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Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga Nitai Gaura Hari Bol
Mahabharata Volume 4 |
O Desaparecimento de Dhritarastra Quando Yudhisthira finalmente deu seu consentimento para Dhritarastra se retirar na floresta, Dhritarastra e Gandhari voltaram para sua residência e quebraram o jejum. Kunti sentou com Gandhari e comeram juntas. Dhritarastra pediu para Yudhisthira sentar ao seu lado e lhe deu suas últimas bênçãos. O velho saiu, e com sua mão apoiada no ombro de Gandhari, andou vagarosamente para fora da cidade em sua jornada para a floresta. Gandhari, que renunciou à sua visão porque seu marido era cego e vendou seus olhos com um pano durante a vida inteira, apoiou sua mão no ombro de Kunti e andou vagarosamente, guiada dessa forma. Kunti decidiu ir para a floresta junto com Gandhari. Enquanto andava, ela falava com Yudhisthira: "Filho, nunca deixe que sua fala seja irada quando falar com Sahadeva. Lembre-se de Karna com amor, ele que morreu como herói no campo de batalha. Ele era meu filho, mas eu cometi o crime de não revelar isso a você. Cuide de Draupadi com afeto impecável. Nunca cause tristeza a Bhima, Arjuna, Nakula e Sahadeva. Mantenha isso sempre em sua mente, filho. O fardo da família agora está todo com você". Dharmaputra achava que Kunti ia só acompanhar Gandhari por algum tempo e se despedir. Quando a ouviu falar assim, parou e ficou sem fala por um momento. Quando se recobrou do choque, disse: "Mãe, não faça isso! Você nos abençoou e nos mandou para a batalha. Não é certo que nos abandone agora e vá para a floresta". As súplicas de Yudhisthira não adiantaram. Kunti manteve sua decisão. "Tenho que me encontrar com meu senhor e esposo onde quer que ele esteja. Eu irei com Gandhari e seguirei a disciplina da vida na floresta e logo me juntarei a seu pai. Volte sem ficar perturbado. Volte para a cidade. Que sua mente sempre fique fixa em dharma". Assim, Kunti abençoou seu ilustre filho e partiu. Yudhisthira ficou sem fala. Kunti continuou seu caminho, e olhava para trás ocasionalmente para ele e seus outros filhos. Cada um com a mão no ombro do outro, essa cena dos três mais velhos da dinastia que caminhavam em seu caminho para a floresta e deixaram seus filhos para trás, é retratada pelo poeta de forma tão vívida que deixa o leitor muito emocionado, como se fosse a partida de sua própria família. Dhritarastra, Gandhari e Kunti passaram três anos na floresta. Sanjaya foi com eles. Um dia, Dhritarastra terminou suas abluções... (Recomendamos mais uma vez a leitura do Srimad Bhagavatam de Sua Divina Graça Srila Bhaktivedanta Swami Maharaja Prabhupada, Primeiro Canto, Capítulo Treze, "Dhritarastra Abandona o Lar"). A seguir citamos os Versos 51 a 60 deste Capítulo do Srimad Bhagavatam. Como Narada descreveu para Yudhisthira: "Ó rei, seu tio Dhritarastra com seu irmão Vidura e sua esposa Gandhari foram para o lado sul do Himalaia, onde há abrigos para os grandes sábios". "O local se chama Saptasrota (dividido por sete) porque as águas sagradas do Ganges se dividem em sete ramos. Isso foi feito para a satisfação dos sete grandes sábios". "Na margem de Saptasrota, Dhritarastra começou a praticar astanga-yoga, com três banhos por dia, realização do sacrifício agnihotra com fogo e alimentação só com água. Isso ajuda a pessoa a controlar a mente e os sentidos, e a libera plenamente dos pensamentos de afeição familiar". "Quem domina as posturas sentadas (yoga asana) e o processo de respiração, pode voltar os sentidos para a Absoluta Personalidade de Deus, e assim se tornar imune das contaminações dos modos da natureza material, a saber, bondade, paixão e ignorância mundanas". "Dhritarastra terá que amalgamar sua identidade pura com a inteligência e depois se fundir no Ser Supremo com conhecimento de sua unidade qualitativa, como ser vivo, com o Brahman Supremo. Livre do céu bloqueado, ele terá de se elevar para o céu espiritual". "Ele terá que suspender todas ações dos sentidos, mesmo do lado externo, e terá que ficar impenetrável das interações dos sentidos, que são influenciadas pelos modos da natureza material. Depois de renunciar todos deveres materiais, ele tem que ficar imóvel, além de todas fontes de obstáculos no caminho". "Ó rei, ele deixará seu corpo, mais provável daqui a cinco dias a partir de hoje. E seu corpo será queimado a cinzas". Iluminação de Srila Prabhupada: Narada Muni continuou: "Ao observar seu esposo do lado de fora, que queimará no fogo do poder místico junto com sua cabana de palha, essa esposa casta entrará no fogo com a atenção arrebatada". "Vidura, afetado pelo encanto e tristeza, deixará então esse lugar sagrado de peregrinação". "Depois de falar assim, o grande sábio Narada, junto com sua vina, ascendeu ao espaço sideral. Yudhisthira guardou suas instruções em seu coração e assim conseguiu se livrar de toda lamentação". Sanjaya, que esteve com o rei cego durante toda sua vida, e era sua única luz, e era querido por ele como sua própria vida, passou o resto de seus dias no Himalaia como sannyasi.
Capítulo Treze Dhritarastra Deixa o Lar Verso 1 süta uväca Sri Suta Goswami disse: Enquanto viajava numa peregrinação, Vidura recebeu conhecimento sobre a destinação do eu do grande sábio Maitreya e depois retornou para Hastinapura. Ele se tornou tão bem versado no assunto do modo como desejou. Iluminação de Srila Prabhupada: Vidura: Uma das figuras proeminentes na história do Mahabharata. Ele foi concebido por Vyasadeva no ventre de uma criada de Ambika, mãe de Maharaja Pandu. Ele é a encarnação de Yamaraja. Amaldiçoado por Manduka Muni, ele teve que se tornar um sudra. A história é narrada como se segue. Certa vez a polícia estadual capturou alguns ladrões que se esconderam no eremitério de Manduka Muni. Os agentes da polícia, como sempre, prenderam todos ladrões e Manduka Muni junto com eles. O magistrado especificamente puniu o muni para morte por ser perfurado com uma lança. Quando ele já estava para ser perfurado, a notícia chegou até o rei, e ele imediatamente parou o ato em consideração por ele ser um grande muni. O rei pessoalmente implorou o perdão do muni pelo erro de seus homens, e o santo imediatamente foi até Yamaraja, que prescreve o destino dos seres vivos. Yamaraja, depois de questionado pelo muni, respondeu que o muni em sua infância perfurou uma formiga com uma palha afiada, e por isso ele foi posto em dificuldade. O muni considerou isso insensato por parte de Yamaraja que ele foi punido por sua inocência infantil, e por isso o muni amaldiçoou Yamaraja a se tornar um sudra, e essa encarnação sudra de Yamaraja ficou conhecida como Vidura, o irmão sudra de Dhritarastra e Maharaja Pandu. Mas esse filho sudra da dinastia Kuru foi igualmente tratado por Bhismadeva, junto com seus outros primos, e no devido curso Vidura casou com uma moça que também nasceu no ventre de uma sudrani por um brahmana. Embora Vidura não herdou a propriedade de seu pai (o irmão de Bhismadeva), mesmo assim a ele foi dada propriedade do estado suficiente por Dhritarastra, o irmão mais velho de Vidura. Vidura era muito apegado a seu irmão mais velho, e o tempo todo tentou guiá-lo no caminho certo. Durante a guerra fratricida de Kurukshetra, Vidura repetidamente implorou para seu irmão mais velho fazer justiça para os filhos de Pandu, mas Duryodhana não gostava dessa interferência do seu tio, e assim ele praticamente insultou Vidura. Isso resultou em Vidura deixar o lar para peregrinação e receber instruções de Maitreya. Verso 2 yävataù kåtavän praçnän Depois de perguntar várias questões e se tornar estabelecido no serviço amoroso transcendental do Senhor Krishna, Vidura se retirou de fazer perguntas para Maitreya Muni. Iluminação de Srila Prabhupada: Vidura se retirou de fazer perguntas para Maitreya Muni quando ficou convencido por Maitreya Rishi que o summum bonum da vida é estar finalmente situado no serviço amoroso transcendental do Senhor Sri Krishna, que é Govinda, ou aquele que satisfaz seus devotos em todos aspectos. A alma condicionada, o ser vivo na existência material, procura felicidade por empregar seus sentidos nos modos do materialismo, mas isso não pode dar a ele satisfação. Ele então procura pela Verdade Suprema pelo método filosófico especulativo empírico e malabarismos intelectuais. Mas se não encontrar o objetivo último, ele novamente cai para baixo nas atividades materiais e se engaja em vários trabalhos filantrópicos e altruístas, os quais todos falham em dar a ele satisfação. Assim nem atividades lucrativas nem especulação filosófica seca podem dar satisfação para alguém porque por natureza todo ser vivo é o servidor eterno do Supremo Senhor Sri Krishna, e todas as literaturas Védicas dão a ele direção com o objetivo para esse fim último. O Bhagavad-gita (15.15) confirma essa afirmação. Igual Vidura, uma alma condicionada inquisitiva deve se aproximar de um mestre espiritual fidedigno igual Maitreya e com perguntas inteligentes deve tentar conhecer tudo sobre karma (atividades lucrativas), jñana (pesquisa filosófica pela Verdade Suprema) e yoga (o processo de ligação da realização espiritual). Aquele que não é inclinado seriamente em fazer perguntas para um mestre espiritual não precisa adaptar um mestre espiritual de amostra grátis, nem deve alguém que possa ser um mestre espiritual para outros se pose como fosse assim se ele for incapaz de engajar seu discípulo ultimamente no serviço amoroso transcendental do Senhor Sri Krishna. Vidura foi bem sucedido em se aproximar de um mestre espiritual tal qual Maitreya, e ele obteve o objetivo último da vida: bhakti para Govinda. Assim não havia mais nada para ser conhecido além do progresso espiritual. Versos 3-4 taà bandhum ägataà dåñövä Quando viram que Vidura retornou para o palácio, todos os habitantes - Maharaja Yudhisthira, seus irmãos mais novos, Dhritarastra, Satyaki, Sanjaya, Kripacharya, Kunti, Gandhari, Draupadi, Subhadra, Uttara, Kripi, e muitas outras esposas dos Kauravas, e outras damas com crianças - todos correram para ele em grande alegria. Parecia que eles tinham recobrado a consciência depois de um longo período. Iluminação de Srila Prabhupada: Gandhari: A dama casta ideal na história do mundo. Ela era filha de Maharaja Subala, o rei de Gandhara (agora Kandahar em Kabul), e no seu estado de donzela ela adorou o Senhor Shiva. O Senhor Shiva é geralmente adorado por donzelas Hindus para obterem um bom esposo. Gandhari satisfez o Senhor Shiva, e pela bênção dele para obter cem filhos, ela foi concedida em noivado para Dhritarastra, embora ele fosse cego para sempre. Quando Gandhari veio a saber que seu futuro esposo era um homem cego, para seguir seu companheiro de vida ela decidiu se tornar cega voluntariamente. Assim ela cobriu seus olhos com várias faixas de seda amarradas, e foi casada com Dhritarastra sob a guia de seu irmão mais velho Shakuni. Ela era a moça mais bonita do seu tempo, e era igualmente qualificada por suas qualidades femininas, que encantavam cada membro da corte Kaurava. Mas apesar de todas suas boas qualidades, ela tinha as fragilidades naturais de uma mulher, e ela tinha inveja de Kunti quando esta última deu à luz uma criança do sexo masculino. Ambas rainhas estavam grávidas, mas Kunti deu à luz primeiro uma criança masculina. Assim Gandhari ficou furiosa e deu um golpe no seu próprio abdômen. Em resultado, ela deu à luz uma massa de carne somente, mas porque ela era uma devota de Vyasadeva, pela instrução de Vyasadeva o pedaço de carne foi dividido em cem partes, e cada parte gradualmente se desenvolveu para se tornar uma criança masculina. Assim sua ambição para se tornar a mãe de cem filhos foi satisfeita, e ela começou a nutrir todas as crianças de acordo com sua posição exaltada. Quando a intriga da Batalha de Kurukshetra estava em andamento, ela não era a favor de lutar contra os Pandavas, em vez disso, ela culpou Dhritarastra, seu esposo, por uma guerra tão fratricida assim. Ela desejava que o estado fosse divido em duas partes, para os filhos de Pandu e seus próprios. Ela ficou muito abalada quando todos seus filhos morreram na Batalha de Kurukshetra, e ela quis amaldiçoar Bhimasena e Yudhisthira, mas foi impedida por Vyasadeva. Seu pranto por causa da morte de Duryodhana e Dushasana perante o Senhor Krishna foi muito lamentável, e o Senhor Krishna a acalmou com mensagens transcendentais. Ela ficou igualmente angustiada na morte de Karna, e descreveu para o Senhor Krishna a lamentação da esposa de Karna. Ela foi tranqüilizada por Srila Vyasadeva quando ele mostrou seus filhos mortos, então promovidos para os reinos celestiais. Ela morreu junto com seu esposo nas selvas dos Himalaias perto da boca do Ganges, ela queimou num incêndio da floresta. Maharaja Yudhisthira realizou a cerimônia funeral de seu tio e tia. Pritha: Filha de Maharaja Shurasena e irmã de Vasudeva, pai do Senhor Krishna. Mais tarde ela foi adotada por Maharaja Kuntibhoja, e desde então ela ficou conhecida como Kunti. Ela é a encarnação da potência de sucesso da Personalidade de Deus. Os cidadãos celestiais dos planetas superiores costumavam visitar o palácio do Rei Kuntibhoja, e Kunti se dedicava à recepção deles. Ela também serviu o grande sábio místico Durvasa, e satisfeito com o serviço sincero dela, Durvasa Muni deu para ela um mantra pelo qual era possível para ela chamar qualquer semideus que ela desejasse. Por uma questão de curiosidade, ela imediatamente chamou o deus do Sol, que desejou copular com ela, mas ela declinou. Mas o deus do Sol garantiu sua imunidade da adulteração virginal, e assim ela concordou com a proposta. Como resultado dessa cópula, ela ficou grávida, e Karna nasceu dela. Pela graça do deus do Sol, ela novamente se tornou uma menina virgem, mas com medo dos seus pais, ela abandonou a criança recém-nascida, Karna. Depois disso, quando ela realmente selecionou seu próprio esposo, ela preferiu Pandu para ser seu esposo. Maharaja Pandu mais tarde queria se retirar da vida familiar e adotar a ordem de vida renunciada. Kunti recusou permitir seu esposo a adotar uma vida dessa, mas no fim Maharaja Pandu deu a ela permissão de se tornar mãe de filhos por chamar outras personalidades adequadas. Kunti não aceitou essa proposta a princípio, mas quando exemplos vívidos foram estabelecidos por Pandu ela concordou. Assim por meio do mantra concedido por Durvasa Muni ela chamou Dharmaraja, e assim Yudhisthira nasceu. Ela chamou o semideus Vayu (ar), e assim Bhima nasceu. Ela chamou por Indra, o Rei do paraíso, e assim Arjuna nasceu. Os outros dois filhos, chamados Nakula e Sahadeva, foram gerados pelo próprio Pandu em pessoa no ventre de Madri. Logo depois, Maharaja Pandu morreu com idade precoce, fato que deixou Kunti tão angustiada que ela desmaiou. As duas co-esposas, chamadas Kunti e Madri, decidiram que Kunti devia viver para a manutenção dos cinco filhos crianças, os Pandavas, e Madri aceitaria os rituais sati por encontrar a morte voluntária junto com seu esposo. Esse acordo foi endossado por grandes sábios tais quais Shatashringa e outros presentes na ocasião. Mais tarde, quando os Pandavas foram banidos do reino pelas intrigas de Duryodhana, Kunti seguiu seus filhos, e ela igualmente encarou todos tipos de dificuldades durante aqueles dias. Durante a vida na floresta uma menina demônia, Hidimba, queria Bhima como seu esposo. Bhima recusou, mas quando a menina se aproximou de Kunti e Yudhisthira, eles ordenaram que Bhima aceitasse a proposta dela e desse um filho para ela. Como resultado dessa combinação, Ghatotkacha nasceu, e ele lutou muito valentemente junto com seu pai contra os Kauravas. Na sua vida na floresta eles viveram com uma família brahmana que estava em dificuldade por causa de um tal demônio Bakasura, e Kunti ordenou Bhima para matar o Bakasura para proteger a família contra problemas criados pelo demônio. Ela avisou Yudhisthira para partir para o Pañchaladesha. Draupadi foi conquistada nesse Pañchaladesha por Arjuna, pela ordem de Kunti todos os cinco irmãos Pandavas se tornaram igualmente os esposos de Pañchali, ou Draupadi. Ela casou com os cinco Pandavas na presença de Vyasadeva. Kuntidevi nunca esqueceu seu primeiro filho, Karna, e depois da morte de Karna na Batalha de Kurukshetra ela lamentou e admitiu perante seus outros filhos que Karna era seu filho mais velho antes a seu casamento com Maharaja Pandu. Suas preces para o Senhor depois da Batalha de Kurukshetra, quando o Senhor Krishna ia de volta para casa, são explicadas excelentemente. Depois ela foi para floresta com Gandhari para penitência severa. Ela costumava tomar refeições depois de cada trinta dias. Ela finalmente sentou em meditação profunda e depois queimou até as cinzas num incêndio florestal. Draupadi: A mais casta filha de Maharaja Drupada e parcialmente uma encarnação da deusa Shachi, a esposa de Indra. Maharaja Drupada realizou um grande sacrifício sob a superintendência do sábio Yaja. Pela primeira oferenda dele, Dhristadyumna nasceu, e pela segunda oferenda, Draupadi nasceu. Ela é então a irmã de Dhristadyumna, e também se chama Pañchali. Os cinco Pandavas casaram com ela como uma esposa comum, e cada um deles gerou um filho nela. Maharaja Yudhisthira gerou um filho chamado Pratibhit, Bhimasena gerou um filho chamado Sutasoma, Arjuna gerou Shrutakirti, Nakula gerou Shatanika, e Sahadeva gerou Shrutakarma. Ela é descrita como uma dama mais bela, igual sua sogra, Kunti. Durante seu nascimento aconteceu uma mensagem aérea que ela deveria se chamar Krishná. A mesma mensagem também declarou que ela nasceu para matar muito ksatriya. Por força de suas bênçãos de Shankara, a ela foram concedidos cinco esposos, igualmente qualificados. Quando ela preferiu escolher seu próprio esposo, príncipes e reis foram convidados de todos países do mundo. Ela casou com os Pandavas durante seu exílio na floresta, mas quando eles voltaram para casa Maharaja Drupada deu a eles uma imensa fortuna como dote. Ela foi bem recebida por todas as noras de Dhritarastra. Quando ela foi perdida num jogo de dados, ela foi arrastada à força para dentro do salão da assembléia, e toda tentativa foi feita por Dushasana para ver sua beleza nua, mesmo embora houvessem pessoas idosas tais quais Bhisma e Drona presentes. Ela era uma grande devota do Senhor Krishna, e por sua prece, o Senhor Ele mesmo se tornou um pano de vestimenta ilimitado para salvá-la do insulto. Um demônio chamado Jatasura a raptou, mas seu segundo esposo, Bhimasena, matou o demônio e a salvou. Ela salvou os Pandavas da maldição do Maharshi Durvasa pela graça do Senhor Krishna. Quando os Pandavas viviam incógnitos no palácio de Virata, Kichaka ficou atraído pela beleza primorosa dela, e por um arranjo com Bhima o diabo foi morto e ela foi salva. Ela ficou muito angustiada quando seus cinco filhos foram mortos por Asvatthama. No último estágio, ela acompanhou seu esposo Yudhisthira e os outros e caiu no caminho. A causa da sua queda foi explicada por Yudhisthira, mas quando Yudhisthira entrou no planeta celestial ele viu Draupadi gloriosamente presente lá como a deusa da fortuna no planeta celestial. Subhadra: Filha de Vasudeva e irmã do Senhor Sri Krishna. Ela não era somente uma filha muito querida de Vasudeva, mas também uma irmã muito querida de Krishna e Baladeva. Os dois irmãos e irmã são representados no famoso templo Jagannatha de Puri, e o templo ainda é visitado por milhares de peregrinos diariamente. Esse templo é em lembrança da visita do Senhor em Kurukshetra durante a ocasião do eclipse solar e de Seu encontro subseqüente com os residentes de Vrindavana. O encontro de Radha e Krishna durante essa ocasião é uma história muito patética, e o Senhor Sri Chaitanya, no êxtase de Radharani, sempre ansiava pelo Senhor Sri Krishna em Jagannatha Puri. Quando Arjuna esteve em Dwaraka, ele quis ter Subhadra como sua rainha, e ele expressou seu desejo para o Senhor Krishna. Sri Krishna sabia que Seu irmão mais velho, Senhor Balarama, fazia arranjos para o casamento dela em outro lugar, e porque Ele não ousava ir contra o arranjo de Baladeva, Ele aconselhou Arjuna a raptar Subhadra. Assim quando todos eles estavam numa viagem agradável na Colina Raivata, Arjuna organizou para raptar Subhadra de acordo com o plano de Sri Krishna. Sri Baladeva ficou muito furioso com Arjuna, e Ele queria matá-lo, mas o Senhor Krishna implorou para Seu irmão perdoar Arjuna. Assim Subhadra foi devidamente casada com Arjuna, e Abhimanyu nasceu de Subhadra. Com a morte prematura de Abhimanyu, Subhadra ficou muito mortificada, mas com o nascimento de Parikshit ela ficou feliz e consolada. Verso 5 pratyujjagmuù praharñeëa Com grande prazer todos eles se aproximaram dele, como se a vida tivesse voltado para seus corpos. Eles trocaram reverências e deram boas-vindas recíprocas com abraços. Iluminação de Srila Prabhupada: Na ausência da consciência, os membros do corpo permanecem inativos. Mas quando a consciência retorna, os membros e sentidos se tornam ativos, e a existência em si mesma se torna agradável. Vidura era tão querido pelos membros da família Kaurava que sua longa ausência do palácio era comparável à inatividade. Todos eles sentiam separação aguda de Vidura, e portanto seu retorno para o palácio foi feliz para todos. Verso 6 mumucuù prema-bäñpaughaà Devido a ansiedades e longa separação, todos eles choraram de afeição. O Rei Yudhisthira então arranjou para oferecer acomodações para sentar e uma recepção. Verso 7 taà bhuktavantaà viçräntam Depois que Vidura comeu suntuosamente e teve descanso suficiente, ele foi sentado confortavelmente. Então o Rei começou a falar com ele, e todos que estavam presentes ali ouviram. Iluminação de Srila Prabhupada: O Rei Yudhisthira era perito em recepção também, mesmo no caso dos seus membros familiares. Vidura foi bem recebido por todos os membros familiares com trocas de abraços e reverências. Depois disso, banho e arranjos para um jantar suntuoso foram feitos, e então a ele foi dado repouso suficiente. Depois de terminar seu repouso, a ele foi oferecido um lugar confortável para sentar, e então o Rei começou a falar sobre todos acontecimentos, tanto da família quanto outros diversos. Esse é o modo apropriado para receber um amigo querido, ou mesmo um inimigo. De acordo com os códigos morais da Índia, mesmo um inimigo recebido no lar deve ser tão bem recebido que ele não sinta nenhuma situação temerosa. Um inimigo está sempre com medo de seu inimigo, mas isso não deve ser assim quando ele é recebido em casa por seu inimigo. Isso quer dizer que uma pessoa, quando recebida em casa, deve ser tratada como um familiar, assim o que dizer de um membro da família igual Vidura, que era um benquerente para todos os membros da família. Assim Yudhisthira Maharaja começou a falar na presença de todos os outros membros. Verso 8 yudhiñöhira uväca Maharaja Yudhisthira disse: Meu tio, você se lembra de como sempre nos protegeu, junto com nossa mãe, de todos tipos de calamidade? Sua parcialidade, iguais as asas de um pássaro, nos salvou de envenenamento e incêndio culposo. Iluminação de Srila Prabhupada: Devido à morte prematura de Pandu, seus filhos menores e viúva foram o objeto de cuidado especial por todos membros mais velhos da família, especialmente Bhismadeva e Mahatma Vidura. Vidura era mais ou menos parcial com os Pandavas devido à posição política deles. Embora Dhritarastra fosse igualmente cuidadoso com os filhos menores de Maharaja Pandu, ele era uma das partes intrigantes que queria varrer os descendentes de Pandu e substituí-los por criar seus próprios filhos para serem os governantes do reino. Mahatma Vidura pôde acompanhar essa intriga de Dhritarastra e companhia, e portanto, mesmo embora ele fosse um fiel servidor de seu irmão mais velho, Dhritarastra, ele não gostava das ambições políticas dele em benefício de seus próprios filhos. Ele era portanto muito cuidadoso sobre a proteção dos Pandavas e sua mãe viúva. Assim ele era, por assim dizer, parcial com os Pandavas, preferia eles aos filhos de Dhritarastra, embora fosse igualmente afetuoso com ambos em seus olhos ordinários. Ele era igualmente afetuoso com ambos os campos de sobrinhos no sentido de que ele sempre repreendia Duryodhana por sua política intrigante contra seus primos. Ele sempre criticava seu irmão mais velho por sua política de encorajamento para seus próprios filhos, e ao mesmo tempo ele estava sempre alerta em dar proteção especial para os Pandavas. Todas essas atividades diferentes de Vidura dentro das políticas do palácio o tornaram bem conhecido como parcial com os Pandavas. Maharaja Yudhisthira se referiu à história passada de Vidura antes dele ir embora de casa para uma jornada de peregrinação prolongada. Maharaja Yudhisthira o lembrou que ele era igualmente bondoso e parcial com seus sobrinhos crescidos, mesmo depois da Batalha de Kurukshetra, um grande desastre familiar. Antes da Batalha de Kurukshetra, a política de Dhritarastra era a aniquilação pacífica de seus sobrinhos, e assim ele ordenou Purochana a construir uma casa em Varanavata, e quando a construção terminou Dhritarastra desejou que a família de seu irmão vivesse lá por um tempo. Quando os Pandavas iam para lá na presença de todos os membros da família real, Vidura com tato deu instruções para os Pandavas sobre o plano futuro de Dhritarastra. Isso está descrito especificamente no Mahabharata (Adi-parva 114). Ele insinuou indiretamente, "Uma arma que não é feita de aço ou qualquer outro elemento material pode ser mais do que afiada para matar um inimigo, e aquele que sabe disso nunca é morto". Isso quis dizer, ele insinuou que o partido dos Pandavas foi mandado para Varanavata para ser morto, e por isso ele avisou Yudhisthira para ser muito cuidadoso em seu novo palácio residencial. Ele também deu indicações sobre fogo e disse que fogo não pode extinguir a alma mas pode aniquilar o corpo material. Mas aquele que protege a alma pode viver. Kunti não conseguiu acompanhar essas conversas indiretas entre Maharaja Yudhisthira e Vidura, e assim quando ela perguntou para seu filho sobre o significado da conversação, Yudhisthira respondeu que das falas de Vidura ficou entendido que havia uma insinuação de incêndio na casa para onde procediam. Mais tarde, Vidura veio disfarçado até os Pandavas e os informou que o zelador poria fogo na casa da décima quarta noite da lua minguante. Foi uma intriga de Dhritarastra que os Pandavas poderiam morrer todos juntos com sua mãe. E com esse aviso os Pandavas escaparam através de um túnel subterrâneo e assim sua fuga ficou desconhecida para Dhritarastra, tanto que depois de atearem fogo, os Kauravas ficaram tão certos da morte dos Pandavas que Dhritarastra executou os últimos rituais de morte com grande alegria. E durante o período de luto todos os membros do palácio ficaram dominados pela lamentação, mas Vidura não ficou assim, por causa de seu conhecimento de que os Pandavas estavam vivos em algum lugar. Aconteceram muitas ocorrências dessas de calamidades, e em cada uma delas Vidura deu proteção para os Pandavas por um lado, e pelo outro lado ele tentou restringir seu irmão Dhritarastra de tais intrigas políticas. Portanto, ele era parcial com os Pandavas, justamente igual um pássaro protege seus ovos com sua asa. Verso 9 kayä våttyä vartitaà vaç Enquanto viajava na superfície da Terra, como você manteve seu sustento? Em quais locais sagrados e lugares de peregrinação você prestou serviço? Iluminação de Srila Prabhupada: Vidura saiu do palácio para se desapegar dos assuntos domésticos, especialmente intrigas políticas. Como foi aqui referido antes, ele foi praticamente insultado por Duryodhana que o chamou de filho de uma sudrani, embora não fosse fora de lugar falar livremente no caso da própria avó. A mãe de Vidura, embora fosse uma sudrani, era a avó de Duryodhana, e falas de brincadeira às vezes são permitidas entre avó e netos. Mas porque a menção era um fato real, foi desagradável para Vidura, e foi aceito como um insulto direto. Ele por isso decidiu deixar sua casa paterna e se preparar para a ordem de vida renunciada. Esse estágio preparatório se chama vanaprastha-asrama, ou vida de aposentado para viajar e visitar os locais sagrados na superfície da Terra. Nos locais sagrados da Índia, tais quais Vrindavana, Hardwar, Jagannatha Puri, e Prayaga, há muitos grandes devotos, e ainda existem casas de culinária gratuitas para pessoas que desejam avançar espiritualmente. Maharaja Yudhisthira foi inquisitivo para saber se Vidura se manteve pela misericórdia de casas de culinária gratuitas (chatras). Verso 10 bhavad-vidhä bhägavatäs Meu Senhor, devotos iguais sua boa personalidade são verdadeiramente lugares sagrados personificados. Porque você carrega a Personalidade de Deus dentro do seu coração, você transforma todos lugares em locais de peregrinação. Iluminação de Srila Prabhupada: A Personalidade de Deus é onipresente por Suas diversas potências em toda parte, justamente igual o poder da eletricidade é distribuído em toda parte dentro do espaço. Similarmente, a onipresença do Senhor é percebida e manifestada por Seus devotos imaculados iguais Vidura, justamente igual eletricidade é manifestada em uma lâmpada elétrica. Um devoto puro igual Vidura sempre sente a presença do Senhor em toda parte. Ele vê tudo dentro da potência do Senhor e o Senhor em tudo. Os lugares sagrados por todo o mundo são destinados a purificar a consciência poluída do ser humano por uma atmosfera carregada com a presença dos devotos imaculados do Senhor. Se alguém visita um lugar sagrado, deve procurar os devotos puros que residem nesses lugares sagrados, aprender lições com eles, tentar aplicar essas instruções na vida prática e assim gradualmente se preparar para a salvação última, ir de volta ao Supremo. Ir a algum local sagrado de peregrinação não significa somente tomar um banho no Ganges ou Yamuna ou visitar os templos situados nesses lugares. Deve-se também encontrar representantes de Vidura que não têm nenhum desejo na vida exceto servir a Personalidade de Deus. A Personalidade de Deus está sempre com esses devotos puros por causa do serviço imaculado deles, que é sem nenhuma mancha de ação lucrativa ou especulação utópica. Eles estão no serviço verdadeiro do Senhor, especificamente pelo processo de ouvir e cantar. Os devotos puros ouvem das autoridades e cantam, murmuram e escrevem as glórias do Senhor. Mahamuni Vyasadeva ouviu de Narada, e então ele cantou na escrita; Shukadeva Goswami estudou com seu pai, e descreveu para Parikshit, esse é o caminho do Srimad Bhagavatam. Assim por suas ações os devotos puros do Senhor podem tornar qualquer lugar em um local de peregrinação, e os lugares sagrados são dignos do nome somente por causa deles. Esses devotos puros são capazes de retificar a atmosfera poluída de qualquer lugar, e o que dizer de um lugar sagrado tornado profano pelas ações questionáveis de pessoas interesseiras que tentam adotar uma vida profissional ao custo da reputação de um lugar sagrado. Verso 11 api naù suhådas täta Meu tio, você deve ter visitado Dwaraka. Naquele lugar sagrado estão nossos amigos e benquerentes, os descendentes de Yadu, que estão sempre extasiados no serviço do Senhor Sri Krishna. Você deve tê-los visto ou ouviu sobre eles. Todos eles vivem bem em suas moradas? Iluminação de Srila Prabhupada: A palavra particular krsna-devatah, isto é, aqueles que estão sempre extasiados no serviço do Senhor Krishna, é significativa. Os Yadavas e os Pandavas, que estão sempre extasiados no pensamento do Senhor Krishna e Suas diferentes atividades transcendentais, eram todos devotos puros iguais Vidura. Vidura deixou o lar a fim de se devotar completamente para o serviço do Senhor, mas os Pandavas e os Yadavas estavam sempre extasiados no pensamento do Senhor Krishna. Assim não existe nenhuma diferença em suas qualidades devocionais puras. Tanto permanecendo em casa quanto deixando o lar, a verdadeira qualidade de um devoto puro é se tornar extasiado no pensamento de Krishna favoravelmente, isto é, por saber bem que o Senhor Krishna é a Personalidade de Deus Absoluta. Kamsa, Jarasandha, Shishupala e outros demônios iguais a eles também estavam sempre extasiados no pensamento do Senhor Krishna, mas eles estavam absortos de um modo diferente, a saber desfavoravelmente, ou pensavam