desenvolvidos sob os três modos da natureza material. Maharaja Parikshit ouviu Shukadeva Goswami explicar a situação das gopis que se reuniram com Krishna na dança rasa. Quando ele ouviu que algumas das gopis, simplesmente por se concentrarem em Krishna como seu amante, ficaram livres de toda contaminação de nascimento e morte materiais, ele disse: "As gopis não sabiam que Krishna é a Suprema Personalidade de Deus. Elas O aceitaram como um belo menino e O consideraram como seu amante. Assim, como é possível que elas se livraram de toda condição material apenas por pensar em um amante"? Deve-se considerar aqui que Krishna e os seres vivos ordinários são qualitativamente unos. Os seres vivos ordinários, por serem parte e parcela de Krishna, também são Brahman, porém Krishna é o Supremo, Parabrahman. A questão é: se é possível para um devoto se livrar do estágio material contaminado simplesmente por pensar em Krishna, então por que outros também não podem isso por pensar em alguém? Se alguém pensar num marido ou filho, ou se qualquer um pensar em outro ser vivo, porque todos os seres vivos também são Brahman, então por que todos não se livram do estágio contaminado da natureza material? Essa é uma pergunta muito inteligente, porque os ateístas sempre imitam Krishna. Nestes dias de Kali-yuga, existem muitos impostores que se acham tão grandes quanto Krishna e que enganam as pessoas a acreditarem que pensar neles é tão bom quanto pensar no Senhor Krishna. Parikshit Maharaja, apreensivo com a condição perigosa dos seguidores cegos de imitadores demoníacos, fez essa pergunta, e felizmente está registrada no Srimad Bhagavatam para alertar pessoas inocentes que pensar em seres humanos ordinários e pensar em Krishna não são o mesmo. Na realidade, até mesmo pensar em semideuses não pode ser comparado a pensar em Krishna. Também é avisado no Vaishnava Tantra, a pessoa que coloca Vishnu, Narayana ou Krishna no mesmo nível dos semideuses é chamada pasanda, ou um patife. Ao ouvir essa pergunta de Maharaja Parikshit, Shukadeva Goswami respondeu: "Meu querido rei, sua pergunta já foi respondida, até mesmo antes desse incidente". Porque Parikshit Maharaja queria esclarecer a situação, seu mestre espiritual respondeu a ele muito inteligentemente: "Por que você pergunta novamente sobre o mesmo assunto da matéria que já lhe foi explicada? Por que você é tão esquecido"? Um mestre espiritual está sempre na posição superior, por isso ele tinha o direito de repreender seu discípulo dessa forma. Shukadeva Goswami sabia que Maharaja Parikshit fez a pergunta não para seu próprio entendimento, mas como um alerta para pessoas inocentes futuras que podem achar que outros são iguais a Krishna. Shukadeva Goswami então lembrou Parikshit Maharaja sobre a salvação de Shishupala. Shishupala tinha sempre inveja de Krishna, e por causa de sua inveja, Krishna o matou. Porque Krishna é a Suprema Personalidade de Deus, Shishupala obteve salvação simplesmente por vê-Lo. Se uma pessoa invejosa pode obter salvação simplesmente por concentrar sua mente em Krishna, o que falar das gopis que são tão queridas por Krishna e pensam sempre Nele com amor? Tem que haver alguma diferença entre os inimigos e os amigos. Se os inimigos de Krishna puderam se livrar da contaminação material e se tornaram um com o Supremo, então é certeza que Suas amigas queridas como as gopis estão livres e com Ele. Além disso, no Bhagavad-gita, Krishna é chamado de Hrishikesha, a Superalma. Shukadeva Goswami também disse que Krishna é Hrishikesha, a Superalma, enquanto um ser humano ordinário é uma alma condicionada coberta pelo corpo material. Krishna e o corpo de Krishna são o mesmo porque Ele é Hrishikesha. Qualquer pessoa que faz distinção entre Krishna e o corpo de Krishna é o tolo número um. Krishna é Hrishikesha e Adhokshaja. Essas duas palavras em particular foram usadas por Shukadeva Goswami nesse acontecimento. Hrishikesha é a Superalma, e Adhokshaja é a Suprema Personalidade de Deus, transcendental à natureza material. Justamente para favorecer os seres vivos ordinários, por Sua misericórdia sem causa, Ele aparece como Ele é. Infelizmente, pessoas tolas O confundem como se fosse uma outra pessoa ordinária, assim se tornam elegíveis para ir ao inferno. Shukadeva Goswami reconfirmou que Krishna é a Suprema Personalidade de Deus, imperecível, imensurável, e livre de toda contaminação material. Shukadeva Goswami continuou a informar Maharaja Parikshit que Krishna não é uma pessoa ordinária. Ele é a Suprema Personalidade de Deus, pleno de todas as qualidades espirituais. Ele aparece neste mundo material por Sua misericórdia sem causa, e sempre que Ele aparece, aparece como Ele é sem alteração. Isso também está confirmado no Bhagavad-gita. O Senhor diz lá que Ele aparece em Sua potência espiritual. Ele não aparece sob o controle desta potência material. Esta potência material está sob Seu controle. No Bhagavad-gita está afirmado que a potência material trabalha sob Sua superintendência. Também é confirmado no Brahma-samhita que a potência material conhecida como Durga age exatamente como uma sombra que se move com o movimento da substância. A conclusão é que se alguém de uma forma ou de outra ficar apegada a Krishna ou atraída por Ele, tanto por causa de Sua beleza, opulência, fama, força, renúncia ou conhecimento, ou até mesmo por luxúria, ira ou medo, ou afeição ou amizade, então sua salvação e liberdade da contaminação material estão asseguradas. No Bhagavad-gita, Capítulo Dezoito, o Senhor também afirma que a pessoa dedicada à pregação da Consciência de Krishna é muito querida por Ele. Um pregador tem que enfrentar muitas dificuldades em seu esforço para pregar a pura Consciência de Krishna. Às vezes ele tem que sofrer ferimentos físicos, e às vezes tem que encontrar a morte também. Tudo isso é aceito como uma grande austeridade em favor de Krishna. Krishna por isso afirmou que esse pregador é muito, muito querido por Ele. Se os inimigos de Krishna podem contar com a salvação simplesmente por concentrarem suas mentes Nele, o que dizer de pessoas que são tão queridas por Krishna? A conclusão deve ser que a salvação daqueles que estão dedicados à pregação da Consciência de Krishna no mundo está garantida em todas as circunstâncias. Porém esses pregadores nunca se importam com salvação, porque na realidade a pessoa que está dedicada à Consciência de Krishna, serviço devocional, já alcançou a salvação. Shukadeva Goswami portanto assegurou o rei Parikshit que ele deve sempre ficar seguro de que alguém atraído a Krishna obtém liberação do cativeiro material porque Krishna é o mestre transcendental de todo poder místico. Quando todas as gopis se reuniram, como descrito, perante Krishna, Ele começou a falar com elas, deu-lhes as boas vindas e também as desencorajou com malabarismo de palavras. Krishna é o orador supremo; Ele é o orador do Bhagavad-gita. Ele pode falar sobre os assuntos mais elevados de filosofia, política, economia; tudo. E Ele também falou perante as gopis que eram tão queridas por Ele. Ele queria encantá-las com jogo de palavras, assim, Ele começou a falar como se segue. "Ó damas de Vrindavana", disse Krishna, "vocês são muito afortunadas, e são muito queridas por Mim. Estou muito satisfeito que vocês vieram aqui, e espero que esteja tudo bem em Vrindavana. Agora façam o favor de Me ordenarem. O que posso fazer por vocês? Qual o propósito de virem aqui na calada da noite? Façam o favor de tomarem seus lugares e deixem-Me saber o que posso fazer por vocês". As gopis foram até Krishna para desfrutar Sua companhia, para dançar com Ele, abraçá-Lo e beijá-Lo, e quando Krishna começou a recebê-las com muita formalidade, a exibir todos os tipos de etiqueta, elas ficaram surpresas. Ele as tratou como mulheres da sociedade ordinárias. Assim elas começaram a sorrir entre si, e elas com muito anseio ouviram Krishna falar daquela forma. Quando Ele viu que elas riam Dele, Ele disse: "Minhas queridas amigas, vocês devem saber que agora é a escuridão da noite, e a floresta é muito perigosa. Nesse horário, todos os animais ferozes da selva, os tigres, ursos, chacais e lobos, rondam pela floresta. Por isso que é muito perigoso para vocês. Vocês não conseguirão encontrar um local seguro agora. Em qualquer lugar que forem, perceberão que todos esses animais espreitam para encontrar sua presa. Eu acho, portanto, que vocês correm um grande risco ao virem aqui no meio da noite. Façam o favor de voltarem imediatamente, sem demora". Quando Ele viu que elas continuavam a sorrir, Ele disse: "Eu aprecio muito seus dotes físicos. Vocês todas têm muito belas cinturas finas". Todas as gopis ali eram primorosamente belas. Elas são descritas com a palavra sumadhyama; o padrão de beleza de uma mulher é chamado sumadhyama quando a parte do meio do corpo é esguia. Krishna queria impressioná-las por não serem adultas o suficiente para cuidarem de si mesmas. Na realidade, elas precisavam de proteção. Não era muito inteligente elas irem encontrar com Krishna na calada da noite. Krishna também insinuou que Ele era jovem e que elas eram jovens meninas. "Não parece muito bom que jovens meninas e meninos fiquem juntos na calada da noite". Depois de ouvirem esse conselho, as gopis não pareciam muito felizes; assim Krishna começou a enfatizar esse ponto de forma diferente. "Minhas queridas amigas, posso entender que vocês deixaram seus lares sem a permissão de seus guardiões; por isso Eu acho que suas mães, seus pais, seus irmãos mais velhos e até mesmo seus filhos, e o que dizer de seus maridos, devem estar muito ansiosos para encontrá-las. Durante o tempo que estão aqui, eles devem estar procurando em diferentes lugares, e as mentes deles devem estar agitadas. Por isso não demorem. Façam o favor de voltar para acalmá-los". Quando as gopis pareceram estar um pouco perturbadas e zangadas com o conselho gratuito de Krishna, desviaram sua atenção e olharam para a beleza da floresta. Naquele momento, a floresta inteira estava iluminada pelo brilho claro do luar, e o ar soprava muito silenciosamente pelas flores desabrochadas, e as folhas verdes das árvores se moviam com a brisa. Krishna aproveitou a oportunidade enquanto elas olhavam a floresta para aconselhá-las: "Eu acho que vocês vieram para ver a bela floresta de Vrindavana nesta noite", disse Ele, "porém agora devem ficar satisfeitas. Assim, retornem para seus lares sem demora. Eu entendo que vocês são mulheres muito castas, por isso agora que viram a bela atmosfera das florestas de Vrindavana, façam o favor de retornarem e se dedicarem ao serviço fervoroso de seus respectivos maridos. Algumas de vocês devem ter bebês nesse momento, apesar de serem muito jovens. Vocês devem ter deixado seus bebês em casa, e eles devem estar chorando. Façam o favor de voltarem para casa imediatamente e alimentá-los com o leite de seus seios. Eu também posso entender que vocês têm afeição muito grande por Mim, e por causa dessa afeição transcendental vocês vieram aqui, ao ouvirem o toque da Minha flauta. Seus sentimentos de amor e afeição por Mim são muito apropriados porque Eu sou a Suprema Personalidade de Deus. Todas as criaturas vivas são Minhas partes e parcelas, e naturalmente têm afeição por Mim. Assim essa afeição por Mim é muito bem-vinda, e Eu as congratulo por isso. Agora vocês podem voltar para suas casas. Outra coisa que preciso explicar a vocês é que para uma mulher casta, serviço ao esposo sem duplicidade é o melhor princípio religioso. Uma mulher não deve ser somente fervorosa e casta com o esposo, mas afetuosa com os amigos de seu esposo, obediente ao pai e mãe do esposo, e afetuosa com os irmãos mais novos do esposo. E o mais importante, a mulher deve cuidar dos filhos pequenos". Dessa forma, Krishna explicou o dever de uma mulher. Ele também enfatizou o ponto de servir o esposo: "Mesmo se ele não tiver um caráter muito bom, ou mesmo se ele não for muito rico ou poderoso ou mesmo se for velho ou inválido por causa de doença crônica, seja qual for a condição do seu esposo, a mulher não deve se divorciar de seu marido se realmente desejar elevação aos sistemas planetários superiores depois de deixar este corpo. Além do mais, é considerado abominável na sociedade se uma mulher for infiel e começar a procurar outro homem. Tais hábitos impedirão a mulher de se elevar aos planetas celestiais, e os resultados desses hábitos são muito degradantes. Uma mulher casada não deve procurar um amante, porque isso não é sancionado pelos princípios Védicos da vida. Se vocês acham que estão muito atraídas por Mim e querem a Minha associação, Eu as aconselho a não tentarem desfrutar de Mim pessoalmente. É melhor vocês irem para casa, simplesmente falem sobre Mim, pensem em Mim, e por meio desse processo de se lembrar constantemente de Mim e cantar Meus nomes, vocês seguramente serão elevadas à plataforma espiritual. Não há necessidade de ficar perto de Mim. Façam o favor de voltarem para casa". A instrução dada aqui pela Suprema Personalidade de Deus para as gopis não foi sarcástica de jeito nenhum. Essas instruções devem ser levadas muito a sério por todas as mulheres honestas. A castidade da mulher é enfatizada especificamente aqui pela Suprema Personalidade de Deus. Dessa forma, esse princípio deve ser seguido por qualquer mulher séria que queira se elevar ao status mais elevado de vida. Krishna é o centro de toda afeição para todas as criaturas vivas. Quando essa afeição é desenvolvida para Krishna, aí a pessoa ultrapassa e transcende todas as regulações Védicas. Isso foi possível para as gopis porque elas viram Krishna face a face. Isso não é possível para nenhuma mulher no estado condicionado. Infelizmente, ao imitar o comportamento de Krishna com as gopis, às vezes algum impostor assume a posição de Krishna, por seguir a filosofia do monismo, ou unidade, e muito irresponsavelmente ele se aproveita dessa rasa-lila para seduzir muitas mulheres inocentes e desviá-las em nome da realização espiritual. Como um aviso, o Senhor Krishna insinuou aqui, aquilo que foi possível para as gopis não é possível para nenhuma mulher ordinária. Apesar de uma mulher poder realmente ser elevada pelo avanço na Consciência de Krishna, ela não deve se seduzir por um impostor que afirma ser Krishna. Ela deve concentrar suas atividades devocionais em cantar e meditar em Krishna, como é aconselhado aqui. Não se deve seguir as pessoas chamadas sahajiya, os assim chamados devotos que aceitam tudo muito levianamente. Quando Krishna falou dessa forma desencorajadora com as gopis, elas ficaram muito tristes, porque acharam que seu desejo de desfrutar a dança rasa com Krishna tinha sido frustrado. Assim elas ficaram cheias de ansiedade. Por causa da grande tristeza, as gopis começaram a respirar muito pesadamente. Em vez de olhar para Krishna face a face, elas baixaram a cabeça e olharam para o chão, e começaram a desenhar vários tipos de linhas curvas no chão com o dedo do pé. Elas derramavam lágrimas pesadas, e suas decorações cosméticas eram lavadas de seus rostos. A água de seus olhos se misturava com o kunkuma em seus seios e caía no chão. Elas não conseguiam dizer nada para Krishna, simplesmente ficaram lá imóveis silenciosamente. Pelo seu silêncio elas expressaram que seus corações estavam gravemente feridos. As gopis não eram mulheres ordinárias. Em essência elas estavam num nível igual a Krishna. Elas são Suas associadas eternas. Como está confirmado no Brahma-samhita, elas são expansões da potência de prazer de Krishna, e como Sua potência, elas não são diferentes Dele. Apesar de ficarem deprimidas com as palavras de Krishna, elas não gostavam de usar palavras duras contra Ele. Em vez disso, elas queriam repreender Krishna por Suas palavras duras, assim elas começaram a gaguejar com suas vozes embargadas. Elas não gostavam de usar palavras ásperas contra Krishna porque Ele era o mais querido delas, sua vida e alma. As gopis só tinham Krishna dentro de seus corações. Elas eram almas completamente rendidas e dedicadas. Naturalmente, quando elas ouviram essas palavras duras, tentaram responder, porém na tentativa caíam torrentes de lágrimas de seus olhos. Finalmente elas conseguiram se recompor para falar. "Krishna", elas disseram, "Você é muito cruel! Você não deve falar desse jeito. Nós somos almas rendidas plenamente. Faça o favor de nos aceitar, e não fale de forma tão cruel. Claro que Você é a Suprema Personalidade de Deus, e Você pode fazer o que quiser, mas não é digno da Sua posição nos tratar de forma tão cruel. Nós viemos até Você, deixamos tudo para trás, justamente para nos abrigarmos em Seus pés de lótus. Nós sabemos que Você é independente e pode fazer o que desejar, porém nós Lhe pedimos, não nos rejeite. Nós somos Suas devotas. Você tem que nos aceitar como o Senhor Narayana aceita Seus devotos. Existem muitos devotos do Senhor Narayana que O adoram por salvação, e Ele lhes concede salvação. Similarmente, como Você pode nos rejeitar quando nós não temos nenhum outro abrigo além de Seus pés de lótus"? "Ó querido Krishna", elas continuaram, "Você é o instrutor supremo. Não há nenhuma dúvida quanto a isso. Suas instruções para