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Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga

Nitai Gaura Hari Bol

 

 

"KRISHNA - A Suprema Personalidade de Deus"

(Original Sem "Correções")

de

Sua Divina Graça
Sri Srimad Bhaktivedanta Swami Maharaj Prabhupada
Paramahamsa Thakura Mahashaya

(Volume 3)

 

 

Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga

Nitai Gaura Hari Bol

 

Sua Divina Graça
Sri Srimad Bhaktivedanta Swami Maharaj Prabhupada
Paramahamsa Thakura Mahashaya

Fundador Acharya da Sociedade Internacional
para a Consciência de Krishna

 

Jaya Prabhupada! Jaya Prabhupada! Jaya Prabhupada!

Todas as Glórias à Sua Divina Graça Visvavarenya Om Vishnupada Paramahamsa Parivrajakacharya Ashtottara-shata Sri Srimad Bhaktivedanta Swami Maharaj Srila Prabhupada Thakur Mahashaya.

 

 

Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga

Nitai Gaura Hari Bol

 

 

"KRISHNA - A Suprema Personalidade de Deus"

(Original Sem "Correções")

de

Sua Divina Graça
Sri Srimad Bhaktivedanta Swami Maharaj Prabhupada
Paramahamsa Thakura Mahashaya

 

Capítulo 37

Chegada de Akrura a Vrindavana

 

Narada Muni não mencionou Krishna matar Vyomasura, significa que ele foi morto no mesmo dia que o demônio Keshi. O demônio Keshi foi morto de manhã cedo, e depois disso os meninos foram pastorear as vacas na colina Govardhana, e foi lá que Vyomasura foi morto. Os dois demônios foram mortos na manhã. Akrura foi solicitado por Kamsa para chegar a Vrindavana à noite. Depois de receber a instrução de Kamsa, Akrura partiu na manhã seguinte via quadriga para Vrindavana. Porque Akrura ele mesmo era um grande devoto do Senhor, enquanto ia a Vrindavana, começou a louvar o Senhor. Devotos estão sempre absortos em pensamentos de Krishna, e Akrura pensava constantemente nos olhos de lótus do Senhor Krishna.

Ele não sabia que tipo de atividades piedosas ele devia ter feito para obter uma oportunidade de ir ver o Senhor Krishna. Akrura pensou se Krishna desejou, ele seria capaz de vê-Lo. Akrura se considerou o mais afortunado porque ia para ver Krishna, aquele que os grandes yogis místicos desejam ver. Ele tinha confiança que naquele dia todas as reações pecaminosas de sua vida passada seriam finalizadas e sua forma de vida humana afortunada seria bem sucedida. Akrura também considerou que ele foi muito favorecido por Kamsa, que o enviou para trazer Krishna e Balarama e assim o capacitou para ver o Senhor. Akrura continuou a considerar que grandes sábios e pessoas santificadas do passado foram liberadas do mundo material simplesmente por ver as unhas brilhantes dos pés de lótus de Krishna.

"Essa Suprema Personalidade de Deus veio agora justamente igual a um ser humano ordinário, e é minha grande fortuna ser capaz de vê-Lo face a face", Akrura pensou. Ele estava emocionado com expectativas de ver os mesmos pés de lótus que são adorados por grandes semideuses como Brahma, Narada, e o Senhor Shiva, os quais atravessam o chão de Vrindavana, e que tocam os seios das gopis cobertos com a tintura de kunkuma. Ele pensou, "sou tão afortunado que serei capaz de ver esses mesmos pés de lótus neste dia, e certamente serei capaz de ver a bela face de Krishna, que é marcada na testa e no nariz com tilaka. E também serei capaz de ver Seu sorriso e Seu cabelo preto encaracolado. Eu posso ter certeza sobre esta oportunidade porque vejo que hoje os cervos passam do meu lado direito. Hoje será possível para eu realmente ver a beleza do reino espiritual de Vishnuloka porque Krishna é o Vishnu Supremo, e Ele adveio pessoalmente por causa de Sua própria boa vontade. Ele é o reservatório de toda a beleza; portanto, meus olhos serão preenchidos hoje".

Akrura sabia além de dúvida que o Senhor Krishna é o Vishnu Supremo. O Senhor Vishnu olha para a energia material, e assim a manifestação cósmica vem a existir. E apesar do Senhor Vishnu ser o criador deste mundo material, Ele é livre, por Sua própria energia, da influência da energia material. Similarmente, Krishna o Vishnu original, pela expansão de Sua potência interna, criou os habitantes de Vrindavana. No Brahma-samhita também está confirmado que a parafernália e a morada de Krishna são expansões de Sua potência interna. A mesma potência interna é exibida na Terra como Vrindavana, onde Krishna desfruta Dele mesmo com Seus pais e na companhia de Seus amigos, os meninos pastores de vacas, e as gopis. Pela afirmação de Akrura, fica claro que, porque Krishna é transcendental aos modos da natureza material, os habitantes de Vrindavana, que estão dedicados ao serviço amoroso do Senhor, também são transcendentais.

Akrura também considerou a necessidade dos passatempos transcendentais do Senhor. Ele pensou que as atividades, instruções, qualidades e passatempos transcendentais de Krishna são todos para a boa fortuna das pessoas em geral. O povo pode permanecer sempre em Consciência de Krishna por discutir a forma, qualidades, passatempos, e parafernália transcendentais do Senhor. Por fazer isso, todo o universo pode realmente viver de forma auspiciosa e avançar pacificamente. Porém sem Consciência de Krishna, a civilização é só uma decoração em um corpo morto. Um corpo morto pode ser decorado muito bem, mas sem a consciência essas decorações são inúteis. A sociedade humana sem Consciência de Krishna é inútil e sem vida.

Akrura pensou: "Essa Suprema Personalidade de Deus, Krishna, apareceu agora como um dos descendentes da dinastia Yadu. Os princípios da religião são Suas leis promulgadas. Aqueles que observam essas leis são os semideuses, e os que não seguem são demônios. Ele adveio em pessoa para dar proteção aos semideuses, que são muito obedientes às leis do Supremo Senhor. Os semideuses e os devotos do Senhor sentem prazer em obedecer às leis de Krishna, e Krishna sente prazer em dar a eles todos os tipos de proteção. Essas atividades de Krishna, Sua proteção aos devotos e a matança de demônios, como confirmado no Bhagavad-gita, são sempre boas para as pessoas ouvirem e narrarem. As atividades gloriosas do Senhor serão sempre cada vez mais cantadas pelos devotos e semideuses".

"Krishna, a Suprema Personalidade de Deus, é o mestre espiritual de todos os mestres espirituais; Ele é o salvador de todas as almas caídas e o proprietário dos três mundos. Qualquer um é capaz de vê-Lo com seus olhos untados com amor de Deus. Hoje, serei capaz de ver a Suprema Personalidade de Deus, que por Sua beleza transcendental atraiu a deusa da fortuna para viver com Ele perpetuamente. Assim que eu chegar a Vrindavana, descerei desta quadriga e cairei prostrado para oferecer minhas reverências ao Supremo Senhor, o mestre na natureza material e de todos os seres vivos. Os pés de lótus de Krishna são sempre adorados por grandes yogis místicos, assim eu também adorarei os pés de lótus Dele e me tornarei um de Seus amigos em Vrindavana como os meninos pastores de vacas. Quando eu me prostrar perante o Senhor Krishna dessa forma, certamente que Ele colocará Sua destemida mão de lótus sobre minha cabeça. Sua mão é oferecida a todas as almas condicionadas que se abrigam em Seus pés de lótus. Krishna é o objetivo último da vida para todas as pessoas que temem a existência material, e certamente quando eu vi-Lo, Ele me dará o abrigo de Seus pés de lótus. Eu aspiro pelo toque de Suas mãos que são como o lótus sobre minha cabeça".

Dessa forma, Akrura esperava bênçãos da mão de Krishna. Ele sabia que Indra, que é o rei do céu e o mestre dos três mundos; os sistemas planetários superior, médio, e inferior; foi abençoado pelo Senhor simplesmente por causa da sua oferenda de um pouco de água que Krishna aceitou. Similarmente, Bali Maharaja deu apenas três passos de terra em caridade a Vamanadeva, e também ofereceu um pouco de água que o Senhor Vamanadeva aceitou, e assim Bali Maharaja alcançou a posição de Indra. Quando as gopis dançavam com Krishna na dança rasa, elas ficaram fatigadas, e Krishna passou Sua mão, que é tão fragrante quanto a flor de lótus, sobre as gotas de transpiração que são como pérolas nas faces das gopis, e assim foram refrescadas imediatamente. Por isso que Akrura esperava a bendição dessa suprema mão de Krishna. A mão de Krishna é capaz de conceder bênção a todos os tipos de seres humanos se eles aceitarem a Consciência de Krishna. Se alguém desejar felicidade material como o rei do céu, pode obter essa bênção da mão de Krishna; se alguém desejar liberação das dores da existência material, também pode obter essa bênção da mão de Krishna; e se alguém em amor puro por Krishna desejar associação pessoal e o toque de Seu corpo transcendental, também pode ganhar bênção de Sua mão.

Akrura estava temeroso, entretanto, por ter sido delegado por Kamsa, o inimigo de Krishna. Ele pensou, "vou ver Krishna como um mensageiro do inimigo". Ao mesmo tempo, ele pensou, "Krishna está em cada e no coração de todos como a Superalma, por isso Ele deve conhecer meu coração". Apesar de Akrura ser enviado pelo inimigo de Krishna, seu coração estava limpo. Ele era um devoto puro de Krishna. Ele arriscou a ira de Kamsa justamente para encontrar Krishna. Ele tinha certeza que apesar de ir como um representante de Kamsa, Krishna não o aceitaria como um inimigo. "Muito embora eu esteja numa missão pecaminosa, delegado por Kamsa, quando me aproximar da Suprema Personalidade de Deus, permanecerei perante Ele com toda a humildade e mãos postas. Com certeza, Ele ficará satisfeito com minha atitude devocional, e talvez Ele sorrirá amorosamente e olhará para mim e assim me libertará de todos os tipos de reações pecaminosas. Então eu estarei na plataforma de bem-aventurança e conhecimento transcendentais. Porque Krishna conhece meu coração, certamente quando me aproximar Dele, Ele me abraçará. Eu não sou apenas um dos membros da dinastia Yadu, mas também um devoto puro imaculado. Por causa de Seu abraço, meu corpo, meu coração e alma ficarão completamente limpos das ações e reações da minha vida passada. Quando nossos corpos se tocarem, eu me levantarei imediatamente com mãos postas, com toda a humildade. Com certeza, Krishna e Balarama me chamarão: 'Akrura, tio', e nesse momento minha vida inteira será gloriosa. A menos que alguém seja reconhecido pela Suprema Personalidade de Deus, sua vida não pode ser bem sucedida".

Está claramente afirmado aqui que a pessoa deve tentar ser reconhecida pela Suprema Personalidade de Deus por seu serviço e devoção, sem os quais a forma humana de vida está condenada. Como está afirmado no Bhagavad-gita, o Supremo Senhor, Personalidade de Deus, é igual com todos. Ele não tem nenhum amigo ou nenhum inimigo. Mas Ele é inclinado a um devoto que Lhe presta serviço com amor devocional. O Bhagavad-gita também declara que o Supremo Senhor é receptivo ao serviço devocional prestado pelo devoto. Akrura pensava que Krishna era igual à árvore do desejo nos planetas celestiais que dá fruto de acordo com o desejo do adorador. A Suprema Personalidade de Deus também é a fonte de tudo. Um devoto deve saber como prestar serviço a Ele e assim ser reconhecido por Ele. Portanto, no Chaitanya Charitamrita está explicado que a pessoa deve servir tanto o mestre espiritual quanto Krishna simultaneamente e dessa forma fazer progresso na Consciência de Krishna. Serviço rendido a Krishna sob a direção do mestre espiritual é serviço fidedigno porque o mestre espiritual é o representante manifesto de Krishna. Sri Visvanatha Chakravarti Thakur diz que quando uma pessoa satisfaz o mestre espiritual, ela satisfaz o Supremo Senhor. É exatamente igual ao serviço no gabinete do governo. A pessoa tem que trabalhar sob a supervisão do chefe de departamento. Se o supervisor do departamento ficar satisfeito com o serviço de uma pessoa em particular, uma promoção e aumento no pagamento virão automaticamente.

Akrura então pensou: "Quando Krishna e Balarama ficarem satisfeitos com minhas preces, certamente que pegarão minha mão, Eles me receberão dentro de Seus lares e me oferecerão respeitosas hospitalidades, e com certeza Eles me perguntarão sobre as atividades de Kamsa e seus amigos".

Dessa forma, Akrura, que era o filho de Shwaphalka, meditou em Sri Krishna em sua viagem desde Mathura. Ele chegou a Vrindavana no fim do dia. Akrura passou toda a viagem sem saber quanto tempo demorou. Quando ele alcançou Vrindavana, o Sol se punha. Logo que entrou nos limites de Vrindavana, ele viu as pegadas das vacas e as pegadas do Senhor Krishna, impressas com os sinais de Sua sola, a flâmula, tridente, raio e flor de lótus. Depois de ver as pegadas de Krishna, Akrura pulou imediatamente da carruagem, em respeito. Ele ficou tomado com todos os sintomas de êxtase; ele chorou, e seu corpo tremia. Por causa do júbilo extremo depois de ver a poeira tocada pelos pés de lótus de Krishna, Akrura caiu prostrado com sua face e começou a rolar no chão.

A viagem de Akrura a Vrindavana é exemplar. A pessoa que intenciona visitar Vrindavana deve seguir os passos ideais de Akrura e sempre pensar nos passatempos e atividades do Senhor. Logo que a pessoa chega aos arredores de Vrindavana, deve imediatamente passar a poeira de Vrindavana sobre seu corpo sem pensar em sua posição ou prestígio material. Narottamadasa Thakur cantou em sua célebre canção, Vishaya-chariya kave shuddha have mana: "Quando minha mente ficar purificada depois de deixar a contaminação do prazer sensual material, estarei apto para visitar Vrindavana". Na verdade, ninguém pode ir a Vrindavana por comprar uma passagem. O processo de ir a Vrindavana é demonstrado por Akrura.

Quando Akrura entrou em Vrindavana, ele viu Krishna e Balarama dedicados a supervisionar a ordenha das vacas. Krishna estava vestido com roupas amarelas e Balarama com azul. Akrura também viu que os olhos de Krishna eram exatamente iguais à belamente desabrochada flor de lótus da estação de outono. Ele viu os dois Krishna e Balarama no desabrochar de Sua juventude. Embora os dois sejam similares nas características corpóreas, Krishna era escuro em compleição, enquanto Balarama era esbranquiçado. Os dois são o abrigo da deusa da fortuna. Eles tinham corpos bem construídos, belas mãos e faces agradáveis, e Eles eram tão fortes quanto elefantes. Agora, depois de ver as pegadas Deles, Akrura viu realmente Krishna e Balarama, face a face. Apesar Deles serem as personalidades de mais influência, Eles olhavam para ele com rostos sorridentes. Akrura pôde entender que ambos Krishna e Balarama voltavam do pastoreio das vacas na floresta; Eles tomaram Seus banhos e vestiam roupas limpas e usavam colares de flores e colares de jóias preciosas. Seus corpos estavam untados com polpa de sândalo. Akrura apreciou grandemente o aroma das flores e do sândalo e a presença corpórea Deles. Ele se considerou muito afortunado por ver Krishna, a Suprema Personalidade de Deus, e Sua porção plenária, Balarama, face a face, porque ele sabia que Eles eram as personalidades originais da criação.

Como está afirmado no Brahma-samhita, Krishna é a Personalidade de Deus original e a causa de todas as causas. Akrura pôde entender que a Suprema Personalidade de Deus apareceu pessoalmente para o benefício de Sua criação, para restabelecer os princípios da religião e para aniquilar os demônios. Com Seu esplendor corpóreo, os irmãos dissipavam toda a escuridão do mundo, como se Eles fossem montanhas de safira e prata. Sem hesitar, Akrura desceu imediatamente de sua carruagem e caiu prostrado, justamente igual a uma vara, perante Krishna e Balarama. Depois de tocar os pés de lótus da Suprema Personalidade de Deus, ele ficou extasiado com bem-aventurança transcendental; sua voz ficou embargada e ele não conseguia falar. Devido à presença transcendental de Krishna, torrentes incessantes de lágrimas escorriam de seus olhos. Ele ficou atordoado em êxtase, como privado de todos seus poderes de ver e falar. O Senhor Krishna, que é muito bondoso com Seus devotos, levantou Akrura com Sua mão e o abraçou. Parecia que o Senhor Krishna estava muito feliz com Akrura. Balarama também abraçou Akrura. Os dois o pegaram pela mão, assim Krishna e Balarama o levaram à Sua sala de estar, onde ofereceram a ele um assento muito bom e água para lavar seus pés. Eles também o adoraram com oferendas apropriadas de mel e outros ingredientes. Quando Akrura estava sentado confortavelmente, Krishna e Balarama juntos ofereceram a ele uma vaca em caridade e trouxeram vários pratos saborosos para a refeição, e Akrura aceitou tudo. Depois que Akrura acabou de comer, Balarama deu a ele nozes de bétel e condimentos, e também polpa de sândalo, justamente para deixá-lo mais satisfeito e confortável. O sistema Védico de receber visitas foi observado completamente pelo Senhor Krishna em pessoa para ensinar a todos os outros como receber um convidado em casa. É um mandamento Védico mesmo o convidado que for inimigo deve ser recebido tão bem a ponto de não ter nenhuma apreensão em relação ao anfitrião. Se o anfitrião for um homem pobre, deve pelo menos oferecer uma esteira de palha como assento e um copo de água para beber. Krishna e Balarama deram as boas vindas a Akrura justamente adequadas à posição exaltada dele.

Depois que Akrura foi devidamente recebido e assentado, Nanda Maharaja, o pai adotivo de Krishna, disse: "Meu querido Akrura, o que devo perguntar a você? Sei que é protegido por Kamsa, que é extremamente cruel e demoníaco. Sua proteção é igual à proteção do dono do matadouro aos animais que matará no futuro. Kamsa é tão egoísta que matou os filhos de sua própria irmã, por isso como posso acreditar honestamente que ele protege os cidadãos de Mathura"? Essa afirmação é muito significativa. Se os líderes políticos ou chefes executivos do estado estiverem simplesmente interessados em si mesmos, nunca vão poder olhar pelo benefício dos cidadãos.

À medida que Nanda Maharaja falava com Akrura palavras agradáveis, Akrura esqueceu toda a fadiga de seu dia de viagem de Mathura a Vrindavana.

 

 

Assim termina o significado Bhaktivedanta do Capítulo Trinta e Sete de Krishna, "Chegada de Akrura a Vrindavana".

  

 

Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga

Nitai Gaura Hari Bol

 

 

"KRISHNA - A Suprema Personalidade de Deus"

(Original Sem "Correções")

de

Sua Divina Graça
Sri Srimad Bhaktivedanta Swami Maharaj Prabhupada
Paramahamsa Thakura Mahashaya

 

Capítulo 38

A Viagem de Volta de Akrura e Sua Visita a Vishnuloka
Dentro do Rio Yamuna

 

Akrura foi calorosamente recebido pelo Senhor Krishna e Nanda Maharaja e lhe ofereceram um local de descanso para a noite. Nesse momento, Krishna e Balarama foram tomar Sua ceia. Akrura sentou em sua cama e começou a refletir que todos os desejos que ele antecipou enquanto vinha de Mathura para Vrindavana foram satisfeitos. O Senhor Krishna é o esposo da deusa da fortuna; satisfeito com Seu devoto puro, Ele pode oferecer qualquer coisa que o devoto desejar. Entretanto, os devotos puros não pedem nada ao Senhor para seu benefício pessoal.

Depois de tomarem Sua ceia, Krishna e Balarama vieram dar boa noite a Akrura. Krishna perguntou sobre Seu tio materno, Kamsa: "Como ele lida com seus amigos"? E Ele perguntou: "Como estão Meus parentes"? Ele também perguntou sobre o plano de Kamsa. A Suprema Personalidade de Deus então informou Akrura que sua presença era muito bem vinda. Ele perguntou se todos seus familiares e amigos estavam bem e livres de todos os tipos de transtornos. Krishna afirmou que estava muito sentido porque Seu tio materno Kamsa era o chefe do reino; Ele disse que Kamsa era o grande anacronismo em todo o sistema de governo e que ninguém pode esperar qualquer benefício para os cidadãos enquanto ele governar. Então Krishna disse: "Meu pai sofreu muito tormento simplesmente por Eu ser seu filho. Por esse motivo, ele também perdeu muitos outros filhos. Eu Me sinto tão afortunado que você veio como Meu amigo e parente. Meu bom amigo Akrura, faça o favor de Me dizer o propósito de sua vinda a Vrindavana".

Depois dessa pergunta, Akrura, que pertencia à dinastia Yadu, explicou os eventos recentes em Mathura, inclusiva a tentativa de Kamsa matar Vasudeva, o pai de Krishna. Ele relatou as coisas que aconteceram depois de Narada revelar que Krishna era o filho de Vasudeva. Sentado ao lado dele na casa de Nanda Maharaja, Akrura narrou todos os acontecimentos em relação a Kamsa. Ele disse como Narada encontrou Kamsa e como ele mesmo foi delegado por Kamsa para ir a Vrindavana. Akrura explicou a Krishna que Narada contou a Kamsa tudo sobre Krishna ser transferido de Mathura para Vrindavana logo após Seu nascimento e sobre Sua matança de todos os demônios enviados por Kamsa. Akrura então explicou a Krishna o propósito de sua vinda a Vrindavana; levá-Lo de volta a Mathura. Depois de ouvirem todos esses arranjos, Balarama e Krishna, que são muito peritos em matar oponentes, riram suavemente dos planos de Kamsa.

Eles pediram para Nanda Maharaja convidar todos os meninos pastores de vacas a irem para Mathura participar da cerimônia conhecida como Dhanur-yajña. Kamsa queria que todos fossem lá a fim de participarem da função. Com o pedido de Krishna, Nanda Maharaja imediatamente chamou os meninos pastores de vacas e pediu para eles coletarem todos os tipos de preparações de leite e o leite para presentear na cerimônia. Ele também enviou instruções ao chefe de polícia de Vrindavana para informar todos habitantes sobre a grande função Dhanur-yajña de Kamsa e convidar todos para participarem. Nanda Maharaja informou os meninos pastores de vacas que partiriam na manhã seguinte. Eles então organizaram as vacas e os touros para levar todos eles a Mathura.

Quando as gopis viram que Akrura veio para levar Krishna e Balarama embora para Mathura, elas ficaram dominadas pela ansiedade. Algumas delas ficaram tão aflitas que suas faces ficaram escuras, e começaram a respirar calorosamente e ter palpitações no coração. Elas perceberam que seu cabelo e roupa se soltaram imediatamente. Ao ouvir a notícia de que Krishna e Balarama iam embora para Mathura, outras que estavam dedicadas aos deveres domésticos pararam de trabalhar como se tivessem esquecido tudo, igual a uma pessoa que é chamada para morrer e deixa este mundo imediatamente. Outras desmaiaram imediatamente por causa da separação de Krishna. Lembravam Seu sorriso atraente e Suas conversas com elas, as gopis ficaram dominadas pela aflição. Todas elas lembravam as características da Personalidade de Deus, como Ele Se movia dentro da área de Vrindavana e como, com palavras jocosas, Ele atraiu todos os corações delas. A pensar em Krishna e em sua separação iminente Dele, as gopis se reuniram juntas com corações que batiam fortemente. Completamente absortas no pensamento de Krishna, lágrimas caíam de seus olhos. Elas começaram a conversar como se segue.

"Ó Providência, você é tão cruel! Parece que você não sabe demonstrar misericórdia a outros. Pelo seu arranjo, amigos contatam um o outro, contudo sem satisfazer seus desejos você os separa. Isso é igual a brincadeira de criança que não tem sentido. É muito abominável que você fez arranjos para nos mostrar o belo Krishna, cujo cabelo azulado encaracolado embeleza Sua testa larga e nariz afinado, que está sempre a sorrir para minimizar toda contenção dentro deste mundo material, e depois arranja para separá-Lo de nós. Ó Providência, você é tão cruel! Todavia o mais espantoso é que você aparece agora como "Akrura" que significa "não cruel"! No início nós apreciamos sua habilidade em nos dar esses olhos para ver a bela face de Krishna, porém agora, justamente igual a uma criatura tola, você tenta tirar nossos olhos para que não possamos ver Krishna novamente aqui. Krishna, o filho de Nanda Maharaja, também é muito cruel! Ele sempre precisa de novos amigos; Ele não gosta de manter amizade por um longo tempo com ninguém. Nós, as gopis de Vrindavana, deixamos nossos lares, amigos, e familiares, assim viramos criadas de Krishna, todavia Ele nos negligencia e vai embora. Ele nem mesmo olha para nós, apesar de estarmos completamente rendidas a Ele. Agora todas as meninas jovens de Mathura terão a oportunidade. Elas esperam a chegada de Krishna, e elas desfrutarão Sua doce face sorridente e beberão seu mel. Apesar de sabermos que Krishna é muito firme e determinado, estamos ameaçadas porque logo que Ele vir os lindos rostos das jovens meninas de Mathura, Ele Se esquecerá Dele mesmo. Tememos que Ele seja controlado por elas e nos esquecerá, porque somos simples meninas da vila. Ele não será mais amável conosco. Assim, não esperamos que Krishna volte para Vrindavana. Ele não deixará a companhia das meninas em Mathura".

As gopis começaram a imaginar as grandes funções na cidade de Mathura. Krishna passaria pelas ruas, e as mulheres e meninas jovens da cidade O veriam das varandas de suas casas respectivas. A cidade de Mathura continha diferentes comunidades, conhecidas como Dasharha, Bhoja, Andhaka e Satvata. Todas essas comunidades eram ramos diferentes da mesma família na qual Krishna apareceu, chamada a dinastia Yadu. Elas também esperavam a chegada de Krishna. Já estava certo que Krishna, que é o repouso da deusa da fortuna e o reservatório de todo prazer e qualidades transcendentais, iria visitar a cidade de Mathura.

As gopis então começaram a condenar as atividades de Akrura. Elas falaram que ele levava Krishna embora, que era mais querido do que o mais querido por elas e que era o prazer de seus olhos. Ele era levado de sua visão sem que elas fossem informadas ou consoladas por Akrura. Akrura não devia ser tão impiedoso e sim deveria ter compaixão delas. As gopis continuaram a dizer: "A característica mais espantosa é que Krishna, o filho de Nanda, sem consideração, já Se sentou na quadriga. Por causa disso, parece que Krishna não é muito inteligente. Mesmo assim, Ele pode ser muito inteligente; porém Ele não é muito civilizado. Não somente Krishna, mas todos os pastores de vacas adultos são tão insensíveis que já atrelam os touros e bezerros para a viagem a Mathura. As pessoas mais velhas de Vrindavana são tão desalmadas; elas não levam nosso apelo em consideração e impedem a viagem de Krishna para Mathura. Até mesmo os semideuses são muito cruéis conosco; eles não impedem a ida Dele para Mathura".

As gopis oraram aos semideuses para que criassem alguma perturbação natural, tipo furacão, tempestade ou chuva forte, para que Krishna não pudesse ir a Mathura. Elas então começaram a considerar: "Apesar dos nossos parentes e guardiões mais velhos, nós devemos impedir Krishna pessoalmente de ir para Mathura. Nós não temos outra alternativa além de tomar essa ação direta. Todos estão contra nós para levar Krishna embora de nossa visão. Sem Ele, nós não podemos viver por um momento". As gopis então decidiram obstruir a passagem através da qual era suposto que a quadriga de Krishna passasse. Elas começaram a falar entre elas: "Nós passamos uma longa noite; que pareceu só um momento; dedicadas à dança rasa com Krishna. Nós olhávamos para Seu sorriso doce e abraçávamos e conversávamos. Agora, como podemos viver mesmo por um momento se Ele for embora de nós? No fim do dia, à noitinha, junto com Seu irmão mais velho Balarama, Krishna volta para casa com Seus amigos. Sua face fica coberta com a poeira levantada pelos cascos das vacas, e Ele sorri e toca Sua flauta e olha para nós tão amavelmente. Como seremos capazes de esquecê-Lo? Como seremos capazes de esquecer Krishna, que é nossa vida e alma? Ele já levou embora nossos corações de tantas formas através de nossos dias e noites, e se Ele for embora, não tem nenhuma possibilidade de nós continuarmos a viver". A pensar dessa forma, as gopis ficaram mais e mais pesarosas com a partida de Krishna de Vrindavana. Elas não conseguiam deter suas mentes, e elas começaram a chorar alto, e chamar os diferentes nomes de Krishna: "Ó querido Damodara! Querido Madhava"!

As gopis choraram a noite inteira antes da partida de Krishna. Logo que o Sol nasceu, Akrura acabou seu banho matinal, subiu na quadriga e começou a partida para Mathura com Krishna e Balarama. Nanda Maharaja e os pastores de vacas adultos subiram nos carros de boi, depois de carregá-los com preparações de leite, como iogurte, leite, e ghee, que enchiam grandes potes de barro, e começaram a seguir a quadriga de Krishna e Balarama. Apesar de Krishna pedir para elas não obstruírem o caminho, todas as gopis rodearam a quadriga e pararam para ver Krishna com olhos pesarosos. Krishna ficou muito comovido ao ver a condição das gopis, mas Seu dever era partir para Mathura, porque isso foi predito por Narada. Krishna, assim, consolou as gopis. Ele disse a elas que não deviam ficar aflitas; Ele voltaria muito em breve depois de acabar Seu trabalho. Mas elas não puderam ser persuadidas a dispersar. A quadriga, entretanto, começou a direcionar para oeste, e enquanto procedia, as mentes das gopis a seguiam à medida do possível. Elas olharam para a flâmula sobre a quadriga enquanto era visível; finalmente elas conseguiam ver só a poeira da quadriga na distância. As gopis não se moveram de seus lugares assim permaneceram até que a quadriga não pudesse ser mais vista de jeito nenhum. Elas permaneceram em pé paralisadas como se fossem quadros pintados. Todas as gopis decidiram que Krishna não retornaria imediatamente, e com corações grandemente desapontados, elas voltaram para seus respectivos lares. Ficaram grandemente perturbadas com a ausência de Krishna, por isso simplesmente pensavam todo o dia e noite nos Seus passatempos e assim conseguiam algum consolo.

O Senhor, acompanhado de Akrura e Balarama, conduziu a quadriga com grande velocidade pela margem do Yamuna. Simplesmente por se banhar no Yamuna, qualquer um pode diminuir a reação de suas atividades pecaminosas. Os dois Krishna e Balarama tomaram Seus banhos no rio e lavaram Seus rostos. Depois de beberem a água limpa transparente cristalina do Yamuna, Eles tomaram Seus lugares novamente na quadriga. A quadriga estava parada em baixo da sombra de grandes árvores, e os dois irmãos sentaram lá. Akrura então pediu a permissão Deles para também tomar banho no Yamuna. De acordo com o ritual Védico, depois de tomar banho no rio, a pessoa deve ficar pelo menos metade submersa e murmurar o Gayatri mantra. Enquanto ele estava em pé no rio, Akrura de repente viu Balarama e Krishna dentro da água. Ele ficou surpreso de vê-Los lá porque tinha certeza que Eles estavam sentados na quadriga. Confuso, ele saiu da água imediatamente e foi ver onde os meninos estavam, e ficou surpreso de ver que Eles estavam sentados na quadriga como antes. Quando ele viu os dois na quadriga, começou a imaginar se Os tinha visto na água. Então ele voltou para o rio. Dessa vez, ele não viu somente Balarama e Krishna ali, e também muitos semideuses e Siddhas, Charanas, e Gandharvas. Todos estavam em pé perante o Senhor, que estava deitado. Ele também viu Shesha Naga com milhares de capelos. O Senhor Shesha Naga estava coberto com vestimentas azuladas, e Seus pescoços eram todos brancos. Os pescoços brancos de Shesha Naga pareciam exatamente como montanhas cobertas de neve. No colo curvado de Shesha Naga, Akrura viu Krishna sentado muito sobriamente, com quatro mãos. Seus olhos eram como as pétalas avermelhadas da flor de lótus.

Em outras palavras, quando voltou, Akrura viu Balarama transformado em Shesha Naga e Krishna transformado em Maha-Vishnu. Ele viu a Suprema Personalidade de Deus com quatro mãos, a sorrir muito belamente. Ele era muito agradável para todos e olhava em direção a todos. Ele parecia muito belo com seu nariz levantado, testa larga, orelhas longas e lábios avermelhados. Seus braços, que alcançavam os joelhos, eram fortemente construídos. Seus ombros eram altos, Seu tórax muito largo e com formato igual ao búzio. Seu umbigo era muito profundo, e Seu abdômen era marcado com três linhas. Sua cintura era larga e grande, parecia quadris de mulher, e Suas cochas pareciam trombas de elefante. As outras partes de Suas pernas, as juntas e extremidades inferiores, eram todas muito belas, as unhas de Seus dedos dos pés eram brilhantes, e Seus dedos dos pés eram tão belos quanto pétalas da flor de lótus. Seu elmo era decorado com jóias preciosas. Havia um belo cinturão em volta da cintura, e Ele usava um cordão sagrado através de Seu tórax largo. Havia pulseiras em Suas mãos e braceletes na porção superior de Seus braços. Ele usava guizos em Seus tornozelos. Ele possuía uma beleza brilhante, Suas palmas eram como a flor de lótus. Ele era ainda mais belo com os vários emblemas da Vishnu-murti, o búzio, maça, disco e flor de lótus, que Ele segurava nas Suas quatro mãos. Seu tórax era marcado com os sinais particulares de Vishnu, e Ele usava colares de flores frescas. No todo, Ele era muito belo de ser visto. Akrura também viu o Divino Senhor rodeado pelos Seus associados íntimos como os quatro Kumaras, Sanaka, Sanatana, Sananda e Sanatkumara, e outros associados como Sunanda e Nanda, e também semideuses como Brahma e o Senhor Shiva. Os nove grandes sábios estavam lá, e devotos como Prahlada e Narada estavam dedicados à oferenda de preces ao Senhor com corações limpos e palavras puras. Depois de ver a Personalidade de Deus transcendental, Akrura ficou imediatamente tomado com grande devoção, e por todo seu corpo havia tremor transcendental. Apesar de ficar confuso por um momento, ele reteve sua consciência clara e prostrou sua cabeça perante o Senhor. Com as mãos postas e voz embargada, ele começou a oferecer preces ao Senhor.

 

 

Assim termina o significado Bhaktivedanta do Capítulo Trinta e Oito de Krishna, "A Viagem de Volta de Akrura e Sua Visita a Vishnuloka Dentro do Rio Yamuna".

  

  

Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga

Nitai Gaura Hari Bol

 

 

"KRISHNA - A Suprema Personalidade de Deus"

(Original Sem "Correções")

de

Sua Divina Graça
Sri Srimad Bhaktivedanta Swami Maharaj Prabhupada
Paramahamsa Thakura Mahashaya

 

Capítulo 39

Preces de Akrura

 

Akrura ofereceu suas preces como se segue: "Meu querido Senhor, presto aqui minhas respeitosas reverências a Você porque Você é a suprema causa de todas as causas e a original inexaurível Personalidade, Narayana. Uma flor de lótus nasce de Seu umbigo, e dessa flor de lótus, Brahma, o criador do universo, nasce. Porque Brahma é a causa deste universo, Você é a causa de todas as causas. Todos os elementos desta manifestação cósmica; terra, água, fogo, ar, éter, ego e a energia material total, e também natureza, a energia marginal, os seres vivos, mente, sentidos, os objetos dos sentidos e os semideuses que controlam os assuntos do cosmos; todos são produzidos do Seu corpo. Você é a Superalma de tudo, porém ninguém conhece a Sua forma transcendental. Cada um dentro deste mundo material é influenciado pelos modos da natureza material. Semideuses como o Senhor Brahma, cobertos pela influência da natureza material, não conhecem exatamente Sua existência transcendental além da manifestação cósmica dos três modos da natureza material. Grandes sábios e místicos O adoram como a Suprema Personalidade de Deus, a causa original de todos os seres vivos, toda manifestação cósmica e todos semideuses. Eles O adoram como o todo-inclusivo. Alguns dos brahmanas eruditos também O adoram com a observação da cerimônia ritualística do Rg-Veda. Eles oferecem diferentes tipos de sacrifícios em nome dos diferentes semideuses. E há outros também que são apegados à adoração do conhecimento transcendental. Eles são muito pacíficos e desejam abandonar todos os tipos de atividades materiais. Eles se ocupam na busca filosófica por Você, conhecida como jñana-yoga".

"Existem devotos também conhecidos como Bhagavatas que O adoram como a Suprema Personalidade de Deus. Depois de serem devidamente iniciados no método de Pañcharatra, decoram seus corpos com tilaka e se dedicam à adoração de Suas diferentes formas de Vishnu murti. Existem outros também, conhecidos como Shaivites, seguidores dos acharyas diferentes, que O adoram na forma do Senhor Shiva".

Está afirmado no Bhagavad-gita que adoração aos semideuses também é indiretamente adoração ao Supremo Senhor. Porém essa adoração não é ortodoxa, porque o Senhor adorável é a Suprema Personalidade de Deus, Narayana. Semideuses como Brahma e Shiva são encarnações das qualidades materiais, que também são emanações do corpo de Narayana. Na realidade, ninguém existia antes da criação exceto Narayana, a Suprema Personalidade de Deus. A adoração a um semideus não está no nível da adoração a Narayana.

Akrura disse: "Apesar das mentes daqueles que são devotos dos semideuses estarem fixas em um semideus particular, porque Você é a Superalma de todos os seres vivos, inclusive os semideuses, adoração aos semideuses indiretamente vai para Você. Às vezes, depois de fluir para baixo das montanhas durante a estação de chuva, rios pequenos falham em alcançar o mar; alguns chegam ao mar e outros não chegam. Similarmente, os adoradores dos semideuses podem ou não alcançá-Lo. Não há garantia. O sucesso deles depende da força de sua adoração".

Segundo o princípio Védico, quando um adorador adora um semideus particular, ele também conduz um ritual para Narayana, Yajñesvara, porque é mencionado no Bhagavad-gita que semideuses não podem satisfazer os desejos de seus adoradores sem a sanção de Narayana, ou Krishna. As palavras exatas usadas no Bhagavad-gita são mayaiva vihitan hi tan, significa que os semideuses podem conceder alguma bendição depois de serem autorizados pelo Supremo Senhor. Quando o adorador dos semideuses percebe, pode raciocinar como se segue: "O semideus pode oferecer bendição somente depois de ser dotado de poder pelo Supremo Senhor, assim, por que não adorar o Supremo Senhor diretamente"? Adoradores dos semideuses podem chegar à Suprema Personalidade de Deus, porém outros, que aceitam o semideus como tudo em tudo, não podem alcançar o objetivo supremo.

Akrura continuou a louvar: "Meu querido Senhor, o mundo inteiro está preenchido com os três modos da natureza material, chamados, bondade, paixão e ignorância. Todo mundo dentro deste mundo material está coberto por esses modos, desde o Senhor Brahma abaixo até as plantas e árvores imóveis. Meu querido Senhor, ofereço minhas respeitosas reverências a Você, porque Você está além da influência dos três modos. Exceto Você, todos são carregados pelas ondas desses modos. Meu querido Senhor, fogo é Sua boca, a terra é Seus pés, o Sol é Seu olho, o céu é Seu umbigo, e as direções são Suas orelhas. Espaço é Sua cabeça, os semideuses são Seus braços, os oceanos e mares são Seu abdômen, e os ventos e ar são Sua força e vitalidade. Todas as plantas e ervas são o cabelo no Seu corpo; as nuvens são Seu cabelo, as montanhas são Seus ossos e unhas, os dias e noites são o piscar de Suas pálpebras; Prajapati (o progenitor) é Seus genitais, e as chuvas são Seu fluido seminal".

"Meu querido Senhor, todo os seres vivos, inclusive diferentes graus de semideuses, soberanos, reis e outros seres vivos, são destinados a repousarem em Você. Como parte e parcela da grande unidade, ninguém pode conhecê-Lo por conhecimento experimental. Pode-se simplesmente entender Sua existência transcendental como o grande oceano no qual diferentes graus de seres vivos estão inclusos, ou como a fruta kadamba, da qual saem pequenos mosquitos. Meu querido Senhor, quaisquer formas eternas e encarnações que Você aceita e com as quais aparece neste mundo são destinadas a liberar os seres vivos de sua ignorância, ilusão e lamentação. Todas as pessoas, portanto, podem apreciar as encarnações e passatempos de Sua Divindade e glorificar eternamente Suas atividades. Ninguém pode estimar quantas formas e encarnações Você tem, nem ninguém pode estimar o número de universos que existem dentro de Você".

"Eu portanto presto minhas respeitosas reverências à encarnação de peixe, que apareceu na devastação, apesar de Sua Divindade ser a causa de todas as causas. Presto minhas respeitosas reverências à encarnação Hayagriva que matou os dois demônios, Madhu e Kaitabha; presto minhas respeitosas reverências a Você que apareceu como a gigantesca tartaruga e sustentou a grande montanha Mandara, e que apareceu como o javali que resgatou o planeta Terra que caiu na água do Garbhodaka. Presto minhas respeitosas reverências à Sua Divindade que apareceu como Nrisimhadeva, que liberou todos os tipos de devotos da condição temerosa das atrocidades ateístas. Presto minhas respeitosas reverências a Você que apareceu como Vamanadeva e cobriu os três mundos simplesmente por expandir Seus pés de lótus. Presto minhas respeitosas reverências a Você que apareceu como o Senhor dos Bhrigus a fim de matar todos os administradores infiéis do mundo. Presto minhas respeitosas reverências a Você que apareceu como o Senhor Rama para matar demônios como Ravana. Você é adorado por todos devotos como o líder da dinastia Raghu, Senhor Ramachandra. Presto minhas respeitosas reverências a Você que apareceu como o Senhor Vasudeva, Senhor Sankarshana, Senhor Pradyumna e Senhor Aniruddha. Presto minhas respeitosas reverências a Você, que apareceu como o Senhor Buddha a fim de confundir os ateus e demoníacos. E presto minhas respeitosas reverências a Você, que aparece como o Senhor Kalki a fim de punir a assim chamada ordem real degradada à condição de mlecchas, que estão abaixo da jurisdição dos princípios reguladores Védicos".

"Meu querido Senhor, cada um dentro deste mundo material está condicionado por Sua energia ilusória. Sob a impressão da identificação falsa e posse falsa, todos transmigram de um corpo a outro no caminho das atividades lucrativas e suas reações. Meu querido Senhor, eu também não sou exceção a essas almas condicionadas. Eu penso falsamente que sou feliz porque possuo meu lar, esposa, filhos, estado, propriedade e bens. Dessa forma eu atuo como se estivesse na terra da fantasia porque nada disso é permanente. Sou um tolo por estar sempre absorto nesses pensamentos, por aceitá-los como permanentes e verdadeiros. Meu querido Senhor, devido à minha falsa identificação, aceitei tudo o que é impermanente, como este corpo material, que não é espiritual e é a fonte de todos os tipos de condições miseráveis. Confuso por esses conceitos de vida, estou sempre absorto em pensamentos de dualidade, e eu me esqueci de Você que é o reservatório de todo prazer transcendental. Estou desprovido de Sua associação transcendental e sou justamente igual a uma criatura tola que vai procurar água no deserto, e deixa o local de água que está coberta por vegetais nutridos por água. As almas condicionadas querem saciar sua sede, mas não sabem onde encontrar água. Elas abandonam o local onde existe realmente um reservatório de água e correm para o deserto onde não há água. Meu querido Senhor, sou completamente incapaz de controlar minha mente, que agora é conduzida pelos sentidos desenfreados e está atraída a atividades lucrativas e seus resultados. Meu querido Senhor, Seus pés de lótus não podem ser apreciados por nenhuma pessoa no estágio condicional da existência material, porém de alguma forma eu cheguei perto de Seus pés de lótus, e considero isso como a Sua misericórdia sem causa para mim. Você pode agir de qualquer jeito porque Você é o supremo controlador. Então eu posso entender que quando uma pessoa se torna elegível para ser liberada do caminho de repetidos nascimento e morte, é somente por Sua misericórdia sem causa que ela progride adiante para se tornar apegada a Seu serviço devocional sem causa".