Nele como um homem poderoso somente. Por isso, Kamsa e Shishupala não estavam no mesmo nível igual devotos puros tais quais Vidura, os Pandavas e os Yadavas. Maharaja Yudhisthira também estava sempre extasiado no pensamento do Senhor Krishna e Seus associados em Dwaraka. Senão ele não perguntaria sobre eles para Vidura. Maharaja Yudhisthira estava portanto no mesmo nível de devoção do que Vidura, embora engajado nos assuntos de estado do reinado do mundo. Verso 12 ity ukto dharma-räjena Assim questionado por Maharaja Yudhisthira, Mahatma Vidura gradualmente descreveu tudo que ele teve experiência pessoalmente, exceto a aniquilação da dinastia Yadu. Verso 13 nanv apriyaà durviñahaà Mahatma Vidura compassivo não podia suportar ver os Pandavas angustiados em tempo nenhum. Por isso ele não revelou esse incidente desagradável e insuportável porque calamidades vêm por conta própria. Iluminação de Srila Prabhupada: De acordo com Niti-shastra (leis cívicas) não se deve falar uma verdade desagradável para causar angústia a outros. Angústia vem sobre nós pelo seu próprio caminho pelas leis da natureza, assim não se deve agravá-la por propaganda. Para uma alma compassiva igual Vidura, especialmente em seus relacionamentos com seus queridos Pandavas, era quase impossível revelar uma notícia desagradável igual a aniquilação da dinastia Yadu. Por isso ele propositalmente absteve-se disso. Verso 14 kaïcit kälam athävätsét Assim Mahatma Vidura, tratado justamente igual uma pessoa divina por seus familiares, permaneceu lá por um certo período justamente para retificar a mentalidade de seu irmão mais velho e nesse modo trazer alegria para todos os outros. Iluminação de Srila Prabhupada: Pessoas santificadas iguais Vidura devem ser tratadas tão bem quanto um habitante do paraíso. Naqueles dias habitantes dos planetas celestiais costumavam visitar lares como o de Maharaja Yudhisthira, e às vezes pessoas iguais Arjuna e outros costumavam visitar os planetas superiores. Narada é um astronauta que pode viajar irrestritamente, não somente nos universos materiais mas também nos universos espirituais. Mesmo Narada costumava visitar o palácio de Maharaja Yudhisthira e o que dizer de outros semideuses celestiais. É somente a cultura espiritual das pessoas referidas que fazem viagem interplanetária possível, mesmo no corpo presente. Maharaja Yudhisthira portanto recebeu Vidura no modo de recepção oferecido para os semideuses. Mahatma Vidura já tinha adotado a ordem de vida renunciada, e por isso ele não retornou para seu palácio paterno para desfrutar alguns confortos materiais. Ele aceitou por sua própria misericórdia o que lhe foi oferecido por Maharaja Yudhisthira, mas o propósito de viver no palácio era libertar seu irmão mais velho, Dhritarastra, que era muito apegado materialmente. Dhritarastra perdeu todo seu estado e descendentes na guerra com Maharaja Yudhisthira, e mesmo assim, devido ao seu senso de desamparo, ele não se sentiu envergonhado de aceitar a caridade e hospitalidade de Maharaja Yudhisthira. Na parte de Maharaja Yudhisthira, era bem com o propósito de manter seu tio de uma maneira adequada, mas aceitação de uma hospitalidade tão magnânima não era desejável em nada. Ele aceitou isso porque achava que não tinha alternativa. Vidura particularmente veio para iluminar Dhritarastra e deu a ele uma promoção para o status mais elevado de cognição espiritual. É dever das almas iluminadas libertar as caídas, e Vidura veio por essa razão. Mas falas de iluminação espiritual são tão refrescantes que enquanto instruía Dhritarastra, Vidura atraiu a atenção de todos os membros da família, e todos eles sentiram prazer em ouvi-lo pacientemente. Esse é o caminho da realização espiritual. A mensagem tem que ser ouvida atenciosamente, e se for falada por uma alma realizada, agirá no coração dormente da alma condicionada. E por ouvir continuamente, pode-se alcançar o estágio perfeito de auto-realização. Verso 15 abibhrad aryamä daëòaà Enquanto Vidura fez o papel de um sudra, amaldiçoado por Manduka Muni, Aryama oficiou o posto de Yamaraja para punir aqueles que cometeram atos pecaminosos. Iluminação de Srila Prabhupada: Vidura, nascido do ventre de uma mulher sudra, era proibido até de ser partidário da herança real junto com seus irmãos Dhritarastra e Pandu. Então como ele pôde ocupar o posto de um sacerdote para instruir reis e ksatriyas versados tais quais Dhritarastra e Maharaja Yudhisthira? A primeira resposta é que mesmo embora ele fosse aceito como um sudra de nascimento, porque ele renunciou o mundo por iluminação espiritual pela autoridade do Rishi Maitreya e foi inteiramente educado por ele no conhecimento transcendental, ele era muito competente para ocupar o posto de um acarya, ou preceptor espiritual. De acordo com Sri Chaitanya Mahaprabhu, qualquer um que seja proficiente no conhecimento transcendental, ou a ciência do Supremo, seja ele um brahmana ou um sudra, um casado ou um sannyasi, é elegível para se tornar um mestre espiritual. Mesmo nos códigos morais ordinários (mantidos por Chanakya Pandita, o grande político e moralista) não faz nenhum mal em ter lições de uma pessoa que possa ser por nascimento mais baixa do que um sudra. Essa é uma parte da questão. A outra é que Vidura não era realmente um sudra. Ele teve que fazer o papel de um suposto sudra por cem anos, por ter sido amaldiçoado por Manduka Muni. Ele era a encarnação de Yamaraja, um dos doze mahajanas, no nível junto com personalidades tais quais Brahma, Narada, Shiva, Kapila, Bhisma, Prahlada, etc.. Por ser um mahajana, é o dever de Yamaraja pregar o culto da devoção para as pessoas do mundo, igual Narada, Brahma, e outros mahajanas fazem. Mas Yamaraja está sempre ocupado em seu reino plutônico na punição dos malfeitores de atos pecaminosos. Yamaraja é delegado pelo Senhor para um planeta particular, algumas centenas e milhares de milhas longe do planeta Terra, para levar as almas corruptas depois da morte e condená-las de acordo com suas atividades pecaminosas respectivas. Assim Yamaraja tem muito pouco tempo para sair da responsabilidade de seu posto de punir os malfeitores. Existem mais malfeitores do que pessoas íntegras. Por isso que Yamaraja tem que fazer mais trabalho do que outros semideuses que também são agentes autorizados do Supremo Senhor. Mas ele queria pregar as glórias do Senhor, e por isso pela vontade do Senhor ele foi amaldiçoado por Manduka Muni para vir ao mundo na encarnação como Vidura e trabalhar muito duro como um grande devoto. Um devoto desse não é nem um sudra nem um brahmana. Ele é transcendental a essas divisões da sociedade mundana, justamente igual a Personalidade de Deus assume Sua encarnação de javali, mas Ele não é nem um javali nem um Brahma. Ele está acima de todas criaturas mundanas. O Senhor e Seus diferentes devotos autorizados às vezes têm que fazer o papel de muitas criaturas inferiores para reivindicar as almas condicionadas, porém tanto o Senhor quanto Seus devotos puros estão sempre na posição transcendental. Quando Yamaraja então encarnou-se como Vidura, seu posto foi oficiado por Aryama, um dos muitos filhos de Kashyapa e Aditi. Os Adityas são os filhos de Aditi, e existem doze Adityas. Aryama é um dos doze Adityas, e por isso é bem possível para ele tomar conta do posto de Yamaraja durante seus cem anos de ausência na forma de Vidura. A conclusão é que Vidura nunca foi um sudra, porém era mais grandioso do que o mais puro tipo de brahmana. Verso 16 yudhiñöhiro labdha-räjyo Depois de ganhar seu reino e observar o nascimento de um neto competente para continuar a nobre tradição da sua família, Maharaja Yudhisthira reinou pacificamente e desfrutou opulência incomum em cooperação com seus irmãos mais jovens, que eram todos administradores hábeis para as pessoas comuns. Iluminação de Srila Prabhupada: Tanto Maharaja Yudhisthira e Arjuna ficaram tristes desde o começo da Batalha de Kurukshetra, mas apesar de não quererem matar seus próprios parentes na guerra, isso tinha que ser feito por questão de dever, porque foi programado pela vontade suprema do Senhor Sri Krishna, Depois da batalha, Maharaja Yudhisthira estava triste por causa de tamanha matança em massa. Praticamente não sobrou ninguém para continuar a dinastia Kuru depois deles, os Pandavas. A única esperança permanecente era a criança no ventre de sua nora, Uttara, e também foi atacado por Asvatthama, mas pela graça do Senhor a criança foi salva. Assim depois do arranjo de todas condições perturbadoras e restabelecimento da ordem pacífica do estado, e depois de ver a criança sobrevivente, Parikshit, bem satisfeito, Maharaja Yudhisthira sentiu algum alívio como um ser humano, embora ele tivesse muito pouca atração por felicidade material, que é sempre ilusória e temporária. Verso 17 evaà gåheñu saktänäà Intransponível, tempo eterno imperceptivelmente domina aqueles que são muito apegados a casos familiares e estão sempre absortos em seus pensamentos. Iluminação de Srila Prabhupada: "Eu estou feliz agora; eu tenho tudo em ordem; meu saldo bancário é bem suficiente; eu posso agora dar para meus filhos propriedade suficiente; agora eu sou bem sucedido; os pobres mendigos sannyasis dependem de Deus, mas vêm mendigar de mim; por isso eu sou mais do que o Deus Supremo". Esses são alguns dos pensamentos que absorvem o casado apegado insanamente que é cego para a passagem do tempo eterno. Nossa duração de vida é medida, e ninguém é capaz de incrementá-la nem mesmo por um segundo contra o tempo programado ordenado pela vontade suprema. Um tempo precioso desse, especialmente para o ser humano é destinado a ser gasto cuidadosamente porque mesmo um segundo passado imperceptivelmente não pode ser reposto, mesmo em troca de milhares de moedas de ouro acumuladas por trabalho árduo. Cada segundo da vida humana é destinado para fazer uma solução última para os problemas da vida, isto é, repetição de nascimento e morte e revolver no ciclo de 8.400.000 espécies de vida diferentes. O corpo material, que é sujeito a nascimento e morte, doenças e velhice, é a causa de todos os sofrimentos do ser vivo, de outro modo, o ser vivo é eterno; ele nunca é nascido, nem nunca ele morre. Pessoas tolas esquecem esse problema. Elas não sabem de jeito nenhum como resolver os problemas da vida, mas se tornam absortas em casos familiares temporários sem saber que o tempo eterno passa imperceptivelmente e que sua duração de vida medida diminui em cada segundo, sem nenhuma solução para o grande problema, a saber repetição de nascimento e morte, doença e velhice. Isso se chama ilusão. Mas uma ilusão dessa não pode funcionar sobre aquele que está sempre desperto no serviço devocional do Senhor. Yudhisthira Maharaja e seus irmãos os Pandavas estavam todos dedicados no serviço do Senhor Sri Krishna, e eles tinham muito pouca atração pela felicidade ilusória do mundo material. Como já discutimos previamente, Maharaja Yudhisthira estava fixo no serviço do Senhor Mukunda (o Senhor, aquele que pode conceder salvação), e por isso ele não tinha nenhuma atração mesmo pelos confortos da vida os quais estão disponíveis no reino do paraíso, porque mesmo a felicidade obtida no planeta Brahmaloka também é temporária e ilusória. Porque o ser vivo é eterno, ele só pode ser feliz na morada eterna do reino de Deus (paravyoma), da qual ninguém retorna para esta região de repetidos nascimento e morte, velhice e doença. Portanto, qualquer conforto da vida ou qualquer felicidade material que não garante uma vida eterna é apenas ilusão para o ser vivo eterno. Aquele que entende isso realmente é versado, uma pessoa versada assim pode sacrificar qualquer quantidade de felicidade material para alcançar o objetivo desejado conhecido como brahma-sukham, ou felicidade absoluta. Verdadeiros transcendentalistas estão famintos por essa felicidade, e do mesmo modo que uma pessoa faminta não pode ser feita feliz com todos confortos da vida menos comida, assim a pessoa faminta por felicidade absoluta eterna não pode ficar satisfeita com nenhuma quantidade de felicidade material. Portanto, a instrução descrita neste verso não pode ser aplicada para Maharaja Yudhisthira ou seus irmãos e mãe. Foi destinada a pessoas iguais Dhritarastra, para quem Vidura veio especialmente para transmitir lições. Verso 18 viduras tad abhipretya Mahatma Vidura sabia bem tudo isso, e por isso se dirigiu a Dhritarastra, e disse: Meu querido rei, por favor saia daqui imediatamente. Não demore. Veja justamente como o medo atingiu você. Iluminação de Srila Prabhupada: Morte cruel não se importa com ninguém, seja ele Dhritarastra ou mesmo Maharaja Yudhisthira, portanto instrução espiritual, como foi dada para o idoso Dhritarastra, era igualmente aplicável para o mais jovem Maharaja Yudhisthira. De fato, todos dentro do palácio real, inclusive o Rei e seus irmãos e mãe, estavam extasiados participando das palestras. Mas era sabido por Vidura que suas instruções eram especialmente destinadas para Dhritarastra, que era demasiadamente materialista. A palavra rajan é especialmente direcionada para Dhritarastra significativamente. Dhritarastra era o filho mais velho de seu pai, e portanto pela lei era para ele ser empossado no trono de Hastinapura. Mas porque ele era cego de nascença, ele era desqualificado para sua reivindicação legítima. Mas ele não pôde esquecer o despojamento, e seu desapontamento foi um pouco compensado com a morte de Pandu, seu irmão mais novo. Seu irmão mais novo deixou para trás seus filhos menores, e Dhritarastra se tornou o guardião natural deles, mas no coração ele queria se tornar o rei de verdade e entregar o reino para seus próprios filhos, liderados por Duryodhana. Com todas essas ambições imperiais, Dhritarastra queria se tornar um rei, e maquinou todos tipos de intrigas em consulta com seu cunhado Shakuni. Mas tudo falhou pelo desejo do Senhor, e no estágio final, mesmo depois de perder tudo, homens e dinheiro, ele queria permanecer como rei, por ser o tio mais velho de Maharaja Yudhisthira. Maharaja Yudhisthira, por questão de dever, manteve Dhritarastra com hora real, e Dhritarastra passava seus dias contados na ilusão de ser um rei ou o tio real do Rei Yudhisthira. Vidura, como um santo e pelo dever de irmão mais novo afetuoso de Dhritarastra, queria despertar Dhritarastra do seu sono da doença e velhice. Vidura então sarcasticamente chamou Dhritarastra de "Rei", o que ele não era mesmo. Todos são servos do tempo eterno, e por isso ninguém pode ser rei dentro deste mundo material. Rei significa a pessoa que pode ordenar. O rei célebre da Inglaterra quis ordenar tempo e maré, mas tempo e maré se recusaram a obedecer sua ordem. Portanto qualquer um é um rei falso no mundo material, Dhritarastra foi particularmente lembrado dessa posição falsa e dos acontecimentos verdadeiramente terríveis que já tinham se aproximado dele naquele momento. Vidura pediu para ele sair imediatamente, se ele quisesse se salvar da situação terrível que se aproximava dele rapidamente. Ele não se dirigiu a Maharaja Yudhisthira dessa forma porque ele sabia que um rei igual Maharaja Yudhisthira é ciente de todas situações terríveis deste mundo frívolo e cuidaria de si mesmo, e no devido curso, mesmo embora Vidura pudesse não estar mais presente no momento. Verso 19 pratikriyä na yasyeha Esta situação assustadora não pode ser remediada por nenhuma pessoa dentro deste mundo material. Meu senhor, é a Suprema Personalidade de Deus como tempo eterno (kala) que Se aproximou de todos nós. Iluminação de Srila Prabhupada: Não existe poder superior que possa impedir as mãos cruéis da morte. Ninguém quer morrer, apesar de tão aguda a fonte de sofrimentos corpóreos possa ser. Mesmo nos dias de suposto avanço científico do conhecimento, não existe medida corretiva nem para velhice nem para morte. Velhice é o anúncio da chegada da morte servida pelo tempo cruel, e ninguém pode recusar aceitar nem chamadas de convocação nem o julgamento supremo do tempo eterno. Isso é explicado perante Dhritarastra porque ele poderia pedir para Vidura encontrar alguma medida corretiva para a situação medonha iminente, como ele ordenou muitas vezes antes. Antes de ordenar, entretanto, Vidura informou Dhritarastra que não havia medida corretiva por ninguém ou de qualquer fonte dentro deste mundo material. E porque não existe tal coisa dentro do mundo material, morte é idêntica com a Suprema Personalidade de Deus, como é dito pelo Senhor em Pessoa no Bhagavad-gita (10.34). Morte não pode ser impedida por ninguém ou por qualquer fonte dentro deste mundo material. Hiranyakashipu queria ser imortal e se submeteu a um tipo severo de penitência pela qual o universo inteiro tremeu, e Brahma em pessoa se aproximou dele para dissuadir Hiranyakashipu de um tipo de penitência severo desse. Hiranyakashipu pediu a Brahma para conceder para ele a bênção da imortalidade, mas Brahma disse que ele mesmo era sujeito à morte, mesmo no planeta mais elevado, assim como poderia conceder-lhe a bênção da imortalidade? Assim existe morte até no planeta mais elevado deste universo, e o que dizer de outros planetas, que são muito, muito inferiores em qualidade a Brahmaloka, o planeta residente de Brahma. Onde quer que haja influência do tempo eterno, existe esse conjunto de tribulações, chamadas, nascimento, doença, velhice e morte, e todas elas são invencíveis. Verso 20 yena caiväbhipanno 'yaà Quem quer que esteja sob a influência do kala (tempo eterno) tem que render sua vida tão querida, e o que dizer de outras coisas, tais quais riqueza, honra, filhos, terra e lar. Iluminação de Srila Prabhupada: Um grande cientista indiano ocupado nos negócios de planejamento, subitamente foi chamado pelo tempo eterno invencível enquanto ia para participar de uma reunião muito importante da comissão de planejamento, e ele teve que render sua vida, esposa, filhos, casa, terra, riqueza, etc.. Durante a ascensão política na Índia e sua divisão em Paquistão e Hindustão, muitos indianos ricos e influentes tiveram que render a vida, propriedade e honra devido à influência do tempo, e existem centenas de milhares de exemplos como esse por todo o mundo, e por todo universo, que são todos efeitos da influência do tempo. Portanto, a conclusão é que não existe ser vivo poderoso dentro do universo que possa superar a influência do tempo. Muitos poetas escreveram versos para lamentar a influência do tempo. Muitas devastações aconteceram sobre todos os universos devido à influência do tempo, e ninguém pôde impedi-las por quaisquer meios. Mesmo em nossa vida diária, tantas coisas vêm e vão nas quais não temos controle, e temos que sofrer ou tolerá-las sem medida corretiva. Assim é o resultado do tempo. Verso 21 pitå-bhrätå-suhåt-puträ Seu pai, irmão, benquerentes e filhos estão todos mortos e foram embora. E você mesmo já gastou a porção majoritária da sua vida, seu corpo agora está dominado pela invalidez, e você vive dentro da casa de outro. Iluminação de Srila Prabhupada: O Rei foi lembrado da sua condição precária, influenciada pelo tempo cruel, e por sua experiência passada deveria ter sido mais inteligente para ver o que aconteceria com sua própria vida. Seu pai, Vichitravirya, morreu há muito tempo, quando ele e seus irmãos mais novos eram criancinhas, e foi devido ao cuidado e bondade de Bhismadeva que eles foram criados apropriadamente. Então novamente seu irmão Pandu morreu também. Depois na Batalha de Kurukshetra seus cem filhos morreram e seus netos também morreram, junto com todos os outros benquerentes tais quais Bhismadeva, Dronacharya, Karna e muitos outros reis e amigos. Assim ele perdeu todos homens e dinheiro, e agora ele vivia pela misericórdia de seu sobrinho, quem ele pôs em dificuldades de vários tipos. E apesar de todos esses reveses, ele achava que podia prolongar sua vida mais e mais. Vidura queria mostrar para Dhritarastra que todos devem se proteger por sua ação e graça do Senhor. Deve-se executar seu dever fielmente, e depender para o resultado na autoridade suprema. Nenhum amigo, nenhum filho, nenhum pai, nenhum irmão, nenhum estado e ninguém mais pode proteger uma pessoa que não é protegida pelo Supremo Senhor. Deve-se, portanto, procurar a proteção do Supremo Senhor, porque a forma humana de vida é destinada para procurar essa proteção. Ele foi avisado de suas condições precárias mais e mais pelas seguintes palavras. Verso 22 Você tem sido cego desde o início de seu nascimento, e recentemente você se tornou difícil de ouvir. Sua memória diminuiu, e sua inteligência está perturbada. Seus dentes estão frouxos, seu fígado está deficiente, e você tosse com muco. Iluminação de Srila Prabhupada: Os sintomas da velhice, que já tinham sido desenvolvidos por Dhritarastra, foram um após o outro apontados para ele como alerta de que morte se aproximava muito rapidamente, e mesmo assim ele estupidamente se preocupava com seu futuro. Os sinais apontados por Vidura no corpo de Dhritarastra eram sinais de apaksaya, ou decadência do corpo material antes do último golpe da morte. O corpo nasce, permanece, cria outros corpos, decai e então desaparece. Mas pessoas idiotas querem fazer um estabelecimento permanente do corpo perecível e acham que sua propriedade, filhos, sociedade, país, etc., darão a elas proteção. Com essas idéias tolas, tornam-se sobrecarregadas com tantas obrigações temporárias e esquecem completamente que devem abandonar o corpo temporário e aceitar um novo, novamente para arranjar outro termo de sociedade, amizade e amor, novamente para perecer ultimamente. Elas esquecem a identidade permanente e se tornam estupidamente ativas para ocupações impermanentes, e esquecem completamente seu dever primordial. Santos e sábios iguais Vidura se aproximam dessas pessoas tolas para despertá-las para a situação real, mas elas consideram esses sadhus e santos como parasitas da sociedade, e quase todas elas se recusam a ouvir as palavras de tais sadhus e santos, apesar de bem receberem sadhus de amostra grátis e supostos santos que possam satisfazer seus sentidos. Vidura não era um sadhu para satisfazer o sentimento ilícito de Dhritarastra. Ele apontava corretamente a situação real da vida, e como alguém pode se salvar dessas catástrofes. Verso 23 aho mahéyasé jantor Infelizmente, quão poderosas são as esperanças de um ser vivo para continuar sua vida. Na realidade, você vive justamente igual um cão doméstico e come os restos de comida dados por Bhima. Iluminação de Srila Prabhupada: Um sadhu nunca deve bajular reis ou pessoas ricas para viver confortavelmente ao custo deles. Um sadhu serve para falar para casados sobre a verdade nua e crua da vida para que possam recobrar o juízo sobre a vida precária na existência material. Dhritarastra é um exemplo típico de um idoso apegado à vida doméstica. Ele se tornou um pobre no sentido verdadeiro, mesmo assim ele queria viver confortavelmente na casa dos Pandavas, dos quais Bhima especialmente é mencionado porque ele pessoalmente matou dois filhos de Dhritarastra proeminentes, chamados Duryodhana e Dushasana. Esses dois filhos eram muito queridos por ele pelas suas atividades notórias e nefastas, e Bhima é particularmente mencionado porque ele matou esses dois filhos favoritos. Por que Dhritarastra morava lá na casa dos Pandavas? Porque ele queria continuar a viver sua vida confortavelmente, mesmo ao risco de toda humilhação. Vidura, portanto, estava atônito quão poderoso é o fervor para continuar a vida. Esse senso de continuar a própria vida indica que um ser vivo é eternamente um ser vivo e não quer mudar sua habitação corpórea. A pessoa tola não sabe que um termo particular de existência corpórea é concedido a ela para submeter-se a um termo de prisão, e o corpo humano é concedido, depois de muitos e muitos nascimentos, como uma chance para auto-realização para ir de volta ao lar, de volta ao Supremo. Mas pessoas iguais Dhritarastra tentam fazer planos para viver ali numa posição confortável com lucro e juros, porque não vêem coisas como elas são. Dhritarastra é cego e continua com a esperança de viver confortavelmente no meio de todos tipos de reveses da vida. Um sadhu igual Vidura é destinado a despertar tais pessoas cegas e assim ajudá-las a ir de volta ao Supremo, onde a vida é eterna. Ao ir lá uma vez, ninguém quer voltar para este mundo material de misérias. Podemos justamente imaginar uma tarefa tão responsável confiada para um sadhu igual Mahatma Vidura. Verso 24 agnir nisåñöo dattaç ca Não há necessidade de viver uma vida degradada e subsistir da caridade daqueles os quais você tentou matar com incêndio culposo e envenenamento. Você também insultou uma das esposas deles e usurpou reino e riqueza deles. Iluminação de Srila Prabhupada: O sistema da religião varnasrama separa de lado uma parte da vida da pessoa completamente para o propósito da auto-realização e alcance da salvação na forma humana de vida. Essa é a divisão rotineira da vida, mas pessoas iguais Dhritarastra, mesmo em sua idade madura e cansada, querem ficar em casa, mesmo numa condição degradada e aceitar caridade de inimigos. Vidura quis mostrar isso e impressioná-lo de que é melhor morrer igual seus filhos do que aceitar tal caridade humilhante. Cinco mil anos atrás havia um Dhritarastra, mas no presente momento existem Dhritarastras em cada lar. Políticos especialmente não se retiram das atividades políticas a menos que sejam arrastados pela mão cruel da morte ou mortos por algum elemento opositor. Ficar grudado na vida familiar até o fim da vida humana é o tipo mais grosseiro de degradação e existe uma necessidade absoluta de Viduras para educar tantos Dhritarastras, mesmo no momento presente. Verso 25 tasyäpi tava deho 'yaà Apesar da sua relutância para morrer e seu desejo de viver mesmo ao custo da honra e prestígio, seu corpo mesquinho certamente decairá e deteriorará igual uma roupa velha. Iluminação de Srila Prabhupada: As palavras krpanasya jijivisoh são significativas. Existem duas classes de pessoas. Uma é chamada o krpana, e a outra é chamada o brahmana. O krpana, ou a pessoa mesquinha, não tem nenhuma estimativa do seu corpo material, mas o brahmana tem uma estimativa verdadeira sobre si mesmo e o corpo material. O krpana, por ter uma estimativa errada do seu corpo material, tem que desfrutar prazer sensual com sua força máxima, e mesmo na velhice ele quer se tornar um jovem por meio de tratamento médico ou de outra forma. Dhritarastra é chamado aqui de krpana porque sem nenhuma estimativa de seu corpo material ele quer viver a qualquer custo. Vidura tenta abrir seus olhos para ver que ele não pode viver mais do que seu termo e que ele precisa se preparar para a morte. Porque a morte é inevitável, por que ele deve aceitar uma posição humilhante dessa para viver? É melhor pegar o caminho certo, mesmo sob o risco da morte. Vida humana é destinada para terminar todos tipos de misérias da existência material, e a vida deve ser regulada de tal forma que a pessoa possa alcançar o objetivo desejado. Dhritarastra, devido a seu conceito errado de vida, já tinha estragado oitenta por cento da sua energia adquirida, por isso era adequado para ele utilizar os dias restantes da sua vida mesquinha para o objetivo último. Uma vida dessa é chamada mesquinha porque a pessoa não pode utilizar apropriadamente os recursos da forma humana de vida. Somente por boa sorte uma pessoa mesquinha dessa encontra uma alma auto-realizada igual Vidura e pelas instruções dele se livra da ignorância da existência material. Verso 26 gata-svärtham imaà dehaà É chamado imperturbável aquele que vai a um lugar desconhecido, remoto e, livre de todas obrigações, deixa seu corpo material quando esse se tornou inútil. Iluminação de Srila Prabhupada: Narottama Dasa Thakura, um grande devoto e acarya da seita Gaudiya Vaishnava, cantou: "Meu Senhor, eu simplesmente desperdicei minha vida. Obtive o corpo humano, e negligenciei adorar Sua Divindade, e por isso eu voluntariamente bebi veneno". Em outras palavras, o corpo humano é especialmente destinado para cultivar conhecimento do serviço devocional para o Senhor, sem o qual vida se torna cheia de ansiedades e condições miseráveis. Portanto, aquele que desperdiçou sua vida sem essas atividades culturais é aconselhado para deixar o lar sem conhecimento de amigos ou parentes e, livre de todas obrigações de família, sociedade, país, etc., abandonar o corpo em algum destino desconhecido para que outros não saibam em que lugar e como encontrou sua morte. Dhira significa aquele que não é perturbado, mesmo quando tem provocação suficiente. Ninguém pode abandonar sua vida familiar confortável devido à sua relação afetuosa com esposa e filhos. Auto-realização é obstruída por uma afeição indevida dessa por família, qualquer um que é capaz de esquecer essa relação, é chamado imperturbado, ou dhira. Isso é, entretanto, o caminho da renúncia baseado numa vida frustrada, mas estabilização de uma renúncia dessa é somente possível pela associação com santos fidedignos e almas auto-realizadas pelos quais alguém pode se dedicar no serviço devocional amoroso para o Senhor. Rendição sincera aos pés de lótus do Senhor é possível com o despertar do senso transcendental de serviço. Isso se torna possível pela associação com devotos puros do Senhor. Dhritarastra teve sorte suficiente de ter um irmão que só pela associação era uma fonte de liberação para sua vida frustrada. Verso 27 yaù svakät parato veha É certamente uma pessoa de primeira classe quem desperta e entende, tanto por si mesma quanto de outros, a falsidade e miséria deste mundo material e assim deixa o lar e depende plenamente da Personalidade de Deus que reside dentro do seu coração. Iluminação de Srila Prabhupada: Existem três classes de transcendentalistas, chamados, (1) o dhira, ou aquele que não fica perturbado por estar longe da associação familiar, (2) aquele que está na ordem de vida renunciada, um sannyasi por sentimento de frustração, e (3) um devoto sincero do Senhor, que desperta a consciência de Deus por ouvir e cantar e deixa o lar dependendo completamente da Personalidade de Deus, que reside dentro do seu coração. A idéia é que a ordem de vida renunciada, depois de uma vida frustrada de sentimento dentro do mundo material, possa ser o trampolim no caminho da auto-realização, mas a verdadeira perfeição no caminho da liberação é obtido quando a pessoa é prática para depender plenamente da Suprema Personalidade de Deus dentro de si, e Ele pode proteger Seu devoto sincero em qualquer circunstância estranha. Deve-se portanto praticar serviço devocional em casa, por ouvir e cantar o santo nome, qualidade, forma, passatempos, associados, etc., na associação com devotos puros, e essa prática ajudará a pessoa despertar consciência de Deus na proporção à sinceridade de propósito da pessoa. Aquele que deseja benefício material com essas atividades devocionais nunca pode depender da Suprema Personalidade de Deus, embora Ele esteja situado dentro do coração de todos. Nem o Senhor dá qualquer orientação para pessoas que O adoram por ganho material. Esses devotos materialistas podem ser abençoados pelo Senhor com benefícios materiais, mas eles não podem alcançar o estágio de ser humano de primeira classe, como mencionado acima. Existem muitos exemplos de devotos sinceros na história do mundo, especialmente na Índia, e eles são nossos guias no caminho da auto-realização. Mahatma Vidura é um desses grandes devotos do Senhor, e todos nós devemos tentar seguir seus passos de lótus para auto-realização. Verso 28 athodécéà diçaà yätu Por favor, portanto, parta para o Norte imediatamente, sem deixar que seus familiares saibam, porque em breve aquele tempo se aproximará o qual diminui as boas qualidades da pessoa. Iluminação de Srila Prabhupada: Uma pessoa pode compensar por uma vida de frustração por se tornar um dhira, ou deixar o lar para sempre sem comunicar os familiares, e Vidura aconselhou seu irmão mais velho para adotar esse caminho sem demora porque muito muito rápido a era de Kali se aproximava. Uma alma condicionada já é degradada pela associação material, e ainda assim em Kali-yuga as boas qualidades de uma pessoa deteriorarão até o padrão mais baixo. Ele foi aconselhado para deixar o lar antes que Kali-yuga se aproximasse porque a atmosfera que foi criada por Vidura, suas instruções valiosas