as mulheres serem fiéis a seus esposos e misericordiosas com seus filhos, cuidarem dos afazeres domésticos e serem obedientes aos membros mais velhos da família, com certeza estão justamente de acordo com os princípios dos shastras. Mas nós também sabemos que todas essas instruções dos shastras podem ser observadas perfeitamente por manter-se sob a proteção de Seus pés de lótus. Nossos maridos, amigos, membros familiares e filhos são todos agradáveis para nós somente por causa da Sua presença, porque Você é a Superalma de todas as criaturas. Sem a Sua presença, a pessoa é inútil. Quando Você deixa o corpo, o corpo morre imediatamente, e de acordo com a lei do shastra, um corpo morto deve ser jogado num rio ou queimado imediatamente. Portanto, ultimamente Você é a personalidade mais querida neste mundo. Ao pôr nossa fé e amor em Sua personalidade, não há chance de ficarmos desprovidas de marido, amigos, filhos ou filhas. Se uma mulher aceitá-Lo como o esposo supremo, nunca ficará desprovida de seu esposo, enquanto estiver no conceito corpóreo de vida. Se nós O aceitamos como nosso esposo último, não há questão de ficar separada, divorciada ou viúva. Você é o esposo eterno, filho eterno, amigo eterno, e mestre eterno, e a pessoa que entra num relacionamento com Você fica feliz eternamente. Porque Você é o professor de todos os princípios religiosos, Seus pés de lótus têm que ser adorados primeiro. Em concordância, os shastras afirmam, acharya-upasana: a adoração de Seus pés de lótus é o primeiro princípio. Além disso, como afirmado no Bhagavad-gita, Você é o desfrutador supremo, Você é o único proprietário, e Você é o único amigo. Assim, nós viemos até Você, deixamos de lado todos os assim chamados amigos, sociedade e amor, e agora Você se tornou nosso desfrutador. Que nós sejamos desfrutadas por Você para sempre. Seja nosso proprietário, pois isso é Seu direito natural, e seja nosso amigo supremo, porque Você é assim naturalmente. Deixe-nos abraçá-Lo como o querido supremo". As gopis disseram a Krishna de olhos de lótus: "Faça o favor de não desencorajar nossos desejos estimados há tanto tempo de ter Você como esposo. Qualquer ser humano inteligente que se preocupa com seu interesse pessoal repousa todo seu espírito amoroso em Você. Pessoas que estão simplesmente desencaminhadas pela energia externa, que querem ficar satisfeitas com conceitos falsos, tentam desfrutar à parte de Você. O assim chamado esposo, amigo, filho, filha, ou pai e mãe são todos simplesmente fontes de sofrimento material. Ninguém é feito feliz neste mundo material por ter supostos pai, mãe, esposo, filho, filha e amigo. Apesar de se esperar que o pai e a mãe protejam seus filhos, existem muitas crianças que sofrem por falta de comida e abrigo. Existem muitos bons médicos, mas quando um paciente morre, nenhum médico pode revivê-lo. Existem muitos meios de proteção, porém quando alguém está condenado, nenhuma medida de proteção pode ajudar, e sem a Sua proteção, as supostas fontes de proteção simplesmente se tornam fontes de aflição contínua. Portanto, nós apelamos a Você, querido Senhor de todos os senhores, faça o favor de não matar nossos desejos estimados há tanto tempo para ter Você como nosso esposo supremo". "Querido Krishna, como mulheres, certamente ficamos satisfeitas quando nossos corações estão dedicados às atividades dos afazeres familiares, porém nossos corações já foram roubados por Você. Nós não podemos mais dedicá-los aos afazeres familiares. Além disso, Você nos pede repetidamente para voltarmos para casa, e essa é uma instrução muito apropriada, mas infelizmente estamos desnorteadas aqui. Nossas pernas não têm poder nenhum para dar um passo que se afaste de Seus pés de lótus. Assim, mesmo se nós voltarmos para casa a pedido Seu, o que faremos lá? Nós perdemos toda a nossa capacidade de agir sem Você. Em vez de dedicar nossos corações aos afazeres familiares de mulheres, agora desenvolvemos um tipo diferente de luxúria que arde continuamente em nossos corações. Agora nós pedimos a Você, querido Krishna, que extinga esse fogo com Seu belo sorriso e a vibração transcendental que emana de Seus lábios. Se Você não concordar em nos fazer esse favor, nós com certeza queimaremos no fogo da separação. Nessa condição, simplesmente pensaremos em Você e em Suas belas feições e abandonaremos nossos corpos imediatamente. Assim desse jeito nós achamos que será possível para nós residirmos em Seus pés de lótus na próxima vida. Querido Krishna, se Você disser que se formos para casa nossos maridos respectivos satisfarão a chama luxuriosa de nosso desejo, só podemos dizer que isso não é mais possível. Você nos deu uma chance de sermos desfrutadas por Você na floresta e tocou nossos seios uma vez no passado, o que aceitamos como uma bênção, como fez a deusa da fortuna, que é desfrutada por Você nos Vaikunthalokas. Desde que saboreamos esse prazer transcendental, não estamos mais interessadas em ir a ninguém mais além de Você para a satisfação de nossa luxúria. Querido Krishna, os pés de lótus da deusa da fortuna são sempre adorados pelos semideuses, apesar de ela estar sempre a repousar em Seu tórax nos planetas Vaikuntha. Ela se submeteu a grande austeridade e penitência para ter algum abrigo em Seus pés de lótus, que estão sempre cobertos por folhas de tulasi. Seus pés de lótus são o abrigo apropriado de Seus servidores, e a deusa da fortuna, em vez de permanecer no Seu tórax, desce abaixo e adora Seus pés de lótus. Agora nós nos colocamos sob a poeira de Seus pés. Faça o favor de não nos rejeitar, porque somos almas plenamente rendidas". "Querido Krishna, Você é conhecido como Hari. Você destrói todos os sofrimentos de todos os seres vivos, especificamente daqueles que deixaram seu apego por lares e família e se entregaram completamente a Você. Nós deixamos nossos lares com a esperança de que iríamos dedicar e devotar completamente nossas vidas a Seu serviço. Nós simplesmente imploramos para sermos comprometidas como Suas servas. Nós não desejamos Lhe pedir para nos aceitar como Suas esposas. Simplesmente nos aceite como Suas empregadas. Porque Você é a Suprema Personalidade de Deus e gosta de desfrutar o parakiya-rasa e é famoso como o conquistador de mulheres transcendental, viemos satisfazer Seus desejos transcendentais. Nós também estamos atrás de nossa própria satisfação, porque simplesmente por olhar Sua face sorridente ficamos muito luxuriosas. Viemos até Você decoradas com todos ornamentos e roupas, porém até que nos abrace, todas as nossas roupas e belas feições ficarão incompletas. Você é a Pessoa Suprema, e se Você completar nossa tentativa de vestimenta como o purusha-bhushana, ou o ornamento masculino, então todos os nossos desejos e decorações corpóreas ficarão completos". "Querido Krishna, nós ficamos cativadas simplesmente ao olhar Você com tilaka e com brincos e ao ver Sua bela face coberta com cabelo desgrenhado e Seu sorriso extraordinário. Não só isso, mas também ficamos atraídas por Seus braços, que sempre dão segurança aos seres rendidos. E apesar de ficarmos atraídas por Seu tórax, que é sempre abraçado pela deusa da fortuna, nós não desejamos tomar a posição dela. Nós ficaremos satisfeitas simplesmente em sermos suas criadas. Se entretanto Você nos acusar de incentivar a prostituição, então apenas perguntamos onde está aquela mulher dentro destes três mundos que não está cativada pela Sua beleza e as melodias cadenciadas vibradas por Sua flauta transcendental? Dentro destes três mundos não existe distinção entre homens e mulheres em relação a Você porque tanto os homens quanto as mulheres pertencem à potência marginal ou prakriti. Ninguém na realidade é o desfrutador ou o macho; todos são destinados a serem desfrutados por Você. Não existe nenhuma mulher dentro destes três mundos que não faz outra coisa além de se desviar de seu caminho da castidade uma vez que ficou atraída a Você porque Sua beleza é tão sublime que não somente homens e mulheres mas também vacas, pássaros, animais e mesmo árvores, frutas e flores; todos e tudo; ficam encantados, e o que falar de nós? Está, entretanto, definitivamente decidido porque o Senhor Vishnu sempre protege os semideuses dos ataques dos demônios, assim Você também adveio em Vrindavana justamente para das aos residentes proteção contra todos os tipos de aflição. Ó querido amigo do aflito, bondosamente ponha Sua mão em nossos seios ardentes e também em nossas cabeças, porque nós nos rendemos a Você como Suas criadas eternas. Se, entretanto, Você achar que Suas palmas de lótus podem se queimar em cinzas se colocadas em nossos seios ardentes, deixe-nos assegurá-Lo que Suas palmas sentirão prazer em vez de dor, como a flor de lótus, apesar de muito delicada e macia, desfruta o calor escaldante do Sol". Depois de ouvir o apelo ansioso da gopis, a Suprema Personalidade de Deus começou a sorrir, como é muito amável com as gopis, o Senhor apesar de auto-suficiente, começou a abraçá-las e beijá-las da forma como elas desejaram. Quando Krishna, a sorrir, olhou para as faces das gopis, a beleza de suas faces incrementou cem vezes. Enquanto Ele as desfrutava no meio delas, parecia como a lua cheia rodeada de milhões de estrelas brilhantes. Assim a Suprema Personalidade de Deus, rodeado de centenas de gopis e decorado com um colar de flores de muitas cores, começou a vaguear dentro da floresta de Vrindavana, às vezes cantava só Ele e outra vezes cantava com as gopis. Dessa forma, o Senhor e as gopis chegaram à areia refrescante na beira do Yamuna onde havia lírios e flores de lótus. Nessa atmosfera transcendental, tanto as gopis quanto Krishna começaram a se desfrutar um ao outro. Enquanto andavam pela margem do Yamuna, Krishna às vezes punha Seus braços em volta da cabeça, seios ou cintura de uma gopi. Eles beliscavam um o outro e brincavam e olhavam um para o outro, assim se divertiam. Quando Krishna tocava no corpo das gopis, sua luxúria para abraçá-Lo incrementava. Todos eles desfrutaram esses passatempos. Assim as gopis foram abençoadas com a misericórdia da Suprema Personalidade de Deus porque elas desfrutaram a companhia Dele sem nenhum vestígio de vida sexual mundana. As gopis, entretanto, logo começaram a se sentir muito orgulhosas, ao se acharem as mulheres mais afortunadas do universo por serem favorecidas com a companhia de Krishna. O Senhor Krishna, que é conhecido como Keshava, pôde entender imediatamente o orgulho delas causado por sua grande fortuna de desfrutar Dele pessoalmente, e para mostrar a elas Sua misericórdia sem causa e para restringir seu orgulho falso, Ele desapareceu da cena imediatamente, assim exibiu Sua opulência da renúncia. A Suprema Personalidade de Deus é sempre plena com seis tipos de opulências, e este é um exemplo da opulência da renúncia. Essa renúncia confirma o desapego total de Krishna. Ele é sempre auto-suficiente e não depende de nada. Essa é a plataforma na qual os passatempos transcendentais acontecem.
Assim termina o significado Bhaktivedanta do Capítulo Vinte e Nove de Krishna, "A Dança Rasa: Introdução".
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"KRISHNA - A Suprema Personalidade de Deus"
(Original Sem "Correções") de Sua Divina Graça
Krishna Desaparece das Gopis
Quando Krishna desapareceu subitamente da companhia das gopis, elas começaram a procurá-Lo em toda parte. Depois de não achá-Lo em nenhum lugar, elas ficaram com medo e quase loucas atrás Dele. Elas simplesmente pensavam nos passatempos de Krishna com muito amor e afeição. Absortas no pensamento, elas experimentaram perda de memória, e com os olhos umedecidos começaram a ver mesmo os passatempos de Krishna, Suas belas conversas com elas, Seus abraços, beijos e outras atividades. Tinham tanta atração por Krishna que começaram a imitar Sua dança, Seu andar e sorriso, como se elas próprias fossem Krishna. Por causa da ausência de Krishna, todas elas começaram a enlouquecer; cada uma delas começou a dizer à outra que era o próprio Krishna em pessoa. Logo todas elas começaram a se reunir e cantar o nome de Krishna muito alto, e elas se moviam de uma parte da floresta à outra, à procura de Krishna. Na realidade, Krishna é todo-penetrante: Ele está no céu, e Ele está na floresta; Ele está dentro do coração, e Ele está sempre em toda parte. Assim, as gopis começaram a perguntar às árvores e plantas sobre Krishna. Havia vários tipos de árvores grandes e pequenas plantas na floresta, e as gopis começaram a perguntar a elas: "Querida árvore banyan, você viu o filho de Nanda Maharaja passar por este caminho, a sorrir e tocar Sua flauta? Ele roubou nossos corações e foi embora. Se você O viu, faça o favor de nos informar por qual caminho Ele foi. Querida árvore ashoka, querida árvore da flor naga e árvore da flor champaka, vocês viram o irmão mais novo de Balarama passar por este caminho? Ele desapareceu por causa do nosso orgulho". As gopis tinham ciência da razão porque Krishna desapareceu subitamente. Elas puderam entender que quando desfrutavam Krishna, elas se acharam as mulheres mais afortunadas dentro do universo, e porque se sentiram orgulhosas, Krishna desapareceu imediatamente justamente para restringir o orgulho delas. Krishna não gosta que Seus devotos fiquem orgulhosos por causa de seu serviço a Ele. Ele aceita o serviço de todos, porém Ele não gosta que um devoto seja mais orgulhoso do que outros. Se às vezes acontecem tais sentimentos, Krishna os termina por mudar Sua atitude em relação ao devoto. As gopis então começaram a perguntar às plantas tulasi: "Querida tulasi, você é muito querida pelo Senhor Krishna porque suas folhas estão sempre em Seus pés de lótus. Querida flor malati, querida flor mallika, querida flor jasmim, todas vocês devem ter sido tocadas por Krishna enquanto Ele passava por este caminho depois de nos dar desfrute transcendental. Vocês viram Madhava passar por aqui? Ó mangueiras, ó jaqueiras, ó pereiras e árvores asana! Ó árvores de amora-preta e árvores bael e árvores da flor kadamba, vocês são árvores muito piedosas porque vivem na beira do Yamuna. Krishna deve ter passado por este caminho. Sejam bondosas e façam o favor de nos dizer por qual caminho Ele foi"? As gopis então olharam para o chão por onde pisavam e começaram a se dirigir à Terra: "Querido planeta terrestre, nós não sabemos quantas penitências e austeridades você se submeteu para agora viver com as pegadas de Krishna sobre você. Você é sempre muito alegre; os cabelos em seu corpo são essas árvores e plantas jubilosas. O Senhor Krishna deve ter ficado muito satisfeito com você, senão como Ele a abraçaria na forma do javali Varaha? Quando você estava submersa na água, Ele a libertou, e pegou todo o peso da sua existência com Suas presas". Depois de se dirigirem às inúmeras árvores e plantas, elas voltaram suas faces em direção aos belos cervos que olhavam para elas de forma muito agradável. "Parece", elas se dirigiram aos cervos, "que Krishna, que é o Próprio Narayana Supremo, deve ter passado através deste caminho junto com Sua companheira Lakshmi, a deusa da fortuna. De outra forma, como é possível que o aroma do colar de flores Dele, que está manchado com o kunkuma vermelho dos seios da deusa da fortuna, pode ser percebido na brisa que sopra aqui? Parece que devem ter passado por aqui e tocado nos seus corpos, e por isso que vocês se sentem tão satisfeitos e nos olham com simpatia. Vocês então façam o favor de nos informar por qual caminho Krishna foi? Krishna é o benquerente de Vrindavana. Ele é tão bom com vocês quanto para nós; por isso que depois de nos deixar, Ele deve ter estado na companhia de vocês. Ó árvores afortunadas, nós pensamos em Krishna, o irmão mais novo de Balarama. Enquanto passou por aqui, com uma mão a descansar no ombro da deusa da fortuna e com a outra mão a girar uma flor de lótus, Ele deve ter ficado muito contente ao aceitar suas reverências, e deve ter olhado para vocês com muito prazer". Algumas gopis então começaram a se dirigir às suas outras amigas gopis: "Queridas amigas, porque vocês não perguntam a essas plantas trepadeiras que estão em júbilo por abraçar as grandes árvores como se as árvores fossem seus esposos? Parece que as flores das plantas devem ter tocado as unhas de Krishna. De outra forma, como podem se sentir tão jubilosas"? Depois de procurar Krishna aqui e ali, quando as gopis ficaram fatigadas, começaram a falar igual a mulheres loucas. Elas só conseguiam se satisfazer quando imitavam os diferentes passatempos de Krishna. Uma delas imitou a demônia, Putana, e uma delas imitou Krishna e sugou o seio dela. Uma gopi imitou o carrinho de mão, e outra gopi deitou debaixo do carrinho e começou a agitar suas pernas para cima, e tocou as rodas do carro, como Krishna fez para matar o demônio Shakatasura. Elas imitaram Krishna criança, deitado no chão, e uma gopi se tornou o demônio Trinavarta e carregou a criança pequena Krishna à força para o céu; e uma das gopis começou a imitar Krishna quando tentava andar, e Seus guizos de tornozelo tilintavam. Duas gopis imitaram Krishna e Balarama, e muitas outras imitaram Seus amigos meninos pastores de vacas. Uma gopi assumiu a forma de