Akrura caiu perante o Senhor e disse: "Meu querido Senhor, Sua forma transcendental eterna é plena de conhecimento. Simplesmente por concentrar a mente em Sua forma, a pessoa pode entender tudo o que existe com conhecimento pleno, porque Você é a fonte original de todo conhecimento. Você é o supremo poderoso, possuidor de todos os tipos de energias. Você é o Brahman Supremo e a Pessoa Suprema, controlador supremo e mestre de todas as energias materiais. Presto minhas respeitosas reverências a Você porque Você é Vasudeva, o local de repouso de toda a criação. Você é a Suprema Personalidade de Deus todo-penetrante, e Você também é a Alma Suprema que reside no coração de todos e dá direção para agir. Agora, meu Senhor, eu estou completamente rendido a Você. Por favor, dê-me Sua proteção".

 

 

Assim termina o significado Bhaktivedanta do Capítulo Trinta e Nove de Krishna, "Preces de Akrura".

  

  

Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga

Nitai Gaura Hari Bol

 

 

"KRISHNA - A Suprema Personalidade de Deus"

(Original Sem "Correções")

de

Sua Divina Graça
Sri Srimad Bhaktivedanta Swami Maharaj Prabhupada
Paramahamsa Thakura Mahashaya

 

Capítulo 40

Krishna Entra em Mathura

 

Enquanto Akrura oferecia suas preces à Suprema Personalidade de Deus, o Senhor desapareceu da água, exatamente igual a um ator dramático experiente que muda sua roupa e assume seu aspecto original. Depois que a Vishnu-murti desapareceu, Akrura saiu da água. Quando terminou o resto de sua prática ritualística, ele foi para perto da quadriga de Balarama e Krishna e estava tomado de admiração. Krishna perguntou se ele viu algo maravilhoso dentro da água ou no espaço. Akrura disse: "Meu querido Senhor, todas as coisas maravilhosas que acontecem dentro deste mundo, tanto no céu ou na água ou na terra, aparecem realmente na Sua forma universal. Assim, quando vi Você, quais coisas maravilhosas eu não vi"? Essa afirmação confirma a versão Védica de quem conhece Krishna conhece tudo, e quem viu Krishna viu tudo, sem levar em conta quão maravilhosa uma coisa pode ser. "Meu querido Senhor", Akrura continuou, "não pode existir nada mais maravilhoso do que Sua forma transcendental. Quando vi Sua forma transcendental, o que mais restou para ser visto"?

Depois de dizer isso, Akrura partiu com a quadriga imediatamente. Perto do fim do dia, eles quase chegaram ao perímetro urbano de Mathura. Quando iam de Vrindavana a Mathura, todos os passantes pelo caminho que viram Krishna e Balarama não podiam fazer nada além de olhar para Eles novamente e novamente. Nesse meio tempo, os outros habitantes de Vrindavana, liderados por Nanda e Upananda, já chegaram a Mathura pois foram através de florestas e rios, e esperavam a chegada de Krishna e Balarama. Depois de chegarem à entrada de Mathura, Krishna e Balarama desceram da quadriga e apertaram as mãos com Akrura. Krishna informou Akrura: "Você pode ir para casa agora porque Nós entraremos em Mathura junto com Nossos associados". Akrura respondeu: "Meu querido Senhor, eu não posso ir para Mathura sozinho, e deixá-Lo de lado. Eu sou Seu servo rendido. Por favor, não tente me evitar. Por favor, venha comigo, junto com Seu irmão mais velho e amigos meninos pastores de vacas, e santifique minha casa. Meu querido Senhor, se Você vier, meu lar será santificado com a poeira de Seus pés de lótus. A água que emana da transpiração de Seus pés de lótus, chamada o Ganges, purifica todos, inclusive os antepassados, o deus do fogo, e todos os outros semideuses. O rei Bali Maharaja ficou famoso simplesmente por lavar Seus pés de lótus, e todos os familiares dele alcançaram o planeta celestial devido ao contato dele com a água do Ganges. O próprio Bali Maharaja desfrutou todas as opulências e mais tarde foi elevado à posição mais exaltada de liberação. A água do Ganges não só santifica os três mundos como é carregada na cabeça pelo Senhor Shiva. Ó Supremo Senhor de todos os senhores! Ó mestre do universo! Eu presto minhas respeitosas reverências a Você".

Ao ouvir isso, a Suprema Personalidade de Deus, Krishna, respondeu: "Akrura, Eu irei com certeza à sua casa com Meu irmão mais velho Balarama, porém só depois de matar todos os demônios que têm inveja da dinastia Yadu. Dessa forma, Eu satisfarei todos os Meus familiares". Akrura ficou um pouco desapontado com essas palavras da Suprema Personalidade de Deus, mas não podia desconsiderar a ordem. Assim então, ele entrou em Mathura e informou Kamsa sobre a chegada de Krishna, e depois entrou em seu próprio lar.

Depois da partida de Akrura, o Senhor Krishna, Balarama e os meninos pastores de vacas entraram em Mathura para ver a cidade. Eles observaram que o portal de Mathura era feito de mármore de primeira classe, muito bem construído, e as portas eram feitas de ouro puro. Havia jardins esplendorosos por todo lado, e toda a cidade era rodeada por canhões para que nenhum inimigo pudesse entrar muito facilmente. Eles viram que todos os cruzamentos das ruas eram decorados com ouro. E havia muitas casas de homens ricos, todas pareciam simétricas, como se construídas pelo mesmo engenheiro. As casas eram decoradas com jóias preciosas, e cada e toda casa tinha belas composições de árvores, frutas e flores. Os jardins, corredores e varandas das casas eram decorados com panos de seda com bordados de jóias e pérolas. Na frente das sacadas das janelas, havia pombos e pavões que andavam e arrulhavam. Todas as lojas de cerealistas dentro da cidade eram decoradas com diferentes tipos de flores e colares de flores, grama verde e rosas desabrochadas. As portas centrais das casas eram decoradas com potes de água cheios de água, e uma mistura de água com iogurte era borrifada em toda parte. Havia flores decoradas com lamparinas de vários tamanhos sobre as portas, e também havia decorações com folhas verdes de mangueira e grinaldas de seda sobre todas as portas das casas.

Quando a notícia se espalhou de que Krishna, Balarama e os meninos pastores de vacas estavam na cidade de Mathura, todos os habitantes se reuniram, e as mulheres e meninas imediatamente subiram para os terraços das casas a fim de vê-Los. Elas esperavam a chegada de Krishna e Balarama com grande ansiedade, e em sua extrema avidez para ver Krishna e Balarama, as senhoras não se vestiram propriamente. Algumas delas colocaram suas roupas no lugar errado. Algumas pintaram seus olhos de um lado só, e algumas usaram tornozeleiras em uma perna só ou usaram brinco em uma orelha somente. Assim com muita pressa, mesmo sem se decorarem propriamente, elas foram ver Krishna dos terraços. Algumas delas almoçavam, quando ouviram que Krishna e Balarama estavam na cidade, deixaram sua comida e correram para o terraço. Algumas delas estavam no banheiro, no banho, porém sem terminar seus banhos propriamente, foram ver Krishna e Balarama. Ele passava bem vagarosamente e a sorrir, o Senhor Krishna imediatamente roubou seus corações. Ele que é o esposo da deusa da fortuna passava através da rua como um elefante. Durante muito tempo, as mulheres de Mathura ouviram sobre Krishna e Balarama e Suas características incomuns, e elas estavam extremamente atraídas e ansiosas para vê-Los. Agora quando elas realmente viram Krishna e Balarama passarem pela rua e Os viram a sorrir docemente, a felicidade das senhoras alcançou o ponto do êxtase. Quando realmente viram Eles com seus olhos, elas pegaram Krishna e Balarama dentro de seus corações e começaram a abraçá-Los até seu desejo pleno. Seus pelos se arrepiaram de êxtase. Elas ouviram sobre Krishna, mas nunca O viram, e agora seu anseio foi aliviado. Depois de subirem para os terraços dos palácios de Mathura, as senhoras começaram a jogar chuvas de flores sobre Krishna e Balarama. Enquanto os irmãos passavam pelas ruas, todos os brahmanas da vizinhança também saiam com sândalo e flores e respeitosamente Lhes davam as boas vindas à cidade. Todos os residentes de Mathura começaram a conversar entre si sobre as atividades elevadas e piedosas do povo de Vrindavana. Os residentes de Mathura estavam surpresos com as atividades piedosas que os pastores de vacas adultos de Vrindavana realizaram em suas vidas passadas para serem capazes de ver Krishna e Balarama diariamente como meninos pastores de vacas.

 

 

Enquanto Krishna e Balarama passavam dessa forma, Eles viram um tintureiro lavador de roupas. Krishna ficou feliz em pedir a ele algumas roupas finas. Ele também prometeu se o tintureiro Lhe desse os melhores tecidos tingidos, ele seria muito feliz, e toda a boa fortuna seria dele. Krishna não era nem mendigo nem precisava de roupas, porém pelo Seu pedido, Ele indicou que todos devem estar prontos a oferecer tudo para Krishna o que Ele desejar. Esse é o propósito da Consciência de Krishna.

Infelizmente, esse tintureiro era servo de Kamsa e por isso não pôde apreciar o pedido do Senhor Krishna, a Suprema Personalidade de Deus. Esse é o efeito da má associação. Ele poderia entregar a roupa imediatamente para a Suprema Personalidade de Deus, que lhe prometeu boa fortuna, mas por ser um servo de Kamsa, o demônio pecaminoso não pôde aceitar a oferta. Em vez de ficar satisfeito, ele ficou muito bravo e recusou o pedido do Senhor ao dizer: "Como é que Você pede roupa que é destinada ao rei"? O tintureiro então começou a instruir Krishna e Balarama: "Meus queridos meninos, no futuro, não sejam tão insolentes a ponto de pedir coisas que pertencem ao rei. De outra forma, serão punidos pelos homens do governo. Eles prenderão Vocês e Os punirão, e Vocês ficarão em dificuldade. Eu tenho experiência prática com esse fato. Qualquer um que deseje usar a propriedade do rei ilegalmente é punido severamente".

Ao ouvir isso, o Senhor Krishna, o filho de Devaki, ficou muito bravo com o tintureiro, e o golpeou com a parte superior de Sua mão, assim Ele separou a cabeça do corpo do homem. O tintureiro caiu morto no chão. Dessa forma, o Senhor Krishna confirmou a afirmação de que cada membro do Seu corpo é capaz de fazer tudo que Ele desejar. Sem uma espada, porém simplesmente com Sua mão, Ele cortou a cabeça do tintureiro. Essa é a prova de que o Supremo Senhor é onipotente. Se Ele quiser fazer algo, Ele pode fazê-lo sem ajuda alheia.

Depois desse incidente medonho, os empregados do tintureiro se dispersaram imediatamente, e abandonaram os tecidos. Krishna e Balarama tomaram posse deles e Se vestiram de acordo com Sua escolha; o resto dos tecidos foi oferecido aos meninos pastores de vacas, que também os usaram do jeito que desejaram. O que eles não usaram ficou lá. Eles então seguiram adiante. Nesse meio tempo, um alfaiate devoto aproveitou a oportunidade de serviço e preparou algumas roupas finas com os tecidos para Krishna e Balarama. Assim muito bem vestidos, Krishna e Balarama pareciam elefantes vestidos com panos coloridos no dia da lua negra na lua cheia. Krishna ficou muito satisfeito com o alfaiate e lhe concedeu a bendição de sarupya-mukti, significa que depois de deixar seu corpo, ele será liberado e obterá um corpo exatamente igual ao de Narayana com quatro mãos nos planetas Vaikuntha. E também concedeu a ele que enquanto vivesse ganharia opulência suficiente para ser capaz de desfrutar prazer sensual. Com esse incidente, Krishna provou que aqueles que são devotos conscientes de Krishna não terão falta de desfrute material ou prazer sensual. Eles terão oportunidade suficiente para essas coisas, todavia depois de deixarem esta vida, terão permissão para entrar nos planetas espirituais de Vaikunthaloka ou Krishnaloka, Goloka Vrindavana.

Depois de Se vestirem bem, Krishna e Balarama foram a um florista de nome Sudama. Assim que chegaram aos arredores da casa dele, o florista imediatamente saiu e com muita devoção caiu sobre sua face para prestar respeitosas reverências. Ele ofereceu um bom assento a Krishna e Balarama e pediu a seu assistente para trazer flores e nozes de bétel cobertas com polpa de chandana. O florista deu as boas-vindas com grande satisfação ao Senhor.

O florista com muita humildade e submissamente ofereceu suas preces ao Senhor, ao dizer: "Meu querido Senhor, porque o Senhor veio à minha casa, acho que todos os meus antepassados e todos os meus superiores veneráveis estão satisfeitos e liberados. Meu querido Senhor, Você é a suprema causa de todas as causas desta manifestação cósmica, porém para o benefício dos residentes deste planeta Terra, Você apareceu com Sua porção plenária para dar proteção a Seus devotos e aniquilar os demônios. Você é igualmente disposto como amigo de todos os seres vivos; Você é a Superalma, e Você não discrimina entre amigo e inimigo. Ainda assim, Você fica satisfeito em dar a Seus devotos o resultado especial de suas atividades devocionais. Meu Senhor, rogo que Você me diga por favor qualquer coisa que Você deseja que eu faça, porque eu sou Seu servo eterno. Se Você permitirá que eu faça alguma coisa, será um grande favor para mim". O florista, Sudama, estava muito satisfeito em seu coração por ver Krishna e Balarama em sua casa, e assim, como seu desejo mais seleto, ele fez dois colares de flores primorosos com várias flores e os presenteou ao Senhor. Krishna e Balarama ficaram muito contentes com seu serviço sincero, e Krishna ofereceu ao florista Sua saudação e bênção, que Ele sempre está preparado a conceder às almas rendidas. Quando a bênção foi oferecida ao florista, ele implorou ao Senhor para poder continuar como Seu servo eterno em serviço devocional e com esse serviço fazer o bem a todas as criaturas vivas. Assim, fica claro que um devoto do Senhor em Consciência de Krishna não deve ficar satisfeito somente com seu próprio avanço no serviço devocional; ele deve desejar trabalhar para o bem estar de todos os outros. Esse exemplo foi seguido pelos seis Goswamis de Vrindavana. Por isso está afirmado na prece deles, lokanam hitakarinau: Vaishnavas, ou devotos do Senhor, não são egoístas. Qualquer benefício que obtêm da Suprema Personalidade de Deus como bênção, eles querem distribuir a todas outras pessoas. Essa é a maior das atividades humanitárias. Satisfeito com o florista, o Senhor Krishna não somente deu a ele a bênção que queria, porém mais e acima disso, Ele ofereceu a ele todas as opulências materiais, prosperidade da família, longa duração de vida, e qualquer outra coisa que seu coração desejasse dentro deste mundo material.

 

  

Assim termina o significado Bhaktivedanta do Capítulo Quarenta de Krishna, "Krishna Entra em Mathura".

  

  

 

Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga

Nitai Gaura Hari Bol

 

 

"KRISHNA - A Suprema Personalidade de Deus"

(Original Sem "Correções")

de

Sua Divina Graça
Sri Srimad Bhaktivedanta Swami Maharaj Prabhupada
Paramahamsa Thakura Mahashaya

 

Capítulo 41

A Quebra do Arco na Arena de Sacrifício

 

Depois de saírem do local do florista, Krishna e Balarama viram uma jovem corcunda que carregava um prato com polpa de sândalo pelas ruas. Krishna é o reservatório de todo prazer, por isso Ele quis deixar todos Seus companheiros alegres ao fazer uma brincadeira com a jovem corcunda. Ele disse a ela: "Ó jovem mulher alta, quem é você? Diga-Me, para quem você carrega essa polpa de sândalo em sua mão? Eu acho que você deveria oferecer essa polpa de sândalo a Mim, e se fizer isso, tenho certeza que você será afortunada". Krishna é a Suprema Personalidade de Deus, e Ele sabia tudo sobre a jovem corcunda. Pelo Seu questionamento, Ele indicou que não havia utilidade em servir um demônio; é melhor a pessoa servir Krishna e Balarama e se livrar dos resultados de seus pecados.

A mulher respondeu a Krishna: "Meu querido Shyamasundara, querido menino escuro lindo, Você deve saber que agora estou empregada como criada de Kamsa. Eu forneço a ele polpa de sândalo diariamente. O rei está muito satisfeito comigo por lhe fornecer este artigo fino, porém agora vejo que não existe ninguém mais para ser servido melhor com esta polpa de sândalo além de Vocês dois irmãos". Fascinada pelas belas características de Krishna e Balarama, o andar Deles, o sorriso Deles, o olhar Deles e outras atividades, a mulher corcunda começou a passar a polpa de sândalo no corpo Deles com grande satisfação e devoção. Os dois mendigos transcendentais, Krishna e Balarama, eram naturalmente belos e tinham compleições belas, e estavam finamente vestidos com roupas coloridas. As partes superiores de Seus corpos já eram muito atraentes, e quando a mulher corcunda passou polpa de sândalo em Seus corpos, Eles ficaram ainda mais bonitos. Krishna ficou muito satisfeito com esse serviço, e Ele começou a considerar como recompensá-la. Em outras palavras, a fim de atrair a atenção do Senhor, o devoto consciente de Krishna tem que servi-Lo com grande amor e devoção. Krishna não pode ficar satisfeito por nenhuma outra ação além do serviço amoroso transcendental a Ele. Pensando assim, o Senhor Krishna pressionou os pés da mulher corcunda com Seus dedos dos pés, capturou sua face com seus dedos, e deu um puxão nela para deixá-la reta.

Imediatamente, a mulher corcunda ficou parecida com uma bela jovem reta, com quadris largos, cintura fina e seios muito belos, e bem delineados. Porque Krishna ficou satisfeito com o serviço da mulher corcunda, e porque ela foi tocada pelas mãos de Krishna, tornou-se a mais bela jovem entre as mulheres. Esse incidente mostra que por servir Krishna, o devoto imediatamente se torna elevado à posição mais exaltada. Em todos os aspectos, o serviço devocional é tão potente que qualquer um que o adota se torna qualificado com todas as boas qualidades. Krishna ficou atraído à mulher corcunda não pela beleza dela e sim pelo seu serviço; logo que ela prestou serviço, imediatamente se tornou a mulher mais bela. Uma pessoa consciente de Krishna não tem que ser qualificada ou bela; depois de se tornar consciente de Krishna e prestar serviço a Krishna, ela se torna muito qualificada e bela.

Quando a mulher foi transformada pelo favor de Krishna em uma primorosamente linda jovem menina, ela naturalmente se sentiu muito obrigada a Krishna, e também estava atraída por Sua beleza. Sem hesitação, ela agarrou a parte traseira da roupa Dele e começou a puxá-la. Ela sorriu de forma sedutora e admitiu que estava agitada com desejos luxuriosos. Ela esqueceu que estava na rua e na frente do irmão mais velho de Krishna e Seus amigos.

Ela propôs francamente a Krishna: "Meu querido herói, não posso deixá-Lo dessa forma. Você tem que vir à minha casa. Já estou muito atraída por Sua beleza, por isso preciso recebê-Lo, porque Você é o melhor entre os masculinos. Você também precisa ser muito bom comigo". Com palavras simples, ela propôs que Krishna fosse à sua casa e satisfizesse seus desejos luxuriosos. Krishna, é claro, ficou um pouco embaraçado na frente de Seu irmão mais velho, Balarama, contudo Ele sabia que a moça era simples e estava atraída; por isso Ele simplesmente riu com as palavras dela. Ele olhou na direção de Seus amigos meninos pastores de vacas, e respondeu à menina: "Minha querida bela menina, fiquei muito feliz com seu convite, irei à sua casa depois de terminar Minhas outras obrigações aqui. Uma bela menina igual a você é o único meio de consolo para uma pessoa como Eu, pois estou longe de casa e não sou casado. Certamente, como uma namorada digna, você pode nos proporcionar alívio de todos os tipos de agitação mental". Krishna contentou a menina assim com palavras doces. Ele a deixou ali e começou a proceder abaixo na rua do mercado onde os cidadãos estavam preparados para recebê-Lo com vários presentes, especialmente nozes de bétel, flores e sândalo.

Os comerciantes do mercado adoraram Krishna e Balarama com grande respeito. Enquanto Krishna passava pela rua, todas as mulheres das casas em volta vinham vê-Lo, e algumas das mais jovens quase desmaiavam, cativadas pela beleza Dele. Seus cabelos e roupas apertadas se soltavam, e elas esqueciam onde estavam.

Krishna em seguida perguntou aos cidadãos sobre a localização do lugar do sacrifício. Kamsa tinha organizado o sacrifício chamado Dhanur-yajña, e para designar esse sacrifício específico, ele colocou um grande arco no altar do sacrifício. O arco era muito grande e maravilhoso e parecia o arco-íris no céu. Dentro da arena de sacrifício, esse arco estava protegido por vários policiais e vigilantes engajados pelo rei Kamsa. Quando Krishna e Balarama Se aproximaram do arco, foram avisados a não irem mais perto, porém Krishna ignorou esse aviso. Ele subiu à força e imediatamente pegou o grande arco com Sua mão esquerda. Depois de pôr a corda no arco na presença da multidão, Ele o esticou e quebrou bem no meio em duas partes, exatamente igual um elefante quebra cana-de-açúcar no campo. Todos os presentes apreciaram o poder de Krishna. O som da quebra do arco preencheu o céu e a terra e foi ouvido por Kamsa. Quando Kamsa ouviu sobre o que tinha acontecido, começou a temer por sua vida. O guarda do arco, que permaneceu em pé em vigilância, ficou muito irado. Ele ordenou a seus homens para sacarem as armas, e partiu em direção a Krishna, gritando: "Prendam Ele! Matem Ele! Matem Ele"! Krishna e Balarama estavam cercados. Quando viram as manobras ameaçadoras dos guardas, ficaram bravos, assim pegaram os dois pedaços do arco quebrado, e começaram a derrubar todos os policiais. Enquanto esse tumulto acontecia, Kamsa enviou um pequeno grupo de tropas para ajudar os policiais, entretanto Krishna e Balarama lutaram com eles e também os mataram.

Depois disso, Krishna não procedeu adiante dentro da arena de sacrifício mas saiu pelo portal e procedeu em direção ao acampamento de descanso. Pelo caminho, Ele visitou vários locais da Cidade de Mathura com muito deleite. Ao verem as atividades e o poder maravilhoso de Krishna, todos os habitantes de Mathura começaram a considerar os dois irmãos como semideuses que vieram a Mathura, e todos olhavam para Eles com grande admiração. Os dois irmãos passeavam livremente pela rua, sem se preocupar com a lei e ordem de Kamsa.

Quando a noite chegou, Krishna e Balarama, com Seus amigos meninos pastores de vacas, foram para os arredores da cidade onde todos seus carros estavam reunidos. Assim, Krishna e Balarama deram avisos preliminares de Sua chegada a Kamsa, e ele pôde entender que tipo severo de perigo o aguardava no dia seguinte na arena de sacrifício.

Quando Krishna e Balarama iam de Vrindavana a Mathura, os habitantes de Vrindavana imaginavam a grande fortuna dos cidadãos de Mathura por serem capazes de ver a beleza maravilhosa de Krishna, que é adorado por Seus devotos puros e também pela deusa da fortuna. As fantasias dos cidadãos de Mathura se tornaram verdadeiras realmente, porque os cidadãos de Mathura ficaram plenamente satisfeitos ao verem Krishna.

Quando Krishna retornou a Seu acampamento, Ele foi cuidado pelos serventes que lavaram Seus pés de lótus, deram um bom lugar para Ele sentar e ofereceram a Ele leite e pratos saborosos de preparações alimentícias. Depois de tomar a ceia e pensar no programa do dia seguinte, Ele muito calmamente começou a descansar. Assim passou a noite ali.

No outro lado, quando Kamsa entendeu sobre a quebra de seu arco maravilhoso e a matança do comandante e dos soldados por Krishna, ele pôde realizar parcialmente o poder da Suprema Personalidade de Deus. Ele pôde realizar que o oitavo filho de Devaki apareceu e que agora sua morte era iminente. A pensar em sua morte iminente, ele não conseguiu descansar a noite inteira. Ele começou a ter muitas visões não auspiciosas, e ele pôde entender que Krishna e Balarama, que Se aproximaram dos arredores da cidade, eram os dois mensageiros da morte. Kamsa começou a ver vários sinais não auspiciosos, tanto acordado quanto em sonho. Quando olhava no espelho, não conseguia ver sua cabeça, apesar da cabeça estar realmente presente. Ele via as luminárias no céu em dobro, apesar de haver somente um conjunto na verdade. Ele começou a ver buracos na sombra, e ouvia um som de zunido alto em seus ouvidos. Todas as árvores em sua frente pareciam ser feitas de ouro, e ele não conseguia ver suas próprias pegadas na poeira ou barro lamacento. Em sonho, ele viu vários tipos de fantasmas carregados numa carruagem puxada por burros. Ele também sonhou que alguém lhe dera veneno, e ele o bebia. Ele também sonhou que estava andando nu com um colar de flores e passava óleo em todo o corpo. Assim, quando Kamsa viu vários sinais de morte tanto desperto quanto no sono, ele pôde entender que a morte era certa, e por isso com grande ansiedade ele não conseguiu descansar naquela noite. Logo quando a noite acabou, ele organizou ativamente o torneio de luta.

A arena de luta estava bem limpa e decorada com flâmulas, grinaldas e flores, e a luta era anunciada com o rufar de tambores. A plataforma parecia muito bonita com as flâmulas e bandeiras. Diferentes tipos de galerias foram preparadas para pessoas respeitáveis; reis, brahmanas e kshatriyas. Os vários reis tinham tronos reservados, e outros também tiveram seus assentos estabelecidos. Kamsa chegou finalmente, acompanhado por vários ministros e secretários, e sentou-se na plataforma elevada especialmente feita para ele. Infelizmente, apesar de estar sentado no centro de todos os chefes executivos governantes, seu coração palpitava de medo da morte. A morte cruel não se importa nem mesmo com uma pessoa tão poderosa quanto Kamsa. Quando a morte vem, ela não se importa com a posição exaltada de quem quer que seja.

Quando tudo estava pronto, os lutadores, exibiriam suas habilidades diante da assembléia, andaram dentro da arena. Eles estavam decorados com ornamentos e roupas brilhantes. Alguns dos lutadores famosos eram Chanura, Mustika, Shala, Kuta e Toshala. Animados com o concerto musical, eles passavam com grande agilidade. Todos os respeitáveis pastores de vacas que vieram de Vrindavana, liderados por Nanda, também foram bem vindos por Kamsa. Depois de presentearem Kamsa com os produtos lácteos que trouxeram para ele, os pastores de vacas também tomaram seus assentos respectivos ao lado do rei, na plataforma especialmente feita para eles.

 

 

Assim termina o significado Bhaktivedanta do Capítulo Quarenta e Um de Krishna, "A Quebra do Arco na Arena de Sacrifício".

  

  

 

 

Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga

Nitai Gaura Hari Bol

 

 

"KRISHNA - A Suprema Personalidade de Deus"

(Original Sem "Correções")

de

Sua Divina Graça
Sri Srimad Bhaktivedanta Swami Maharaj Prabhupada
Paramahamsa Thakura Mahashaya

 

Capítulo 42

A Matança do Elefante Kuvalayapida

 

Depois de tomarem Seus banhos e terminarem Seus deveres matinais, Krishna e Balarama ouviram o bater dos tambores no campo de luta. Eles Se prepararam imediatamente para procederam ao local para ver a diversão. Quando Krishna e Balarama chegaram ao portal do campo de luta, viram um grande elefante de nome Kuvalayapida que era guiado por um cuidador. O cuidador deliberadamente bloqueava a entrada Deles com o elefante em frente ao portal. Krishna pôde entender o propósito do cuidador, e Se preparou ao apertar Sua roupa antes de combater o elefante. Ele começou a Se dirigir ao cuidador com a voz bem grave, que ressoava como uma nuvem: "Seu cuidador miserável, dê passagem e deixe-Me passar pelo portal. Se você bloquear Meu caminho, mandarei você e seu elefante à casa da morte personificada".

O cuidador, assim insultado por Krishna, ficou muito irado, e a fim de desafiar Krishna, como planejou previamente, provocou o elefante para atacar. O elefante então se moveu perante Krishna como a morte inevitável. Investiu contra Ele e tentou pegá-Lo com sua tromba, porém Krishna com muita agilidade foi para trás do elefante. Como só era capaz de ver até o fim de seu nariz, o elefante não conseguia ver Krishna escondido atrás de suas pernas, mesmo assim tentou capturá-Lo com sua tromba. Krishna novamente com muita rapidez escapou da captura, e Ele novamente foi para trás do elefante e pegou seu rabo. Krishna segurou o elefante pelo rabo, e começou a puxá-lo, e com muita grande potência, Ele o arrastou por pelo menos vinte e cinco metros, da mesma forma como Garuda arrasta uma serpente insignificante. Krishna puxou o elefante de um lado para o outro, da direita para a esquerda, da mesma forma como Ele costumava puxar o rabo de um bezerro em Sua infância. Depois disso, Krishna foi para a frente do elefante e deu nele um forte tapa. Então, Ele sumiu da frente da visão do elefante e subiu em suas costas. Depois, caído no chão, Krishna Se pôs na frente das duas pernas do elefante o que causou seu tropeço e queda. Krishna Se levantou imediatamente, porém o elefante pensou que Ele ainda estava deitado no chão, e tentou perfurar o corpo de Krishna com um dente de marfim assim apunhalou o chão com força. Apesar do elefante estar atormentado e furioso, o cuidador montado em sua cabeça tentou provocá-lo mais ainda. O elefante então avançou loucamente em direção a Krishna. Logo que ele chegou ao alcance, Krishna pegou sua tromba, e puxou o elefante para baixo. Quando o elefante e o cuidador caíram, Krishna pulou nas costas do elefante e a quebrou, e também matou o cuidador. Depois de matar o elefante, Krishna pôs um dente de marfim no Seu ombro. Decorado com gotas de transpiração e manchado com o sangue do elefante, Ele Se sentiu muito bem aventurado, então começou a proceder em direção ao campo de luta. O Senhor Balarama pegou o outro dentre de marfim do elefante em Seu ombro. Acompanhados por Seus amigos meninos pastores de vacas, Eles entraram na arena.

Quando Krishna entrou na arena de luta com Balarama e Seus amigos, Ele parecia diferentemente para diferentes pessoas de acordo com suas diferentes relações (rasas) com Ele. Krishna é o reservatório de todo prazer e todos tipos de rasas, tanto favoráveis quanto desfavoráveis. Ele parecia para os lutadores exatamente como um raio. Para as pessoas em geral, Ele parecia como a personalidade mais bela. Para as mulheres, Ele parecia ser o homem mais atraente, Cupido personificado, e assim incrementavam sua luxúria. Os pastores de vacas que estavam presentes ali olhavam para Krishna como seu próprio parente, que vinha da mesma vila de Vrindavana. Os reis kshatriyas que estavam presentes O viam como o mais poderoso governante. Para os pais de Krishna, Nanda e Yashoda, Ele parecia ser a criança mais adorável. Para Kamsa, o rei da dinastia Bhoja, Ele parecia a morte personificada. Para os não inteligentes, Ele parecia ser uma personalidade incapaz. Para os yogis presentes, Ele parecia a Superalma. Para os membros da dinastia Vrishni, Ele parecia ser o descendente mais celebrado. Assim apreciado diferentemente por diferentes tipos de pessoas presentes, Krishna entrou na arena de luta com Balarama e Seus amigos meninos pastores de vacas. Quando ouviu que Krishna matou o elefante, Kuvalayapida, Kamsa soube sem dúvida que Krishna era formidável. Ele então ficou com muito medo Dele. Krishna e Balarama tinham mãos longas. Estavam vestidos esplendidamente, e Eles eram atraentes para todas pessoas reunidas ali. Eles estavam vestidos como se fossem atuar num palco dramático, e Eles atraíam a atenção de todas as pessoas.

Os cidadãos da Cidade de Mathura que viram Krishna, a Suprema Personalidade de Deus, ficaram muito contentes e começaram a olhar para a face Dele com olhares insaciáveis, como se bebessem o néctar do céu. Ver Krishna deu tanto prazer a eles que parecia que não apenas bebiam o néctar de ver Sua face, mas também cheiravam o aroma e saboreavam o gosto de Seu corpo e O abraçavam com Balarama em seus braços. Eles começaram a conversar entre si sobre os dois irmãos transcendentais. Por um longo tempo, eles ouviram sobre a beleza e as atividades de Krishna e Balarama, e agora eles Os viam pessoalmente face a face. Eles achavam que Krishna e Balarama eram duas encarnações plenárias da Suprema Personalidade de Deus, Narayana, que apareceram em Vrindavana.

Os cidadãos de Mathura começaram a recitar os passatempos de Krishna, Seu nascimento como filho de Vasudeva, Ele sob os cuidados de Nanda Maharaja e sua esposa em Gokula, e todos aqueles eventos que O conduziram para ir a Mathura. Eles falaram sobre a matança da demônia Putana, e também a matança de Trinavarta, que veio como um furacão. Eles também recordaram a liberação dos irmãos gêmeos de dentro das árvores arjuna. Os cidadãos de Mathura falaram entre si: "Shankhasura, Keshi, Dhenukasura e muitos outros demônios foram mortos por Krishna e Balarama em Vrindavana. Krishna também salvou todos os pastores de vacas de Vrindavana do fogo devastador. Ele puniu a serpente Kaliya na água o Yamuna, e Ele conteve o prestígio falso do Rei do Céu, Indra. Krishna levantou a grande colina Govardhana com uma mão por sete dias seguidos e salvou o povo de Gokula da chuva incessante, furacão e tempestade". Eles também começaram a lembrar outras atividades inspiradoras: "As meninas de Vrindavana ficaram tão contentes por verem a beleza de Krishna e participarem de Suas atividades que esqueceram o propósito da existência material. Por verem e pensarem em Krishna, elas esqueceram todos os tipos de fatiga material". Os cidadãos de Mathura discutiram a dinastia Yadu, afirmaram que por causa do aparecimento de Krishna nessa dinastia, os Yadus permaneceriam a família mais celebrada no universo inteiro. Enquanto conversavam sobre as atividades de Krishna e Balarama, eles ouviram as vibrações de diferentes bandas que anunciavam o torneio de luta.

O famoso lutador Chanura então começou a falar com Krishna e Balarama: "Meus queridos Krishna e Balarama", disse ele, "nós ouvimos sobre as atividades passadas de Vocês. Vocês são grandes heróis, e por isso o rei Os chamou. Nós ouvimos que Seus braços são muito fortes. O rei e todas as pessoas aqui presentes desejam ver uma demonstração de Suas habilidades de luta. Um cidadão deve ser obediente e agradar a mente do rei governante; se agir dessa forma, o cidadão alcança todos os tipos de boa fortuna. Quem não se preocupa em agir com obediência é feito infeliz por causa da ira do rei. Vocês são meninos pastores de vacas, e nós ouvimos que enquanto pastoreiam as vacas na floresta, Vocês Se divertem com lutas entre Si. Nós desejamos, portanto, que Vocês Se juntem a nós na luta para que todas as pessoas aqui presentes, juntas com o rei, fiquem satisfeitas".

Krishna entendeu imediatamente o propósito da declaração de Chanura, e Se preparou para lutar com ele. Porém de acordo com o tempo e as circunstâncias, Ele falou o seguinte: "Você é súdito do rei de Bhoja, e você vive na selva. Nós também somos seus súditos indiretamente, e Nós tentamos satisfazê-lo na medida do possível. Essa oferta de luta é um grande favor dele, contudo o fato é que Nós somos simplesmente meninos. Às vezes Nós brincamos na floresta de Vrindavana com Nossos amigos da Nossa mesma idade. Achamos que combater pessoas e idade e força iguais é bom para Nós, mas combater grandes lutadores como você não será bom para a audiência. Será contra os princípios religiosos deles". Krishna assim indicou que lutadores fortes e célebres não devem desafiar Krishna e Balarama para luta.

Em resposta a isso, Chanura disse: "Meu querido Krishna, podemos entender que Você não é nem uma criança nem um homem jovem. Você é transcendental a todos, assim também Seu grande irmão Balarama. Você já matou o elefante Kuvalayapida, que era capaz de combater e derrotar outros elefantes. Você o matou de forma maravilhosa. Por causa do Seu poder, Você tem competência para competir com os lutadores mais fortes entre nós. Portanto, eu desejo lutar com Você, e Seu irmão mais velho, Balarama, lutará com Mustika".

 

 

Assim termina o significado Bhaktivedanta do Capítulo Quarenta e Dois de Krishna, "A Matança do Elefante Kuvalayapida".

   

  

Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga

Nitai Gaura Hari Bol

 

 

"KRISHNA - A Suprema Personalidade de Deus"

(Original Sem "Correções")

de

Sua Divina Graça
Sri Srimad Bhaktivedanta Swami Maharaj Prabhupada
Paramahamsa Thakura Mahashaya

 

Capítulo 43

A Matança de Kamsa

 

Depois dos lutadores de Kamsa expressarem sua determinação, a Suprema Personalidade de Deus, o matador de Madhu, confrontou Chanura, e o Senhor Balarama, o filho de Rohini, confrontou Mustika. Krishna e Chanura também Balarama e Mustika se atracaram mão com mão, perna com perna, e cada um começou a pressionar o outro com a intenção de se sair vitorioso. Eles juntaram palma com palma, panturrilha com panturrilha, cabeça com cabeça, peito com peito e começaram a golpear um o outro. A luta incrementou à medida que um empurrava o outro de um lugar para o outro. Um pegava o outro e jogava no chão, e outro se movia das costas para a frente do outro e tentava dominá-lo com uma chave de braço. A luta incrementava passo a passo. Havia levantamentos, arrastar e empurrar, e também pernas e braços travados juntos. Todas as artes de luta foram perfeitamente exibidas pelas partes, e cada um tentou com o melhor de si derrotar seu oponente.

Porém a audiência na arena de luta não estava muito satisfeita porque os combatentes não pareciam comparados igualmente. Eles consideravam Krishna e Balarama meros meninos perante os lutadores Chanura e Mustika, que eram homens enormes sólidos como pedra. Compadecidos e a favor de Krishna e Balarama, muitos membros da audiência começaram a falar como se segue: "Queridos amigos, há perigo aqui". Outro disse: "Mesmo na frente do rei essa luta continua entre lados incompatíveis". A audiência perdeu seu senso de diversão. Eles não podiam encorajar o combate entre o forte e o fraco. "Mustika e Chanura são como raios, tão fortes quanto grandes montanhas, e Krishna e Balarama são dois meninos delicados de idade muita tenra. O princípio da justiça já deixou esta assembléia. Pessoas que têm consciência dos princípios civilizados da justiça não ficarão para assistir a essa luta injusta. Esses que participam dessa competição de luta não são muito iluminados; portanto se falarem ou permanecerem em silêncio, estão sujeitos às reações das atividades pecaminosas". "Porém meus queridos amigos", outro disse na assembléia, "apenas olhem para a face de Krishna. Há gotas de transpiração em Sua face por dominar Seu inimigo, e Sua face parece a flor de lótus com gotas de água. E vocês viram como a face do Senhor Balarama ficou especialmente bela? Há uma coloração avermelhada em Sua face branca porque Ele está engajado no combate de uma forte luta com Mustika".

As damas na assembléia também falaram entre si: "Queridas amigas, apenas imaginem o quanto afortunada é a terra de Vrindavana onde a Suprema Personalidade de Deus está presente, sempre decorado com colares de flores e absorto no pastoreio das vacas junto com Seu irmão, o Senhor Balarama. Ele está sempre acompanhado de Seus amigos meninos pastores de vacas, e Ele toca Sua flauta transcendental. Os residentes de Vrindavana são afortunados por serem capazes de ver constantemente os pés de lótus de Krishna e Balarama, que são adorados por grandes semideuses como o Senhor Shiva e Brahma e a deusa da fortuna. Não podemos estimar quantas muitas atividades piedosas foram executadas pelas meninas de Vrajabhumi para que fossem capazes de desfrutar a Suprema Personalidade de Deus e olhar a beleza sem paralelo de Seu corpo transcendental. A beleza do corpo do Senhor é sem comparação. Ninguém é superior ou igual a Ele em beleza da compleição ou brilho corpóreo. Krishna e Balarama são o reservatório de todos os tipos de opulência; a saber, riqueza, poder, beleza, fama, conhecimento e renúncia. As gopis são tão afortunadas que podem ver e pensar em Krishna vinte e quatro horas por dia, a começar pela ordenha das vacas ou descascar o arroz ou bater a manteiga na manhã. Enquanto estão ocupadas na limpeza de suas casas e na lavagem de seus pisos, estão sempre absortas no pensamento de Krishna".

As gopis dão um exemplo perfeito de como alguém pode executar a Consciência de Krishna mesmo se estiver em diferentes tipos de ocupações materiais. Com a absorção constante no pensamento de Krishna, a pessoa não pode ser afetada pela contaminação das atividades materiais. As gopis, portanto, estão em transe perfeito, samadhi, o estágio de perfeição mais elevado do poder místico. No Bhagavad-gita está confirmado que a pessoa com o pensamento constante em Krishna é um yogi de primeira classe entre todos os yogis. "Minhas queridas amigas", uma senhora disse a outra, "devemos aceitar as atividades das gopis como a maior forma de piedade; senão, como elas alcançaram a oportunidade de ver Krishna tanto na manhã quanto na noite quando Ele sai para o campo de pastagem com as vacas e amigos meninos pastores de vacas e retorna na noite? Elas freqüentemente O vêem tocar Sua flauta e sorrir muito brilhantemente".

Quando o Senhor Krishna, a Superalma de todo ser vivo, entendeu que as senhoras da assembléia estavam ansiosas por causa Dele, Ele decidiu não continuar a luta e matar os lutadores imediatamente. Os pais de Krishna e Balarama, chamados Nanda Maharaja, Yashoda, Vasudeva e Devaki, também estavam muito ansiosos porque não conheciam o poder ilimitado de seus filhos. O Senhor Balarama combatia o lutador Mustika da mesma forma Krishna, a Suprema Personalidade de Deus, combatia e lutava com Chanura. O Senhor Krishna pareceu ser cruel com Chanura, e Ele imediatamente o golpeou três vezes com Seu punho. O grande lutador cambaleou, para a admiração da audiência. Chanura então usou sua última chance e atacou Krishna, exatamente igual a um falcão que arremete sobre outro falcão. Ele juntou suas duas mãos e começou a golpear o peito de Krishna, mas o Senhor Krishna não ficou nenhum pouco perturbado, não mais do que um elefante que é atingido por um colar de flores. Krishna imediatamente pegou as duas mãos de Chanura e começou a girá-lo em volta, e simplesmente por causa dessa ação centrífuga, Chanura perdeu sua vida. Krishna então o atirou no chão. Chanura caiu igual à bandeira de Indra, e todos os seus ornamentos finos se espalharam por todos os lados.

Mustika também golpeou Balarama, e Balarama revidou o golpe com grande força. Mustika começou a tremer, e sangue e vômito jorraram da sua boca. Atordoado, ele abandonou sua força vital e caiu igual uma árvore cai durante um furacão. Depois que os dois lutadores foram mortos, um lutador de nome Kuta veio adiante. O Senhor Balarama o pegou imediatamente com Sua mão esquerda e o matou displicentemente. Outro lutador de nome Shala veio adiante, e Krishna imediatamente o chutou e rachou sua cabeça. Outro lutador de nome Toshala veio adiante e foi morto do mesmo jeito. Assim todos grandes lutadores foram mortos por Krishna e Balarama, e os lutadores remanescentes começaram a fugir da assembléia com medo por suas vidas. Todos os meninos pastores de vacas amigos de Krishna e Balarama se aproximaram Deles e Os congratularam com grande prazer. Enquanto os tambores rufavam e eles falavam da vitória, os guizos de perna nos pés de Krishna e Balarama tilintavam.