sobre os fatos da vida, desapareceriam devido à influência da era que se aproximava rapidamente. Para se tornar narottama, ou um ser humano de primeira classe que depende completamente do Supremo Senhor Sri Krishna, não é possível para uma pessoa ordinária. É afirmado no Bhagavad-gita (7.28) que uma pessoa que fica completamente aliviada de todas manchas de atos pecaminosas só pode depender do Supremo Senhor Sri Krishna, a Personalidade de Deus. Dhritarastra foi aconselhado por Vidura pelo menos a se tornar um dhira no início como se fosse impossível para ele se tornar um sannyasi ou um narottama. Empenho persistente na linha da auto-realização ajuda a pessoa a se elevar para as condições de um narottama do estágio de dhira. O estágio de dhira é alcançado depois de prática prolongada no sistema de yoga, mas pela graça de Vidura pode-se alcançar o estágio imediatamente simplesmente por adotar com boa vontade o meio do estágio de dhira, que é o estágio preparatório para sannyasa. O estágio sannyasa é o estágio preparatório de paramahamsa, ou o devoto do Senhor de primeiro grau. Verso 29 evaà räjä vidureëänujena Assim Maharaja Dhritarastra, o descendente da família de Ajamidha, firmemente convencido pelo conhecimento introspectivo, (prajña), rompeu imediatamente a forte rede da afeição familiar por sua determinação resoluta. Assim ele deixou o lar imediatamente para se estabelecer no caminho da liberação, como orientado pelo seu irmão mais novo Vidura. Iluminação de Srila Prabhupada: O Senhor Sri Chaitanya Mahaprabhu, o grande pregador dos princípios do Srimad Bhagavatam, enfatizou a importância da associação com sadhus, devotos puros do Senhor. Ele disse que mesmo por alguns momentos de associação com um devoto puro, pode-se alcançar toda perfeição. Não temos vergonha de admitir que esse fato foi experimentado na nossa vida prática. Se nós não fôssemos favorecidos por Sua Divina Graça Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Goswami Maharaja, por meio de nosso primeiro encontro por alguns minutos apenas, seria impossível para nós aceitar esta tarefa poderosa de descrever Srimad Bhagavatam em inglês. Sem vê-lo naquele momento oportuno, nós poderíamos nos tornado um muito grande magnata empresário, mas nunca seríamos capazes de andar no caminho da liberação e estar dedicado no serviço real do Senhor sob instruções de Sua Divina Graça. E aqui está outro exemplo prático pela associação de Dhritarastra com Vidura. Maharaja Dhritarastra estava firmemente amarrado numa rede de afinidades materiais relacionadas a política, economia e apego familiar, e ele fez de tudo em seu alcance para alcançar o suposto sucesso em seus projetos planejados, mas foi frustrado do começo ao fim no que diz respeito às suas atividades materiais. Mesmo assim, apesar de sua vida de fracasso, ele alcançou o maior de todos sucessos na auto-realização pelas enérgicas instruções de um devoto puro do Senhor, que é o emblema típico de um sadhu. As escrituras ordenam, portanto, que a pessoa deve se associar com sadhus somente, e rejeitar todos outros tipos de associação, por fazer isso a pessoa terá ampla oportunidade para ouvir os sadhus, que podem cortar em pedaços as amarras da afeição ilusória no mundo material. É um fato que o mundo material é uma grande ilusão porque tudo parece ser uma realidade tangível mas no momento seguinte evapora igual a espuma arrojada do mar ou uma nuvem no céu. Uma nuvem no céu indubitavelmente parece ser uma realidade porque faz chover, e devido às chuvas tantas coisa verdes temporárias aparecem, mas em última instância, tudo desaparece, a saber a nuvem, chuva e vegetação verde, tudo no devido curso. Mas o céu permanece, e as variedades do céu ou luminárias também permanecem para sempre. Similarmente, a Verdade Absoluta, que é comparada ao céu, permanece eternamente, e a ilusão igual nuvem vem e vai embora. Seres humanos tolos ficam atraídos pela nuvem temporária, mas pessoas inteligentes estão mais preocupadas com o céu eterno com todas suas variedades. Verso 30 patià prayäntaà subalasya putré A gentil e casta Gandhari, que era a filha do Rei Subala de Kandahar (ou Gandhara), seguiu seu esposo, ao ver que ele ia para as Montanhas Himalaia, que são o deleite daqueles que aceitaram o bastão da ordem renunciada igual guerreiros que aceitaram uma boa chicotada do inimigo. Iluminação de Srila Prabhupada: Saubalini, ou Gandhari, filha do Rei Subala e esposa do Rei Dhritarastra, era ideal como uma esposa devotada a seu esposo. A civilização Védica especialmente prepara esposas castas e devotadas, das quais Gandhari é uma entre muitas mencionadas na história. Lakshmiji Sitadevi também era a filha de um grande rei, mas ela seguiu seu esposo, Senhor Ramachandra, na floresta. Similarmente, porque era mulher Gandhari poderia ter ficado em casa ou na casa de seu pai, mas como uma dama casta e gentil ela seguiu seu esposo sem consideração. Instruções para a ordem de vida renunciada foram transmitidas para Dhritarastra por Vidura, e Gandhari ficou do lado de seu esposo. Mas ele não pediu para ela segui-lo porque naquele momento ele estava plenamente determinado, igual um guerreiro que enfrenta todos tipos de perigos dentro do campo de batalha. Ele não estava mais atraído à suposta esposa ou parentes, e decidiu ir sozinho, mas como uma dama casta Gandhari decidiu seguir seu esposo até o último momento. Maharaja Dhritarastra aceitou a ordem de vanaprastha, e nesse estágio a esposa é permitida a permanecer como uma servidora voluntária, mas no estágio sannyasa nenhuma esposa pode permanecer com seu esposo anterior. Um sannyasi é considerado um homem morto civilmente, e por isso a esposa se torna uma viúva civil sem conexão com seu esposo precedente. Maharaja Dhritarastra não negou sua esposa fiel, e ela o seguiu por seu próprio risco. Os sannyasis aceitam um bastão como sinal da ordem de vida renunciada. Existem dois tipos de sannyasis. Aqueles que seguem a filosofia Mayavadi, liderados por Sripada Shankaracharya, aceitam apenas um bastão (eka-danda), mas aqueles que seguem a filosofia Vaishnavite aceitam três bastões combinados (tri-danda). Os sannyasis Mayavadi são ekadandi-swamis, enquanto os sannyasis Vaishnava são conhecidos como tridandi-swamis, ou mais distintamente, tridandi-goswamis, a fim de serem distinguidos dos filósofos Mayavadis. Os ekadandi-swamis são mais atraídos aos Himalaias, mas os sannyasis Vaishnava são atraídos a Vrindavana e Puri. Os sannyasis Vaishnava são narottamas, enquanto os sannyasis Mayavadi são dhiras. Maharaja Dhritarastra foi aconselhado a seguir os dhiras porque naquele estágio era difícil para ele se tornar um narottama. Verso 31 ajäta-çatruù kåta-maitro hutägnir Maharaja Yudhisthira, cujo inimigo nunca nasceu, executou seus deveres matinais cotidianos por orar, oferecer sacrifício de fogo para o deus do Sol, e oferecer reverências, grãos, vacas, terra e ouro para os brahmanas. Ele então entrou no palácio para prestar seus respeitos para os mais velhos. Entretanto, ele não conseguiu encontrar seus tios ou tia, a filha do Rei Subala. Iluminação de Srila Prabhupada: Maharaja Yudhisthira era o rei mais piedoso porque ele pessoalmente praticava diariamente os deveres piedosos para os casados. Os casados são solicitados a levantar de manhã cedo, e depois do banho eles devem oferecer respeitos para as Deidades do lar por preces, por oferecer combustível no fogo sagrado, por dar em caridade para os brahmanas terra, vacas, grãos, ouro, etc., e por último oferecer para os membros mais velhos devidos respeitos e reverências. Aquele que não estiver preparado para praticar injunções prescritas nos sastras não pode ser um bom homem simplesmente por conhecimento de livro. Casados modernos são práticos em diferentes modos de vida, a saber acordar tarde e então tomar chá na cama sem nenhuma sorte de limpeza e sem quaisquer práticas purificatórias como mencionado acima. As crianças da família são levadas a praticar o que os pais praticam, e assim a geração inteira escorrega em direção ao inferno. Nada de bom pode ser esperado deles a menos que se associem com sadhus. Igual Dhritarastra, a pessoa materialista pode tomar muitas lições de um sadhu igual Vidura e assim ficar limpa dos efeitos da vida moderna. Maharaja Yudhisthira, entretanto, não conseguiu encontrar dentro do palácio seus dois tios, chamados Dhritarastra e Vidura, junto com Gandhari, a filha do Rei Subala. Ele estava ansioso para vê-los e então perguntou para Sanjaya, o secretário particular de Dhritarastra. Verso 32 tatra saïjayam äsénaà Maharaja Yudhisthira, cheio de ansiedade, voltou-se para Sanjaya, que estava sentado lá, e disse: Ó Sanjaya, onde está nosso tio, que é idoso e cego? Verso 33 ambä ca hata-puträrtä Onde está meu benquerente, tio Vidura, e mãe Gandhari, que está muito aflita com a morte de todos seus filhos? Meu tio Dhritarastra também estava muito mortificado por causa da morte de todos seus filhos e netos. Indubitavelmente eu sou muito ingrato. Será que ele, portanto, levou minhas ofensas muito seriamente e, junto com sua esposa, afogou-se no Ganges? Iluminação de Srila Prabhupada: Os Pandavas, especialmente Maharaja Yudhisthira e Arjuna, anteciparam os efeitos posteriores da Batalha de Kurukshetra, e por isso Arjuna declinou em executar o combate. O combate foi executado pelo desejo do Senhor, mas os efeitos da aflição familiar, como eles pensaram antes, veio a ser verdade. Maharaja Yudhisthira sempre foi consciente da grande situação difícil de seu tio Dhritarastra e tia Gandhari, e por isso ele tomou todo cuidado possível deles em sua velhice e condições de dificuldade. Quando, então, ele não pôde encontrar seu tio e tia no palácio, naturalmente suas dúvidas surgiram, e ele conjecturou que eles tinham afundado na água do Ganges. Ele se considerou ingrato porque quando os Pandavas ficaram sem pai, Maharaja Dhritarastra lhes deu todas facilidades reais para viver, e em troca ele matou todos filhos de Dhritarastra na Batalha de Kurukshetra. Como uma pessoa piedosa, Maharaja Yudhisthira levou em consideração todas suas más ações inevitáveis, e ele nunca pensou nas más ações de seu tio e companhia. Dhritarastra sofreu os efeitos de suas próprias más ações pela vontade do Senhor, mas Maharaja Yudhisthira pensava somente em suas próprias más ações inevitáveis. Assim é a natureza de uma boa pessoa e devoto do Senhor. Um devoto nunca acha faltas em outros, mas tenta achar as suas próprias e assim retificá-las na medida do possível. Verso 34 pitary uparate päëòau Quando meu pai, Pandu, caiu e todos nós éramos crianças pequenas, esses dois tios nos deram proteção de todos tipos de calamidades. Eles sempre foram nossos bons simpatizantes. Ai de mim, aonde eles foram daqui? Verso 35 süta uväca Suta Goswami disse: Por causa da compaixão e agitação mental, Sanjaya, que não viu seu próprio mestre, Dhritarastra, estava aflito e não pôde responder apropriadamente para Maharaja Yudhisthira. Iluminação de Srila Prabhupada: Sanjaya foi o assistente pessoal de Maharaja Dhritarastra por um longo tempo, e assim ele teve a oportunidade de estudar a vida de Dhritarastra. E quando ele viu que Dhritarastra deixou o lar sem seu conhecimento, sua tristeza não teve limite. Ele estava plenamente compassivo em direção a Dhritarastra porque no jogo da Batalha de Kurukshetra, o Rei Dhritarastra perdeu tudo, homens e dinheiro, e no fim o Rei e a Rainha tiveram que deixar o lar em frustração total. Ele estudou a situação do seu próprio jeito porque não sabia que a visão interior de Dhritarastra foi despertada por Vidura e que assim ele deixou o lar em alegria entusiástica por uma vida melhor depois de partir do poço escuro do lar. A menos que alguém fique convencido de uma vida melhor depois da renúncia da vida presente, não pode aderir à ordem de vida renunciada simplesmente por vestimenta artificial ou ficar fora de casa. Verso 36 vimåjyäçrüëi päëibhyäà Primeiro ele vagarosamente acalmou sua mente pela inteligência, assim enxugou suas lágrimas e com o pensamento nos pés de seu mestre, Dhritarastra, ele começou a responder para Maharaja Yudhisthira. Verso 37 saïjaya uväca Sanjaya disse: Meu querido descendente da dinastia Kuru, eu não tenho informação da determinação dos seus dois tios e Gandhari. Ó Rei, eu fui enganado por essas grandes almas. Iluminação de Srila Prabhupada: Que grandes almas enganam outros pode ser espantoso de saber, mas é um fato que grandes almas enganam outros por uma grande causa. É dito que o Senhor Krishna aconselhou Yudhisthira a contar uma mentira perante Dronacharya, e também foi por uma grande causa. O Senhor quis assim, e portanto foi uma grande causa. Satisfação do Senhor é o critério daquele que é fidedigno, e a perfeição mais elevada da vida é satisfazer o Senhor pelo seu próprio dever ocupacional. Esse é o veredito do Gita e Bhagavatam *. Dhritarastra e Vidura, seguidos por Gandhari, não revelaram sua determinação para Sanjaya, embora ele estivesse constantemente com Dhritarastra como seu assistente pessoal. Sanjaya achava que Dhritarastra não poderia executar qualquer ato sem consultá-lo. Mas Dhritarastra ir embora do lar era tão confidencial que não pôde ser revelado nem para Sanjaya. Sanatana Goswami também enganou o carcereiro da prisão quando fugiu para ver o Senhor Chaitanya Mahaprabhu, e similarmente Raghunatha Dasa Goswami também enganou seu sacerdote e deixou o lar para sempre para satisfazer o Senhor. Para satisfazer o Senhor, qualquer coisa é boa, porque está em relação com a Verdade Absoluta. Nós também tivemos oportunidade de enganar os membros da família e deixar o lar para nos dedicar no serviço do Srimad Bhagavatam. Uma enganação dessa foi necessária por uma grande causa, e não houve nenhuma perda para qualquer parte numa fraude transcendental dessa. * yatah pravrttir bhutanam / yena sarvam idam
tatam ataù pumbhir dvija-çreñöhä /
varëäçrama-vibhägaçaù Verso 38 athäjagäma bhagavän Enquanto Sanjaya falava assim, Sri Narada, o poderoso devoto do Senhor, apareceu em cena carregando seu tumburu. Maharaja Yudhisthira e seus irmãos o receberam apropriadamente por se levantarem de seus assentos e oferecerem reverências. Iluminação de Srila Prabhupada: Devarshi Narada é descrito aqui como bhagavan por ele ser o devoto mais confidencial do Senhor. O Senhor e Seus devotos muito confidenciais são tratados no mesmo nível por aqueles que estão verdadeiramente dedicados no serviço amoroso do Senhor. Tais devotos confidenciais do Senhor são muito queridos pelo Senhor porque viajam em toda parte para pregar as glórias do Senhor em diferentes capacidades e tentam o seu máximo para converter os não devotos do Senhor em devotos com o propósito de trazê-los para a plataforma da sanidade. Na realidade um ser vivo não pode ser um não devoto do Senhor por causa da sua posição constitucional, mas quando alguém se torna um não devoto ou incrédulo, deve-se entender que a pessoa interessada não está numa condição de vida sadia. Os devotos confidenciais do Senhor tratam esses seres vivos iludidos, o por isso eles são os mais queridos aos olhos do Senhor. O Senhor diz no Bhagavad-gita que ninguém é mais querido para Ele do que aquele que prega as glórias do Senhor para converter os incrédulos e os não devotos. E personalidades assim como Narada deve-se oferecer todos devidos respeitos, iguais os oferecidos para a Personalidade de Deus em Pessoa, e Maharaja Yudhisthira, junto com seus nobres irmãos, eram exemplo para outros em receber um devoto puro do Senhor igual Narada, que não tinha nenhuma outra ocupação salvo e exceto cantar as glórias do Senhor junto com sua vina, instrumento musical de cordas. Verso 39 yudhiñöhira uväca Maharaja Yudhisthira disse: Ó personalidade divina, eu não sei para onde meus dois tios foram. Nem posso encontrar minha tia asceta que está angustiada pela perda de todos seus filhos. Iluminação de Srila Prabhupada: Maharaja Yudhisthira, como uma boa alma e devoto do Senhor, era sempre consciente da perda de sua tia e seus sofrimentos como uma asceta. Um asceta nunca fica perturbado por todos tipos de sofrimentos, e isso o faz forte e determinado no caminho do progresso espiritual. Rainha Gandhari é um exemplo típico de um asceta por causa de seu caráter maravilhoso em muitas situações penosas. Ela era uma mulher ideal como mãe, esposa e asceta, e na história do mundo um caráter assim numa mulher é raramente encontrado. Verso 40 karëadhära iväpäre Você é igual um capitão de um navio no grande oceano e você pode nos direcionar para nosso destino. Assim abordado, a personalidade divina, Devarshi Narada, maior dos devotos filósofos, começou a falar. Iluminação de Srila Prabhupada: Existem diferentes tipos de filósofos, e o maior de todos eles são aqueles que viram a Personalidade de Deus e se renderam em serviço amoroso transcendental do Senhor. Entre esses devotos puros do Senhor, Devarshi Narada é o líder, e por isso ele foi descrito aqui como o maior de todos devotos filósofos. A menos que alguém se torne um filósofo suficientemente versado por ouvir a filosofia Vedanta de um mestre espiritual fidedigno, não pode ser um devoto filósofo versado. A pessoa tem que ser muito fiel, versada e renunciada, senão não pode ser um devoto puro. Um devoto puro do Senhor pode nos dar orientação em direção à outra ponta da ignorância. Devarshi Narada costumava visitar o palácio de Maharaja Yudhisthira porque os Pandavas são todos devotos puros do Senhor, e o Devarshi estava sempre pronto para dar a eles bom conselho sempre que preciso. Verso 41 närada uväca Sri Narada disse: Ó Rei piedoso, não lamente por ninguém, porque todos estão sob o controle do Supremo Senhor. Portanto todos seres vivos e seus líderes continuam adoração para serem bem protegidos. É somente Ele que os traz juntos e os dispersam. Iluminação de Srila Prabhupada: Todo ser vivo, tanto dentro deste mundo material quanto no mundo espiritual, está sob o controle do Supremo Senhor, a Personalidade de Deus. A começar por Brahmaji, o líder deste universo, abaixo até a formiga insignificante, todos cumprem a ordem do Supremo Senhor. Assim a posição constitucional do ser vivo é subordinação sob o controle do Senhor. O ser vivo tolo, especialmente humano, artificialmente se rebela contra a lei do Supremo e assim se torna castigado como um asura, ou infrator da lei. Um ser vivo é posto numa posição particular pela ordem do Supremo Senhor, e é novamente mudado desse lugar pela ordem do Supremo Senhor ou Seus agentes autorizados. Brahma, Shiva, Indra, Chandra, Maharaja Yudhisthira ou, na história moderna, Napoleão, Akbar, Alexandre, Gandhi, Shubhash e Nehru todos são servos do Senhor, e são postos dentro e removidos de suas posições respectivas pela vontade suprema do Senhor. Nenhum deles é independente. Mesmo embora tais homens ou líderes que se rebelam a ponto de não reconhecem a supremacia do Senhor, são postos sob leis ainda mais rigorosas do mundo material por meio de diferentes misérias. Somente humanos tolos, portanto, dizem que não existe nenhum Deus. Maharaja Yudhisthira foi convencido sobre essa verdade nua e crua porque ele estava muito perplexo pela partida súbita de seus tios e tia idosos. Maharaja Dhritarastra foi posto nessa posição de acordo com suas más ações passadas; e ele já tinha sofrido e desfrutado os benefícios acumulados para ele no passado, mas por sua boa sorte, de um modo ou de outro ele tinha um irmão mais novo bom, Vidura, e pela instrução dele ele partiu para alcançar salvação por encerrar todas suas contas no mundo material. Ordinariamente ninguém pode mudar o curso da devida felicidade e sofrimento de alguém por plano. Todos têm de aceitá-los na medida que vêm sob o arranjo sutil de kala, ou tempo invencível. Não há nenhuma utilidade em tentar neutralizá-los. A melhor coisa é, portanto, que a pessoa deve se empenhar para alcançar salvação, e essa prerrogativa é dada somente para humanos por causa de sua condição de atividades mentais e inteligência desenvolvidas. Somente para seres humanos existem diferentes instruções Védicas para o alcance da salvação durante a forma humana de existência. Aquele que faz mau uso dessa oportunidade de inteligência avançada é altamente condenado e posto dentro de diferentes tipos de misérias, tanto na vida presente quanto na futura. Assim é o modo que o Supremo controla todos. Verso 42 yathä gävo nasi protäs Do mesmo modo que uma vaca, amarrada pelo nariz por uma longa corda, fica condicionada, assim também seres humanos ficam presos pelas diferentes injunções Védicas e ficam condicionados a obedecerem às ordens do Supremo. Iluminação de Srila Prabhupada: Todo ser vivo, seja um humano ou um animal ou um pássaro, pensa que ele é livre por si mesmo, mas na realidade ninguém é livre das leis severas do Senhor. As leis do Senhor são severas porque não podem ser desobedecidas em nenhuma circunstância. As leis feitas por humanos podem ser evitadas por foras da lei ardilosos, mas nos códigos do supremo legislador não existe a menor possibilidade de negligenciar as leis. Uma mudança mínima no curso da lei feita por Deus pode causar um dano enorme para ser enfrentado pelo infrator da lei. Essas leis do Supremo são geralmente conhecidas como os códigos da religião, sob condições diferentes, mas o princípio da religião em toda parte é único e o mesmo, a saber, obedecer às ordens do Deus Supremo, os códigos da religião. Essa é a condição da existência material. Todos seres vivos no mundo material assumiram o risco da vida condicionada por seleção própria e assim ficam aprisionados pelas leis da natureza material. O único modo de sair do aprisionamento é concordar em obedecer ao Supremo. Mas em vez de ficarem livres das garras de maya, ou ilusão, seres humanos tolos ficam presos por nomenclaturas diferentes, e são designados como brahmanas, ksatriyas, vaisyas, sudras, Hindus, Islâmicos, Indianos, Europeus, Americanos, Chineses, e muitas outras, e assim eles cumprem as ordens do Supremo Senhor sob a influência de injunções respectivas de escrituras ou legislativas. As leis estatutárias do estado são réplicas de imitação imperfeitas dos códigos religiosos. O estado secular, ou o estado sem Deus, permite que os cidadãos quebrem as leis de Deus, mas os restringem de desobedecerem às leis do estado; o resultado é que as pessoas sofrem mais por quebrarem as leis de Deus do que por obedecerem às leis imperfeitas feitas pelos humanos. Todo humano é imperfeito por constituição sob condições da existência material, e não existe a mínima possibilidade que mesmo o humano mais avançado materialmente possa promulgar legislação perfeita. Por outro lado, não existe tal imperfeição nas leis de Deus. Se os líderes forem educados nas leis de Deus, não há necessidade de um conselho legislativo transitório de humanos sem rumo. Existe necessidade de mudança nas leis transitórias dos humanos, mas não existe nenhuma mudança nas leis feitas por Deus porque são feitas perfeitas pela todo-perfeita Personalidade de Deus. Os códigos da religião, injunções das escrituras, são feitas por representantes liberados do Senhor em consideração às diferentes condições de vida, e por cumprir as ordens do Senhor, os seres vivos condicionados gradualmente se tornam livres das garras da existência material. A posição verdadeira do ser vivo é, entretanto, que ele é o servidor eterno do Supremo Senhor. Em seu estado liberado ele presta serviço para o Senhor em amor transcendental e assim desfruta uma vida de liberdade plena, às vezes até mesmo no nível igual do Senhor ou às vezes mais do que o Senhor. Mas no mundo material condicionado, todo ser vivo quer ser o Senhor de outro ser vivo, e assim pela ilusão de maya essa mentalidade de dominar se torna a causa de mais extensão da vida condicionada. Assim no mundo material o ser vivo é ainda mais condicionado, até ele se render ao Senhor por reviver seu estado original de servidão eterna. Essa é a última instrução do Bhagavad-gita e todas as outras escrituras reconhecidas do mundo. Verso 43 yathä kréòopaskaräëäà Assim como quem brinca arruma e dispersa seus brinquedos de acordo com sua doce vontade, assim a vontade suprema do Senhor traz humanos juntos e os separa. Iluminação de Srila Prabhupada: Nós devemos saber com certeza que a posição particular na qual estamos estabelecidos é um arranjo da vontade suprema em termos de nossos próprios atos no passado. O Supremo Senhor está presente como o Paramatma localizado no coração de cada ser vivo, como está dito no Bhagavad-gita (13.23), e portanto Ele sabe tudo de nossas atividades em cada estágio de nossas vidas. Ele recompensa as reações de nossas ações por nos colocar em algum lugar particular. Um homem rico obtém seu próprio filho com uma colher de prata em sua boca, porém a criança que veio como o filho de um homem rico mereceu um lugar assim, portanto ele é posto ali pela vontade do Senhor. E num momento particular quando a criança precisa ser removida daquele lugar, ela é carregada pela vontade do Supremo, mesmo se a criança ou o pai não desejarem ficar separados da relação feliz. A mesma coisa acontece no caso de um homem pobre também. Nem homem rico nem homem pobre têm nenhum controle sobre encontros ou separações dos seres vivos. O exemplo daquele que brinca e seus brinquedos não deve ser mal entendido. Alguém pode argumentar desde que o Senhor é obrigado a conceder os resultados reacionários de nossas ações pessoais, o exemplo daquele que brinca não pode ser aplicado. Mas isso não é assim. Nós temos que lembrar sempre que o Senhor é a vontade suprema, e Ele não é obrigado por nenhuma lei. Geralmente a lei do karma é que para alguém é concedido o resultado de suas próprias ações, mas em casos especiais, pela vontade do Senhor, essas ações resultantes são mudadas também. Mas essa mudança pode ser afetada pela vontade do Senhor somente, e ninguém mais. Portanto, o exemplo daquele que brinca citado neste verso é bem apropriado, porque a Vontade Suprema é absolutamente livre para Ele fazer o que bem entender, e porque Ele é todo-perfeito, não existe nenhum erro em quaisquer de Suas ações ou reações. Essas mudanças das ações resultantes são especialmente prestadas pelo Senhor quando devotos puros estão envolvidos. Está assegurado no Bhagavad-gita (9.30-31) que o Senhor salva um devoto puro que se rendeu a Ele sem reserva de todas sortes de reações de pecados, e não existe nenhuma dúvida quanto a isso. Existem centenas de exemplos de reações mudadas pelo Senhor na história do mundo. Se o Senhor é capaz de mudar as reações das ações passadas de alguém, então certamente Ele não Se aprisiona por nenhuma ação ou reação de Seus próprios feitos. Ele é perfeito e transcendental a todas leis. Verso 44 yan manyase dhruvaà lokam Ó Rei, em todas circunstâncias, seja você considerar a alma como um princípio eterno, ou o corpo material como perecível, ou tudo existe dentro da Verdade Absoluta impessoal, ou tudo é uma combinação inexplicável de matéria e espírito, sentimentos de separação são devidos apenas a afeição ilusória e nada mais. Iluminação de Srila Prabhupada: O fato real é que cada ser vivo é uma parte e parcela individual do Ser Supremo, e sua posição constitucional é serviço cooperativo subordinado. Tanto na sua existência material condicionada quanto em sua posição liberada de conhecimento pleno e eternidade, o ser vivo está eternamente sob o controle do Supremo Senhor. Mas aqueles que não são versados no conhecimento real apresentam muitas posições especulativas, sobre a posição real do ser vivo. É admitido, entretanto, por todas escolas de filosofia, que o ser vivo é eterno e que o corpo de cobertura de cinco elementos materiais é perecível e temporário. O ser vivo eterno transmigra de um corpo material para outro pela lei do karma, e corpos materiais são perecíveis pelas suas estruturas fundamentais. Portanto não há nada para lamentar no caso da alma transferida para dentro de outro corpo, ou o corpo material perecer num certo estágio. Existem outros também que acreditam na alma espiritual imergir no Espírito Supremo quando fica descoberta pelo encarceramento material, e existem outros também que não acreditam na existência da alma espiritual, só acreditam em matéria tangível. Na nossa experiência diária encontramos tantas transformações de matéria de uma forma para outra, porém não lamentamos tais mudanças de características. Em qualquer um dos casos acima, a força da energia divina é irreprimível; ninguém tem nenhuma participação nisso, e não há nenhuma causa para lamentação. Verso 45 tasmäj jahy aìga vaiklavyam Portanto abandone sua ansiedade devido à ignorância do eu. Você agora pensa como eles, que são pobres criaturas desamparadas, existirão sem você. Iluminação de Srila Prabhupada: Quando pensamos em nossos amigos e parentes como desamparados e dependentes de nós, é devido à nossa ignorância. Todo ser vivo é autorizado a ter toda proteção pela ordem do Supremo Senhor em termos da posição adquirida no mundo por cada um. O Senhor é conhecido como bhuta-bhrt, aquele que dá proteção a todos seres vivos. A pessoa tem que executar seus deveres apenas, porque ninguém além do Supremo Senhor pode dar proteção para qualquer um. Isso é explicado mais claramente no verso seguinte. Verso 46 käla-karma-guëädhéno Este corpo material grosseiro feito de cinco elementos já está sob o controle do tempo eterno (kala), ação, (karma) e os modos da natureza material (guna). Como, então, pode aquele, que já está nas presas da serpente, proteger outros? Iluminação de Srila Prabhupada: Os movimentos do mundo para liberdade por meio de propaganda política, econômica, social, e cultural não podem fazer nenhum benefício para ninguém, porque são controlados por poder superior. Um ser vivo condicionado está sob o controle pleno da natureza material, representado por tempo eterno e atividades sob o ditado de diferentes modos da natureza. Existem três modos materiais da natureza, chamados bondade, paixão e ignorância. A menos que a pessoa esteja situada no modo da bondade, não pode ver as coisas como elas são. O apaixonado e o ignorante não podem nem mesmo ver as coisas como elas são. Portanto uma pessoa que é apaixonada ou ignorante não pode direcionar suas atividades no caminho certo. Somente o humano na qualidade da bondade pode ajudar até certo ponto. A maioria das pessoas é apaixonada e ignorante, e por isso seus planos e projetos dificilmente podem fazer qualquer bem para outros. Acima dos modos da natureza está o tempo eterno, que se chama kala porque muda a forma de tudo dentro do mundo material. Mesmo se formos capazes de fazer algo benéfico temporariamente, tempo verá que o bom projeto ficará frustrado no devido curso do tempo. A única coisa possível de se fazer é se livrar do tempo eterno, kala, que é comparado a kala-sarpa, ou o cobra-naja, cuja picada é sempre letal. Ninguém pode ser salvo da picada de um cobra-naja. O melhor remédio para se livrar das presas do kala igual cobra-naja ou sua integridade, os modos da natureza, é bhakti-yoga, como é recomendado no Bhagavad-gita (14.26). O projeto de perfeição mais elevado de atividades filantrópicas é engajar todos no ato de pregar bhakti-yoga por todo o mundo porque somente isso pode salvar as pessoas do controle de maya, ou a natureza material representada por kala, karma e guna, como descrito acima. O Bhagavad-gita (14.26) confirma isso definitivamente. Verso 47 ahastäni sahastänäm Aqueles que são desprovidos de mãos são presas para aqueles que têm mãos, aqueles que não têm pernas são presas para o quadrúpede. O fraco é a subsistência do forte, e a regra geral sustenta que um ser vivo é alimento para outro. Iluminação de Srila Prabhupada: Uma lei sistemática da subsistência na luta pela existência existe pela vontade suprema, e não existe escapatória para ninguém por nenhuma quantidade de planejamento. Os seres vivos que vieram para o mundo material contra a vontade do Ser Supremo estão sob o controle de um poder superior chamado maya-sakti, a agente delegada do Senhor, e essa daivi maya é destinada para pressionar as almas condicionadas com as três misérias, uma delas é explicada aqui neste verso: o fraco é a subsistência do forte. Ninguém é forte o suficiente para se proteger do ataque de um mais forte, e pela vontade do Senhor existem categorias sistemáticas do fraco, do