Bakasura, e outra forçou sua queda da mesma forma como o demônio Bakasura foi morto; similarmente, outra gopi derrotou Vatsasura. Do mesmo modo como Krishna costumava chamar Suas vacas por seus nomes respectivos, assim as gopis O imitaram, e chamaram as vacas por seus nomes respectivos. Uma das gopis começou a tocar uma flauta, e outra a elogiou igual os meninos amigos O elogiavam quando Ele tocava Sua flauta. Uma das gopis pegou outra gopi em seus ombros, do mesmo jeito que Krishna costumava fazer com Seus amigos. Absorta em pensamentos de Krishna, a gopi que carregava sua amiga começou a se vangloriar que ela era o próprio Krishna mesmo: "Todas vocês vejam meu movimento"! Uma das gopis levantou sua mão com a cobertura de sua roupa e disse: "Agora não tenham medo das torrentes de chuva e dos furacões severos. Eu vou salvar vocês"! Dessa maneira, ela imitou o levantamento da colina Govardhana. Uma gopi pôs seu pé à força na cabeça de outra gopi e disse: "Kaliya seu velhaco! Vou puni-lo severamente. Você tem que sair deste lugar. Eu descendi nesta Terra para punir todos os tipos de malvados"! Outra gopi disse a suas amigas: "Vejam! As chamas do incêndio da floresta vêm para nos devorar. Façam o favor de fechar seus olhos, e Eu salvarei vocês imediatamente desse perigo iminente". Assim, todas as gopis sentiam loucamente a ausência de Krishna. Elas perguntaram Dele para as árvores e plantas. Em alguns lugares, elas encontraram as impressões das marcas das solas de Seus pés; a saber, a flâmula, a flor de lótus, o tridente, o raio, etc.. Depois de ver essas pegadas, elas exclamaram: "Ó aqui tem uma impressão das marcas das solas dos pés de Krishna. Todas as marcas, como a flâmula, a flor de lótus, o tridente e o raio, são visíveis distintamente aqui". Elas começaram a seguir as pegadas, e logo viram outro par de pegadas ao lado daquelas, e imediatamente ficaram muito tristes. "Queridas amigas, vejam! De quem são essas pegadas? Elas estão do lado das pegadas do filho de Nanda Maharaja. Com certeza é Krishna que passou por aqui, com Sua mão a descansar sobre outra gopi, exatamente igual ao elefante que vai lado a lado de sua companheira querida. Devemos entender, portanto, que essa gopi específica serviu Krishna com maior amor afeiçoado do que nós mesmas. Por causa disso, apesar de nos deixar, Ele não pôde deixar a companhia Dela. Ele A levou Consigo. Queridas amigas, simplesmente imaginem como a poeira deste local é transcendentalmente gloriosa. A poeira dos pés de lótus de Krishna é adorada até mesmo pelo Senhor Brahma e Senhor Shiva e a deusa da fortuna, Lakshmi. Porém ao mesmo tempo, estamos muito tristes porque essa gopi em particular foi embora com Krishna, porque Ela saboreia o néctar dos beijos de Krishna e nos deixou de lado para lamentar. Ó amigas, vejam! Neste ponto em particular nós não vemos as pegadas dessa gopi. Parece que por causa das pontas afiadas da grama seca, Krishna pegou Radharani em Seu ombro. Ó, Ela é tão querida por Ele! Krishna deve ter colhido algumas flores neste local para agradar Radharani, porque aqui, onde Ele Se esticou para alcançar as flores nos ramos mais altos da árvore, encontramos somente meia impressão de Seus pés. Queridas amigas, apenas vejam como Krishna deve ter sentado aqui com Radharani e tentou pôr flores no cabelo Dela. Vocês podem ter certeza que os dois sentaram juntos aqui". Krishna é auto-suficiente; Ele não tem nada para desfrutar de outra fonte, mesmo assim, justamente para satisfazer Seu devoto, Ele tratou Radharani exatamente igual como um menino luxurioso trata sua namorada. Krishna é tão bom que Ele sempre tolera as perturbações criadas por Suas namoradas. Assim, todas as gopis começaram a apontar as falhas da gopi específica que foi levada sozinha por Krishna. Elas começaram a dizer que a gopi líder, Radharani, que foi levada sozinha por Krishna, deve estar muito orgulhosa da Sua posição, e deve Se achar a maior das gopis. "Mesmo assim, como Krishna pôde levá-La sozinha, e deixar nós todas de lado, a menos que Ela seja extraordinariamente qualificada e bela? Ela deve ter levado Krishna para dentro da floresta profunda e disse a Ele: 'Meu querido Krishna, estou muito cansada agora. Não consigo andar mais. Faça o favor de Me carregar para onde Você quiser'. Quando Krishna foi abordado dessa forma, Ele deve ter dito à Radharani: 'Está certo, melhor subir no Meu ombro'. Porém Krishna deve ter desaparecido imediatamente, e agora Radharani deve se lamentar por Ele: 'Meu querido amante, Meu mais querido, Você é tão fino e tão poderoso. Aonde Você foi? Eu não sou nada além de Sua criada mais obediente. E estou muito aflita. Por favor, venha e fique Comigo novamente'. Krishna, entretanto, não vem para Ela. Ele deve observar de um lugar distante e desfruta a tristeza Dela". Todas as gopis então foram mais e mais floresta adentro, à procura de Krishna, porém quando souberam que na realidade Radharani foi deixada sozinha por Krishna, elas ficaram muito tristes. Esse é o teste da Consciência de Krishna. No início, elas estavam com um pouco de inveja porque Krishna levou Radharani sozinha, e deixou de lado todas as outras gopis, mas logo que souberam que Krishna também deixou Radharani e que Ela também lamentava por Ele, ficaram mais solidárias com Ela. As gopis encontraram Radharani e ouviram tudo Dela, sobre como Ela se comportou mal com Krishna e como Ela ficou orgulhosa e foi insultada por causa de Seu orgulho. Depois de ouvir isso, elas ficaram realmente muito compadecidas. Então todas as gopis, inclusive Radharani, começaram a proceder mais ainda floresta adentro, até que não puderam ver mais o luar. Quando elas viram que ficava gradualmente mais escuro, pararam. Sua mente e inteligência ficaram absortas em pensamentos de Krishna; todas elas imitaram as atividades de Krishna e Suas falas. Porque seu coração e alma estavam completamente entregues a Krishna, elas começaram a cantar Suas glórias, e esqueceram completamente seus interesses familiares. Dessa forma, todas as gopis se reuniram na margem do Yamuna, na expectativa de que Krishna deveria voltar para elas, elas simplesmente se dedicaram a cantar as glórias de Sri Krishna: Hare Krishna, Hare Krishna, Krishna Krishna, Hare Hare. Hare Rama, Hare Rama, Rama Rama, Hare Hare.
Assim termina o significado Bhaktivedanta do Capítulo Trinta de Krishna, "Krishna Desaparece das Gopis".
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"KRISHNA - A Suprema Personalidade de Deus"
(Original Sem "Correções") de Sua Divina Graça
Canções das Gopis
Uma gopi disse: "Meu querido Krishna, desde que Você aceitou Seu nascimento nesta terra de Vrajabhumi, tudo sempre parece glorioso. A terra de Vrindavana se tornou gloriosa, e é como se a deusa da fortuna sempre existisse pessoalmente aqui. Contudo, somente nós que estamos muito infelizes, porque procuramos por Você, mas não conseguimos ver Você com o nosso maior esforço. Nossa vida depende completamente de Você; por isso pedimos que Você venha para nós novamente". Outra gopi disse: "Meu querido Krishna, Você é a vida e alma até mesmo da flor de lótus que cresce na água dos lagos feitos transparentes pelas águas claras do outono. Apesar das flores de lótus serem tão belas, sem Seu olhar elas perecem. Similarmente, sem Você, nós também morremos. Na realidade, nós não somos Suas esposas nem escravas. Você nunca gastou nenhum dinheiro conosco, mesmo assim estamos atraídas simplesmente por Seu olhar. Agora, se nós morrermos sem receber Seu olhar, Você será responsável por nossas mortes. Certamente, a matança de uma mulher é um grande pecado, e se Você não vier nos ver e nós morrermos, Você sofrerá as reações do pecado. Portanto, por favor, venha nos ver. Não pense que alguém só pode ser morto com certas armas. Nós morremos por Sua ausência. Você deve considerar sobre ser responsável pela morte de mulheres. Nós somos sempre gratas a Você porque nos protegeu muitas vezes; da água envenenada do Yamuna, da serpente Kaliya, de Bakasura, da ira de Indra e suas torrentes de chuva, do incêndio na floresta e tantos outros incidentes. Você é o maior e o mais poderoso de todos. É maravilhoso que Você nos protegeu de tantos perigos, contudo ficamos surpresas que Você nos negligencia neste momento. Querido Krishna, querido amigo, nós sabemos muito bem que Você não é realmente o filho de mãe Yashoda ou do pastor de vacas Nanda Maharaja. Você é a Suprema Personalidade de Deus e a Superalma de todos os seres vivos. Você, por Sua misericórdia sem causa, apareceu neste mundo, a pedido do Senhor Brahma para a proteção do mundo. Somente por Sua bondade que Você apareceu na dinastia Yadu. Ó melhor da dinastia Yadu, se qualquer um com medo deste modo de vida materialista se abrigar em Seus pés de lótus, Você nunca lhe negará proteção. Seus movimentos são doces, e Você é independente, toca a deusa da fortuna com uma das mãos e com a outra segura uma flor de lótus. Esse é Seu aspecto extraordinário. Por favor, portanto, venha até nós e nos abençoe com a flor de lótus em Sua mão". "Meu querido Krishna, Você é o matador de todos os medos dos habitantes de Vrindavana. Você é o herói supremamente poderoso, e sabemos que Você pode matar o orgulho desnecessário de Seus devotos bem como o orgulho de mulheres como nós simplesmente com Seu belo sorriso. Nós somos simplesmente Suas criadas e escravas; por favor, portanto, aceite-nos por nos mostrar Sua bela face igual à flor de lótus". "Querido Krishna, na realidade nós ficamos muito luxuriosas, pois fomos tocadas por Seus pés de lótus. Seus pés de lótus certamente matam todos os tipos de atividades pecaminosas dos devotos que se abrigaram neles. Você é tão bondoso que até mesmo os animais ordinários se abrigam em Seus pés de lótus. Seus pés de lótus também são a residência da deusa da fortuna, ainda assim, Você dança na cabeça da serpente Kaliya com eles. Agora nós pedimos a Você que bondosamente ponha Seus pés de lótus em nossos seios e acalme nossos desejos luxuriosos para tocar em Você". "Ó Senhor, Seus olhos atraentes, como o lótus, são tão bonitos e agradáveis. Suas palavras doces são tão fascinantes que agradam até mesmo os maiores mestres eruditos, que também ficam atraídos por Você. Nós também somos atraídas por Sua fala e pela beleza da Sua face e olhos. Assim, por favor, satisfaça-nos com Seus beijos nectáreos. Querido Senhor, palavras faladas por Você ou palavras que descrevem Suas atividades são cheias de néctar, e simplesmente por falar ou ouvir Suas palavras, a pessoa pode ser salva do fogo ardente da existência material. Grandes semideuses como o Senhor Brahma e o Senhor Shiva estão sempre dedicados a cantar as glórias de Suas palavras. Eles fazem isso para erradicar as atividades pecaminosas de todos os seres vivos dentro do mundo material. Se alguém simplesmente tenta ouvir Suas palavras transcendentais, vai poder muito rápido se elevar à plataforma de atividades piedosas. Para os Vaishnavas, Suas palavras dão prazer transcendental, e as pessoas santificadas que estão dedicadas a distribuir Sua mensagem transcendental por todo o mundo são pessoas caridosas de primeira classe". (Isso foi confirmado por Rupa Goswami também quando Ele chamou o Senhor Chaitanya de encarnação mais generosa porque o Senhor Chaitanya distribuiu as palavras de Krishna e amor de Krishna sem cobrança por todo o mundo). "Querido Krishna", as gopis continuaram, "Você é muito fascinante. Você pode imaginar o quanto estamos aflitas simplesmente por lembrar Seu sorriso fascinante, Seu olhar agradável, Seu andar conosco na floresta de Vrindavana, e Suas meditações auspiciosas. Suas conversas conosco em locais solitários eram cativantes. Agora estamos todas magoadas por lembrar Seu comportamento. Faça o favor de nos salvar. Querido Krishna, certamente Você sabe o quanto ficamos entristecidas quando Você sai da vila de Vrindavana para pastorear as vacas na floresta. Como nós ficamos aflitas simplesmente por pensar que Seus pés de lótus macios serão espetados pela grama seca e pelas pedras pequenas na floresta! Nós estamos tão apegadas a Você que sempre pensamos simplesmente em Seus pés de lótus". "Ó Krishna, quando Você volta do campo de pastagem com os animais, vemos Sua face coberta por Seus cabelos cacheados e pela poeira levantada pelos cascos das vacas. Nós vemos Sua meiga face sorridente, e nosso desejo de desfrutá-Lo incrementa. Ó querido Krishna, Você é o amante supremo, e Você sempre dá abrigo às almas rendidas. Você satisfaz o desejo de cada um; Seus pés de lótus são adorados até mesmo pelo Senhor Brahma, o criador do universo. Para quem quer que adore Seus pés de lótus, Você sem nenhuma dúvida sempre concede Suas bênçãos. Por isso, bondosamente fique satisfeito conosco e mantenha Seus pés de lótus em nossos seios e assim nos alivie de nossas angústias presentes. Querido Krishna, nós procuramos por Seus beijos que Você oferece até mesmo para Sua flauta. A vibração da Sua flauta encanta o mundo inteiro e nossos corações também. Bondosamente, então, volte e nos beije com Sua boca de néctar". Quando o Senhor Krishna finalmente reapareceu e Se reuniu com as gopis, Ele parecia muito mais belo, justamente digno de uma pessoa com todos os tipos de opulência. Está afirmado no Brahma-samhita, ananda-cin-maya-rasa-pratibhavitabhih: Krishna sozinho não é particularmente lindo, mas quando Sua energia; especialmente Sua energia de prazer, representada por Radharani; expande, Ele parece muito magnífico. O conceito Mayavada da perfeição da Verdade Absoluta sem potência é devido ao conhecimento insuficiente. Na realidade, fora da exibição de Suas potências diferentes, a Verdade Absoluta não é completa. Ananda-cin-maya-rasa significa que Seu corpo é uma forma transcendental de bem-aventurança e conhecimento eternos. Krishna está sempre rodeado por diferentes potências, e por isso Ele é perfeito e belo. Nós entendemos do Brahma-samhita e Skanda Purana que Krishna é sempre rodeado por muitos milhares de deusas da fortuna. As gopis são todas deusas da fortuna, e Krishna as pegou pela mão na margem do Yamuna. É dito no Skanda Purana que entre muitos milhares de gopis, 16.000 são predominantes; e dessas 16.000 gopis, 108 gopis são especialmente proeminentes; e dessas 108 gopis, oito gopis são ainda mais proeminentes; e das oito gopis, Radharani e Chandravali são proeminentes; e dessas duas gopis, Radharani é a mais proeminente. Quando Krishna entrou na floresta na beira do Yamuna, a luz do luar dissipou a escuridão em volta. Por causa da estação, flores como kunda e kadamba estavam desabrochadas, e uma brisa agradável carregava seu aroma. Por causa do aroma, as abelhas também voavam pela brisa, pois achavam que o aroma era mel. As gopis fizeram um assento para Krishna com um monte de areia fina e colocaram panos em cima. As gopis que estavam juntas ali eram todas na maioria seguidores dos Vedas. Em seus nascimentos prévios, durante o advento do Senhor Ramachandra, elas eram sábios eruditos que desejaram a associação com o Senhor Ramachandra em amor conjugal. Ramachandra deu a eles a bênção de que estariam presentes durante o advento do Senhor Krishna, e Ele satisfaria seus desejos. Durante o advento de Krishna, os eruditos Védicos nasceram na forma de gopis em Vrindavana; como jovens gopis, elas obtiveram a associação com Krishna em realização do desejo de seu nascimento prévio. O objetivo supremo de seu desejo perfeito foi alcançado, e elas estavam tão felizes que não tinham nada mais a desejar. Isso é confirmado no Bhagavad-gita: se a pessoa obtém a Suprema Personalidade de Deus, então não tem nenhum desejo por nada. Quando as gopis tiveram Krishna em sua companhia, não somente todo o pesar delas, e também sua lamentação na ausência de Krishna foram aliviados. Elas sentiram que não tinham nenhum desejo para ser satisfeito. Plenamente satisfeitas na companhia de Krishna, elas estiraram seus panos no chão. Esses panos eram feitos com linho fino e tingidos com a kunkuma vermelha que decorava seus seios. Com muito cuidado elas estenderam um lugar de assento para Krishna. Krishna era a vida e a alma delas, e elas criaram um assento muito confortável para Ele. Sentado no assento entre as gopis, Krishna ficou mais belo. Grandes yogis como o Senhor Shiva, Senhor Brahma ou mesmo o Senhor Shesha e outros sempre tentam fixar sua atenção em Krishna dentro de seus corações, porém aqui as gopis realmente viram Krishna sentado em frente a elas em cima de seus panos. Na sociedade das gopis, Krishna parecia muito bonito. Elas eram as donzelas mais lindas dentro dos três mundos, e elas se reuniram juntas em volta de Krishna. Pode-se perguntar aqui como é que Krishna sentado pessoalmente ao lado de tantas gopis ainda estava sentado sozinho. Há uma palavra significativa nesse verso: isvara. Isvara se refere ao Supremo Senhor como a Superalma sentado no coração de todos. Krishna também manifestou Sua potência de expansão como Paramatma em seu encontro com as gopis. Krishna estava sentado ao lado de cada gopi, sem ser visto pelas outras. Krishna foi tão bom com as gopis que em vez de sentar em seus corações para ser apreciado pela meditação de yoga, Ele sentou em