Todas as pessoas reunidas ali começaram a aplaudir com grande êxtase, e ninguém conseguia estimar os limites de seu prazer. Os brahmanas presentes começaram a louvar Krishna e Balarama com êxtase. Somente Kamsa estava moroso; ele nem aplaudia nem oferecia bênçãos a Krishna. Kamsa ficou ressentido com os tambores que batiam a vitória de Krishna, e ficou muito triste dos lutadores serem mortos e fugiu da assembléia. Ele então imediatamente ordenou que os tambores parassem de tocar e começou a se dirigir a seus amigos com se segue: "Eu ordeno que esses dois filhos de Vasudeva sejam expulsos de Mathura imediatamente. Os meninos pastores de vacas que vieram com Eles devem ser saqueados e todas suas riquezas devem ser confiscadas. Nanda Maharaja deve ser preso imediatamente e morto por seu comportamento astuto, e o velhaco Vasudeva também deve ser morto sem demora. Também meu pai, Ugrasena, que sempre apoiou meus inimigos contra a minha vontade, deve ser morto".

Quando Kamsa falou desse jeito, o Senhor Krishna ficou muito bravo com ele, e em um segundo, saltou sobre os altos guardas do rei. Kamsa estava preparado para o ataque de Krishna, porque ele sabia desde o começo que Ele seria a causa de sua morte. Ele imediatamente desembainhou sua espada e preparou para responder ao desafio de Krishna com espada e escudo. À medida que Kamsa manejava sua espada de cima a baixo, de lá para cá, o Senhor Krishna, o Senhor supremo poderoso, pegou Kamsa com grande força. A Suprema Personalidade de Deus, que é o abrigo da criação completa e de cujo umbigo toda a criação é manifesta, imediatamente derrubou a coroa da cabeça de Kamsa e segurou seus longos cabelos com Sua mão. Então Ele arrastou Kamsa de seu assento até o ringue de luta e o atirou no chão. Então Krishna imediatamente montou em seu peito e começou a golpeá-lo repetidamente. Simplesmente por causa dos golpes de Seu punho, Kamsa perdeu sua força vital.

A fim de assegurar a Seus pais que Kamsa estava morto, o Senhor Krishna o arrastou igual um leão arrasta um elefante depois de matá-lo. Com a visão dessa cena, houve um grande som estrondoso de todos os lados, à medida que alguns espectadores expressavam seu júbilo e outros choravam de lamentação. Desde o dia quando Kamsa ouviu que seria morto pelo oitavo filho de Devaki, ele sempre pensava em Krishna vinte e quatro horas por dia sem parada; mesmo quando comia, quando andava, quando respirava; e naturalmente ele obteve a bênção da liberação. No Bhagavad-gita está afirmado: sada tad-bhava-bhavitah, a pessoa obtém sua próxima vida de acordo com os pensamentos em que está sempre absorta. Kamsa pensava em Krishna com Seu disco, significa Narayana que segura um disco, búzio, flor de lótus e maça.

Segundo as autoridades, Kamsa alcançou sarupya-mukti depois da morte, quer dizer que ele alcançou a mesma forma de Narayana (Vishnu). Nos planetas Vaikuntha, todos os habitantes têm as mesmas características corpóreas de Narayana. Depois de sua morte, Kamsa alcançou liberação e foi promovido a Vaikunthaloka. Desse episódio, podemos entender mesmo a pessoa que pensa na Suprema Personalidade de Deus como um inimigo obtém liberação e um lugar num planeta Vaikuntha, o que dizer então dos devotos puros que estão sempre absortos em pensamentos favoráveis sobre Krishna? Até mesmo um inimigo que é morto por Krishna obtém liberação e é colocado no brahmajyoti impessoal. Porque a Suprema Personalidade de Deus é todo bondade, qualquer um que pense Nele, seja como inimigo ou como amigo, obtém liberação. Porém a liberação do devoto e a liberação do inimigo não são a mesma. O inimigo geralmente obtém a liberação sayujya, e às vezes obtém liberação sarupya.

Kamsa tinha oito irmãos liderados por Kanka. Todos eles eram mais novos que ele, e quando entenderam que seu irmão mais velho tinha sido morto, eles se combinaram e partiram para atacar Krishna com muita ira para matá-Lo. Kamsa e seus irmãos eram tios maternos de Krishna. Todos eles eram irmãos da mãe de Krishna, Devaki. Quando Krishna matou Kamsa, Ele matou Seu tio materno, o que é contra a regulamentação da lei Védica. Apesar de Krishna ser independente de toda lei Védica, Ele só viola a lei Védica em casos inevitáveis. Kamsa não podia ser morto por ninguém além de Krishna; portanto Krishna foi abrigado a matá-lo. No que diz respeito aos oito irmãos de Kamsa, Balarama Se encarregou de matá-los. A mãe de Balarama, Rohini, era esposa de Vasudeva, porém não era irmã de Kamsa; por isso Balarama Se encarregou de matar todos os oito irmãos de Kamsa. Ele imediatamente pegou uma arma disponível (mais provável o dente do elefante que Ele carregava) e matou os oito irmãos um depois do outro, da mesma forma como um leão mata um rebanho de cervos. Krishna e Balarama então verificaram a afirmação de que a Suprema Personalidade de Deus aparece para dar proteção aos piedosos e matar os demônios impiedosos, que sempre são inimigos do semideuses.

Os semideuses dos sistemas planetários superiores começaram a chover flores, e congratulavam Krishna e Balarama. Entre os semideuses havia personalidades poderosas como o Senhor Brahma e Senhor Shiva, e todos se juntaram para expressar seu júbilo com a morte de Kamsa. Havia bater de tambores e chuvas de flores dos planetas celestiais, e as esposas dos semideuses começaram a dançar em êxtase.

As esposas de Kamsa e seus oito irmãos ficaram desesperadas por causa da morte súbita de seus maridos, e todas elas batiam em suas faces e derramavam torrentes de lágrimas. Elas choravam muito alto e abraçavam os corpos de seus maridos. As esposas de Kamsa e seus irmãos começaram a lamentar e se dirigiam aos corpos mortos: "Nossos queridos esposos, vocês são tão bondosos e são os protetores de seus dependentes. Agora, depois de sua morte, também estamos mortas, junto com nossos lares e filhos. Nós não parecemos mais muito auspiciosas. Por causa da morte de vocês, as funções auspiciosas que deveriam acontecer, como o sacrifício do arco, foram todas estragadas. Nossos queridos esposos, vocês trataram mal pessoas que eram impecáveis, e por causa disso foram mortos. Isso é inevitável porque a pessoa que atormenta uma pessoa inocente deve ser punida pelas leis da natureza. Nós sabemos que o Senhor Krishna é a Suprema Personalidade de Deus. Ele é o mestre supremo de tudo e o desfrutador supremo de tudo, e portanto qualquer um que negligencie Sua autoridade nunca poderá ser feliz, e ultimamente, como vocês tiveram, encontrará a morte".

Porque Krishna era gentil e afetuoso com Suas tias, Ele começou a consolá-las na medida do possível. As cerimônias ritualísticas depois da morte foram então conduzidas sob a supervisão pessoal de Krishna porque Ele era o sobrinho de todos os príncipes mortos. Depois de terminar essa obrigação, Krishna e Balarama imediatamente soltaram Seu pai e mãe, Vasudeva e Devaki, que foram presos por Kamsa. Krishna e Balarama caíram aos pés de Seus pais e lhes ofereceram preces. Vasudeva e Devaki sofreram tantas perturbações porque Krishna era seu filho; foi por causa de Krishna que Kamsa sempre causou perturbações a eles. Devaki e Vasudeva tinham plena consciência da posição exaltada de Krishna como a Suprema Personalidade de Deus; portanto, apesar de Krishna tocar em seus pés e oferecer reverências e preces a eles, eles não O abraçaram, mas simplesmente ficaram em pé para ouvir a Suprema Personalidade de Deus. Apesar de Krishna nascer como filho deles, Vasudeva e Devaki estavam sempre conscientes da posição Dele.

  

  

Assim termina o significado Bhaktivedanta do Capítulo Quarenta e Três de Krishna, "A Matança de Kamsa".

   

  

Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga

Nitai Gaura Hari Bol

 

 

"KRISHNA - A Suprema Personalidade de Deus"

(Original Sem "Correções")

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Sua Divina Graça
Sri Srimad Bhaktivedanta Swami Maharaj Prabhupada
Paramahamsa Thakura Mahashaya

 

Capítulo 44

Krishna Resgata o Filho de Seu Professor

  

Quando o Senhor Krishna viu que Vasudeva e Devaki permaneciam em pé numa atitude de reverência, Ele imediatamente expandiu Sua influência de yogamaya para que eles pudessem tratá-Lo e Balarama como crianças. Do mesmo modo que no mundo material a relação existente entre pai e mãe e filhos pode ser estabelecida entre diferentes seres vivos pela influência da energia ilusória, assim, pela influência de yogamaya, o devoto pode estabelecer uma relação na qual a Suprema Personalidade de Deus é seu filho. Depois de criar essa situação com Sua yogamaya, Krishna, que apareceu com Seu irmão mais velho Balarama como os mais ilustres filhos da dinastia dos Satvatas, muito submissamente e respeitosamente Se dirigiu a Vasudeva e Devaki: "Meus queridos pai e mãe, apesar de sempre estarem muito ansiosos por causa da proteção de Nossas vidas, vocês não puderam desfrutar o prazer de Nos ter como bebês, como seus meninos em crescimento e como seus jovens adolescentes". Krishna indiretamente elogiou a paternidade de Nanda Maharaja e a maternidade de Yashoda como mais gloriosas porque apesar de Ele e Balarama não serem seus filhos de nascimento, Nanda e Yashoda na verdade desfrutaram os passatempos infantis Deles. Pelo próprio arranjo da natureza, a infância do ser vivo corporificado é desfrutada pelos pais. Até mesmo no reino animal vemos que os pais tendem a ter afeição pelos filhotes. Cativados pelas atividades de suas crianças, eles tomam muito cuidado com o bem estar deles. Sobre Vasudeva e Devaki, eles sempre estiveram muito ansiosos pela proteção de seus filhos, Krishna e Balarama. É por isso que Krishna, depois de Seu aparecimento, foi transferido imediatamente para outra casa. Balarama também foi transferido do ventre de Devaki para o ventre de Rohini.

Vasudeva e Devaki estavam cheios de ansiedades por causa da proteção de Krishna e Balarama, e não puderam desfrutar Seus passatempos infantis. Krishna disse: "Infelizmente, ordenados pelo Nosso destino, Nós não pudemos ser criados por Nossos próprios pais para desfrutar passatempos no lar. Meus queridos pai e mãe, um homem tem uma dívida a pagar com seus pais, de quem ele recebe o corpo que pode lhe conceder todos os benefícios da existência material. De acordo com a lei Védica, esta forma humana de vida permite que o indivíduo execute todos os tipos de atividades religiosas, satisfaça todos os tipos de desejos e adquira todos os tipos de riqueza. E somente nesta forma humana existe cada possibilidade da pessoa poder obter liberação da existência material. Este corpo é produzido pelos esforços combinados do pai e da mãe. Todo ser humano deve ser grato a seus pais e entender que não pode pagar sua dívida com eles. Se, depois de crescer, um filho não tenta satisfazer seus pais com suas ações ou com uma doação de bens, com certeza será punido depois da morte pelo superintendente da morte e será obrigado a comer sua própria carne. Se uma pessoa for capaz de dar proteção a seus pais idosos, filhos, mestre espiritual, brahmanas e outros dependentes, mas não faz isso, é considerada como se já estivesse morta, apesar de respirar supostamente. Meus queridos pai e mãe, vocês sempre ficaram muito ansiosos por causa da Nossa proteção, porém infelizmente Nós não pudemos prestar nenhum serviço a vocês. Até a presente data, Nós simplesmente desperdiçamos Nosso tempo; Nós não pudemos servir vocês por razões além do Nosso controle. Mãe e pai façam o favor Nos desculpar por Nossa ação pecaminosa".

Enquanto a Suprema Personalidade de Deus falava como um menino inocente com palavras muito doces, Vasudeva e Devaki ficaram cativados com afeição paternal e Os abraçaram com grande prazer. Eles estavam extasiados e não conseguiam falar ou responder às palavras de Krishna, porém simplesmente O abraçaram junto com Balarama com grande afeição e permaneceram em silêncio, e derramavam lágrimas incessantemente.

Depois de consolar Seu pai e mãe dessa forma, a Suprema Personalidade de Deus, que apareceu como o filho querido de Devaki, aproximou-Se de Seu avô Ugrasena e anunciou que Ugrasena agora seria o Rei do reino Yadu. Kamsa governou o reino Yadu à força, apesar da presença de seu pai, quem ele prendeu. Entretanto depois da morte de Kamsa, o pai de Kamsa foi libertado e anunciado como o rei do reino Yadu. Parece que naqueles dias, na parte ocidental da Índia, havia vários reinos pequenos e eram governados pela dinastia Yadu, dinastia Andhaka, dinastia Vrishni e dinastia Bhoja. Maharaja Ugrasena pertencia à dinastia Bhoja; assim Krishna declarou indiretamente que o Rei da dinastia Bhoja seria o imperador dos outros reinos pequenos. Ele com muita vontade pediu para Maharaja Ugrasena reinar sobre Eles porque Eles eram seus súditos. A palavra praja, é usada para a progênie e também para os cidadãos, portanto Krishna pertencia a praja, tanto como neto de Maharaja Ugrasena quanto membro da dinastia Yadu. Ele aceitou a soberania de Maharaja Ugrasena voluntariamente. Ele informou Ugrasena: "Amaldiçoados por Yayati, os reis da dinastia Yadu não se levantarão contra o trono. Será Nosso prazer servi-lo como seus servos. Nossa total cooperação com você fará sua posição ser mais exaltada e segura para que os reis das outras dinastias não hesitem em pagar seus respectivos impostos. Protegido por Nós, você será honrado até pelos semideuses dos planetas celestiais, Meu querido avô, por causa do medo de Meu falecido tio Kamsa, todos os reis pertencentes à dinastia Yadu, dinastia Vrishni, dinastia Andhaka, dinastia Madhu, dinastia Dashartha e dinastia Kukura estavam muito ansiosos e perturbados. Agora você pode tranquilizar todos eles e assegurá-los sobre a segurança. Todo o reino será pacificado".

Todos os reis da área vizinha deixaram seus lares com medo de Kamsa e viviam em áreas distantes do país. Agora, depois da morte de Kamsa e o restabelecimento de Ugrasena como rei, os reis vizinhos foram agraciados com todos os tipos de espetáculos e confortos. Depois, retornaram a seus lares respectivos. Depois desse bom arranjo político, os cidadãos de Mathura ficaram contentes de morar em Mathura, com a proteção dos braços poderosos de Krishna e Balarama. Por causa do bom Governo na presença de Krishna e Balarama, os habitantes de Mathura sentiram satisfação completa no cumprimento de todos os seus desejos e necessidades materiais, e porque viam Krishna e Balarama, face a face, eles logo esqueceram todas as misérias materiais imediatamente. Logo que viam Krishna e Balarama quando saíam à rua, muito bem vestidos com um sorriso e a olharem de cá para lá, os cidadãos ficavam imediatamente cheios de êxtase amoroso, simplesmente por sentirem a presença de Mukunda. Mukunda se refere àquele que pode conceder liberação e bem-aventurança transcendental. A presença de Krishna agiu como um tônico vitalizante que não apenas a nova geração, mas até mesmo os idosos de Mathura ficaram plenamente revigorados com energia e força juvenil por vê-Lo regularmente.

Nanda Maharaja e Yashoda também viviam em Mathura porque Krishna e Balarama estavam lá, porém depois de algum tempo eles desejaram voltar a Vrindavana. Krishna e Balarama foram até eles e com muito sentimento e afeição abraçaram Nanda e Yashoda, e Krishna começou a falar como se segue: "Meus Queridos pai e mãe, apesar de Eu ter nascido de Vasudeva e Devaki, vocês foram Nossos verdadeiros pai e mãe, porque desde o Nosso próprio nascimento e infância, vocês Nos criaram com grande afeição e amor. Seu amor afetuoso por Nós é maior do que qualquer outro possa oferecer a seus próprios filhos. Vocês são Nossos pai e mãe de verdade, porque Nos criaram como seus próprios filhos num momento em que Nós éramos como órfãos. Por certas razões, Nós fomos rejeitados por Nosso pai e mãe, e vocês Nos protegeram. Meus queridos pai e mãe, Eu sei que vocês sentirão separação quando voltarem a Vrindavana e Nos deixar aqui, mas façam o favor de ter certeza que Eu voltarei para Vrindavana, logo depois de dar alguma satisfação a Meus pai e mãe reais, Vasudeva e Devaki, Meu avô, e outros parentes e membros familiares". Krishna e Balarama satisfizeram Nanda e Yashoda com palavras doces e com presentes de várias roupas, ornamentos e utensílios bem feitos. Eles os satisfizeram, junto com seus amigos e vizinhos que vieram com eles de Vrindavana para Mathura, ao máximo possível. Por causa de sua afeição paternal excessiva por Balarama e Krishna, Nanda Maharaja sentiu lágrimas em seus olhos, e Os abraçou e partiu com os pastores de vacas para Vrindavana.

Depois disso, Vasudeva fez seu filho ser iniciado com o cordão sagrado como o símbolo do segundo nascimento, que é essencial para as castas superiores da sociedade humana. Vasudeva chamou seu sacerdote da família e brahmanas eruditos, assim a cerimônia do cordão sagrado de Krishna e Balarama foi devidamente realizada. Durante essa cerimônia, Vasudeva deu vários ornamentos em caridade aos brahmanas e os presenteou com vacas decoradas com panos de sedas e ornamentos de ouro. Previamente, durante o nascimento de Krishna e Balarama, Vasudeva desejou dar vacas em caridade aos brahmanas, como foi preso por Kamsa, ele foi capaz de fazer isso apenas dentro de sua mente. Com a morte de Kamsa as vacas reais foram dadas aos brahmanas. Então Krishna e Balarama foram devidamente iniciados com a cerimônia do cordão sagrado, e Eles repetiram o canto do Gayatri mantra. O Gayatri mantra é oferecido aos discípulos depois da cerimônia do cordão sagrado, e Balarama e Krishna cumpriram os deveres propriamente do cantar desse mantra. Qualquer um que executa esse mantra tem que seguir certos princípios e votos. Apesar de Balarama e Krishna serem duas personalidades transcendentais, Eles seguiam os princípios reguladores estritamente. Os dois foram iniciados por Seu sacerdote da família Gargacharya, geralmente conhecido como Gargamuni, o acharya da dinastia Yadu. Segundo a cultura Védica, toda pessoa respeitável tem um acharya ou mestre espiritual. Ninguém é considerado um homem culto sem ser iniciado e treinado por um acharya. É dito, portanto, a pessoa que se aproximou de um acharya está realmente em conhecimento perfeito. O Senhor Krishna e Balarama eram a Suprema Personalidade de Deus, o mestre de toda educação e conhecimento. Não havia necessidade de Eles aceitarem um mestre espiritual ou acharya, mesmo assim para a instrução das pessoas ordinárias, Eles também aceitaram um mestre espiritual para o avanço no conhecimento espiritual.

É costume, depois de ser iniciada no Gayatri mantra, a pessoa sai de casa por um tempo sob os cuidados do acharya a fim de ser treinada na vida espiritual. Durante esse período, a pessoa tem que trabalhar para o mestre espiritual como um servo ordinário doméstico. Existem muitas regras e regulamentos para um brahmachari que vive sob o cuidado de um acharya, e o Senhor Krishna e Balarama seguiam estritamente esses princípios reguladores durante Sua permanência sob a instrução de Seu mestre espiritual, Sandipani Muni, em seu local no norte da Índia. De acordo com as leis das escrituras, um mestre espiritual deve ser respeitado e tratado no mesmo nível que a Suprema Personalidade de Deus. Ambos Krishna e Balarama seguiam exatamente esses princípios com grande devoção e Se submeteram aos regulamentos do brahmacharya, e assim satisfizeram Seu mestre espiritual, que os instruiu no conhecimento Védico. Muito satisfeito, Sandipani Muni Os instruiu sobre todas as complexidades da sabedoria Védica bem como literaturas suplementares como os Upanishads. Porque Krishna e Balarama por acaso eram kshatriyas, Eles foram treinados especificamente em ciência militar, política e matemática. Em política há seis departamentos de conhecimento; como fazer paz, como lutar, como pacificar, como dividir e governar, como dar abrigo, etc.. Todos esses itens foram plenamente explicados e instruídos a Krishna e Balarama.

O oceano é a fonte de água em um rio. A nuvem é criada pela evaporação da água do oceano, e a mesma água é distribuída como chuva por toda a superfície da terra e depois retorna em direção ao oceano nos rios. Assim Krishna e Balarama, a Suprema Personalidade de Deus, são a fonte de todos os tipos de conhecimento, mas porque atuavam como meninos ordinários, Eles estabeleceram o exemplo para que todos recebam conhecimento da fonte certa. Por isso Eles concordaram em receber conhecimento de um mestre espiritual.

Depois de ouvir só uma vez do professor, Krishna e Balarama aprendiam todas as artes e ciências. Em sessenta e quatro dias e sessenta e quatro noites, Eles aprenderam todas as artes e ciências necessárias que são requeridas na sociedade humana. Durante o dia, Eles tomavam lições sobre uma matéria com o professor, e no cair da noite, depois de ouvirem do professor, Eles eram especialistas nesse departamento de conhecimento.

Em primeiro lugar, Eles aprenderam a cantar, como compor canções e como reconhecer diferentes harmonias; Eles aprenderam os acentos e métricas, como cantar diferentes tipos de ritmos e melodias, e como acompanhá-los com o toque de diferentes tipos de tambores. Eles aprenderam a dançar com ritmo, melodia e canções diferentes. Eles aprenderam a escrever peças teatrais, e Eles aprenderam os vários tipos de pinturas, a começar com as artes de várias vilas até o estágio de perfeição mais alto. Eles também aprenderam como pintar com tilaka na face e fazer vários tipos de pontos na testa e faces. Então Eles aprenderam a arte de pintar no chão com pasta líquida de arroz e farinha; essas pinturas são muito populares em cerimônias auspiciosas realizadas nos eventos domésticos ou no templo. Eles aprenderam a fazer um lugar para descansar com flores e como decorar roupas e folhas com pinturas coloridas. Eles também aprenderam como montar diferentes jóias preciosas em ornamentos. Eles aprenderam a arte de tocar em potes de água. Os potes de água são cheios até certa medida e quando a pessoa bate nos potes, diferentes tons são produzidos, e quando batidos juntos, produzem um som melodioso. Também aprenderam como jogar água nos rios e lagos quando tomam banho com os amigos. Eles também aprenderam como decorar com flores. Essa arte de decorar ainda pode ser vista em vários templos de Vrindavana durante a estação de verão. Chama-se phulabadi. Os assentos, o trono, as paredes e o teto são totalmente decorados, e uma pequena fonte aromática de flores é fixada no centro. Por causa dessas decorações florais, as pessoas, fatigadas com o calor da estação de verão, ficam refrescadas.

Krishna e Balarama aprenderam a arte de pentear cabelo em vários estilos e fixar um elmo em diferentes posições da cabeça. Eles também aprenderam como atuar num palco teatral, e como decorar atores teatrais com ornamentos de flores sobre a orelha, e como pulverizar água e polpa de sândalo para produzir uma fragrância agradável. Eles também aprenderam a arte de realizar proezas mágicas. Dentro do campo mágico, há uma arte chamada bahurupi com a qual a pessoa se veste de forma a se aproximar de um amigo sem ser reconhecida. Eles também aprenderam a fazer bebidas que são requeridas em vários momentos, e Eles estudaram xaropes e sabores e os efeitos da intoxicação. Eles aprenderam a manipular cordões finos para marionetes dançarinas, e Eles aprenderam a encordoar instrumentos musicais, como a vina, sitar e tampura, para produzir um som melodioso. Então Eles aprenderam quebra-cabeças e como montar e solucioná-los. Eles aprenderam a arte dos livros de leitura nos quais até mesmo um estudante tolo pode muito rapidamente ler o alfabeto e compreender a escrita. Então Eles aprenderam como ensaiar e encenar uma peça teatral. Eles também aprenderam a arte de solucionar jogos de palavras cruzadas, preencher o espaço que falta e fazer palavras completas.

Eles também aprenderam como desenhar literatura pictográfica. Em alguns países do mundo, a literatura pictográfica ainda é corrente. Uma história é representada por desenhos; por exemplo, um homem e uma casa são desenhados para representar um homem que vai para casa. Krishna e Balarama também aprenderam a arte da arquitetura; como construir prédios residenciais. Eles aprenderam a reconhecer jóias preciosas pelo estudo do brilho e da qualidade das cores. Eles aprenderam a arte de montagem de jóias com ouro e prata. Eles também aprenderam como estudar o solo para encontrar minerais. Esse estudo do solo agora é uma ciência altamente especializada, entretanto antigamente era conhecimento comum até para a pessoa ordinária. Eles aprenderam a estudar ervas e plantas e a extrair remédios dos elementos. Com o estudo de diferentes tipos de plantas, Eles aprenderam a fazer cruzamentos híbridos com plantas e obter diferentes tipos de frutas. Eles aprenderam a treinar e engajar cordeiros e galos em luta para propósitos esportivos. Então Eles aprenderam como ensinar papagaios a falar e a responder perguntas de seres humanos.

Eles aprenderam psicologia prática; como influenciar a mente de outro e assim induzir outro a agir de acordo com seu próprio desejo. Às vezes, isso se chama hipnotismo. Eles aprenderam como lavar cabelo, tingir com cores diferentes e ondular de diferentes maneiras. Eles aprenderam a arte de dizer o que está escrito no livro de alguém sem realmente vê-lo. Eles aprenderam a dizer o que está contido no punho de outro. Às vezes, as crianças imitam essa arte, apesar de não muito precisamente. Uma criança segura alguma coisa no seu punho e pergunta ao amigo: "Você consegue dizer o que tem dentro"? E o amigo dá alguma sugestão, apesar de não poder dizer exatamente. Entretanto existe uma arte com a qual a pessoa pode entender e realmente dizer o que está seguro dentro do punho.

Krishna e Balarama aprenderam a falar e entender as línguas de vários países. Eles aprenderam não somente as línguas dos seres humanos. Krishna podia falar até mesmo com animais e pássaros. Evidência é encontrada na literatura Vaishnava compilada pelos Goswamis. Depois Eles aprenderam a fazer carruagens e aeroplanos de flores. É dito no Ramayana que depois de derrotar Ravana, Ramachandra foi levado de Lanka para Bharatavarsha num aeroplano de flores chamado puspa-ratha. Krishna então aprendeu a arte de prever eventos por meio da visão de sinais. Em um livro chamado Khanar-vachana, os vários tipos de sinais e presságios são descritos. Se, quando uma pessoa sai de casa vê alguém com um balde cheio de água, esse é um sinal muito bom. Porém se vê alguém com um balde vazio, não é um sinal muito bom. Similarmente, se alguém vê leite de vaca junto com um bezerro, é um bom sinal. O resultado de entender esses sinais é que a pessoa pode prever eventos, e Krishna aprendeu a ciência. Krishna também aprendeu a arte de compor matrika. Uma matrika é uma seção de palavras cruzadas com três letras numa linha; contar quaisquer três de qualquer lado, dará nove. As matrikas são de diferentes tipos e são para propósitos diferentes.

Krishna aprendeu a arte de cortar pedras preciosas como diamantes, e Ele aprendeu a arte de questionar e responder por compor imediatamente poesia dentro de Sua mente. Ele aprendeu a ciência da ação e reação das combinações e permutações físicas. Ele aprendeu a arte de um psiquiatra, que pode entender os movimentos psíquicos de outra pessoa. Ele aprendeu a satisfazer Seus próprios desejos. Desejos são muito difíceis de serem satisfeitos; porém se uma pessoa deseja algo que é insensato e nunca poderá ser satisfeito, o desejo pode ser controlado e satisfeito, e isso é uma arte. Com essa arte, a pessoa também pode controlar impulsos sexuais quando estão despertos, como acontece mesmo na vida de brahmachari. Com essa arte, a pessoa pode até fazer um inimigo virar seu amigo ou transferir a ação direta de um elemento físico para outras coisas.

O Senhor Krishna e Balarama, o reservatório de todo conhecimento das artes e ciências, exibiram Seu perfeito entendimento quando ofereceram para servir Seu professor por conceder a ele qualquer coisa que desejasse. Essa oferenda do estudante para o professor ou mestre espiritual se chama guru-dakshina. É essencial que um estudante satisfaça o professor em retorno por qualquer conhecimento recebido, tanto material quanto espiritual. Quando Krishna e Balarama ofereceram Seu serviço dessa forma, o professor, Sandipani Muni, achou sensato pedir a Eles algo extraordinário, algo que um estudante comum não pudesse oferecer. Assim ele consultou sua esposa sobre o que deveria pedir a Eles. Eles já tinham visto as potências extraordinárias de Krishna e Balarama e puderam entender que os dois meninos eram a Suprema Personalidade de Deus. Eles decidiram pedir pelo retorno de seu filho, que se afogou no oceano na margem de Prabhasakshetra.

Quando Krishna e Balarama ouviram de Seu professor sobre a morte de seu filho na margem de Prabhasakshetra, Eles partiram imediatamente para o oceano em Sua quadriga. Quando chegaram à praia, Eles pediram para a deidade que controla o oceano o retorno do filho de Seu professor. A deidade do oceano apareceu imediatamente perante o Senhor e ofereceu a Ele respeitosas reverências com grande humildade.

O Senhor disse: "Algum tempo atrás, você causou o afogamento do filho de Nosso professor. Eu ordeno que o devolva".

A deidade do oceano respondeu: "O menino não foi levado realmente por mim, porém foi capturado por um demônio chamado Pañchajana. Esse grande demônio geralmente fica em águas profundas na forma de uma concha. O filho do Seu professor pode estar no estômago do demônio, pois foi devorado por ele".

Ao ouvir isso, Krishna mergulhou até as águas profundas e capturou o demônio Pañchajana. Ele o matou no local, mas não pôde encontrar o filho de Seu professor dentro do seu estômago. Assim Ele pegou o corpo morto do demônio (na forma de uma concha) e voltou para Sua quadriga na praia de Prabhasakshetra. De lá, Ele partiu para Samyamani, a residência de Yamaraja, o superintendente da morte. Acompanhado por Seu irmão mais velho Balarama, que também é conhecido como Halayudha, Krishna chegou lá e soprou Seu búzio.

Quando ouviu a vibração, Yamaraja apareceu e recebeu Sri Krishna com todas as respeitosas reverências. Yamaraja podia entender quem eram Krishna e Balarama, e por isso ele imediatamente ofereceu seu humilde serviço ao Senhor. Krishna apareceu na superfície da Terra como um ser humano ordinário, porém na realidade Krishna e Balarama são a Superalma que vive no coração de cada ser vivo. Eles são o próprio Vishnu, porém atuavam como meninos humanos ordinários. Quando Yamaraja ofereceu seus serviços ao Senhor, Sri Krishna pediu a ele para devolver o filho de Seu professor, que veio a ele como um resultado de seu trabalho. "Por Considerar minha soberania como suprema", disse Krishna, "você deve devolver imediatamente o filho de Meu professor".

Yamaraja devolveu o menino para a Suprema Personalidade de Deus, e Krishna e Balarama o levaram para seu pai. Os irmãos perguntaram se o Seu professor tinha mais alguma coisa para pedir a Eles, mas ele respondeu: "Meus queridos filhos, Vocês fizeram bastante por mim. Agora estou completamente satisfeito. Qual carência mais pode haver para um homem que tem discípulos como Vocês? Meus queridos meninos, Vocês podem ir para casa agora. Esses atos gloriosos de Vocês sempre serão célebres por todo o mundo. Vocês estão acima de todas as bênçãos, mesmo assim é meu dever abençoá-Los. Eu Lhes dou a bênção de que tudo que Vocês falarem permanecerá eternamente fresco como a instrução dos Vedas. Seus ensinamentos não somente serão honrados dentro deste universo ou neste milênio, mas em todos lugares e eras e permanecerá crescentemente novo e importante". Por causa dessa bênção de Seu professor, o Bhagavad-gita do Senhor Krishna é sempre crescentemente fresco e não apenas célebre dentro deste universo, mas em outros planetas e em outros universos também.

Ordenados por Seu professor, Krishna e Balarama imediatamente retornaram ao lar em Suas quadrigas. Eles viajavam em grandes velocidades como o vento e produziam sons como a colisão de nuvens. Todos os residentes de Mathura, que não viam Krishna e Balarama por um longo tempo, ficaram muito contentes de vê-Los novamente. Eles sentiram muita alegria, como uma pessoa que recuperou sua propriedade perdida.

  

   

Assim termina o significado Bhaktivedanta do Capítulo Quarenta e Quatro de Krishna, "Krishna Resgata o Filho de Seu Professor".

   

   

Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga

Nitai Gaura Hari Bol

 

 

"KRISHNA - A Suprema Personalidade de Deus"

(Original Sem "Correções")

de

Sua Divina Graça
Sri Srimad Bhaktivedanta Swami Maharaj Prabhupada
Paramahamsa Thakura Mahashaya

 

Capítulo 45

Uddhava Visita Vrindavana

  

Nanda Maharaja voltou para Vrindavana sem Krishna e Balarama. Ele foi acompanhado somente pelos meninos pastores de vacas e os adultos pastores de vacas. Certamente foi uma cena muito patética para as gopis, mãe Yashoda, Srimati Radharani e todos os habitantes e residentes de Vrindavana. Muitos devotos tentaram fazer ajustes por Krishna estar longe de Vrindavana porque segundo a opinião dos especialistas, Krishna, a Suprema Personalidade de Deus original, nunca sai nem mesmo um passo para fora de Vrindavana. Ele sempre permanece lá. A explicação dos devotos especialistas é que Krishna não estava ausente de Vrindavana na realidade; Ele veio de volta com Nanda Maharaja como prometido.

Quando Ele ia para Mathura na quadriga conduzida por Akrura e as gopis praticamente bloqueavam o caminho, Krishna as assegurou que Ele voltaria logo depois de terminar Suas obrigações em Mathura. Ele disse a elas para não ficarem deprimidas, e dessa forma as pacificou. Entretanto quando Ele não voltou com Nanda Maharaja, pareceu que Ele ou as enganou ou não conseguiu manter Sua promessa. Devotos eruditos, entretanto, decidiram que Krishna não é um enganador nem um quebrador de promessas. Krishna, em Sua identidade original, voltou com Nanda Maharaja e ficou com as gopis e mãe Yashoda em Sua expansão bhava. Krishna e Balarama permaneceram em Mathura, não em Suas formas originais, mas em Suas expansões como Vasudeva e Sankarshana. Os verdadeiros Krishna e Balarama estavam em Vrindavana em Suas manifestações bhava, enquanto em Mathura, Eles apareceram nas expansões prabhava e vaibhava. Essa é a opinião erudita dos devotos de Krishna avançados. Porém quando Nanda Maharaja se preparava para voltar a Vrindavana, houve discussão entre ele, Krishna e Balarama como os meninos poderiam viver em separação de Nanda. A conclusão para separar foi alcançada com acordo mutuo.

Vasudeva e Devaki eram de fato os pais reais de Krishna e Balarama. Agora eles queriam mantê-Los por causa da morte de Kamsa. Quando Kamsa estava vivo, Eles foram postos sob a proteção de Nanda Maharaja em Vrindavana. Agora, naturalmente, o pai e a mãe de Krishna e Balarama queriam que Eles ficassem com eles, especialmente para a função reformatória de purificação, a cerimônia do cordão sagrado. Eles também quiseram dar a Eles uma educação apropriada, porque isso é o dever do pai. Outra consideração era que todos os amigos de Kamsa nos arredores de Mathura planejavam atacar Mathura. Por essa razão também, a presença de Krishna era requerida. Krishna não queria que Vrindavana fosse perturbada por inimigos como Dantavakra e Jarasandha. Se Krishna fosse para Vrindavana, esses inimigos não somente atacariam Mathura, mas também iriam para Vrindavana, e os pacíficos habitantes de Vrindavana seriam perturbados. Krishna portanto decidiu ficar em Mathura, e Nanda Maharaja voltou para Vrindavana. Apesar dos habitantes de Vrindavana sentirem separação de Krishna, Krishna estava sempre presente com eles por meio de Seu lila, ou passatempos, e isso os deixava em êxtase.

Desde quando Krishna partiu de Vrindavana para Mathura, os habitantes de Vrindavana, especialmente mãe Yashoda, Nanda Maharaja, Srimati Radharani, as gopis e os meninos pastores de vacas, simplesmente pensavam em Krishna a cada passo. Eles pensavam: "Krishna brincava desse jeito. Krishna tocava Sua flauta. Krishna brincava conosco, e Krishna nos abraçava". Isso se chama lila-smarana, e é o processo de associação com Krishna mais recomendado por grandes devotos; até mesmo o Senhor Chaitanya desfrutou associação lila-smarana com Krishna quando estava em Puri. Aqueles que estão na posição mais exaltada do serviço devocional e êxtase podem viver com Krishna sempre por lembrar Seus passatempos. Srila Visvanatha Chakravarti Thakura nos deu uma literatura chamada Krishna-bhavanamrita, que é cheia de passatempos de Krishna. Os devotos podem permanecer absortos em pensamentos de Krishna ao ler esses livros. Quaisquer livros de Krishna-lila, mesmo este livro, Krishna, e o nosso Ensinamentos do Senhor Chaitanya, são consolo real para devotos que sentem separação de Krishna.

Que Krishna e Balarama não foram a Vrindavana pode ser ajustado como se segue: Eles não quebraram Sua promessa de voltar a Vrindavana, nem Eles ficaram ausentes, porém Sua presença era necessária em Mathura.

Nesse meio tempo, Uddhava, um primo irmão de Krishna, veio ver Krishna de Dwaraka. Ele era filho do irmão de Vasudeva e tinha quase a mesma idade de Krishna. Suas características corpóreas pareciam com as de Krishna quase exatamente. Depois que voltou da casa de Seu professor, Krishna ficou contente de ver Uddhava, pois acontece que era Seu amigo mais querido. Ele queria mandá-lo a Vrindavana com uma mensagem para os residentes a fim de pacificar seu profundo sentimento de separação.

Como está afirmado no Bhagavad-gita, ye yatha mam prapadyante: Krishna é muito responsivo. Ele responde na proporção do avanço do devoto no serviço devocional. As gopis pensavam em Krishna com separação vinte e quatro horas por dia. Krishna também sempre pensava nas gopis, mãe Yashoda, Nanda Maharaja e nos residentes de Vrindavana, apesar de parecer que Ele estava longe deles. Ele pôde entender como eles estavam transcendentalmente aflitos, e por isso Ele queria mandar Uddhava imediatamente para dar a eles uma mensagem de consolo.

Uddhava é descrito como a personalidade mais exaltada da dinastia Vrishni, quase igual a Krishna. Ele era um grande amigo, e porque era um estudante direto de Brihaspati, o professor e sacerdote dos planetas celestiais, ele era muito inteligente e perspicaz em decisão. Do ponto de vista intelectual, ele era altamente qualificado. Krishna, como era um amigo muito afetuoso de Uddhava, queria mandá-lo para Vrindavana justamente para estudar o altamente elevado serviço devocional extático praticado lá. Mesmo se a pessoa for altamente elevada em educação material e mesmo se for discípula de Brihaspati, ainda assim tem que aprender com as gopis e os residentes de Vrindavana como amar Krishna no mais alto degrau. Mandar Uddhava para Vrindavana com uma mensagem para os residentes de Vrindavana a fim de pacificá-los era um favor especial de Krishna para Uddhava.

O nome do Senhor Krishna é Hari, significa aquele que leva embora toda a aflição das almas rendidas. O Senhor Chaitanya afirma que não pode haver, em tempo nenhum, uma adoração tão exaltada como a realizada pelas gopis. Como estava muito ansioso por causa do pesar das gopis, Krishna falou com Uddhava e pediu com polidez para ele ir a Vrindavana. Apertou a mão de Uddhava com Suas próprias mãos, e disse; "Meu querido amigo bondoso Uddhava, vá imediatamente para Vrindavana e tente pacificar Meu pai e mãe, Nanda Maharaja e Yashodadevi, e as gopis. Eles estão muito aflitos, como se sofressem de grandes doenças. Vá e entregue uma mensagem a eles. Espero que seus males sejam parcialmente aliviados. As gopis estão sempre absortas em pensamentos sobre Mim. Elas dedicaram corpo, desejo, vida e alma para Mim. Eu sou ansioso não só pelas gopis, mas por qualquer um que sacrifica sociedade, amizade, amor e confortos pessoais por Mim. É Meu dever proteger tais devotos exaltados. As gopis são as mais queridas. Elas sempre pensam em Mim de tal forma que permanecem dominadas e quase mortas de ansiedade devido a separação de Mim. Elas se mantêm vivas simplesmente por pensar que Eu voltarei muito em breve".

Solicitado pelo Senhor Krishna, Uddhava partiu imediatamente em sua quadriga e levou a mensagem a Gokula. Ele se aproximou de Vrindavana no pôr-do-sol, quando as vacas voltavam para casa do campo de pastagem. Uddhava e sua quadriga foram cobertos pela poeira levantada pelos cascos das vacas. Ele viu os touros a correr atrás das vacas para acasalar; outras vacas com seus úberes cheios de leite, a correr atrás de seus bezerros para enchê-los de leite. Uddhava viu que a terra inteira de Vrindavana estava cheia de vacas brancas e seus bezerros. As vacas corriam de lá para cá por toda a Gokula, e ele podia ouvir o som da ordenha. Toda casa residencial em Vrindavana estava decorada para a adoração ao deus do sol e ao deus do fogo e para a recepção de convidados, vacas, brahmanas e semideuses. Cada lar estava iluminado com luz e incenso arranjados para a santificação. Por toda Vrindavana havia belos colares de flores, pássaros a voar e o som do zumbido das abelhas. Os lagos estavam cheios com flores de lótus e patos e cisnes.

Uddhava entrou na casa de Nanda Maharaja e foi recebido como se fosse um representante de Vasudeva [Krishna]. Nanda Maharaja ofereceu-lhe um local e sentou junto com ele para perguntar sobre as mensagens de Krishna, Balarama e outros membros da família em Mathura. Ele pôde entender que Uddhava era um amigo muito confidencial de Krishna e portanto deve ter vindo com boas mensagens. "Meu querido Uddhava, como meu amigo Vasudeva aproveita a vida? Ele está livre agora da prisão de Kamsa, e agora está com seus amigos e filhos, Krishna e Balarama. Por isso, ele deve estar muito feliz. Diga-me sobre ele e seu bem estar. Nós também estamos muito contentes porque Kamsa, o demônio mais pecaminoso, agora está morto. Ele sempre tinha inveja da família dos Yadus, seus amigos e parentes. Agora por causa de suas atividades pecaminosas, ele está morto e se foi, junto com todos os seus irmãos".