mais forte e do forte superior. Não há nada para ser lamentado se um tigre comer um animal mais fraco, inclusive um humano, porque essa é a lei do Supremo Senhor. Mesmo embora a lei afirme que um ser humano deve subsistir sobre outro ser vivo, existe a lei do bom senso também, porque um ser humano é destinado a obedecer às leis das escrituras. Isso é impossível para outros animais. O ser humano é destinado à auto-realização, e para esse propósito ele não deve comer nada que não foi oferecido ao Senhor. O Senhor aceita de Seu devoto todos tipos de preparações feitas com vegetais, frutas, folhas e cereais. Frutas, folhas e leite em variedades diferentes podem ser oferecidos para o Senhor, e depois do Senhor aceitar a comida, o devoto pode compartilhar o prasada, pelo qual todo sofrimento na luta pela existência gradualmente mitigará. Isso é confirmado no Bhagavad-gita (9.26). Mesmo aqueles acostumados a comerem animais podem oferecer alimento, não para o Senhor diretamente, mas para um agente do Senhor, sob certas condições de rituais religiosos. Injunções das escrituras são destinadas não a encorajar os comedores de animais, mas para restringi-los por princípios reguladores. O ser vivo é a fonte de subsistência para outro, seres vivos mais fortes. Ninguém deve ficar muito ansioso por sua subsistência em quaisquer circunstâncias porque existem seres vivos em toda parte, e nenhum ser vivo é faminto por falta de comida em qualquer lugar. Maharaja Yudhisthira é aconselhado por Narada para não se preocupar pelo sofrimento de seus tios por falta de comida, porque eles podiam viver de vegetais disponíveis nas selvas como prasada do Supremo Senhor e assim realizarem o caminho da salvação. Exploração do ser vivo mais fraco pelo mais forte é a lei natural da existência; há sempre uma tentativa para devorar o fraco em diferentes reinos de seres vivos. Não há possibilidade de impedir essa tendência por quaisquer meios artificiais sob condições materiais; só pode ser impedida pelo despertar do senso espiritual do ser humano pela prática dos regulamentos espirituais. Os princípios reguladores espirituais, entretanto, não permitem que um humano abata animais mais fracos de um lado e ensine outros coexistência pacífica. Se um humano não permite coexistência pacífica para os animais, como pode esperar existência pacífica na sociedade humana? Os líderes cegos devem portanto entenderem o Ser Supremo e então tentarem implementar o reino de Deus. O reino de Deus, ou Rama-rajya, é impossível sem o despertar da consciência de Deus na mente em massa das pessoas do mundo. Verso 48 tad idaà bhagavän räjann Portanto, ó Rei, você só deve procurar pelo Supremo Senhor, que é único sem um segundo e que Se manifesta por diferentes energias e está tanto dentro quanto fora. Iluminação de Srila Prabhupada: A Suprema Personalidade de Deus é único sem um segundo, mas Ele Se manifesta por meio de diferentes energias porque Ele é por natureza bem-aventurado. Os seres vivos também são manifestações da Sua energia marginal, qualitativamente una com o Senhor, e existem inumeráveis seres vivos tanto dentro quanto fora das energias externa e interna do Senhor. Porque o mundo espiritual é uma manifestação da energia interna do Senhor, os seres vivos dentro da potência interna são qualitativamente unos com o Senhor sem contaminação da potência externa. Embora qualitativamente uno com o Senhor, o ser vivo, devido à contaminação do mundo material, é manifestado pervertidamente, e por isso ele experimenta as supostas felicidade e tristeza no mundo material. Essas experiências são efêmeras e não afetam a alma espiritual. A percepção dessas felicidade e tristeza efêmeras é devido somente ao esquecimento de suas qualidades, que são iguais às do Senhor. Existe, entretanto, uma corrente regular do próprio Senhor em Pessoa, de dentro e de fora, com a qual retificar a condição caída do ser vivo. De dentro Ele corrige os seres vivos desejosos como o Paramatma localizado, e de fora Ele corrige por Suas manifestações, o mestre espiritual e as escrituras reveladas. Deve-se procurar pelo Senhor; não se deve ficar perturbado com as supostas manifestações de felicidade e tristeza, mas deve-se tentar cooperar com o Senhor em Suas atividades externas para correção das almas caídas. Por Sua ordem somente, deve-se tornar um mestre espiritual e cooperar com o Senhor. Não se deve se tornar um mestre espiritual para benefício pessoal, por algum ganho material ou como uma avenida de negócios ou ocupação para ganhar seu sustento. Mestres espirituais fidedignos que procuram pelo Supremo Senhor para cooperar com Ele são na realidade qualitativamente unos com o Senhor, e os esquecidos são somente reflexos pervertidos. Yudhisthira Maharaja é aconselhado por Narada, portanto, para não ficar perturbado pelos casos das supostas felicidade e tristeza, mas para procurar somente pelo Senhor para executar a missão para qual o Senhor descendeu. Esse era seu dever primordial. Verso 49 so 'yam adya mahäräja Essa Suprema Personalidade de Deus, Senhor Sri Krishna, sob o disfarce do tempo todo devorador (kala-rupa) agora descendeu à Terra para eliminar os invejosos do mundo. Iluminação de Srila Prabhupada: Existem duas classes de seres humanos, chamados os invejosos e os obedientes. Porque o Senhor é único e o pai de todos seres vivos, os seres vivos invejosos também são Seus filhos, mas são conhecidos como os asuras. Mas os seres vivos que são obedientes ao pai supremo são chamados devatas, ou semideuses, porque não estão contaminados pelo conceito material de vida. Não somente os asuras são invejosos do Senhor até mesmo em negar a existência do Senhor, mas também são invejosos de outros seres vivos. A predominância dos asuras no mundo é ocasionalmente retificada pelo Senhor quando Ele os elimina do mundo e estabelece um reinado de devatas iguais os Pandavas. Sua designação como kala disfarçado é significativa. Ele não é perigoso de jeito nenhum, porém Ele é a forma transcendental de eternidade, conhecimento e bem-aventurança. Para os devotos Sua forma real é revelada, e para os não devotos Ele aparece como kala-rupa, que é forma casual. Essa forma casual do Senhor não é nenhum pouco agradável para os asuras, e por isso eles pensam no Senhor como sem forma com o propósito de se sentirem seguros de que não serão aniquilados pelo Senhor. Verso 50 niñpäditaà deva-kåtyam O Senhor já realizou Seus deveres para ajudar os semideuses, e Ele aguarda o resto. Vocês Pandavas devem esperar enquanto o Senhor estiver aqui na Terra. Iluminação de Srila Prabhupada: O Senhor descende de Sua morada (Krsnaloka), o planeta mais elevado no céu espiritual, com o propósito de ajudar os semideuses administradores deste mundo material quando são altamente vexados pelos asuras, que não são somente invejosos do Senhor mas também de Seus devotos. Como referido acima, os seres vivos condicionados contatam associação material por sua própria escolha, ditada por um forte desejo de dominar os recursos do mundo material e se tornarem senhores de imitação de tudo que enxergam. Todos tentam se tornar uma imitação de Deus; existe competição ávida entre esses deuses de imitação, e esses competidores são geralmente conhecidos como asuras. Quando há asuras demais no mundo, então ele se torna um inferno para aqueles que são devotos do Senhor. Devido ao crescimento dos asuras, a massa de pessoas que são geralmente devotadas ao Senhor por natureza e os devotos puros do Senhor, inclusive os semideuses nos planetas superiores, rogam ao Senhor por alívio, o Senhor ou descende pessoalmente de Sua morada ou delega algum de Seus devotos para remodelar a condição caída da sociedade humana, ou até mesmo sociedade animal. Essas perturbações acontecem não somente na sociedade humana mas também entre animais, pássaros ou outros seres vivos, inclusive os semideuses nos planetas superiores. O Senhor Sri Krishna descende pessoalmente para aniquilar asuras tipo Kamsa, Jarasandha e Sisupala, e durante o reinado de Maharaja Yudhisthira quase todos esses asuras foram mortos pelo Senhor. Agora Ele aguardava a aniquilação da Sua própria dinastia Yadu-vamsa, que apareceu por Sua vontade neste mundo. Ele queria levá-los embora antes da Sua própria partida para Sua morada eterna. Narada, igual Vidura, não revelou a aniquilação iminente da dinastia Yadu, mas indiretamente, deu uma sugestão para o Rei e seus irmãos para esperarem até o incidente acontecer e o Senhor partir. Verso 51 dhåtaräñöraù saha bhräträ Ó Rei, seu tio Dhritarastra, seu irmão Vidura e sua esposa Gandhari foram para o lado sul das Montanhas Himalaia, onde há abrigos dos grandes sábios. Iluminação de Srila Prabhupada: Para acalmar o pesaroso Maharaja Yudhisthira, Narada primeiro de tudo falou do ponto de vista filosófico, e então ele começou a descrever os movimentos futuros de seu tio, que ele podia ver por seus poderes de previsão, e então começou a descrever como se segue. Verso 52 srotobhiù saptabhir yä vai O lugar é conhecido como Saptasrota ("dividido em sete") porque ali as águas do Ganges sagrado foram divididas em sete ramos. Isso foi feito para a satisfação dos sete grandes rsis. Verso 53 snätvänusavanaà tasmin Nas margens em Saptasrota, Dhritarastra agora está engajado no começo de astanga-yoga por se banhar três vezes por dia, na manhã, meio-dia e noite, por executar o sacrifício Agni-hotra com fogo e por beber somente água. Isso ajuda a pessoa controlar a mente e os sentidos e livra a pessoa completamente dos pensamentos da afeição familiar. Iluminação de Srila Prabhupada: O sistema de yoga é um caminho mecânico para controlar os sentidos e a mente e desviá-los de matéria para espírito. Os processos preliminares são postura sentada, meditação, pensamentos espirituais, manipulação do ar que passa dentro do corpo, e situação gradual em transe, ver a Pessoa Absoluta face a face, Paramatma. Esses meios mecânicos de se elevar para a plataforma espiritual prescrevem alguns princípios reguladores de tomar banho três vezes por dia, jejuar o máximo possível, sentar e concentrar a mente em assuntos espirituais e assim gradualmente se tornar livre de visaya, ou objetivos materiais. Existência material significa estar absorto no objetivo material, que é simplesmente ilusório. Casa, país, família, sociedade, filhos, propriedade, e negócios são algumas das coberturas materiais do espírito, atma, e o sistema de yoga ajuda a pessoa a se tornar livre de todos esses pensamentos ilusórios e gradualmente se voltar para a Pessoa Absoluta, Paramatma. Pela associação e educação materiais, aprendemos simplesmente a concentrar em coisas frívolas, mas yoga é processo de esquecer tudo isso de uma vez. Supostos yogis e sistemas de yoga modernos manifestam alguns aspectos mágicos, e pessoas ignorantes ficam atraídas por essas coisas falsas, ou aceitam o sistema de yoga como um processo de cura barato para doenças do corpo grosseiro. Mas na realidade o sistema de yoga é o processo de aprender a esquecer aquilo que adquirimos por meio da luta pela existência. Dhritarastra estava o tempo todo engajado em melhorar assuntos familiares por elevar o padrão de vida de seus filhos ou por usurpar a propriedade dos Pandavas para o benefício de seus próprios filhos. Esses são assuntos comuns para um homem grosseiramente materialista e sem conhecimento da força espiritual. Ele não vê como isso pode arrastar uma pessoa do céu para o inferno. Pela graça de seu irmão mais novo Vidura, Dhritarastra foi iluminado e pôde ver suas ocupações grosseiramente ilusórias, e por essa iluminação ele foi capaz de deixar o lar para a realização espiritual. Sri Naradadeva simplesmente previa o caminho do progresso espiritual num lugar que era santificado pelo fluir do Ganges celestial. Beber somente água, sem comida sólida, também é considerado jejuar. Isso é necessário para o avanço no conhecimento espiritual. Uma pessoa idiota quer ser um yogi barato sem observar os princípios reguladores. Uma pessoa que não tem controle sobre a língua em primeiro lugar dificilmente pode se tornar um yogi. Yogi e bhogi são dois termos opostos. O bhogi, ou o homem folião que come e bebe, não pode ser um yogi, para um yogi nunca é permitido comer e beber irrestritamente. Podemos notar com lucro como Dhritarastra começou seu sistema de yoga por beber somente água e sentar calmamente num lugar com uma atmosfera espiritual, profundamente absorto nos pensamentos do Senhor Hari, a Personalidade de Deus. Verso 54 jitäsano jita-çväsaù Aquele que controlou as posturas sentadas (os asanas do yoga) e o processo respiratório pode voltar os sentidos em direção à Personalidade de Deus Absoluta e assim ficar imune de todas contaminações dos modos da natureza material, chamados bondade, paixão e ignorância mundanos. Iluminação de Srila Prabhupada: As atividades preliminares do caminho do yoga são asana, pranayama, dhyana, dharana, etc.. Maharaja Dhritarastra estava para alcançar sucesso naquelas ações preliminares porque ele estava sentado num lugar santificado e estava concentrado no objetivo, chamado Suprema Personalidade de Deus (Hari). Assim todos seus sentidos estavam engajados no serviço do Senhor. Esse processo ajuda diretamente o devoto a obter liberdade das contaminações dos três modos da natureza material. Mesmo o modo mais elevado, o modo material da bondade, também é uma causa de cativeiro material, e que dizer das outras qualidades, chamadas paixão e ignorância. Paixão e ignorância aumentam as propensões materiais de desejo ardente por prazer material, e um forte senso de luxúria provoca o acúmulo de riqueza e poder. Aquele que conquistou essas duas mentalidades básicas e se elevou para a plataforma da bondade, que é cheia de conhecimento e moralidade, também não pode controlar os sentidos, chamados os olhos, a língua, o nariz, o ouvido e tato. Mas aquele que se rendeu aos pés de lótus do Senhor Hari, como mencionado acima, pode transcender todas influências dos modos da natureza material e ficar fixo no serviço do Senhor. Isso proíbe o realizador a se engajar em atividades materiais. Esse processo de voltar os sentidos do apego material para o serviço amoroso transcendental do Senhor se chama pratyahara, e o mesmo processo se chama pranayama, que finaliza ultimamente em samadhi, ou absorção em satisfazer o Supremo Senhor Hari por todos os meios. Verso 55 vijïänätmani saàyojya Dhritarastra terá que amalgamar sua identidade pura com inteligência e então imergir dentro do Ser Supremo com conhecimento de sua unidade qualitativa, como um ser vivo, com o Brahman Supremo. Livre do céu bloqueado, ele terá que se elevar para o céu espiritual. Iluminação de Srila Prabhupada: O ser vivo, pelo seu desejo de dominar o mundo material e declínio em cooperar com o Supremo Senhor, contata a soma total do mundo material, chamada mahat-tattva, e do mahat-tattva sua identidade falsa com o mundo material, inteligência, mente e sentidos se desenvolvem. Isso cobre sua identidade espiritual pura. Pelo processo do yoga, quando sua identidade pura é realizada na auto-realização, a pessoa tem que reverter para a posição original por amalgamar os cinco elementos materiais grosseiros e os elementos sutis, mente e inteligência, no mahat-tattva novamente. Assim livre das garras do mahat-tattva, ele tem que imergir na existência da Superalma. Em outras palavras, tem que realizar que qualitativamente não é diferente da Superalma, e assim transcende o céu material por sua inteligência idêntica pura e assim fica engajado no serviço amoroso transcendental do Senhor. Esse é o desenvolvimento de identidade espiritual mais elevado, que foi alcançado por Dhritarastra pela graça de Vidura e do Senhor. A misericórdia do Senhor foi concedida a ele pelo seu contato pessoal com Vidura, e quando ele praticava realmente as instruções de Vidura, o Senhor o ajudou a alcançar o estágio de perfeição mais elevado. Um devoto puro do Senhor não vive dentro de um planeta do céu material, nem ele sente nenhum contato com elementos materiais. Seu suposto corpo material não existe, por estar sobrecarregado com a corrente espiritual do interesse idêntico do Senhor, e assim é permanentemente livre de todas contaminações da soma total do mahat-tattva. Ele está sempre no céu espiritual, que ele alcança por estar transcendental às coberturas materiais séptuplas pelo efeito do serviço devocional. As almas condicionadas estão com as coberturas, enquanto a alma liberada está muito além da cobertura. Verso 56 dhvasta-mäyä-guëodarko Ele terá que suspender todas ações dos sentidos, mesmo do exterior, e terá que ser impermeável a interações dos sentidos, que são influenciados pelos modos da natureza material. Depois de renunciar todos deveres materiais, ele deve ficar imovelmente estabelecido, além de todas fontes de obstáculos no caminho. Iluminação de Srila Prabhupada: Dhritarastra alcançou, pelo processo de yoga, o estágio de negação de todos tipos de reação material. Os efeitos dos modos da natureza material arrastam a vítima para desejos infatigáveis do desfrutador material, mas a pessoa pode escapar desse desfrute falso pelo processo de yoga. Cada sentido está sempre ocupado em procurar por sua comida, e assim a alma condicionada é assaltada por todos os lados e não tem chance de se tornar firme em qualquer busca. Maharaja Yudhisthira foi aconselhado por Narada para não perturbar seu tio com a tentativa de tentar trazê-lo de volta para casa. Agora ele estava além da atração de qualquer coisa material. Os modos da natureza material (os gunas) têm seus diferentes modos de atividades, mas acima dos modos da natureza material existe um modo espiritual, que é absoluto. Nirguna significa sem reação. O modo espiritual e seu efeito são idênticos; por isso a qualidade espiritual é distinta da sua contrapartida material pela palavra nirguna. Depois da suspensão completa dos modos da natureza material, a pessoa é admitida na esfera espiritual, e ação ditada pelos modos espirituais se chama serviço devocional, ou bhakti. Bhakti é portanto nirguna alcançada pelo contato direto com o Absoluto. Verso 57 sa vä adyatanäd räjan Ó Rei, ele deixará seu corpo, mais provavelmente no quinto dia a partir de hoje. E seu corpo se transformará em cinzas. Iluminação de Srila Prabhupada: A profecia de Narada Muni proibiu Yudhisthira Maharaja de ir ao lugar onde seu tio estava sentado porque mesmo depois de deixar o corpo pelo seu próprio poder místico, Dhritarastra não teria necessidade de nenhuma cerimônia de funeral. Narada Muni indicou que o corpo dele por si mesmo queimaria até as cinzas. A perfeição do sistema de yoga é atingida por esse poder místico. O yogi é capaz de deixar seu corpo por sua própria escolha e pode alcançar qualquer planeta que desejar por transformar o corpo presente em cinzas pelo fogo da auto combustão. Verso 58 dahyamäne 'gnibhir dehe Enquanto observará seu esposo de fora, que queimará no fogo do poder místico junto com sua cabana de palha, sua casta esposa entrará no fogo com atenção extasiada. Iluminação de Srila Prabhupada: Gandhari era uma dama casta ideal, companheira de vida do seu esposo, e portanto quando ela viu seu esposo queimando no fogo do yoga místico junto com sua cabana de folhas, ela se desesperou. Ela saiu de casa depois de perder seus cem filhos, e na floresta viu seu muito amado esposo que também queimava. Agora ela realmente se sentiu sozinha, e por isso entrou no fogo de seu esposo e seguiu seu esposo na morte. Essa entrada de uma dama casta dentro do fogo de seu esposo morto se chama rito sati, e a ação é considerada como a mais perfeita para uma mulher. Na última era, esse rito sati se tornou um caso criminoso obnóxio porque a cerimônia era forçada mesmo para uma mulher que não queria. Nesta era caída não é possível para nenhuma dama seguir o rito sati tão castamente como foi feito por Gandhari e outras nas eras passadas. Uma esposa casta igual Gandhari sentiria a separação de seu esposo como mais ardente do que fogo de verdade. Uma dama assim pode observar o rito sati voluntariamente, e não há nenhuma força criminosa de ninguém. Quando o rito se tornou uma formalidade apenas e força era aplicada sobre uma dama para seguir o princípio, na realidade se tornou criminoso, e assim a cerimônia foi parada por lei do estado. Essa profecia de Narada Muni para Maharaja Yudhisthira o proibiu de ir até sua tia viúva. Verso 59 viduras tu tad äçcaryaà Vidura, afetado com deleite e tristeza, então deixará aquele local sagrado de peregrinação. Iluminação de Srila Prabhupada: Vidura ficou atônito ao ver a partida maravilhosa de seu irmão Dhritarastra como um yogi liberado, porque em sua vida passada ele era muito apegado a materialismo. É claro que foi somente devido a Vidura que seu irmão alcançou o objetivo da vida desejado. Vidura por isso ficou feliz de saber disso. Mas ficou triste porque não pôde transformar seu irmão num devoto puro. Isso não foi feito por Vidura porque Dhritarastra era inimigo dos Pandavas, que eram todos devotos do Senhor. Uma ofensa aos pés de um Vaishnava é mais perigosa do que uma ofensa aos pés de lótus do Senhor. Vidura foi certamente muito liberal para conceder misericórdia para seu irmão Dhritarastra, cuja vida passada foi muito materialista. Mas ultimamente o resultado duma misericórdia dessa depende da vontade do Supremo Senhor na vida presente; por isso Dhritarastra alcançou liberação somente, e depois de muitos desses estados de vida liberados pode-se alcançar o estágio do serviço devocional. Vidura ficou com certeza muito mortificado com a morte de seu irmão e cunhada, e o único remédio para mitigar essa lamentação era ir em peregrinação. Assim Maharaja Yudhisthira teve a chance de chamar Vidura de volta, seu tio sobrevivente. Verso 60 ity uktväthäruhat svargaà Depois de falar assim, o grande sábio Narada, junto com sua vina, ascendeu dentro do espaço sideral. Yudhisthira manteve sua instrução dentro de seu coração e assim conseguiu se livrar de todas lamentações. Iluminação de Srila Prabhupada: Sri Naradaji é um astronauta eterno, dotado com um corpo espiritual pela graça do Senhor. Ele pode viajar em espaços siderais tanto dos mundos material quanto espiritual sem restrição e pode se aproximar de qualquer planeta em espaço ilimitado dentro de nenhum tempo. Nós já discutimos sua vida passada como o filho de uma criada. Por causa da sua associação com devotos puros, ele foi elevado à posição de astronauta eterno e assim tem liberdade de movimento. Deve-se portanto tentar seguir os passos de Narada Muni e não fazer um esforço fútil para alcançar outros planetas por meios mecânicos. Maharaja Yudhisthira era um rei piedoso, e por isso ele podia ver Narada Muni ocasionalmente, qualquer um que desejar ver Narada Muni deve primeiro ser piedoso e seguir os passos de Narada Muni. Assim terminam os significados Bhaktivedanta do Primeiro Canto, Décimo Terceiro Capítulo, do Srimad Bhagavatam, intitulado "Dhritarastra Deixa o Lar".
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O Desaparecimento do Senhor Krishna
Vamos transcrever o Srimad Bhagavatam de Sua Divina Graça Sri Srimad Bhaktivedanta Swami Maharaja Srila Prabhupada, Primeiro Canto, Capítulo Quatorze "O Desaparecimento do Senhor Krishna": Capítulo Quatorze O Desaparecimento do Senhor Krishna Verso 1 süta uväca Sri Suta Goswami disse: Arjuna foi para Dwaraka para ver o Senhor Sri Krishna e outros amigos e também saber do Senhor sobre Suas próximas atividades. Iluminação de Srila Prabhupada: Como está afirmado no Bhagavad-gita, o Senhor descende à Terra para a proteção dos fiéis e aniquilação dos impiedosos, assim depois da Batalha de Kurukshetra e estabelecimento de Maharaja Yudhisthira, a missão do Senhor estava completa, e por isso Arjuna foi para Dwaraka para ouvir do Senhor sobre Seu próximo programa de trabalho. Verso 2 vyatétäù katicin mäsäs Alguns meses se passaram, e Arjuna não voltou. Maharaja Yudhisthira então começou a observar alguns presságios não auspiciosos, que eram temerosos em si mesmos. Iluminação de Srila Prabhupada: O Senhor Sri Krishna, a Suprema Personalidade de Deus é ad infinitum, mais poderoso do que o mais poderoso sol da nossa experiência. Milhões e bilhões de sóis são criados por Ele e aniquilados por Ele dentro um período de Sua respiração. No mundo material o Sol é considerado a fonte de toda produtividade e energia material, e somente devido ao Sol que podemos ter as necessidades da vida. Portanto, durante a presença pessoal do Senhor na Terra, toda parafernália para nossa paz e prosperidade, especialmente religião e conhecimento, estavam em exibição plena por causa da presença do Senhor, justamente igual a existência de uma inundação plena de luz na presença do Sol brilhante. Maharaja Yudhisthira observou algumas discrepâncias em seu reino, e por isso ele ficou muito ansioso por causa de Arjuna, que estava ausente longo tempo, e também não tinha nenhuma notícia sobre o bem-estar de Dwaraka. Ele suspeitou do desaparecimento do Senhor Krishna, senão não haveria nenhuma possibilidade de presságios terríveis. Verso 3 kälasya ca gatià raudräà Ele viu que a direção do tempo eterno tinha mudado, e isso era muito terrível. Aconteceram rupturas nas regularidades sazonais. O povo em geral se tornou muito ambicioso, irritado e enganoso. E ele viu que adotaram meios de sustento sórdidos. Iluminação de Srila Prabhupada: Quando a civilização fica desconectada da relação amorosa com a Suprema Personalidade de Deus, sintomas como mudanças nas regulações sazonais, meios de subsistência sórdidos, ambição, irritação e fraudulência se tornam desenfreados. A mudança nas regulações sazonais se refere à atmosfera de uma estação ficar manifestada em outra estação - por exemplo a estação de chuva ser transferida para o outono, ou frutificação de frutas e flores de uma estação para outra. Uma pessoa ímpia é invariavelmente ambiciosa, irritada e fraudulenta. Uma pessoa assim pode ganhar seu sustento por quaisquer meios, preto ou branco. Durante o reinado de Maharaja Yudhisthira, todos os sintomas acima eram conspícuos por sua ausência. Mas Maharaja Yudhisthira ficou atônito em experimentar mesmo uma pequena mudança na atmosfera divina de seu reino, e imediatamente ele suspeitou do desaparecimento do Senhor. Meios de sustento sórdidos implicam desvio do dever ocupacional da pessoa. Existem deveres prescritos para todos, tais quais o brahmana, o ksatriya, vaisya e sudra, porém qualquer um que desvia do seu dever prescrito e declara outro dever como o seu segue um dever sórdido e impróprio. Uma pessoa se torna demasiadamente ambiciosa por riqueza e poder quando não tem um objetivo superior na vida e quando acha que esta vida terrestre de alguns anos é tudo em tudo. Ignorância é a causa de todas essas anomalias na sociedade humana, e para remover esta ignorância, especialmente nesta era de degradação, o poderoso Sol está aqui para distribuir luz na forma do Srimad Bhagavatam. Verso 4 jihma-präyaà vyavahåtaà Todas transações e negociações ordinárias ficaram poluídas com enganação, mesmo entre amigos. E em casos familiares, havia sempre desentendimento entre pais, mães e filhos, entre simpatizantes, e entre irmãos. Mesmo entre esposo e esposa havia sempre tensão e briga. Iluminação de Srila Prabhupada: Um ser vivo condicionado é dotado com quatro princípios de imperícia, chamados erros, insanidade, inabilidade e enganação. Esses são sinais de imperfeição, e desses quatro a propensão de enganar outros é mais proeminente. E essa prática de enganação existe nas almas condicionadas porque as almas condicionadas estão principalmente no mundo material imbuídas com um desejo não natural de dominar o mundo material. Um ser vivo em seu estado puro não está condicionado pelas leis porque em seu estado puro ele é consciente de que um ser vivo é eternamente subserviente do Ser Supremo, e por isso é sempre bom para ele permanecer subserviente, em vez de tentar falsamente dominar a propriedade do Supremo Senhor. No estado condicionado o ser vivo não fica satisfeito mesmo se realmente se tornar o senhor de tudo o que enxerga, o que nunca acontecerá, e assim ele se torna vítima de todos tipos de enganação, mesmo com as relações mais íntimas. Numa situação insatisfatória dessa, não existe harmonia, mesmo entre pai e filhos ou entre esposo e esposa. Mas todas essas dificuldades competitivas podem ser mitigadas por um processo, e isso é o serviço devocional do Senhor. O mundo de hipocrisia pode ser cessado somente pela neutralização através do serviço devocional para o Senhor e nada mais. Maharaja Yudhisthira, ao observar as disparidades, conjeturou o desaparecimento do Senhor da Terra. Verso 5 nimittäny atyariñöäni No curso do tempo aconteceu que as pessoas em geral se tornaram acostumadas a ganância, raiva, orgulho, etc.. Maharaja Yudhisthira, ao observar todos esses presságios, falou para seu irmão mais novo. Iluminação de Srila Prabhupada: Um rei tão piedoso quanto Maharaja Yudhisthira imediatamente ficou perturbado quando ocorreram esses sintomas desumanos tais quais ganância, raiva, irreligiosidade e hipocrisia desenfreados na sociedade. Parece dessa afirmação que todos esses sintomas de sociedade degradada eram desconhecidos para as pessoas daquela época, e foi surpreendente para elas os terem experimentado com o advento de Kali-yuga, ou a era da briga. Verso 6 yudhiñöhira uväca Maharaja Yudhisthira falou para seu irmão mais novo Bhimasena, mandei Arjuna para Dwaraka para encontrar seus amigos e saber da Personalidade de Deus Krishna sobre Seu programa de trabalho. Verso 7 gatäù saptädhunä mäsä Desde que ele partiu, passaram sete meses, e ele não voltou ainda. Eu não sei verdadeiramente como vão as coisas por lá. Verso 8 api devarñiëädiñöaù Ele vai deixar Seus passatempos terrestres, como Devarshi Narada indicou? A hora já chegou? Iluminação de Srila Prabhupada: Como já discutimos muitas vezes, a Suprema Personalidade de Deus Senhor Sri Krishna tem muitas expansões plenárias, e cada e todas elas, embora igualmente poderosas, executam funções diferentes. No Bhagavad-gita há diferentes declarações do Senhor, e cada uma dessas declarações é destinada para diferentes porções plenárias ou porções das porções plenárias. Por exemplo, Sri Krishna, o Senhor, diz no Bhagavad-gita: "Sempre e onde há um declínio na prática religiosa, ó descendente de Bharata, e um aumento predominante da irreligião - nesse momento Eu descendo em Pessoa". (Bg. 4.7) "Para libertar os fiéis, para aniquilar os descrentes e também para restabelecer os princípios do dever ocupacional, Eu apareço em cada era". (Bg. 4.8) "Se Eu parasse de trabalhar, então toda a humanidade ficaria desorientada. Eu também seria a causa da criação de população indesejada, e Eu assim destruiria a paz de todos seres sensíveis". (Bg. 3.24) "Qualquer ação que um grande homem realiza, pessoas comuns seguirão. E quaisquer padrões que ele estabelece por atos exemplares, todo o mundo segue". (Bg. 3.21) Todas declarações acima pelo Senhor se aplicam a diferentes porções plenárias do Senhor, a saber Suas expansões tais quais Sankarshana, Vasudeva, Pradyumna, Aniruddha e Narayana. Todos esses são Ele Próprio em diferentes expansões transcendentais, e mesmo assim o Senhor como Sri Krishna funciona em uma esfera diferente de intercâmbio transcendental com diferentes categorias de devotos. E ainda assim o Senhor Krishna como Ele é aparece a cada vinte e quatro horas do tempo de Brahma (ou depois de um lapso de 8.640.000.000 de anos solares) em cada e todo universo, e todos Seus passatempos transcendentais são exibidos em cada e todo universo num carretel de rotina. Mas nesse carretel de rotina as funções do Senhor Krishna, Senhor Vasudeva, etc., são problemas complexos para as pessoas leigas. Não existe diferença entre o Senhor Ele mesmo e o corpo transcendental do Senhor. As expansões executam atividades diferenciais. Quando o Senhor, entretanto, aparece em Sua pessoa como Senhor Sri Krishna, Suas porções plenárias também se juntam a Ele por Sua potência inconcebível chamada yogamaya, e assim o Senhor Krishna de Vrindavana é diferente do Senhor Krishna de Mathura ou o Senhor Krishna de Dwaraka. O virat-rupa do Senhor Krishna também é diferente Dele, por Sua potência inconcebível. O virat-rupa exibido na Batalha de Kurukshetra é a concepção material de Sua