pessoa ao lado delas. Por sentar-Se externamente, Ele mostrou favor especial às gopis, que eram as beldades seletas de toda a criação. Depois que obtiveram seu Senhor mais amado, as gopis começaram a agradá-Lo com movimentos das sobrancelhas e sorrisos e também suprimiram sua raiva. Algumas delas pegaram Seus pés de lótus em seus colos e começaram a massageá-Lo. E enquanto sorriam, expressaram confidencialmente sua raiva suprimida e disseram: "Querido Krishna, somos mulheres ordinárias de Vrindavana, e nós não sabemos muito sobre conhecimento Védico; o que é certo e o que é errado. Por isso, fazemos uma pergunta a Você, e, porque Você é muito erudito, pode respondê-la propriamente. Nas relações entre amantes, percebemos que existem três tipos de pessoas. Uma classe simplesmente recebe, outra classe reciproca favoravelmente, mesmo se o amante for muito contrário, e a terceira classe nem age contrária nem reponde favoravelmente nos relacionamentos do amor. Então dessas três classes, qual Você prefere, ou qual Você chama de honesta"? Em resposta, Krishna disse: "Minhas queridas amigas, pessoas que simplesmente reciprocam os relacionamentos amorosos da outra parte são como comerciantes. Elas dão nos assuntos amorosos o tanto quanto recebem da outra parte. Praticamente não há questão de amor. É simplesmente uma relação de negócio, e é de interesse pessoal ou autocentrada. Melhor a segunda classe de pessoas, que amam apesar da contrariedade do partido oposto; mesmo aqueles sem um vestígio de assuntos amorosos são melhores do que esses comerciantes. Amor sincero pode ser visto quando o pai e a mãe amam seus filhos apesar da negligência de seus filhos. A terceira classe nem reciproca nem negligencia. Ela pode ser dividida mais ainda em duas classes. Uma é a dos auto-satisfeitos, que não requerem o amor de ninguém. Eles são chamados atmarama, significa que estão absortos no pensamento da Suprema Personalidade de Deus e por isso não ligam se alguém os ama ou não. Porém a outra classe é a das pessoas ingratas. Elas são chamadas insensíveis. As pessoas nesse grupo se revoltam contra pessoas superiores. Por exemplo, um filho, que apesar de receber todas as coisas de seus pais amorosos, pode ser insensível e não reciprocar. Aqueles dessa classe são geralmente conhecidos como gurudruhah, significa que recebem favores de seus pais ou do mestre espiritual e mesmo assim os negligenciam". Krishna respondeu as perguntas das gopis indiretamente, mesmo as questões insinuantes de que Krishna não recebeu propriamente os relacionamentos delas. Em resposta, Krishna disse que Ele, como a Suprema Personalidade de Deus, é auto-satisfeito. Ele não requer o amor de ninguém, mas ao mesmo tempo Ele disse que não é ingrato. "Minhas queridas amigas", Krishna continuou, "vocês podem estar magoadas por causa de Minhas palavras e atos, contudo vocês devem saber que às vezes Eu não reciproco os relacionamentos de Meus devotos Comigo. Parece que Meus devotos são muito apegados a Mim, porém às vezes Eu não reciproco seus sentimentos propriamente com o propósito de incrementar seu amor por Mim mais e mais. Se Eu puder ser aproximado facilmente por eles, eles poderão pensar: 'Krishna é tão facilmente acessível'. Por isso que às vezes Eu não respondo. Se uma pessoa não tem nenhum dinheiro mas depois de algum tempo acumula alguma riqueza e depois a perde, ela pensará na propriedade perdida vinte e quatro horas por dia. Similarmente, a fim de incrementar o amor de Meus devotos, às vezes Eu pareço estar perdido para eles, e em vez deles Me esquecerem, eles percebem que seus sentimentos de amor por Mim incrementam. Minhas queridas amigas, não pensem nem por um momento que Eu lidei com vocês assim como devotos ordinários. Eu sei quem vocês são. Vocês abandonaram todos os tipos de obrigações sociais e religiosas; vocês deixaram todas conexões com seus pais. Sem se importarem com convenção social e obrigações religiosas, vocês vieram a Mim e Me amaram, e Eu sou tão grato a vocês que não posso tratá-las como devotos ordinários. Não pensem que Eu estava longe de vocês. Eu estava perto de vocês. Eu simplesmente observava o quanto vocês estavam ansiosas por Mim em Minha ausência. Por isso façam o favor de não tentarem encontrar defeito em Mim. Porque vocês Me consideram tão querido por vocês, façam o favor de Me desculpar se Eu fiz algo errado. Eu não posso pagar o amor contínuo de vocês por Mim, mesmo ao longo dos tempos de vida dos semideuses nos planetas celestiais. É impossível pagar vocês ou mostrar gratidão por seu amor; por isso façam o favor de ficarem satisfeitas com suas próprias atividades piedosas. Vocês demostraram atração exemplar por Mim, superaram as maiores dificuldades que surgem das conexões familiares. Por favor, fiquem satisfeitas com seu caráter altamente exemplar, porque não é possível para Eu pagar a dívida com vocês". O caráter exemplar do serviço devocional manifestado pelos devotos de Vrindavana é o tipo mais puro de devoção. É prescrito no shastra fidedigno que serviço devocional deve ser ahaituka e apratihata. Isso quer dizer que o serviço devocional a Krishna não pode ser impedido por convenção política ou religiosa. O estágio do serviço devocional é sempre transcendental. As gopis em particular mostraram serviço devocional puro para Krishna, tanto que Krishna em pessoa ficou endividado com elas. O Senhor Chaitanya assim afirmou que o serviço devocional manifestado pelas gopis em Vrindavana excede todos os outros métodos de aproximação à Suprema Personalidade de Deus.
Assim termina o significado Bhaktivedanta do Capítulo Trinta e Um de Krishna, "Canções das Gopis".
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Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga Nitai Gaura Hari Bol
"KRISHNA - A Suprema Personalidade de Deus"
(Original Sem "Correções") de Sua Divina Graça
Descrição da Dança Rasa
Depois de ouvir a Suprema Personalidade de Deus, Krishna, falar para acalmá-las, as gopis ficaram muito satisfeitas. E não somente por ouvir Suas palavras, mas também por tocar as mãos e pernas da Suprema Personalidade de Deus, elas ficaram completamente aliviadas do grande sofrimento de separação. Depois disso, a Suprema Personalidade de Deus começou a Sua dança rasa. Quando um dança no meio de muitas meninas, isso se chama uma dança rasa. Assim Krishna começou a dançar entre as mais belas e afortunadas meninas dentro dos três mundos. As gopis de Vrindavana, que eram tão atraídas por Ele, dançaram com Krishna, de mãos dadas. A dança rasa de Krishna nunca deve ser comparada com nenhum tipo de dança material, do tipo dança de salão ou dança da sociedade. A dança rasa é uma realização completamente espiritual. E a fim de estabelecer esse fato, Krishna, o místico supremo, expandiu-Se em muitas formas e ficou do lado de cada gopi. Ele colocou Suas mãos nos ombros das gopis nos dois lados Dele, e começou a dançar no meio delas. As expansões místicas de Krishna não eram percebidas pelas gopis porque Krishna parecia estar sozinho com cada uma delas. Cada gopi achava que Krishna dançava somente com ela. Acima dessa dança maravilhosa voavam muitos aeroplanos que carregavam os habitantes dos planetas celestiais, que estavam muito ansiosos para ver a dança maravilhosa de Krishna com as gopis. Os Gandharvas e Kinnaras começaram a cantar, e, acompanhados por suas respectivas esposas, todos os Gandharvas começaram a chover flores nos dançarinos. À medida que as gopis e Krishna dançavam juntos, um som musical muito bem-aventurado era produzido pelo tilintar de seus guizos, ornamentos e pulseiras. Parecia que Krishna era uma safira esverdeada incrustrada no meio de um colar de ouro decorado com pedras preciosas. Enquanto Krishna e as gopis dançavam, exibiam características corpóreas extraordinárias. Os movimentos de suas pernas, o colocar de suas mãos um no outro, os movimentos de suas sobrancelhas, seu sorriso, os movimentos dos seios das gopis e suas roupas, seus brincos, suas faces, seu cabelo com flores; à medida que cantavam e dançavam tudo isso combinado parecia como nuvens, trovão, neve e relâmpago. As características corpóreas de Krishna pareciam exatamente iguais a um grupo de nuvens, as canções das gopis pareciam trovão, a beleza delas parecia como o relâmpago no céu, e as gotas de transpiração visíveis em suas faces pareciam como a neve que cai. Dessa forma, tanto as gopis quanto Krishna se absorveram plenamente na dança. Os pescoços das gopis ficaram tingidos de vermelho por causa de seu desejo de desfrutar Krishna mais e mais. Para satisfazê-las, Krishna começou a bater palmas no tempo da canção delas. Na realidade, o mundo inteiro é cheio do canto de Krishna, porém é apreciado de formas diferentes por tipos diferentes de seres vivos. Isso é confirmado no Bhagavad-gita: ye yatha mam prapadyante. Krishna dança, e todo ser vivo também dança, contudo existe uma diferença entre a dança no mundo espiritual e a no mundo material. Isso é expresso pelo autor do Chaitanya-charitamrita, quando afirma que o dançarino mestre é Krishna e todos são Seus servos. Todos tentam imitar a dança de Krishna. Aqueles que estão em Consciência de Krishna realmente respondem corretamente à dança de Krishna: eles não tentam dançar independentemente. Porém quem está no mundo material tenta imitar Krishna como a Suprema Personalidade de Deus. Os seres vivos dançam sob a direção da maya de Krishna e pensam que são iguais a Krishna. Mas isso não é um fato. Em Consciência de Krishna, esse conceito errado é ausente, porque a pessoa em Consciência de Krishna sabe que Krishna é o mestre supremo e cada um é Seu servo. A pessoa deve dançar para agradar Krishna, não para imitar ou se tornar igual à Suprema Personalidade de Deus. As gopis queriam satisfazer Krishna, e assim à medida que Krishna cantava, elas respondiam e O encorajavam ao dizer: "Muito bem, muito bem". Às vezes elas apresentavam uma música bela para o prazer Dele, e Ele respondia com elogios à canção delas. Quando algumas das gopis ficaram muito cansadas de dançar e mover seus corpos, colocaram suas mãos nos ombros de Sri Krishna. Então seus cabelos se soltaram e flores caíram no chão. Quando colocaram suas mãos no ombro de Krishna ficaram inebriadas com a fragrância de Seu corpo que emanava do lótus, outras flores aromáticas e a polpa de sândalo. Elas ficaram cheias de atração por Ele, e começaram a beijar um o outro. Algumas gopis tocaram Krishna rosto a rosto, e Krishna começou a oferecer a elas nozes de bétel mascadas de Sua boca, que elas compartilhavam com muito prazer ao beijar. E por aceitar essas nozes de bétel, as gopis avançaram espiritualmente. As gopis ficaram cansadas depois de longos canto e dança. Krishna dançava do lado delas, e para aliviar sua fadiga elas pegaram a mão de Krishna e a colocaram em seus seios levantados. A mão de Krishna, e também os seios das gopis, são auspiciosos eternamente; por isso quando combinam, os dois se tornam realçados espiritualmente. As gopis apreciaram tanto a companhia de Krishna, o esposo da deusa da fortuna, que esqueceram que tinham qualquer outro marido no mundo, e ao serem abraçadas pelos braços de Krishna e dançar e cantar com Ele, elas esqueceram tudo. O Srimad Bhagavatam então descreve a beleza das gopis enquanto dançavam a dança rasa com Krishna. Havia flores de lótus sobre as duas orelhas, e suas faces estavam decoradas com polpa de sândalo. Elas usavam tilaka, e havia gotas de suor sobre suas bocas sorridentes. De seus pés vinha o som do tilintar de seus guizos de tornozelo e também das pulseiras. As flores de seus cabelos caíam nos pés de lótus de Krishna, e Ele estava muito satisfeito. Como está afirmado no Brahma-samhita, todas essas gopis são expansões da potência de prazer de Krishna. Ao tocar seus corpos com Suas mãos e olhar em seus olhos agradáveis, Krishna desfrutou as gopis exatamente como uma criança gosta de brincar com o reflexo do seu corpo em um espelho. Quando Krishna tocava as diferentes partes de seus corpos, as gopis se sentiam carregadas com energia espiritual. Elas não conseguiam ajustar suas roupas soltas, apesar de tentarem mantê-las propriamente. Seus cabelos e roupas ficaram desalinhados, e seus ornamentos afrouxaram à medida que se esqueciam delas mesmas na companhia de Krishna. Enquanto Krishna desfrutava a companhia das gopis na dança rasa, os semideuses e suas esposas maravilhados se reuniam no céu. A Lua, afetada por um tipo de luxúria, começou a assistir à dança e ficou atordoada de admiração. As gopis oraram à deusa Katyayani para terem Krishna como seu esposo. Agora Krishna satisfez o desejo delas por Se expandir em tantas formas quanto haviam gopis e as desfrutava exatamente como um marido. Srila Shukadeva Goswami comentou que Krishna é auto-suficiente; Ele é atmarama. Ele não precisa de ninguém mais para Sua satisfação. Porque as gopis queriam Krishna como seu marido, Ele satisfez o desejo delas. Quando Krishna viu que as gopis estavam cansadas de dançar com Ele, imediatamente começou a passar Suas mãos nas faces delas para que a fadiga fosse aliviada. Para reciprocar a bondosa hospitalidade de Krishna, as gopis começaram a olhar para Ele amorosamente. Elas estavam cheias de alegria pelo toque auspicioso da mão de Krishna. Seus rostos sorridentes brilhavam de beleza, e elas começaram a cantar as glórias de Krishna com prazer transcendental. Porque eram devotas puras, quanto mais as gopis desfrutavam a companhia de Krishna, mais ficavam iluminadas com Suas glórias, e assim reciprocavam com Ele. Elas queriam satisfazer Krishna com a glorificação de Seus passatempos transcendentais. Krishna é a Suprema Personalidade de Deus, o mestre de todos os mestres, e as gopis queriam adorá-Lo por causa de Sua exibição extraordinária de misericórdia para elas. As gopis e Krishna entraram na água do Yamuna exatamente para aliviar sua fadiga da dança rasa. Os colares de lírios em volta dos pescoços das gopis foram despedaçados por causa de seus abraços no corpo de Krishna, e as flores estavam avermelhadas por causa do kunkuma em seus seios. Os zangões zumbiam em volta a fim de pegarem o mel das flores. Krishna e as gopis entraram na água do Yamuna exatamente igual a um elefante que entra num tanque de água com suas fêmeas companheiras. Tanto as gopis quanto Krishna esqueceram sua verdadeira identidade, brincavam na água, a desfrutar a companhia um do outro e a aliviar a fadiga da dança rasa. As gopis começaram a espirrar água no corpo de Krishna, enquanto todos riam, e Krishna apreciava isso. À medida que Krishna Se divertia com palavras engraçadas e espirrava água, os semideuses no céu começaram a chover flores. Os semideuses então louvaram a superexcelente dança rasa de Krishna, o desfrutador supremo, e Seus passatempos com as gopis na água do Yamuna. Depois disso, o Senhor Krishna e as gopis saíram da água e começaram a passear ao longo da margem do Yamuna, onde uma brisa agradável soprava, e carregava o aroma de diferentes tipos de flores sobre a água e o chão. Enquanto passeavam pela beira do Yamuna, Krishna recitou vários tipos de poesia. Assim ele desfrutou a companhia das gopis no luar refrescante do outono. O desejo sexual fica excitado especialmente na estação de outono, porém a coisa espantosa sobre a associação de Krishna com as gopis é que não havia questão de desejo sexual. Era, como claramente afirmado na descrição do Bhagavata por Shukadeva Goswami, avaruddha-sauratah, a saber, o impulso sexual estava completamente controlado. Há uma distinção entre a dança do Senhor com as gopis e a dança ordinária dos seres vivos dentro do mundo material. Com o propósito de esclarecer mais interpretações erradas sobre a dança rasa e os relacionamentos de Krishna com as gopis, Maharaja Parikshit, o ouvinte do Srimad Bhagavatam, disse a Shukadeva Goswami: "Krishna apareceu na Terra para estabelecer os princípios reguladores da religião e restringir a predominância da irreligião. Porém o comportamento de Krishna e as gopis pode encorajar princípios irreligiosos no mundo material. Estou simplesmente surpreso que Ele agiu dessa forma, desfrutar a companhia das esposas de outros na calada da noite". Essa afirmação de Maharaja Parikshit foi muito apreciada por Shukadeva Goswami. A resposta antecipa os atos abomináveis dos impersonalistas Mayavadi que se colocam na posição de Krishna e desfrutam a companhia de moças e mulheres jovens. O mandamento Védico básico nunca permite que uma pessoa desfrute sexo com qualquer outra mulher exceto a sua própria esposa. A apreciação das gopis por Krishna parecia estar distintamente em violação a essas regras. Maharaja Parikshit entendeu a situação total de Shukadeva Goswami, mesmo assim para esclarecer mais ainda a natureza transcendental de Krishna e as gopis na dança rasa, ele expressou sua surpresa. Isso é muito importante a fim de impedir a associação irrestrita com mulheres pelos prakrta-sahajiyas. Nessa afirmação, Maharaja Parikshit usou várias palavras importantes que requerem esclarecimento. A primeira palavra, jugupsitam, significa "abominável". A primeira dúvida de Maharaja Parikshit era a seguinte: O Senhor Krishna é a Suprema