"Deixe-nos saber por favor se Krishna tem a lembrança de Seu pai e mãe e Seus amigos e companheiros em Vrindavana. Ele gosta de Se lembrar de suas vacas, Suas gopis, Sua colina Govardhana, Seu campo de pastagem em Vrindavana? Ou ele Se esqueceu de tudo isso agora? Há alguma possibilidade de Ele voltar para Seus amigos e parentes para que nós possamos novamente ver Sua bela face com Seu nariz arrebitado e olhos como o lótus? Nós lembramos como Ele nos salvou do fogo na floresta, como Ele nos salvou da grande serpente Kaliya no Yamuna, como Ele nos salvou de tantos outros demônios, e nós simplesmente pensamos o quanto somos gratos a Ele por nos dar proteção em tantas situações perigosas. Meu querido Uddhava, quando pensamos na bela face e olhos de Krishna e Suas diferentes atividades aqui em Vrindavana, ficamos tão extasiados que todas nossas atividades cessam. Nós simplesmente pensamos em Krishna, como Ele costumava sorrir e como Ele olhava para nós. Quando vamos para a margem do Yamuna e outros lagos de Vrindavana ou perto da colina Govardhana ou o campo de pastagem, nós vemos que as impressões das pegadas de Krishna ainda estão na superfície da terra. Nós nos lembramos Dele a tocar nesses lugares, porque Ele os visitava constantemente. Quando Sua aparição dentro de nossas mentes se torna manifesta, ficamos imediatamente absortos no pensamento Dele".

"Nós pensamos, portanto, que Krishna e Balarama podem ser semideuses chefes no céu que apareceram perante nós como meninos ordinários a fim de executar deveres particulares na Terra. Isso também foi previsto por Gargamuni quando fez o horóscopo de Krishna. Se Krishna não fosse uma grande personalidade, como é que Ele pôde matar Kamsa, que possuía a potência de 10.000 elefantes? Além de Kamsa, havia lutadores muito fortes, e também o elefante gigante, Kuvalayapida. Todos esses animais e demônios foram mortos por Ele justamente igual a um leão que mata um animal ordinário. Quanto maravilhoso foi Krishna pegar com uma mão o grande e pesado arco feito com três palmeiras juntas e o quebrou bem rápido. Quanto maravilhoso foi continuamente por sete dias Ele erguer a colina Govardhana com uma mão. Quanto maravilhoso foi Ele matar todos os demônios, como Pralambasura, Dhenukasura, Aristasura, Trinavarta e Bakasura. Eles eram tão fortes que até mesmo os semideuses nos planetas celestiais tinham medo deles, entretanto Krishna os matou tão facilmente quanto nada".

Enquanto descrevia as atividades incomuns de Krishna perante Uddhava, Nanda Maharaja ficou emocionado e não conseguia falar mais. Quanto a mãe Yashoda, ela sentou ao lado de seu marido e ouviu os passatempos de Krishna sem falar. Ela só chorava incessantemente, e escorria leite de seus seios. Quando Uddhava viu Nanda Maharaja e Yashoda tão extraordinariamente extasiados com pensamentos de Krishna, a Suprema Personalidade de Deus, e quando ele experimentou sua extraordinária afeição por Ele, também ficou extasiado e começou a falar como se segue: "Minha querida mãe Yashoda e Nanda Maharaja, vocês são os mais respeitáveis entre os seres humanos porque ninguém além de vocês pode meditar com tal êxtase transcendental".

Tanto Balarama quanto Krishna são as Personalidades de Deus originais de quem a manifestação cósmica emana. Eles são superiores entre todas as personalidades. Os dois são a causa efetiva desta criação material. A criação material é conduzida pelas encarnações purusha, e todas atuam sob Krishna e Balarama. Com Sua representação parcial, Eles entram no coração de todos os seres vivos. Eles são a fonte de todo conhecimento e todo o esquecimento também. Isso está confirmado no Bhagavad-gita, Capítulo Quinze: "Eu estou presente no coração de todos, e Eu causo que a pessoa lembre ou esqueça. Eu sou o compilador original do Vedanta, e Eu sou o verdadeiro conhecedor dos Vedas". Se, no momento da morte, a pessoa puder fixar sua mente pura em Krishna mesmo por um momento, ela se torna elegível para deixar este corpo material e aparecer em seu corpo espiritual original, da mesma forma que o Sol nasce com toda a iluminação. Ao passar desta vida assim, a pessoa imediatamente entra no reino espiritual, Vaikuntha. Esse é o resultado da Consciência de Krishna na prática.

Se praticarmos a Consciência de Krishna neste corpo presente enquanto estamos numa condição saudável e com a mente boa, simplesmente por cantar o maha-mantra, Hare Krishna, teremos toda possibilidade de fixar nossa mente em Krishna na hora da morte. Se isso for feito, então nossa vida será bem sucedida sem nenhuma dúvida. Similarmente, se mantivermos nossa mente sempre absorta em atividades lucrativas para desfrute material, então naturalmente na hora da morte deveremos pensar em tais atividades e novamente seremos forçados a entrar num corpo material, condicionado para sofrer as três misérias da existência material. Portanto, permanecer sempre absorto em Consciência de Krishna era o padrão dos habitantes de Vrindavana, como exibido por Maharaja Nanda, Yashoda e as gopis. Se nós pudermos simplesmente seguir seus passos, mesmo numa proporção mínima, nossas vidas com certeza serão bem sucedidas, e nós entraremos no reino espiritual, Vaikuntha.

"Minha querida mãe Yashoda e Nanda Maharaja", Uddhava continuou, "vocês então fixaram suas mentes totalmente e somente na Suprema Personalidade de Deus, Narayana, em Sua forma transcendental, a causa do Brahman impessoal. A refulgência do Brahman é apenas o raio do corpo de Narayana, e porque vocês estão sempre absortos em pensamentos de Krishna e Balarama, qual atividade falta ser executada por vocês? Eu trouxe uma mensagem de Krishna com o efeito de que Ele voltará em breve para Vrindavana e satisfará vocês dois com Sua presença pessoal. Krishna prometeu que Ele voltará a Vrindavana depois de finalizar Suas obrigações em Mathura. Essa promessa Ele cumprirá com certeza. Por isso eu peço a vocês dois, que são os melhores entre todos afortunados, para não ficarem aflitos com a ausência de Krishna".

"Vocês já percebem Sua presença vinte e quatro horas por dias, e mesmo assim Ele virá e verá vocês muito em breve. Na realidade, Ele está presente em toda parte e no coração de todos, da mesma forma que o fogo está presente na madeira. Porque Krishna é a Superalma, ninguém é Seu inimigo, ninguém é Seu amigo, ninguém é igual a Ele, e ninguém é inferior ou superior a Ele. Na verdade, Ele não tem pai, mãe, irmão ou parente, nem Ele requer sociedade, amizade e amor. Ele não tem um corpo material; Ele nunca aparece ou nasce como um ser humano ordinário. Ele não aparece em espécies superiores ou inferiores como seres vivos ordinários, que são forçados a nascer por causa de suas atividades prévias. Ele aparece por Sua potência interna justamente para dar proteção a Seu devoto. Ele nunca é influenciado pelos modos da natureza material, porém quando Ele aparece neste mundo material, parece que Ele age como um ser vivo ordinário sob o encanto dos modos da natureza material. De fato, Ele é o superintendente desta criação material e não é afetado pelos modos da natureza material. Ele cria, mantém e dissolve a manifestação cósmica inteira. Pensamos erroneamente em Krishna e Balarama como seres humanos ordinários. Nós somos iguais a pessoas tontas que vêem o mundo inteiro a girar em volta delas. A Personalidade de Deus não é filho de ninguém; Ele é na verdade o pai, mãe e controlador supremo de todos. Não há dúvida quanto a isso. Qualquer coisa que se experimenta, qualquer coisa que já está em existência, qualquer coisa que não esteja em existência, qualquer coisa que estará em existência no futuro, qualquer coisa que seja a menor e qualquer coisa que seja a maior não tem existência separada fora da Suprema Personalidade de Deus. Tudo repousa Nele, porém Ele está fora do toque de tudo manifesto".

Nanda e Uddhava passaram assim a noite inteira a discutir Krishna. Na manhã, as gopis prepararam o aratrika matinal por acenderem suas lâmpadas e borrifar manteiga misturada com iogurte. Depois de terminar seu mangala-aratrika, elas se dedicaram a bater manteiga do iogurte. Enquanto as gopis estavam ocupadas dessa forma, as lâmpadas que refletiam em seus ornamentos ficavam ainda mais iluminadas. A haste de bater, seus braços, seus brincos, suas pulseiras, seus seios; tudo movia, e o pó de kunkuma deu à face delas um brilho açafrão comparável ao sol nascente. Enquanto batiam, elas também cantavam as glórias de Krishna. As duas vibrações se misturavam, ascendia até o céu e santificava toda a atmosfera. Depois do nascer do sol, as gopis vieram como de costume oferecer seus respeitos a Nanda Maharaja e Yashoda, porém quando viram a quadriga dourada de Uddhava na porta, começaram a inquirir entre si. O que era aquela quadriga e a quem ela pertencia? Algumas perguntaram se Akrura, que levou Krishna embora, tinha voltado. Elas não estavam muito satisfeitas com Akrura porque, engajado no serviço de Kamsa, levou Krishna embora para a cidade de Mathura. Todas as gopis conjeturaram que Akrura pode ter vindo de novo para satisfazer algum outro plano cruel. Contudo elas pensaram: "Nós somos agora corpos mortos sem o nosso mestre supremo, Krishna. Que ato mais pode ele perpetrar nesses corpos mortos"? Enquanto falavam desse jeito, Uddhava terminou suas abluções, preces e canto matinais e veio até elas.

  

   

Assim termina o significado Bhaktivedanta do Capítulo Quarenta e Cinco de Krishna, "Uddhava Visita Vrindavana".

   

  

Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga

Nitai Gaura Hari Bol

 

 

"KRISHNA - A Suprema Personalidade de Deus"

(Original Sem "Correções")

de

Sua Divina Graça
Sri Srimad Bhaktivedanta Swami Maharaj Prabhupada
Paramahamsa Thakura Mahashaya

 

Capítulo 46

Entrega da Mensagem de Krishna para as Gopis

  

Quando as gopis viram Uddhava, elas observaram que suas características eram quase exatamente parecidas com as características de Krishna, e elas puderam entender que ele era um grande devoto de Krishna. Suas mãos eram muito longas, e seus olhos eram justamente iguais a pétalas de flor de lótus. Ele vestia roupas amarelas e usava um colar de flores de lótus. Sua face era muito bela. Ele alcançou a liberação sarupya e tinha as mesmas características corpóreas do Senhor, por isso Uddhava parecia quase igual a Krishna. Na ausência de Krishna, as gopis vinham atenciosamente visitar a casa de mãe Yashoda de manhã cedo. Elas sabiam que Nanda Maharaja e mãe Yashoda estavam sempre muito aflitos, e elas tornaram seu primeiro dever vir e prestar seus respeitos para as personalidades idosas mais exaltadas de Vrindavana. Ao ver as amigas de Krishna, Nanda e Yashoda se lembravam do próprio Krishna e ficavam satisfeitos, e as gopis também ficavam satisfeitas de verem Nanda e Yashoda.

Quando as gopis viram que Uddhava representava Krishna até mesmo em suas características corpóreas, elas pensaram que ele devia ser uma alma completamente rendida à Suprema Personalidade de Deus. Elas começaram a contemplar: "Quem é esse menino que parece justamente igual a Krishna? Ele tem os mesmos olhos iguais a pétalas de lótus, o mesmo nariz arrebitado e bela face, e ele sorri da mesma forma. Em todos os aspectos ele parece Krishna, Shyamasundara, o belo menino escuro. Ele está até vestido exatamente igual a Krishna. De onde esse menino veio? Quem é a menina afortunada que o tem como seu marido"? Assim elas falavam entre si. Elas estavam muito ansiosas para saberem sobre ele, e porque elas eram meninas simples da vila sem sofisticação, elas rodearam Uddhava.

Quando as gopis entenderam que Uddhava tinha uma mensagem de Krishna, elas ficaram muito felizes e o chamaram para um local recluso. Elas queriam falar com ele muito livremente e não queriam sofrer constrangimentos na frente de pessoas desconhecidas. Elas começaram a lhe dar as boas vindas com palavras polidas, com grande submissão. "Nós sabemos que você é um associado mais confidencial de Krishna e que Ele então mandou você para Vrindavana a fim de dar consolo para Seu pai e mãe. Nós podemos entender que a afeição familiar é muito forte. Até mesmo grandes sábios que adotaram a ordem de vida da renúncia não conseguem abandonar os membros familiares. Krishna por isso mandou você para Seu pai e mãe; senão Ele não teria nenhum outro negócio em Vrindavana. Agora Ele está na cidade. O que Ele precisa saber sobre a Vila de Vrindavana ou os campos de pastagem das vacas? Essas coisas não têm mais nenhuma utilidade para Krishna porque agora Ele é um homem na cidade".

"Seguramente, Ele não tem nada a ver com pessoas que por acaso não são membros da Sua família. Por que alguém deve se importar com aquelas que estão fora da família, especialmente e especificamente aquelas que estão atadas como esposas de outros. Krishna tem interesse por elas enquanto houver uma necessidade de gratificação, igual às abelhas que têm interesse nas flores enquanto quiserem colher mel delas. É muito natural e psicológico que uma prostituta deixa de se interessar por seu amante assim que ele perde seu dinheiro. Similarmente, quando os cidadãos descobrem que um governo é incapaz de lhes dar proteção plena, eles deixam o país. Um estudante, depois de terminar sua educação, abandona sua relação com o professor e a escola. Um homem rico, dispensa seu admirador depois de receber seu louvor. Quando a estação da fruta acaba, os pássaros não se interessam mais pela árvore. Logo depois de comer na casa de um nobre, o convidado abandona sua relação com o anfitrião. Depois do incêndio na floresta, quando há escassez de grama verde, o cervo e outros animais abandonam a floresta. E assim é um homem, depois de desfrutar sua namorada, abandona sua conexão com ela". Dessa forma, todas as gopis começaram a acusar Krishna indiretamente com a citação de muitos símiles.

Uddhava entendeu que as gopis de Vrindavana estavam todas simplesmente absortas no pensamento de Krishna e Suas atividades infantis. Enquanto falavam sobre Krishna com Uddhava, elas esqueceram tudo sobre seus afazeres de donas de casa. Elas até mesmo se esqueceram de si mesmas à medida que seu interesse por Krishna incrementava mais e mais.

Uma das gopis, chamada Srimati Radharani, estava tão absorta nos pensamentos de Krishna por causa de Seu toque pessoal com Ele que Ela realmente começou a falar com um zangão que voava ali e tentava tocar Seus pés de lótus. Enquanto outra gopi falava com o mensageiro de Krishna, Uddhava, Srimati Radharani considerou aquele zangão como um mensageiro de Krishna e começou a falar com ele como se segue: "Zangão, você está acostumado a beber mel das flores, e por isso você preferiu ser um mensageiro de Krishna, que tem a mesma natureza que você. Eu vi nos seus bigodes o pó vermelho de kunkuma, que estava presente no colar de flores de Krishna enquanto Ele pressionava os seios de alguma outra menina que é Minha competidora. Você se sente muito orgulhoso por tocar aquela flor, e seus bigodes ficaram vermelhos. Você veio aqui trazer uma mensagem para Mim. Você está ansioso para tocar Meus pés. Porém Meu querido zangão, deixe-Me alertá-lo; não toque em Mim! Eu não quero nenhuma mensagem de seu mestre não confiável. Você é o servo não confiável de um mestre não confiável". Pode ser que Srimati Radharani intencionalmente se dirigiu ao zangão sarcasticamente a fim de criticar o mensageiro Uddhava. Indiretamente, Srimati Radharani viu Uddhava não somente parecido com as características corpóreas de Krishna mas igual a Krishna. Dessa forma, Ela indicou que Uddhava era tão não confiável quanto Krishna em pessoa. Srimati Radharani queria dar razões específicas porque Ela estava insatisfeita com Krishna e Seus mensageiros.

Ela falou com o zangão: "Seu mestre Krishna é exatamente da sua qualidade. Você senta numa flor, e depois de beber um pouco de mel, você imediatamente voa embora e senta em outra flor e experimenta. Você é justamente igual ao seu mestre Krishna. Ele nos deu a chance de saborear o toque de Seus lábios e então partiu com tudo. Eu também sei que a deusa da fortuna, Lakshmi, que está sempre no meio da flor de lótus, está constantemente dedicada ao serviço de Krishna. Porém Eu não sei por que motivo ela ficou tão cativada por Krishna. Ela está apegada a Ele, apesar de que ela conhece Seu caráter real. Quanto a nós, somos mais inteligentes do que a deusa da fortuna. Nós não vamos mais ser enganadas por Krishna ou Seus mensageiros".

De acordo com a opinião dos eruditos, Lakshmi, a deusa da fortuna é uma expansão subordinada de Srimati Radharani. Da mesma forma que Krishna tem inúmeras expansões de Vishnu-murtis, Sua potência de prazer, Radharani, também tem inúmeras expansões de deusas da fortuna. Por isso a deusa da fortuna, Lakshmiji, está sempre ansiosa para ser elevada à posição das gopis.

Srimati Radharani continuou: "Seu zangão tolo, você tenta Me satisfazer e obter uma recompensa por cantar as glórias de Krishna, mas é uma tentativa inútil. Nós estamos desprovidas de todas nossas posses. Estamos longe de nossos lares e nossas famílias. Nós sabemos muito bem sobre Krishna. Nós sabemos bem mais do que você. Tudo que você pintar a respeito Dele será história antiga para nós. Krishna agora está na cidade e é mais bem conhecido como o amigo de Arjuna. Ele agora tem muitas novas namoradas, e elas estão sem nenhuma dúvida muito felizes com a associação Dele. Porque a sensação ardente de luxúria em seus seios foi satisfeita por Krishna, elas agora estão felizes. Se você for lá e glorificar Krishna, elas podem ficar contentes em recompensar você. Você tenta Me acalmar com seu comportamento como um adulador, e por isso colocou sua cabeça sob Meus pés. Mas Eu conheço o truque que você tenta pregar. Eu sei que você é um mensageiro que vem de um grande trapaceiro, Krishna. Por isso, faça o favor de Me deixar".

"Eu posso entender que você é muito hábil em reunir duas partes opostas, porém ao mesmo tempo você deve saber que Eu não posso pôr Minha confiança em você, nem em seu mestre Krishna. Nós deixamos nossas famílias, esposos, filhos e parentes somente por Krishna, e ainda assim Ele não sente nenhuma obrigação em troca. Ele nos deixou perdidas. Você acha que vamos pôr nossa confiança Nele novamente? Nós sabemos que Krishna não pode ficar muito tempo sem associação de jovens mulheres. Assim é a natureza Dele. Ele encontra dificuldade em Mathura porque não está mais na vila entre meninas pastoras de vacas inocentes. Ele está na sociedade aristocrática e deve ter dificuldade em fazer amizade com as jovens meninas. Talvez você viesse aqui para indagar novamente ou para nos levar para lá. Mas porque deveria Krishna esperar que iríamos para lá? Ele é altamente qualificado para seduzir todas as outras meninas, não somente em Vrindavana ou Mathura, mas em todo o universo. Seu sorriso maravilhosamente encantador é tão atraente e o movimento de Suas sobrancelhas tão belo que Ele pode chamar qualquer mulher dos planetas celestiais, intermediários ou plutônicos. Maha-Lakshmi, a maior de todas as deusas da fortuna, também anseia por prestar algum serviço a Ele. Em comparação com todas essas mulheres do universo, o que somos nós? Nós somos muito insignificantes".

"Krishna Se autopromove como muito magnânimo, e Ele é louvado por grandes santos. Suas qualificações poderiam ser perfeitamente utilizadas se Ele apenas nos mostrasse misericórdia porque fomos oprimidas e negligenciadas por Ele. Você pobre mensageiro, é apenas um servo menos inteligente. Você não sabe muito sobre Krishna, o quanto ingrato e de coração duro Ele é, não somente nesta vida, mas em Sua vida prévia também. Nós ouvimos isso de nossa avó, Paurnamasi. Ela nos informou que Krishna nasceu numa família kshatriya previamente a este nascimento e era conhecido como Ramachandra. Nesse nascimento, em vez de matar Vali, um inimigo de Seu amigo, da maneira de um kshatriya, Ele o matou exatamente como um caçador. Um caçador fica escondido num local seguro e então mata um animal sem enfrentá-lo. Assim o Senhor Ramachandra, como um kshatriya, deveria lutar com Vali face a face, porém induzido por Seu amigo, Ele o matou atrás de uma árvore. Dessa forma, Ele Se desviou dos princípios religiosos de um kshatriya. Também, Ele estava tão atraído pela beleza de Sita que converteu Shurpanakha, a irmã de Ravana, numa mulher horrível por cortar seu nariz e orelhas. Shurpanakha propôs uma relação íntima com Ele, e como um kshatriya, Ele deveria satisfazê-la. Porém Ele era tão egoísta que não podia esquecer Sitadevi e converteu Shurpanakha em uma mulher horrível. Antes desse nascimento como kshatriya, Ele nasceu como um menino brahmana conhecido como Vamanadeva e pediu caridade a Bali Maharaja. Bali Maharaja era tão magnânimo que deu a Ele qualquer coisa que ele possuísse, mesmo assim Krishna como Vamanadeva ingratamente o prendeu como um corvo e o afundou ao reino de Patala. Nós sabemos tudo sobre Krishna e o quanto ingrato Ele é. Mas aqui está a dificuldade; apesar de Ele ser tão cruel e de coração duro, é muito difícil para nós pararmos de falar sobre Ele. Não somente nós que somos incapazes de abandonar essa conversa, grandes sábios e pessoas santas também estão absortas em falar sobre Ele. Nós gopis de Vrindavana não queremos fazer mais nenhuma amizade com esse menino escuro, porém não sabemos como seremos capazes de abandonar a lembrança e a conversa sobre Suas atividades".

Porque Krishna é absoluto, Suas ditas atividades indelicadas são tão saboreáveis quanto Suas atividades gentis. Pessoas santificadas e grandes devotos como as gopis não podem abandonar Krishna em nenhuma circunstância. Por isso o Senhor Chaitanya orou: "Krishna, Você é livre e independente em todos os aspectos. Você pode tanto Me abraçar quanto Me esmagar sob Seus pés; do jeito que Você quiser. Você pode Me deixar com o coração partido por não Me deixar vê-Lo durante Minha vida inteira, porém Você é Meu único objeto de amor".

"Na Minha opinião", Srimati Radharani continuou, "ninguém deve ouvir sobre Krishna, porque logo que uma gota de néctar de Suas atividades transcendentais é pingada no ouvido, a pessoa imediatamente se eleva acima da plataforma da dualidade, atração e rejeição. Completamente livre da atração do apego material, a pessoa abandona o apego por este mundo material, família, lar, esposa, filhos e tudo que é materialmente querido para cada pessoa. Despojada de toda aquisição material, a pessoa deixa seus familiares e si mesma infelizes. Assim ela vagueia na busca por Krishna, ou como um ser humano ou em outras espécies de vida, mesmo como um pássaro. É muito difícil de entender Krishna realmente, Seu nome, Sua qualidade, Sua forma, Seus passatempos, Sua parafernália e Seu séquito".

Srimati Radharani continuou a falar com o mensageiro negro de Krishna: "Faça o favor de não falar mais sobre Krishna. É melhor falar sobre outra coisa. Nós já estamos condenadas, como a cerva de pintas negras na floresta que está encantada com a doce vibração musical do caçador. Da mesma forma, nós fomos encantadas pelas palavras doces de Krishna, e repetidamente nós pensamos nos raios das unhas de Seus dedos dos pés. Nós estamos cada vez mais luxuriosas pela associação Dele; por isso, Eu lhe peço para não falar mais sobre Krishna".

Essa fala de Radharani com o zangão mensageiro e Suas acusações contra Krishna, e ao mesmo tempo, Sua incapacidade de abandonar a fala sobre Ele, são sintomas do êxtase transcendental supremo, chamado mahabhava. A manifestação extática de mahabhava é possível somente em pessoas como Radharani e Suas associadas. Grandes acharyas como Sri Rupa Goswami e Visvanatha Chakravarti Thakura analisaram essas falas em mahabhava de Srimati Radharani, e descreveram os diferentes sentimentos como udghurna, confusão, e jalpapratijalpa, falar de vários jeitos. Em Radharani se encontra a ciência de ujjala, ou a jóia mais brilhante ou amor de Deus. Enquanto Radharani falava com o zangão e o zangão voava daqui para lá, até que de repente, ele desapareceu da visão Dela. Ela estava em lamentação plena devido à separação de Krishna e sentia êxtase por conversar com o zangão. Mas quando o zangão desapareceu, Ela ficou quase louca, pois pensou que o mensageiro abelha voltou para Krishna a fim de informá-Lo sobre toda Sua fala contra Ele. "Krishna deve ter ficado muito triste quando ouviu isso", pensou Ela. Dessa forma, Ela estava muito confusa com outro tipo de êxtase.

Nesse meio tempo, o abelhão, que voava de lá para cá, apareceu diante Dela novamente. Ela pensou, "Krishna ainda é gentil Comigo. Apesar do mensageiro carregar mensagens perturbadoras, Ele é tão bom que mandou novamente o abelhão para Me levar a Ele". Srimati Radharani estava muito cuidadosa agora para não dizer nada contra Krishna dessa vez. "Meu querido amigo, Eu lhe dou as boas vindas", disse Ela, "Krishna é tão bondoso que mandou você novamente. Krishna é tão bom e afetuoso Comigo que mandou você de volta, felizmente, apesar de você levar Minha mensagem contra Ele. Meu querido amigo, você pode pedir o que quiser de Mim. Eu lhe darei qualquer coisa porque você é muito bondoso Comigo. Você veio para Me levar até Krishna porque Ele não consegue vir para cá. Ele está rodeado de novas namoradas em Mathura. Porém você é uma criatura minúscula. Como pode Me levar até lá? Como você poderá Me ajudar a encontrar Krishna enquanto Ele repousa lá junto com a deusa da fortuna e a abraça em Seu peito? Não se preocupe. Vamos esquecer todas essas coisas sobre Eu ir até lá ou enviar você. Faça o favor de Me deixar saber como Krishna passa em Mathura. Diga-Me se Ele ainda Se lembra de Seu pai adotivo, Nanda Maharaja, Sua mãe afetuosa, Yashoda, Seus amigos pastores de vacas e Suas amigas pobres como nós, as gopis. Tenho certeza que às vezes Ele canta sobre nós. Nós O servimos como criadas, sem nenhum pagamento. Existe alguma possibilidade de Krishna voltar novamente e colocar Seus braços em volta de nós? Seus membros são sempre fragrantes como a essência aguru. Faça o favor de colocar todas essas questões para Krishna".

Uddhava estava perto, e ouviu Radharani falar desse jeito, como se Ela tivesse ficado quase louca por Krishna. Ele ficou excessivamente surpreso de como as gopis eram acostumadas a pensar em Krishna constantemente naquele êxtase supremo do amor mahabhava. Ele trouxe uma mensagem por escrito de Krishna, e agora queria apresentá-la para as gopis, justamente para acalmá-las. Ele disse: "Minhas queridas gopis, sua missão da vida humana agora está bem sucedida. Vocês são todas devotas maravilhosas da Suprema Personalidade de Deus, por isso são elegíveis para serem adoradas por todos os tipos de pessoas. Vocês são adoradas através dos três mundos porque suas mentes estão maravilhosamente absortas no pensamento de Vasudeva, Krishna. Ele é o objetivo de todos os tipos de atividades piedosas e execuções ritualísticas, como dar caridade, seguir rigidamente os votos de austeridade, submeter-se a penitências severas e acender o fogo do sacrifício. Ele é o propósito por trás do cantar de vários mantras, da leitura dos Vedas, controle dos sentidos e concentração da mente em meditação. Esses são alguns dos muitos processos diferentes de auto-realização e alcançar a perfeição da vida. Porém na realidade eles se destinam somente à realização de Krishna e devotar-se ao serviço amoroso transcendental da Suprema Personalidade de Deus". Essa é a última instrução do Bhagavad-gita também; apesar de haver descrições de diferentes tipos de processos de auto-realização, no fim, Krishna recomenda que a pessoa abandone tudo e simplesmente se renda a Ele. Todos os outros processos são destinados a ensinar a pessoa a como se render ultimamente aos pés de lótus de Krishna. O Bhagavad-gita também diz que esse processo de rendição é completado por uma pessoa sincera que executa o processo de auto-realização com sabedoria e austeridade depois de muitos nascimentos.

Porque a perfeição dessa austeridade foi completamente manifesta na vida das gopis, Uddhava ficou plenamente satisfeito ao ver a posição transcendental delas. Ele continuou a dizer: "Minhas queridas gopis, a mentalidade que vocês desenvolveram em relação a Krishna é muito, muito difícil de alcançar, mesmo para grandes sábios e pessoas santificadas. Vocês alcançaram o estágio de perfeição mais elevado da vida. É uma grande bênção para vocês que fixaram suas mentes em Krishna e decidiram ter somente Krishna, e abandonaram sua família, lar, parentes, esposo e filhos para o bem da Suprema Personalidade. Porque sua mente agora está plenamente absorta em Krishna, a Alma Suprema, amor universal se desenvolveu automaticamente em vocês. Eu me considero muito afortunado por ser favorecido, pela graça de vocês, de vê-las nessa situação".

Quando Uddhava disse que tinha uma mensagem de Krishna, as gopis estavam mais interessadas em ouvir a mensagem do que ouvir sobre sua posição exaltada. Elas não gostavam muito de serem elogiadas por sua posição elevada. Elas expressaram sua ansiedade em ouvir a mensagem que Uddhava trouxe de Krishna. Uddhava disse: "Minhas queridas gopis, fui especialmente designado para trazer esta mensagem até vocês, que são tão grandes e amáveis devotas. Krishna me mandou especificamente porque eu sou Seu servo mais confidencial".

A mensagem escrita que Uddhava trouxe de Krishna não foi entregue às gopis, entretanto ele a leu perante elas. A mensagem foi escrita com muita gravidade, para que não somente as gopis mas também todos os filósofos empíricos possam entender como o amor puro de Deus é intrinsicamente integrado com todas as diferentes energias do Supremo Senhor. Da informação Védica, entende-se que o Supremo Senhor tem múltiplas energias, parasya shaktir vividhaiva sruyate. Também, as gopis eram amigas pessoais tão íntimas de Krishna que quando escrevia a mensagem para elas, Ele ficou muito emocionado e não conseguiu escrever distintamente. Uddhava, como aluno de Brihaspati, tinha inteligência muito aguçada, por isso que em vez de entregar a mensagem escrita, ele achou melhor lê-la pessoalmente e explicá-la para elas.

Uddhava continuou: Essas são as palavras da Personalidade de Deus: 'Minhas queridas gopis, Minhas queridas amigas, façam o favor de saberem que separação entre nós é impossível em qualquer tempo, em qualquer lugar ou sob qualquer circunstância, porque Eu sou todo-penetrante'".

Essa qualidade todo-penetrante de Krishna é explicada no Bhagavad-gita, nos Capítulos Nove e Sete. Krishna é todo-penetrante em Seu aspecto impessoal, tudo repousa Nele, porém Ele não está presente pessoalmente em toda parte. No Capítulo Sete também, está afirmado que os cinco elementos grosseiros, terra, água, fogo, ar e céu, e os três elementos sutis, mente, inteligência, e ego, são todos Suas energias inferiores. Contudo existe outra, energia superior, que se chama o ser vivo. Os seres vivos também são diretamente partes e parcelas de Krishna. Portanto Krishna é a fonte tanto da energia material quanto da espiritual. Ele está sempre mesclado com tudo como causa e efeito. Não somente as gopis, também todos os seres vivos estão sempre inseparavelmente conectados com Krishna em todas as circunstâncias. As gopis, entretanto, estão perfeitamente e inteiramente em cooperação na sua relação com Krishna, enquanto os seres vivos sob o encanto de maya estão esquecidos de Krishna. Pensam que são identidades separadas que não têm nenhuma conexão com Krishna.

Amor de Krishna, ou Consciência de Krishna, é portanto o estágio de perfeição do conhecimento real no entendimento das coisas como elas são. Nossas mentes nunca podem ficar desocupadas. A mente está sempre ocupada com algum tipo de pensamento, e o assunto da matéria desse pensamento não pode ser fora dos oito elementos da energia de Krishna. Alguém que conhece esse aspecto filosófico de todos os pensamentos é realmente uma pessoa sábia, e ela se rende a Krishna. As gopis são o exemplo típico desse estado de perfeição do conhecimento. Elas não são simples especuladores mentais. A mente delas está sempre em Krishna. A mente é nada mais além do que energia de Krishna. Na realidade, qualquer pessoa que pode pensar, sentir, agir e desejar não pode ser separada de Krishna. Todavia o estágio no qual ela pode entender sua relação eterna se chama Consciência de Krishna. A condição doentia na qual ela não pode entender sua relação eterna com Krishna é o estágio contaminado, ou, maya. Porque as gopis estão na plataforma do conhecimento transcendental puro, suas mentes estão sempre preenchidas com Consciência de Krishna. Por exemplo, como não existe separação entre fogo e ar, também não existe separação entre Krishna e os seres vivos. Quando os seres vivos esquecem Krishna, não estão na sua condição normal. No caso das gopis, porque elas sempre pensam em Krishna, elas estão no estágio de perfeição no conhecimento. Os assim chamados filósofos empíricos às vezes pensam que o caminho de bhakti é para os menos inteligentes, entretanto a menos que um assim chamado homem de conhecimento venha para a plataforma de bhakti, seu conhecimento é certamente impuro e imperfeito. Na realidade, o estágio de perfeição da relação eterna da pessoa com Krishna é amor em separação. Porém isso também é ilusório porque não existe nenhuma separação. As gopis nunca se separaram de Krishna. Mesmo do ponto de vista filosófico, não houve separação.

A manifestação cósmica também não é separada de Krishna. "Nada é separado de Mim; toda a manifestação cósmica repousa em Mim e não é separada de Mim. Antes da criação, Eu existia". Isso está confirmado na literatura Védica: Antes da criação, havia apenas Narayana. Não havia nem Brahma e nem Shiva como assistentes. Toda a manifestação cósmica é manipulada pelos três modos da natureza material. Brahma é a encarnação da qualidade da paixão. É dito que Brahma criou este universo, porém Brahma é o criador secundário; o criador original é Narayana. Isso também é confirmado por Shankaracharya: narayanah paro 'vyaktat. "Narayana é transcendental, além desta criação cósmica".

Krishna cria, mantém e aniquila toda a manifestação cósmica por Se expandir em diferentes encarnações. Tudo é Krishna, e tudo é dependente de Krishna, contudo Ele não é percebido na energia material. Energia material se chama maya, ou ilusão. Na energia espiritual, entretanto, Krishna é percebido em cada passo, em todas as circunstâncias. Esse estágio perfeito de entendimento está presente nas gopis. Da mesma forma que Krishna está sempre à distância da manifestação cósmica, apesar dela ser completamente dependente Dele, assim o ser vivo também está completamente à distância da sua vida condicionada material. O corpo material se desenvolveu com base na existência espiritual. No Bhagavad-gita, a manifestação cósmica inteira é aceita como a mãe dos seres vivos, e Krishna é o pai. Do mesmo modo que o pai impregna a mãe ao injetar o ser vivo no ventre, todos os seres vivos são injetados por Krishna no ventre da natureza material. Eles vêm em diferentes corpos de acordo com suas diferentes atividades lucrativas. Em todas as circunstâncias, o ser vivo está distante da sua vida condicionada material.

Se simplesmente estudarmos nossos próprios corpos, poderemos entender como um ser vivo está sempre à distância deste encarceramento corpóreo. Cada ação do corpo acontece pela interação dos três modos da natureza material. Podemos ver a cada momento muitas mudanças que acontecem nos corpos, porém a alma espiritual está distante de todas mudanças. Ninguém pode nem criar nem aniquilar nem interferir nas ações da natureza material. O ser vivo é assim aprisionado pelo corpo material e é condicionado em três estados, chamados desperto, adormecido e inconsciente. A mente age através de todos as três condições de vida; o ser vivo em sua condição de sono ou sonho vê algo como real, e em sua condição desperta, vê a mesma coisa como irreal. Conclui-se, portanto, que sob certas circunstâncias, ele aceita algo como real, e sob outras circunstâncias, ele aceita a mesmíssima coisa como irreal. Essas matérias são o tema da matéria de estudo dos filósofos empíricos ou o sankhya-yogi. A fim de chegar à conclusão correta, os sankhya-yogis se submetem a severas austeridades e penitências. Eles praticam controle dos sentidos e renúncia.

Todos esses diferentes caminhos de determinar o objetivo último da vida são comparados a rios. Como os rios fluem abaixo em direção ao oceano, todas as tentativas de conhecimento fluem em direção a Krishna. Depois de muitos e muitos nascimentos de esforço, quando a pessoa realmente vem a Krishna, ela alcança o estágio de perfeição. Krishna diz no Bhagavad-gita: "Todos buscam o caminho para Me realizar, entretanto aqueles que adotaram cursos sem nenhuma bhakti percebem seu esforço bem enfadonho". Klesho 'dhikataras tesham: Krishna não pode ser compreendido a menos que a pessoa chegue ao ponto de bhakti.

Três caminhos são enunciados no Gita: karma-yoga, jñana-yoga e bhakti-yoga. Aqueles que são apegados a atividades lucrativas são aconselhados a executarem ações que os trarão a bhakti. Aqueles que são apegados à frustração da filosofia empírica também são avisados a realizar bhakti. Karma-yoga é diferente de karma ordinário, e jñana-yoga é diferente de jñana. Ultimamente, como é afirmado pelo Senhor no Bhagavad-gita, bhaktya mam abhijanati: somente por meio da execução do serviço devocional alguém pode entender Krishna. O estágio perfeito do serviço devocional foi alcançado pelas gopis porque elas não se preocuparam em saber nada além de Krishna. Está confirmado nos Vedas, yasmim eva vijñate sarvam eva vijñatam bhavanti. Isso quer dizer que simplesmente por conhecer Krishna todo outro conhecimento é automaticamente adquirido.

Krishna continuou: "Conhecimento transcendental do Absoluto não é mais necessário para vocês. Vocês estão acostumadas a Me amar desde o comecinho de suas vidas". Conhecimento da Verdade Absoluta é especificamente requerido para pessoas que desejam liberação da existência material. Todavia quem alcançou amor por Krishna já está na plataforma da liberação. Como está afirmado no Bhagavad-gita, qualquer um dedicado ao serviço devocional puro deve ser considerado situado na plataforma transcendental da liberação. As gopis na realidade não sentiam quaisquer dores da existência material, porém elas sentiam a separação de Krishna. Por isso que Krishna disse: "Minhas queridas gopis, para poder incrementar seu excelentíssimo amor por Mim, Eu Me separei de vocês de propósito. Eu fiz isso para que vocês possam ficar em meditação constante sobre Mim".

As gopis estão no estágio de perfeição da meditação. Os yogis geralmente são mais apegados a meditação do que a execução do serviço devocional ao Senhor, porém eles não sabem que o estágio de perfeição da devoção é o alcance da perfeição do sistema de yoga. Essa meditação constante em Krishna pelas gopis é confirmada no Bhagavad-gita como o yoga mais elevado. Krishna conhecia muito bem a psicologia feminina das mulheres. Quando o amado de uma mulher está fora, ela pensa nele na forma de meditação, e Ele está presente perante ela. Krishna queria ensinar por meio do comportamento das gopis. Quem está em transe constantemente como as gopis certamente alcança os pés de lótus de Krishna.

O Senhor Chaitanya ensinou às pessoas em geral o método de vipralambha, que é o método de render serviço à Suprema Personalidade de Deus com o sentimento de separação. Os seis Goswamis também ensinaram adoração a Krishna com o sentimento de separação das gopis. As preces de Srinivasa Acharya sobre os Goswamis explicam essas matérias muito claramente. Srinivasa Acharya disse que os Goswamis estavam sempre absortos no oceano de sentimentos transcendentais no humor das gopis. Quando eles viviam em Vrindavana, buscavam por Krishna, e choravam: "Onde está Krishna? Onde estão as gopis? Onde está Você, Srimati Radharani"? Eles nunca disseram: "Nós vimos Radha e Krishna agora, e assim nossa missão está bem sucedida". A missão deles permanece sempre não cumprida; eles nunca encontraram Radha e Krishna. Na hora da dança rasa, as gopis que não conseguiram participar da dança rasa com Krishna abandonaram seus corpos simplesmente por pensar Nele. Absorção na Consciência de Krishna com o sentimento de separação é portanto o método mais rápido para o alcance dos pés de lótus de Krishna. Pela afirmação pessoal de Krishna, as gopis estavam convencidas sobre a potência dos sentimentos de separação. Elas realmente experimentavam o método sobrenatural da adoração a Krishna e estavam muito aliviadas e felizes de entendê-lo.

Elas começaram a falar como se segue: "Nós ouvimos que o rei Kamsa, que sempre foi uma fonte de aborrecimento para a dinastia Yadu, agora está morto. Isso é boa notícia para nós. Nós esperamos, portanto, que os membros da dinastia Yadu estejam muito felizes na associação com Krishna, que pode satisfazer todos os desejos de Seus devotos. Meu querido Uddhava, faça a gentileza de nos deixar saber se Krishna às vezes pensa em nós enquanto está no meio das meninas da sociedade altamente iluminadas em Mathura. Nós sabemos que as mulheres e meninas de Mathura não são mulheres da vila. Elas são educadas e belas. Seus olhares sorridentes discretos e outros atrativos femininos devem ser muito agradáveis para Krishna. Nós sabemos muito bem que Krishna sempre é afetuoso com o comportamento de belas mulheres. Parece, então, que Ele foi aprisionado pelas mulheres de Mathura. Meu querido Uddhava, você pode fazer a gentileza de nos deixar saber se Krishna algumas vezes Se lembra de nós enquanto está no meio de outras mulheres"?

Outra gopi perguntou: "Ele lembra aquela noite no meio das flores kumadini e luar, quando Vrindavana ficou excessivamente bela? Krishna dançava conosco, e a atmosfera estava carregada com o som dos sinos de pé. Nós compartilhamos conversas agradáveis depois. Ele Se lembra dessa noite em particular? Nós lembramos essa noite, e sentimos separação. A separação de Krishna nos torna agitadas, como se tivéssemos fogo em nossos corpos. Ele propôs voltar a Vrindavana a fim de extinguir o fogo, justamente como uma nuvem surge no céu para extinguir o incêndio na floresta com seu aguaceiro".

Outra gopi disse: "Krishna matou Seu inimigo, e Ele vitoriosamente obteve o reino de Kamsa. Talvez Ele esteja casado com a filha de um rei nesse momento e vive muito feliz entre Seus familiares e amigos. Por isso, por que Ele viria a esta vila de Vrindavana"?

Outra gopi disse: "Krishna é a Suprema Personalidade de Deus, o esposo da deusa da fortuna, e Ele é auto-suficiente. Ele não tem nenhuma obrigação nem conosco, as meninas da floresta de Vrindavana, ou com as meninas da cidade em Mathura. Ele é a grande Superalma; Ele não tem nada a ver com nenhuma de nós, nem aqui nem lá".

Outra gopi disse: "É uma esperança insensata nós acharmos que Krishna voltará para Vrindavana. Nós devemos em vez disso ficar felizes no desapontamento. Mesmo Pingala, a grande prostituta, disse que desapontamento é o maior prazer. Todas nós sabemos essas coisas, mas é muito difícil para nós abandonarmos a expectativa de que Krishna voltará novamente. Quem pode esquecer uma conversa solitária com Krishna, em cujo peito a deusa da fortuna sempre permanece, apesar de Krishna não desejá-la? Meu querido Uddhava, Vrindavana é a terra dos rios, florestas e vacas. Aqui a vibração da flauta é ouvida, e Krishna, junto com Seu irmão mais velho, Sri Balarama, desfrutaram a atmosfera em nossa companhia. Por isso que o ambiente de Vrindavana constantemente nos lembra de Krishna e Balarama. A impressão de Suas pegadas está na terra de Vrindavana, que é o lugar de residência da deusa da fortuna, porém esses sinais não podem nos ajudar a obter Krishna".