forma. Portanto deve-se entender que quando o Senhor Krishna foi aparentemente morto pelo arco e flecha de um caçador, o Senhor deixou Seu suposto corpo material no mundo material. O Senhor é kaivalya, e para Ele não existe diferença entre matéria e espírito porque tudo é criado por Ele. Por isso que Ele deixar um tipo de corpo ou aceitar outro corpo não significa que Ele é igual ao ser vivo ordinário. Todas essas atividades são simultaneamente una e diferente por Sua potência inconcebível. Quando Maharaja Yudhisthira lamentava a possibilidade do desaparecimento Dele, era justamente em prosseguimento de um costume de lamentar o desaparecimento de um grande amigo, mas na realidade o Senhor nunca deixa Seu corpo transcendental, como é mal concebido por pessoas menos inteligentes. Pessoas menos inteligentes assim foram condenadas pelo Senhor em Pessoa no Bhagavad-gita, e são conhecidas como mudhas. Que o Senhor deixou Seu corpo significa que Ele deixou novamente Suas porções plenárias nos dhamas respectivos (moradas transcendentais), igual Ele deixou Seu virat-rupa no mundo material. Verso 9 yasmän naù sampado räjyaà Por Ele somente, toda nossa opulência real, boas esposas, vidas, progênie, controle sobre nossos súditos, vitória sobre nossos inimigos, e acomodações futuras em planetas superiores se tornaram possíveis. Tudo isso é devido à misericórdia sem causa Dele sobre nós. Iluminação de Srila Prabhupada: Prosperidade material consiste em uma boa esposa, bom lar, terra suficiente, bons filhos, relações aristocráticas de família, vitória sobre competidores e, por trabalho piedoso, alcance de acomodações nos planetas celestiais superiores para melhores facilidades de amenidades materiais. Essas facilidades são ganhas não somente pelo trabalho manual árduo da pessoa ou por meios injustos, só pela misericórdia do Supremo Senhor. Prosperidade ganha pelo esforço pessoal da pessoa também depende da misericórdia do Senhor. O labor pessoal deve existir em adição à bênção do Senhor, mas sem a bênção do Senhor ninguém é bem sucedido simplesmente pelo labor pessoal. As pessoas modernizadas de Kali-yuga acreditam no esforço pessoal e negam a bênção do Supremo Senhor. Mas de acordo com os sastras Védicos, como encontramos nas páginas do Srimad Bhagavatam, a sanção última para todo sucesso repousa nas mãos do Supremo Senhor. Maharaja Yudhisthira admite essa verdade em seu sucesso pessoal, e convém que a pessoa siga os passos de um grande rei e devoto do Senhor para tornar a vida um sucesso pleno. Se alguém pudesse alcançar sucesso sem a sanção do Senhor então nenhum profissional de medicina falharia em curar um paciente. Apesar do tratamento mais avançado de um paciente sofredor pelo mais atualizado profissional de medicina, acontece óbito, e mesmo no caso mais sem esperança, sem tratamento médico, um paciente é curado surpreendentemente. Portanto a conclusão é que a sanção de Deus é a causa imediata para todos acontecimentos, bons ou maus. Qualquer pessoa bem-sucedida deve sentir gratidão para o Senhor por tudo que alcançou. Verso 10 paçyotpätän nara-vyäghra Veja agora, ó homem com a força de um tigre, quantas misérias devido a influências celestiais, reações terrestres e dores corpóreas - todas muito perigosas em si mesmas - são presságios de perigo no futuro próximo por enganar nossa inteligência. Iluminação de Srila Prabhupada: Avanço material da civilização significa avanço das reações das misérias triplas devido à influência celestial, reações terrestres, ou dores corpóreas ou mentais. Pela influência celestial das estrelas acontecem muitas calamidades como calor e frio excessivos, chuvas ou sem chuvas, e os efeitos posteriores são fome, doença e epidemia. O resultado agregado é agonia do corpo e da mente. Ciência material feita por humanos não pode fazer nada para anular essas misérias triplas. Elas são todas punições da energia superior de maya sob a direção do Supremo Senhor. Assim nosso toque constante com o Senhor pelo serviço devocional pode nos dar alívio sem sermos perturbados na execução de nossos deveres humanos. Os asuras, entretanto, que não acreditam na existência de Deus, fazem seus planos próprios para neutralizar essas misérias triplas, e assim se deparam com fracassos toda vez. O Bhagavad-gita (7.14) afirma claramente que a reação da energia material nunca é para ser conquistada, por causa dos efeitos vinculativos dos três modos. Eles só podem ser superados por aquele que se rendeu plenamente em devoção sob os pés de lótus do Senhor. Verso 11 ürv-akñi-bähavo mahyaà O lado esquerdo do meu corpo, minhas coxas, braços e olhos todos ficam trêmulos repetidamente. Eu tenho palpitações cardíacas devido ao medo. Tudo isso indica acontecimentos indesejados. Iluminação de Srila Prabhupada: A existência material é cheia de misérias. Coisas que não queremos são forçadas sobre nós por alguma energia superior, e nós não enxergamos que tudo isso indesejável está sob o punho dos três modos da natureza material. Quando olhos, braços e coxas de uma pessoa tremulam constantemente, devemos saber que alguma coisa acontecerá a qual é indesejada. Esses indesejáveis são comparados ao fogo numa floresta. Ninguém vai à floresta para atear incêndios, mas incêndios acontecem automaticamente na floresta, o que causa calamidades inconcebíveis para os seres vivos na floresta. Um incêndio desse não pode ser extinto por quaisquer esforços humanos. O fogo só pode ser extinto pela misericórdia do Senhor, que envia nuvens para jogar água na floresta. Similarmente, acontecimentos indesejáveis na vida não podem ser impedidos por quaisquer números de planos. Essas misérias só podem ser removidas pela misericórdia do Senhor, que manda Seus representantes fidedignos para iluminar os seres humanos e assim salvá-los de todas calamidades. Verso 12 çivaiñodyantam ädityam Veja agora, ó Bhima, a fêmea do chacal uiva na alvorada e vomita fogo, e como o cachorro late para mim sem medo. Iluminação de Srila Prabhupada: Esses são maus presságios que indicam algo indesejável no futuro próximo. Verso 13 çastäù kurvanti mäà savyaà Ó Bhimasena, tigre entre os homens, agora animais úteis tais quais a vaca passam do meu lado esquerdo, e animais inferiores tais quais asnos me circungiram. Meus cavalos parecem que choram quando me vêem. Verso 14 måtyu-dütaù kapoto 'yam Veja só! Esse pombo parece o mensageiro da morte. Os guinchos das corujas e seus rivais corvos fazem meu coração tremer, parece que desejam tornar vazio o universo inteiro. Verso 15 dhümrä diçaù paridhayaù Veja só como a fumaça rodeia o céu. Parece que a terra e montanhas latejam. Ouça só o trovão sem nuvem e veja os raios a partir do azul. Verso 16 väyur väti khara-sparço O vento sopra violentamente, e assopra poeira em toda parte e cria escuridão. Nuvens chovem em todo lugar com desastres sangrentos. Verso 17 süryaà hata-prabhaà paçya Os raios do Sol declinam, e as estrelas parecem lutar entre si. Seres vivos confusos parecem flamejantes e choram. Verso 18 nadyo nadäç ca kñubhitäù Rios, afluentes, lagoas, reservatórios e a mente estão todos perturbados. Manteiga não acende mais fogo. O que é este tempo extraordinário? O que acontecerá? Verso 19 na pibanti stanaà vatsä Os bezerros não sugam as tetas das vacas, nem as vacas dão leite. Eles ficam em pé, choram, com lágrimas em seus olhos, e os touros não sentem prazer nas pastagens. Verso 20 daivatäni rudantéva As Deidades parecem chorar no templo, lamentar e transpirar. Parece que vão embora. Todas metrópoles, vilas, cidades, jardins, minas e eremitérios agora estão desprovidos de beleza e desolados de toda felicidade. Eu não sei que sorte de calamidades nos esperam agora. Verso 21 manya etair mahotpätair Eu acho que todas essas perturbações terrestres indicam uma perda maior da boa fortuna do mundo. O mundo foi afortunado por ter sido marcado com as pegadas dos pés de lótus do Senhor. Esses sinais indicam que isso não existirá mais. Verso 22 iti cintayatas tasya Ó Brahmana Shaunaka, enquanto Maharaja Yudhisthira, ao observar sinais não auspiciosos sobre a Terra naquele momento, assim pensava consigo mesmo, Arjuna voltou da cidade dos Yadus (Dwaraka). Verso 23 taà pädayor nipatitam Quando ele se prostrou a seus pés, o Rei viu que seu abatimento era sem precedente. Sua cabeça estava abaixada, e lágrimas escorriam de seus olhos de lótus. Verso 24 vilokyodvigna-hådayo Ao ver Arjuna pálido por causa de ansiedades sinceras, o Rei, ao lembrar as indicações do sábio Narada, perguntou a ele no meio de amigos. Verso 25 yudhiñöhira uväca Maharaja Yudhisthira disse: Meu querido irmão, diga-me por favor se nossos amigos e parentes, tais quais Madhu, Bhoja, Dasharha, Arha, Satvata, Andhaka e os membros da família Yadu todos passam seus dias em felicidade. Verso 26 çüro mätämahaù kaccit Meu respeitável avô Shurasena está num humor feliz? Meu tio materno Vasudeva e seus irmão mais novos estão indo bem? Verso 27 sapta sva-säras tat-patnyo Suas sete esposas, lideradas por Devaki, são todas irmãs. E elas e seus filhos e noras estão todos felizes? Versos 28-29 kaccid räjähuko jévaty äsate kuçalaà kaccid Ugrasena, cujo filho era o pernicioso Kamsa, e seu irmão mais novo ainda vivem? Hridika e seu filho Kritavarma estão felizes? Akrura, Jayanta, Gada, Sarana e Shatrujit todos estão felizes? Como vai Balarama, a Personalidade de Deus e o protetor dos devotos? Iluminação de Srila Prabhupada: Hastinapura, a capital dos Pandavas, era situada em algum lugar perto da presente Nova Délhi, e o reino de Ugrasena era situado em Mathura. Quando retornava para Délhi de Dwaraka, Arjuna deve ter visitado a cidade de Mathura, e por isso a pergunta sobre o Rei de Mathura é válida. Entre vários nomes de parentes, o nome de Rama ou Balarama, irmão mais velho do Senhor Krishna, é acrescentado com as palavras "a Personalidade de Deus" porque o Senhor Balarama é a expansão imediata de visnu-tattva como prakasa-vigraha do Senhor Krishna. O Supremo Senhor, embora um sem um segundo, expande-Se como muitos outros seres vivos. Os seres vivos visnu-tattva são expansões do Supremo Senhor, e todos eles são qualitativamente e quantitativamente iguais ao Senhor. Porém expansões do jiva-sakti, a categoria dos seres vivos ordinários, não são iguais ao Senhor. Aquele que considera o jiva-sakti e o visnu-sakti como posicionados num nível igual é considerado uma alma condenada do mundo. Sri Rama, ou Balarama, é o protetor dos devotos do Senhor. Baladeva atua como o mestre espiritual de todos devotos, e por Sua misericórdia sem causa as almas caídas são liberadas. Sri Baladeva apareceu como Sri Nityananda Prabhu durante o advento do Senhor Chaitanya, e o grandioso Sri Nityananda Prabhu exibiu Sua misericórdia sem causa por liberar um par de almas extremamente caídas, chamados Jagai e Madhai. Portanto aqui é particularmente mencionado que Balarama é o protetor dos devotos do Senhor. Pela divina graça Dele somente alguém pode se aproximar do Supremo Senhor Sri Krishna, e assim Sri Balarama é a encarnação misericórdia do Senhor, manifestado como o mestre espiritual, o salvador dos devotos puros. Verso 30 pradyumnaù sarva-våñëénäà Como está Pradyumna, o grande general da família Vrishni? Ele está feliz? E Aniruddha, a expansão plenária da Personalidade de Deus, está indo bem? Iluminação de Srila Prabhupada: Pradyumna e Aniruddha também são expansões da Personalidade de Deus, e assim Eles também são visnu-tattva. Em Dwaraka o Senhor Vasudeva está entretido em Seus passatempos transcendentais junto com Suas porções plenárias, a saber Sankarshana, Pradyumna e Aniruddha, e por isso cada e todos Eles podem ser chamados de Personalidade de Deus, como é mencionado em conexão com o nome Aniruddha. Verso 31 suñeëaç cärudeñëaç ca Todos os filhos comandantes do Senhor Krishna, tais quais Sushena, Charudeshna, Samba o filho de Jambavati, Rishabha, junto com seus filhos, estão indo bem? Iluminação de Srila Prabhupada: Como já foi mencionado, o Senhor Krishna casou com 16.108 esposas e cada uma delas teve dez filhos. Portanto 16.108 x 10 = 161.080 filhos. Todos eles cresceram, e todos eles tiveram tantos filhos quanto Seu pai, e o agregado total era algo perto de 1.610.800 membros familiares do Senhor. O Senhor é o pai de todos seres vivos, que são incontáveis em número; assim só um pouco deles são chamados para se associarem com o Senhor em Seus passatempos transcendentais como o Senhor de Dwaraka sobre esta Terra. Não é espantoso que o Senhor manteve uma família visível que consistia em tantos membros. É melhor parar de comparar a posição do Senhor com a nossa, e isso se torna uma verdade simples logo que entendemos pelo menos um cálculo parcial da posição transcendental do Senhor. O Rei Yudhisthira, quando perguntava sobre os filhos e netos do Senhor em Dwaraka, mencionou só os comandantes entre eles, porque seria impossível para ele lembrar todos os nomes dos membros familiares do Senhor. Versos 32-33 tathaivänucaräù çaureù api svasty äsate sarve Também, Shrutadeva, Uddhava e outros, Nanda, Sunanda e outros líderes das almas liberadas que são companheiros constantes do Senhor são protegidos pelo Senhor Balarama e Krishna. Eles estão indo bem em suas funções específicas? Será que eles, que estão eternamente vinculados em amizade conosco, lembram nosso bem-estar? Iluminação de Srila Prabhupada: Os companheiros constantes do Senhor Krishna, tais quais Uddhava, são todos almas liberadas, e eles descendem junto com o Senhor Krishna para este mundo material para satisfazer a missão do Senhor. Os Pandavas também são almas liberadas que descendem junto com o Senhor Krishna para servi-Lo em Seus passatempos transcendentais sobre esta Terra. Como está afirmado no Bhagavad-gita (4.8), o Senhor e Seus associados eternos, que também são almas liberadas iguais ao Senhor, descendem a esta Terra em certos intervalos. O Senhor Se lembra de todos eles, mas Seus associados, embora almas liberadas, esquecem devido a serem tatastha-sakti, ou potência marginal do Senhor. Essa é a diferença entre o visnu-tattva e jiva-tattva. Os jiva-tattvas são partículas de potência infinitesimais do Senhor, e por isso requerem proteção do Senhor em todos tempos. E para os servidores eternos do Senhor, o Senhor fica feliz em dar toda proteção em todos os tempos. As almas liberadas nunca, portanto, pensam em si mesmas livres iguais ao Senhor, mas elas sempre procuram a proteção do Senhor em todas circunstâncias, tanto no mundo material quanto no mundo espiritual. Essa dependência da alma liberada é constitucional, porque as almas liberadas são iguais a fagulhas de um fogo que são capazes de exibir o brilho do fogo junto com o fogo e não independentemente. Independentemente o brilho das fagulhas fica extinto, embora a qualidade do fogo ou o brilho esteja lá. Assim aqueles que abandonam a proteção do Senhor e se tornam supostos senhores eles mesmos, por causa da ignorância espiritual, voltam para este mundo material, mesmo após tapasya prolongada do tipo mais severo. Esse é o veredito de toda literatura Védica. Verso 34 bhagavän api govindo O Senhor Krishna, a Suprema Personalidade de Deus, que dá prazer às vacas, aos sentidos e aos brahmanas, que é muito afetuoso para Seus devotos, está desfrutando da assembléia piedosa em Dwaraka Puri rodeado de amigos? Iluminação de Srila Prabhupada: Aqui neste verso particular o Senhor é descrito como bhagavan, govinda, brahmanya e bhakta-vatsala. Ele é bhagavan svayam, ou a Suprema Personalidade de Deus original, plena de todas opulências, todo poder, todo conhecimento, toda beleza, toda fama e toda renúncia. Ninguém é igual ou maior do que Ele. Ele é Govinda porque Ele é o prazer das vacas e dos sentidos. Aqueles que purificaram seus sentidos pelo serviço devocional do Senhor podem prestar a Ele serviço real e assim obterem prazer transcendental por esses sentidos purificados. Somente o ser vivo condicionado impuro não pode obter nenhum prazer pelos sentidos, mas por estar iludido por prazeres falsos dos sentidos, ele se torna servo dos sentidos. Portanto, nós precisamos da proteção Dele para nosso próprio interesse. O Senhor é o protetor das vacas e da cultura brahmana. Uma sociedade desprovida de proteção à vaca e cultura brahmana não está sob a proteção direta do Senhor, justamente igual prisioneiros nas cadeias não estão sob a proteção do rei mas sob a proteção de um agente severo do rei. Sem proteção à vaca e cultivo das qualidades brahmanas na sociedade humana, pelo menos para uma seção dos membros da sociedade, nenhuma civilização humana pode prosperar em nenhuma extensão. Pela cultura brahmana, o desenvolvimento das qualidades dormentes da bondade, a saber veracidade, equanimidade, controle sensual, tolerância, simplicidade, conhecimento geral, conhecimento transcendental, e fé firme na sabedoria Védica, uma pessoa pode se tornar um brahmana e assim ver o Senhor como Ele é. E depois de superar a perfeição brahmana, a pessoa tem que se tornar uma devota do Senhor para que a afeição amorosa Dele na forma de proprietário, mestre, amigo, filho e amante possa ser alcançada transcendentalmente. O estágio de um devoto, que atrai a afeição transcendental do Senhor, não se desenvolve a menos que a pessoa desenvolveu as qualidades de um brahmana como mencionado acima. O Senhor é inclinado para um brahmana de qualidade e não de falso prestígio. Aqueles que são menos do que um brahmana por qualificação não podem estabelecer nenhuma relação com o Senhor, justamente igual o fogo não pode ser acesso da terra crua a menos que haja madeira, apesar de existir uma relação entre madeira e terra. Porque o Senhor é todo-perfeito em Si mesmo, não poderia haver nenhuma questão sobre Seu bem-estar, e Maharaja Yudhisthira absteve-se de fazer essa pergunta. Ele simplesmente inquiriu sobre Seu local residencial, Dwaraka Puri, onde pessoas piedosas se reúnem. O Senhor fica somente onde pessoas piedosas se reúnem e sente prazer com a glorificação da Verdade Suprema delas. Maharaja Yudhisthira estava ansioso para saber sobre as pessoas piedosas e seus atos piedosos na cidade de Dwaraka. Versos 35-36 maìgaläya ca lokänäà A Personalidade de Deus original, o desfrutador, e Balarama, o primordial Senhor Ananta, ainda estão no oceano da dinastia Yadu para o bem-estar, proteção e progresso geral do universo inteiro. E os membros da dinastia Yadu, protegidos pelos braços do Senhor, desfrutam a vida igual os residentes do céu espiritual. Iluminação de Srila Prabhupada: Como já discutimos muitas vezes, a Personalidade de Deus Vishnu reside em cada e todo universo em duas capacidades, a saber Garbhodakashayi Vishnu e Kshirodakashayi Vishnu. O Kshirodakashayi Vishnu tem Seu próprio planeta no topo norte do universo, e há um grande oceano de leite onde o Senhor reside sobre a cama da encarnação Ananta de Baladeva. Assim Maharaja Yudhisthira comparou a dinastia Yadu ao oceano de leite e Sri Balarama ao Ananta onde o Senhor reside. Ele comparou os cidadãos de Dwaraka aos habitantes liberados dos Vaikunthalokas. Além do céu material, mais além do que podemos ver com nossos olhos e além das sete coberturas do universo, está o Oceano Causal no qual todos universos flutuam igual bolas de futebol, e além do Oceano causal há uma extensão ilimitada do céu espiritual geralmente conhecida como a refulgência do Brahman. Dentro dessa refulgência existem inumeráveis planetas espirituais, e eles são conhecidos como planetas Vaikuntha. Cada e todo planeta Vaikuntha é muitas e muitas vezes maior do que o maior universo dentro do mundo material, e em cada um deles existem inumeráveis habitantes que parecem exatamente iguais ao Senhor Vishnu. Esses habitantes são conhecidos como Maha-paurusikas, ou pessoas diretamente dedicadas no serviço do Senhor. Eles são felizes nesses planetas e estão sem nenhum tipo de miséria, e vivem perpetuamente em juventude plena, desfrutam a vida em bem-aventurança e conhecimento plenos sem medo de nascimento, morte, velhice ou doença, e sem a influência de kala, tempo eterno. Maharaja Yudhisthira comparou os habitantes de Dwaraka aos Maha-paurusikas de Vaikunthaloka porque eles estão assim felizes com o Senhor. No Bhagavad-gita há muitas referências aos Vaikunthalokas, e são mencionados como mad-dhama, ou o reino do Senhor. Verso 37 yat-päda-çuçrüñaëa-mukhya-karmaëä Simplesmente por administrar confortos aos pés de lótus do Senhor, que é o mais importante de todos serviços, as rainhas de Dwaraka, lideradas por Satyabhama, induziram o Senhor para conquistar os semideuses. Por isso as rainhas desfrutam coisas que são prerrogativas das esposas do controlador dos raios. Iluminação de Srila Prabhupada: Satyabhama: Uma das rainhas principais do Senhor Sri Krishna em Dwaraka. Depois de matar Narakasura, o Senhor Krishna visitou o palácio de Narakasura acompanhado por Satyabhama. Ele foi para Indraloka também com Satyabhama, e ela foi recebida por Shachidevi, que a apresentou à mãe dos semideuses, Aditi. Aditi ficou muito satisfeita com Satyabhama, e ela a abençoou com a bênção da juventude permanente enquanto o Senhor Krishna permanecesse na Terra. Aditi também a levou consigo para mostrar a ela as prerrogativas especiais dos semideuses nos planetas celestiais. Quando Satyabhama viu a flor parijata, ela desejou tê-la em seu palácio de Dwaraka. Depois disso, ela voltou para Dwaraka junto com seu esposo e expressou seu desejo de ter a flor parijata em seu palácio. O palácio de Satyabhama era especialmente revestido com jóias preciosas, e mesmo na estação mais quente do verão o interior do palácio permanecia refrigerado, como se fosse ar-condicionado. Ele decorou seu palácio com várias bandeiras, anunciando a notícia da presença de seu grandioso esposo ali. Uma vez, junto com seu esposo, ela encontrou Draupadi, e estava ansiosa para ser instruída por Draupadi nos modos e meios de satisfazer seu esposo. Draupadi era especialista nesse assunto porque manteve cinco esposos, os Pandavas, e todos eram muito satisfeitos com ela. Ao receber as instruções de Draupadi, ela ficou muito feliz e ofereceu a ela bons votos e retornou à Dwaraka. Ela era a filha de Satrajit. Depois da partida do Senhor Krishna, quando Arjuna visitou Dwaraka, todas rainhas, inclusive Satyabhama e Rukmini, lamentaram pelo Senhor com grande sentimento. No último estágio da sua vida, ela partiu para a floresta para se submeter à penitência severa. Satyabhama instigou seu esposo a obter a flor parijata dos planetas celestiais, e o Senhor a tomou mesmo pela força dos semideuses, como um esposo comum assegura coisas para agradar sua esposa. Como já foi explicado antes, o Senhor tinha muito pouco a fazer com tantas esposas para cumprir as ordens delas como um homem ordinário. Mas porque as rainhas aceitaram a alta qualidade do serviço devocional, a saber administrar todos confortos do Senhor, o Senhor fez o papel de um esposo leal e completo. Nenhuma criatura terrestre pode esperar ter coisas do reino celestial, especialmente flores parijata, que são simplesmente para serem usadas por semideuses. Mas porque elas se tornaram as esposas fiéis do Senhor, todas elas desfrutaram as prerrogativas especiais das grandiosas esposas dos habitantes do paraíso. Em outras palavras, porque o Senhor é o proprietário de tudo dentro da Sua criação, não é muito espantoso para as rainhas de Dwaraka terem qualquer coisa rara de qualquer parte do universo. Verso 38 yad bähu-daëòäbhyudayänujévino Os grandes heróis da dinastia Yadu, por terem a proteção dos braços do Senhor Sri Krishna, sempre são destemidos em todos aspectos. Por isso seus pés pisam firme na assembléia Sudharma, que os melhores semideuses mereceram mas foi tirada deles. Iluminação de Srila Prabhupada: Aqueles que são servos diretos do Senhor, são protegidos pelo Senhor contra todos os temores, e também desfrutam das melhores coisas, mesmo se pegarem à força. O Senhor é igual em comportamento para com todos os seres vivos, mas Ele é parcial com Seus devotos, pois tem muita afeição por eles. A cidade de Dwaraka florescia, enriquecida com as melhores coisas do mundo material. A casa de assembléia do estado é construída conforme a dignidade do estado particular. Nos planetas celestiais, a casa de assembléia do estado chamada Sudharma era merecida pela dignidade dos melhores semideuses. Tal casa de assembléia nunca se destina a nenhum estado do globo pois os seres humanos da Terra não têm capacidade para construí-la, seja o quanto avançado materialmente um estado possa ser. Mas durante a época da presença do Senhor Krishna na Terra, os membros da dinastia Yadu trouxeram a casa de assembléia celestial para a Terra à força e a colocaram em Dwaraka. Eles conseguiram usar essa força pois tinham certeza da indulgência e proteção do Supremo Senhor Krishna. Em outras palavras, o Senhor é suprido com as melhores coisas do universo pelos Seus devotos puros. O Senhor Krishna foi abastecido com todos tipos de confortos e amenidades disponíveis no universo pelos membros da dinastia Yadu, e em troca, esses servos do Senhor eram protegidos e destemidos. Um ser condicionado esquecido é temeroso. Mas um ser liberado nunca é temeroso, assim como uma criança pequena que depende plenamente da misericórdia de seu pai nunca tem medo de ninguém. O medo é um tipo de ilusão do ser vivo que está adormecido e esquecido de sua relação eterna com o Senhor. Como o ser vivo nunca morre por sua constituição, como o Bhagavad-gita (2.20) afirma, então qual o motivo do medo? Uma pessoa pode ficar com medo dum tigre num sonho, mas outra pessoa que está acordada ao seu lado não vê nenhum tigre ali. O tigre é um mito para as duas, tanto para a que está acordada como para a que dorme, pois na realidade não tem nenhum tigre, mas a pessoa esquecida de sua vida desperta é temerosa, enquanto a pessoa que não esqueceu sua posição não tem nenhum medo. Portanto, os membros da dinastia Yadu estavam totalmente despertos em seu serviço ao Senhor, assim não tinha nenhum tigre para eles temerem em nenhum momento. Mesmo se houvesse um tigre de verdade, o Senhor estava lá para protegê-los. Verso 39 kaccit te 'nämayaà täta Meu irmão Arjuna, faça o favor de me dizer se sua saúde está boa. Você parece que perdeu seu brilho corpóreo. Outras pessoas o desrespeitaram e desprezaram por causa de sua longa estadia em Dwaraka? Iluminação de Srila Prabhupada: O Maharaja fez perguntas sob todos os ângulos de visão para Arjuna sobre o bem estar de Dwaraka, mas concluiu finalmente que enquanto o Senhor Sri Krishna estivesse lá em pessoa, nada não auspicioso poderia acontecer. Mas ao mesmo tempo, parecia que Arjuna perdeu seu brilho corpóreo, por isso o rei perguntou sobre seu bem estar pessoal e fez tantas perguntas vitais. Verso 40 kaccin näbhihato 'bhävaiù Alguém se dirigiu a você com palavras hostis ou o ameaçou? Você não pôde dar caridade a alguém que pediu, ou não cumpriu sua promessa a alguém? Iluminação de Srila Prabhupada: Um kshatriya ou um homem rico às vezes recebe a visita de pessoas que precisam de dinheiro. Quando recebem um pedido de doação, é dever de quem possui riqueza dar caridade em consideração à pessoa, local e tempo. Se um kshatriya ou uma pessoa rica falha em cumprir essa obrigação, deve ficar muito triste com esse disparate. Similarmente, não se deve falhar em manter a promessa dada em caridade. Esses disparates às vezes causam desespero, e ao falhar, a pessoa fica sujeita a críticas, o que também podia ser a causa da situação difícil de Arjuna. Verso 41 kaccit tvaà brähmaëaà bälaà Você é sempre o protetor dos seres vivos merecedores, como brahmanas, crianças, vacas, mulheres e enfermos. Você não conseguiu protegê-los quando se aproximaram por abrigo? Iluminação de Srila Prabhupada: Os brahmanas, sempre dedicados à pesquisa do conhecimento para o trabalho de bem estar da sociedade, tanto materialmente quanto espiritualmente, merecem a proteção do rei em todos aspectos. Similarmente, as crianças do estado, a vaca, a pessoa enferma, a mulher e o idoso especificamente precisam da proteção do estado ou do rei kshatriya. Se essas pessoas não tiverem a proteção do kshatriya, ou da classe nobre, ou do estado, é certamente vergonhoso para o kshatriya ou o estado. Se isso aconteceu realmente com Arjuna, Maharaja Yudhisthira estava ansioso para saber sobre essas anomalias. Verso 42 kaccit tvaà nägamo 'gamyäà Você teve contato com uma mulher de caráter duvidoso, ou não tratou dignamente uma mulher merecedora? Ou foi derrotado no caminho por alguém inferior ou igual a você? Iluminação de Srila Prabhupada: Neste verso, percebemos que durante a época dos Pandavas o contato livre entre homem e mulher era permitido em algumas circunstâncias somente. Os homens de classe superior, a saber brahmanas e kshatriyas, podiam aceitar uma mulher da comunidade vaishya ou shudra, mas um homem de classes inferiores não podia ter contato com uma mulher de classe superior. Mesmo um kshatriya não podia ter contato com uma mulher da classe brahmana. A esposa dum brahmana é considerada como uma das sete mães naturais (a saber, a mãe biológica, a esposa do mestre espiritual ou professor, a esposa dum brahmana, a esposa do rei, a vaca, a ama, e a Terra). Esse contato entre homem e mulher é conhecido como uttama e adhama. O contato dum brahmana com uma mulher kshatriya é uttama, mas o contato dum kshatriya com uma mulher brahmana é adhama, e portanto condenado. A mulher que se aproxima dum homem para contato nunca pode ser rejeitada, mas ao mesmo tempo, a discrição mencionada acima também deve ser considerada. Bhima foi assediado por Hidimba, uma mulher duma comunidade inferior aos shudras, e Yayati recusou casar com a filha de Shukracharya porque Shukracharya era um brahmana. Vyasadeva, um brahmana, foi chamado para conceber Pandu e Dhritarastra. Satyavati pertencia a uma família de pescadores, mas Parashara, um grande brahmana, gerou com ela Vyasadeva. Há muitos exemplos do contato com mulher, mas em todos casos não eram abomináveis nem os resultados desses contatos foram ruins. O contato entre homem e mulher é natural, mas também deve ser realizado conforme os princípios reguladores para que a consagração social não seja perturbada ou que a população indesejada inútil aumente para a aflição do mundo. Para um kshatriya, é abominável ser derrotado por alguém inferior em força ou igual. Se tiver que ser derrotado, deve ser por alguém de força superior. Arjuna foi derrotado por Bhismadeva, e o Senhor Krishna o salvou do perigo. Isso não foi um insulto para Arjuna, porque Bhismadeva era muito superior a Arjuna em todos aspectos, idade respeito e força. Mas Karna era igual a Arjuna, portanto, Arjuna entrou em crise quando lutou com Karna. Arjuna sentiu isso, e Karna teve de ser morto por meios desonestos. Assim são as obrigações dos kshatriyas, e Maharaja Yudhisthira perguntou a seu irmão se aconteceu algo de indesejável com ele no caminho de Dwaraka. Verso 43 Você não cuidou de idosos e crianças que mereciam comer com você? Você os deixou e comeu sua refeição sozinho? Você cometeu algum erro imperdoável que é considerado abominável? Iluminação de Srila Prabhupada: É obrigação dum pai de família alimentar primeiro as crianças, idosos da casa, brâmanes e inválidos. Além disso, um chefe de família tem a obrigação de chamar qualquer desconhecido faminto que aparecer para comer antes dele mesmo. Ele é obrigado a chamar pessoas famintas na rua três vezes. A negligência dessa obrigação para um chefe de família, especialmente no caso de idosos e crianças, é reprovável. Verso 44 kaccit preñöhatamenätha Ou é porque você se sente vazio por dentro o tempo todo, por ter perdido o seu amigo mais íntimo, Senhor Krishna? Ó meu irmão Arjuna, não posso pensar em outra coisa para você estar tão deprimido. Iluminação de Srila Prabhupada: Todas as perguntas de Maharaja Yudhisthira sobre a situação do mundo foram presumidas por Maharaja Yudhisthira com base no desaparecimento do Senhor Krishna da visão do mundo, e agora foi desvendado por ele devido à profunda depressão de Arjuna, que não seria possível de outra forma. Apesar de estar em dúvida sobre isso, foi obrigado a perguntar com franqueza para Arjuna, com base nas indicações de Sri Narada. Assim terminam os significados Bhaktivedanta do Primeiro Canto, Décimo Quarto Capítulo, do Srimad Bhagavatam, intitulado "O Desaparecimento do Senhor Krishna".