Personalidade de Deus que adveio Pessoalmente para estabelecer princípios religiosos. Então por que Ele se encontrou com as esposas de outros na calada da noite e desfrutou dança, abraços e beijos? Segundo as leis Védicas, isso não é permitido. Também, quando as gopis vieram até Ele primeiramente, Ele deu instruções a elas para voltarem para seus lares. Chamar as esposas de outras pessoas ou jovens meninas e desfrutar a dança com elas é certamente abominável de acordo com os Vedas. Por que então Krishna fez isso? Outra palavra usada é aptakama. Algumas pessoas podem concluir que Krishna estava muito luxurioso entre as jovens meninas, porém Parikshit Maharaja disse que isso não era possível. Ele não podia estar luxurioso. Antes de tudo, pelo cálculo material, Ele tinha apenas oito anos de idade. Nessa idade, um menino não pode ser luxurioso. Aptakama significa que a Suprema Personalidade de Deus é auto-satisfeita. Mesmo se estivesse luxurioso, Ele não precisa aceitar a ajuda de outros para satisfazer Seus desejos luxuriosos. O ponto seguinte é, apesar de Ele mesmo não ser luxurioso, pode ter sido induzido pelos desejos luxuriosos das gopis. Contudo, Maharaja Parikshit então usou outra palavra, yadu-pati, a qual indica que Krishna é a personalidade mais exaltada da dinastia dos Yadus. Os reis da dinastia Yadu eram considerados os mais piedosos, e os descendentes deles também eram assim. Porque nasceu nessa família, como que Krishna pôde ser seduzido, mesmo pelas gopis? Assim se conclui, portanto, que não era possível para Krishna fazer qualquer coisa abominável. Porém Maharaja Parikshit estava em dúvida por que Krishna agiu dessa forma. Qual era o verdadeiro propósito? Outra palavra que Maharaja Parikshit usa quando questiona Shukadeva Goswami é suvrata, significa aceitar um voto para atuar atividades piedosas. Shukadeva Goswami era um brahmachari educado, e nessas circunstâncias, não era possível para ele entregar-se a sexo. Isso é estritamente proibido para brahmacharis, o que dizer então sobre um brahmachari como Shukadeva Goswami. Mas porque as circunstâncias da dança rasa eram muito suspeitas, Maharaja Parikshit questionou para o esclarecimento de Shukadeva Goswami. Shukadeva Goswami respondeu imediatamente que transgressões de princípios religiosos pelo controlador supremo testemunham Seu grande poder. Por exemplo, o fogo pode consumir qualquer coisa abominável; essa é uma manifestação da supremacia do fogo. Similarmente, o Sol pode absorver água de urina ou de fezes, e o Sol não fica poluído; em vez disso, por causa da influência do brilho solar, o lugar poluído contaminado fica desinfetado e esterilizado. Também pode-se argumentar que como Krishna é a autoridade suprema, Suas atividades devem ser seguidas. Em resposta a essa dúvida, Shukadeva Goswami disse muito claramente que o isvaranam, ou controlador supremo, pode às vezes violar Suas instruções, porém isso só é possível para o controlador Ele próprio, não para os seguidores. Atividades excepcionais e incomuns feitas pelo controlador nunca podem ser imitadas. Shukadeva Goswami alertou que os seguidores condicionados, que não estão realmente no controle, nunca devem nem imaginar em imitar as atividades incomuns do controlador. Um filósofo Mayavadi pode alegar falsamente ser Deus ou Krishna, mas não pode agir realmente igual a Krishna. Ele pode persuadir suas seguidoras a imitar falsamente a dança rasa, porém é incapaz de levantar a colina Govardhana. Tivemos muitas experiências no passado com impostores Mayavadi que iludiram seus seguidores por se considerarem iguais a Krishna a fim de desfrutarem rasa-lila. Em muitas ocasiões, eles foram impedidos pelo governo, presos e punidos. Em Orissa, Thakur Bhaktivinode também puniu uma suposta encarnação de Vishnu que imitava a rasa-lila com moças jovens. Houve muitas reclamações contra ele. Naquela época, Bhaktivinode Thakur era magistrado, e o governador o delegou para lidar com o impostor, e ele o puniu severamente. A dança rasa-lila não pode ser imitada por ninguém. Shukadeva Goswami alerta que não se deve nem pensar em imitá-la. Ele menciona especificamente que, se por tolice, alguém tenta imitar a dança rasa de Krishna, será morto, justamente igual a uma pessoa que quer imitar o Senhor Shiva quando bebeu o oceano de veneno. O Senhor Shiva bebeu um oceano de veneno e o manteve em sua garganta. O veneno fez sua garganta ficar azul, e por isso o Senhor Shiva é conhecido como Nilakanta. Contudo, se uma pessoa ordinária tentar imitar o Senhor Shiva e beber veneno ou fumar gañja, com certeza será aniquilado e morrerá num curto espaço de tempo. O relacionamento do Senhor Sri Krishna com as gopis era sob circunstâncias especiais. A maioria das gopis em suas vidas passadas eram grandes sábios, peritos nos estudos dos Vedas, e quando o Senhor Krishna apareceu como o Senhor Ramachandra eles queriam desfrutar com Ele. O Senhor Ramachandra deu a eles a bênção que seus desejos seriam satisfeitos quando Ele aparecesse como Krishna. Assim, o desejo das gopis de desfrutar o aparecimento do Senhor Krishna era estimado há muito tempo. Por isso que elas se aproximaram da deusa Katyayani para ter Krishna como seu esposo. Existem muitas outras circunstâncias também que testemunham a autoridade suprema de Krishna e mostram que Ele não está preso às regras e regulamentos do mundo material. Em casos especiais, Ele age da forma que Ele deseja para favorecer Seus devotos. Isso só é possível para Ele, porque Ele é o controlador supremo. As pessoas em geral devem seguir as instruções do Senhor Krishna dadas no Bhagavad-gita e nunca devem nem imaginar em imitar o Senhor Krishna na dança rasa. Krishna levantar a colina Govardhana, Ele matar demônios como Putana e outros são todas obviamente atividades extraordinárias. Similarmente, a dança rasa também é uma atividade incomum e não pode ser imitada por nenhum homem ordinário. Uma pessoa ordinária dedicada a seu dever ocupacional, como Arjuna, deve executar seu dever para a satisfação de Krishna; isso está dentro de seu poder. Arjuna era um guerreiro, e Krishna queria que ele lutasse para Sua satisfação. Arjuna concordou, apesar de que primeiramente ele não queria lutar. Deveres são requeridos para pessoas ordinárias. Elas não devem saltar por cima e tentar imitar Krishna e dar-se o luxo da rasa-lila e assim causar sua ruína. Deve-se saber com certeza que Krishna não tinha nenhum interesse pessoal em qualquer coisa que Ele fez para o benefício das gopis. Como está afirmado no Bhagavad-gita, na mam karmani limpanti: Krishna nunca desfruta ou sofre o resultado de Suas atividades. Por isso não é possível para Ele agir de forma irreligiosa. Ele é transcendental a todas atividades e princípios religiosos. Ele é intocável pelos modos da natureza material. Ele é o controlador supremo de todos os seres vivos, tanto na sociedade humana, na sociedade dos semideuses, nos planetas celestiais, ou em formas inferiores de vida. Ele é o controlador supremo de todos os seres vivos e da natureza material; portanto, Ele não tem nada a ver com princípios religiosos ou irreligiosos. Shukadeva Goswami conclui mais ainda que os grandes sábios e devotos, que estão limpos de toda vida condicionada, podem se mover livremente até mesmo dentro da contaminação da natureza material por manter Krishna, a Suprema Personalidade de Deus, dentro de seus corações. Dessa forma eles também não ficam sujeitos às leis de prazer e dor nos modos da natureza material. Então, como é possível para Krishna, que aparece em Sua própria potência interna, ser sujeito às leis de karma? No Bhagavad-gita, o Senhor diz claramente sempre que Ele aparece, Ele faz isso por meio de Sua potência interna; Ele não é forçado a aceitar um corpo pelas leis de karma como um ser vivo ordinário. Todo outro ser vivo é forçado a aceitar um certo tipo de corpo por causa de suas ações prévias. Porém quando Krishna aparece, Ele sempre aparece em um corpo; que não é forçado para Ele por causa da ação de Seus feitos passados. Seu corpo é um veículo para Seu prazer transcendental que é realizado por Sua potência interna. Ele não tem obrigação com as leis de karma. O monista Mayavadi tem que aceitar um certo tipo de corpo, forçado pelas leis da natureza; portanto, sua alegação de ser um com Krishna ou Deus é apenas teórica. Tais pessoas que alegam ser iguais a Krishna e que aproveitam a rasa-lila criam uma situação perigosa para as pessoas em geral. Krishna, a Suprema Personalidade de Deus, já estava presente como a Superalma dentro dos corpos das gopis e de seus esposos. Ele é o guia de todos os seres vivos, como é confirmado no Katha Upanishad, nityo nityanam cetanas cetananam. A Superalma dirige a alma individual a agir, e a Superalma é o ator e a testemunha de toda ação. É confirmado no Bhagavad-gita que Krishna está presente no coração de todos e Dele vem toda ação, lembrança e esquecimento. Ele é a pessoa original a ser conhecida pelo conhecimento Védico. Ele é o autor da filosofia Vedanta, e Ele conhece a filosofia Vedanta perfeitamente bem. Os ditos Vedantistas e Mayavadis não podem entender Krishna como Ele é; eles simplesmente enganam seus seguidores ao imitarem as ações de Krishna de forma não autorizada. Krishna, a Superalma de todos, já está dentro do corpo de todos; portanto, se Ele olhar alguém ou abraçar alguém não há questão de propriedade. Alguém pode questionar se Krishna é auto-suficiente, por que Ele apesar de tudo manifesta passatempos com as gopis, que são uma perturbação para os ditos moralistas do mundo? A resposta é que tais atividades mostram misericórdia especial às almas caídas condicionadas. As gopis também são expansões de Sua energia interna, mas porque Krishna queria exibir Sua rasa-lila, elas também apareceram como seres humanos ordinários. No mundo material, prazer se manifesta ultimamente na atração sexual entre homem e mulher. O homem vive simplesmente para ser atraído por mulheres, e a mulher vive simplesmente para ser atraída por homens. Esse é o princípio básico da vida material. Logo que essas atrações se combinam, as pessoas ficam mais e mais implicadas na existência material. Para mostrar a elas favor especial, Krishna exibiu essa dança rasa-lila. É justamente para cativar a alma condicionada. Porque estão muito atraídas pela sexologia, podem desfrutar a mesma vida com Krishna e assim se tornarem liberadas da condição material. No Segundo Canto do Srimad Bhagavatam, Maharaja Parikshit também explica que os passatempos e atividades do Senhor Krishna são remédio para as almas condicionadas. Se elas simplesmente ouvirem sobre Krishna ficarão aliviadas da doença material. Elas são viciadas em prazer material e estão acostumadas a ler literatura sexual, contudo, por ouvir esses passatempos transcendentais de Krishna com as gopis, serão liberadas da contaminação material. Como elas devem ouvir e de quem também foi explicado por Shukadeva Goswami. A dificuldade é que o mundo inteiro está cheio de Mayavadis, e quando eles se tornam recitadores profissionais do Srimad Bhagavatam, e quando as pessoas, sem conhecer o efeito da filosofia Mayavada, ouvem de tais pessoas, ficam confusas. Discussão sobre a rasa-lila entre pessoas em geral não é recomendada porque são afetadas pela filosofia Mayavada, porém se a pessoa que é avançada explica, e as pessoas ouvem dela, certamente os ouvintes serão elevados gradualmente à posição da Consciência de Krishna e liberadas da vida condicionada materialmente. Outro ponto importante é que todas as gopis que dançaram com Krishna não estavam em seus corpos materiais. Elas dançaram com Krishna em seus corpos espirituais. Todos os seus esposos pensaram que suas esposas dormiam do lado deles. Os ditos esposos das gopis já estavam enamorados pela influência da energia externa de Krishna; assim por causa dessa mesma energia, eles não puderam entender que suas esposas foram dançar com Krishna. Então qual é a base para acusar Krishna de dançar com as esposas de outros? Os corpos das gopis, que eram de seus esposos, estavam deitados na cama, mas as partes e parcelas espirituais de Krishna dançavam com Ele. Krishna é a pessoa suprema, o espírito total, e Ele dançou com os corpos espirituais das gopis. Portanto, não há razão para acusar Krishna dessa forma. Depois que a dança rasa terminou, a noite entrou no brahma-muhurta (a noite de Brahma, um período muito, muito longo, como mencionado no Bhagavad-gita). O brahma-muhurta acontece por volta de uma hora e meia antes do sol nascer. Recomenda-se que a pessoa deve se levantar da cama nesse horário e, depois de terminar suas abluções diárias, realizar atividades espirituais com a execução de mangala-aratrika e o cantar do mantra Hare Krishna. Esse período é muito conveniente para a execução de atividades espirituais. Quando esse momento auspicioso chegou, Krishna pediu para as gopis saírem. Apesar de não desejarem deixar Sua companhia, elas eram muito obedientes e queridas por Ele. Assim que Krishna pediu-lhes para voltar para casa, elas partiram imediatamente e voltaram para o lar. Shukadeva Goswami conclui esse episódio da rasa-lila ao destacar se uma pessoa ouvir da fonte certa sobre os passatempos de Krishna, que é o Próprio Vishnu, e as gopis, que são expansões de Sua energia, será salva do tipo mais perigoso de doença, chamada luxúria. Se a pessoa ouvir realmente rasa-lila, ficará completamente livre do desejo luxurioso pela vida sexual e se elevará ao nível mais alto do entendimento espiritual. Geralmente, porque ouvem de Mayavadis e elas próprias são Mayavadis, as pessoas ficam mais e mais implicadas na vida sexual. A alma condicionada deve ouvir a dança rasa-lila de um mestre espiritual autorizado e ser treinada por ele para que possa entender a situação inteira; assim a pessoa será elevada ao padrão mais elevado de vida espiritual, caso contrário a pessoa ficará implicada. Luxúria material é um tipo de doença do coração, e para curar a doença material do coração da alma condicionada, é recomendado que a pessoa ouça, mas não dos impostores impersonalistas. Se a pessoa ouvir das fontes certas com entendimento certo, então sua situação será diferente. Shukadeva Goswami usou a palavra sraddhanvita para a pessoa que é treinada na vida espiritual. Shraddha, ou fé, é o começo. A pessoa que desenvolveu sua fé em Krishna como a Suprema Personalidade de Deus, a Alma Espiritual Suprema, pode tanto descrever quanto ouvir. Shukadeva também usa a palavra anusrnuyat. A pessoa tem que ouvir da sucessão discipular. Anu significa "seguir", e anu significa "sempre". Por isso que a pessoa deve sempre seguir a sucessão discipular e não ouvir de nenhum recitador profissional perdido, Mayavadi ou pessoa ordinária. Anusrnuyat significa que a pessoa deve ouvir de uma pessoa autorizada que está na sucessão discipular e está sempre dedicada à Consciência de Krishna. Quando a pessoa quiser ouvir dessa forma, então o efeito será certo. Por ouvir rasa-lila, a pessoa será elevada à posição mais alta da vida espiritual. Shukadeva Goswami usa duas palavras específicas, bhaktim e param. Bhaktim param significa a execução do serviço devocional acima do estágio neófito. Aqueles que estão simplesmente atraídos à adoração no templo mas não conhecem a filosofia de bhakti estão no estágio neófito. Esse tipo de bhakti não é o estágio de perfeição. O estágio de perfeição de bhakti, ou serviço devocional, é completamente livre de toda contaminação material. O aspecto mais perigoso da contaminação é luxúria ou desejo sexual. Bhaktim param serviço devocional é tão potente que quanto mais a pessoa avança nessa linha, mais ela perde sua atração pela vida material. A pessoa que realmente obtém o benefício de ouvir a dança rasa-lila com certeza alcança a posição transcendental. Ela com certeza perde todos os traços de luxúria em seu coração. Srila Visvanatha Chakravarti Thakur destaca que segundo o Bhagavad-gita, o dia de Brahma e a noite de Brahma são períodos de anos solares extensos em 4.300.000 multiplicados por 1.000. Segundo Visvanatha Chakravarti Thakur, a dança rasa foi executada durante o longo período da noite de Brahma, mas as gopis não puderam entender isso. Para satisfazer o desejo delas, Krishna estendeu a noite para cobrir um período de tempo tão grande. Alguém pode perguntar como isso é possível, e Visvanatha Chakravarti Thakur nos lembra de que Krishna, apesar de preso por uma pequena corda, pôde mostrar para Sua mãe o universo inteiro dentro de Sua boca. Como isso foi possível? A resposta é que Ele pode fazer qualquer coisa para o prazer de Seus devotos. Similarmente, porque as gopis queriam desfrutar Krishna, elas tiveram a oportunidade da associação com Ele por um longo período. Isso foi feito de acordo com Sua promessa. Quando Krishna roubou a roupa das gopis enquanto elas se banhavam em Chirghat no Yamuna, Krishna prometeu satisfazer o desejo delas em alguma noite futura. Em uma noite, portanto, elas desfrutaram a companhia de Krishna como seu esposo amado, porém essa noite não foi uma noite ordinária. Foi uma noite de Brahma, e durou milhões e milhões de anos. Tudo é possível para Krishna, porque Ele é o controlador supremo.