As gopis expressaram mais ainda que Vrindavana ainda era plena de toda opulência e boa fortuna; não havia escassez ou carência em Vrindavana tanto quanto as necessidades materiais exigem, porém apesar de toda essa opulência elas não conseguiam esquecer Krishna e Balarama.

"Lembramos constantemente as várias características atraentes do belo Krishna, Seu andar, Seu sorriso e Suas palavras jocosas. Todas nós ficamos perdidas pelas condutas de Krishna, e é impossível para nós esquecê-Lo. Nós sempre oramos por Ele, exclamamos: 'Querido Senhor, querido esposo da deusa da fortuna, querido Senhor de Vrindavana e salvador dos devotos aflitos! Agora estamos caídas e afundadas num oceano de sofrimento. Por favor, portanto, venha novamente a Vrindavana e nos liberte desta condição lastimável'".

Uddhava estudou minuciosamente a condição anormal transcendental das gopis em sua separação de Krishna, e achou sábio repetir todos os passatempos de Sri Krishna repetidamente muitas vezes. Pessoas materialistas estão sempre numa condição ardente por causa do fogo ardente das misérias materiais. As gopis também queimavam num fogo ardente transcendental por causa da separação de Krishna. O fogo ardente que era exasperador para as gopis, entretanto, é diferente do fogo do mundo material. As gopis querem constantemente a associação de Krishna, enquanto a pessoa materialista quer a vantagem dos confortos materiais.

É dito por Visvanatha Chakravarti Thakur que Krishna salvou os meninos pastores de vacas do incêndio ardente na floresta dentro de um segundo, enquanto os olhos deles estavam fechados. Similarmente, Uddhava aconselhou as gopis que elas podiam ser salvas do fogo da separação por fechar os olhos e meditar nas atividades de Krishna desde o comecinho de sua associação com Ele. Do lado externo, as gopis podiam visualizar todos os passatempos de Krishna ao ouvir as descrições de Uddhava, e do lado interno podiam lembrar esses passatempos. Da instrução de Uddhava, as gopis puderam entender que Krishna não estava separado delas. Do mesmo modo como elas pensavam constantemente em Krishna, Krishna também pensava nelas constantemente enquanto estava em Mathura.

As mensagens e instruções de Uddhava salvaram as gopis da morte iminente, e as gopis reconheceram a bênção de Uddhava. Uddhava praticamente atuou como o preceptor mestre espiritual das gopis, e elas em retorno o adoraram como adoravam Krishna. É recomendado nas escrituras autorizadas que o mestre espiritual deve ser adorado no nível da Suprema Personalidade de Deus, porque ele é Seu servente muito confidencial, e é aceito por grandes autoridades que o mestre espiritual é a manifestação externa de Krishna. As gopis ficaram aliviadas de sua condição ardente transcendental ao realizarem que Krishna estava dentro delas. Internamente, elas lembraram Sua associação dentro de seus corações, e externamente, Uddhava as ajudou a apreciar Krishna com instruções conclusivas.

A Suprema Personalidade de Deus é descrita nas escrituras como adhokshaja, indica que Ele está além da percepção de todos os sentidos materiais. Apesar de Ele estar além da percepção dos sentidos materiais, Ele está presente no coração de todos. Ao mesmo tempo, Ele está presente em toda parte pelo Seu aspecto todo-penetrante do Brahman. Todos três aspectos transcendentais da Verdade Absoluta (Bhagavan a Personalidade de Deus, Paramatma a Superalma localizada, e o Brahman todo-penetrante) podem ser realizados simplesmente por estudar a condição das gopis em seu encontro com Uddhava, como descrito pelo Srimad Bhagavatam.

É dito por Srinivasa Acharya que os seis Goswamis estavam sempre absortos em pensamentos das atividades das gopis. Chaitanya Mahaprabhu também recomendou o método das gopis de adoração à Suprema Personalidade de Deus como excelentíssimo. Srila Shukadeva Goswami também recomendou que qualquer um que ouve da fonte certa sobre o relacionamento das gopis com Krishna e que segue as instruções será elevado à posição mais alta do serviço devocional e será capaz de abandonar a luxúria do desfrute material.

Todas as gopis ficaram consoladas com a instrução de Uddhava, e elas pediram a ele para ficar em Vrindavana por mais alguns dias. Uddhava concordou com a proposta delas e ficou com elas não apenas por alguns dias, mas por alguns meses. Ele sempre as manteve dedicadas ao pensamento da mensagem transcendental de Krishna e Seus passatempos, e as gopis sentiram como se experimentassem associação direta com Krishna. Enquanto Uddhava permaneceu em Vrindavana, os habitantes apreciaram sua associação. À medida que discutiam as atividades de Krishna, os dias passavam como momentos. Atmosfera natural de Vrindavana, com a presença do rio Yamuna, os vários pomares com árvores decoradas com várias frutas, colina Govardhana, cavernas, flores desabrochadas; tudo combinado para inspirar Uddhava na narração dos passatempos de Krishna. Os habitantes desfrutaram a associação com Uddhava do mesmo modo como desfrutavam a associação com Krishna.

Uddhava estava atraído pela atitude das gopis porque elas eram completamente apegadas a Krishna, e Uddhava estava inspirado pela ansiedade das gopis por Krishna. Ele começou a oferecer a elas suas respeitosas reverências e compôs canções em louvor das qualidades transcendentais delas como se segue: "Entre todos os seres vivos que aceitaram a forma humana de vida, as gopis são excelentissimamente bem sucedidas em sua missão. O pensamento delas está inteiramente absorto nos pés de lótus de Krishna. Grandes sábios e pessoas santificadas também tentam ficar absortos em meditação nos pés de lótus de Krishna, que é o próprio Mukunda em pessoa, aquele que dá liberação, entretanto as gopis, que aceitaram o Senhor amorosamente, estão automaticamente acostumadas com esse hábito. Elas não dependem de nenhuma prática de yoga. A conclusão é alguém que atingiu a condição de vida das gopis não precisa nascer como o Senhor Brahma ou nascer numa família brahmana ou ser iniciado como brahmana".

Sri Uddhava confirmou a afirmação do Bhagavad-gita falada pelo Senhor Krishna; aquele que se abriga Nele para o propósito certo, seja um shudra ou inferior, obterá o objetivo mais elevado da vida. As gopis estabeleceram o padrão de devoção para o mundo inteiro. Por seguir os passos das gopis e pensar constantemente em Krishna, a pessoa pode atingir o estágio de perfeição mais elevado da vida espiritual. As gopis não nasceram em nenhuma família de alta cultura; elas nasceram de pastores de vacas, e mesmo assim desenvolveram o amor mais elevado por Krishna. Para auto-realização ou realização de Deus não há necessidade de nascer numa família elevada. A única coisa necessária é desenvolvimento extático do amor de Deus. Ao alcançar perfeição em Consciência de Krishna, nenhuma outra qualificação é requerida além de estar constantemente dedicado ao serviço amoroso de Krishna. Krishna é o néctar supremo, o reservatório de todo prazer. O efeito de adotar a Consciência de Krishna é justamente igual a beber néctar; com ou sem conhecimento da pessoa, ele agirá. O princípio ativo da Consciência de Krishna Se manifestará em toda parte; não importa como e onde alguém teve seu nascimento. Krishna concederá Sua bênção a qualquer um que adotar a Consciência de Krishna, sem nenhuma dúvida. A bênção suprema obtida pelas gopis apesar delas nascerem na família de pastores de vacas nunca foi obtida até mesmo pela própria deusa da fortuna, e certamente por nenhum habitante do céu, apesar de suas formas corpóreas serem iguais a lótus. As gopis são tão afortunadas que durante a dança rasa, Krishna pessoalmente as abraçou em Seus braços. Krishna as beijou face a face. Certamente não é possível para quaisquer mulheres nos três mundos alcançar isso exceto as gopis.

Uddhava apreciou a posição exaltada das gopis e desejou cair e pôr a poeira dos pés delas em sua cabeça. Mesmo assim, ele não se atreveu a pedir para as gopis oferecerem a poeira de seus pés; talvez elas não concordassem. Por isso ele desejou ter sua cabeça untada com a poeira dos pés das gopis sem o conhecimento delas. Ele desejou se tornar uma pequena moita de grama ou ervas na terra de Vrindavana.

As gopis estavam tão atraídas por Krishna que quando ouviam a vibração da flauta Dele, instantaneamente deixavam suas famílias, filhos, honra e recato feminino e corriam para o local onde Krishna estava. Elas não consideravam se passavam pela estrada ou através das selvas. Imperceptivelmente, a poeira dos pés delas era concedida a pequenas relvas e ervas de Vrindavana. Sem ousar pôr a poeira dos pés das gopis em sua cabeça, Uddhava aspirou em ter um nascimento futuro na posição de moita de grama e ervas. Assim ele seria capaz de ter a poeira dos pés das gopis.

Uddhava apreciou a fortuna extraordinária das gopis, que se livraram de todos os tipos de contaminação material por colocar em seus belos e elevados seios os pés de lótus de Krishna, que não são somente adorados pela deusa da fortuna, mas por semideuses muito exaltados como Brahma e o Senhor Shiva, e que são objetos de meditação de grandes yogis dentro de seus corações. Assim Uddhava desejou ser capaz de orar constantemente para ser honrado pela poeira dos pés de lótus das gopis. O canto das gopis sobre os passatempos transcendentais do Senhor Krishna se tornaram célebres em todos os três mundos.

Depois de viver em Vrindavana por alguns dias, Uddhava desejou voltar para Krishna, e implorou permissão para partir a Nanda Maharaja e Yashoda. Ele teve um encontro de despedida com as gopis, e depois de pedir a permissão delas também, montou em sua carruagem e partiu para Mathura.

Quando Uddhava estava para partir, todos os habitantes de Vrindavana, liderados por Nanda Maharaja e Yashoda, vieram se despedir dele e presenteá-lo com vários tipos de bens valiosos guardados em Vrindavana. Eles expressaram seus sentimentos com lágrimas nos olhos devido a seu intenso apego por Krishna. Todos eles desejaram a bênção de Uddhava. Eles desejaram sempre lembrar as atividades gloriosas de Krishna e queriam suas mentes sempre fixas em Seus pés de lótus, suas palavras sempre dedicadas a glorificar Krishna, e seus corpos sempre dedicados a se prostrar e constantemente se lembrarem Dele. Essa prece dos habitantes de Vrindavana é o tipo superexcelente de auto-realização. Esse método é muito simples: fixar a mente sempre nos pés de lótus de Krishna, falar sempre sobre Krishna sem transmitir nenhum outro assunto de matéria, e ocupar o corpo no serviço de Krishna constantemente. Especificamente, nesta forma humana de vida, a pessoa deve dedicar sua vida, seus recursos, palavras e inteligência para o serviço do Senhor. Esses tipos de atividades só podem elevar um ser humano ao nível mais alto de perfeição. Esse é o veredito de todas autoridades.

Os habitantes de Vrindavana disseram: "Pelo desejo da autoridade suprema e de acordo com os resultados de nosso próprio trabalho, podemos tomar nosso nascimento em qualquer parte. Não importa onde nascemos, porém nossa única prece é que simplesmente possamos estar dedicados à Consciência de Krishna". Um devoto puro do Senhor Krishna nunca deseja ser promovido aos planetas celestiais, ou mesmo para Vaikuntha ou Goloka Vrindavana, porque ele não tem desejo pela sua própria satisfação pessoal. Um devoto puro considera tanto o céu quanto o inferno num nível igual. Sem Krishna, céu é inferno; e com Krishna, inferno é céu. Quando Uddhava honrou suficientemente a adoração dos devotos puros de Vrindavana, retornou para Mathura e para seu mestre, Krishna. Depois de oferecer respeitos por se prostrar perante o Senhor Krishna e Balarama, ele começou a descrever a maravilhosa vida devocional dos habitantes de Vrindavana. Ele presenteou todos os presentes dados pelos habitantes de Vrindavana a Vasudeva, o pai de Krishna, e Ugrasena, o avô de Krishna.

  

  

Assim termina o significado Bhaktivedanta do Capítulo Quarenta e Seis de Krishna, "Entrega da Mensagem de Krishna para as Gopis".

   

 

Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga

Nitai Gaura Hari Bol

 

 

"KRISHNA - A Suprema Personalidade de Deus"

(Original Sem "Correções")

de

Sua Divina Graça
Sri Srimad Bhaktivedanta Swami Maharaj Prabhupada
Paramahamsa Thakura Mahashaya

   

Capítulo 47

Krishna Satisfaz Seus Devotos

   

Por dias seguidos, Krishna ouviu de Uddhava todos os detalhes da visita a Vrindavana, da condição de Seu pai e mãe, e das gopis e dos meninos pastores de vacas. O Senhor Krishna ficou plenamente satisfeito que Uddhava foi capaz de consolá-los com sua instrução e com a mensagem entregue a eles.

O Senhor Krishna então decidiu ir à casa de Kubja, a mulher corcunda que O satisfez ao oferecer-Lhe sândalo quando Ele entrava na cidade de Mathura. Como está afirmado no Bhagavad-gita, Krishna sempre tenta satisfazer Seus devotos, e os devotos tentam satisfazer Krishna. Os devotos sempre pensam em Krishna dentro de seus corações, assim Krishna também pensa em Seus devotos dentro de Si. Quando Kubja foi convertida numa bela moça da sociedade, queria que Krishna fosse à sua casa para que ela pudesse tentar recebê-Lo e adorá-Lo de seu próprio jeito. Moças da sociedade geralmente tentam satisfazer seus clientes por oferecerem seus corpos para os homens desfrutarem. Porém essa moça da sociedade, Kubja, estava na realidade cativada por uma luxúria em satisfazer seus sentidos com Krishna. Quando Krishna desejou ir à casa de Kubja, Ele certamente não tinha desejo de satisfação sensual. Quando forneceu a polpa de sândalo para Krishna, Kubja já tinha satisfeito Seus sentidos. Com o pretexto da satisfação sensual dela, Ele decidiu ir à casa dela, não realmente por satisfação sensual, mas para transformá-la numa devota pura. Krishna é sempre servido por muitos milhares de deusas da fortuna; por isso Ele não tem nenhuma necessidade de satisfazer Seus sentidos por ir a uma moça da sociedade. Entretanto porque Ele é bondoso com todos, decidiu ir até lá. É dito que a Lua não retira seu brilho do quintal de uma pessoa desonesta. Similarmente, a misericórdia transcendental de Krishna nunca é negada a ninguém, tanto se a pessoa prestar serviço a Ele por meio de luxúria, ira, medo ou amor puro. No Sri Chaitanya Charitamrita é dito que se alguém deseja servir Krishna e ao mesmo tempo deseja satisfazer seus próprios desejos luxuriosos, Krishna tratará disso para que o devoto esqueça o desejo luxurioso e se torne plenamente purificado e constantemente dedicado ao serviço do Senhor.

A fim de cumprir Sua promessa passada, Krishna, junto com Uddhava, foram à casa de Kubja. Quando Krishna chegou à casa dela, Ele viu que estava completamente decorada de forma a excitar os desejos luxuriosos de um homem. Isso sugere que havia vários quadros de nu, no topo dos quais havia toldos e flâmulas bordadas com colares de pérolas, junto com camas confortáveis e poltronas estofadas. Os quartos tinham colares de flores e eram muito bem aromatizados com incenso e borrifados com água perfumada. E os quartos eram iluminados com boas lâmpadas.

Quando Kubja viu que o Senhor Krishna veio à sua casa a fim de cumprir Sua visita prometida, ela se levantou imediatamente da cadeira para recebê-Lo. Acompanhada de suas muitas amigas, ela começou a falar com Ele com grande respeito e honra. Depois de oferecer-Lhe um bom lugar para sentar, ela adorou o Senhor Krishna de uma forma justamente adequada para sua posição. Uddhava foi similarmente recebido por Kubja e suas amigas, entretanto ele não estava num nível igual ao de Krishna, e simplesmente sentou no chão.

Sem perder tempo, como se faz nessas situações, Krishna entrou no quarto de Kubja. Nesse meio tempo, Kubja tomou seu banho e passou polpa de sândalo no seu corpo. Ela se vestiu com roupas finas, jóias preciosas, ornamentos e colares de flores. Ela mascava nozes de bétel e outros comestíveis intoxicantes e borrifou-se com essências, assim ela apareceu perante Krishna. Seu olhar sorridente e olhos que se moviam estavam cheios de recato feminino e ela ficou graciosa na frente do Senhor Krishna, que é conhecido como Madhava, o esposo da deusa da fortuna. Quando Krishna viu que Kubja hesitava para chegar perto Dele, Ele imediatamente pegou-a pela mão, que estava decorada com pulseiras. Com grande afeição, Ele a trouxe para perto de Si e a fez sentar ao Seu lado. Simplesmente por ter fornecido anteriormente polpa de sândalo para o Supremo Senhor, Krishna, Kubja se tornou livre de todas as reações pecaminosas e elegível para desfrutar com Ele. Ela então pegou os pés de lótus de Krishna e colocou-os em seus seios que queimavam com o fogo ardente da luxúria. Ao cheirar a fragrância dos pés de lótus de Krishna, ela ficou imediatamente aliviada de todos os desejos luxuriosos. Então ela foi autorizada a abraçar Krishna com seus dois braços e assim mitigou seu desejo há muito estimado de ter Krishna como visitante em sua casa.

Está afirmado no Bhagavad-gita que sem estar livre de todas as reações pecaminosas materiais, a pessoa não pode se dedicar ao serviço amoroso transcendental do Senhor. Simplesmente por fornecer polpa de sândalo para Krishna, Kubja foi recompensada dessa forma. Ela não foi treinada para adorar Krishna de nenhuma outra forma; por isso ela queria satisfazer Krishna com sua profissão. Está confirmado no Bhagavad-gita que o Senhor pode ser adorado até mesmo pela profissão da pessoa, se for oferecida sinceramente para o prazer do Senhor. Kubja então disse a Krishna, "Meu querido amigo, bondosamente fique comigo pelo menos por alguns dias. Desfrute-me, Você e Seu amigo de olhos de lótus. Não posso deixá-Lo imediatamente. Por favor, atenda meu pedido".

Como está afirmado nas versões Védicas, a Suprema Personalidade de Deus possui múltiplas potências. De acordo com a opinião dos sábios, Kubja representa a potência purusha-shakti de Krishna, da mesma forma que Srimati Radharani representa Sua potência chit-shakti. Apesar dela pedir para Krishna ficar por alguns dias, Krishna polidamente frisou que não era possível Ele ficar. Krishna visita este mundo material ocasionalmente, enquanto que Sua conexão com o mundo espiritual é eterna. Krishna está sempre presente tanto nos planetas Vaikuntha quanto no planeta Goloka Vrindavana. O termo técnico para a presença Dele no mundo espiritual é prakata-lila.

Depois de satisfazer Kubja com palavras doces, Krishna voltou a Seu lugar junto com Uddhava. Há um aviso no Srimad Bhagavatam que Krishna não é adorado facilmente porque Ele é a Suprema Personalidade de Deus, o líder entre todos os Vishnu-tattvas. Adorar Krishna ou ter associação com Ele não é uma tarefa muito fácil. Especificamente, há um aviso para os devotos que estão atraídos a Krishna através do amor conjugal; não é bom para eles desejar ter satisfação sensual com a associação direta com Krishna. Na realidade, as atividades de satisfação sensual são materiais. No mundo espiritual há sintomas como beijar e abraçar, entretanto não existe o processo de gratificação sensual como existe no mundo material. Essa advertência é especificamente para aqueles conhecidos como sahajiya, os quais tomam por certo que Krishna é um ser humano ordinário. Eles desejam desfrutar vida sexual com Ele de forma pervertida. Numa relação espiritual, satisfação sensual é bem insignificante. Qualquer um que deseje uma relação de gratificação sensual com Krishna deve ser considerado menos inteligente. Sua mentalidade precisa ser reformada.

Pouco tempo depois, Krishna cumpriu Sua promessa de visitar Akrura na casa dele. Akrura estava numa relação com Krishna como Seu servente, e Krishna queria obter algum serviço dele. Ele foi lá acompanhado pelo Senhor Balarama e Uddhava. Quando Krishna, Balarama e Uddhava se aproximavam da casa de Akrura, Akrura veio adiante, abraçou Uddhava e ofereceu respeitosas reverências, ao se prostrar perante o Senhor Krishna e Balarama. Krishna, Balarama e Uddhava ofereceram reverências a ele em retribuição e foram oferecidos com locais de assento apropriados por Akrura. Quando todos estavam sentados confortavelmente, Akrura lavou os pés deles e jogou a água em sua cabeça. Depois ofereceu flores finas e polpa de sândalo com adoração normal. Todos os três então ficaram muito satisfeitos com o comportamento de Akrura. Akrura então se prostrou perante Krishna, e pôs sua cabeça no chão. Depois, com os pés de lótus de Krishna em seu colo, Akrura começou a massageá-los amavelmente. Quando Akrura ficou plenamente satisfeito na presença de Krishna e Balarama, seus olhos ficaram cheios de lágrimas de amor por Krishna, e começou a oferecer suas preces como se segue.

"Meu querido Senhor Krishna, foi muita bondade Sua matar Kamsa e seus associados. Você liberou toda a família da dinastia Yadu da maior calamidade. O Seu salvamento da grande dinastia Yadu será sempre lembrado por eles. Meu querido Senhor Krishna e Balarama. Vocês são a personalidade original de quem tudo emanou. Vocês são a causa original de todas as causas. Vocês têm energia inconcebível, e Vocês são todo-penetrantes. Além de Vocês mesmos, não existe nenhuma outra causa e efeito, grosseira ou sutil. Vocês são o Brahman Supremo realizado pelo estudo dos Vedas. Por Sua energia inconcebível, Vocês são realmente visíveis perante nós. Vocês criam esta manifestação cósmica pelas Suas próprias potências, e Vocês entram nela em Pessoa. Da mesma forma que os cinco elementos materiais, terra, água, fogo ar e céu, são distribuídos em tudo manifesto por diferentes tipos de corpos, somente Vocês entram em diferentes variedades de corpos, criados por Suas próprias energias. Vocês entram no corpo como a alma individual bem como independentemente como a Superalma. O corpo material é criado por Sua energia inferior. Os seres vivos, almas individuais, são parte e parcela de Vocês, e a Superalma é Sua representação localizada. Este corpo material, o ser vivo e a Superalma constituem um ser vivo individual, porém originalmente eles são todos diferentes energias do único Supremo Senhor".

"No mundo material, Vocês criam, mantêm e dissolvem a manifestação inteira pela interação de três qualidades, chamadas bondade, paixão e ignorância. Vocês não são implicados pelas atividades dessas qualidades materiais porque Seu conhecimento supremo nunca é superado, como no caso do ser vivo individual".

Assim como o Supremo Senhor entra na criação material e por isso a criação, manutenção e destruição acontecem em seu devido curso, o ser vivo parte e parcela entra nos elementos materiais e tem seu corpo material criado para ele. A diferença entre o ser vivo e o Senhor é que o ser vivo é parte e parcela do Supremo Senhor e tem a tendência de ser dominado pelas interações das qualidades materiais. Krishna, o Parambrahman ou o Supremo Brahman, que está sempre situado em conhecimento pleno, nunca é dominado por essas qualidades. Por isso o nome de Krishna é Achyuta, significa Ele que nunca cai. O conhecimento de Krishna sobre a identidade espiritual nunca é dominado por ação material, enquanto a identidade do ser vivo parte e parcela minúscula é propensa a ser dominada por ação material. Os seres vivos individuais são eternamente parte e parcela de Deus. Como centelhas minúsculas do fogo original, Krishna, eles têm a tendência de se tornarem extintos.

Akrura continuou: "A classe de pessoas menos inteligente mal interpreta Sua forma transcendental como também feita de energia material. Esse conceito não é de forma nenhuma aplicável a Vocês. Na realidade, Vocês são totalmente espirituais, e não há diferença entre Vocês e Seus corpos. Por causa disso, não há questão de Vocês serem condicionados ou liberados. Vocês são sempre liberados em qualquer condição de vida. Como está afirmado no Bhagavad-gita (9.11), 'Somente os tolos e maldosos O consideram como um homem ordinário'. Considerar Vossas Excelências como um de nós, condicionado pela natureza material, é um erro devido a nosso conhecimento imperfeito. Quando as pessoas desviam do conhecimento original dos Vedas, elas tentam identificar os seres vivos ordinários com Vossas Excelências. Vossas Excelências apareceram nesta Terra em Suas formas originais a fim de restabelecer o verdadeiro conhecimento de que os seres vivos não são nem unos com nem iguais ao Deus Supremo. Meu querido Senhor, Vocês são sempre situados na bondade incontaminada (shuddha-sattva). Seu aparecimento é necessário para restabelecer o conhecimento Védico verdadeiro, em oposição à filosofia ateísta que tenta estabelecer que Deus e os seres vivos são um e o mesmo. Meu querido Senhor Krishna, desta vez, Você apareceu na casa de Vasudeva como filho dele, junto com Sua expansão plenária, Sri Balarama. Sua missão é matar todas as famílias reais ateístas, junto com seu imenso poderio militar. Vocês vieram em Pessoa para minimizar a sobrecarga do mundo, e para cumprir essa missão, Vocês glorificaram a dinastia Yadu, por aparecerem na família como um de seus membros".

"Meu querido Senhor, hoje meu lar se tornou purificado pela Sua presença. Eu me tornei a pessoa mais afortunada no mundo. A Suprema Personalidade de Deus, que é adorável por todos os diferentes tipos de semideuses, Pitris, seres vivos, reis e imperadores, e que é a Superalma de tudo, veio à minha casa. A água de Seus pés de lótus purifica os três mundos, e agora Ele veio gentilmente ao meu lugar. Quem existe nos três mundos entre pessoas realmente eruditas que não se abrigará em Seus pés de lótus e se renderá a Você? Quem, bem ciente que ninguém pode ser tão afetuoso como Você é para Seus devotos, é tão tolo que recusará se tornar Seu devoto? Por toda a literatura Védica está declarado que Você é o mais querido amigo de cada ser vivo. Isso está confirmado no Bhagavad-gita (5.29): suhrdam sarva-bhutanam. Você é a Suprema Personalidade de Deus, completamente capaz de satisfazer os desejos de Seus devotos. Você é o verdadeiro amigo de todos. Apesar de entregar-Se a Seus devotos, Você nunca é exaurido da Sua potência original. Sua potência nunca diminui ou aumenta em volume".

"Meu querido Senhor, é muito difícil até mesmo para os grandes yogis místicos e semideuses determinar Seu movimento. Você não pode ser aproximado por eles, e mesmo assim por Sua misericórdia sem causa Você bondosamente consentiu em vir à minha casa. Este é o momento mais auspicioso na jornada da minha existência material. Por Sua graça somente, eu posso entender justamente que meu lar, minha esposa, meus filhos e minhas posses mundanas são todos diferentes amarras para a existência material. Faça o favor de cortar o nó e me salvar deste enredamento de sociedade, amizade e amor falsos".

O Senhor Sri Krishna ficou muito satisfeito com a oferenda de preces por Akrura. Seu sorriso cativava Akrura cada vez mais. O Senhor respondeu a ele como se segue: "Meu querido Akrura, apesar de sua submissão, Eu considero você como Meu superior, no mesmo nível do Meu pai e professor, e maior amigo benquerente. Você é, portanto, adorável por Mim, e como você é Meu tio, Eu devo ser sempre protegido por você. Eu desejo ser mantido por você porque Eu sou um de seus próprios filhos. Além dessa relação filial, você deve sempre ser adorado. Qualquer um que deseja boa fortuna deve oferecer suas respeitosas reverências a personalidades como você. Você é mais do que os semideuses. As pessoas vão adorar os semideuses quando têm necessidade de alguma satisfação sensual; os semideuses oferecem bênçãos a seus devotos depois que são adorados por eles. Porém um devoto como Akrura está sempre pronto para oferecer a maior de todas as bênçãos para as pessoas. Uma pessoa santificada ou devoto é livre para oferecer bênção a todos, enquanto os semideuses só podem oferecer bênção depois de serem adorados. Alguém pode tirar proveito de um lugar de peregrinação somente depois de ir até lá. Ao adorar um semideus específico, leva muito tempo para a satisfação do desejo; todavia pessoas santificadas como você, Meu querido Akrura, podem imediatamente satisfazer todos os desejos dos devotos. Meu querido Akrura, você é sempre Nosso amigo e benquerente. Você está sempre pronto para agir por Nosso bem-estar. Gentilmente, portanto, vá para Hastinapura e veja o arranjo que foi feito para os Pandavas".

Krishna estava muito ansioso para saber sobre os filhos de Pandu, porque em idade muito jovem, eles perderam seu pai. Porque é muito amigável com Seus devotos, Krishna estava ansioso para saber sobre eles, e por isso Ele delegou Akrura para ir a Hastinapura e obter informação sobre a verdadeira situação. Krishna continuou a dizer: "Eu ouvi que depois da morte do rei Pandu, seus jovens filhos, Yudhisthira, Bhima, Arjuna, Nakula e Sahadeva, junto com sua mãe viúva, ficaram sob o cuidado de Dhritarastra, que deve olhar por eles como seu guardião. Entretanto Eu também ouvi que Dhritarastra não é somente cego de nascença, como também é cego de afeição por seu filho cruel, Duryodhana. Os cinco Pandavas são os filhos do rei Pandu, porém Dhritarastra, devido a seus planos e desígnios, não é favoravelmente disposto em relação aos Pandavas. Bondosamente vá lá e estude como Dhritarastra trata os Pandavas. Quando receber seu relato, Eu considerarei como favorecer os Pandavas". Dessa forma, a Suprema Personalidade de Deus, Krishna, ordenou Akrura para ir a Hastinapura, e depois Ele voltou para casa, acompanhado de Balarama e Uddhava.

 

 

Assim termina o significado Bhaktivedanta do Capítulo Quarenta e Sete de Krishna, "Krishna Satisfaz Seus Devotos".

   

   

Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga

Nitai Gaura Hari Bol

 

 

"KRISHNA - A Suprema Personalidade de Deus"

(Original Sem "Correções")

de

Sua Divina Graça
Sri Srimad Bhaktivedanta Swami Maharaj Prabhupada
Paramahamsa Thakura Mahashaya

   

Capítulo 48

O Mal Motivado Dhritarastra

   

Assim ordenado pela Suprema Personalidade de Deus, Sri Krishna, Akrura visitou Hastinapura. É dito que Hastinapura é o local onde hoje fica Nova Délhi. A parte de Nova Délhi, que ainda é conhecida como Indraprastha, é aceita pelas pessoas em geral como a velha capital dos Pandavas. O próprio nome Hastinapura sugere que há muitos hastis, ou elefantes. Porque os Pandavas mantinham muitos elefantes na capital, ela era chamada Hastinapura. Manter elefantes é uma tarefa muito dispendiosa; para manter muitos elefantes, portanto, o reino precisa ser muito rico, e Hastinapura era cheia de elefantes, cavalos, carruagens e outras opulências. Quando Akrura chegou a Hastinapura, ele viu que a capital era cheia de todos os tipos de opulências. Os reis de Hastinapura eram aceitos como os reis soberanos de todo o mundo. A fama deles era propagada pelo reino inteiro, e a administração deles era conduzida sob o bom conselho de brahmanas eruditos.

Depois de ver cidade capital muito opulenta, Akrura encontrou o rei Dhritarastra. Ele também viu o avô Bhisma sentado com ele. Depois de encontrá-los, ele foi ver Vidura e depois a irmã de Vidura, Kunti. Um depois do outro, ele viu o filho de Somadatta, e o rei de Bahlika, Dronacharya, Kripacharya, Karna e Suyodhana. (Suyodhana é outro nome de Duryodhana). Ele viu os cinco irmãos Pandavas e outros amigos e familiares que viviam na cidade. Akrura era conhecido como o filho de Gandi, por isso quem quer que ele encontrasse ficava muito satisfeito em recebê-lo. A ele ofereciam um bom assento em suas recepções, e ele perguntava tudo sobre o bem-estar de seus familiares e outras atividades.

Porque foi delegado pelo Senhor Krishna para visitar Hastinapura, entende-se que ele era muito inteligente para estudar uma situação diplomática. Dhritarastra ocupava o trono ilegalmente depois da morte do rei Pandu, apesar da presença dos filhos de Pandu. Akrura queria estudar toda a situação por permanecer lá. Ele pôde entender muito bem que o mal motivado Dhritarastra era muito inclinado em favor de seus próprios filhos. De fato, Dhritarastra já tinha usurpado o reino e agora instigava e planejava se livrar dos cinco irmãos Pandavas. Akrura também sabia que todos os filhos de Dhritarastra, liderados por Duryodhana, eram políticos muito desonestos. Dhritarastra não agia de acordo com a boa instrução dada por Bhisma e Vidura, todavia ele era conduzido pela má instrução de pessoas como Karna, Shakuni e outros. Akrura decidiu ficar em Hastinapura por alguns meses para estudar toda a situação política.

Gradualmente, Akrura entendeu de Kunti e Vidura que Dhritarastra era muito intolerante e invejoso com os cinco irmãos Pandavas por causa do extraordinário conhecimento sobre a ciência militar deles e da força física grandemente desenvolvida deles. Eles agiam como verdadeiros heróis nobres, e exibiam todas as boas qualidades dos kshatriyas, e eram príncipes muito responsáveis, sempre pensavam no bem-estar dos cidadãos. Akrura também soube que o invejoso Dhritarastra, em consulta com seu mal-aconselhado filho, tentou matar os Pandavas por envenená-los.

Acontece que Akrura era um dos primos de Kunti; por isso, depois de encontrá-lo, ela começou a inquirir sobre seus parentes paternos. Ao pensar em seu lugar de nascimento, ela começou a chorar. Ela perguntou a Akrura se seu pai, mãe, irmãos, irmãs e outros amigos de casa ainda se lembravam dela. Ela perguntou especialmente sobre Krishna e Balarama, seus gloriosos sobrinhos. Ela perguntou: "Será que Krishna, que é a Suprema Personalidade de Deus, e é muito afetuoso com Seus devotos, lembra-Se dos meus filhos? Será que Balarama Se lembra de nós"? Dentro de si mesma, Kunti se sentia como uma corça no meio de tigres, e realmente a posição dela era essa. Depois da morte de seu esposo, o rei Pandu, ela deveria tomar conta de seus cinco filhos Pandavas crianças, entretanto Dhritarastra sempre planejava matá-los. Ela com certeza vivia como um pobre animal inocente no meio de vários tigres. Ela era uma devota do Senhor Krishna, assim sempre pensava Nele e esperava que um dia Krishna viesse e os salvasse da posição perigosa. Ela perguntou a Akrura se Krishna propôs vir para aconselhar os Pandavas órfãos de pai sobre como se livrarem da política intrigante de Dhritarastra e seus filhos. Na conversa com Akrura sobre todos esses assuntos, ela se sentiu desamparada e começou a exclamar: "Meu querido Krishna, meu querido Krishna, Você é o místico supremo, a Superalma do universo. Você é o verdadeiro benquerente de todo o universo. Meu querido Govinda, no momento, Você está longe de mim, mesmo assim eu suplico para me render aos Seus pés de lótus. No presente momento, estou muito aflita com meus cinco filhos sem pai. Posso entender plenamente que além de Seus pés de lótus não existe abrigo ou proteção. Seus pés de lótus podem liberar todas as almas aflitas porque Você é a Suprema Personalidade de Deus. Alguém pode ser salvo das garras de repetidos nascimentos e mortes somente por Sua misericórdia. Meu querido Krishna, Você é o supremo puro, a Superalma e mestre de todos os yogis. O que posso dizer? Eu posso simplesmente oferecer minhas respeitosas reverências a Você. Aceite-me como Sua devota plenamente rendida".

Apesar de Krishna não estar presente perante ela, Kunti ofereceu suas preces a Ele como se estivesse na presença Dele face a face. Isso é possível para qualquer um que segue os passos de Kunti. Krishna não precisa estar fisicamente presente em toda parte. Ele está realmente presente em toda parte pela potência espiritual, e a pessoa simplesmente tem que se render a Ele sinceramente. Quando Kunti oferecia suas preces para Krishna muito profundamente, ela não conseguiu se segurar e começou a chorar muito alto perante Akrura. Vidura também estava presente, e ambos Akrura e Vidura ficaram muito comovidos com a mãe dos Pandavas. Eles começaram a consolá-la por glorificar seus filhos, Yudhisthira, Arjuna e Bhima. Eles a acalmaram, ao dizer que seus filhos eram extraordinariamente poderosos; ela não devia ficar perturbada por causa deles, pois eles tinham nascido de grandes semideuses, Yamaraja, Indra e Vayu.

Akrura decidiu retornar e relatar as circunstâncias extremas nas quais encontrou Kunti e seus cinco filhos. Mas primeiro ele quis dar bom conselho a Dhritarastra, que era inclinado tão favoravelmente a seus filhos e tão inclinado desfavoravelmente aos Pandavas. Quando Kunti e Dhritarastra estavam sentados entre amigos e familiares, Akrura começou a se dirigir a ele, e o chamou "Varchitravirya". Varchitravirya significa filho de Vichitravirya. Vichitravirya era o nome do pai de Dhritarastra. Porém Dhritarastra não era realmente filho gerado por Vichitravirya. Ele era filho gerado por Vyasadeva. Antigamente, o sistema era que se um homem fosse incapaz de gerar um filho, seu irmão podia gerar um filho no ventre da esposa dele. Esse sistema é proibido agora nesta era de Kali. Akrura chamou Dhritarastra de "Varchitravirya" sarcasticamente porque ele não foi gerado realmente por seu pai. Ele era filho de Vyasadeva. Quando uma criança era gerada na esposa pelo irmão do esposo, a criança era reivindicada pelo esposo, porém é óbvio que a criança não foi gerada pelo esposo. Essa observação sarcástica indicou que Dhritarastra reivindicava falsamente o trono em termos hereditários. Na realidade, o filho de Pandu era o rei legítimo, e na presença dos filhos de Pandu, os Pandavas, Dhritarastra não deveria ocupar o trono.

Akrura então disse: "Meu querido filho de Vichitravirya, você usurpou ilegalmente o trono dos Pandavas. De qualquer forma, de um jeito ou de outro agora você está no trono. Portanto, eu imploro em aconselhá-lo a fazer o favor de governar o reino com princípios de moral e ética. Se você fizer isso e tentar ensinar seus súditos dessa forma, então seu nome e fama serão perpétuos". Akrura insinuou que apesar de Dhritarastra maltratar seus sobrinhos, os Pandavas, eles também eram seus súditos. "Mesmo se você tratá-los como não donos do trono, e sim como seus súditos, você deve pensar imparcialmente no bem-estar deles como se fossem seus próprios filhos. Entretanto se você não seguir esse princípio e agir justamente de forma oposta, assim você será impopular entre seus súditos, e na sua próxima vida terá de viver numa condição infernal. Eu assim espero que você trate seus filhos e os filhos de Pandu igualmente". Akrura insinuou se Dhritarastra não tratar os Pandavas e seus filhos como iguais, assim com certeza haverá uma disputa entre os dois campos de primos. E porque a causa dos Pandavas era justa, eles sairiam vitoriosos, e os filhos de Dhritarastra seriam mortos. Essa foi uma profecia dita por Akrura para Dhritarastra.

Akrura aconselhou Dhritarastra mais ainda: "Neste mundo material, ninguém pode permanecer como um companheiro eterno de outro. Somente por acaso nos reunimos juntos na família, na sociedade, na comunidade ou na nação, porém no fim, porque cada um de nós tem que deixar o corpo, temos que nos separar. Portanto, ninguém deve ser afetuoso desnecessariamente com membros familiares". A afeição de Dhritarastra também era ilegal e não demonstrava muita inteligência. Em palavras simples, Akrura insinuou a Dhritarastra que sua firme afeição familiar era devido à sua ignorância grosseira do fato. Apesar de aparentar que nos combinamos juntos em família, sociedade ou nação, cada um de nós tem um destino individual. Cada um nasce de acordo com o passado individual; portanto cada um tem que desfrutar ou sofrer individualmente o resultado de seu próprio karma. Não há possibilidade de melhorar seu próprio destino por viver em cooperação. Às vezes acontece que o pai de alguém acumula riqueza por meios ilegais, e o filho pega o dinheiro, apesar de ganho arduamente pelo pai. É como um pequeno peixe no oceano que come o corpo material de um grande e velho peixe. Ninguém pode ultimamente acumular riqueza ilegalmente para a satisfação de sua família, sociedade, comunidade ou nação. Os muito grandes impérios que se desenvolveram no passado não existem mais porque sua riqueza foi esbanjada pelos descendentes posteriores como ilustração para esse princípio. Aquele que não conhece essa lei sutil de atividades lucrativas e por isso abandona os princípios de moral e ética somente carrega com ele as reações de suas atividades pecaminosas. Sua riqueza e propriedades adquiridas por desonestidade são levadas por alguém mais, e ele vai para a região mais escura de vida infernal. Ninguém deve, portanto, acumular mais riqueza do que foi designado a ele pelo destino; senão ele ficará realmente cego para seu próprio interesse. Em vez de satisfazer seu próprio interesse, ele agirá justamente em direção oposta para sua própria queda.

Akrura continuou: "Meu querido Dhritarastra, eu imploro em aconselhá-lo para não ser cego sobre o fato desta existência material. Vida condicionada material, tanto em sofrimento quanto em felicidade, deve ser aceita como um sonho. A pessoa deve tentar trazer sua mente e sentidos sob controle e viver pacificamente para o avanço espiritual em Consciência de Krishna". No Sri Chaitanya Charitamrita é dito que exceto para quem está em Consciência de Krishna, cada um está sempre numa condição perturbada de mente e está cheio de ansiedade. Mesmo aqueles que tentam a liberação, ou imergir na refulgência Brahman, ou os yogis que tentam a perfeição no poder místico, não podem ter paz da mente. Devotos puros de Krishna não têm demandas para fazer a Krishna. Eles estão simplesmente satisfeitos com o serviço a Ele. Verdadeira paz e tranqüilidade mental podem ser alcançadas somente em perfeita Consciência de Krishna.

Depois de ouvir instruções morais de Akrura, Dhritarastra respondeu: "Meu querido Akrura, você é muito caridoso em me dar boas instruções, porém infelizmente eu não posso aceitá-las. Uma pessoa que está destinada a morrer não utiliza o efeito do néctar, apesar de poder ser administrado a ela. Eu posso entender que suas instruções são muito valiosas. Infelizmente, elas não permanecem na minha mente vacilante, justamente igual ao relâmpago brilhante no céu que não fica fixo na nuvem. Eu posso entender somente que ninguém pode parar o progresso avante da vontade suprema. Eu posso entender que a Suprema Personalidade de Deus, Krishna, apareceu na família dos Yadus a fim de diminuir o peso sobrecarregado desta Terra".

Dhritarastra deu a entender para Akrura que tinha fé completa em Krishna, a Suprema Personalidade de Deus. Ao mesmo tempo, ele era muito parcial com seus membros familiares. Num futuro bem próximo, Krishna aniquilaria todos os membros de sua família, e numa condição desamparada, Dhritarastra tomaria abrigo nos pés de lótus de Krishna. Com o propósito de mostrar favor especial a um devoto, Krishna geralmente leva embora todos os objetos da afeição material dele. Assim Ele força o devoto a ficar materialmente desamparado, sem nenhuma alternativa além de aceitar os pés de lótus de Krishna. Isso realmente aconteceu com Dhritarastra depois do fim da batalha de Kurukshetra.

Dhritarastra pôde realizar dois fatores opostos que atuavam perante ele. Ele podia entender que Krishna estava lá para remover todas as cargas desnecessárias do mundo. Seus filhos eram uma carga desnecessária, e por isso ele esperava que eles fossem mortos. Ao mesmo tempo, ele não conseguia se livrar de sua afeição ilegal por seus filhos. Por entender esses dois fatores contraditórios, ele começou a oferecer suas respeitosas reverências à Suprema Personalidade de Deus: "Os caminhos contraditórios da existência material são muito difíceis de entender; eles só podem ser aceitos como a execução inconcebível do plano do Supremo, que por Sua energia inconcebível cria este mundo material e entra nele e põe em ação os três modos da natureza. Quando tudo é criado, Ele entra em cada e todo ser vivo e dentro do menor átomo. Ninguém pode entender os planos incalculáveis do Supremo Senhor".