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Os Pandavas Voltam ao Lar, de Volta ao Supremo
Vamos transcrever o Srimad Bhagavatam de Sua Divina Graça Sri Srimad Bhaktivedanta Swami Maharaja Srila Prabhupada, Primeiro Canto, Capítulo Quinze "A Retirada dos Pandavas": Capítulo Quinze Os Pandavas Se Retiram em Tempo Verso 1 süta uväca Suta Goswami disse: Arjuna, o célebre amigo do Senhor Krishna, estava desolado por causa de seu forte sentimento de separação de Krishna, acima e além de todas perguntas especulativas de Maharaja Yudhisthira. Iluminação de Srila Prabhupada: Como estava muito desolado, Arjuna estava praticamente em estado de choque, por isso não foi possível responder propriamente as várias perguntas especulativas de Maharaja Yudhisthira. Verso 2 çokena çuñyad-vadana- Por causa da tristeza, a boca e o coração de lótus de Arjuna secaram. Por isso, seu corpo perdeu todo brilho. Agora, na lembrança do Supremo Senhor, ele mal podia pronunciar uma palavra de resposta. Verso 3 kåcchreëa saàstabhya çucaù Ele controlava as lágrimas de tristeza que molhavam seus olhos com muita dificuldade. Ele estava muito desolado porque o Senhor Krishna não era mais visível, e sentia uma afeição crescente por Ele.
Verso 4 sakhyaà maitréà sauhådaà ca Com a lembrança do Senhor Krishna e Sua amizade, benefícios, parentesco íntimo e condução da quadriga, Arjuna, desnorteado e com a respiração pesada, começou a falar. Iluminação de Srila Prabhupada: O Ser Vivo Supremo é perfeito em todas relações com Seus devotos puros. Sri Arjuna é um dos devotos puros típicos do Senhor correspondente à relação fraterna, e o relacionamento do Senhor com Arjuna é uma demonstração da amizade em sua perfeição mais elevada. Ele não é apenas um bom amigo de Arjuna mas um verdadeiro bem feitor, e para aperfeiçoar ainda mais, o Senhor o atou numa relação familiar por arranjar o casamento de Subhadra com ele. E acima de tudo, o Senhor concordou em ser o condutor da quadriga de Arjuna a fim de proteger Seu amigo dos perigos da guerra, e o Senhor ficou realmente muito feliz quando restabeleceu os Pandavas no governo do mundo. Arjuna se lembrava de tudo isso repetidamente, e assim ficou desnorteado com tais pensamentos. Verso 5 arjuna uväca Arjuna disse: Ó Rei! a Suprema Personalidade de Deus, Hari, que me tratava exatamente como um amigo íntimo, me abandonou. Por isso, meu poder admirável, que maravilhava até os semideuses, não está mais comigo. Iluminação de Srila Prabhupada: O Senhor diz no Bhagavad-gita (10.41): "Qualquer um que seja especificamente poderoso e opulento em riqueza, força, beleza, conhecimento e tudo que é materialmente desejável deve ser considerado como um produto duma parte insignificante da totalidade plena da Minha energia". Portanto, ninguém pode ser poderoso independente em qualquer medida, sem ser dotado pelo Senhor. Quando o Senhor descende na Terra junto com Seus companheiros liberados eternos, Ele não só exibe a energia divina que possui como também dá o poder a Seus devotos associados com a energia necessária para a execução da missão de Sua encarnação. O Bhagavad-gita (4.5) também afirma que o Senhor e Seus companheiros eternos descendem à Terra muitas vezes, mas o Senhor lembra de todas as atuações das encarnações, enquanto os companheiros, pela Sua vontade suprema, esquecem. Similarmente, o Senhor leva embora Consigo todos Seus companheiros quando desaparece da Terra. O poder e energia concedidos a Arjuna foram necessários para o cumprimento da missão do Senhor, mas quando Sua missão foi cumprida, os poderes de emergência foram tirados de Arjuna, porque os poderes maravilhosos de Arjuna, que atraíam a admiração até dos habitantes celestiais, não eram mais necessários, e não eram destinados à volta para o Lar, a volta ao Supremo. Se a concessão e retirada de poderes pelo Senhor são possíveis até mesmo para um devoto como Arjuna, ou mesmo os semideuses do céu, o que falar então sobre seres vivos ordinários que são insignificantes quando comparados a tais grandes almas. Portanto, a lição é que ninguém deve ficar orgulhoso com seus poderes emprestados pelo Senhor. A pessoa sã deve preferivelmente ser grata ao Senhor por tais benefícios e deve utilizar esse poder no serviço ao Senhor. O poder pode ser retirado a qualquer momento pelo Senhor, por isso o melhor uso de tal poder e opulência é ocupá-los no serviço ao Senhor. Verso 6 yasya kñaëa-viyogena Eu acabei de perdê-Lo, e a separação Dele mesmo por um momento torna todos os universos desfavoráveis e vazios, como corpos sem vida. Iluminação de Srila Prabhupada: Na verdade, não existe ninguém mais querido por um ser vivo do que o Senhor. O Senhor Se expande em inumeráveis partes e parcelas como swamsha e vibhinnamsha. Paramatma é a parte swamsha do Senhor, enquanto as partes vibhinnamsha são os seres vivos. Assim como o ser vivo é o fator importante do corpo material, pois o corpo material sem o ser vivo não tem valor, similarmente sem Paramatma, o ser vivo não tem status quo. Da mesma forma, Brahman e Paramatma não têm locus standi sem o Supremo Senhor Krishna. Isso é plenamente explicado no Bhagavad-gita. Todos são interligados entre Si, ou fatores interdependentes, assim em última instância o Senhor é o summum bonum e portanto o princípio vital de tudo. Verso 7 yat-saàçrayäd drupada-geham upägatänäà Somente por Seu poder misericordioso fui capaz de vencer todos os príncipes luxuriosos reunidos no palácio do Rei Drupada para a seleção do noivo. Com o arco e flecha, pude acertar o peixe alvo e conquistar a mão de Draupadi. Iluminação de Srila Prabhupada: Draupadi era a filha mais linda do Rei Drupada, e quando era jovem, todos os príncipes desejavam sua mão. Mas Drupada Maharaja decidiu dar a mão de sua filha somente a Arjuna e planejou um jeito peculiar para isso. Havia um peixe no alto do teto do salão da assembléia protegido por uma roda de quadriga. A condição era que um príncipe tinha que acertar o olho do peixe através do orifício da roda de proteção, e ninguém podia olhar direto para o alvo. Tinha um recipiente com água no chão que refletia o alvo e a roda, e ninguém podia mirar diretamente no alvo e sim olhar para a água trepidante do recipiente no chão. Maharaja Drupada sabia bem que só Arjuna e alternativamente Karna poderiam ter sucesso nesse plano. Mas mesmo assim, queria dar a mão de sua filha a Arjuna. Então, na assembléia dos príncipes, quando Dristadyumna, o irmão de Draupadi, apresentou todos os príncipes à sua irmã mais velha, Karna também estava presente na disputa. Mas Draupadi rejeitou Karna com esperteza como rival de Arjuna, pois disse a seu irmão Dristadyumna que não seria capaz de aceitar ninguém que não fosse pelo menos um kshatriya. Os vaishyas e shudras estão abaixo dos kshatriyas. Karna era conhecido como filho dum shudra. Assim Draupadi evitou Karna com essa exigência. Arjuna disfarçado como um brâmane pobre acertou o alvo difícil para o espanto de todos, e os príncipes, especialmente Karna, entraram em combate com Arjuna, mas como de costume pela graça do Senhor Krishna, ele venceu com sucesso o combate com os príncipes e ganhou a valiosa mão de Krishná, ou Draupadi. Arjuna lamentava com a lembrança do incidente na ausência do Senhor, por cujo poder unicamente ele era tão poderoso. Verso 8 yat-sannidhäv aham u khäëòavam agnaye 'däm Por Ele estar ao meu lado, foi possível que eu conquistasse com muita destreza o poderoso Rei do céu, Indradeva, junto com seus companheiros semideuses e consegui que o deus do fogo devastasse a floresta Khandava. E somente por Sua graça, o demônio Maya foi salvo do incêndio da floresta Khandava, assim pudemos construir nossa casa de assembléia com sua maravilhosa obra prima de arquitetura, onde todos os príncipes se reuniram durante a realização do Rajasuya yajña e lhe ofereceram homenagens. Iluminação de Srila Prabhupada: O demônio Maya Danava era morador da floresta Khandava, e quando a floresta foi incendiada, pediu proteção a Arjuna. Arjuna salvou sua vida, assim o demônio ficou grato. Ele retribuiu com a construção da maravilhosa casa de assembléia dos Pandavas, que atraía a atenção de todos príncipes soberanos. Eles perceberam o poder sobrenatural dos Pandavas, assim se submeteram e prestaram homenagens ao Imperador. Os demônios possuem poderes maravilhosos e sobrenaturais para a criação de maravilhas materiais. Mas sempre são elementos de perturbação para a sociedade. Os demônios modernos são os cientistas materiais nocivos que criam alguma maravilha material para a perturbação da sociedade. Por exemplo, a criação de armas nucleares que causam pânico na sociedade humana. Maya também era um materialista assim, e conhecia a arte de criar tais coisas maravilhosas. Por isso, o Senhor Krishna queria matá-lo. Quando foi perseguido pelo fogo e pelo disco do Senhor Krishna, abrigou-se no grande devoto Arjuna, que o salvou do fogo da ira do Senhor Sri Krishna. Portanto, os devotos são mais misericordiosos do que o Senhor, e no serviço devocional, a misericórdia dum devoto é mais valiosa do que a misericórdia do Senhor. Tanto o fogo como o disco do Senhor pararam de perseguir o demônio quando viram que o demônio se abrigou num grande devoto como Arjuna. O demônio se sentiu obrigado a Arjuna e queria prestar-lhe algum serviço em retribuição para mostrar sua gratidão, mas Arjuna recusou em aceitar qualquer coisa em troca. O Senhor Sri Krishna entretanto ficou satisfeito com o demônio que se abrigou em Seu devoto, e pediu a ele para prestar serviço ao Rei Yudhisthira com a construção da casa de assembléia maravilhosa. O processo é que pela graça do devoto se obtém a graça do Senhor, e pela misericórdia do Senhor se obtém uma chance de servir ao devoto do Senhor. A maça de Bhimasena também foi presente de Maya Danava. Verso 9 yat-tejasä nåpa-çiro-'ìghrim ahan makhärtham Seu venerável irmão mais novo, que possui a força de dez mil elefantes, por Sua graça, matou Jarasandha, cujos pés são adorados por muitos reis. Esses reis foram presos para serem sacrificados no sacrifício Mahabhairava-yajña de Jarasandha, mas eles foram devidamente libertados. Depois, prestaram as devidas homenagens à Vossa Majestade. Iluminação de Srila Prabhupada: Jarasandha era um rei muito poderoso de Magadha, e a história de seu nascimento e atividades também é muito interessante. Seu pai, Rei Brihadratha, também era um rei de Magadha muito próspero e poderoso, mas não tinha filhos, apesar de casar com as duas filhas do rei de Kashi. Desapontado por não ter filhos com suas duas rainhas, o rei foi com as duas esposas para a floresta para a prática de austeridades, onde foi abençoado por um grande rishi para ter um filho, ele lhe deu uma manga para ser comida pelas rainhas. As rainhas fizeram isso e logo ficaram grávidas. O rei ficou muito feliz ao ver as rainhas grávidas, mas quando chegou a hora, as rainhas deram à luz uma criança dividida em duas partes, cada uma do ventre de cada rainha. As duas partes foram jogadas na floresta onde vivia uma grande demônia, e ela ficou muito contente em ter aquela carne delicada junto com o sangue do recém-nascido. Mas por curiosidade, ela juntou as duas partes, assim a criança ficou completa e ganhou vida. A demônia era conhecida como Jara, e sentiu pena do rei que não tinha filhos, então foi até ele e o presenteou com a bela criança. O rei ficou muito contente com a demônia e queria recompensá-la conforme seu desejo. A demônia expressou seu desejo de que a criança tivesse seu nome, assim recebeu o nome Jarasandha, aquele que foi juntado por Jara, a demônia. De fato, esse Jarasandha nasceu como uma das partes e parcelas do demônio Viprachitti. O santo que abençoou as rainhas para terem um filho era Chandra Kaushika, que profetizou sobre a criança para seu pai Brihadratha. Como possuía qualidades demoníacas desde o nascimento, tornou-se naturalmente um grande devoto do Senhor Shiva, que é o senhor de todas pessoas fantasmagóricas e demoníacas. Ravana era um grande devoto do Senhor Shiva e assim também o Rei Jarasandha. Ele costumava sacrificar todos os reis capturados ao Senhor Mahabhairava (Shiva) e com seu poder militar derrotou muitos pequenos reis os quais prendeu para sacrificar a Mahabhairava. Há muitos devotos do Senhor Mahabhairava, ou Kalabhairava, na atual província de Bihar, antiga Magadha. Jarasandha era parente de Kamsa, o tio materno de Krishna, por isso, depois da morte de Kamsa, o Rei Jarasandha se tornou um grande inimigo de Krishna, e aconteceram muitas batalhas entre Jarasandha e Krishna. O Senhor Krishna queria matá-lo, mas também queria que os homens que o serviam nas forças armadas não fossem mortos. Assim fizeram um plano para matá-lo. Krishna, Bhima e Arjuna foram juntos até Jarasandha disfarçados como brâmanes pobres para pedir doações a ele. Jarasandha nunca recusava caridade aos brâmanes, e também realizava muitos sacrifícios, mesmo assim não tinha nenhuma relação com o serviço devocional. O Senhor Krishna, Bhima e Arjuna pediram a Jarasandha a gentileza de lutar com ele, e foi decidido que Jarasandha lutaria somente com Bhima. Assim eles eram convidados e combatentes de Jarasandha ao mesmo tempo. Bhima e Jarasandha lutaram todos os dias durante vários dias. Bhima ficou desapontado, mas Krishna lhe deu indicações como Jarasandha foi juntado na infância, assim Bhima o separou novamente e assim o matou. Todos os reis que estavam presos no campo de concentração para serem mortos perante Mahabhairava foram assim libertados por Bhima. Agradecidos aos Pandavas, eles prestaram homenagens ao Rei Yudhisthira. Verso 10 patnyäs tavädhimakha-kÿpta-mahäbhiñeka- Foi somente Ele que soltou o cabelo das esposas dos canalhas que ousaram desmanchar o penteado de sua rainha, que estava tão bem vestida e santificada para a grande cerimônia do sacrifício Rajasuya. Nessa vez, ela caiu aos pés de lótus do Senhor Krishna com lágrimas nos olhos. Iluminação de Srila Prabhupada: A rainha Draupadi tinha um belo penteado que foi santificado na realização da cerimônia do Rajasuya yajña. Mas quando foi perdida numa aposta, Dushasana tocou seu cabelo santificado para insultá-la. Draupadi então caiu aos pés de lótus do Senhor Krishna, e o Senhor Krishna decidiu que todas esposas de Dushasana e companhia tivessem seus cabelos soltos como resultado da batalha de Kurukshetra. Assim, depois da batalha de Kurukshetra, quando todos filhos e netos de Dhritarastra morreram na batalha, todas esposas da família foram obrigadas a soltar seus cabelos como viúvas. Em outras palavras, todas esposas da família Kuru ficaram viúvas por causa do insulto de Dushasana a uma grande devota do Senhor. O Senhor pode tolerar insultos para Si mesmo de qualquer canalha pois o pai tolera até mesmo os insultos do filho. Mas Ele nunca tolera insultos a Seus devotos. Ao insultar uma grande alma, a pessoa perde todos os resultados de atos piedosos bem como das bênçãos também. Verso 11 yo no jugopa vana etya duranta-kåcchräd Durante nosso exílio, Durvasa Muni, que come com seus dez mil discípulos, conspirou com nossos inimigos para nos colocar numa situação perigosa. Nesse momento, Ele (Senhor Krishna) apenas aceitou os restos da comida e nos salvou. Quando aceitou os restos da comida, os munis reunidos que se banhavam no rio, sentiram-se suntuosamente alimentados. E todos os três mundos também se sentiram satisfeitos. Iluminação de Srila Prabhupada: Durvasa Muni: Um poderoso brâmane místico determinado a observar os princípios religiosos com grandes votos e sob severas austeridades. Seu nome está associado a vários eventos históricos, e parece que o grande místico podia ser satisfeito facilmente e aborrecido facilmente, como o Senhor Shiva. Quando ficava satisfeito, podia conceder um grande benefício para o servidor, mas se ficasse insatisfeito, podia causar a maior calamidade. Kumari Kunti, na casa de seu pai, costumava administrar todo tipo de serviço aos grandes brâmanes, Durvasa Muni ficou satisfeito com sua boa recepção e a abençoou com o poder de chamar o semideus que desejasse. Deve-se saber que ele é uma encarnação plenária do Senhor Shiva, e por isso ele podia ser tanto facilmente satisfeito quanto irritado. Ele era um grande devoto do Senhor Shiva, e pela ordem do Senhor Shiva ele aceitou a direção sacerdotal do Rei Swataketu na realização do sacrifício de cem anos do Rei. Às vezes, ele visitava a assembléia parlamentar do reino celestial de Indradeva. Ele podia viajar pelo espaço graças a seus grandes poderes místicos, e entende-se que ele viajava por grandes distâncias no espaço, e até os planetas de Vaikuntha além do espaço material. Ele viajou essas grandes distâncias durante um ano quando se desentendeu com o Rei Ambarisha, um grande devoto e Imperador do mundo. Ele tinha cerca de dez mil discípulos, sempre que visitava e era convidado dos grandes reis kshatriya, costumava estar acompanhado de inúmeros seguidores. Certa vez, visitou a casa de Duryodhana, o primo inimigo de Maharaja Yudhisthira. Duryodhana foi inteligente o bastante para satisfazer o brâmane de todas as formas, e o grande rishi queria dar alguma bênção a Duryodhana. Duryodhana conhecia seus poderes místicos, e também sabia que o brâmane místico, se insatisfeito, podia causar um grande dano se insatisfeito, assim planejou fazer o brâmane mostrar sua ira para seus primos inimigos, os Pandavas. Quando o brâmane quis dar uma bênção a Duryodhana, este desejou que ele visitasse a casa de Maharaja Yudhisthira, que era o mais velho e líder de todos os primos. Mas seu pedido era que ele fosse visitá-lo depois de terminar sua refeição com sua rainha, Draupadi. Duryodhana sabia que depois da refeição com Draupadi seria impossível para Yudhisthira receber um número tão grande de convidados brâmanes, assim o rishi ficaria insatisfeito e causaria algum problema para seu primo Maharaja Yudhisthira. Esse foi o plano de Duryodhana. Durvasa Muni concordou com a proposta, e se aproximou do Rei no exílio, conforme o plano de Duryodhana, depois que o Rei e Draupadi terminaram sua refeição. Quando chegou à porta de Maharaja Yudhisthira, foi muito bem recebido de imediato, e o Rei pediu para ele terminar seus rituais religiosos do meio-dia no rio, enquanto a comida seria preparada. Durvasa Muni foi para o rio com seus incontáveis discípulos para se banharem, e Maharaja Yudhisthira ficou muito ansioso por causa dos convidados. Enquanto Draupadi não tivesse terminado sua refeição, a comida podia ser servida para qualquer número de convidados, mas o rishi, segundo o plano de Duryodhana, chegou lá depois que Draupadi acabou sua refeição. Quando os devotos estão em dificuldade, têm a grande oportunidade de lembrar o Senhor com atenção concentrada. Assim, Draupadi pensou no Senhor Krishna por estar naquela situação perigosa, e o Senhor onipresente soube imediatamente da situação perigosa de Seus devotos. Então Ele apareceu imediatamente na cena e pediu a Draupadi para Lhe dar qualquer comida que tinha guardado. Quando fez esse pedido, Draupadi ficou muito triste porque o Supremo Senhor lhe pediu alguma comida e ela não era capaz de suprir naquele momento. Ela disse ao Senhor que o recipiente mágico que ganhou do deus do Sol podia suprir qualquer quantidade de comida até que ela não tivesse comido. E naquele dia, ela já tinha feito sua refeição, por isso estavam em perigo. Ela começou a chorar enquanto expressava sua dificuldade para o Senhor, do jeito que só uma mulher faz numa situação como essa. Entretanto, o Senhor pediu a Draupadi para trazer as panelas da comida para ver se havia alguma migalha que sobrou. Draupadi fez isso, e o Senhor encontrou uma partícula de vegetal grudada no pote. O Senhor a pegou e comeu imediatamente. Depois que fez isso, o Senhor pediu a Draupadi para chamar seus convidados, a comitiva de Durvasa. Bhima foi mandado ao rio para chamá-los. Bhima disse: "Por que demoram, senhores? Venham que sua comida está pronta". Mas os brâmanes, porque o Senhor Krishna aceitou uma partícula da comida, sentiam-se alimentados suntuosamente, quando ainda estavam na água. Eles acharam que Maharaja Yudhisthira tinha preparado vários pratos saborosos para eles, e como não estavam com fome e não conseguiriam comer, o Rei ia ficar triste, portanto era melhor não irem lá. Assim decidiram ir embora. Esse incidente prova que o Senhor é o maior místico, e por isso é conhecido como Yogeshvara. Outra instrução é que todo chefe de família deve oferecer a comida ao Senhor, e o resultado será que todos, mesmo uma comitiva de dez mil convidados, ficarão satisfeitos porque o Senhor estará satisfeito. Assim é o caminho do serviço devocional. Verso 12 yat-tejasätha bhagavän yudhi çüla-päëir Somente por Sua influência que numa luta pude atrair a admiração da Personalidade de Deus Senhor Shiva e Sua esposa, a filha do Monte Himalaia. Assim, Ele (Senhor Shiva) ficou satisfeito comigo e me concedeu Sua própria arma. Outros semideuses também me deram suas armas respectivas, além do mais, pude alcançar os planetas celestiais com este corpo presente e me foi concedido um assento meio elevado. Iluminação de Srila Prabhupada: Pela graça da Suprema Personalidade de Deus Sri Krishna, todos semideuses, inclusive o Senhor Shiva, ficaram satisfeitos com Arjuna. A idéia é que quando alguém é favorecido pelo Senhor Shiva ou qualquer outro semideus não é necessariamente favorecido pelo Supremo Senhor Sri Krishna. Ravana era com certeza um grande devoto do Senhor Shiva, mas não pôde ser salvo da ira da Suprema Personalidade de Deus Senhor Ramachandra. Há muitas ocorrências parecidas nos Puranas. Mas aqui vemos um exemplo onde podemos ver o Senhor Shiva ficar satisfeito numa luta com Arjuna. Os devotos do Supremo Senhor sabem como respeitar os semideuses, mas os devotos dos semideuses às vezes por estupidez pensam que a Suprema Personalidade de Deus não é maior que os semideuses. Com esse conceito, a pessoa se torna uma ofensora e no fim se depara com o mesmo destino de Ravana e outros. As ocorrências descritas por Arjuna durante seu relacionamento amigável com o Senhor Sri Krishna são instrutivas para todos que podem ser convencidos pelas lições de que se pode obter todos favores simplesmente por satisfazer o Supremo Senhor Sri Krishna, enquanto os devotos ou adoradores dos semideuses só alcançam benefícios parciais, que também são perecíveis, como os próprios semideuses são. Outro significado deste verso é que Arjuna, pela graça do Senhor Sri Krishna, foi capaz de alcançar os planetas celestiais em seu corpo atual e foi honrado pelo semideus celestial Indradeva, com um assento meio elevado ao seu lado. Pode-se alcançar os planetas celestiais com atos piedosos recomendados nos shastras na categoria das atividades lucrativas. Como o Bhagavad-gita (9.21) afirma, quando as reações dessas atividades piedosas se esgotam, o desfrutador se degrada novamente aos planetas terrestres. A Lua também está no nível dos planetas celestiais, e somente pessoas que realizam virtudes, ou seja, execução de sacrifícios, caridade e prática de austeridades severas, têm permissão para entrar nos planetas celestiais depois que encerrar a duração da vida neste corpo. Arjuna teve permissão para entrar nos planetas celestiais no mesmo corpo unicamente pela graça do Senhor, senão seria impossível fazer isso. As tentativas atuais de alcance dos planetas celestiais pelos cientistas modernos certamente serão frustradas pois esses cientistas não estão no nível de Arjuna. Eles são seres humanos ordinários, sem nenhuma qualificação de sacrifício, caridade ou austeridade. O corpo material é influenciado pelos três modos da natureza material, chamados bondade, paixão e ignorância, e os sintomas dessa influência são exibidos ao se tornarem muito luxuriosos e gananciosos. Tais indivíduos degradados mal podem se aproximar dos sistemas planetários superiores. Acima dos planetas celestiais, existem muitos outros planetas também, que somente aqueles influenciados pela bondade podem alcançar. Nos planetas celestiais e outros dentro do universo, os habitantes são todos muito inteligentes, muito mais que os seres humanos, e todos eles são piedosos no maior e mais elevado modo da bondade. Todos são devotos do Senhor, apesar de sua bondade não ser imaculada, ainda assim são considerados semideuses que possuem a máxima quantidade de boas qualidades dentro do universo material. Verso 13 tatraiva me viharato bhuja-daëòa-yugmaà Quando fiquei durante alguns dias como convidado nos planetas celestiais, todos os semideuses celestiais, inclusive o Rei Indradeva, refugiaram-se em meus braços, que tinham as marcas do arco Gandiva, para matar o demônio chamado Nivatakavacha. Ó Rei, descendente de Ajamidha, no presente momento, estou sem a Suprema Personalidade de Deus, por cuja influência eu era tão poderoso. Iluminação de Srila Prabhupada: Os semideuses celestiais são com certeza mais inteligentes, poderosos e belos, ainda assim tiveram que pedir ajuda a Arjuna por causa de seu arco Gandiva, que era dotado de poder pela graça do Senhor Krishna. O Senhor é onipotente e por Sua graça, Seu devoto puro pode ter tanto poder quanto Ele desejar, e sem limite. E quando o Senhor retira Seu poder de qualquer um, ele fica impotente pela vontade do Senhor. Verso 14 yad-bändhavaù kuru-baläbdhim ananta-päram A força militar dos Kauravas era como um oceano onde viviam muitas existências invencíveis, por isso era insuperável. Mas por causa de Sua amizade, eu, sentado na quadriga, fui capaz de atravessá-lo. E somente por Sua graça, consegui recuperar as vacas e também tirar à força muitos elmos dos reis que eram cravejados de jóias que eram fontes de muito brilho. Iluminação de Srila Prabhupada: No lado Kaurava, havia muitos comandantes bravos como Bhisma, Drona, Kripa e Karna, e seu poderio militar era tão insuperável quanto o grande oceano. Mesmo assim, pela graça do Senhor Krishna, Arjuna sozinho, em sua quadriga, pôde atuar para vencê-los um depois do outro sem dificuldade. Aconteceram várias trocas de comandantes no outro lado, mas no lado dos Pandavas, Arjuna sozinho na quadriga dirigida pelo Senhor Krishna pôde gerenciar toda a responsabilidade da grande guerra. Do mesmo modo, quando os Pandavas viveram incógnitos no palácio de Virata, os Kauravas tiveram uma desavença com o Rei Virata e decidiram levar embora seu grande número de vacas. Enquanto levavam as vacas embora, Arjuna lutou contra eles incógnito e conseguiu recuperar as vacas junto com um prêmio tirado à força - as jóias encravadas nos turbantes da classe real. Arjuna lembrou que tudo isso foi possível pela graça do Senhor. Verso 15 yo bhéñma-karëa-guru-çalya-camüñv adabhra- Foi somente Ele quem retirou a duração de vida de todos, e quem retirou o poder especulativo e a força do entusiasmo da grande falange militar organizada pelos Kauravas no campo de batalha, liderados por Bhisma, Karna, Drona, Shalya, etc.. A organização deles era perfeita e mais do que adequada, mas Ele (Senhor Sri Krishna), enquanto seguia em frente, fez tudo isso. Iluminação de Srila Prabhupada: A Suprema Personalidade de Deus Absoluta, Senhor Sri Krishna, expande-Se em Sua porção plenária Paramatma no coração de todos, e assim Ele dirige todos em relação à lembrança, esquecimento, conhecimento, ausência de inteligência e todas atividades psicológicas (Bg. 15.15). Por ser o Supremo Senhor, Ele pode aumentar ou diminuir a duração de vida de um ser vivo. Assim, o Supremo Senhor conduziu a batalha de Kurukshetra de acordo com Seu próprio plano. Ele queria a batalha para estabelecer Yudhisthira como o Imperador deste planeta, e para facilitar essa ação transcendental, Ele matou todos que eram do partido adversário por Sua vontade onipotente. O partido oposto era equipado com toda força militar apoiada por grandes generais como Bhisma, Drona e Shalya, e seria fisicamente impossível para Arjuna vencer a batalha se o Senhor não o ajudasse com todos tipos de táticas. Essas táticas são praticadas em geral por todos chefes de estado, mesmo na guerra moderna, mas são todas feitas materialmente por altas espionagens, táticas militares e manobras diplomáticas. Como Arjuna era um devoto muito querido do Senhor, o Senhor fez tudo pessoalmente sem nenhuma ansiedade pessoal para Arjuna. Assim é o caminho do serviço devocional ao Senhor.