Assim termina o significado Bhaktivedanta do Capítulo Trinta e Dois de Krishna, "Descrição da Dança Rasa".
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Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga Nitai Gaura Hari Bol
"KRISHNA - A Suprema Personalidade de Deus"
(Original Sem "Correções") de Sua Divina Graça
Vidyadhara Liberado e o Demônio Shankhasura Morto
Certa vez, os pastores de vacas adultos, liderados por Nanda Maharaja, desejaram ir a Ambikavana para a realização da cerimônia Shivaratri. A rasa-lila foi realizada durante o outono, e depois disso, a próxima grande cerimônia é Holi ou a cerimônia Dolayatra. Entre a cerimônia Dolayatra e a cerimônia rasa-lila há uma cerimônia muito importante que se chama Shivaratri, a qual é observada especialmente pelos Shaivites, ou devotos do Senhor Shiva. Entretanto às vezes os Vaishnavas também observam essa cerimônia porque aceitam o Senhor Shiva como o mais exaltado Vaishnava. Contudo, a função de Shivaratri não é observada muito regularmente pelos bhaktas, ou devotos de Krishna. Nessas circunstâncias, está afirmado no Srimad Bhagavatam que os pastores de vacas adultos liderados por Nanda Maharaja "desejaram certa vez". Isso quer dizer que eles não observavam regularmente a função Shivaratri, porém certa vez eles quiseram ir a Ambikavana por curiosidade. Ambikavana está situada em algum lugar da província Gujarat. É dito que Ambikavana está situada no rio Sarasvati, mesmo assim, não encontramos nenhum rio Sarasvati na província Gujarat; o único rio que há ali é o Savarmati. Na Índia, todos os grandes lugares de peregrinação estão situados em bons rios como o Ganges, Yamuna, Sarasvati, Narmada, Godavari, Kaveri, etc.. Ambikavana estava situada na beira do Sarasvati; e todos os pastores de vacas adultos e Nanda Maharaja foram para lá. Eles começaram a adorar a deidade do Senhor Shiva e Ambika com muita devoção. É prática onde quer que haja um templo do Senhor Shiva, deve haver outro templo de Ambika (ou Durga) porque Ambika é a esposa do Senhor Shiva e é a mulher casta mais exaltada. Ela não vive fora da associação com seu esposo. Depois que chegaram a Ambikavana, os pastores de vacas adultos de Vrindavana primeiro se banharam no rio Sarasvati. Se alguém vai a qualquer lugar de peregrinação, seu primeiro dever é tomar banho e às vezes raspar a cabeça. Esse é o primeiro serviço. Depois de tomar banho, eles adoraram as deidades e depois distribuíram caridade nos locais sagrados. Segundo o sistema Védico, caridade é dada aos brahmanas. É dito nos shastras Védicos que somente os brahmanas e sannyasis podem aceitar caridade. Os pastores de vacas adultos de Vrindavana deram vacas decoradas com ornamentos de ouro e belos colares de flores. Dá-se caridade aos brahmanas porque não estão dedicados a nenhum trabalho profissional. Considera-se que eles sejam dedicados às ocupações dos brahmanas, como descrito no Bhagavad-gita, a saber, eles devem ser muito eruditos e devem realizar austeridade e penitências. Não só eles devem ser eruditos, porém eles também devem ensinar os outros. Brahmanas não se destinam a serem brahmanas sozinhos; eles devem criar outros brahmanas também. Se encontrarmos uma pessoa que concorda em se tornar discípula de um brahmana, ela também terá a chance de se tornar brahmana. O brahmana está sempre dedicado à adoração do Senhor Vishnu. Por isso que os brahmanas são elegíveis para aceitar todos os tipos de caridade. Porém se os brahmanas receberem caridade em excesso, eles têm que distribuí-la para o serviço a Vishnu. Na escritura Védica, portanto, recomenda-se que a pessoa deve dar caridade aos brahmanas, e por fazer isso, a pessoa satisfaz o Senhor Vishnu e todos os semideuses. Os peregrinos tomam banho, adoram a deidade e dão caridade; também é recomendado que eles jejuem por um dia. Eles devem ir a um lugar de peregrinação e permanecer lá por pelo menos três dias. O primeiro dia é passado em jejum, e à noite eles podem beber um pouco de água porque água não quebra o jejum. Os pastores de vacas adultos, liderados por Nanda Maharaja, passaram aquela noite na margem do Sarasvati. Eles jejuaram o dia todo e beberam um pouco de água à noite. Entretanto, enquanto eles descansavam, uma grande serpente da floresta próxima apareceu perante eles e vorazmente começou a engolir Nanda Maharaja. Nanda começou a gritar desesperadamente: "Meu querido filho, Krishna, por favor, venha e me salve deste perigo! Esta serpente me engole"! Quando Nanda Maharaja gritou por ajuda, todos os pastores de vacas adultos levantaram e viram o que acontecia. Eles imediatamente pegaram tochas de fogo e começaram a bater na serpente para matá-la. Porém apesar de ser atacada com tochas de fogo, a serpente não estava perto de desistir de engolir Nanda Maharaja. Nesse momento, Krishna apareceu na cena e tocou a serpente com Seus pés de lótus. Imediatamente após ser tocada pelos pés de lótus de Krishna, a serpente deixou seu corpo de réptil e apareceu como um belo semideus chamado Vidyadhara. Suas características corpóreas eram tão belas que ele parecia ser adorável. Havia um brilho e resplendor que emanavam de seu corpo, e ele estava ornamentado com um colar de ouro. Ele prestou reverências ao Senhor Krishna e permaneceu perante Ele com grande humildade. Krishna então perguntou ao semideus: "Você parece ser um semideus muito bom e favorecido pela deusa da fortuna. Como então você realizou essas atividades abomináveis, e como obteve o corpo de uma serpente"? O semideus então começou a narrar a história de sua vida prévia. "Meu querido Senhor", disse ele, "em minha vida prévia eu era chamado Vidyadhara e era conhecido no mundo inteiro por minha beleza. Porque eu era uma personalidade celebrada, costumava viajar por toda parte em meu aeroplano. Enquanto viajava, vi um grande sábio chamado Angira. Ele era muito feio, e porque eu tinha muito orgulho da minha beleza, caçoei dele. Por causa dessa ação pecaminosa, fui condenado pelo grande sábio a assumir a forma de uma serpente". Deve-se notar aqui que antes de ser favorecida por Krishna, a pessoa está sempre sob os modos da natureza material, por mais elevada materialmente que possa ser. Vidyadhara era um semideus elevado materialmente, e ele era muito belo. Ele também possuía uma grande posição material e era capaz de viajar por toda parte com aeroplano. Mesmo assim ele foi condenado a se tornar uma serpente em sua próxima vida. Qualquer pessoa elevada materialmente pode ser condenada a uma espécie de vida abominável se não tiver cuidado. É um conceito errado achar que depois de alcançar o corpo humano a pessoa nunca se degrada. Vidyadhara afirma em pessoa que apesar de ele ser um semideus, foi condenado a se tornar uma serpente. Mas porque foi tocado pelos pés de lótus de Krishna, imediatamente veio à Consciência de Krishna. Ele admitiu entretanto que em sua vida prévia era realmente pecaminoso. Uma pessoa consciente de Krishna sabe que ela é sempre a serva do servo de Krishna; ela é a mais insignificante, e qualquer bem que faça é pela graça de Krishna e do mestre espiritual. O semideus Vidyadhara continuou a falar para Sri Krishna. "Porque estava muito orgulhoso da beleza primorosa do meu corpo", disse ele, "eu zombei das características feias do grande sábio Angira. Ele me amaldiçoou por causa de meu pecado, e eu me tornei uma cobra. Agora, considero que essa maldição do sábio não foi uma maldição de verdade; foi uma grande bênção para mim. Se ele não me amaldiçoasse, eu não assumiria o corpo de uma serpente e não seria tocado por Seus pés de lótus e assim me livrado de toda contaminação material". Na existência material, quatro coisas são muito valiosas: nascer numa família decente, ser muito rico, ser muito instruído, e ser muito belo. Essas são consideradas posses materiais. Infelizmente, sem Consciência de Krishna, essas posses materiais às vezes se tornam fontes de pecados e degradação. Apesar de Vidyadhara ser um semideus e ter um corpo bonito, foi condenado a um corpo de serpente por causa do orgulho. A cobra é considerada o ser vivo mais cruel e invejoso, porém aqueles que são seres humanos e têm inveja de outros são considerados ainda mais nefastos do que as cobras. A cobra pode ser dominada ou controlada com o canto de mantras e ervas, porém a pessoa que é invejosa não pode ser controlada por ninguém. "Meu querido Senhor", Vidyadhara continuou, "agora, desde que acho que fiquei livre de todos os tipos de atividades pecaminosas, peço Sua permissão para retornar à minha morada, o planeta celestial". Esse pedido indica que pessoas que são muito apegadas a atividades lucrativas, assim desejam promoção aos confortos dos sistemas planetários superiores, não podem alcançar seu objetivo último de vida sem a sanção da Suprema Personalidade de Deus. Também está afirmado no Bhagavad-gita que pessoas menos inteligentes querem alcançar benefícios materiais e por isso adoram diferentes tipos de semideuses, entretanto elas obtêm o objetivo dos semideuses na verdade através da permissão do Senhor Vishnu, ou Krishna. Semideuses não têm poder para conceder lucro material. Mesmo se a pessoa for apegada a benefício material, pode adorar Krishna, a Suprema Personalidade de Deus, e pedir a Ele. Krishna é completamente capaz de fornecer mesmo um benefício material. Há uma diferença, entretanto, entre pedir benefício material aos semideuses e pedi-los para Krishna. Dhruva Maharaja adorou a Suprema Personalidade de Deus por benefício material, porém quando alcançou o favor do Supremo Senhor e O viu, ficou tão satisfeito que recusou aceitar qualquer benefício material. A pessoa inteligente não pede favores nem adora os semideuses; ela diretamente se torna consciente de Krishna, e se tiver qualquer desejo por benefício material, ela pede a Krishna, não aos semideuses. Vidyadhara que esperava a permissão de Krishna para voltar aos planetas celestiais disse: "Agora, porque fui tocado por Seus pés de lótus, estou livre de todas as aflições materiais. Você é o mais poderoso de todos os místicos. Você é a Suprema Personalidade de Deus original. Você é o mestre de todos os devotos. Você é proprietário de todos sistemas planetários, e por isso que peço a Sua permissão. Você pode me aceitar como plenamente rendido a Você. Eu sei muito bem que pessoas que estão constantemente dedicadas a cantar Seu santo nome alcançam alívio de todas reações pecaminosas, e com certeza pessoas que são afortunadas o bastante para serem tocadas por Seus pés de lótus são liberadas. Portanto, tenho certeza que agora estou aliviado da maldição do brahmana simplesmente porque fui tocado por Seus pés de lótus". Dessa forma, Vidyadhara obteve a permissão do Senhor Krishna para retornar a seu lar nos sistemas planetários superiores. Depois de receber essa honra, ele começou a andar em volta do Senhor. E depois de prestar suas respeitosas reverências a Ele, retornou a seu planeta celestial. Assim Nanda Maharaja também ficou aliviado do perigo iminente de ser devorado por uma cobra. Os pastores de vacas adultos, que vieram para executar função ritualística para a adoração do Senhor Shiva e Ambika terminaram seu serviço e prepararam para retornar a Vrindavana. Enquanto voltavam, eles lembraram as atividades maravilhosas de Krishna. Ao relatar o incidente da liberação de Vidyadhara, ficaram mais apegados a Krishna. Eles vieram para adorar o Senhor Shiva e Ambika, porém ficaram mais e mais apegados a Krishna. Similarmente, as gopis também adoraram a deusa Katyayani para ficarem mais e mais apegadas a Krishna. Está afirmado no Bhagavad-gita que pessoas que são apegadas a adoração dos semideuses como Senhor Brahma, Shiva, Indra e Chandra, por algum benefício pessoal, são menos inteligentes e esqueceram o verdadeiro propósito da vida. Entretanto, os pastores de vacas adultos, habitantes de Vrindavana, não eram homens ordinários. Tudo que faziam, faziam para Krishna. Se uma pessoa adorar semideuses como o Senhor Shiva e Senhor Brahma para se tornar mais apegada a Krishna, isso é aprovado. Porém se a pessoa for aos semideuses por algum benefício pessoal, isso é condenado. Depois desse incidente, numa noite muito agradável, Krishna e Seu irmão mais velho Balarama, os dois juntos, que são inconcebivelmente poderosos, foram para a floresta de Vrindavana. Eles foram acompanhados pelas donzelas de Vrajabhumi, e Eles começaram a desfrutar a companhia delas. As jovens donzelas de Vraja estavam muito bem vestidas e untadas com polpa de sândalo e decoradas com flores. A Lua brilhava no céu, rodeada por estrelas cintilantes, e a brisa que soprava carregava o aroma das flores mallika, e os zangões ficavam enlouquecidos atrás do aroma. Assim aproveitaram a atmosfera agradável, Krishna e Balarama juntos começaram a cantar muito melodiosamente. As donzelas ficaram tão absortas na canção rítmica Deles que quase se esqueceram de si mesmas; o cabelo delas soltou, suas roupas afrouxaram, e seus colares de flores começaram a cair no chão. Nesse momento, enquanto estavam tão absortas, quase na loucura, um demônio associado de Kuvera (o tesoureiro dos planetas celestiais) apareceu na cena. O nome do demônio era Shankhasura porque em sua cabeça havia uma jóia valiosa que parecia um búzio. Do mesmo modo que os dois filhos de Kuvera eram envaidecidos por causa de sua riqueza e opulência e não se importaram com a presença de Narada Muni, esse Shankhasura também estava envaidecido por causa de opulência material. Ele pensou que Krishna e Balarama fossem dois meninos pastores de vacas ordinários que desfrutavam a companhia de muitas meninas belíssimas. Geralmente, no mundo material, a pessoa que enriquece acha que todas as mulheres bonitas devem ser desfrutadas por ele. Shankhasura também pensou como pertencia à rica comunidade de Kuvera, ele, não Krishna e Balarama, devia desfrutar a companhia de tantas meninas lindas. Então ele decidiu tomar conta delas. Ele apareceu perante Krishna e Balarama e as donzelas de Vraja e começou a conduzir as meninas embora para o norte. Ele mandou nelas como se fosse seu proprietário e esposo, apesar da presença de Krishna e Balarama. Levadas à força por Shankhasura, as donzelas de Vraja chamaram os nomes de Krishna e Balarama por proteção. Os dois irmãos imediatamente começaram a segui-las, e com grandes toras em Suas mãos. "Não fiquem com medo", Eles chamaram as gopis, "Estamos indo de uma vez para castigar esse demônio". Muito rápido Eles alcançaram Shankhasura. Ao ver que os dois irmãos eram muito poderosos, Shankhasura deixou a companhia das gopis e correu de medo por sua vida. Mas Krishna não ia deixá-lo fugir. Ele deixou as gopis sob os cuidados de Balarama e seguiu Shankhasura por onde ele fugiu. Krishna queria pegar a bela jóia que parecia uma concha da cabeça do demônio. Depois de segui-lo por uma curta distância, Krishna o capturou, golpeou a cabeça dele com Seu punho e o matou. Ele então pegou a jóia valiosa e retornou. Na presença de todas as donzelas de Vraja, Ele presenteou a jóia valiosa para Seu irmão mais velho Balarama.