Depois de ouvir essa afirmação, Akrura pôde entender claramente que Dhritarastra não mudaria sua política de discriminação contra os Pandavas em favor de seus filhos. Ele imediatamente despediu-se de seus amigos em Hastinapura e retornou a seu lar no reino dos Yadus. Ao voltar para casa, ele vividamente informou o Senhor Krishna e Balarama sobre a situação real em Hastinapura e as intenções de Dhritarastra. Akrura foi enviado a Hastinapura por Krishna para estudar. Pela graça do Senhor, ele foi bem sucedido e informou Krishna sobre a verdadeira situação.

  

  

Assim termina o significado Bhaktivedanta do Capítulo Quarenta e Oito de Krishna, "O Mal Motivado Dhritarastra".

   

   

Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga

Nitai Gaura Hari Bol

 

 

"KRISHNA - A Suprema Personalidade de Deus"

(Original Sem "Correções")

de

Sua Divina Graça
Sri Srimad Bhaktivedanta Swami Maharaj Prabhupada
Paramahamsa Thakura Mahashaya

   

Capítulo 49

Krishna Ergue o Forte de Dwaraka

   

Depois de sua morte, as duas esposas de Kamsa ficaram viúvas. De acordo com a civilização Védica, uma mulher nunca é independente. Ela tem três estágios de vida: Na infância, uma mulher deve viver sob a proteção de seu pai, uma mulher jovem deve viver sob a proteção de seu jovem marido, e no caso da morte de seu marido, ela deve viver sob a proteção de seus filhos crescidos, ou se não tiver filhos crescidos, ela deve voltar a seu pai e viver como uma viúva sob a proteção dele. Parece que Kamsa não tinha filhos crescidos. Depois que se tornaram viúvas, suas esposas retornaram ao abrigo do pai delas. Kamsa tinha duas rainhas. Uma era Asti, e a outra Prapti, e as duas eram filhas do rei Jarasandha, o soberano da província de Bihar (conhecida naqueles dias como Magadharaja). Depois de chegarem à casa, as duas rainhas explicaram sua posição desagradável depois da morte de Kamsa. O rei de Magadha, Jarasandha, ficou mortificado ao ouvir a condição lamentável delas por causa da morte. Quando informado da morte de Kamsa, Jarasandha decidiu no local que livraria o mundo de todos os membros da dinastia Yadu. Ele decidiu porque Krishna matou Kamsa, toda a dinastia dos Yadus deveria ser morta.

Ele começou a fazer arranjos extensos para atacar o reino de Mathura com suas inumeráveis falanges militares, que consistiam de muitos milhares de quadrigas, cavalos, elefantes e soldados de infantaria. Jarasandha preparou treze dessas falanges militares com o propósito de retaliar a morte de Kamsa. Ele levou consigo todo seu poderio militar e atacou a capital dos reis Yadu, Mathura, assim a cercou por todas as direções. Sri Krishna, que apareceu como um ser humano ordinário, viu o imenso poderio de Jarasandha, que parecia um oceano pronto para cobrir uma praia a qualquer momento. Ele também percebeu que os habitantes de Mathura estavam dominados pelo medo. Ele começou a pensar dentro de Si mesmo sobre a situação de Sua missão como uma encarnação e como confrontar a situação presente perante Ele. Sua missão era diminuir a população sobrecarregada do mundo inteiro; assim Ele aproveitou a oportunidade de encarar tantos homens, quadrigas, elefantes e cavalos. O poderio militar de Jarasandha apareceu perante Ele, e Ele decidiu matar toda a força de Jarasandha para que eles não pudessem retroceder e novamente reorganizar seu poderio militar.

Enquanto o Senhor Krishna pensava dessa forma, duas quadrigas militares, plenamente equipadas com cocheiros, armas, flâmulas e outros implementos, chegaram perante Ele do espaço exterior. Krishna viu os dois cocheiros presentes diante Dele, e Ele imediatamente Se dirigiu a Seu irmão companheiro, Balarama, que também é conhecido como Sankarshana: "Meu querido irmão mais velho, Você é o melhor entre os Arianos, Você é o Senhor do universo, e especificamente, Você é o protetor da dinastia Yadu. Os membros da dinastia Yadu sentem um grande perigo perante os soldados de Jarasandha, e estão muito aflitos. Justamente para dar proteção a eles, Sua quadriga também está aqui, cheia de armas militares. Eu peço que Você sente na Sua quadriga e mate todos esses soldados, toda a força militar do inimigo. Naturalmente, Nós dois descendemos a esta Terra justamente para aniquilar tais forças belicosas desnecessárias e para dar proteção aos devotos piedosos. Assim temos a oportunidade de cumprir Nossa missão. Por favor, que Nós a executemos". Assim Krishna e Balarama, os descendentes do rei Gadaha, Dasharha, decidiram aniquilar as treze companhias militares de Jarasandha.

Krishna subiu na quadriga a qual Daruka era o condutor e com um pequeno exército, e com o soar dos búzios, Ele saiu da cidade de Mathura. Curiosamente o bastante, apesar do partido oposto estar equipado com força militar maior, justamente depois de ouvir a vibração do búzio de Krishna, seus corações estremeceram. Quando Jarasandha viu os dois, Krishna e Balarama, ficou um pouco compassivo, porque ambos Krishna e Balarama tinham um parentesco com ele como netos. Ele especificamente chamou Krishna de Purushadhama, que quer dizer o mais baixo dos homens. Na realidade, Krishna é conhecido em todas literaturas Védicas como Purushottama, o mais elevado dos homens. Jarasandha não tinha intenção de se dirigir a Krishna como Purushottama, entretanto grandes eruditos determinaram o verdadeiro significado da palavra purushadhama como "aquele que faz todas as outras personalidades irem abaixo". Na realidade, ninguém pode ser igual ou maior do que a Suprema Personalidade de Deus.

Jarasandha disse: "Será uma grande desonra se eu lutar com meninos como Krishna e Balarama". Porque Krishna matou Kamsa, Jarasandha especificamente O chamou de matador de seus parentes pessoais. Kamsa matou tantos de seus próprios sobrinhos, mesmo assim Jarasandha não se importou com isso; porém porque Krishna matou Seu tio materno, Kamsa, Jarasandha tentou criticá-Lo. Assim é o caminho do tratamento demoníaco. Demônios não tentam encontrar suas próprias falhas mas tentam encontrar as faltas de seus amigos. Jarasandha também criticou Krishna por nem mesmo ser um kshatriya. Porque foi criado por Maharaja Nanda, Krishna não era um kshatriya, e sim um vaishya. Vaishyas geralmente são chamados de guptas, e a palavra gupta também pode ser usada para significar "oculto". Assim Krishna foi tanto escondido quanto criado por Nanda Maharaja. Jarasandha acusou Krishna de três falhas: que Ele matou seu próprio tio materno, que Ele foi escondido em Sua infância, e que Ele nem era um kshatriya. E por isso que Jarasandha sentia vergonha de lutar com Ele.

Em seguida, ele se voltou a Balarama e disse a Ele: "Você, Balarama! Se Você quiser, pode lutar junto com Ele, e se Você tiver paciência, então pode esperar para ser morto por minhas flechas. Assim poderá ser promovido ao céu". Está afirmado no Bhagavad-gita que um kshatriya pode ser favorecido de duas formas enquanto luta. Se um kshatriya obtiver a vitória na luta, ele desfruta o resultado da vitória, mesmo se ele for morto no combate, é promovido ao reino celestial.

Depois de ouvir Jarasandha falar dessa forma, Krishna respondeu: "Meu querido rei Jarasandha, aqueles que são heróis não falam demais. Em vez disso, eles mostram sua destreza. Porque você fala muito, parece que tem certeza de sua morte nesta batalha. Nós não Nos importamos em ouvir você mais, porque é inútil ouvir as palavras de uma pessoa que vai morrer ou aquela que está muito aflita". A fim de lutar com Krishna, Jarasandha O rodeou por todos os lados com grande força militar, e o Sol parecia estar coberto pelo ar nublado e com poeira. Similarmente, Krishna, o Sol supremo, estava coberto pela força militar de Jarasandha. As quadrigas de Krishna e Balarama eram marcadas com imagens de Garuda e palmeiras. As mulheres de Mathura estavam todas em pé nos topos das casas e palácios e portais para ver a maravilhosa luta, entretanto quando a quadriga de Krishna ficou cercada pela força militar de Jarasandha, elas ficaram tão aterrorizadas que algumas desmaiaram. Krishna viu Ele mesmo oprimido pela força militar de Jarasandha. Seu pequeno número de soldados estava sendo exaurido por eles, assim imediatamente pegou Seu arco, chamado Sharnga.

Ele começou a pegar Suas flechas da aljava, e uma depois da outra Ele pôs na corda do arco e atirou em direção ao inimigo. Elas eram tão precisas que os elefantes, cavalos e soldados de infantaria de Jarasandha foram mortos rapidamente. As flechas incessantes atiradas por Krishna pareciam como um redemoinho de fogo ardente que matava toda a força militar de Jarasandha. À medida que Krishna atirava Suas flechas, gradualmente todos os elefantes começavam a cair, suas cabeças cortadas pelas flechas. Similarmente, todos os cavalos caíram, e as quadrigas também, junto com suas flâmulas. Os guerreiros de quadriga e os condutores de quadriga também caíram. Quase todos os soldados de infantaria caíram no campo de batalha, suas cabeças, mãos e pernas cortadas. Dessa forma, muitos milhares de elefantes e cavalos foram mortos, e o sangue deles começou a fluir igual às ondas de um rio. Nesse rio, os braços cortados dos homens pareciam serpentes, suas cabeças pareciam tartarugas, e os corpos mortos dos elefantes pareciam pequenas ilhas. Os cavalos mortos pareciam tubarões. Por arranjo da vontade suprema, havia um grande rio de sangue cheio de parafernália. As mãos e pernas dos soldados de infantaria flutuavam como algas marinhas, e os arcos dos soldados que flutuavam pareciam como ondas do rio. E todas as jóias dos corpos dos soldados e comandantes pareciam muitos seixos de cristal que fluíam abaixo pelo rio de sangue.

O Senhor Balarama, que também é conhecido como Sankarshana, começou a lutar com Sua maça de forma tão heróica que o rio de sangue criado por Krishna transbordou. Aqueles que eram covardes ficaram com muito medo depois de ver a cena medonha e horrível, e aqueles que eram heróis começaram a falar com júbilo entre si mesmos sobre o heroísmo dos dois irmãos. Apesar de Jarasandha estar equipado com um vasto oceano de poder militar, o combate do Senhor Krishna e Balarama converteu toda a situação numa cena horrível que estava muito além de combate ordinário. Pessoas de mente ordinária não podem estimar como isso foi possível, entretanto quando essas atividades são aceitas como passatempos da Suprema Personalidade de Deus, por cujo desejo tudo é possível, então isso pode ser entendido. A Suprema Personalidade de Deus cria, mantém e dissolve a manifestação cósmica somente por Sua vontade. Para Ele criar uma vasta cena dessa de devastação enquanto lutava com um inimigo não é tão espantoso assim. Ainda assim, porque Krishna e Balarama lutavam com Jarasandha justamente iguais a seres humanos ordinários, o acontecimento parecia tão fabuloso.

Todos os soldados de Jarasandha foram mortos, e ele foi o único deixado vivo. Certamente, ele ficou muito deprimido nesse ponto. O Senhor Balarama o prendeu imediatamente, do mesmo jeito que com grande força, um leão captura outro leão. Porém quando o Senhor Balarama amarrava Jarasandha com a corda de Varuna e cordas comuns também, o Senhor Krishna, com um plano maior em mente para o futuro, pediu a Ele para não prendê-lo. Jarasandha foi assim libertado por Krishna. Como um grande herói de lutas, Jarasandha ficou muito envergonhado, e decidiu que não viveria mais como um rei, assim renunciaria à sua posição na ordem real e ia para a floresta praticar meditação sob severas austeridades e penitências.

Quando voltava para casa com outros amigos reais, entretanto, eles o aconselharam a não renunciar, e sim reobter força para lutar contra Krishna no futuro próximo. Os amigos principescos de Jarasandha começaram a instruí-lo que ordinariamente não teria sido possível ele ser derrotado pela força dos reis Yadu, contudo a derrota que experimentou foi simplesmente por causa de sua má sorte. A ordem principesca encorajou o rei Jarasandha. Seu combate, eles disseram, foi certamente heróico; por isso ele não devia levar sua derrota tão a sério, isso aconteceu apenas por seus erros passados. Depois de tudo, não havia falta nenhuma em seu combate.

Dessa forma, Jarasandha, o rei da província de Magadha, depois de perder todo seu poder e ser insultado com sua prisão e liberdade subseqüente, não pôde fazer nada além de voltar a seu reino. Assim, o Senhor Krishna conquistou os soldados de Jarasandha. Apesar do exército de Krishna ser minúsculo em comparação ao de Jarasandha, nem uma pitada de Seu poder foi perdido, enquanto todos os homens de Jarasandha foram mortos.

Nesse momento os habitantes do céu ficaram muito felizes e começaram a oferecer seus respeitos e cantaram em glorificação ao Senhor e choveram flores sobre Ele. Eles aceitaram a vitória com muita apreciação. Jarasandha retornou a seu reino, e a cidade de Mathura foi feita segura do perigo dum ataque iminente. Os cidadãos de Mathura organizaram os serviços combinados de um circo de cantores profissionais, como sutas, magadhas, e poetas que compõem belas canções, e eles começaram a cantar a glorificação da vitória do Senhor Krishna. Quando o Senhor Krishna entrou na cidade depois da vitória, muitas cornetas, búzios e pratos soaram, e as vibrações de vários instrumentos, como bherya, turya, vina, flauta e mridanga - todos combinados juntos para fazer uma bela recepção. Quando Krishna entrou, a cidade inteira estava muito limpa, e todas as diferentes ruas e avenidas foram borrifadas com água, e os habitantes, em júbilo, decoraram suas respectivas casas, ruas e mercados com bandeiras e grinaldas. Os brahmanas cantavam mantras Védicos em vários lugares. As pessoas construíram cruzamentos, entradas, alamedas e ruas. Quando o Senhor Krishna entrava na bem decorada cidade de Mathura numa atitude festiva, as damas e meninas de Mathura prepararam diferentes tipos de colares de flores para tornar a cerimônia mais auspiciosa. De acordo com o costume Védico, elas pegaram iogurte mexido com capim verde fresco recém-crescido e começaram a espalhá-lo aqui e ali para tornar o júbilo da vitória ainda mais auspicioso. A medida que Krishna passava através da rua, todas as damas e mulheres começavam a tratá-Lo com muita afeição. Krishna e Balarama carregavam vários tipos de prêmios, ornamentos e jóias cuidadosamente coletados do campo de batalha e os presentearam ao rei Ugrasena. Assim Krishna ofereceu Seu respeito a Seu avô porque ele era naquele tempo o rei coroado da dinastia Yadu.

Jarasandha, o rei de Magadha, não somente sitiou a cidade de Mathura uma vez, ele a atacou dezessete vezes da mesma forma, equipado com o mesmo número de falanges militares. Cada e toda vez, ele foi derrotado, e todos os seus soldados foram mortos por Krishna, e toda vez ele teve que retornar desapontado da mesma forma. Toda vez, a ordem principesca da dinastia Yadu prendia Jarasandha da mesma forma e novamente o soltava de forma insultante, e toda vez Jarasandha sem-vergonha voltava para casa.

Enquanto Jarasandha tentava um desses ataques, um rei Yavana em algum lugar ao sul de Mathura ficou atraído pela opulência da dinastia Yadu e também atacou a cidade. É dito que o rei dos Yavanas, conhecido como Kalayavana, foi induzido a atacar por Narada. Essa história é narrada no Vishnu Purana. Uma vez, Gargamuni, o sacerdote da dinastia Yadu, foi insultado por seu cunhado. Quando os reis da dinastia Yadu ouviram o insulto, riram dele, e Gargamuni ficou irritado com os reis Yadus. Ele decidiu que produziria alguém que fosse muito aterrorizante para a dinastia Yadu, assim ele satisfez o Senhor Shiva e recebeu Dele a bênção de um filho. Ele gerou seu filho, Kalayavana, na esposa dum rei Yavana. Esse Kalayavana inquiriu Narada: "Quem são os reis mais poderosos do mundo"? Narada o informou que os Yadus eram os mais poderosos. Assim informado por Narada, Kalayavana atacou a cidade de Mathura no mesmo tempo que Jarasandha tentou atacar pela décima oitava vez. Kalayavana estava muito ansioso para declarar guerra a um rei do mundo que fosse um combatente adequado a ele, porém não encontrou nenhum. Entretanto, depois de informado sobre Mathura por Narada. Ele achou sensato atacar a cidade. Quando atacou a cidade, ele trouxe consigo trinta milhões de soldados Yavanas. Quando Mathura foi sitiada dessa forma, o Senhor Sri Krishna começou a considerar como a dinastia Yadu estava em aflição, com a ameaça dos ataques de dois inimigos formidáveis, Jarasandha e Kalayavana. O tempo ficava muito curto. Kalayavana já sitiava Mathura por todos os lados, e esperava-se que Jarasandha também viesse no dia seguinte, equipado com o mesmo número de divisões de soldados como nas dezessete tentativas prévias. Krishna tinha certeza que Jarasandha aproveitaria a vantagem da oportunidade de capturar Mathura quando também estava sitiada por Kalayavana. Assim Ele achou sensato tomar medidas preventivas para defender os pontos estratégicos de Mathura. Se ambos Krishna e Balarama ficassem engajados no combate com Kalayavana em um lugar, Jarasandha poderia ir por outro lugar para atacar toda a família Yadu e obter sua vingança. Jarasandha era muito poderoso, e por ter sido derrotado dezessete vezes, poderia matar por vingança todos os membros da família Yadu ou prendê-los e levá-los para seu reino. Krishna portanto decidiu construir um forte formidável num lugar onde nenhum animal de duas patas, tanto homem quanto demônio, pudesse entrar. Ele decidiu manter seus familiares ali para que Ele ficasse livre para combater o inimigo. Parece que antigamente Dwaraka também fazia parte do reino de Mathura, porque no Srimad Bhagavatam está afirmado que Krishna construiu um forte no meio do oceano. Remanescentes do forte que Krishna construiu ainda existem na Baía de Dwaraka.

Ele antes de tudo construiu primeiro um muro muito forte que cobria noventa e seis milhas quadradas (23.869 km²), e o muro mesmo estava dentro do mar. Era certamente maravilhoso e foi planejado e construído por Visvakarma. Nenhum arquiteto ordinário poderia construir um forte assim dentro do mar, somente um arquiteto do nível de Visvakarma, que é considerado o engenheiro entre os semideuses, pode executar obra tão maravilhosa em qualquer lugar em qualquer parte do universo. Se planetas enormes podem flutuar com leveza na antigravidade do espaço exterior pelo arranjo da Suprema Personalidade de Deus, certamente a construção arquitetônica de um forte dentro do mar que cobre um espaço de noventa e seis milhas quadradas não era um ato tão espantoso.

Está afirmado no Srimad Bhagavatam que essa nova, bem construída cidade, desenvolvida dentro do mar, tinha avenidas, ruas e alamedas comuns planejadas, e havia bem planejados passeios e jardins cheios de plantas conhecidas como kalpavrikshas, ou árvores dos desejos. Essas árvores dos desejos não são como as árvores ordinárias do mundo material. As árvores dos desejos se encontram no mundo espiritual. Pelo desejo supremo de Krishna, tudo é possível, assim essas árvores dos desejos foram plantadas na cidade de Dwaraka construída por Krishna. A cidade também era cheia de muitos palácios e gopuras, ou grandes portais. Esses gopuras ainda se encontram em alguns dos maiores templos. Eles são muito altos e construídos com extrema habilidade artística. Esses palácios e portais portavam grandes potes de água de ouro (kalasha). Esses potes de água nos portais ou dentro dos palácios eram considerados sinais auspiciosos.

Quase todos os palácios eram arranha-céus. Em cada e toda casa havia grandes potes de ouro e prata e cereais armazenados em salões subterrâneos. E havia muitos potes de ouro com água dentro dos aposentos. Os quartos de dormir eram todos incrustrados com jóias, e os pisos eram pavimentos de mosaico feitos com jóias marakata. A Deidade de Vishnu, adorada pelos descendentes da dinastia Yadu, estava instalada em cada casa da cidade. Os quarteirões residenciais eram organizados para que as diferentes castas, brahmanas, kshatriyas, vaishyas e shudras, tivessem seus quarteirões respectivos. Assim parece que o sistema de casta existia já naquele tempo. No centro da cidade, havia outro quarteirão residencial feito especialmente para o rei Ugrasena. Esse lugar era a casa mais brilhante de todas as casas.

Quando os semideuses viram que Krishna construía uma cidade particular da Sua própria escolha, enviaram a célebre flor parijata do planeta celestial para ser plantada na nova cidade, e também enviaram uma casa de parlamento, Sudharma. A qualidade específica dessa casa de assembléia era que qualquer pessoa que participasse de uma reunião dentro dela superava a influência da invalidez devido à velhice. O semideus Varuna também presenteou um cavalo, que era todo branco com exceção das orelhas pretas e que podia correr à velocidade da mente. Kuvera, o tesoureiro dos semideuses, presenteou a arte de obter os oito estágios de opulências materiais. Dessa forma, todos os semideuses começaram a presentear seus presentes respectivos de acordo com suas respectivas capacidades. Existem trinta e três milhões de semideuses, e a cada um deles é confiado um departamento da administração universal. Todos os semideuses aproveitaram a oportunidade da Suprema Personalidade de Deus construir a cidade de Sua própria escolha para presentear seus presentes respectivos, o que tornou a cidade de Mathura única no universo. Isso prova que há inumeráveis semideuses, porém nenhum deles é independente de Krishna. Como está afirmado no Sri Chaitanya Charitamrita, Krishna é o mestre supremo, e todos os outros são Seus servos. Assim todos os servos aproveitaram a oportunidade de render serviço a Krishna quando Ele estava presente pessoalmente neste universo. Esse exemplo deve ser seguido por todos, especialmente aqueles que são conscientes de Krishna, porque devem servir Krishna com suas habilidades respectivas.

Quando a cidade foi inteiramente construída de acordo com o plano, Krishna transferiu todos habitantes de Mathura e encarregou Sri Balarama de ser o pai da cidade. Depois disso Ele consultou Balarama, e com um colar de flores de lótus, Ele saiu da cidade para encontrar Kalayavana, que já tinha sitiado Mathura sem empunhar nenhuma arma.

Quando Krishna saiu da cidade, Kalayavana, que nunca viu Krishna antes, pôde ver que Ele era extraordinariamente belo, vestido com roupas amarelas. Ao passar por Sua assembléia de soldados, Krishna parecia a Lua no céu que passa através da assembléia de nuvens. Kalayavana foi afortunado bastante para ver as linhas de Shrivatsa, uma impressão particular no peito de Sri Krishna, e a jóia Kaustubha que Ele usava. Kalayavana O viu, entretanto, em Sua forma de Vishnu, com um corpo bem construído, com quatro mãos, e olhos iguais a pétalas de lótus recém-desabrochadas. Krishna parecia bem-aventurado, com uma linda fronte e bela face, com olhos sorridentes inquietos e brincos em movimento. Antes de ver Krishna, Kalayavana ouviu sobre Ele de Narada, e agora as descrições de Narada foram confirmadas. Ele observou as marcas específicas de Krishna e as jóias em Seu peito, Seu belo colar de flores de lótus, Seus olhos iguais ao lótus e belas características corpóreas similares. Ele concluiu que essa bela personalidade devia ser Vasudeva, porque cada descrição de Narada que ele ouviu previamente foi substanciada pela presença de Krishna. Kalayavana ficou muito espantado de ver que Ele passava sem nenhuma arma em Suas mãos e sem nenhuma quadriga. Ele simplesmente andava a pé. Kalayavana veio lutar com Krishna, mesmo assim tinha princípios suficientes para não pegar nenhum tipo de arma. Ele decidiu lutar com Ele de mão a mão. Assim ele se preparou para capturar Krishna e lutar.

Krishna, entretanto, foi em frente sem olhar para Kalayavana, e Kalayavana começou a segui-Lo com o desejo de capturá-Lo. Porém apesar de toda sua corrida rápida, ele não pôde capturar Krishna. Krishna não pode ser capturado mesmo pela velocidade mental atingida pelos grandes yogis. Ele só pode ser capturado por serviço devocional, e Kalayavana não tinha prática com serviço devocional. Ele queria capturar Krishna, e como não conseguia fazer isso, ele O seguia por trás.

Kalayavana começou a correr muito rápido, e ele pensava, "agora estou mais perto; vou capturá-Lo", mas ele não conseguia. Krishna o deixou bem longe, e entrou numa caverna dentro de uma montanha. Kalayavana pensou que Krishna tentava evitar a luta com ele por isso tinha Se abrigado numa caverna. Ele começou a repreendê-Lo com as seguintes palavras: "Ó Você, Krishna! Eu ouvi que Você é um grande herói nascido na dinastia Yadu, porém eu vejo que Você está correndo mesmo da luta, como um covarde. Isso não é digno de Seu bom nome e tradição familiar". Kalayavana O seguia, corria muito rápido, ainda assim não conseguia capturar Krishna porque não estava livre de todas as contaminações da vida pecaminosa.

De acordo com a cultura Védica, qualquer pessoa que viva sem seguir os princípios reguladores da vida observados pelas castas superiores como os brahmanas, kshatriyas, vaishyas e mesmo a classe trabalhadeira é chamada mleccha. A situação social Védica é planejada de tal forma que pessoas que são aceitas como shudras podem gradualmente se elevar à posição de brahmanas pelo avanço cultural conhecido como samskara, ou processo purificatório. A versão das escrituras Védicas é que ninguém se torna um brahmana ou um mleccha simplesmente por nascimento; por nascimento todos são aceitos como um shudra. A pessoa tem que se elevar pelo processo purificatório ao estágio de vida brahmana. Se não fizer isso, caso se degrade mais ainda, então é chamada mleccha. Kalayavana pertencia à classe dos mlecchas e yavanas. Ele era contaminado por atividades pecaminosas e não podia se aproximar de Krishna. Os princípios dos quais homens de alta classe se abstêm, a saber, indulgência em sexo ilícito, comer carne, jogos de azar e intoxicação, são partes e parcelas das vidas dos mlecchas e yavanas. Presos por tais atividades pecaminosas, a pessoa não pode fazer nenhum avanço na realização de Deus. O Bhagavad-gita confirma que a pessoa completamente livre de todas as reações pecaminosas pode se dedicar ao serviço devocional ou Consciência de Krishna.

Quando Krishna entrou na caverna da colina, Kalayavana seguiu, e O repreendeu com palavras duras. Krishna subitamente desapareceu da visão do demônio, entretanto Kalayavana seguiu e também entrou na caverna. A primeira coisa que viu foi um homem deitado dormindo dentro da caverna. Kalayavana estava muito ansioso para lutar com Krishna, e quando não pôde ver Krishna, e em vez somente um homem deitado, ele pensou que Krishna estava dormindo dentro dessa caverna. Kalayavana era muito arrogante e orgulhoso de sua força, e pensou que Krishna evitava a luta. Assim, ele com muita força chutou o homem que dormia, ao pensar que ele era Krishna. O homem que dormia estava deitado por um tempo muito longo. Quando foi acordado pelo chute de Kalayavana, ele abriu seus olhos imediatamente e começou a olhar em todas as direções. No fim, ele começou a ver Kalayavana, que estava de pé próximo. Esse homem foi acordado fora de hora e por isso estava muito irritado, e quando ele olhou para Kalayavana nesse humor furioso, raios emanaram de seus olhos, e Kalayavana foi queimado até as cinzas em um momento.

 

 

Assim termina o significado Bhaktivedanta do Capítulo Quarenta e Nove de Krishna, "Krishna Ergue o Forte de Dwaraka".

   

   

Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga

Nitai Gaura Hari Bol

 

 

"KRISHNA - A Suprema Personalidade de Deus"

(Original Sem "Correções")

de

Sua Divina Graça
Sri Srimad Bhaktivedanta Swami Maharaj Prabhupada
Paramahamsa Thakura Mahashaya

   

Capítulo 50

Liberação de Muchukunda

   

Quando Maharaja Parikshit ouviu esse incidente de Kalayavana queimar até as cinzas, inquiriu sobre o homem que dormia a Shukadeva Goswami: "Quem era ele? Por que ele dormia ali? Como ele adquiriu tanto poder que instantaneamente, com seu olhar, Kalayavana foi queimado até as cinzas? Como aconteceu dele estar deitado na caverna da montanha"? Muitas perguntas foram colocadas perante Shukadeva Goswami, e Shukadeva também respondeu, como se segue.

"Meu querido rei, essa pessoa nasceu numa família muito grandiosa do rei Iksvaku, na qual o Senhor Ramachandra também nasceu, e acontece que ele é o filho de um grande rei conhecido como Mandhata. Ele próprio também era uma grande alma e era conhecido popularmente como Muchukunda. O rei Muchukunda era um seguidor muito estrito dos princípios Védicos da cultura brahmana, e era veraz com sua promessa. Ele era tão poderoso que até mesmo os semideuses como Indra e outros costumavam pedir a ele que fizesse o favor de ajudar na luta contra os demônios, e por isso, ele freqüentemente lutava contra os demônios para proteger os semideuses".

O comandante supremo dos semideuses, conhecido como Karttikeya, estava satisfeito com a luta do rei Muchukunda, entretanto certa vez ele pediu ao rei, que havia passado por grande dificuldade na luta contra os demônios, que se aposentasse do combate e descansasse. O comandante supremo, Karttikeya, disse ao rei Muchukunda: "Meu querido rei, você sacrificou tudo pela causa dos semideuses. Você tinha um reino muito bom não perturbado por qualquer tipo de inimigo. Você deixou esse reino, você negligenciou sua opulência e propriedades, e você nunca se importou com a satisfação de sua ambição pessoal. Devido à sua longa ausência do seu reino enquanto lutava contra os demônios pela causa dos semideuses, sua família, seus filhos, seus parentes e seus ministros todos desapareceram no devido curso do tempo. Tempo e maré não esperam por nenhum ser humano vivo. Mesmo agora, se você se retirar no seu lar, verá que ninguém mais vive lá. A influência do tempo é muito forte; todos os seus familiares desapareceram no devido curso do tempo. Tempo é tão forte e poderoso porque é uma representação da Suprema Personalidade de Deus; o tempo é portanto mais forte do que o mais poderoso. Pela influência do tempo, mudanças em coisas sutis podem ter efeito sem nenhuma dificuldade. Ninguém pode impedir o processo do tempo. Do mesmo modo que um domador de animais doma animais de acordo com sua vontade, o tempo também entra nas coisas de acordo com seu próprio desejo. Ninguém pode substituir o arranjo feito pelo tempo supremo".

Depois de falar com Muchukunda dessa forma, os semideuses rogaram a ele que pedisse qualquer tipo de bênção que ele ficasse satisfeito em recebê-la, com exceção da bênção de liberação. Liberação não pode ser concedida por nenhum ser vivo exceto a Suprema Personalidade de Deus, Vishnu. Portanto outro nome do Senhor Vishnu ou Krishna é Mukunda, Aquele que pode conceder liberação.

O rei Muchukunda não dormia por muitos e muitos anos. Ele estava dedicado ao dever de lutar, e por isso estava muito cansado. Assim quando o semideus ofereceu bênção, Muchukunda simplesmente pensou em dormir. Ele respondeu como se segue: "Meu querido Karttikeya, o melhor dos semideuses, eu quero dormir agora, e quero de você a seguinte bênção. Conceda-me o poder de queimar, por meu mero olhar, até as cinzas qualquer um que tentar perturbar meu sono e me acordar prematuramente. Peço o favor que me conceda essa bênção". O semideus concordou e também deu a ele a bênção que ele conseguiria ter repouso completo. Então o rei Muchukunda entrou na caverna da montanha.

Com o poder da bênção de Karttikeya, Kalayavana queimou até as cinzas simplesmente por Muchukunda olhar para ele. Quando o incidente terminou, Krishna apareceu perante o rei Muchukunda. Krishna entrou na caverna realmente para liberar o rei Muchukunda de sua austeridade, entretanto Ele não apareceu primeiro perante ele. Fez o arranjo para que primeiro Kalayavana viesse perante ele. Assim é o caminho das atividades da Suprema Personalidade de Deus; Ele faz uma coisa de tal forma que muitos outros propósitos são servidos. Ele queria liberar o rei Muchukunda, que dormia dentro da caverna, e ao mesmo tempo, Ele queria matar Kalayavana, que atacou a Cidade de Mathura. Com essa ação, Ele serviu a todos os propósitos.

Quando o Senhor Krishna apareceu perante Muchukunda, o rei O viu vestido com roupa amarela, Seu peito marcado com o símbolo de Srivatsa, e o Kaustubha-mani pendurado em volta de Seu pescoço. Krishna apareceu perante ele com quatro mãos, na Vishnu-murti, com um colar de flores chamado vaijayanti pendurado do Seu pescoço até Seus joelhos. Ele parecia muito lustroso, Sua face sorria muito belamente, e Ele tinha lindos brincos de jóias em Suas duas orelhas. Krishna apareceu mais belo que um humano pode conceber. Não só Ele apareceu nessa característica, também Ele olhou para Muchukunda com grande esplendor, o que atraiu a mente do rei. Apesar de Ele ser a Suprema Personalidade de Deus, o mais velho de todos, Ele parecia um jovem rapaz novo, e Seus movimentos eram justamente iguais ao cervo livre. Ele parecia extremamente poderoso; Sua excelência em poder é tão grande que cada ser humano deve ter medo Dele.

Quando o rei Muchukunda viu as características magníficas de Krishna, ele imaginou sobre Sua identidade, e com grande humildade começou a inquirir o Senhor: "Meu querido Senhor, posso inquirir como aconteceu de Você estar dentro da caverna desta montanha? Quem é Você? Eu posso ver que Seus pés são justamente iguais a flores de lótus macias. Como Você pôde andar nessa floresta cheia de espinhos e arbustos? Eu estou simplesmente surpreso de ver isso! Você não é, por acaso, a Suprema Personalidade de Deus, que é o mais poderoso entre todos os poderosos? Você não é a origem de toda a iluminação e fogo? Posso considerá-Lo um dos grandes semideuses, como o Sol, a Lua, ou Indra, o rei do céu? Ou Você é a deidade predominante de algum outro planeta"?

Muchukunda sabia muito bem que cada sistema planetário superior tem uma deidade predominante. Ele não era ignorante igual aos homens modernos que consideram que este planeta terrestre é cheio de seres vivos e todos os outros são vagos. A inquirição de Muchukunda sobre Krishna ser a deidade predominante de um planeta desconhecido para ele é bem apropriada. Porque ele era um devoto puro do Senhor, o rei Muchukunda pôde entender imediatamente que o Senhor Krishna, que apareceu perante ele de aspecto tão opulento, não poderia ser uma das deidades predominantes nos planetas materiais. Ele tinha que ser a Suprema Personalidade de Deus, Krishna, que tem Suas muitas formas Vishnu. Ele portanto O considerou como Purushottama, Senhor Vishnu. Ele também pôde ver que a densa escuridão dentro da caverna na montanha já tinha sido dissipada devido à presença do Senhor; por isso Ele não podia ser outro além da Suprema Personalidade de Deus. Ele sabia muito bem que onde quer que o Senhor esteja presente pessoalmente por meio de Seu nome, qualidade, forma, etc. transcendentais não pode haver nenhuma escuridão da ignorância. Ele é uma lâmpada colocada na escuridão; Ele imediatamente ilumina um lugar escuro.

O rei Muchukunda ficou muito ansioso para saber sobre a identidade do Senhor Krishna, e por isso ele disse: "Ó melhor dos seres humanos, se Você acha que sou digno de saber sobre Sua identidade, então bondosamente me diga quem Você é. Qual é a Sua ascendência? Qual é o Seu dever ocupacional, e qual é a Sua tradição familiar"? O rei Muchukunda, achou sensato, entretanto, identificar-se ao Senhor; de outra forma ele não teria direito de perguntar a identidade do Senhor. Etiqueta é tal que uma pessoa de menos importância não pode perguntar a identidade de uma pessoa de importância superior sem antes revelar sua própria identidade. O rei Muchukunda portanto informou o Senhor Krishna: "Meu querido Senhor, devo informá-Lo a minha identificação. Pertenço à dinastia mais celebrada do rei Iksvaku, porém pessoalmente não sou tão grandioso quanto meu antepassado. Meu nome é Muchukunda, o nome do meu pai era Mandhata, e o nome do meu avô era Yuvanasva, o grande rei. Eu estava muito fatigado por não descansar durante muitos milhares de anos, e por causa disso todos membros do meu corpo estavam enfraquecidos e quase incapazes de agir. A fim de reviver minha energia, eu descansava nesta caverna solitária, porém fui acordado por algum homem desconhecido que me forçou a acordar apesar de eu não desejar fazer isso. Por causa desse ato ofensivo, essa pessoa foi queimada até as cinzas simplesmente pelo meu olhar sobre ela. Felizmente, agora eu posso ver Você com Suas grandiosas e belas características. Eu acho, por isso, que Você é a causa da matança do meu inimigo. Meu querido Senhor, devo admitir que devido à fulgência do Seu corpo, insuportável para meus olhos, não posso ver Você propriamente. Posso realizar plenamente que pela influência do Seu esplendor, minha poderosa potência diminuiu. Posso entender que Você é bem digno de ser adorado por todos os seres vivos".

Ao ver o rei Muchukunda tão ansioso para saber Sua identidade, o Senhor Krishna começou a responder com um sorriso, como se segue: "Meu querido rei, é praticamente impossível dizer sobre Meu nascimento, aparecimento, desaparecimento e atividades. Talvez você saiba que Minha encarnação Anantadeva tem bocas ilimitadas, e por um tempo ilimitado Ele tenta narrar plenamente sobre Meu nome, fama, qualidades, atividades, aparecimento, desaparecimento e encarnação, porém Ele ainda não foi capaz de finalizar. Portanto, não é possível saber exatamente quantos nomes e quantas formas Eu possuo. Talvez seja possível um cientista material estimar o número de partículas atômicas que fazem este planeta terrestre, contudo os cientistas não podem enumerar Meus ilimitados nomes, formas e atividades. Existem muitos grandes sábios e pessoas santificadas que tentam fazer uma lista de Minhas diferentes formas e atividades, até então eles falharam em fazer uma lista completa. Porém como você está tão ansioso para saber sobre Mim, posso informá-lo que presentemente Eu apareci neste planeta justamente para aniquilar os princípios demoníacos das pessoas em geral e restabelecer os princípios religiosos ordenados nos Vedas. Fui convidado para esse propósito por Brahma, a deidade superintendente deste universo, e assim apareci na dinastia dos Yadus como um de seus membros familiares. Eu especificamente tomei Meu nascimento como filho de Vasudeva na dinastia Yadu, e as pessoas por isso Me conhecem como Vasudeva, o filho de Vasudeva. Você também deve ter ouvido que Eu matei Kamsa, que era em sua vida prévia conhecido como Kalanemi, e também Pralambasura e muitos outros demônios. Eles agiram como Meus inimigos e foram mortos por Mim. O demônio que estava presente perante você também agiu como Meu inimigo, e você muito gentilmente o queimou até as cinzas por olhar para ele. Meu querido rei Muchukunda, você é Meu grande devoto, e justamente para mostrar-lhe Minha misericórdia sem causa, Eu apareci nesta forma. Eu sou muito afetuosamente inclinado em direção a Meus devotos, e na sua vida prévia, antes da sua presente condição, você agiu como Meu grande devoto e rogou por Minha misericórdia sem causa. Eu vim, portanto, para satisfazer o seu desejo. Agora você pode Me ver até a essência do seu coração. Meu querido rei, agora você pode Me pedir qualquer bênção que desejar, e Eu estou preparado para satisfazer o seu desejo. É Meu princípio eterno que qualquer um que vem sob Meu abrigo deve ter todos os seus desejos realizados pela Minha graça".

Quando o Senhor Krishna ordenou o rei Muchukunda a pedir uma bênção Dele, o rei ficou muito contente, e ele imediatamente lembrou a previsão de Gargamuni, que predisse muito tempo atrás que no vigésimo oitavo milênio de Vaivasvata Manu, o Senhor Krishna apareceria neste planeta. Tão logo lembrou essa previsão, ele começou a entender que a Pessoa Suprema, Narayana, estava presente perante ele como o Senhor Krishna. Ele imediatamente caiu a Seus pés de lótus e começou a orar como se segue.

"Meu querido Senhor, ó Suprema Personalidade de Deus, eu posso entender que todos os seres vivos neste planeta estão iludidos por Sua energia externa e estão enamorados pela satisfação ilusória do prazer sensual. Por estarem plenamente dedicados a atividades ilusórias, eles são relutantes em adorar Seus pés de lótus, e porque eles não são cientes dos benefícios de se render a Seus pés de lótus, eles são sujeitos às várias condições miseráveis da existência material. Eles são tolamente atraídos aos assim chamados sociedade, amizade e amor, que simplesmente produzem diferentes tipos de condições miseráveis. Iludidos por Sua energia externa, todos, tanto homem quanto mulher, estão apegados a esta existência material, e todos estão ocupados em enganar um o outro numa grande sociedade de enganadores e enganados. Essas pessoas tolas não sabem o quanto são afortunadas por obterem esta forma humana de vida, e são relutantes em adorar Seus pés de lótus. Pela influência de Sua energia externa, elas estão simplesmente atraídas pelo clarão das atividades materiais. Elas são atraídas à assim chamada sociedade, amizade e amor como animais mudos que caíram num poço escuro". O exemplo do poço escuro é dado porque existem muitos poços nos campos, sem uso por anos e cobertos por capim, e os pobres animais sem saber sobre eles, caem dentro deles, e a menos que sejam resgatados, morrem. Cativados por algumas folhas de capim, os animais caem dentro dum poço escuro e encontram a morte. Similarmente, pessoas tolas, sem conhecer a importância da forma humana de vida, desperdiçam-na simplesmente pelo prazer sensual e morrem desnecessariamente, sem nenhum propósito útil.

"Meu querido Senhor, eu não sou uma exceção a essa lei universal da natureza material. Eu também sou uma dessas pessoas tolas que desperdiçou seu tempo por nada. E minha posição é especialmente difícil. Por estar situado na ordem nobre, eu era mais convencido do que as pessoas ordinárias. Um homem ordinário pensa que é o proprietário de seu corpo ou de sua família, entretanto eu comecei a pensar dessa forma em uma escala maior. Eu queria ser o mestre do mundo inteiro, e eu ficava vaidoso com idéias de prazer sensual, meu conceito corpóreo de vida ficou cada vez mais forte. Meu apego por lar, esposa e filhos, por dinheiro e por supremacia sobre o mundo, tornaram-se mais e mais aguçados; de fato, era sem limite. Assim permaneci sempre apegado a pensamentos de minhas condições de existência material".

"Portanto, meu querido Senhor, eu desperdicei tanto do meu valioso tempo de vida sem nenhum benefício. Meu equívoco de vida foi intensificado, comecei a pensar neste corpo material, que é justamente um saco de carne e ossos, como tudo por tudo, e na minha vaidade eu era como um cachorro que acredita que virou o rei da sociedade humana. Nesse equívoco de vida corpórea, comecei a viajar por todo o mundo, acompanhado da minha força militar; soldados, cocheiros, elefantes e cavalos. Assistido por muitos comandantes e vaidoso pelo poder, não pude rastrear Vossa Senhoria, que está sempre sentado no meu coração como o amigo mais íntimo. Eu não liguei para Você, e esta foi a falta da minha assim chamada condição material exaltada. Eu acho, assim como eu, todas as criaturas vivas não se importam sobre realização espiritual e estão sempre cheias de ansiedades, e pensam, 'O que deve ser feito? O que vem depois'? Contudo porque nós estamos fortemente atados por desejos materiais, continuamos a permanecer em loucura".