Verso 16 yad-doùñu mä praëihitaà guru-bhéñma-karëa- Grandes generais como Bhisma, Drona, Karna, Bhurishrava, Susharma, Shalya, Jayadratha e Balika lançaram suas armas invencíveis contra mim. Mas por Sua (Senhor Krishna) graça, eles não tocaram em um só fio de cabelo da minha cabeça. Similarmente, Prahlada Maharaja, o devoto supremo do Senhor Nrisimhadeva, não foi ferido pelas armas dos demônios usadas contra ele. Iluminação de Srila Prabhupada: A história de Prahlada Maharaja, o grande devoto de Nrisimhadeva, é narrada no Sétimo Canto do Srimad Bhagavatam. Prahlada Maharaja, uma criança de apenas cinco anos de idade, virou objeto de inveja de seu grande pai, Hiranyakashipu, só porque se tornou um devoto puro do Senhor. O pai demônio usou todas suas armas para matar seu filho devoto, Prahlada, mas pela graça do Senhor, ele foi salvo de todos tipos de ações perigosas de seu pai. Ele foi jogado no fogo, em óleo fervente, do topo duma montanha, sob as patas dum elefante, e também foi envenenado. No fim, o próprio pai pegou um cutelo para matar seu filho, quando Nrisimhadeva apareceu e matou o pai perverso na presença do filho. Portanto, ninguém pode matar o devoto do Senhor. Similarmente, Arjuna também foi salvo pelo Senhor, apesar de todas armas perigosas usadas pelos seus grandes adversários como Bhisma. Karna: Nasceu de Kunti pelo deus do Sol antes do casamento dela com Maharaja Pandu, Karna nasceu com braceletes e brincos, sinais extraordinários dum herói destemido. No começo, seu nome era Vasusena, quando cresceu, deu seus brincos e braceletes naturais de presente para Indradeva, e daí em diante ficou conhecido como Vaikartana. Depois de seu nascimento da donzela Kunti, foi jogado no Ganges. Então foi pego por Adhiratha, e ele com sua esposa Radha o criaram como se fosse seu próprio filho. Karna era muito caridoso, especialmente com os brâmanes. Não havia nada que ele negasse a um brâmane. Com esse mesmo espírito caridoso, ele deu em caridade seus braceletes e brincos naturais a Indradeva, que ficou muito contente com ele, e retribuiu com sua grande arma chamada Shakti. Ele foi admitido como um dos alunos de Dronacharya, e desde o início, surgiu uma rivalidade entre ele e Arjuna. Quando viu essa rivalidade com Arjuna, Duryodhana o aceitou como seu companheiro, o que se desenvolveu gradualmente numa grande intimidade. Ele também estava presente na grande assembléia da cerimônia do swayamvara de Draupadi, e quando tentou exibir sua habilidade nessa ocasião, o irmão de Draupadi declarou que Karna não podia participar da competição por ser filho dum shudra carpinteiro. Apesar de ser rejeitado na competição, quando Arjuna acertou o peixe alvo no teto com sucesso e Draupadi pôs o colar de flores em Arjuna, Karna e os outros príncipes desapontados tentaram impedir Arjuna com violência quando saia com Draupadi. Especialmente, Karna brigou com ele bem bravo, mas todos foram derrotados por Arjuna. Duryodhana gostava muito de Karna por causa de sua constante rivalidade com Arjuna, e quando assumiu o poder, nomeou Karna como rei do estado de Anga. Quando fracassou na sua tentativa de conquistar Draupadi, Karna aconselhou Duryodhana a atacar o Rei Drupada, pois achava que depois de derrotá-lo, Arjuna e Draupadi podiam ser presos. Mas Dronacharya censurou essa conspiração deles, assim desistiram da ação. Karna foi derrotado muitas vezes, não apenas por Arjuna mas também por Bhimasena. Ele também era soberano dos reinos da Bengala, Orissa e Madras combinados. Mais tarde, ele participou do sacrifício Rajasuya de Maharaja Yudhisthira, e quando houve o jogo entre os irmãos rivais, planejado por Shakuni, Karna participou do jogo, e ficou muito contente quando Draupadi foi oferecida como aposta no jogo. Isso alimentou seu ódio antigo. Quando Draupadi foi perdida no jogo, ele ficou muito entusiasmado para dar a notícia, foi ele quem ordenou a Dushasana para tirar as roupas dos Pandavas e de Draupadi. Ele pediu a Draupadi para escolher outro marido pois foi perdida pelos Pandavas e se tornou escrava dos Kurus. Ele sempre foi inimigo dos Pandavas, e sempre que tinha uma oportunidade, tentava reprimi-los de todas as formas. Durante a batalha de Kurukshetra, ele previu o resultado final, e expressou sua opinião de que Arjuna venceria a batalha porque o Senhor Krishna era o condutor da quadriga de Arjuna. Ele sempre discordava de Bhisma, e às vezes era tão arrogante que dizia poder acabar com os Pandavas em cinco dias, se Bhisma não interferisse em seu plano de ação. Mas ficou muito comovido quando Bhisma morreu. Ele matou Ghatotkacha com a arma Shakti que ganhou de Indradeva. Seu filho, Vrishasena, foi morto por Arjuna. Ele matou o maior número de soldados Pandavas. E no fim, houve um combate terrível com Arjuna, e somente ele foi capaz de derrubar o elmo de Arjuna. Mas também aconteceu da roda de sua quadriga atolar na lama do campo de batalha, quando teve que descer para tentar desatolar a roda, Arjuna aproveitou a oportunidade para matá-lo, apesar dele pedir para Arjuna não fazer isso. Napta, ou Bhurishrava: Bhurishrava era filho de Somadatta, um membro da família Kuru. Shalya era seu irmão. Tanto os irmãos quanto o pai participaram da cerimônia swayamvara de Draupadi. Todos apreciaram o poder maravilhoso de Arjuna por ser um devoto amigo do Senhor, portanto Bhurishrava aconselhou os filhos de Dhritarastra a não se desentenderem ou lutarem contra eles. Todos eles também participaram do Rajasuya yajña de Maharaja Yudhisthira. Ele possuía um regimento akshauhini militar completo com infantaria, cavalaria, elefantes e quadrigas, que foi totalmente usado na batalha de Kurukshetra em benefício do partido de Duryodhana. Ele era considerado por Bhima como um dos yutha-patis. Na batalha de Kurukshetra, ele se ocupou especialmente no combate contra Satyaki, e matou os dez filhos de Satyaki. Mais tarde, Arjuna cortou suas mãos, e ele foi morto finalmente por Satyaki. Quando morreu, fundiu-se na existência de Visvadeva. Trigarta, ou Susharma: Filho do Maharaja Vridhakshetra, era o Rei de Trigartadesha, e também estava presente na cerimônia swayamvara de Draupadi. Era um dos aliados de Duryodhana, e aconselhou Duryodhana a atacar Matsyadesha (Darbhanga). Na ocasião do roubo das vacas em Virata-nagara, ele conseguiu capturar Maharaja Virata, mas depois Maharaja Virata foi libertado por Bhima. Ele também lutou com muita bravura na batalha de Kurukshetra, mas foi morto por Arjuna no fim. Jayadratha: Outro filho de Maharaja Vridhakshetra. Ele era Rei de Sindhudesha (atual província de Sindh no Paquistão). Sua esposa era Dushala. Ele também estava presente na cerimônia swayamvara de Draupadi, e queria muito conquistar a mão dela, mas falhou na competição. Desde então, ele sempre procurava uma oportunidade de se aproximar de Draupadi. Quando foi casar em Shalyadesha, no caminho para Kamyavana, viu Draupadi novamente e ficou muito atraído por ela. Os Pandavas e Draupadi estavam no exílio, depois que perderam o império num jogo, e Jayadratha achou bom mandar notícias para Draupadi de forma ilícita através de Kotishashya, um de seus assessores. Draupadi recusou com veemência a proposta de Jayadratha, mas ele estava muito apaixonado pela beleza de Draupadi, e tentou várias vezes. Todas as vezes foi rejeitado por Draupadi. Tentou pegá-la à força em sua quadriga, e primeiro Draupadi lhe deu um golpe forte, e ele caiu como uma árvore arrancada pela raiz. Mas não desanimou e conseguiu botar Draupadi sentada em sua quadriga à força. O incidente foi visto por Dhaumya Muni, que condenou severamente a atitude de Jayadratha. Ele também seguiu a quadriga, e o fato chegou a Maharaja Yudhisthira por meio de Dhatreyika. Os Pandavas então atacaram os soldados de Jayadratha e mataram todos, no fim, Bhima capturou Jayadratha e lhe deu uma boa surra, quase até a morte. Cortaram seu cabelo e deixaram só cinco fios, depois foi levado perante todos os reis e apresentado como escravo de Maharaja Yudhisthira. Ele foi forçado a admitir que era escravo de Maharaja Yudhisthira perante toda a classe real, assim foi trazido perante Maharaja Yudhisthira nessa condição. Maharaja Yudhisthira era tão bom que o libertou, quando concordou em ser um príncipe súdito de Maharaja Yudhisthira, a rainha Draupadi também desejou libertá-lo. Depois desse incidente, permitiram que ele voltasse para seu país. Por ser tão insultado, foi para Gangatri no Himalaia e praticou um tipo severo de penitência para agradar o Senhor Shiva. Então pediu a bênção de derrotar todos os Pandavas, pelo menos um de cada vez. Quando a batalha de Kurukshetra começou, ficou no lado de Duryodhana. Nos primeiros dias de batalha, combateu Maharaja Drupada, depois Virata e Abhimanyu em seguida. Abhimanyu ia ser morto, cercado sem piedade por sete grandes generais, os Pandavas vieram ajudá-lo, mas Jayadratha os repeliu com muita habilidade, pela graça do Senhor Shiva. Nesse momento, Arjuna jurou matá-lo. Quando soube disso, Jayadratha quis deixar o campo de batalha e pediu permissão aos Kauravas para esse ato covarde. Mas não teve a permissão. Pelo contrário, foi obrigado a lutar com Arjuna, e durante o combate, o Senhor Krishna lembrou Arjuna que a bênção de Shiva para Jayadratha era que quem fizesse sua cabeça cair no chão morreria imediatamente. Ele aconselhou Arjuna a atirar a cabeça de Jayadratha direto no colo de seu pai, que praticava penitências no lugar sagrado de peregrinação Samanta-panchaka. Arjuna fez realmente desse jeito. O pai de Jayadratha ficou surpreso de ver a cabeça decapitada em seu colo, e a jogou no chão de imediato. O pai morreu instantaneamente, com sua testa estourada em sete pedaços. Verso 17 sautye våtaù kumatinätmada éçvaro me Foi somente por sua misericórdia que meus inimigos não me mataram quando desci da minha quadriga para dar água a meus cavalos sedentos. E foi por minha falta de consideração por meu Senhor que ousei ocupá-Lo como condutor da minha quadriga, Ele que é adorado e oferecido serviços pelas melhores pessoas para alcançar salvação. Iluminação de Srila Prabhupada: O Supremo Senhor, a Suprema Personalidade de Deus Sri Krishna, é o objeto de adoração tanto dos impersonalistas quando dos devotos do Senhor. Os impersonalistas adoram Seu brilho radiante que emana de Seu corpo transcendental de forma eterna, bem-aventurado e pleno de conhecimento, e os devotos O adoram como a Suprema Personalidade de Deus. Quem está até abaixo dos impersonalistas O considera como uma das grandes personalidades históricas. O Senhor entretanto descende para atrair todos com Seus passatempos transcendentais específicos, assim Ele faz o papel do mais perfeito mestre, amigo, filho e amante. Sua relação transcendental com Arjuna é de amizade, portanto o Senhor atuou nesse papel perfeitamente, do mesmo modo como fez com Seus pais, amantes e esposas. Quando Ele atua nessa relação transcendental perfeita, o devoto esquece, pela ação da potência interna do Senhor, que seu amigo ou filho é a Suprema Personalidade de Deus, apesar de algumas vezes o devoto ficar confuso com as ações do Senhor. Depois da partida do Senhor, Arjuna tinha consciência de seu grande amigo, mas não houve nenhum erro de Arjuna, nem qualquer má consideração do Senhor. As pessoas inteligentes sentem atração pela atuação transcendental do Senhor com um devoto puro e imaculado como Arjuna. A escassez de água no campo de guerra é um fato bem conhecido. A água é bem rara ali, tanto para os amimais quanto para as pessoas, o trabalho árduo no campo de batalha requer água constantemente para saciar a sede deles. Principalmente soldados e generais feridos sentem muita sede na hora da morte, e às vezes acontece da pessoa morrer simplesmente por falta de água. Mas essa escassez de água foi resolvida na batalha de Kurukshetra com a perfuração do solo. Pela graça de Deus, a água pode ser facilmente obtida em qualquer lugar por meio da perfuração do solo. O sistema moderno funciona com o mesmo princípio da perfuração do solo, mas os engenheiros modernos ainda são incapazes de perfurar imediatamente onde é necessário. Vemos na história entretanto que na época antiga dos Pandavas, grandes generais como Arjuna podiam suprir água imediatamente até para os cavalos, o que falar dos soldados, ao trazer a água embaixo do chão duro simplesmente por perfurar o estrato sedimentar com uma flecha afiada, um método ainda desconhecido para os cientistas modernos. Verso 18 narmäëy udära-rucira-smita-çobhitäni Ó Rei! Sua fala bem humorada e franca era muito agradável e belamente decorada com sorrisos. Ele me chamava: Ó filho de Pritha, ó amigo, ó filho da dinastia Kuru, agora lembro desse grande afeto, e fico desnorteado. Verso 19 çayyäsanäöana-vikatthana-bhojanädiñv Na maior parte do tempo, nós dois costumávamos viver juntos, dormíamos, descansávamos e viajávamos juntos. E na hora de aconselhar alguém nos atos de cavalheirismo, caso houvesse qualquer irregularidade, eu costumava repreendê-Lo e dizia: "Meu amigo, Você é muito sincero". Mesmo nesses momentos quando Seu valor era minimizado, Ele, que é a Alma Suprema, costumava tolerar todas minhas expressões, e me perdoava exatamente como um amigo de verdade perdoa seu amigo de verdade, ou um pai perdoa seu filho. Iluminação de Srila Prabhupada: A Suprema Personalidade de Deus é plenamente perfeita, por isso Seus passatempos transcendentais com Seus devotos puros não carecem de nada em nenhum aspecto, tanto como amigo, filho ou amante. O Senhor aprecia as repreensões dos amigos, pais ou noivas muito mais do que os hinos Védicos que Lhe são oferecidos por grandes sábios e religiosos eruditos de uma forma oficial. Verso 20 so 'haà nåpendra rahitaù puruñottamena Ó Imperador, agora estou separado do meu amigo e mais querido benquerente, a Suprema Personalidade de Deus, por isso meu coração parece estar completamente vazio. Na Sua ausência, fui derrotado por alguns pastores de vaca infiéis quando guardava os corpos de todas esposas de Krishna. Iluminação de Srila Prabhupada: O ponto importante desse verso é como foi possível Arjuna ser derrotado por um bando de pastores ordinários e como tais pastores mundanos puderam tocar os corpos das esposas do Senhor Krishna, que estavam sob a proteção de Arjuna. Srila Visvanatha Chakravarti Thakura justificou a contradição com uma pesquisa no Vishnu Purana e Brahma Purana. Esses Puranas afirmam que certa vez, as belas habitantes dos planetas celestiais agradaram Astavakra Muni com seu serviço dedicado e foram abençoadas pelo muni para terem o Supremo Senhor como seu esposo. Astavakra Muni era curvado em oito juntas do corpo, por isso andava de forma curvada peculiar. As filhas dos semideuses não conseguiram evitar o riso ao verem os movimentos do muni, por isso ele ficou irado e as amaldiçoou para serem raptadas por bandidos, mesmo se elas conseguissem obter o Senhor como seu esposo. Mais tarde, as meninas agradaram o muni com preces novamente, e ele as abençoou que recuperariam seu esposo mesmo depois do rapto pelos bandidos. Assim, para cumprir a palavra do grande muni, o Senhor em pessoa raptou Suas esposas da proteção de Arjuna, senão elas teriam desaparecido de cena imediatamente ao serem tocadas pelos bandidos. Além do mais, algumas gopis que oraram para se tornarem esposas do Senhor, voltaram para suas posições respectivas depois que seu desejo foi satisfeito. Após a partida do Senhor Krishna, Ele queria toda Sua companhia de volta ao Supremo, e todos foram chamados de volta em diferentes situações apenas. Verso 21 tad vai dhanus ta iñavaù sa ratho hayäs te Eu tinha o mesmo arco Gandiva, as mesmas flechas, a mesma quadriga puxada pelos mesmos cavalos, e as usei como o mesmo Arjuna que todos os reis prestavam suas homenagens devidas. Mas na ausência do Senhor Krishna, tudo isso, num único momento, tornou-se inútil e nulo. Do mesmo modo como oferecer manteiga clarificada para as cinzas, acumular dinheiro com uma varinha mágica ou plantar sementes na terra estéril. Iluminação de Srila Prabhupada: Como já discutimos várias vezes, não se deve ficar orgulhoso por causa de plumas emprestadas. Todas energias e potências são derivadas da fonte suprema, o Senhor Krishna, que atuam no tempo que Ele deseja e cessam sua função tão logo que Ele retire. Todas energias elétricas vêm da usina de força, no momento que a usina pára de fornecer energia, as lâmpadas não têm mais utilidade. Apenas em um instante, essas energias podem ser geradas ou retiradas pela vontade suprema do Senhor. A civilização materialista sem as bênçãos do Senhor não passa de brincadeira infantil. Enquanto os pais permitem que a criança brinque, está tudo bem. Logo que os pais impedem, a criança tem que parar. A civilização humana portanto deve se encaixar nas bênçãos supremas do Senhor, pois sem as bênçãos do Supremo Senhor, todo avanço da civilização humana é como a decoração num corpo morto. É dito que uma civilização morta e suas atividades são algo como a manteiga clarificada nas cinzas, ou o acúmulo de dinheiro por uma varinha mágica ou a plantação de sementes na terra estéril. Versos 22 e 23 räjaàs tvayänupåñöänäà väruëéà madiräà pétvä Ó Rei, você me perguntou sobre nossos amigos e parentes da cidade de Dwaraka, informo que todos foram amaldiçoados por brâmanes, e como resultado, ficaram embriagados com vinho feito com arroz putrefato e lutaram entre si com lanças, sem mesmo reconhecer um ao outro. Agora, só quatro ou cinco deles que não morreram e se foram. Verso 24 präyeëaitad bhagavata Na verdade, tudo isso aconteceu pela vontade suprema do Senhor, a Personalidade de Deus. Às vezes, pessoas matam umas às outras, e outras vezes, protegem umas às outras. Iluminação de Srila Prabhupada: Segundo os antropólogos, existe a lei natural da luta pela existência e sobrevivência dos mais fortes. Mas não sabem que por trás da lei da natureza está a direção suprema da Suprema Personalidade de Deus. O Bhagavad-gita confirma que a lei da natureza se realiza sob a direção do Senhor. Portanto, deve-se saber que quando há paz no mundo, é devido à boa vontade do Senhor. E sempre que há revolta no mundo também é devido à vontade suprema do Senhor. Nem uma folha de grama se move sem a vontade do Senhor. Assim, quando há desobediência das regras estabelecidas pelo Senhor, acontece a guerra entre pessoas e nações. A forma mais certa do caminho da paz é então a adaptação de tudo às regras estabelecidas pelo Senhor. A regra estabelecida é que tudo que fazemos, tudo que comemos, todo sacrifício que realizamos ou tudo que damos em caridade deve ser feito para a satisfação plena do Senhor. Ninguém deve fazer nada, comer nada, sacrificar nada ou dar qualquer caridade contra a vontade do Senhor. A prudência é a melhor parte do valor, a pessoa tem que aprender a discriminar entre as ações que podem agradar o Senhor e as que podem não agradá-Lo. Portanto, uma ação é julgada por agradar ou desagradar o Senhor. Essa atenção se chama yogah karmasu kausalam (Bg. 2.50), ou ações realizadas que estão ligadas com o Supremo Senhor. Assim é a arte de fazer algo de forma perfeita. Versos 25 e 26 jalaukasäà jale yadvan evaà baliñöhair yadubhir Ó Rei, assim como no oceano os seres aquáticos maiores e mais fortes engolem os menores e mais fracos, a Suprema Personalidade de Deus, para aliviar o peso da Terra, fez com que os mais fortes da dinastia Yadu matassem os mais fracos, e os maiores da dinastia Yadu matassem os menores. Iluminação de Srila Prabhupada: A luta pela existência e sobrevivência dos mais fortes no mundo material é lei porque no mundo material existe a desigualdade entre os seres condicionados, pois todos querem dominar os recursos materiais. Essa mesma mentalidade de domínio da natureza material é a causa básica da vida condicionada. E para facilitar a vida de tais falsos senhores, a energia ilusória do Senhor criou a desigualdade entre os seres vivos condicionados por criar o mais forte e o mais fraco em todas espécies de vida. A mentalidade de domínio sobre a natureza material e a criação criou uma desigualdade natural e em conseqüência, a lei de luta pela existência. No mundo espiritual não existe tal desigualdade, nem existe tal luta pela existência. No mundo espiritual, não há luta pela existência pois todos que estão lá vivem eternamente. Não há desigualdade pois todos querem prestar serviço ao Supremo Senhor, e ninguém quer imitar o Senhor para se tornar o beneficiário. O Senhor, criador de tudo, inclusive dos seres vivos, é o verdadeiro proprietário e desfrutador de tudo que existe. Mas no mundo material, pelo encanto de maya, ou ilusão, há o esquecimento dessa relação eterna com a Suprema Personalidade de Deus, por isso o ser vivo fica condicionado à lei da luta pela existência e sobrevivência do mais forte. Verso 27 deça-kälärtha-yuktäni Agora, sinto atração pelas instruções que a Suprema Personalidade de Deus (Govinda) me transmitiu porque estão impregnadas com instruções para o alívio do ardor do coração em todas as circunstâncias de tempo e espaço. Iluminação de Srila Prabhupada: Aqui, Arjuna se refere às instruções do Bhagavad-gita, que foram transmitidas a ele pelo Senhor no Campo de Batalha em Kurukshetra. O Senhor deixou os ensinamentos do Bhagavad-gita não somente para o benefício de Arjuna, mas também para todo tempo em todo lugar. O Bhagavad-gita, falado pela Suprema Personalidade de Deus, é a essência de toda sabedoria Védica. Foi muito bem apresentado pelo Senhor em pessoa para todos que têm pouco tempo para atravessar a vastidão da literatura Védica como os Upanishads, Puranas e Vedanta-sutras. Foi colocado dentro do estudo do grande épico histórico Mahabharata, que foi preparado especialmente para as classes de pessoas menos inteligentes como mulheres, trabalhadores e os descendentes indignos dos brâmanes, kshatriyas e setores elevados dos vaishyas. O problema que surgiu no coração de Arjuna no Campo de Batalha em Kurukshetra foi solucionado com os ensinamentos do Bhagavad-gita. Novamente, depois da partida do Senhor da visão das pessoas mundanas, quando Arjuna se deparou com a aniquilação de seu poder e proeminência adquiridos, quis lembrar de novo os grandes ensinamentos do Bhagavad-gita apenas para ensinar a todos aflitos que o Bhagavad-gita pode ser consultado em todos momentos críticos, não apenas para o consolo de todos tipos de agonias mentais, mas também como escapar dos grandes embaraços que podem complicar a pessoa em alguma hora crítica. O Senhor misericordioso deixou Seus grandes ensinamentos do Bhagavad-gita para que a pessoa tenha as instruções do Senhor mesmo sem Ele estar visível para os olhos materiais. Os sentidos materiais não podem ter nenhuma estimativa sobre o Supremo Senhor, mas pelo Seu poder inconcebível, o Senhor pode encarnar pessoalmente para a percepção sensorial dos seres condicionados de forma adequada com a agência da matéria, que também é outra forma da energia manifestada do Senhor. Portanto, o Bhagavad-gita, ou qualquer outra representação sonora autêntica do Senhor, também é uma encarnação do Senhor. Não existe nenhuma diferença entre a representação sonora do Senhor e o Senhor Ele mesmo. Pode-se obter o mesmo benefício do Bhagavad-gita igual Arjuna teve na presença pessoal do Senhor. O ser humano sincero que deseja se liberar das garras da existência material pode aproveitar a vantagem do Bhagavad-gita com muita facilidade, pois com essa intenção, o Senhor instruiu Arjuna como se Arjuna precisasse disso. O Bhagavad-gita explica cinco fatores importantes do conhecimento que se referem a, (1) o Supremo Senhor, (2) o ser vivo, (3) natureza, (4) tempo e espaço, (5) o processo da atividade. Desses, o Supremo Senhor e o ser vivo são iguais em qualidade. A diferença entre os dois é analisada como a diferença entre o todo e a parte e parcela. Natureza é a matéria inerte que exibe a interação dos três modos diferentes, e tempo eterno e espaço ilimitado são considerados além da existência da natureza material. Atividades dos seres vivos são diferentes variedades de atitudes que prendem ou liberam o ser vivo dentro ou fora da natureza material. Todos esses assuntos são discutidos concisamente no Bhagavad-gita, e posteriormente, os assuntos são bem elaborados no Srimad Bhagavatam para a melhor compreensão. Desses cinco assuntos, o Supremo Senhor, o ser vivo, natureza e tempo e espaço são eternos, mas o ser vivo, natureza e tempo estão sob a direção do Supremo Senhor, que é absoluto e plenamente independente de qualquer controle. O Supremo Senhor é o supremo controlador. A atividade material do ser vivo é sem início, mas pode ser retificada pela transferência à realidade espiritual. Assim pode cessar suas reações materiais qualitativas. Tanto o Senhor quanto o ser vivo são cognitivos, e ambos têm o senso de identificação, por serem conscientes como uma força viva. Mas o ser vivo sob o condicionamento da natureza material, chamada mahat-tattva, se identifica de forma errada como diferente do Senhor. Todo o esquema da sabedoria Védica é direcionado para a erradicação desse conceito errado e assim liberar o ser vivo da ilusão da identificação material. Quando essa ilusão é erradicada pelo conhecimento e renúncia, os seres vivos viram atores e desfrutadores responsáveis também. O senso de desfrute no Senhor é real, mas esse senso num ser vivo é apenas um tipo de desejo ansioso. Essa diferença de consciência é a distinção entre as duas identidades, o Senhor e o ser vivo. De outra forma, não há diferença entre o Senhor e o ser vivo. Portanto, o ser vivo é eternamente uno e diferente simultaneamente. Toda a instrução do Bhagavad-gita se baseia nesse princípio. O Bhagavad-gita descreve tanto o Senhor como o ser vivo como sanatana, ou eterno, e o reino do Senhor, muito além do céu material, também é descrito como sanatana. O ser vivo é convidado a viver na existência sanatana do Senhor, e o processo que pode ajudar o ser vivo a se aproximar do reino do Senhor, onde se exibe a atividade liberada da alma, é chamado sanatana-dharma. Porém, ninguém pode alcançar a morada eterna do Senhor sem estar livre do conceito errado da identificação material, e o Bhagavad-gita nos dá a iluminação para alcançar esse estágio de perfeição. O processo de se liberar do conceito errado da identificação material se chama, em diferentes estágios, atividade lucrativa, conhecimento empírico e serviço devocional, até a realização transcendental. Tal realização transcendental só é possível com a dedicação de todos esses itens na relação com o Senhor. Os deveres prescritos do ser humano, como indicado nos Vedas, podem purificar gradualmente a mente pecaminosa da alma condicionada e elevá-la ao estágio do conhecimento. O estágio purificado da aquisição de conhecimento se torna a base do serviço devocional ao Senhor. Enquanto a pessoa está ocupada na pesquisa para a solução dos problemas da vida, seu conhecimento se chama jñana, ou conhecimento purificado, mas quando realiza a solução verdadeira da vida, a pessoa fica situada no serviço devocional ao Senhor. O Bhagavad-gita começa com os problemas da vida por diferenciar a alma dos elementos da matéria e provar com toda razão e argumento que a alma é indestrutível em todas circunstâncias, e que a cobertura externa da matéria, o corpo e a mente, muda para outro termo de existência material cheio de misérias. Por isso, o Bhagavad-gita se destina ao extermínio de todos diferentes tipos de miséria, e Arjuna se abrigou nesse grande conhecimento, que foi dado a ele durante a batalha de Kurukshetra. Verso 28 süta uväca Suta Goswami disse: Assim absorto profundamente em pensar nas instruções do Senhor, que foram dadas na grande intimidade da amizade, e em pensar em Seus pés de lótus, a mente de Arjuna se acalmou e se livrou de toda contaminação material. Iluminação de Srila Prabhupada: Como o Senhor é absoluto, a meditação profunda Nele é tão boa quanto o transe de yoga. O Senhor não é diferente de Seu nome, forma, qualidade, passatempos, companhia e ações específicas. Arjuna começou a pensar nas instruções do Senhor para ele no campo de batalha em Kurukshetra. Apenas essas instruções começaram a eliminar as manchas de contaminação material na mente de Arjuna. O Senhor é como o Sol, o aparecimento do Sol dissipa a escuridão de imediato, ou ignorância, e o aparecimento do Senhor dentro da mente do devoto pode expulsar os efeitos materiais miseráveis imediatamente. Por isso, o Senhor Chaitanya recomendou o cantar constante do nome do Senhor para a proteção de toda contaminação do mundo material. O sentimento de separação do Senhor é com certeza muito doloroso para o devoto, mas por que está em conexão com o Senhor, há um efeito transcendental específico que acalma o coração. Sentimentos de separação também são fontes de bem-aventurança transcendental, e nunca são comparados aos sentimentos de separação material contaminados. Verso 29 väsudeväìghry-anudhyäna- A lembrança de Arjuna dos pés de lótus do Senhor Sri Krishna rapidamente incrementou sua devoção, e como resultado todo o lixo em seus pensamentos diminuiu. Iluminação de Srila Prabhupada: Desejos materiais na mente são o lixo da contaminação material. Por causa dessa contaminação, o ser vivo se depara com tantas coisas compatíveis e incompatíveis que desencorajam a própria existência da identidade espiritual. A alma condicionada fica presa nascimento após nascimento com tantos elementos agradáveis e desagradáveis, que são todos falsos e temporários. Eles se acumulam devido às nossas reações a desejos materiais, mas quando entramos em contato com o Senhor transcendental em Suas energias variadas por meio do serviço devocional, as formas nuas de todos desejos materiais se manifestam, e a inteligência do ser vivo se acalma em sua cor verdadeira. Logo que Arjuna voltou sua atenção às instruções do Senhor, como descritas no Bhagavad-gita, a cor verdadeira de sua associação eterna com o Senhor se manifestou, assim ele se sentiu livre de todas contaminações materiais. Verso 30 gétaà bhagavatä jïänaà Por causa dos passatempos e atividades do Senhor e por causa de Sua ausência, pareceu que Arjuna esqueceu as instruções deixadas pela Personalidade de Deus. Mas na verdade, não foi esse o caso, e ele se tornou novamente o senhor de seus sentidos. Iluminação de Srila Prabhupada: A alma condicionada fica presa em suas atividades lucrativas pela força do tempo eterno. Mas o Supremo Senhor, quando encarna na Terra, não é influenciado por kala, ou o conceito material de passado, presente e futuro. As atividades do Senhor são eternas, e são manifestações de Sua atma-maya, ou potência interna. Todos passatempos ou atividades do Senhor são de natureza espiritual, mas para o leigo, parecem estar no mesmo nível das atividades materiais. Assim, parecia que Arjuna e o Senhor estavam empenhados na Batalha de Kurukshetra do mesmo modo como o partido oposto também estava empenhado, mas na realidade, o Senhor executou Sua missão da encarnação e associação com Seu amigo eterno Arjuna. Por isso, tais atividades materiais aparentes de Arjuna não o tiraram de sua posição transcendental, pelo contrário, reviveram sua consciência sobre os cantos do Senhor, como Ele cantou pessoalmente. Esse restabelecimento da consciência é assegurado pelo Senhor no Bhagavad-gita (18.65) como se segue: man-mana bhava mad-bhakto Deve-se pensar no Senhor sempre, a mente nunca deve esquecê-Lo. deve-se tornar um devoto do Senhor e prestar reverências a Ele. Quem vive dessa forma se torna sem dúvida abençoado com as graças do Senhor por alcançar o abrigo de Seus pés de lótus. Não há nenhuma dúvida quanto a essa verdade absoluta. Porque Arjuna era Seu amigo confidencial, o segredo foi revelado a ele. Arjuna não tinha desejo de lutar contra seus parentes, mas lutou pela missão do Senhor. Ele estava sempre ocupado exclusivamente na realização da missão do Senhor, por isso que depois do desaparecimento do Senhor ele permaneceu na mesma posição transcendental, mesmo se pareceu que ele esqueceu todas instruções do Bhagavad-gita. Portanto, deve-se ajustar as atividades da vida no compasso da missão do Senhor, assim é certo que a pessoa voltará para o Lar, de volta ao Supremo. Essa é a perfeição mais elevada da vida. Verso 31 viçoko brahma-sampattyä Como possuía qualidades espirituais, as dúvidas da dualidade foram erradicadas plenamente. Assim ele se livrou dos três modos da natureza material e se situou na transcendência. Não havia mais chance dele se enredar em nascimento e morte, pois estava livre da forma material. Iluminação de Srila Prabhupada: Dúvidas da dualidade começam com o conceito errado do corpo material, o qual é aceito como o eu por pessoas menos inteligentes. A parte mais tola de nossa ignorância é nossa identificação deste corpo material com o eu. Tudo em relação ao corpo é aceito de forma ignorante como nossa propriedade. Dúvidas devido ao conceito errado de "eu" e "meu", em outras palavras, "meu corpo", "meus parentes", "minha propriedade", "minha esposa", "meus filhos", "minha riqueza", "meu país", "minha comunidade", e centenas de milhares de contemplações ilusórias similares, causam a confusão da alma condicionada. Quando a pessoa assimila as instruções do Bhagavad-gita, é certo que ficará livre dessa confusão porque o verdadeiro conhecimento é saber que a Suprema Personalidade de Deus, Vasudeva, Senhor Krishna, é tudo, inclusive o próprio eu. Tudo é uma manifestação de Sua potência como parte e parcela. A potência e o potente não são diferentes, assim o conceito de dualidade é mitigado imediatamente com a obtenção do conhecimento perfeito. Assim que Arjuna aceitou as instruções do Bhagavad-gita, especialista como era, pôde erradicar de imediato o conceito