Assim termina o significado Bhaktivedanta do Capítulo Trinta e Três de Krishna, "Vidyadhara Liberado e o Demônio Shankhasura Morto".
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"KRISHNA - A Suprema Personalidade de Deus"
(Original Sem "Correções") de Sua Divina Graça
Os Sentimentos de Separação das Gopis
As gopis de Vrindavana eram tão apegadas a Krishna que não ficavam satisfeitas simplesmente com a dança rasa à noite. Elas queriam se associar com Ele e desfrutar Sua companhia durante o período do dia também. Quando Krishna ia para a floresta com Seus amigos meninos pastores de vacas e as vacas, as gopis não tomavam parte fisicamente, porém seus corações iam junto com Ele. E porque seus corações iam, elas eram capazes de desfrutar a companhia Dele através de fortes sentimentos de separação. Adquirir esse forte sentimento de separação é o ensinamento do Senhor Chaitanya e Sua sucessão discipular direta dos Goswamis. Quando não estamos em contato físico com Krishna, podemos nos associar com Ele igual às gopis, através dos sentimentos de separação. A forma, qualidades, passatempos, e séquito transcendentais de Krishna são todos idênticos a Ele. Existem nove tipos diferentes de serviço devocional. Serviço devocional a Krishna com sentimentos de separação eleva o devoto ao nível de perfeição mais alto, o nível das gopis. Está afirmado na "Prece aos Seis Goswamis" de Shrinivasacharya que eles deixaram as opulências materiais do serviço do governo e o status principesco de vida e foram a Vrindavana, onde viviam justamente iguais a mendigos ordinários, a mendigar de porta em porta. Entretanto, eles eram tão enriquecidos com os sentimentos de separação das gopis que desfrutavam o prazer transcendental a cada momento. Similarmente, quando o Senhor Chaitanya estava em Jagannatha Puri, Ele estava no papel de Radharani, com o sentimento de separação de Krishna. Todos aqueles que estão no serviço devocional da Madhwa-Gaudiya-Sampradaya devem sempre sentir separação de Krishna, adorar Sua forma transcendental e discutir Seus ensinamentos transcendentais, Seus passatempos, Suas qualidades, Seu séquito e Seus associados. Os mestres espirituais devem enriquecer os devotos até a perfeição devocional mais elevada. Sentir separação constante enquanto dedicado ao serviço do Senhor é a perfeição da Consciência de Krishna. As gopis costumavam discutir Krishna entre si, e suas conversas eram como se segue. "Minhas queridas amigas", uma gopi disse, "vocês sabem que quando Krishna deita no chão, Ele descansa sobre Seu cotovelo esquerdo, e a cabeça Dele repousa sobre Sua mão esquerda? Ele move Suas sobrancelhas atraentes enquanto toca Sua flauta com Seus dedos delicados, e o som que Ele produz cria uma atmosfera tão agradável que os habitantes dos planetas celestiais, que viajam no espaço com suas esposas e entes queridos, param seus aeroplanos, porque ficam atordoados com a vibração da flauta. As esposas dos semideuses que estão sentadas em seus aeroplanos então ficam muito envergonhadas de suas qualificações de canto e música. Não somente isso, também elas ficam aflitas com amor conjugal, e seu cabelo e roupas apertadas soltam imediatamente". Outra gopi disse: "Minhas queridas amigas, Krishna é tão belo que a deusa da fortuna permanece sempre em Seu tórax, e Ele está sempre adornado com um colar de ouro. O belo Krishna toca Sua flauta a fim de animar os corações de muitos devotos. Ele é o único amigo dos seres vivos sofredores. Quando Ele toca Sua flauta, todas as vacas e outros animais de Vrindavana, apesar de concentrados na comida, simplesmente pegam um punhado de comida em suas bocas e param de mastigar. Suas orelhas levantam e todos ficam aturdidos. Eles não parecem vivos e sim iguais a animais de quadros. Krishna tocar flauta é tão atraente que até mesmo os animais ficam encantados, o que dizer de nós mesmas". Outra gopi disse: "Minhas queridas amigas, não somente os animais, mas até mesmo objetos inanimados como rios e lagos de Vrindavana também ficam aturdidos quando Krishna passa com penas de pavão em Sua cabeça e Seu corpo besuntado com os minerais de Vrindavana. Com as folhas e flores que decoram Seu corpo, Ele parece igual a algum herói. Quando Ele toca Sua flauta e chama as vacas junto com Balarama, o rio Yamuna pára de fluir e espera pelo ar que carrega a poeira de Seus pés de lótus. O rio Yamuna é desafortunado como nós; também não obtém a misericórdia de Krishna. O rio simplesmente permanece aturdido, pára suas ondas, justamente igual a nós que também paramos de chorar por causa da frustração por Krishna". Na ausência de Krishna, as gopis estavam sempre a derramar lágrimas, porém às vezes elas ficavam na expectativa de que Krishna vinha, assim paravam de chorar. Mas quando viam que Krishna não vinha, novamente ficavam frustradas e começavam a chorar. Krishna é a Personalidade de Deus original, a origem de todas as formas de Vishnu, e os meninos pastores de vacas são todos semideuses. O Senhor Vishnu é sempre adorado e rodeado por diferentes semideuses como o Senhor Shiva, Senhor Brahma, Indra, Chandra e outros. Quando Krishna percorria através da floresta de Vrindavana ou andava na colina Govardhana, Ele estava acompanhado dos meninos pastores de vacas. Enquanto andava, Ele tocava Sua flauta justamente para chamar Suas vacas. Justamente por Sua associação, as árvores, plantas e outra vegetação na floresta imediatamente se tornaram conscientes de Krishna. Uma pessoa consciente de Krishna sacrifica tudo para Krishna. Apesar de árvores e plantas não serem muito avançadas em consciência, pela associação com Krishna e Seus amigos elas também se tornaram conscientes de Krishna. Então queriam entregar tudo; tudo o que tivessem; a saber, frutas, flores e o mel que cai incessantemente de seus galhos. Quando Krishna andava pela margem do Yamuna, Ele era visto bem decorado com tilaka em Sua face. Ele estava adornado com vários colares de flores de diferentes tipos da floresta, e Seu corpo estava untado com polpa de sândalo e folhas de Tulasi. Os zangões ficaram enlouquecidos atrás do tesouro e doce néctar da atmosfera. Satisfeito com o som do zumbido das abelhas, Krishna toca Sua flauta, e juntos os sons se tornam tão doce de ouvir que os aquáticos, as garças, cisnes e patos e outros pássaros ficam encantados. Em vez de nadar ou voar, eles ficam aturdidos. Eles fecham seus olhos e entram no transe da meditação na adoração a Krishna. Uma gopi disse: "Minha querida amiga, Krishna e Balarama estão belamente vestidos com brincos e colares de pérolas. Eles Se divertem no topo da colina Govardhana, e tudo se torna absorto em prazer transcendental quando Krishna toca Sua flauta, e encanta toda a manifestação criada. Quando Ele toca, as nuvens param seus trovões altos, com medo Dele. Em vez de perturbar a vibração de Sua flauta, elas respondem com um trovão suave e assim congratulam Krishna, seu amigo". Krishna é aceito como o amigo da nuvem porque tanto a nuvem quanto Krishna satisfazem as pessoas quando estão perturbadas. Quando as pessoas queimam devido ao calor excessivo, a nuvem as satisfaz com chuva. Similarmente, quando as pessoas na vida materialista ficam perturbadas com o fogo ardente das aflições materiais, Krishna dá alívio a elas. A nuvem e Krishna, porque têm a mesma cor corpórea também, são considerados amigos. Com o desejo de congratular seu amigo superior, a nuvem não derramou água, e sim pequenas flores e cobriu a cabeça de Krishna para protegê-Lo do brilho solar escaldante. Uma das gopis disse a mãe Yashoda: "Minha querida mãe, seu filho é muito habilidoso entre os meninos pastores de vacas. Ele sabe todas as artes diferentes, como pastorear as vacas e como tocar a flauta. Ele compõe Suas próprias canções, e para cantá-las, Ele põe Sua flauta em Sua boca. Quando Ele toca, tanto de dia quanto de noite, todos os semideuses, como o Senhor Shiva, Brahma, Indra e Chandra, abaixam suas cabeças e ouvem com grande atenção. Apesar de serem muito eruditos e especialistas, eles não podem entender os arranjos musicais da flauta de Krishna. Eles simplesmente ouvem atentamente e tentam entender, porém ficam confusos e nada mais". Outra gopi disse: "Minha querida amiga, quando Krishna volta para casa com Suas vacas, as marcas das pegadas das solas de Seus pés; com flâmula, raio, tridente, e flor de lótus; aliviam a dor que a Terra sente quando as vacas a atravessam. Ele anda em passos largos que são tão atraentes, e Ele carrega Sua flauta. Justamente por olhar para Ele, ficamos luxuriosas para desfrutar Sua companhia. Nesse momento, nossos movimentos cessam. Ficamos iguais a árvores e ficamos em pé perfeitamente paralisadas, nós até esquecemos com o que parecemos". Krishna tinha muitos milhares de vacas, e elas eram divididas em grupos de acordo com suas cores. Elas também eram chamadas diferentemente de acordo com a cor. Quando Ele voltava do campo de pastagem, Ele encontrava todas as vacas reunidas. Da mesma forma que os Vaishnavas contam 108 contas, que representam as 108 gopis individuais, assim Krishna também cantava 108 diferentes grupos de vacas. "Quando Krishna volta, está adornado com colar de folhas de Tulasi", uma gopi O descreveu para uma amiga. "Ele coloca Sua cabeça no ombro de um menino pastor de vacas amigo e começa a soprar Sua flauta transcendental. As esposas do cervo negro ficam encantadas quando ouvem a vibração de Sua flauta, que é semelhante à vibração da vina. As cervas vêm até Krishna e ficam tão encantadas que permanecem paralisadas, esquecem seus lares e esposos. Como nós, que estamos encantadas pelo oceano de qualidades transcendentais de Krishna, a cerva fica encantada pela vibração de Sua flauta". Outra gopi disse à mãe Yashoda: "Minha querida mãe, quando seu filho volta para casa, Ele Se decora com brotos da flor kunda, e justamente para iluminar e alegrar Seus amigos, Ele sopra Sua flauta. A brisa que sopra do sul cria uma atmosfera agradável porque é fragrante e muito refrescante. Os semideuses como os Gandharvas e Siddhas aproveitam essa atmosfera e oferecem preces a Krishna com o soar de seus clarins e tambores. Krishna é muito bom com os habitantes de Vrajabhumi, Vrindavana, e quando Ele volta com Suas vacas e amigos, Ele é lembrado como o levantador da colina Govardhana. Por aproveitar essa oportunidade, os semideuses mais exaltados como Senhor Brahma e Senhor Shiva descendem para oferecer suas preces vespertinas, e eles acompanham os meninos pastores de vacas na glorificação das qualidades de Krishna". "Krishna é comparado à Lua, nascido no oceano do ventre de Devaki. Quando Ele volta no anoitecer, parece que Ele está fatigado, mas mesmo assim Ele tenta alegrar os habitantes de Vrindavana com Sua presença auspiciosa. Quando Krishna volta, com colares de flores, Sua face parece belíssima. Ele anda para dentro de Vrindavana com passos largos justamente igual ao elefante e entra vagarosamente em Sua casa. Depois que Ele volta, os homens, mulheres e vacas de Vrindavana imediatamente esquecem o calor ardente do dia". Tais descrições dos passatempos e atividades transcendentais de Krishna eram lembradas pelas gopis durante Sua ausência de Vrindavana. Elas nos dão alguma idéia da atração de Krishna. Todos e tudo estão atraídos a Krishna. Essa é a descrição perfeita da atração de Krishna. O exemplo das gopis é muito instrutivo para as pessoas que tentam se absorver na Consciência de Krishna. Uma pessoa pode facilmente se associar com Krishna simplesmente por lembrar Seus passatempos transcendentais. Todos têm a tendência de amar alguém. Que Krishna tem que ser o objeto do amor é o ponto central da Consciência de Krishna. Por meio do cantar constante do mantra Hare Krishna e lembrar os passatempos transcendentais de Krishna, a pessoa pode ficar plenamente em Consciência de Krishna e assim tornar sua vida sublime e frutífera.
Assim termina o significado Bhaktivedanta do Capítulo Trinta e Quatro de Krishna, "Os Sentimentos de Separação das Gopis".