"Ainda assim apesar de estarmos tão absortos em pensamento material, tempo inevitável, que é só uma forma Sua, é sempre cuidadoso sobre seu dever, e logo que o tempo designado acaba, Vossa Senhoria imediatamente finaliza todas as atividades de nossos sonhos materiais. Como o fator tempo, Você finaliza todas as nossas atividades, como a serpente negra faminta que engole um pequeno rato sem leniência. Devido à ação do tempo cruel, o corpo nobre que sempre foi decorado com ornamentos de ouro durante a vida e que se movia numa carruagem puxada por lindos cavalos ou no dorso dum elefante belamente decorado com ornamentos de ouro, e que era anunciado como o rei da sociedade humana; o mesmo corpo nobre se decompõe sob a influência do tempo inevitável e se torna adequado a ser comido por vermes e insetos ou transformado em cinzas ou nas fezes dum animal. Este corpo belo pode ser bom enquanto na condição viva, contudo depois da morte mesmo o corpo dum rei é comido por um animal e depois se transforma em excremento ou é cremado no crematório e transformado em cinzas ou colocado na terra dum cemitério onde diferentes tipos de vermes e insetos são produzidos dele".

"Meu querido Senhor, não somente ficamos sob o controle pleno deste tempo inevitável depois da morte, mas também enquanto vivemos, de uma forma diferente. Por exemplo, eu posso ser um rei poderoso, mesmo assim quando volto para casa depois de conquistar o mundo, torno-me sujeito a muitas condições materiais. Pode ser que quando eu volto depois de ser vitorioso todos reis subordinados vêm e me oferecem respeitos, porém assim que entro na seção central do meu palácio, eu mesmo me torno um instrumento nas mãos das rainhas, e para o prazer sensual tenho que cair aos pés de mulheres. O modo de vida materialista é tão complicado que antes de obter o desfrute da vida material a pessoa tem que trabalhar tão duro que raramente há uma oportunidade de desfrute. E para obter a condição de juventude com todas facilidades materiais a pessoa tem que se submeter a severas austeridades e penitências e se tornar elevada aos planetas celestiais. Se alguém obtém a oportunidade de nascer numa família muito rica ou nobre, mesmo se nessa condição ele esteja sempre ansioso por manter o status quo e se preparar para a próxima vida com a execução de vários tipos de sacrifícios e com a distribuição de caridade. Mesmo na condição nobre de vida a pessoa não apenas está cheia de ansiedades por causa da administração política, porém ele também está em ansiedade sobre ser elevado aos planetas celestiais".

"Portanto é muito difícil sair do enredamento material, porém de alguma forma se alguém for favorecido por Você, somente por Sua misericórdia a ele é dada a oportunidade de se associar com um devoto puro. Esse é o ponto de início da liberação do enredamento da vida condicionada material. Meu querido Senhor, somente com a associação com devotos puros a pessoa fica cativada por Vossa Senhoria, que é o controlador de ambas as existências material e espiritual. Você é o objetivo supremo de todos os puros devotos, e com a associação de devotos puros a pessoa pode desenvolver seu amor adormecido por Você. Portanto, desenvolvimento da Consciência de Krishna na associação de devotos puros é a causa da liberação deste enredamento material".

"Meu querido Senhor, Você é tão misericordioso que apesar de eu ser relutante em associar com Seus grandes devotos Você mostrou Sua extrema misericórdia a mim como um resultado do meu leve contato com um devoto puro igual a Gargamuni. Por Sua misericórdia sem causa somente eu perdi todas as minhas opulências materiais, meu reino e minha família. Eu não acho que eu conseguiria me livrar de todos esses enredamentos sem Sua misericórdia sem causa. Reis e imperadores aceitam a vida de austeridade para esquecer a condição nobre de vida, porém por Sua misericórdia sem causa especial eu já fui desprovido da minha condição nobre. Outros reis se esforçam para deixar o apego por reino e família pela aceitação das privações da renúncia, entretanto por Sua misericórdia eu não preciso me tornar um mendicante ou praticar renúncia".

"Meu querido Senhor, portanto eu oro para que eu possa simplesmente estar dedicado em prestar serviço amoroso transcendental a Seus pés de lótus, que é a ambição dos devotos puros que estão livres de todos os tipos de contaminação material. Você é a Suprema Personalidade de Deus, e Você pode me oferecer qualquer coisa que eu queira, inclusive liberação. Mas quem é essa pessoa tola que depois de satisfazê-Lo, pediria a Você algo que possa ser a causa de enredamento neste mundo material? Acho que nenhum homem são pediria essa bênção a Você. Eu portanto me rendo a Você porque Você é a Suprema Personalidade de Deus, Você é a Superalma que vive no coração de todos, e Você é a fulgência do Brahman impessoal. Mais ainda, Você é este mundo material, porque este mundo material é apenas a manifestação de Sua energia externa. Portanto, de qualquer ângulo de visão, Você é o supremo abrigo de todos. Cada um, tanto no plano material quanto no plano espiritual, tem que se abrigar em Seus pés de lótus. Eu portanto me submeto a Você, meu Senhor. Por muitos e muitos nascimentos eu sofro por causa das três misérias desta existência material, e agora estou cansado disso. Eu simplesmente fui estimulado por meus sentidos, e nunca fiquei satisfeito. Eu portanto me abrigo em Seus pés de lótus, que são a fonte de todas as condições pacíficas de vida e que podem erradicar todos os tipos de lamentação causada pela contaminação material. Meu querido Senhor, Você é a Superalma de todos, e Você pode entender tudo. Agora eu estou livre de toda contaminação do desejo material. Eu não quero desfrutar este mundo material, nem desejo aproveitar a vantagem para imergir na Sua fulgência espiritual, nem eu desejo meditar em Seu aspecto localizado de Paramatma, porque eu sei que simplesmente por me abrigar em Você, ficarei completamente em paz e imperturbado".

Ao ouvir esse depoimento do rei Muchukunda, o Senhor Krishna respondeu: "Meu querido rei, estou muito satisfeito com sua declaração. Você foi o rei de todas as terras deste planeta, porém estou surpreso de ver que sua mente agora está livre de toda contaminação material. Agora você está apto para executar serviço devocional. Estou muito satisfeito de ver que apesar de Eu lhe oferecer a oportunidade de pedir a Mim qualquer tipo de bênção, você não se aproveitou para pedir benefício material. Eu posso entender que sua mente agora está fixa em Mim, e não está perturbada por nenhuma falta material".

"As qualidades materiais são três, a saber, bondade, paixão e ignorância. Quando alguém é colocado nas qualidades materiais de paixão e ignorância, ele é incentivado por vários tipos de desejos indecentes e luxuriosos para tentar encontrar o conforto neste mundo material. Quando ele está situado na qualidade da bondade, tenta se purificar com a execução de vários tipos de penitências e austeridades. Quando alguém alcança a plataforma de brahmana verdadeiro, ele aspira imergir na existência do Senhor, porém quando alguém deseja simplesmente prestar serviço aos pés de lótus do Senhor, isso é transcendental a todas essas três qualidades. A pessoa consciente de Krishna pura está portanto sempre livre de todas as qualidades materiais".

"Meu querido rei, Eu ofereci a lhe dar qualquer tipo de bênção, justamente para testar o quanto você avançou no serviço devocional. Agora Eu posso ver que você está na plataforma dos devotos puros porque sua mente não é perturbada por nenhum tipo de desejos gananciosos ou luxuriosos neste mundo material. Os yogis que tentam se elevar por controlar os sentidos e que meditam em Mim pela prática dos exercícios respiratórios de pranayama não são inteiramente livres de desejos materiais. Já foi visto vários casos quando logo há tentação, esses yogis novamente caem para a plataforma material".

O exemplo vívido que verifica essa afirmação é Visvamitra Muni. Visvamitra Muni era um grande yogi que praticava pranayama, um exercício de respiração, mesmo assim quando ele foi visitado por Meneka, uma mulher da sociedade dos planetas celestiais, ele perdeu todo o controle e concebeu nela uma filha chamada Shakuntala. Entretanto o devoto puro Haridasa Thakura nunca foi perturbado, mesmo quando essas tentações foram oferecidas por prostitutas.

"Meu querido rei", o Senhor Krishna continuou, "Portanto Eu lhe dou a bênção especial de que você pensará em Mim sempre. Assim você será capaz de atravessar este mundo material livremente, sem ser contaminado pelas qualidades". Essa afirmação do Senhor confirma que a pessoa em verdadeira Consciência de Krishna, dedicada ao serviço amoroso transcendental do Senhor sob a direção do mestre espiritual, nunca é sujeita à contaminação das qualidades materiais.

"Meu querido rei", o Senhor disse, "porque você é um kshatriya, cometeu a ofensa da matança de animais, tanto na caça quanto nos compromissos políticos. Para ficar purificado, justamente se dedique à prática de bhakti-yoga e mantenha sempre sua mente absorta em Mim. Muito em breve você estará livre de todas as reações pecaminosas dessas atividades sórdidas". Nessa afirmação parece que apesar dos kshatriyas terem permissão para matar animais no processo de caça, eles não estão livres da contaminação de outras reações pecaminosas. Por isso não importa se a pessoa é um kshatriya, vaishya, ou brahmana; cada um é recomendado a aceitar sannyasa no fim da vida, para se dedicar completamente ao serviço do Senhor e assim se tornar livre de todas as reações pecaminosas de sua vida passada.

O Senhor então assegurou ao rei Muchukunda: "Na sua próxima vida, você tomará seu nascimento como um Vaishnava de primeira classe, o melhor dos brahmanas, e nessa vida sua única ocupação será se dedicar a Meu serviço transcendental". O Vaishnava é o brahmana de primeira classe, pois quem não adquiriu a qualificação de um brahmana fidedigno não pode vir à plataforma de um Vaishnava. Quando alguém chega à plataforma de um Vaishnava, ele está completamente dedicado a atividades de bem-estar para todos os seres vivos. A atividade de bem-estar mais elevada para os seres vivos é a pregação da Consciência de Krishna. Aqui está afirmado que aqueles que são especificamente favorecidos pelo Senhor podem se tornar absolutamente conscientes de Krishna e ficarem dedicados ao trabalho de pregação da filosofia Vaishnava.

  

  

Assim termina o significado Bhaktivedanta do Capítulo Cinqüenta de Krishna, "Liberação de Muchukunda".

   

   

Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga

Nitai Gaura Hari Bol

 

 

"KRISHNA - A Suprema Personalidade de Deus"

(Original Sem "Correções")

de

Sua Divina Graça
Sri Srimad Bhaktivedanta Swami Maharaj Prabhupada
Paramahamsa Thakura Mahashaya

   

Capítulo 51

Krishna, o Ranchor

   

Quando Muchukunda, o célebre descendente da dinastia Iksvaku, foi favorecido pelo Senhor Krishna, circundou o Senhor dentro da caverna e depois saiu. Quando saiu da caverna, Muchukunda viu que a estatura das espécies humanas surpreendentemente reduziu ao tamanho pigmeu. Similarmente, as árvores também reduziram muito de tamanho, e Muchukunda pôde entender imediatamente que a era corrente era Kali-yuga. Portanto, sem desviar sua atenção, começou a viajar para o norte. Eventualmente, ele chegou à montanha conhecida como Gandhamadana. Parece que havia muitas árvores nessa montanha, como sândalo e outras árvores de flores, a fragrância delas deixava feliz qualquer um que as alcançasse. Ele decidiu permanecer naquela região da Montanha Gandhamadana a fim de executar austeridades e penitências para o resto de sua vida. Parece que esse lugar está situado na parte mais a norte das Montanhas Himalaia, onde está situada a morada de Nara-Narayana. Esse lugar ainda existe e é chamado Badarikashrama. Em Badarikashrama, ele se dedicou à adoração ao Senhor Krishna, e esqueceu toda a dor e prazer e as outras dualidades deste mundo material. O Senhor Krishna também retornou aos arredores de Mathura e começou a lutar com os soldados de Kalayavana e os matou um depois do outro. Depois disso, Ele coletou todo o prêmio dos corpos mortos, que sob Sua direção, foi carregado em carros de boi por homens grandes e trazido de volta para Dwaraka.

Enquanto isso, Jarasandha atacou Mathura novamente, dessa vez com divisões maiores de soldados, contava trinta e três akshauhinis.

O Senhor Krsna queria salvar Mathura desse décimo oitavo ataque das grandes divisões militares do rei Jarasandha. A fim de prevenir mais matança de soldados e atender a outras obrigações importantes, o Senhor Krishna deixou o campo de batalha sem lutar. Na realidade, Ele não estava com nenhum pouco de medo, porém Ele fingiu ser um humano ordinário amedrontado pela imensa quantidade de soldados e recursos de Jarasandha. Sem quaisquer armas, Ele deixou o campo de batalha. Apesar de Seus pés de lótus serem mais macios do que pétalas da flor de lótus, Ele procedeu a uma distância muito longa a pé.

Dessa vez, Jarasandha pensou que Krishna e Balarama estavam com muito medo do seu poderio militar e fugiam do campo de batalha. Ele começou a segui-Los com todas as suas quadrigas, cavalos e infantaria. Ele achava que Krishna e Balarama eram seres humanos ordinários, e ele tentava medir as atividades do Senhor. Krishna é conhecido como Ranchor, que significa "aquele que deixou o campo de batalha". Na Índia, especialmente em Gujarat, há muitos templos de Krishna que são conhecidos como templos de Ranchorji. Ordinariamente, se um rei deixa o campo de batalha sem lutar, ele é chamado de covarde, entretanto quando Krishna encena este passatempo, sair do campo de batalha sem lutar, Ele é adorado pelo devoto. Um demônio sempre tenta medir a opulência de Krishna, enquanto o devoto nunca tenta medir Sua força e opulência, e sim sempre se rende a Ele e O adora. Por seguir os passos dos devotos puros podemos saber que Krishna, o Ranchorji, deixou o campo de batalha não porque estava com medo, mas porque Ele tinha algum outro propósito. O propósito, como será revelado, era atender a uma carta confidencial enviada por Rukmini, Sua futura primeira esposa. O ato de Krishna deixar o campo de batalha é uma demonstração de uma de Suas seis opulências. Krishna é o supremo poderoso, o supremo rico, o supremo famoso, o supremo sábio, o supremo belo; similarmente Ele é o supremo renunciado. O Srimad Bhagavatam afirma claramente que Ele deixou o campo de batalha apesar de ter ampla força militar. Mesmo sem Sua milícia, entretanto, Ele sozinho seria suficiente para derrotar o exército de Jarasandha, como já fez dezessete vezes antes. Portanto, Ele deixar o campo de batalha é um exemplo da Sua opulência suprema da renúncia.

Depois de atravessar uma distância muito longa, os irmãos fingiram que estavam muito cansados. Para mitigar Seu cansaço, Eles escalaram uma montanha muito alta com vários quilômetros de altura. Essa montanha é chamada Pravarshana devido à chuva constante. O pico era sempre coberto por nuvens enviadas por Indra. Jarasandha tomou por certo que os dois irmãos estavam com medo de seu poder militar e Se esconderam no topo da montanha. Primeiro, ele tentou encontrá-Los, e procurou por um longo tempo, mas quando falhou, decidiu cercá-Los e matá-Los por atear fogo em redor do pico. Assim ele rodeou o pico com óleo e ateou fogo. Enquanto as chamas se espalhavam mais e mais, Krishna e Balarama pularam do topo da montanha até o chão; uma distância de oitenta e oito milhas (142 km). Assim, enquanto o pico queimava, Krishna e Balarama escaparam sem serem vistos por Jarasandha. Jarasandha concluiu que os dois irmãos foram queimados até as cinzas e que não havia mais necessidade de mais combate. Assim achou que foi bem sucedido em seus esforços, ele deixou a cidade de Mathura e retornou a seu lar no reino de Magadha. Gradualmente Krishna e Balarama chegaram à cidade de Dwaraka, que era rodeada por todos os lados pelo mar.

Em seguida a isso, Sri Balarama casou com Revati, filha do rei Raivata, soberano da província de Anarta. Isso está explicado no Nono Canto do Srimad Bhagavatam. Depois do casamento de Baladeva, Krishna casou com Rukmini. Rukmini era filha do rei Bhishmaka, soberano da província conhecida como Vidarbha. Justamente porque Krishna é a Suprema Personalidade de Deus, Vasudeva, Rukmini é a suprema deusa da fortuna, Maha-Lakshmi. De acordo com a autoridade do Sri Chaitanya Charitamrita, a expansão de Krishna e Sri Radharani é simultânea; Krishna Se expande em várias formas Vishnu-tattva, e Srimati Radharani Se expande em várias formas shakti-tattva pela potência interna Dela, como múltiplas formas da deusa da fortuna.

De acordo com a convenção Védica, existem oito tipos de casamentos. No sistema de casamento de primeira classe, os pais do noivo e noiva organizam a data do casamento. Depois, no sistema nobre, o noivo vai para a casa da noiva, e na presença dos brahmanas, sacerdotes e familiares, a noiva é dada em caridade ao noivo. Além desses, existem outros sistemas, como os casamentos gandharva e rakshasa. Rukmini casou com Krishna no estilo rakshasa porque ela foi raptada por Ele na presença de Seus muitos rivais, como Shishupala, Jarasandha, Shalva e outros. Enquanto Rukmini era dada em caridade a Shishupala, ela foi raptada da arena de casamento por Krishna, exatamente igual quando Garuda apanhou o pote de néctar dos demônios. Rukmini, a filha única do rei Bhishmaka, era primorosamente bela. Ela era conhecida como Ruciranana, que quer dizer "aquela que tem uma linda face, que se expande como a flor de lótus".

Devotos de Krishna estão sempre ansiosos para ouvir sobre as atividades transcendentais do Senhor. Suas atividades de combate, rapto e sair correndo do campo de batalha são todas transcendentais, pois estão na plataforma absoluta, e devotos tomam um interesse transcendental em ouvir sobre elas. O devoto puro não faz a distinção de que algumas atividades do Senhor devem ser ouvidas e outras devem ser evitadas. Existe, entretanto, uma classe de falsos devotos conhecidos como prakrita sahajiya que têm muito interesse em ouvir sobre o rasa-lila de Krishna com as gopis, mas não sobre Suas atividades de combate com Seus inimigos. Eles não sabem que Suas atividades belicosas e Suas atividades amigáveis com as gopis são igualmente transcendentais, pois estão na plataforma absoluta. Os passatempos transcendentais de Krishna descritos no Srimad Bhagavatam são saboreados por devotos puros por meio da recepção aural submissa. Eles não rejeitam nem mesmo uma gota.

A história do casamento de Krishna com Rukmini é descrito como se segue. O rei de Vidarbha, Maharaja Bhishmaka, era um príncipe muito qualificado e devotado. Ele tinha cinco filhos e uma filha. O primeiro filho era conhecido como Rukmi; o segundo, Rukmaratha; o terceiro, Rukmabahu; o quarto e mais novo, Rukmakesha; e o quinto, Rukmamali. Os irmãos tinham uma irmã mais nova, Rukmini. Ela era linda e casta e estava destinada a casar com o Senhor Krishna. Muitas pessoas santificadas e sábios como Narada Muni e outros costumavam visitar o palácio do rei Bhishmaka. Naturalmente Rukmini teve uma chance de falar com eles, e dessa forma ela obteve informação sobre Krishna. Ela foi informada das seis opulências de Krishna, e simplesmente por ouvir sobre Ele, ele desejou se render a Seus pés de lótus e se tornar Sua esposa. Krishna também ouviu sobre Rukmini. Ela era o reservatório de todas qualidades transcendentais: inteligência, mentalidade liberal, beleza primorosa e comportamento justo. Krishna portanto decidiu que ela era digna de ser Sua esposa. Todos os membros familiares e parentes do rei Bhishmaka decidiram que Rukmini devia ser dada em casamento a Krishna. Entretanto o irmão mais velho dela, Rukmi, apesar do desejo dos demais, arranjou o casamento dela com Shishupala, um inimigo determinado de Krishna. Quando a bela de olhos negros Rukmini ouviu o acordo, imediatamente ficou muito melancólica. Entretanto, por ser a filha de um rei, ela entendia diplomacia política e decidiu que não havia utilidade em ficar melancólica simplesmente. Algumas medidas devem ser tomadas imediatamente. Depois de um pouco de deliberação, ela decidiu mandar uma mensagem para Krishna, e para que não fosse enganada, ela selecionou um brahmana qualificado como seu mensageiro. Um brahmana qualificado desse é sempre veraz e é um devoto de Vishnu. Sem demora, o brahmana foi enviado a Dwaraka.

Ao chegar ao portal de Dwaraka, o brahmana informou o porteiro de sua chegada, e o porteiro o conduziu ao local onde Krishna estava sentado num trono de ouro. Como o brahmana teve a oportunidade de ser o mensageiro de Rukmini, ele foi afortunado bastante para ver a Suprema Personalidade de Deus, Krishna, que é a causa original de todas as causas. Um brahmana é o professor espiritual de todas as divisões sociais. O Senhor Sri Krishna, a fim de ensinar a todos a etiqueta Védica de como respeitar um brahmana, imediatamente levantou e ofereceu Seu trono a ele. Quando o brahmana estava sentado no trono de ouro, o Senhor Sri Krishna começou a adorá-lo exatamente da maneira que os semideuses adoram Krishna. Dessa forma, Ele ensinou a todos que adorar Seu devoto é mais valioso do que adorar Ele mesmo.

No devido tempo, o brahmana tomou seu banho, aceitou sua refeição e descansou numa cama completamente forrada com seda macia. Enquanto ele descansava, o Senhor Sri Krishna Se aproximou silenciosamente, com grande respeito, pôs as pernas do brahmana em Seu colo e começou a massageá-las. Dessa forma, Krishna apareceu perante o brahmana e disse: "Meu querido brahmana, espero que você execute os princípios religiosos sem nenhuma dificuldade e que sua mente esteja sempre numa condição pacífica". Diferentes classes de pessoas no sistema social são dedicadas a várias profissões, e quando alguém inquire sobre o bem-estar de uma pessoa em particular, isso tem que ser feito com base na ocupação da pessoa. Portanto, quando alguém inquire sobre o bem-estar de um brahmana, as questões devem ser redigidas de acordo com sua condição de vida a fim de não perturbá-lo. Uma mente pacífica é a base para se tornar veraz, limpo, equilibrado, auto-controlado e tolerante. Assim por obter conhecimento e conhecer sua aplicação prática na vida, a pessoa fica convencida sobre a Verdade Absoluta. O brahmana sabia que Krishna é a Suprema Personalidade de Deus, e ainda assim ele aceitou o serviço respeitoso do Senhor com base na convenção social Védica. O Senhor Sri Krishna atuava como um ser humano. Porque pertencia à divisão kshatriya do sistema social, e por ser um jovem rapaz, era Seu dever mostrar respeito a tal brahmana.

O Senhor Krishna continuou: "Ó melhor entre todos os brahmanas, você deve sempre permanecer satisfeito porque se um brahmana estiver auto-satisfeito, não será desviado de seus deveres prescritos; e simplesmente por se fixar em seus próprios deveres prescritos, todos, especialmente os brahmanas, podem obter a perfeição mais elevada de todos desejos. Mesmo se uma pessoa for tão opulenta quanto o rei do Céu, Indra, se não estiver satisfeito, inevitavelmente tem que transmigrar de um planeta a outro. Uma pessoa assim nunca pode ser feliz sob quaisquer circunstâncias; porém se a mente da pessoa está satisfeita, mesmo se for desprovida de sua posição elevada, ela pode ser feliz com a vida em qualquer lugar e todo lugar".

Essa instrução de Krishna para o brahmana é muito importante. O significado é que um verdadeiro brahmana não deve ser perturbado em nenhuma situação. Nesta era moderna de Kali-yuga, os falsos brahmanas aceitaram a posição abominável de shudra ou abaixo de shudras e mesmo assim querem se passar por brahmanas qualificados. Na realidade, um brahmana qualificado sempre se fixa em seus próprios deveres e nunca aceita aqueles de um shudra ou um abaixo de shudra. É aconselhado nas escrituras autorizadas que um brahmana pode, sob circunstâncias complicadas, aceitar a profissão de um kshatriya ou mesmo um vaishya, porém nunca deve aceitar a profissão de um shudra. O Senhor Krishna declarou que um brahmana nunca deve ser perturbado por quaisquer condições adversas da vida se ele escrupulosamente se fixar nos seus princípios religiosos. Em conclusão, o Senhor Sri Krishna disse: "Eu ofereço Minhas respeitosas reverências aos brahmanas e Vaishnavas, porque os brahmanas estão sempre auto-satisfeitos, e os Vaishnavas estão sempre dedicados a atividades de bem-estar para a sociedade humana. Eles são os maiores amigos das pessoas em geral; ambos estão livres do egoísmo falso e estão sempre numa condição mental pacífica".

O Senhor Krishna então desejou saber sobre os soberanos (kshatriyas) no reino do brahmana, assim Ele inquiriu se os cidadãos do reino estavam todos felizes. A qualificação de um rei é julgada pelo temperamento das pessoas no reino. Se estiverem muito felizes em todos aspectos, deve-se entender que o rei é honesto e executa seus deveres justamente. Krishna disse que o rei em cujo reino os cidadãos são felizes é muito querido para Ele. Claro que Krishna pôde entender que o brahmana veio com uma mensagem confidencial; por isso Ele disse: "Se você não tiver objeção, Eu lhe dou permissão para falar da sua missão". Assim, muito satisfeito com esses passatempos transcendentais com o Senhor, o brahmana narrou toda a história de sua missão para vir e ver Krishna. Ele pegou a carta que Rukmini escreveu para Krishna e disse: "Essas são palavras da princesa Rukmini: 'Meu querido Krishna, ó infalível e mais belo, qualquer ser humano que vier a ouvir sobre Sua forma e passatempos transcendentais imediatamente absorve por meio de seus ouvidos Seu nome, fama e qualidades; assim todas as suas dores materiais cessam, e ele fixa Sua forma em seu coração. Através desse amor transcendental por Você, ele sempre vê Você dentro de si mesmo; e por esse processo, todos os seus desejos se tornam satisfeitos. Similarmente, eu ouvi sobre Suas qualidades transcendentais. Eu posso ser sem vergonha de me expressar tão diretamente, mas Você me cativou e tomou meu coração. Você deve suspeitar que sou uma menina não casada, de idade jovem, e pode duvidar da minha retidão de caráter, porém meu querido Mukunda, Você é o leão supremo no meio de todos os seres humanos, a pessoa suprema entre pessoas. Qualquer menina, apesar de não estar fora de seu lar ainda, ou qualquer mulher que possa ser da mais alta castidade, desejaria casar com Você, ao ser cativada por Seu caráter, conhecimento, opulência e posição sem precedentes. Eu sei que Você é o esposo da deusa da fortuna e que Você é muito bom com Seus devotos; por isso eu decidi me tornar Sua criada eterna. Meu querido Senhor, eu dedico minha vida e alma a Seus pés de lótus. Eu aceitei Vossa Senhoria como meu esposo selecionado, e por isso eu peço a Você que me aceite como Sua esposa. Você é o supremo poderoso, ó pessoa de olhos de lótus. Agora eu pertenço a Você. Se aquilo que é desfrutável para o leão comer for levado pelo chacal, será um caso ridículo; por isso eu peço que Você cuide de mim imediatamente antes que eu seja levada por Shishupala e outros príncipes iguais a ele. Meu querido Senhor, no meu nascimento prévio, eu devo ter feito trabalho público de bem-estar como furar poços e plantar árvores, ou atividades piedosas como executar cerimônias ritualísticas e sacrifícios e servir o mestre espiritual superior, os brahmanas e Vaishnavas. Por essas atividades, talvez eu tenha satisfeito a Suprema Personalidade de Deus, Narayana. Se for assim, então eu desejo que Você, Senhor Krishna, o irmão de Balarama, faça o favor de vir aqui e agarrar minha mão para que não seja tocada por Shishupala e sua companhia'".

O casamento de Rukmini com Shishupala já estava marcado; por isso ela sugeriu que Ele a raptasse para que isso pudesse mudar. Esse tipo de casamento, quando a menina é raptada à força, é conhecido como rakshasa e é praticado entre os kshatriyas, ou o tipo de homem administrador, com espiritual marcial. Porque o casamento dela já estava marcado para acontecer no dia seguinte, Rukmini sugeriu que Krishna viesse incógnito para raptá-la e então lutasse com Shishupala e seus aliados como o rei de Magadha. Por saber que ninguém podia conquistar Krishna e que certamente Ele emergiria vitorioso, ela O chamou de Ajita; o inconquistável. Rukmini disse a Krishna para não se preocupar por outros membros familiares seus, inclusive outras mulheres, que possam ser feridas ou mesmo mortas se a luta fosse dentro do palácio. Do mesmo modo que o rei de um país pensa em caminhos diplomáticos para alcançar seu objetivo, similarmente Rukmini, por ser a filha de um rei, foi diplomática em sugerir como essa matança desnecessária e indesejável pudesse ser evitada.

Ela explicou que era costume de sua família visitar o templo da deusa Durga, a deidade de sua família, antes do casamento. (Os reis kshatriyas eram na maioria Vaishnavas dedicados, e adoravam o Senhor Vishnu tanto na forma Radha-Krishna quanto Lakshmi-Narayana; mesmo assim, para seu bem-estar material, costumavam adorar a deusa Durga. Eles nunca cometeram o erro, entretanto, de aceitar os semideuses como o Supremo Senhor no nível de Vishnu-tattva, como fizeram alguns homens menos inteligentes). A fim de evitar a matança desnecessária de seus familiares, Rukmini sugeriu que seria mais fácil para Ele raptá-la enquanto ela ia do palácio para o templo ou então quando ela voltasse para casa.

Ela também explicou a Krishna porque estava tão ansiosa para casar com Ele, mesmo com seu casamento que estava para acontecer com Shishupala, que também era qualificado, por ser filho de um grande rei. Rukmini disse que não imaginava ninguém mais grandioso do que Krishna, nem mesmo o Senhor Shiva, que é conhecido como Mahadeva, o mais grandioso de todos os semideuses. O Senhor Shiva também procura o prazer do Senhor Krishna a fim de se liberar de seu enredamento na qualidade da ignorância dentro deste mundo material. Apesar do fato do Senhor Shiva ser o mais grandioso de todas as grandes almas, mahatmas, ele mantém na sua cabeça a água purificante do Ganges, que emana de um buraco neste universo material feito pelo dedo do pé do Senhor Vishnu. O Senhor Shiva é encarregado da qualidade material da ignorância, e para se manter numa posição transcendental, ele sempre medita no Senhor Vishnu. Assim, Rukmini sabia muito bem que obter o favor de Krishna não era uma tarefa fácil. Se mesmo o Senhor Shiva tem que se purificar para esse propósito, certamente seria difícil para Rukmini, que era apenas a filha de um rei kshatriya. Assim ela desejou dedicar sua vida a observar austeridades e penitências, como jejuar e continuar sem confortos corpóreos. Se não fosse possível nesta vida obter o favor de Krishna com essas atividades, ela estava preparada para fazer o mesmo vida após vida. No Bhagavad-gita está dito que os devotos puros do Senhor executam serviço devocional com grande determinação. Essa determinação, como exibida por Rukminidevi, é o único preço para adquirir o favor de Krishna e é o caminho para o sucesso supremo na Consciência de Krishna.

Depois de explicar o argumento de Rukminidevi para Krishna, o brahmana disse: "Meu querido Krishna, líder da dinastia Yadu, eu trouxe esta mensagem confidencial a Você de Rukmini; agora está posta perante Você para Sua consideração. Depois de devida deliberação, Você pode atuar como for do Seu agrado, mas se quiser fazer algo, Você deve fazê-lo imediatamente. Não há muito tempo restante para ação".

  

  

Assim termina o significado Bhaktivedanta do Capítulo Cinqüenta e Um de Krishna, "Krishna, o Ranchor".

   

   

Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga

Nitai Gaura Hari Bol

 

 

"KRISHNA - A Suprema Personalidade de Deus"

(Original Sem "Correções")

de

Sua Divina Graça
Sri Srimad Bhaktivedanta Swami Maharaj Prabhupada
Paramahamsa Thakura Mahashaya

   

Capítulo 52

Krishna Rapta Rukmini

   

Depois de ouvir o depoimento de Rukmini, o Senhor Krishna ficou muito satisfeito. Ele imediatamente apertou a mão do brahmana e disse: "Meu querido brahmana, Eu estou muito feliz de ouvir que Rukmini está ansiosa para casar Comigo, porque Eu também estou ansioso em obter a mão dela. Minha mente está sempre absorta no pensamento da filha de Bhishmaka, e às vezes Eu não consigo dormir à noite porque penso nela. Eu posso entender que o casamento de Rukmini com Shishupala foi arranjado por seu irmão mais velho com um espírito de animosidade em relação a Mim; por isso estou determinado a dar uma boa lição em todos esses príncipes. Justo como o fogo é extraído e utilizado depois de manipular madeira comum, similarmente, depois de lidar com esses príncipes demoníacos, Eu extrairei Rukmini, como fogo, do meio deles".

Krishna, após ser informado da data específica do casamento de Rukmini, ficou ansioso para partir imediatamente. Ele pediu a Seu piloto, Daruka, para arrear os cavalos em Sua quadriga e preparar para ir ao reino de Vidarbha. O piloto, justo após ouvir Sua ordem, trouxe os quatro cavalos especiais de Krishna. Os nomes e descrições desses cavalos são mencionados no Padma Purana. O primeiro, Shaivya, era esverdeado; o segundo, Sugriva, era cinzento como gelo; o terceiro, Meghapuspa, era da cor de uma nuvem nova; e o último, Balahaka, era da cor cinza. Quando os cavalos foram atrelados e a quadriga pronta para ir, Krishna ajudou o brahmana a subir e deu a ele um assento a Seu lado. Imediatamente eles partiram de Dwaraka e em uma noite chegaram à província de Vidarbha. O reino de Dwaraka está situado na parte ocidental da Índia, e Vidarbha está situado na parte norte. Eles estão separados por uma distância de não menos do que 1.000 milhas (1.610 km), mas os cavalos eram tão rápidos que chegaram ao seu destino, uma cidade chamada Kundina, em uma noite, ou no máximo, doze horas.

O rei Bhishmaka não estava muito animado para dar a mão de sua filha a Shishupala, porém era obrigado a aceitar o compromisso de casamento por causa de seu apego afetuoso por seu filho mais velho, que fez a negociação. Por questão de dever, ele decorava a cidade para a cerimônia e agia com muita sinceridade para que fosse muito bem sucedida. Água foi pulverizada em todas as ruas e a cidade foi muito bem limpa. Porque a Índia está situada na zona tropical, a atmosfera é sempre seca. Por causa disso, a poeira sempre acumula nas ruas e avenidas; por isso precisam ser borrifadas com água pelo menos uma vez por dia, e grandes cidades como Calcutá, duas vezes por dia. As ruas de Kundina foram enfeitadas com bandeiras e festões, e portais foram construídos em certos cruzamentos. Toda a cidade foi muito bem decorada. A beleza da cidade foi incrementada pelos habitantes, tanto homens quanto mulheres, vestidos com roupas limpas, decorados com polpa de sândalo, colares de pérolas, e colares de flores. Incenso queimava em todos lugares, e fragrâncias como aguru perfumavam o ar. Sacerdotes e brahmanas foram alimentados suntuosamente e, de acordo com a cerimônia ritualística, foram dadas suficientes riqueza e vacas em caridade. Dessa forma, eles estavam dedicados a cantarem os hinos Védicos. A filha do rei, Rukmini, estava primorosamente bela. Ela estava bem pura e tinha lindos dentes. A cinta sagrada auspiciosa estava atada à sua cintura. Foram dados a ela vários tipos de jóias para usar e traje longo de seda para cobrir as partes superior e inferior de seu corpo. Sacerdotes eruditos deram proteção a ela com o canto de mantras do Sama Veda, Rg Veda e Yajur Veda. Depois disso, eles cantaram mantras do Atharva Veda e ofereceram oblações ao fogo para pacificar as conjunções agourentas de diferentes estrelas.

O rei Bhishmaka era muito experiente em lidar com brahmanas e sacerdotes quando tais cerimônias aconteciam. Ele especificamente distinguia os brahmanas por dar a eles grandes quantidades de ouro e prata, cereais misturados com melaço, e vacas decoradas com ornamentos de ouro. Damaghosha, pai de Shishupala, executou todos os tipos de execuções ritualísticas para invocar boa fortuna para sua própria família. O pai de Shishupala era conhecido como Damaghosha devido à sua habilidade superior de eliminar cidadãos desregulados. Dama quer dizer reduzir, ghosha significa famoso; assim ele era famoso por controlar os cidadãos. Damaghosha pensou que se Krishna viesse para perturbar a cerimônia de casamento, ele certamente O cortaria abaixo com seu poder militar. Portanto, depois de executar as várias cerimônias auspiciosas, Damaghosha reuniu suas divisões militares, conhecidas como Madasravi. Ele pegou muitos elefantes, enfeitados com colares de ouro, e muitas quadrigas e cavalos que estavam decorados similarmente. Parecia que Damaghosha, junto com seu filho e outros companheiros, ia para Kundina, sem esquecer completamente o casamento, mas principalmente intencionado a lutar.

Quando o rei Bhishmaka soube que Damaghosha e seu partido chegavam, ele saiu da cidade para recebê-los. Nos arredores da cidade havia muitos jardins onde os convidados eram bem vindos para ficar. No sistema Védico de casamento, o pai da noiva recebe o grande partido do noivo e os acomoda num lugar adequado por dois ou três dias até que a cerimônia de casamento aconteça. O partido liderado por Damaghosha continha milhares de homens, entre os quais os reis e personalidades proeminentes eram Jarasandha, Dantavakra, Viduratha e Paundraka. Era um segredo aberto que Rukmini estava destinada a casar com Krishna, porém seu irmão mais velho, Rukmi, arranjou seu casamento com Shishupala. Havia também um sussurro sobre um rumor de que Rukmini enviou um mensageiro para Krishna; por isso os soldados suspeitavam que Krishna pudesse causar uma perturbação com uma tentativa de raptar Rukmini. Mesmo apesar de não estarem sem medo, todos estavam preparados para dar a Krishna um bom combate a fim de prevenir que a menina fosse levada embora. Sri Balarama recebeu a notícia de que Krishna foi para Kundina acompanhado somente por um brahmana; Ele também ouviu que Shishupala estava lá com um grande número de soldados. Com a suspeita de que atacariam Krishna, Balarama pegou fortes divisões militares de quadrigas, infantaria, cavalos e elefantes e chegou ao distrito de Kundina.

Enquanto isso, no palácio, Rukmini esperava Krishna chegar, mas quando nem Ele nem o brahmana que levou a mensagem apareceram, ela ficou cheia de ansiedade e começou a pensar o quanto desafortunada era ela. "Há apenas uma noite entre hoje e o dia do meu casamento, e ainda nem o brahmana nem Shyamasundara retornaram. Eu não posso determinar nenhuma razão para isso". Com pouca esperança, ela pensou que talvez Krishna encontrou motivo para ficar dessatisfeito e rejeitou a proposta honesta dela. Como resultado disso, o brahmana pode ter ficado desapontado e não voltou. Apesar de pensar em várias causas para a demora, ela esperava os dois a qualquer momento.

Rukmini começou a pensar mais ainda que os semideuses como Senhor Brahma, Senhor Shiva e a deusa Durga podem ter ficado descontentes. É dito geralmente que os semideuses ficam irados quando não são adorados propriamente. Por exemplo, quando Indra descobriu que os habitantes de Vrindavana não o adoravam (Krishna parou o Indra-yajña), ficou muito irado e quis castigá-los. Assim Rukmini pensava que como ela não adorou o Senhor Shiva ou o Senhor Brahma muito, eles podem ter ficado descontentes e tentaram frustrar seu plano. Similarmente ela pensou que a deusa Durga, a esposa do Senhor Shiva, pode ter tomado o lado de seu esposo. O Senhor Shiva é conhecido como Rudra, e sua esposa é conhecida como Rudrani. Rudrani e Rudra se refere àqueles que são muito acostumados a pôr outros numa condição de angústia para que possam chorar para sempre. Rukmini pensava na deusa Durga como Girija, a filha das montanhas Himalaia. As montanhas Himalaia são muito frias e severas, e ela pensou na deusa Durga como de coração duro e frio. Pensou isso sobre os diferentes semideuses. As gopis adoraram a deusa Katyayani para obter Krishna como seu esposo; similarmente Rukmini pensava nos vários tipos de semideuses, não para benefício material, mas em relação a Krishna. Rezar para os semideuses para alcançar o favor de Krishna não é irregular, e Rukmini estava plenamente absorta em pensamentos de Krishna.

Mesmo apesar de se acalmar por pensar que o tempo para Govinda chegar não tinha expirado, Rukmini sentiu que esperava contra a esperança. Ela começou a derramar lágrimas, e quando começaram a ficar mais fortes, ela fechou seus olhos em desespero. Enquanto Rukmini estava em pensamento tão profundo, sintomas auspiciosos apareceram em diferentes partes de seu corpo. Começou a ocorrer tremor em sua pálpebra esquerda e em seus braços e coxas. Quando o tremor ocorre nessas partes do corpo é um sinal auspicioso que indica que se pode esperar algo lucrativo.

Justamente então Rukmini, cheia de ansiedade, viu o brahmana mensageiro. Krishna, a Superalma de todos os seres vivos, pôde entender a ansiedade de Rukmini, por isso Ele mandou o brahmana para dentro do palácio para deixá-la saber que Ele tinha chegado. Quando Rukmini viu o brahmana, ela pôde entender o tremor auspicioso de seu corpo e imediatamente ficou exaltada. Ela sorriu e perguntou a ele se sim ou não Krishna já tinha chegado. O brahmana respondeu que o filho da dinastia Yadu, Sri Krishna, tinha chegado; ele ainda mais a encorajou ao dizer que Krishna prometeu que a levaria embora sem falha. Rukmini estava tão extasiada com a mensagem do brahmana que quis dar a ele em caridade tudo o que possuía. Entretanto, não achou adequado o oferecimento, ela simplesmente ofereceu a ele suas respeitosas reverências. A importância de oferecer respeitosas reverências a um superior é que quem oferece reverências tem gratidão à pessoa respeitada. Em outras palavras, Rukmini indicou que seria sempre grata ao brahmana. Qualquer um que obtém o favor da deusa da fortuna, como fez esse brahmana, é sem dúvida sempre feliz em opulência material.

Quando o rei Bhishmaka ouviu que Krishna e Balarama vieram, ele Os convidou para assistirem à cerimônia de casamento de sua filha. Imediatamente ele organizou a recepção Deles, junto com Seus soldados, numa casa de jardim adequada. Como era o costume Védico, o rei ofereceu a Krishna e Balarama mel e roupas limpas novas. Ele era hospitaleiro não somente com Krishna e Balarama e reis como Jarasandha, mas também recebia muitos outros reis e príncipes de acordo com seu respectivo poder pessoal, idade e posses materiais. Por curiosidade e avidez, as pessoas de Kundina se reuniram perante Krishna e Balarama e começaram a beber o néctar da beleza Deles. Com olhos cheios de lágrimas, ofereceram a Eles seus respeitos silenciosos. Eles estavam muito contentes, pois consideravam o Senhor Krishna como o par perfeito para Rukmini. Eles estavam tão ansiosos para unir Krishna e Rukmini que começaram a orar para a Personalidade de Deus: "Meu querido Senhor, se nós executamos quaisquer atividades piedosas que Você ficou satisfeito, bondosamente seja misericordioso conosco e aceite a mão de Rukmini". Parece que Rukmini era uma princesa muito popular, e todos os cidadãos, por causa de seu amor intenso por ela, oraram pela melhor fortuna dela. Nesse meio tempo, Rukmini, muito bem vestida e protegida pelos guarda-costas, saiu do palácio para visitar o templo de Ambika, a deusa Durga.

Adoração à Deidade do templo existe desde o começo da cultura Védica. Existe uma classe de pessoas descrita no Bhagavad-gita como o veda-vada-rata; eles só acreditam nas cerimônias ritualísticas Védicas, e não na adoração no templo. Essas pessoas tolas podem notar aqui que apesar do casamento entre Krishna e Rukmini acontecer mais de 5.000 anos atrás, houve arranjos para adoração no templo. No Bhagavad-gita o Senhor diz, yanti deva-vrata devan: "Os adoradores dos semideuses alcançam as moradas dos semideuses". Havia muitas pessoas que adoravam os semideuses e muitas que adoravam diretamente a Suprema Personalidade de Deus. O sistema de adoração aos semideuses era direcionado principalmente ao Senhor Brahma, Senhor Shiva, Senhor Ganesha, ao deus do Sol e à deusa Durga. O Senhor Shiva e a deusa Durga eram adorados até mesmo pelas famílias da nobreza; outros semideuses menores eram adorados por pessoas inferiores simplórias. No que diz respeito aos brahmanas e Vaishnavas, eles simplesmente adoram o Senhor Vishnu, a Suprema Personalidade de Deus. No Bhagavad-gita a adoração aos semideuses é condenada, mas não proibida; lá está afirmado claramente que a classe de pessoas menos inteligentes adora diferentes tipos de semideuses para benefício material. Por outro lado, mesmo apesar de Rukmini ser a deusa da fortuna, ela entrou no templo da deusa Durga porque a deidade da família era adorada lá. No Srimad Bhagavatam está afirmado que à medida que Rukmini prosseguia em direção ao templo da deusa Durga, dentro do seu coração ela sempre pensava nos pés de lótus de Krishna. Portanto, quando Rukmini foi ao templo não foi com a intenção de uma pessoa comum, que vai para mendigar benefícios materiais; seu único alvo era Krishna. Quando as pessoas vão a um templo de um semideus, o objetivo verdadeiro é Krishna, desde que é Ele quem dá poder aos semideuses para proverem benefícios materiais.

À medida que Rukmini prosseguia em direção ao templo, ela estava muito silenciosa e séria. Sua mãe e sua amiga estavam no seu lado, e a esposa de um brahmana estava no centro; no seu redor, estavam os guarda-costas. (Esse costume da futura noiva ir ao templo de um semideus ainda é praticado na Índia). À medida que a procissão prosseguia, ouvia-se vários instrumentos musicais. Tambores, búzios, e cornetas de diferentes tamanhos como panavas, turyas e bheris combinadas para produzir um som que não era somente auspicioso mas também muito doce de se ouvir. Havia milhares de esposas de brahmanas respeitáveis presentes. Essas mulheres estavam todas vestidas muito bem com ornamentos adequados. Elas presentearam Rukmini com colares de flores, polpa de sândalo e uma variedade de trajes coloridos para assisti-la na adoração ao Senhor Shiva e à deusa Durga. Algumas dessas senhoras eram muito idosas e sabiam muito bem como cantar as preces à deusa Durga e Senhor Shiva; assim, acompanhadas por Rukmini e outros, elas conduziram as preces perante a deidade.

Rukmini ofereceu suas preces à deidade por dizer: "Minha querida deusa Durga, eu ofereço minhas respeitosas reverências a Você e também aos seus filhos". A deusa Durga tem quatro filhos famosos: duas filhas - a deusa da fortuna, Lakshmi, e a deusa do conhecimento, Sarasvati; e dois filhos famosos - o Senhor Ganesha e o Senhor Karttikeya. Todos eles são considerados semideuses e deusas. Porque a deusa Durga é sempre adorada junto com seus filhos famosos, Rukmini especificamente ofereceu respeitosas reverências à deidade dessa forma; entretanto, suas preces eram diferentes. Pessoas ordinárias oram à deusa Durga por riqueza, fama, proveito, poder materiais e assim por diante; Rukmini, entretanto, desejou ter Krishna como seu esposo e assim orou à deidade para ficar satisfeita com ela e abençoá-la. Porque ela desejava somente Krishna, a adoração aos semideuses dela não era condenada. Enquanto Rukmini orava, uma variedade de itens foram presenteados perante a deidade, os principais dos quais eram água, diferentes tipos de chamas, incenso, roupas, colares de flores e várias preparações de alimentos feitas no ghee, como puris e kachuris. Também havia frutas, cana de açúcar, nozes de bétel e condimentos oferecidos. Com grande devoção, Rukmini ofereceu todos à deidade de acordo com os princípios ritualísticos dirigidos pelas senhoras idosas brahmanas. Depois dessa cerimônia ritualística, as senhoras ofereceram os restos dos alimentos à Rukmini como prasadam, que ela aceitou com grande respeito. Depois Rukmini ofereceu suas reverências às senhoras e à deusa Durga. Depois que o serviço de adoração à deidade terminou, Rukmini segurou a mão de uma de suas amigas e deixou o templo, acompanhada pelos outros.

Todos os príncipes e visitantes que vieram a Kundina para o casamento estavam reunidos fora do templo para ver Rukmini. Os príncipes estavam especialmente ansiosos para vê-la porque na realidade todos eles pensavam que teriam Rukmini como sua esposa. Maravilhados depois de ver Rukmini, eles pensaram que ela foi especialmente manufaturada pelo Criador para desnortear todos os grandes príncipes nobres. Seu corpo era bem construído, a parte do meio era fina. Ela tinha olhos verdes, lábios rosados, e uma bela face que era incrementada pelo seu cabelo espalhado e por diferentes tipos de brincos. Em torno de seus pés, ela usava medalhões de jóias. O brilho corpóreo e beleza de Rukmini pareciam como pintura de um artista que apresenta perfeitamente a beleza por seguir a descrição de grandes poetas. Os seios de Rukmini são descritos como sendo um pouco elevados, e indicava que ela era justamente uma jovem com não mais de treze ou quatorze anos de idade. Sua beleza era especificamente intencionada a atrair a atenção de Krishna. Apesar dos príncipes fitarem suas belas características, ela não estava nenhum pouco orgulhosa. Seus olhos se moviam incansavelmente, e ela sorria com muita simplicidade, como uma menina inocente, seus dentes pareciam justamente iguais a flores de lótus. Na expectativa de que Krishna a pegaria a qualquer momento, ela prosseguiu bem devagar em direção à sua casa. Suas pernas se moviam justamente iguais a um cisne plenamente adulto, e seus guizos de tornozelo tilintavam muito suavemente.

Como já foi explicado, os grandes nobres príncipes que se reuniram ali estavam tão extasiados pela beleza de Rukmini que quase ficaram inconscientes. Cheios de luxúria, eles desesperadamente desejaram a mão de Rukmini, e comparavam sua beleza com a dela. Srimati Rukmini, entretanto, não estava interessada em nenhum deles; em seu coração, ela simplesmente esperava Krishna chegar e levá-la embora. Quando ela arrumava os ornamentos do seu dedo da mão esquerda, aconteceu que ela olhou para os príncipes e subitamente viu que Krishna estava presente no meio deles. Apesar que Rukmini nunca viu Krishna antes, ela sempre pensava Nele; assim ela não teve dificuldade em reconhecê-Lo entre a ordem principesca. Krishna, sem Se preocupar com os outros príncipes, imediatamente tomou a oportunidade para pôr Rukmini em Sua quadriga, marcada com o estandarte com uma imagem de Garuda. Então Ele prosseguiu devagar, sem medo, e levou embora Rukmini exatamente igual como o leão pega o cervo do meio dos chacais. Enquanto isso, Balarama apareceu em cena com os soldados da dinastia Yadu.

Jarasandha, que tinha experimentado muitas vezes a derrota para Krishna, começou a urrar: "Como é isso? Krishna leva embora Rukmini de nós sem nenhuma oposição! Qual a utilidade de sermos guerreiros nobres com flechas? Meus queridos príncipes, olhem só! Perdemos nossa reputação por essa ação. Ele é igual ao chacal que leva embora o prêmio do leão".

  

   

Assim termina o significado Bhaktivedanta do Capítulo Cinqüenta e Dois de Krishna, "Krishna Rapta Rukmini".

    

   

Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga

Nitai Gaura Hari Bol

 

 

"KRISHNA - A Suprema Personalidade de Deus"

(Original Sem "Correções")

de

Sua Divina Graça
Sri Srimad Bhaktivedanta Swami Maharaj Prabhupada
Paramahamsa Thakura Mahashaya

   

Capítulo 53

Krishna Derrota Todos os Príncipes e Leva Rukmini
para Casa em Dwaraka

   

Todos os príncipes liderados por Jarasandha ficaram muito irados com Krishna por raptar Rukmini. Atordoados pela beleza de Rukmini, eles caíram de cima de seus cavalos e elefantes, porém agora começaram a se levantar e se armar propriamente. Pegaram seus arcos e flechas e começaram a perseguir Krishna em suas quadrigas, cavalos e elefantes. Para impedir seu progresso, os soldados da dinastia Yadu voltaram e os enfrentaram. Assim uma batalha terrível entre os dois grupos beligerantes começou. Os príncipes opositores de Krishna eram liderados por Jarasandha e todos eles eram muito peritos em combate. Eles começaram a disparar suas flechas nos soldados Yadu justamente igual a uma nuvem que esguicha a face de uma montanha com torrentes de chuva. Reunida na frente de uma montanha, uma nuvem não se move muito, portanto a força da chuva é muito mais severa na montanha do que em qualquer outro lugar.

Os príncipes opositores estavam determinados a derrotar Krishna e recapturar Rukmini de Sua custódia, e lutaram com Ele o mais severamente possível. Rukmini, sentada no lado de Krishna, viu as flechas choverem do partido oposto sobre as faces dos soldados Yadu. Com uma atitude temerosa, ela começou a olhar para a face de Krishna, e expressava sua gratidão por Ele assumir tamanho risco somente por causa dela. Seus olhos se moviam, e ela parecia estar muito triste e Krishna pôde entender imediatamente a mente dela. Ele a encorajou com as seguintes palavras: "Minha querida Rukmini, não se preocupe. Por favor, tenha certeza de que os soldados da dinastia Yadu matarão todos os soldados opositores sem demora".

Enquanto Krishna falava com Rukmini, os comandantes dos soldados da dinastia Yadu, chefiados pelo Senhor Balarama, que também é conhecido como Sankarshana, bem como Gadadhara, sem tolerar a atitude desafiadora dos soldados inimigos, começou a atacar seus cavalos, elefantes, e quadrigas com flechas. À medida que a luta progrediu, os príncipes e soldados do campo inimigo começaram a cair de seus cavalos, elefantes e quadrigas. Em muito pouco tempo, pôde-se ver milhões de cabeças decepadas, decoradas com elmos e brincos, caídas no campo de batalha. As mãos dos soldados foram cortadas junto com seus arcos e flechas e maças; uma cabeça foi empilhada em cima de outra, e um cavalo foi empilhado sobre outro. Todos os soldados de infantaria, junto com seus camelos, elefantes e asnos, caíram com cabeças decepadas.

Quando o inimigo, chefiado por Jarasandha, viu que eram gradualmente derrotados pelos soldados de Krishna, acharam insensato arriscar na batalha por causa de Shishupala. O próprio Shishupala deveria lutar para resgatar Rukmini das mãos de Krishna, mas quando os soldados viram que Shishupala não era competente o bastante para lutar com Krishna, decidiram não perder sua força desnecessariamente; assim cessaram o combate e dispersaram.

Alguns dos príncipes, por questão de etiqueta, apareceram perante Shishupala. Eles viram que Shishupala estava muito desencorajado, assim como alguém que perdeu sua esposa. Sua face parecia seca, e ele perdeu toda a sua energia, e todo o brilho do seu corpo desapareceu. Eles se dirigiram a Shishupala assim: "Meu querido Shishupala, não fique desencorajado desse jeito. Você pertence à ordem nobre e é o comandante dos guerreiros. Não há questão de angústia ou felicidade para uma pessoa como você porque nenhuma dessas condições é permanente. Tenha coragem. Não fique desapontado por esse revés temporário. Depois de tudo, nós não somos o ator final; como as marionetes dançam nas mãos de um mágico, todos nós dançamos pela vontade do Supremo, e de acordo com Sua graça somente, nós sofremos angústia ou desfrutamos felicidade, o que assim se equilibra igualmente em todas as circunstâncias".

Toda a catástrofe da derrota foi devido à natureza invejosa do irmão mais velho de Rukmini, Rukmi. Ao ver sua irmã levada à força por Krishna depois de planejar casá-la com Shishupala, Rukmi estava frustrado. Assim ele e Shishupala, seu amigo e cunhado pretendido, voltaram a seus respectivos lares. Rukmi, muito agitado, estava determinado a dar uma lição pessoalmente em Krishna. Ele chamou seus soldados pessoais; uma falange militar que consistia de milhares de elefantes, cavalos, quadrigas e infantaria; e, equipado com essa força militar, ele começou a seguir Krishna para Dwaraka. A fim de exibir seu prestígio, Rukmi começou a prometer aos reis que retornavam: "Vocês não conseguiram ajudar Shishupala casar com minha irmã, Rukmini, porém não posso permitir que Rukmini seja levada embora por Krishna. Eu vou ensinar uma lição a Ele. Agora, eu vou lá". Ele se apresentou como um grande comandante e jurou perante todos os príncipes presentes: "A menos que eu mate Krishna em combate e traga minha irmã de volta das garras Dele, eu nunca mais retornarei à minha cidade capital, Kundina. Eu faço esse juramento perante todos vocês, e vocês verão que cumprirei isso". Depois de assim vibrar todas essas palavras de jactância, Rukmi imediatamente montou em sua quadriga e mandou o piloto de sua quadriga perseguir Krishna. Ele disse: "Eu quero lutar com Ele imediatamente. Esse menino pastor de vacas ficou muito orgulhoso por causa de Sua forma enganosa de lutar com os kshatriyas, entretanto hoje eu ensinarei a Ele uma boa lição. Porque Ele teve a audácia de raptar minha irmã, eu, com minhas flechas afiadas, ensinarei a Ele uma boa lição de verdade". Assim esse homem não inteligente, Rukmi, ignorante sobre a extensão do poder e das atividades da Suprema Personalidade de Deus, começou a vociferar ameaças audaciosas.

Com grande estupidez, ele logo ficou perante Krishna, e dizia a Ele repetidamente: "Pare por um minuto e lute comigo"! Depois de dizer isso, ele sacou seu arco e diretamente disparou três flechas vigorosas contra o corpo de Krishna. Assim ele condenou Krishna como o mais abominável descendente da dinastia Yadu e pediu a Ele para parar um minuto na frente dele para que pudesse ensinar a Ele uma boa lição. "Você roubou a minha irmã exatamente igual a um corvo que rouba a manteiga clarificada destinada para uso em sacrifício. Você está simplesmente orgulhoso de Sua força militar, porém não consegue lutar de acordo com os princípios reguladores. Você roubou minha irmã; agora eu vou liberá-Lo de Seu falso prestígio. Você pode manter minha irmã em Sua posse somente enquanto eu não cravar Você no chão para sempre com minhas flechas".

O Senhor Krishna, depois de ouvir essas palavras insanas de Rukmi, imediatamente disparou uma flecha e cortou a corda do arco de Rukmi, o que o deixou incapaz de usar outra flecha. Rukmi pegou outro arco imediatamente e disparou cinco flechas contra Krishna. Ao ser atacado pela segunda vez por Rukmi, Krishna novamente cortou a corda de seu arco. Rukmi pegou um terceiro arco, e Krishna novamente cortou sua corda. Dessa vez, para dar uma lição em Rukmi, Krishna pessoalmente atirou seis flechas nele, e depois Ele atirou outras oito flechas. Assim quatro cavalos morreram com quatro flechas, o piloto da quadriga morreu com outra flecha, e a parte superior da quadriga de Rukmi, inclusive a flâmula, foi decepada com as três flechas restantes.

Sem mais flechas que acabaram, Rukmi tomou a assistência de espadas, escudos, tridentes, lanças e armas similares usadas na luta corpo a corpo, entretanto Krishna imediatamente cortou todas elas da mesma forma. Frustrado repetidamente em suas tentativas, Rukmi simplesmente pegou sua espada e correu bem rápido em direção a Krishna, da mesma forma que um mosquito procede em direção ao fogo. Logo que Rukmi alcançou Krishna, Krishna cortou suas armas em pedaços. Dessa vez, Krishna pegou sua espada afiada e ia matá-lo quase imediatamente, porém a irmã de Rukmi, Rukmini, entendeu que dessa vez Krishna não perdoaria seu irmão, assim caiu aos pés de lótus de Krishna e num tom bem penoso, a tremer com grande medo, começou a apelar a seu esposo.

Rukmini primeiro chamou Krishna de "Yogeshvara". Yogeshvara significa aquele que é dotado de inconcebíveis opulência e energia. Krishna é dotado de inconcebíveis opulência e energia, enquanto o irmão de Rukmini só tinha uma potência militar limitada. Krishna é incomensurável, enquanto seu irmão era mensurável em cada passo de sua vida. Assim, Rukmi não era nem mesmo comparado a um insignificante inseto perante o poder ilimitado de Krishna. Ela também chamou Krishna de Deus dos deuses. Existem muitos deuses poderosos, como o Senhor Brahma, Senhor Shiva, Indra, e Chandra; Krishna é o Senhor de todos esses deuses, enquanto o irmão de Rukmini não era apenas um ser humano ordinário, porém de fato, o mais baixo de todos porque não tinha compreensão sobre Krishna. Em outras palavras, um ser humano que não tem concepção da posição verdadeira de Krishna é o mais baixo na sociedade humana. Rukmini também chamou Krishna de "Jagatpati", o mestre de toda a manifestação cósmica. Em comparação, seu irmão era apenas um príncipe ordinário.

Dessa forma, Rukmini comparou a posição de Rukmi com a de Krishna e com muito sentimento implorou a seu esposo para não matar seu irmão justamente logo antes do tempo auspicioso de ela se unir a Krishna, e sim perdoá-lo. Em outras palavras, ela exibiu sua posição como uma mulher. Ela estava feliz por ter Krishna como seu esposo justamente no momento que seu casamento com outro seria executado, porém ela não queria isso com a perda de seu irmão mais velho, que depois de tudo, amava sua irmã mais nova e queria entregar sua mão a alguém, de acordo com seus cálculos, um homem melhor. Enquanto Rukmini implorava a Krishna pela vida de seu irmão, todo seu corpo tremeu, e por causa de sua ansiedade, sua face parecia que secou, sua garganta ficou sufocada, e, devido à sua tremedeira, os ornamentos de seu corpo afrouxaram e caíram espalhados no chão. O Senhor Krishna imediatamente sentiu compaixão e decidiu não matar o tolo Rukmi. Porém, ao mesmo tempo, Ele quis lhe dar uma punição leve, assim Ele o amarrou com um pedaço de pano e picotou seu bigode, barba e cabelo, e deixou alguns tufos aqui e ali.

Enquanto Krishna lidava com Rukmi dessa forma, os soldados da dinastia Yadu, comandados pelo próprio Balarama, quebraram toda a força do exército de Rukmi justamente igual a um elefante num tanque que descarta o caule delicado de uma flor de lótus. Em outras palavras, da mesma forma que um elefante quebra toda a construção de uma flor de lótus enquanto se banha num reservatório de água, assim a força militar dos Yadus quebrou as forças de Rukmi. Então quando os comandantes da dinastia Yadu vieram ver Krishna, todos ficaram surpresos de ver a condição de Rukmi. O Senhor Balarama sentiu compaixão especialmente por Sua cunhada, que acabou de casar com Seu irmão. A fim de satisfazer Rukmini, Balarama desamarrou Rukmi pessoalmente, e para agradá-la mais ainda, Balarama, o irmão mais velho de Krishna, disse algumas palavras de repreensão. "Krishna, Sua ação não é nenhum pouco satisfatória", disse Ele. "Isso é uma abominação muito contrária à nossa tradição familiar! Cortar o cabelo de alguém e raspar seu bigode e barba é quase comparável a matá-lo. O que Rukmi possa ter sido, agora ele é nosso cunhado, um parente da nossa família, e Você não devia tê-lo posto nessa condição".

Depois disso, para acalmá-la, o Senhor Balarama disse a Rukmini: "Você não deve ter pena porque seu irmão foi deixado com uma aparência tão estranha. Todos sofrem ou desfrutam os resultados de suas próprias ações". O Senhor Balarama queria fixar em Rukmini que ela não devia sentir pena das conseqüências sofridas por seu irmão devido às ações dele. Por isso não havia necessidade de ter tanta afeição por um irmão desse. O Senhor Balarama novamente voltou em direção a Krishna e disse: "Meu querido Krishna, um parente, mesmo se cometer tamanha asneira e merecer ser morto, deve ser perdoado. Porque quando esse parente é consciente de sua própria falta, essa consciência em si é como a morte. Portanto, não há necessidade de matá-lo". Ele novamente Se dirigiu a Rukmini e a informou que o dever corrente do kshatriya na sociedade humana é fixado como, de acordo com os princípios do combate, o próprio irmão pode se tornar um inimigo do lado oposto. Um kshatriya não hesita em matar seu próprio irmão. Em outras palavras, o Senhor Balarama queria instruir Rukmini que Rukmi e Krishna estavam certos em não mostrar misericórdia um com o outro no combate, apesar da consideração de família de que aconteceu virarem cunhados. Sri Balarama continuou a informar Rukmini que os kshatriyas são emblemas típicos do modo de vida materialista; eles ficam exaltados sempre que há uma questão de aquisição material. Portanto, quando há um combate entre dois kshatriyas beligerantes por causa de reino, terra, riqueza, mulheres, prestígio ou poder, eles tentam pôr um o outro na condição mais abominável. Balarama instruiu Rukmini que sua afeição por seu irmão Rukmi, que criou inimizade com tantas pessoas, era uma consideração perversa digna de uma pessoa materialista ordinária. O caráter do irmão dela não era adorável mesmo, por considerar seu comportamento com outros amigos, ainda assim Rukmini, como uma mulher ordinária, tinha tanta afeição por ele. Ele não era digno de ser seu irmão, e ainda assim Rukmini era clemente com ele.

"Além disso", Balarama continuou, "a consideração de que uma pessoa é neutra ou é amiga ou inimiga de alguém é geralmente feita por pessoas que estão no conceito corpóreo de vida. Tais pessoas tolas ficam confusas pela energia ilusória do Supremo Senhor. A alma espiritual é da mesma qualidade pura em qualquer corporificação da matéria, entretanto aqueles que não são suficientemente inteligentes vêem apenas as diferenciações corpóreas de animais e homens, letrados ou iletrados, rico e pobre, e assim por diante, o que cobre a alma espiritual. Tal diferenciação, observada puramente na base do corpo, é exatamente como a diferenciação entre fogos nos termos dos diferentes tipos de combustíveis que eles consomem. Seja qual for o tamanho e a forma do combustível, não existe tal variedade de tamanho e forma do fogo que sai. Similarmente, no céu, não existem diferenças em tamanho e forma".

Dessa forma, Balarama os apaziguou com Sua instrução moral e ética. Ele afirmou mais ainda: "Este corpo é uma parte da manifestação material. O ser vivo ou alma espiritual, em contato com a matéria, transmigra, devido ao prazer ilusório, de um corpo a outro, e isso é conhecido como existência material. Este contato do ser vivo com a manifestação material não tem nem integração nem desintegração. Minha querida e casta cunhada, a alma espiritual, é claro, é a causa do corpo material tanto quanto o Sol é a causa da luz solar, visão, e as formas da manifestação material". O exemplo da luz solar e da manifestação material é muito apropriado na matéria do entendimento do contato do ser vivo com este mundo material. De manhã, há o nascer-do-sol, e o calor e luz se expandem gradualmente por todo o dia inteiro. O Sol é a causa de toda produção material e modelos e formas; é devido ao Sol que integração e desintegração dos elementos materiais acontecem. Porém logo que o Sol se põe, a manifestação inteira não está mais conectada ao Sol, que passou de um lugar ao outro. Quando o Sol passa do hemisfério oriental ao ocidental, o resultado da interação devido ao brilho solar no hemisfério oriental permanece, porém o brilho solar em si é visto novamente no hemisfério ocidental. Similarmente, o ser vivo aceita ou produz diferentes corpos e diferentes relações corpóreas numa circunstância particular, contudo logo que abandona o presente corpo e aceita outro, ele não tem nada a ver com o corpo anterior. Similarmente, o ser vivo não tem nada a ver com o próximo corpo que ele aceita. Ele está sempre livre do contato desta contaminação corpórea. Portanto, a conclusão disso é que o aparecimento e desaparecimento do corpo não têm nada a ver com o ser vivo, tanto quanto o crescer e minguar da Lua não têm nada a ver com a Lua. Quando acontece a lua crescente, pensamos falsamente que a Lua cresce, e quando acontece a lua minguante, pensamos que a Lua diminui. Na realidade a Lua, como ela é, é sempre a mesma; não tem nada a ver com tais atividades visuais de crescer e minguar.

"Consciência da existência material pode ser comparada a dormir e sonhar. Quando um humano sonha, ele sonha sobre muitos acontecimentos não reais, e como um resultado do sonho, ele fica sujeito a diferentes tipos de sofrimento e felicidade. Similarmente, quando uma pessoa está na condição sonhadora da consciência material, ele sofre os efeitos de aceitar um corpo e abandoná-lo novamente na existência material. Oposto a essa consciência material está a Consciência de Krishna. Em outras palavras, quando um humano é elevado à plataforma da Consciência de Krishna, ele se torna livre deste conceito de vida falso".

Dessa forma, Sri Balarama os instruiu sobre conhecimento espiritual. Ele Se dirigiu à Sua cunhada assim: "Doce, sorridente Rukmini, não fique aflita por motivos falsos causados pela ignorância. Por causa de noções falsas a pessoa somente fica infeliz, entretanto essa tristeza é imediatamente removida por discutir filosofia da vida real. Será feliz somente nessa plataforma".

Depois de ouvir uma instrução tão iluminadora de Sri Balarama, Rukmini imediatamente ficou calma e feliz e ajustou sua condição mental, que estava muito aflita por ver a posição degradada de seu irmão, Rukmi. No que diz respeito a Rukmi, nem sua promessa foi cumprida nem sua missão bem sucedida. Ele veio de sua casa com seus soldados e falanges militares para derrotar Krishna e libertar sua irmã, todavia ao contrário, ele perdeu todos seus soldados e poder militar. Pessoalmente, ele estava muito degradado, e nessa condição ele estava muito triste; entretanto pela graça do Senhor ele pôde continuar sua vida para o destino fixo. Porque ele era um kshatriya, pôde lembrar sua promessa que não retornaria à sua cidade capital, Kundina, sem matar Krishna e libertar sua irmã, o que ele falhou em fazer; assim, ele decidiu com ira não retornar à sua cidade capital, e construiu uma pequena cabana na vila conhecida como Bhojakata e começou a residir lá para o resto de sua vida.

Depois de derrotar todos os elementos opositores e levar Rukmini à força, Krishna a levou para Sua cidade capital, Dwaraka, e assim casou com ela de acordo com o princípio ritualístico Védico. Depois de Seu casamento, Krishna Se tornou o Rei dos Yadus em Dwaraka. Na ocasião de Seu casamento com Rukmini, todos os habitantes estavam muito felizes, e em cada casa havia grandes cerimônias. Os habitantes da Cidade de Dwaraka ficaram tão contentes que se vestiram com os melhores trajes e ornamentos possíveis, e foram presentear de acordo com seus meios o casal recém-casado, Krishna e Rukmini. Todas as casas de Yadupuri (Dwaraka) estavam decoradas com bandeirinhas, festões e flores. Cada e toda casa tinha um portão extraordinário especificamente preparado para essa ocasião, e nos dois lados do portão havia grandes cântaros cheios de água. A cidade inteira estava aromatizada com a queima de incenso de alta qualidade, e à noite, havia iluminação com milhares de lamparinas, que decoravam cada e todo prédio.

A cidade inteira parecia radiante na ocasião do casamento do Senhor Krishna com Rukmini. Em toda parte da cidade havia decorações profusas com bananeiras e árvores de noz de bétel. Essas duas árvores são consideradas muito auspiciosas em cerimônias felizes. Ao mesmo tempo, havia uma assembléia de muitos elefantes, que carregavam os reis respectivos dos diferentes reinos amistosos. É um hábito do elefante sempre que vê algumas plantas pequenas, por causa de sua natureza frívola esportiva, ele arranca as árvores e as atira para lá e para cá. Os elefantes reunidos nessa ocasião também espalharam as bananeiras e árvores de noz de bétel, porém apesar dessa ação intoxicada, a cidade inteira, com as árvores jogadas aqui e ali, parecia muito linda.

Os reis amistosos dos Kurus e Pandavas estavam representados por Dhritarastra, os cinco irmãos Pandavas, o rei Drupada, o rei Santardana, e também o pai de Rukmini, Bhishmaka. Porque Krishna raptou Rukmini, houve inicialmente algum desentendimento entre as duas famílias, porém Bhishmaka, rei de Vidarbha, após ser aproximado pelo Senhor Balarama e persuadido por muitas pessoas santificadas, foi induzido a participar da cerimônia de casamento de Krishna e Rukmini. Apesar do incidente de Krishna raptar não ser uma ocorrência muito feliz no reino de Vidarbha, o rapto não era um caso incomum entre os kshatriyas. Rapto, de fato, era corrente em quase todos os casamentos. De qualquer forma, o rei Bhishmaka desde o início era favorável a dar a mão de sua linda filha a Krishna. De uma forma ou de outra, seu propósito foi servido, e por isso ele estava feliz de participar da cerimônia de casamento, mesmo apesar de seu filho mais velho se degradar no combate. Está mencionado no Padma Purana que Maharaja Nanda e os meninos pastores de vacas de Vrindavana participaram da cerimônia de casamento. Reis dos reinos de Kuru, Srinjaya, Kekaya, Vidarbha e Kunti vieram à Dwaraka na ocasião com toda sua parafernália real.

A história de Rukmini ser raptada por Krishna foi poetizada, e os leitores profissionais a recitam em toda parte. Todos os reis reunidos e, especialmente, suas filhas ficaram abismados e ficaram muito contentes depois de ouvirem as atividades heróicas de Krishna. Dessa forma, todos os visitantes e também os habitantes da Cidade de Dwaraka ficaram muito felizes de ver Krishna e Rukmini juntos. Em outras palavras, o Supremo Senhor, o mantenedor de todos, e a deusa da fortuna estavam unidos, e todas as pessoas sentiram extremo júbilo.

  

  

Assim termina o significado Bhaktivedanta do Capítulo Cinqüenta e Três de Krishna, "Krishna Derrota Todos os Príncipes e Leva Rukmini para Casa em Dwaraka".

    

   

Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga

Nitai Gaura Hari Bol

 

 

"KRISHNA - A Suprema Personalidade de Deus"

(Original Sem "Correções")

de

Sua Divina Graça
Sri Srimad Bhaktivedanta Swami Maharaj Prabhupada
Paramahamsa Thakura Mahashaya

   

Capítulo 54

Pradyumna Nasce de Krishna e Rukmini

   

É dito que Cupido, que é diretamente parte e parcela do Senhor Vasudeva e que anteriormente foi queimado até as cinzas pela ira do Senhor Shiva, nasceu no ventre de Rukmini gerado por Krishna. Esse é Kamadeva, um semideus dos planetas celestiais especialmente capaz de induzir desejos luxuriosos. A Suprema Personalidade de Deus, Krishna, tem vários graus de partes e parcelas, contudo as expansões quádruplas de Krishna - Vasudeva, Sankarshana, Pradyumna e Aniruddha - estão diretamente na categoria de Vishnu. Kama, ou o semideus Cupido, que mais tarde tomou seu nascimento no ventre de Rukmini, também foi chamado Pradyumna, contudo ele não pode ser o Pradyumna da categoria Vishnu. Ele pertence à categoria de jiva-tattva, porém por poder especial na categoria dos semideuses, ele era uma parte e parcela da superior destreza de Pradyumna. Esse é o veredito dos Goswamis. Por isso, quando Cupido foi queimado até as cinzas pela ira do Senhor Shiva, ele penetrou no corpo de Vasudeva, e a fim de obter seu corpo novamente, ele foi gerado pelo próprio Senhor Krishna em pessoa; ele foi diretamente liberado de seu corpo no ventre de Rukmini e nasceu como o filho de Krishna, celebrado com o nome Pradyumna. Porque ele foi gerado pelo Senhor Krishna diretamente, suas qualidades eram na maioria similares às de Krishna.

Havia um demônio chamado Shambara que estava destinado a ser morto por esse Pradyumna. O demônio Shambara sabia de seu destino, logo que soube do nascimento de Pradyumna, ele assumiu a forma de uma mulher e raptou o bebê da maternidade no lar menos de dez dias após seu nascimento. O demônio o pegou e o atirou diretamente no mar. Todavia, como é dito, "quem quer que esteja protegido por Krishna, ninguém pode matar; e qualquer um que esteja destinado a ser morto por Krishna, ninguém pode proteger". Quando Pradyumna foi atirado no mar, um grande peixe imediatamente o engoliu. Mais tarde, esse peixe foi pego na rede dum pescador, e o peixe foi vendido posteriormente ao demônio Shambara. Na cozinha do demônio, havia uma servente cujo nome era Mayavati. Essa mulher anteriormente foi a esposa de Cupido, e se chamava Rati. Quando o peixe foi apresentado ao demônio Shambara, ficou aos cuidados de seu cozinheiro, que faria uma saborosa preparação com o peixe. Demônios e rakshasas estão acostumados a comer carne, peixe e comidas não vegetarianas similares. Similarmente, outros demônios, como Ravana, Kamsa e Hiranyakashipu, apesar de nascerem de pais brahmanas e kshatriyas, costumavam comer carne e churrasco sem discriminação. Essa prática ainda é prevalecente na Índia, e aqueles que são comedores de carne e peixe geralmente são chamados demônios e rakshasas.

Quando o cozinheiro cortava o peixe, encontrou um lindo bebê dentro do estômago do peixe, e ele imediatamente o apresentou ao cuidado de Mayavati, que era uma assistente das tarefas da cozinha. Essa mulher ficou surpresa de como um bebê tão lindo pudesse permanecer dentro do estômago do peixe, e a situação a deixou perplexa. O grande sábio Narada apareceu então e explicou a ela sobre o nascimento de Pradyumna, como o bebê foi levado por Shambara e depois atirado no mar, e assim por diante. Dessa forma toda a história foi revelada a Mayavati, que anteriormente foi Rati, a esposa de Cupido. Mayavati sabia que anteriormente foi a esposa de Cupido; depois que seu esposo foi morto pela ira do Senhor Shiva, ela sempre esperou por ele para retornar novamente na forma material. Essa mulher estava dedicada a cozinhar arroz e dahl na cozinha, porém quando ela obteve esse lindo bebê e entendeu que ele era Cupido, seu próprio esposo, ela naturalmente cuidou dele e com grande afeição começou a banhá-lo. Milagrosamente, o bebê cresceu muito rápido, e num curto período se tornou um belo homem jovem. Seus olhos eram iguais a pétalas de flores de lótus, seus braços eram muito longos, até os joelhos, e qualquer mulher que acontecesse de vê-lo ficava cativada por sua beleza corpórea.

Mayavati pôde entender que seu esposo anterior, Cupido, nascido como Pradyumna, cresceu como um jovem homem tão belo, e ela também gradualmente ficou cativada e luxuriosa. Ela sorria perante ele com uma atratividade feminina, a expressar seu desejo por união sexual. Ele então a inquiriu: "Como é possível que primeiro de tudo você era afetuosa como uma mãe, e agora expressa sintomas de uma mulher luxuriosa? Qual o motivo dessa mudança"? Ao ouvir essa afirmação de Pradyumna, a mulher, Rati, respondeu: "Meu querido senhor, você é o filho do Senhor Krishna. Antes de completar dez dias de idade, você foi roubado pelo demônio Shambara e depois atirado no mar e engolido por um peixe. Assim dessa forma, você chegou aos meus cuidados, todavia na realidade, em sua vida anterior como Cupido, eu era sua esposa; por isso, minha manifestação de sintomas conjugais não é em nada incompatível. Shambara queria matar você, e ele é dotado com vários tipos de poderes místicos. Portanto, antes que ele tente matá-lo de novo, por favor, mate-o o mais rápido possível com seu poder divino. Desde quando você foi roubado por Shambara, sua mãe, Rukmini-devi, está numa condição muito penosa, como um pássaro cuco que perdeu seus filhotes. Ela tem muita afeição por você, e desde que foi levado embora dela, ela vive igual a uma vaca aflita pela perda de seu bezerro".

Mayavati tinha conhecimento místico do poder sobrenatural. Poderes sobrenaturais geralmente são conhecidos como maya, e para superar todo esse poder sobrenatural existe outro poder sobrenatural que é chamado mahamaya. Mayavati tinha o conhecimento do poder místico de mahamaya, e ela entregou a Pradyumna esse poder energético específico a fim de derrotar os poderes místicos do demônio Shambara. Então assim dotado de poder por sua mulher, Pradyumna imediatamente foi até Shambara e o desafiou para lutar. Pradyumna começou a se dirigir a ele com uma linguagem muito forte, para que seu temperamento pudesse ficar agitado e ele ficasse movido a lutar. Com as palavras de Pradyumna, o demônio Shambara, insultado, sentiu-se como uma serpente golpeada pela perna de alguém. Uma serpente não pode tolerar ser pisoteada por outro animal ou por um humano, e imediatamente pica o oponente.

Shambara sentiu as palavras de Pradyumna como um pisão. Ele imediatamente segurou sua maça em sua mão e apareceu na frente de Pradyumna para lutar. Com grande fúria, ele começou a golpear Pradyumna com sua maça, justamente igual a um raio que bate na montanha. O demônio também gemia e fazia um barulho igual a uma nuvem de raios. Pradyumna se protegeu com sua própria maça, e eventualmente golpeava o demônio muito severamente. Assim dessa forma, o combate entre Shambarasura e Pradyumna começou muito seriamente.

Todavia Shambara conhecia a arte dos poderes místicos e podia se elevar ao céu e lutar do espaço exterior. Existe outro demônio com o nome Maya, e Shambarasura aprendeu muitos poderes místicos com ele. Assim ele se elevou alto no céu e começou a atirar várias armas nucleares no corpo de Pradyumna. A fim de combater os poderes místicos de Shambarasura, Pradyumna lembrou outro poder místico, conhecido como mahavidya, que era diferente do poder místico negro. O poder místico mahavidya é baseado na qualidade da bondade. Ao entender que seu inimigo era formidável, Shambara tomou a assistência de vários tipos de poderes místicos demoníacos pertencentes aos Guhyakas, aos Gandharvas, aos Pishachas, às serpentes e aos Rakshasas. Porém apesar do demônio exibir seus poderes místicos e se abrigar no poder sobrenatural, Pradyumna foi capaz de conter seu poder e proeza pelo poder superior de mahavidya. Quando Shambarasura foi derrotado em todos os aspectos, Pradyumna então pegou sua espada afiada e imediatamente cortou a cabeça do demônio, que estava decorada com um elmo e com jóias preciosas. Quando Pradyumna matou o demônio assim, todos os semideuses nos sistemas planetários superiores começaram a chover flores sobre ele.

A esposa de Pradyumna podia viajar pelo espaço exterior, assim eles chegaram diretamente à capital do pai dele, Dwaraka, por via aérea. Eles passaram por cima do palácio do Senhor Krishna e começaram a descer como uma nuvem desce com relâmpagos. A parte interior de um palácio é conhecida como antahpura (apartamentos privativos). Pradyumna e Mayavati puderam ver que havia muitas mulheres ali, e elas se sentavam entre si. Quando as mulheres viram Pradyumna, vestido com trajes azuis, com braços muito longos, cabelo encaracolado, belos olhos, uma face avermelhada brilhante, jóias preciosas e ornamentos, elas primeiro de tudo não o reconheceram como Pradyumna, uma personalidade diferente de Krishna. Todas elas se sentiram muito abençoadas pela presença súbita de Krishna, e elas queriam se esconder num canto diferente do palácio.

Quando as mulheres viram, entretanto, que todas as características de Krishna não estavam presentes na personalidade de Pradyumna, por curiosidade, elas voltaram novamente para ver ele e sua mulher, Mayavati. Todas elas conjeturavam sobre quem era ele, porque ele era muito belo. Entre as mulheres estava Rukminidevi, que era igualmente bela, com seus olhos de lótus. Ao ver Pradyumna, ela imediatamente lembrou seu filho, e leite começou a fluir de seus seios por causa de sua afeição maternal. Ela então começou imaginar admirada: "Quem é esse jovem menino? Ele parece ser a pessoa mais bela. Quem é a jovem mulher capaz de dar à luz esse belo menino em seu ventre e se tornar sua mãe? E quem é a jovem mulher que o acompanha? Como eles se encontraram? Lembra meu próprio filho, que foi roubado da maternidade no lar, eu só posso supor que ele esteja vivo em algum lugar, ele deve ter crescido até hoje e deve ser igual a esse menino". Simplesmente por intuição, Rukmini pôde entender que Pradyumna era seu próprio filho perdido. Ela também pôde observar que Pradyumna parecia o próprio Senhor Krishna em todos os aspectos. Ela estava maravilhada sobre como ele adquiriu todos os sintomas de Krishna. Assim ela começou a pensar mais confidencialmente que o menino devia ser seu filho crescido porque ela sentiu muita afeição por ele, e, como um sinal auspicioso, seu braço esquerdo tremia.

Nesse mesmo momento, o Senhor Krishna, junto com Seu pai e mãe, Devaki e Vasudeva, apareceu em cena. Krishna, a Suprema Personalidade de Deus, pôde entender tudo, porém naquela situação Ele permaneceu em silêncio. Entretanto, pelo desejo do Senhor Sri Krishna, o grande sábio Narada também apareceu em cena, e começou a revelar todos os incidentes. Como Pradyumna foi roubado da maternidade do lar e como ele cresceu e chegou ali com sua esposa Mayavati, que anteriormente foi Rati, a esposa de Cupido. Quando todos ficaram informados sobre o desaparecimento misterioso de Pradyumna e como ele cresceu, todos eles ficaram maravilhados porque obtiveram de volta seu filho morto depois de quase não terem mais esperança do seu retorno. Quando entenderam que era Pradyumna que estava presente, começaram a recebê-lo com grande deleite. Um depois do outro, todos os membros da família; Devaki, Vasudeva, o Senhor Sri Krishna, o Senhor Balarama, e Rukmini e todas as mulheres da família; começaram a abraçar ambos Pradyumna e sua esposa Mayavati. Quando a notícia do retorno de Pradyumna foi espalhado por toda a cidade de Dwaraka, todos os cidadãos atônitos começaram a vir com grande ansiedade para ver o perdido Pradyumna. Eles começaram a dizer: "O filho morto voltou. O que pode ser mais agradável do que isso"?

Srila Shukadeva Goswami explicou que, no começo, todas as residentes do palácio, que eram todas mães e mães adotivas de Pradyumna, o confundiram com Krishna e ficaram envergonhadas, infectadas com o desejo de amor conjugal. A explicação é que o aparecimento pessoal de Pradyumna é exatamente igual ao de Krishna, e ele era na realidade o próprio Cupido em pessoa. Não havia causa para espanto, portanto, quando as mães de Pradyumna e outras mulheres o confundiram dessa forma. Está claro na afirmação que as características corpóreas de Pradyumna eram tão similares às de Krishna que ele foi confundido com Krishna mesmo por sua mãe.

  

   

Assim termina o significado Bhaktivedanta do Capítulo Cinqüenta e Quatro de Krishna, "Pradyumna Nasce de Krishna e Rukmini".

    

       

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