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"KRISHNA - A Suprema Personalidade de Deus"
(Original Sem "Correções") de Sua Divina Graça
Kamsa Envia Akrura a Krishna
Vrindavana estava sempre absorta no pensamento de Krishna. Todos lembravam Seus passatempos e estavam constantemente submersos no oceano de bem-aventurança transcendental. Entretanto, o mundo material é tão contaminado que até mesmo em Vrindavana, os asuras ou demônios tentam perturbar a situação pacífica. Uma vez, um demônio chamado Aristasura entrou na vila na forma de um grande touro com corpo e chifres gigantescos, e cavava a terra com seus cascos. Quando o demônio entrou em Vrindavana, parecia que toda a terra tremia, como se fosse um terremoto. Ele rugia ferozmente, e depois de cavar a terra na beira do rio, ele entrou na vila propriamente. O terrível rugido do touro era tão penetrante que algumas vacas e mulheres gestantes tiveram abortos. Seu corpo era tão grande, robusto e forte que uma nuvem pairava sobre seu corpo justamente igual às nuvens que pairam sobre montanhas. Aristasura entrou em Vrindavana com essa aparência tão terrível que logo ao ver esse grande demônio, todos homens e mulheres ficaram aflitos com grande medo, e as vacas e outros animais fugiram da vila. A situação ficou muito terrível, e todos os habitantes de Vrindavana começaram a gritar, "Krishna! Krishna! por favor nos salve"! Krishna também viu que as vacas corriam para longe, e Ele imediatamente respondeu: "Não tenham medo. Não tenham medo". Então Ele apareceu perante Aristasura e disse: "Você é o mais baixo de todos os seres vivos! Por que você amedronta os habitantes de Gokula? O que você ganha com esta ação? Se você veio desafiar Minha autoridade, então Eu estou preparado para lutar com você". Dessa forma, Krishna desafiou o demônio, e o demônio ficou furioso com as palavras de Krishna. Krishna permaneceu imóvel em pé na frente do touro, e descansava Sua mão sobre o ombro de um amigo. O touro partiu para o ataque em direção a Krishna com fúria. Cavou a terra com seus cascos, Aristasura levantou seu rabo, e parecia que nuvens pairavam sobre seu rabo. Seus olhos estavam avermelhados e se moviam em fúria. Ele apontou seus chifres para Krishna, e partiu para atacá-Lo, justamente igual ao raio de Indra. Mas Krishna pegou seus chifres imediatamente e o arremessou longe, justamente igual a um elefante gigantesco que repele um pequeno elefante inimigo. Apesar do demônio parecer estar muito cansado e apesar de transpirar, ele tomou coragem e se levantou. Novamente, ele atacou Krishna com grande força e fúria. Enquanto corria em direção a Krishna, ele respirou muito pesadamente. Krishna novamente pegou seus chifres e imediatamente o atirou no chão, assim quebrou seus chifres. Krishna então começou a pisar no seu corpo, exatamente igual a uma pessoa que espreme um pano molhado no chão. Assim pisado por Krishna, Aristasura rolou e começou a mover suas patas violentamente. Ele sangrava muito e defecava e urinava, seus olhos saíram da cavidade ocular, assim ele passou para o reino da morte. Os semideuses nos planetas celestiais começaram a chover flores sobre Krishna por causa de Sua conquista maravilhosa. Krishna já era a vida e a alma dos habitantes de Vrindavana, e depois de matar esse demônio na forma de touro, Ele Se tornou o centro de atração de todos os olhos. Com Balarama, Ele triunfantemente entrou na vila de Vrindavana, e os habitantes O glorificaram junto com Balarama com grande júbilo. Quando uma pessoa realiza um feito maravilhoso, seus entes queridos e parentes e amigos naturalmente ficam em júbilo. Depois desse incidente, o grande sábio Narada revelou o segredo de Krishna. Narada Muni era geralmente conhecido como devadarshana, significa que ele só pode ser visto por semideuses ou pessoas que estão no mesmo nível dos semideuses. Porém, Narada visitou Kamsa, que não estava nenhum pouco no nível dos semideuses, e mesmo assim Kamsa o viu. Claro que Kamsa também viu Krishna, o que falar de Narada Muni, entretanto, geralmente a pessoa tem que ter olhos purificados para ver o Senhor e Seus devotos. É claro que pela associação com um devoto puro, a pessoa pode obter um benefício imperceptível, que é chamado ajñatasukriti. Ela não pode entender como faz progresso, ainda assim faz progresso ao ver o devoto do Senhor. A missão de Narada Muni era terminar as coisas rapidamente. Krishna apareceu para matar os demônios, e Kamsa era o líder entre eles. Narada queria acelerar as coisas; ele imediatamente se aproximou de Kamsa com toda a informação real: "Você será morto pelo oitavo filho de Vasudeva", Narada contou a Kamsa. "Esse oitavo filho é Krishna. Você foi enganado por Vasudeva a acreditar que o oitavo filho de Vasudeva era uma filha. Na realidade, a filha nasceu de Yashoda, a esposa de Nanda Maharaja, e Vasudeva trocou a filha, assim você foi enganado. Krishna é o filho de Vasudeva, da mesma forma que Balarama também é. Com medo da sua natureza atroz, Vasudeva Os escondeu taticamente em Vrindavana, fora da sua visão". Narada informou Kamsa ainda mais: "Krishna e Balarama vivem incógnitos sob os cuidados de Nanda Maharaja. Todos os asuras, seus companheiros que foram mandados a Vrindavana para matar diferentes crianças, todos foram mortos por Krishna e Balarama". Logo que Kamsa obteve essa informação de Narada Muni, ele pegou sua espada afiada e se preparou para matar Vasudeva por sua duplicidade. Porém Narada o acalmou. "Você não vai ser morto por Vasudeva", disse ele. "Por que está tão ansioso para matá-lo? Melhor tentar matar Krishna e Balarama". Contudo, a fim de satisfazer sua ira, Kamsa prendeu Vasudeva junto com sua esposa e os acorrentou com correntes de ferro. Assim atuou conforme a nova informação, Kamsa imediatamente chamou o demônio Keshi e pediu-lhe para ir a Vrindavana imediatamente e buscar Balarama e Krishna. Na realidade, Kamsa pediu a Keshi para ir a Vrindavana a fim de ser morto por Krishna e Balarama e assim obter a salvação. Então Kamsa chamou os treinadores de elefante especialistas, Chanura, Mustika, Shala, Toshala, etc., e disse a eles: "Meus queridos amigos, tentem me ouvir com muita atenção. No local de Nanda Maharaja em Vrindavana, há dois irmãos, Krishna e Balarama. Eles são na realidade dois filhos de Vasudeva. Como vocês sabem, fui destinado a morrer por Krishna; há uma profecia a esse respeito. Agora eu peço a vocês que organizem um torneio de luta livre. Pessoas de diferentes partes do país virão para ver o festival. Vou providenciar para termos aqueles dois meninos aqui, e vocês tentarão matá-Los na arena de luta". Torneios de luta ainda são apreciados pelas pessoas do norte da Índia, e nas afirmações do Srimad Bhagavatam parece que 5.000 anos atrás a luta livre era popular. Kamsa planejou organizar uma competição de luta livre para convidar as pessoas a visitarem. Ele também disse aos treinadores de elefantes: "Certifique-se de trazer o elefante chamado Kuvalayapida e o mantenha no portão do campo de luta. Tente capturar Krishna e Balarama na chegada Deles e mate-Os". Kamsa também aconselhou seus amigos a organizarem uma adoração ao Senhor Shiva com oferendas de animais sacrificados e a realização do sacrifício chamado Dhanur-yajña e o sacrifício realizado no décimo quarto dia da lua, conhecido como Chaturdashi. Essa data cai três dias depois do Ekadashi, e é separada para a adoração ao Senhor Shiva. Uma das porções plenárias do Senhor Shiva se chama Kalabhairava. Essa forma do Senhor Shiva é adorada por demônios que oferecem animais esfolados perante ele. Esse processo ainda é corrente na Índia num lugar chamado Vaidyanatha-dhama, onde os demônios oferecem sacrifícios de animais para a deidade de Kalabhairava. Kamsa pertencia a esse grupo demoníaco. Ele também era um diplomata perito, assim ele organizou rapidamente para seus amigos demônios matarem Krishna e Balarama. Então ele chamou Akrura, um dos descendentes da família Yadu, onde Krishna nasceu como filho de Vasudeva. Quando Akrura veio ver Kamsa, Kamsa muito educadamente apertou as mãos dele e disse: "Meu querido Akrura, na verdade não tenho melhor amigo do que você nas dinastias Bhoja e Yadu. Você é a pessoa mais magnânima, por isso que como amigo eu imploro por sua caridade. Na verdade, eu me abrigo em você exatamente igual o rei Indra se abriga no Senhor Vishnu. Peço que você vá imediatamente a Vrindavana e encontre os dois meninos chamados Krishna e Balarama. Eles são filhos de Nanda Maharaja. Pegue esta boa quadriga, especialmente preparada para os meninos, e traga-Os aqui imediatamente. Esse é meu pedido a você. Agora, meu plano é matar esses dois meninos. Logo que Eles chegarem ao portão, haverá um elefante gigante chamado Kuvalayapida a esperar, e possivelmente ele será capaz de matá-Los. Porém se de alguma forma Eles escaparem, encontrarão os lutadores e serão mortos por eles. Esse é o meu plano. E depois de matar esses dois meninos, eu matarei Vasudeva e Nanda, que são apoiadores das dinastias Vrishni e Bhoja. Eu também matarei meu pai Ugrasena e seu irmão Devaka, porque eles são meus inimigos na verdade e são obstáculos para minha diplomacia e política. Assim me livrarei de todos os meus inimigos. Jarasandha é meu sogro, e tenho um grande amigo macaco chamado Dwivida. Com a ajuda deles será fácil matar todos os reis da face deste mundo que apóiam os semideuses. Esse é meu plano. Dessa forma me livrarei de toda a oposição, e será muito agradável governar o mundo sem obstrução. Você também deve saber que Shambara, Narakasura e Banasura são meus amigos íntimos, e quando eu começar essa guerra contra os reis que apóiam os semideuses, eles me ajudarão consideravelmente. Certamente que me livrarei de todos meus inimigos. Por favor, vá imediatamente a Vrindavana e encoraje os meninos a virem ver a beleza de Mathura e Se divertirem com a competição de luta livre". Depois de ouvir esse plano de Kamsa, Akrura respondeu: "Meu querido rei, seu plano foi feito com muita excelência para combater os obstáculos de suas atividades diplomáticas. Mas você tem que manter alguma discrição, ou seus planos não serão frutíferos. Depois de tudo, o homem propõe, Deus dispõe. Podemos fazer muitos grandes planos, porém se não forem sancionados pela autoridade suprema, falharão. Todos neste mundo material sabem que o poder sobrenatural é o controlador último de tudo. Alguém pode fazer um plano muito grande com seu cérebro fértil, mas deve saber que ficará sujeito aos frutos, miséria e felicidade. Porém não tenho nada a dizer contra sua proposta. Como um amigo, vou cumprir a sua ordem e trazer Krishna e Balarama aqui, como você deseja". Depois de instruir seus amigos de várias formas, Kamsa se retirou, e Akrura foi para Vrindavana.
Assim termina o significado Bhaktivedanta do Capítulo Trinta e Cinco de Krishna, "Kamsa Envia Akrura a Krishna".
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(Original Sem "Correções") de Sua Divina Graça
Matança do Demônio Keshi e Vyomasura
Depois de ser instruído por Kamsa, o demônio Keshi assumiu a forma de um cavalo terrível. Ele entrou na área de Vrindavana, com sua grande crina que voava e seus cascos escavavam a terra. Ele começou a relinchar e aterrorizou o mundo inteiro, Krishna viu que o demônio aterrorizava todos os residentes de Vrindavana com seu relincho e seu rabo rodava no céu como uma grande nuvem. Krishna pôde entender que o cavalo O desafiava para lutar. O Senhor aceitou seu desafio e permaneceu perante o demônio Keshi. Quando Ele o chamou para lutar, o cavalo começou a proceder em direção a Krishna, e fez um som horrível parecido com o rugido dum leão. Keshi correu em direção ao Senhor com alta velocidade e tentou pisoteá-Lo com suas patas, que eram fortes, vigorosas, e duras como pedra. Krishna, entretanto, imediatamente pegou suas patas e assim o frustrou. Como estava um pouco bravo, Krishna começou a mover o cavalo em volta habilmente. Depois de algumas voltas, Ele o atirou a cem metros, exatamente igual como Garuda lança uma grande cobra. Atirado por Krishna, o cavalo desmaiou imediatamente, porém depois de um instante ele recobrou a consciência e com grande fúria e força correu em direção a Krishna, dessa vez com sua boca aberta. Logo que Keshi O alcançou, Krishna empurrou Sua mão esquerda dentro da boca do cavalo. O cavalo sentiu muita dor porque a mão de Krishna pareceu para ele como uma barra de ferro em brasa. Imediatamente seus dentes caíram. A mão de Krishna dentro da boca do cavalo começou a inflar de imediato, e a garganta de Keshi ficou obstruída. À medida que o grande cavalo começou a sufocar, apareceu transpiração em seu corpo, e ele começou a espernear com suas patas daqui para lá. Quando veio seu último suspiro, seus globos oculares incharam dentro de suas cavidades, e ele defecou e urinou simultaneamente. Assim a força vital de sua vida expirou. Quando o cavalo estava morto, sua boca afrouxou e Krishna pôde retirar Sua mão sem dificuldade. Ele não sentiu nenhuma surpresa que o demônio Keshi foi morto tão facilmente, porém os semideuses ficaram maravilhados, e por causa de sua grande apreciação, ofereceram saudações a Krishna com chuvas de flores. Depois desse incidente, Narada Muni, o maior de todos devotos, veio ver Krishna num local solitário e começou a falar com Ele. "Meu querido Senhor", disse ele, "Você é a Superalma ilimitada, o supremo controlador de todos poderes místicos, o Senhor de todo o universo, a Personalidade de Deus todo-penetrante. Você é o local de repouso da manifestação cósmica, o mestre de todos devotos, e o Senhor de todos. Meu querido Senhor, como a Superalma de todos os seres vivos, Você permanece oculto dentro de seus corações exatamente como o fogo permanece oculto em cada pedaço de combustível [lenha]. Você é a testemunha de todas atividades de todos seres vivos, e Você é o supremo controlador dentro de seus corações. Você é auto-suficiente; antes da criação, Você existia, e por Sua energia Você criou o universo material inteiro. De acordo com Seu plano perfeito, este mundo material é criado pela interação dos modos da natureza, e por Você eles são mantidos e aniquilados. Embora Você não seja afetado por essas atividades, Você é supremo controlador eternamente. Meu querido Senhor, Você adveio Pessoalmente sobre a superfície deste mundo justamente para matar todos os assim chamados reis que são na realidade demônios. Esses duendes do mal enganam as pessoas nas vestes da ordem principesca. Você adveio Pessoalmente para cumprir Sua própria afirmação de que Você vem para dentro deste mundo material justamente para proteger os princípios da religião e aniquilar descrentes indesejados. Meu querido Senhor, eu tenho certeza portanto que no dia depois de amanhã, verei demônios como Chanura, Mustika e os outros lutadores e elefantes, bem como o próprio Kamsa, mortos por Você. E verei isso com meus olhos abertos. Depois disso, espero poder ver a matança de outros demônios como Shankha, Yavana, Mura, e Narakasura. Também verei como Você toma a flor parijata do reino do céu, e como Você derrota o rei do céu em pessoa". "Meu querido Senhor", Narada Muni continuou, "eu poderei ver como Você casa com as princesas, as filhas dos reis cavalheirescos, por pagar o preço do poder kshatriya". (Sempre que um kshatriya quer casar com uma princesa muito linda e qualificada de um grande rei, ele tem que lutar contra seus competidores e emergir vitorioso. Assim então, ele recebe a mão da princesa em caridade). "Eu também verei como Você salva o rei Nriga duma condição infernal", disse Narada Muni. "Isso Você encenará em Dwaraka. Também serei capaz de ver como Você ganha Sua esposa e a jóia Syamantaka e como Você salva o filho dum brahmana da morte depois que ele já havia sido transferido para outro planeta. Depois disso, serei capaz de ver Você matar o demônio Paundraka e queimar às cinzas o reino de Kashi. Verei como Você mata o rei de Chedi e Dantavakra em grandes combates, em nome de Maharaja Yudhisthira. Além de tudo isso, será possível para eu ver outras atividades cavalheirescas enquanto Você permanecer em Dwaraka. E todas essas atividades realizadas por Sua graça serão cantadas por grandes poetas por todos os tempos. E na batalha de Kurukshetra Você tomará parte como o cocheiro do Seu amigo Arjuna, e como a encarnação da morte invencível, tempo eterno, Você aniquilará todos os beligerantes reunidos ali. Eu verei um grande número de forças militares mortas nesse campo de batalha. Meu Senhor, deixe-me oferecer minhas respeitosas reverências a Seus pés de lótus. Você está situado completamente na posição transcendental em perfeito conhecimento e bem-aventurança. Você é completo em Si mesmo e está além de todos os desejos. Por exibir Sua potência interna, Você estabeleceu a influência de maya. Sua potência ilimitada não pode ser medida por ninguém. Meu querido Senhor, Você é o supremo controlador. Você está sob Sua própria potência interna, e é simplesmente vão pensar que Você é dependente de qualquer uma de Suas criações". "Você nasceu na dinastia Yadu, ou a dinastia Vrishni. Seu advento na superfície da Terra em Sua forma original de conhecimento bem-aventurado eterno é Seu próprio passatempo. Você não é dependente de nada além de Você mesmo, portanto, ofereço minhas respeitosas reverências a Seus pés de lótus". Narada Muni queria deixar a impressão no povo em geral que Krishna é plenamente independente. Suas atividades, como Seu aparecimento na família Yadu ou Sua amizade com Arjuna, não necessariamente O obrigam a atuar para desfrutar seus resultados. Todas são passatempos, e para Ele todas elas são diversão. Entretanto para nós, elas são fatos reais, tangíveis. Depois de oferecer suas respeitosas reverências ao Senhor Krishna, Narada Muni pediu permissão e partiu. Depois que Ele matou o demônio Keshi, Krishna voltou a pastorear as vacas com Seus amigos na floresta como se nada tivesse acontecido. Assim Krishna está eternamente dedicado às atividades transcendentais em Vrindavana com Seus amigos, os meninos pastores de vacas e as gopis, porém às vezes Ele exibe a coragem extraordinária da Suprema Personalidade de Deus ao matar diferentes tipos de demônios. Mais tarde naquela manhã, Krishna foi brincar com Seus amigos meninos pastores de vacas no topo da colina Govardhana. Eles imitavam a atuação de ladrões e polícia. Alguns meninos viraram oficiais de polícia, e outros viraram ladrões, e outros fizeram o papel de cordeiros. Enquanto eles desfrutavam dessa forma seus passatempos infantis, um demônio conhecido pelo nome de Vyomasura, "o demônio que voa no céu", apareceu na cena. Ele era filho de outro grande demônio chamado Maya. Esses demônios podem realizar mágicas maravilhosas. Vyomasura fez o papel dum menino pastor de vacas que brincava como ladrão e roubou muitos meninos que faziam o papel de cordeiros. Um depois do outro, ele levou embora quase todos os meninos e os colocou nas cavernas da montanha e selou as aberturas das cavernas com pedras. Krishna pôde entender o truque que o demônio atuava; assim Ele o pegou exatamente igual como um leão pega um cordeiro. O demônio tentou se expandir ao tamanho de uma montanha para se livrar da prisão, mas Krishna não permitiu que ele saísse de Suas garras. Ele foi atirado no chão imediatamente com grande força e morto, exatamente igual a um animal que é morto no matadouro. Depois de matar o demônio Vyoma, o Senhor Krishna libertou Seus amigos das cavernas da montanha. Assim Ele foi louvado por Seus amigos e pelos semideuses por causa desses atos maravilhosos. Ele novamente retornou a Vrindavana com Suas vacas e Seus amigos.
Assim termina o significado Bhaktivedanta do Capítulo Trinta e Seis de Krishna, "Matança do Demônio Keshi e Vyomasura".
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Desde 18/julho/2000 (Última Edição: 30-dez-2019 ) |