material sobre o Senhor Krishna, seu amigo eterno. Ele pôde realizar que o Senhor ainda estava presente perante ele por meio de Suas instruções, por Sua forma, por Seus passatempos, por Suas qualidades e tudo mais em relação a Ele. Ele pôde realizar que o Senhor Krishna, seu amigo, ainda estava presente perante ele por Sua presença transcendental nas diferentes energias não duais, e não havia necessidade de obter a associação do Senhor por outra troca de corpo sob a influência de tempo e espaço. Com a obtenção do conhecimento absoluto, a pessoa pode estar na companhia do Senhor constantemente, mesmo na vida presente, simplesmente por ouvir, cantar, lembrar e adorar o Supremo Senhor. A pessoa pode vê-Lo, pode sentir Sua presença mesmo na vida presente simplesmente por entender o Senhor adwaya-jñana, ou Senhor Absoluto, pelo processo do serviço devocional, que começa com ouvir sobre Ele. O Senhor Chaitanya afirma que simplesmente por cantar o Santo Nome do Senhor, a pessoa pode lavar de imediato a poeira do espelho da consciência pura, e logo que a poeira é removida, a pessoa se livra imediatamente de todos condicionamentos materiais. Livrar-se dos condicionamentos materiais significa liberar a alma. Portanto, assim que a pessoa se situa no conhecimento absoluto, seu conceito material é removido, ou ela emerge do conceito falso da vida. Assim a função da alma pura se revive na realização espiritual. Essa realização prática do ser vivo se torna possível por ele ficar livre da reação dos três modos da natureza material, a saber, bondade, paixão e ignorância. Pela graça do Senhor, um devoto puro se eleva de imediato ao local do Absoluto, e não há mais chance do devoto se enredar materialmente novamente na vida condicionada. A pessoa não é capaz de sentir a presença do Senhor em todas circunstâncias até que seja dotada com a visão transcendental necessária que só é possível pelo serviço devocional prescrito nas escrituras reveladas. Arjuna alcançou esse estágio muito antes no Campo de Batalha em Kurukshetra, e quando pareceu que sentiu a falta do Senhor, ele se abrigou de imediato nas instruções do Bhagavad-gita, assim foi colocado novamente em sua posição original. Essa é a posição vishoka, ou o estágio de estar livre de todo pesar e ansiedades. Verso 32 niçamya bhagavan-märgaà Depois de ouvir sobre o retorno do Senhor Krishna para Seu reino, e depois de entender o fim da manifestação terrestre da dinastia Yadu, Maharaja Yudhisthira decidiu ir de volta ao Lar, de volta ao Supremo. Iluminação de Srila Prabhupada: Maharaja Yudhisthira também voltou sua atenção às instruções do Bhagavad-gita depois de ouvir sobre a partida do Senhor da visão das pessoas terrestres. Ele começou a deliberar sobre o modo do aparecimento e partida do Senhor. A missão do aparecimento e desaparecimento do Senhor no universo mortal depende plenamente de Sua vontade suprema. Ele não é forçado a aparecer ou desaparecer por nenhuma energia superior, como os seres vivos aparecem e desaparecem, forçados pelas leis da natureza. Sempre que o Senhor quiser, pode aparecer de qualquer lugar em qualquer lugar sem perturbar Seu aparecimento e desaparecimento em qualquer outro lugar. Ele é como o Sol. O Sol aparece e desaparece por sua própria conta em qualquer lugar sem perturbar sua presença em outros locais. O Sol aparece de manhã na Índia sem desaparecer do hemisfério ocidental. O Sol está presente em todo e qualquer lugar do sistema solar, mas também parece que num lugar específico, o Sol aparece de manhã e também desaparece num determinado horário à noite. Mesmo a limitação de tempo para o Sol não tem significância, o que falar então sobre o Supremo Senhor que é o criador e controlador do Sol. Portanto, o Bhagavad-gita afirma que qualquer pessoa que entende o aparecimento e desaparecimento transcendentais do Senhor por meio de Sua energia inconcebível se torna liberada das leis de nascimento e morte e é colocada no céu espiritual eterno onde os planetas Vaikuntha estão. Lá, tais pessoas liberadas podem viver eternamente sem as dores de nascimento, morte, velhice e doença. O Senhor e aqueles que estão eternamente dedicados ao serviço amoroso transcendental no céu espiritual são eternamente jovens pois lá não existe velhice ou doença e não existe morte. Como não existe morte, não existe nascimento. Portanto, a conclusão é que simplesmente por entender o aparecimento e o desaparecimento do Senhor realmente, a pessoa pode alcançar o estágio perfeito da vida eterna. Por isso, Maharaja Yudhisthira também começou a considerar sua ida de volta ao Supremo. O Senhor aparece na Terra ou qualquer outro planeta mortal junto com Seus companheiros que vivem com Ele eternamente, e os membros da dinastia Yadu que estavam dedicados em ajudarem os passatempos do Senhor não são outros senão Seus companheiros eternos, e assim também, Maharaja Yudhisthira e seus irmãos, sua mãe, e os demais. Como o aparecimento e o desaparecimento do Senhor e Seus companheiros eternos são transcendentais, não se deve ficar confuso sobre os aspectos externos desse aparecimento e desaparecimento. Verso 33 påthäpy anuçrutya dhanaïjayoditaà Kunti, depois de ouvir Arjuna falar sobre o fim da dinastia Yadu e o desaparecimento do Senhor Krishna, dedicou-se ao serviço devocional à Suprema Personalidade de Deus transcendental com atenção plena e assim obteve alívio do curso da existência material. Iluminação de Srila Prabhupada: O pôr-do-sol não significa o fim do Sol. Significa que o Sol está fora de nossa visão. Similarmente, o fim da missão do Senhor num planeta ou universo específico significa apenas que Ele está fora de nossa visão. O fim da dinastia Yadu também não significa que foi aniquilada. Ela desapareceu, junto com o Senhor, de nossa visão. Maharaja Yudhisthira decidiu se preparar para ir de volta ao Supremo, e Kunti também decidiu, assim se dedicou plenamente ao serviço devocional transcendental ao Senhor que garante o passaporte para ir de volta ao Supremo depois de deixar o corpo material presente. O início do serviço devocional ao Senhor é o começo da espiritualização do corpo presente, deste modo o devoto puro do Senhor perde todo contato material no corpo presente. O reino do Senhor não é um mito, como os descrentes ou pessoas ignorantes pensam, porém ninguém pode chegar lá por meio de recursos materiais como um "sputinik" ou cápsula espacial. Contudo, a pessoa pode chegar lá com certeza depois de deixar o corpo material presente, por isso tem que se preparar para voltar ao Supremo com a prática do serviço devocional. Ele garante o passaporte para ir de volta ao Supremo, e Kunti o adotou. Verso 34 yayäharad bhuvo bhäraà O supremo não nascido, Senhor Sri Krishna, fez com que os membros da dinastia Yadu abandonassem seus corpos, e assim Ele aliviou o peso sobre o mundo. Essa ação foi como tirar um espinho com outro espinho, apesar de ambos serem iguais para o controlador. Iluminação de Srila Prabhupada: Srila Visvanatha Chakravarti Thakura sugere que os rishis como Shaunaka e outros que ouviam o Srimad Bhagavatam de Suta Goswami em Naimisharanya não ficaram felizes quando ouviram que os Yadus morreram por causa da loucura causada pela embriaguez. Para aliviá-los da agonia mental, Suta Goswami assegurou que o Senhor causou o abandono do corpo dos membros da dinastia Yadu pelos quais eles tinham que tirar o fardo pesado do mundo. O Senhor e Seus companheiros eternos apareceram na Terra para ajudarem os semideuses administrativos a erradicarem a carga pesada do mundo. Por isso, Ele chamou alguns semideuses de confiança para aparecerem na família Yadu e servi-Lo em Sua grande missão. Depois que a missão foi cumprida, os semideuses, pela vontade do Senhor, abandonaram seus corpos físicos por lutarem entre si na loucura da embriaguez. Os semideuses estão acostumados a tomarem a bebida soma-rasa, por isso que beber vinho, ou embriaguez, não é desconhecido para eles. Às vezes, eles entram em situações difíceis por se entregarem à intoxicação. Certa vez, os filhos de Kuvera foram vítimas da ira de Narada por estarem embriagados, mas depois recuperaram suas formas originais pela graça do Senhor Sri Krishna. Encontraremos essa história no Décimo Canto. Para o Supremo Senhor, tanto os asuras quanto os semideuses são iguais, mas os semideuses são obedientes ao Senhor, enquanto os asuras não. Deste modo, o exemplo de usar um espinho para retirar outro espinho é bem adequado. Um espinho, que penetra na perna do Senhor, com certeza perturba o Senhor, e o outro espinho, que retira os elementos que perturbam, com certeza prestam serviço ao Senhor. Desta forma, apesar de todo ser vivo ser parte e parcela do Senhor, aquele que é uma espetada para o Senhor se chama asura, e aquele que é um servidor voluntário do Senhor se chama devata, ou semideus. No mundo material, os devatas e os asuras sempre brigam, e os devatas são sempre salvos das mãos dos asuras pelo Senhor. Ambos estão sob o controle do Senhor. O mundo está repleto dos dois tipos de seres vivos, e a missão do Senhor é sempre proteger os devatas e destruir os asuras, sempre que há essa necessidade no mundo, e para fazer o bem para ambos. Verso 35 yathä matsyädi-rüpäëi O Supremo Senhor abandonou o corpo que manifestou para diminuir a carga pesada da Terra. Do mesmo modo como um mágico, Ele abandonou um corpo para aceitar outros diferentes, como a encarnação peixe e outras. Iluminação de Srila Prabhupada: A Suprema Personalidade de Deus não é impessoal nem sem forma, mas Seu corpo não é diferente Dele, e por isso Ele é conhecido como a personificação da eternidade, conhecimento e bem-aventurança. O Brihad-vaishnava Tantra menciona claramente que quem considera a forma do Senhor Krishna como feita de energia material deve ser execrado de qualquer jeito. Se acontecer de ver a face de tal infiel, a pessoa deve se purificar por pular no rio com roupa e tudo. O Senhor é descrito como amrita, ou imortal, porque Ele não tem corpo material. Nessas circunstâncias, a morte do Senhor ou Ele deixar Seu corpo é como a prestidigitação dum mágico. O mágico exibe por meio de suas mágicas que seu corpo foi cortado em pedaços, queimado até as cinzas ou ficou inconsciente pela influência hipnótica, mas são exibições falsas apenas. Na realidade, o mágico não é queimado em cinzas nem cortado em pedaços, nem morre ou fica inconsciente em qualquer estágio de sua demonstração mágica. Similarmente, o Senhor possui Suas formas eternas com variedade ilimitada, as quais foram exibidas neste universo material como a encarnação peixe é uma delas. Como existem inumeráveis universos, em algum outro lugar, a encarnação peixe manifesta Seus passatempos sem cessar. Este verso usa a palavra específica dhatte ("aceitado eternamente" e não a palavra dhitva, "aceitado para a ocasião") é usada. A idéia é que o Senhor não criou a encarnação peixe, Ele tem essa forma eternamente, e o aparecimento e desaparecimento dessa encarnação serve a um propósito particular. O Senhor diz no Bhagavad-gita (7.24-25): "Os impersonalistas pensam que Eu não tenho forma, que sou sem forma, mas no presente, aceitei uma forma que serve a um propósito, e estou manifesto agora. Mas tais especuladores são na verdade sem inteligência aguçada. Apesar de poderem ser bem versados nas literaturas Védicas, são praticamente ignorantes sobre Minhas energias inconcebíveis e Minhas formas eternas de personalidade. O motivo é que Eu reservo o poder de não ser exposto para os não devotos pela Minha cortina mística. Deste modo, os tolos menos inteligentes portanto não têm ciência sobre Minha forma eterna, que nunca é aniquilada e é não nascida". O Padma Purana diz sobre os que têm inveja do Senhor e estão sempre com raiva do Senhor não têm capacidade para conhecer a forma verdadeira e eterna do Senhor. O Srimad Bhagavatam também afirma que o Senhor aparece como um raio para aqueles que são adversários. Shishupala, na hora que foi morto pelo Senhor, não pôde vê-Lo como Krishna, ofuscado pelo brilho do brahmajyoti. Logo, a manifestação temporária do Senhor como um relâmpago para os adversários designados por Kamsa, ou a aparência brilhante do Senhor perante Shishupala, foi abandonada pelo Senhor, mas o Senhor como um mágico existe eternamente e nunca é aniquilado em nenhuma circunstância. Tais formas são mostradas temporariamente para os asuras apenas, e quando essas exibições são retiradas, os asuras pensam que o Senhor não existe mais, da mesma forma que a platéia tola pensa que o mágico foi queimado em cinzas ou cortado em pedaços. A conclusão é que o Senhor não tem corpo material, e por isso Ele nunca é morto ou mudado de Seu corpo transcendental. Verso 36 yadä mukundo bhagavän imäà mahéà Quando a Suprema Personalidade de Deus, Senhor Krishna, deixou este planeta terrestre em Sua própria forma, nesse mesmo dia, Kali, que tinha aparecido parcialmente, ficou plenamente manifesto para criar condições não auspiciosas para aqueles dotados com um pobre fundo de conhecimento. Iluminação de Srila Prabhupada: A influência de Kali só pode ser forçada àqueles que não têm a consciência de Deus plenamente desenvolvida. Pode-se neutralizar os efeitos de Kali por se manter plenamente sob o cuidado supremo da Personalidade de Deus. A era de Kali começou logo após a batalha de Kurukshetra, mas não pôde exercer sua influência por causa da presença do Senhor. Porém, o Senhor deixou este planeta terrestre em Seu próprio corpo transcendental, e logo que Ele partiu, os sintomas de kali-yuga, como observados por Maharaja Yudhisthira antes da chegada de Arjuna de Dwaraka, começaram a se manifestar, e Maharaja Yudhisthira presumiu corretamente a partida do Senhor da Terra. Como já explicamos, o Senhor deixou nossa visão do mesmo modo quando o Sol se põe fica fora de nossa visão. Verso 37 yudhiñöhiras tat parisarpaëaà budhaù Maharaja Yudhisthira era inteligente o bastante para entender a influência da era de Kali, caracterizada pelo aumento da avareza, falsidade, enganação e violência por toda capital, estado, lares e entre indivíduos. Por isso, com sabedoria, ele se preparou para deixar o lar, e se vestiu de acordo. Iluminação de Srila Prabhupada: A era atual é influenciada pelas qualidades específicas de Kali. Desde os dias da batalha de Kurukshetra, cerca de cinco mil anos atrás, a influência da era de Kali começou a se manifestar, e aprendemos das escrituras autênticas que a era de Kali ainda tem mais 427.000 anos. Os sintomas de kali-yuga, como mencionado acima, são avareza, falsidade, diplomacia, enganação, nepotismo, violência e esses tipos de coisas, que já estão em voga, e ninguém pode imaginar o que acontecerá gradualmente com mais aumento da influência de Kali até o dia da aniquilação. Nós já aprendemos que a influência da era de Kali se destina para pessoas ateístas supostamente civilizadas. Quem está sob a proteção do Senhor não tem nada o que temer desta era horrível. Maharaja Yudhisthira era um grande devoto do Senhor, e não tinha necessidade de temer a era de Kali, mas ele preferiu se retirar da vida familiar ativa e se preparar para voltar ao Lar, de volta ao Supremo. Os Pandavas são companheiros eternos do Senhor, e por isso estão interessados na companhia do Senhor mais do que qualquer outra coisa. Além do mais, por ser um rei ideal, Maharaja Yudhisthira queria se retirar apenas para dar exemplo aos demais. Logo que haja algum jovem para cuidar dos assuntos da família, deve-se retirar da vida familiar a fim de se elevar para a realização espiritual. Não se deve apodrecer no poço escuro da vida familiar até ser arrancado fora pela vontade de Yamaraja. Os políticos modernos deveriam aprender a lição com Maharaja Yudhisthira sobre a aposentadoria voluntária da vida ativa e deixar espaço para a geração mais jovem. Os cavalheiros idosos aposentados também devem aprender a lição dele e deixar o lar para a realização espiritual antes de ser arrancado à força para encontrar a morte. Verso 38 sva-räö pautraà vinayinam Depois disso, ele coroou seu neto na capital Hastinapura, que era educado e igualmente qualificado, como o imperador e senhor de toda a Terra banhada pelos oceanos. Iluminação de Srila Prabhupada: Toda terra na Terra banhada pelos oceanos estava sob o governo do rei de Hastinapura. Maharaja Yudhisthira educou seu neto, Maharaja Parikshit, que era igualmente qualificado, em administração pública nos termos da obrigação do rei com os cidadãos. Parikshit então foi coroado no trono de Maharaja Yudhisthira antes de sua partida de volta ao Supremo. A palavra específica usada a respeito de Maharaja Yudhisthira, vinayinam, é significativa. Por que o rei de Hastinapura, pelo menos na época de Maharaja Parikshit, era aceito como o Imperador do mundo? A única razão era que as pessoas do mundo estavam felizes por causa da boa administração do imperador. A felicidade dos cidadãos era devido à ampla produção dos bens naturais como grãos, frutas, leite, ervas, pedras preciosas, minerais e tudo mais que as pessoas precisam. Todos inclusive estavam livres das misérias corpóreas, ansiedades mentais, e perturbações causadas por fenômenos naturais e outros seres vivos. Porque todos estavam felizes em todos aspectos, não havia ressentimento, apesar de acontecerem às vezes batalhas entre reis de países por questões políticas e de soberania. Todos eram educados para a obtenção do objetivo da vida, por isso as pessoas eram iluminadas o suficiente para não brigarem por trivialidades. A influência da era de Kali se infiltrou gradualmente nas boas qualidades tanto dos reis como dos cidadãos, deste modo uma situação tensa se desenvolveu entre o governante e o governado, mas mesmo nesta era de desigualdade entre governante e governado, pode haver proveito espiritual e consciência de Deus. Essa é uma prerrogativa especial. Verso 39 mathuräyäà tathä vajraà Depois, ele coroou Vajra, filho de Aniruddha (neto do Senhor Krishna), em Mathura como rei de Shurasena. Em seguida, Maharaja Yudhisthira realizou o sacrifício Prajapatya e pôs o fogo em si mesmo para deixar a vida familiar. Iluminação de Srila Prabhupada: Maharaja Yudhisthira, depois de estabelecer Maharaja Parikshit no trono imperial de Hastinapura, e depois de nomear Vajra, bisneto do Senhor Krishna, como rei de Mathura, aceitou a ordem de vida renunciada. O sistema de quatro ordens de vida e quatro castas em termos de qualidade e trabalho, conhecido como varnashrama-dharma, é o começo da verdadeira vida humana, e Maharaja Yudhisthira, como protetor do sistema de atividades humanas, retirou-se em tempo da vida ativa como sannyasi, e transmitiu o encargo da administração ao príncipe treinado, Maharaja Parikshit. O sistema científico de varnashrama-dharma divide a vida humana em quatro divisões de ocupação e quatro ordens de vida. As quatro ordens de vida brahmachari, grihastha, vanaprastha e sannyasi devem ser seguidas por todos, sem importar a divisão ocupacional. Os políticos modernos não querem se retirar da vida ativa, mesmo quando estão bem velhos, mas Yudhisthira Maharaja, como rei ideal, retirou-se voluntariamente da vida administrativa ativa para se preparar para a próxima vida. A vida de todos deve ser organizada para que o último estágio da vida, pelo menos os últimos quinze ou vinte anos antes da morte, seja absolutamente dedicado ao serviço devocional ao Senhor para a obtenção da perfeição mais elevada da vida. É realmente tolice dedicar todos dias da vida ao trabalho lucrativo para o prazer material, porque enquanto a mente estiver absorta no trabalho lucrativo para o desfrute material, não haverá chance de sair da vida condicionada, ou cativeiro material. Ninguém deve adotar a política suicida de negligenciar a tarefa suprema que é obter a perfeição mais elevada da vida, a saber, a volta ao Lar, a volta ao Supremo. Verso 40 visåjya tatra tat sarvaà Maharaja Yudhisthira abandonou de imediato todas suas vestes, cinto e ornamentos da classe nobre e ficou plenamente desinteressado e desapegado de tudo. Iluminação de Srila Prabhupada: Ficar purificado da contaminação material é a qualificação necessária para se tornar um dos companheiros do Senhor. Ninguém pode se tornar um companheiro do Senhor ou voltar ao Supremo sem essa purificação. Maharaja Yudhisthira, desta forma, para se tornar puro espiritualmente, abandonou sua opulência real de imediato, por deixar suas vestes e ornamentos reais. Kashaya, ou roupa simples da cor açafrão do sannyasi, indica liberdade de todas vestimentas materiais atraentes, por isso ele trocou a roupa de acordo. Ele ficou desinteressado pelo seu reino e família e assim se tornou livre de toda contaminação material, ou designação material. As pessoas geralmente estão apegadas a vários tipos de designações, as designações da família, sociedade, país, ocupação, riqueza, posição e muitas outras. Quando a pessoa está apegada a essas designações, é considerada materialmente impura. Os assim chamados líderes humanitários da era moderna são apegados à consciência nacional, mas não sabem que essa consciência falsa também é outra designação da alma condicionada materialmente, a pessoa tem que abandonar tais designações materiais antes de se tornar elegível para voltar ao Supremo. Pessoas tolas adoram esses homens que morrem pela consciência nacional, mas aqui temos um exemplo de Maharaja Yudhisthira, um nobre rei que se preparou para deixar este mundo sem essa consciência nacional. Mesmo assim, ele é lembrado até hoje porque era um grande rei piedoso, quase no mesmo nível da Suprema Personalidade de Deus Sri Rama. Porque as pessoas do mundo eram governadas por tais reis piedosos, eram felizes em todos aspectos, o que tornava bem possível para esses grandes imperadores governarem o mundo. Verso 41 väcaà juhäva manasi Então, ele amalgamou todos os órgãos dos sentidos na mente, depois a mente na vida, a vida na respiração, sua existência total na incorporação dos cinco elementos, e seu corpo dentro da morte. Desta forma, como eu puro, ele se tornou livre do conceito material de vida. Iluminação de Srila Prabhupada: Maharaja Yudhisthira, como seu irmão Arjuna, começou a se concentrar e se livrou gradualmente de todo cativeiro material. Primeiro ele concentrou todas ações dos sentidos e as amalgamou dentro da mente, ou em outras palavras, ele voltou sua mente para o serviço transcendental do Senhor. Ele rogou que como todas atividades materiais são executadas pela mente em termos de ações e reações dos sentidos materiais, e como ele ia voltar ao Supremo, a mente ia interromper suas atividades materiais e se voltar em direção ao serviço transcendental do Senhor. Não havia mais necessidade de atividades materiais. Na verdade, as atividades da mente não podem ser interrompidas, pois são um reflexo da alma eterna, mas a qualidade das atividades pode ser mudada de matéria para serviço transcendental do Senhor. A cor material da mente muda quando a pessoa a lava das contaminações da respiração vital e em conseqüência a livra da contaminação de repetidos nascimentos e mortes e a situa na vida espiritual pura. Tudo isso se manifesta pela incorporação temporária do corpo material, que é um produto da mente no momento da morte, e a mente se purifica pelo serviço amoroso transcendental do Senhor e fica constantemente ocupada no serviço dos pés de lótus do Senhor, não há mais chance para a mente produzir outro corpo material depois da morte. Ela ficará livre da absorção na contaminação material. A alma pura ficará apta a voltar para o Lar, de volta ao Supremo. Verso 42 tritve hutvä ca païcatvaà Desta forma aniquilou o corpo grosseiro de cinco elementos dentro dos três modos qualitativos da natureza material, e os fundiu em uma ignorância e depois absorveu essa ignorância no eu, Brahman, que é inesgotável em todas circunstâncias. Iluminação de Srila Prabhupada: Tudo que é manifesto no mundo material é produto do mahat-tattva-avyakta, e as coisas que são visíveis para nossa visão material são nada mais além de combinações e permutações de tais produtos materiais variados. Mas o ser vivo é diferente desses produtos materiais. É devido ao esquecimento do ser vivo de sua natureza eterna como servo eterno do Senhor, e seu conceito falso de ser o suposto senhor da natureza material, que o obrigam a entrar na existência do falso prazer sensual. Deste modo, a geração simultânea de energias materiais é a causa principal da mente ficar afetada materialmente. O corpo material de cinco elementos é produzido dessa forma. Maharaja Yudhisthira reverteu a ação e fundiu os cinco elementos do corpo nos três modos da natureza material. A distinção qualitativa do corpo ser bom, mau ou medíocre foi extinta, e as manifestações qualitativas foram novamente fundidas na energia material, que é produto do senso falso do ser vivo puro. Quando a pessoa tem a tendência para se tornar um companheiro do Supremo Senhor, a Suprema Personalidade de Deus, em um dos inumeráveis planetas do céu espiritual, especialmente em Goloka Vrindavana, tem que pensar sempre que é diferente da energia material, não tem nada a ver com isso, e tem que realizar que é espírito puro, Brahman, qualitativamente igual ao Brahman Supremo (Parameshvara). Maharaja Yudhisthira, depois que entregou seu reino a Parikshit e Vajra, não pensava que era o imperador do mundo ou o líder da dinastia Kuru. Esse senso de liberdade das relações materiais, bem como a liberdade do cativeiro material do envolvimento grosseiro e sutil, tornam a pessoa livre para agir como um servidor do Senhor, mesmo se está dentro do mundo material. Esse estágio se chama jivan-mukta, ou estágio liberado, mesmo no mundo material. Assim é o processo de acabar com a existência material. A pessoa não só tem que pensar que é Brahman, mas tem que agir como Brahman. Aquele que acha que é Brahman é um impersonalista. E aquele que age como Brahman é o devoto puro. Verso 43 céra-väsä nirähäro Depois disso, Maharaja Yudhisthira se vestiu com roupas velhas, deixou de comer comida sólida, tornou-se mudo voluntariamente e deixou seus longos cabelos soltos. Tudo isso fez com que parecesse um maltrapilho ou louco sem nenhuma ocupação. Ele não dependia de seus irmãos para nada. E como um surdo, não ouvia nada. Iluminação de Srila Prabhupada: Assim quando ficou livre de todos negócios materiais, não tinha mais nada com a vida imperial ou prestígio familiar, e para fins práticos começou a atuar exatamente como um maltrapilho louco inerte e não falava de assuntos materiais. Ele não dependia de seus irmãos, que o ajudavam até então. Esse estágio de independência plena de tudo se chama estágio purificado do destemor. Verso 44 udécéà praviveçäçäà Então, ele partiu para o norte, pelo caminho aceito pelos seus antepassados e grandes homens, para se dedicar plenamente à lembrança da Suprema Personalidade de Deus. E vivia dessa forma onde quer que estivesse. Iluminação de Srila Prabhupada: Entendemos neste verso que Maharaja Yudhisthira seguiu os passos de seus ancestrais e grandes devotos do Senhor. Nós já discutimos várias vezes sobre esse sistema varnashrama-dharma, que era seguido estritamente pelos habitantes do mundo, especialmente pelos habitantes da província Aryavarta do mundo, com ênfase na importância de deixar todas conexões familiares em certo estágio da vida. O treinamento e educação eram dados dessa forma, em conseqüência uma pessoa respeitável como Maharaja Yudhisthira tinha que deixar toda conexão familiar para a auto-realização e ir de volta ao Supremo. Nenhum rei ou pessoa respeitável continuava na vida familiar até o fim, porque isso era considerado suicídio e contra o interesse da perfeição da vida humana. A fim de se livrar das incumbências familiares e se dedicar cem por cento ao serviço devocional do Senhor Krishna, esse sistema é sempre recomendado para todos porque é o caminho da autoridade. O Senhor instrui no Bhagavad-gita (18.62) que a pessoa deve se tornar devota do Senhor pelo menos no último estágio da sua vida. Uma alma sincera como Maharaja Yudhisthira deve cumprir as instruções do Senhor para seu próprio bem. As palavras específicas brahma param indicam o Senhor Sri Krishna. Como é confirmado no Bhagavad-gita (10.13) por Arjuna em referência a grandes autoridades como Asita, Devala, Narada e Vyasa. Desta forma, Maharaja Yudhisthira quando deixou o lar e foi para o norte, lembrou o Senhor Sri Krishna constantemente dentro de si, assim seguiu os passos de seus ancestrais bem como dos grandes devotos de todos os tempos. Verso 45 sarve tam anunirjagmur Os irmãos mais novos de Maharaja Yudhisthira observaram que a era de Kali já tinha chegado ao mundo inteiro e os cidadãos do reino foram afetados pela prática da irreligião. Por isso, decidiram seguir os passos de seu irmão mais velho. Iluminação de Srila Prabhupada: Os irmãos mais novos de Maharaja Yudhisthira já eram seguidores obedientes do grande Imperador, e foram educados o bastante para saberem o objetivo supremo da vida. Desta forma, seguiram seu irmão mais velho com determinação para a dedicação no serviço devocional do Senhor Sri Krishna. Segundo os princípios de sanatana-dharma, a pessoa deve se retirar da vida familiar depois que acabar metade da duração da vida e deve se dedicar à auto-realização. Mas a questão de se dedicar não é sempre decidida. Às vezes, as pessoas aposentadas ficam confusas sobre como se ocuparem nos últimos dias da vida. Aqui está uma decisão de autoridades como os Pandavas. Todos eles se dedicaram favoravelmente ao cultivo do serviço devocional do Senhor Sri Krishna, a Suprema Personalidade de Deus. De acordo com Swami Sridhara, dharma, artha, kama e moksha, ou atividades lucrativas, especulações filosóficas e salvação, como concebido por muitas pessoas, não são o objetivo último da vida. São praticadas mais ou menos por pessoas que não têm informação sobre o objetivo último da vida. O objetivo último da vida já foi indicado pelo Senhor em Pessoa no Bhagavad-gita (18.64), e os Pandavas eram inteligentes o bastante para seguirem sem hesitação. Verso 46 te sädhu-kåta-sarvärthä Todos eles realizaram todos princípios da religião, e como resultado decidiram corretamente que os pés de lótus do Senhor Sri Krishna são a meta suprema da vida. Desta forma, meditaram em Seus pés sem interrupção. Iluminação de Srila Prabhupada: O Senhor afirma no Bhagavad-gita (7.28) que somente as pessoas que fizeram ações piedosas em suas vidas prévias e se tornaram livres dos resultados dos atos impiedosos podem se concentrar nos pés de lótus do Supremo Senhor Sri Krishna. Os Pandavas, não apenas nesta vida como também em suas vidas prévias, sempre realizaram o trabalho piedoso supremo, e por isso estão sempre livres de todas reações do trabalho impiedoso. Portanto, é bem lógico que concentraram suas mentes nos pés de lótus do Supremo Senhor Sri Krishna. Segundo Sri Visvanatha Chakravarti os princípios de dharma, artha, kama e moksha são aceitos por pessoas que não estão livres dos resultados das ações impiedosas. Essas pessoas afetadas pelas contaminações dos quatro princípios mencionados acima não podem aceitar imediatamente os pés de lótus do Senhor no céu espiritual. O mundo Vaikuntha está muito além do céu material. O céu material está sob a direção de Durga Devi, ou energia material do Senhor, mas o mundo Vaikuntha é dirigido pela energia pessoal do Senhor. Versos 47 e 48 tad-dhyänodriktayä bhaktyä aväpur duraväpäà te Assim, com a consciência pura devido à lembrança devocional constante, eles alcançaram o céu espiritual, que é governado pelo Supremo Narayana, Senhor Krishna. Isto só é conseguido pelos que meditam no único Supremo Senhor sem desvio. A morada do Senhor Sri Krishna, conhecida como Goloka Vrindavana, não pode ser alcançada por pessoas que estão absortas no conceito de vida material. Mas os Pandavas, limpos de toda contaminação material, alcançaram essa morada em seus mesmos corpos. Iluminação de Srila Prabhupada: De acordo com Srila Jiva Goswami, a pessoa livre dos três modos da natureza, chamados bondade, paixão e ignorância, e situada na transcendência pode alcançar a perfeição mais elevada da vida sem mudar de corpo. Srila Sanatana Goswami afirma em seu Hari-bhakti-vilasa que uma pessoa, seja lá quem for, pode alcançar a perfeição do brâmane duas vezes nascido por se submeter às ações disciplinadoras espirituais sob a guia de um mestre espiritual fidedigno, exatamente como um químico pode transformar bronze em ouro com a manipulação química. Portanto, essa é a orientação verdadeira que importa sobre o processo de como se tornar um brahmana, mesmo sem mudar de corpo, ou para ir de volta ao Supremo sem mudar de corpo. Srila Jiva Goswami enfatiza que a palavra hi usada a esse respeito afirma positivamente essa verdade, e não há dúvida sobre essa posição verdadeira. O Bhagavad-gita (14.26) também confirma essa afirmação de Srila Jiva Goswami onde o Senhor diz que qualquer pessoa que executa serviço devocional sistematicamente sem desvio pode obter a perfeição de Brahman por superar a contaminação dos três modos da natureza material, e quando a perfeição Brahman avança mais ainda pela mesma realização do serviço devocional, não há nenhuma dúvida que a pessoa pode alcançar o planeta espiritual supremo, Goloka Vrindavana, sem mudar de corpo, como já discutimos em conexão com a volta do Senhor para Sua morada sem mudança de corpo. Verso 49 viduro 'pi parityajya Vidura, enquanto peregrinava, deixou seu corpo em Prabhasa. Porque estava absorto na lembrança do Senhor Krishna, foi recebido pelos habitantes do planeta Pitriloka, onde retornou a seu posto original. Iluminação de Srila Prabhupada: A diferença entre os Pandavas e Vidura é que os Pandavas são companheiros eternos do Senhor, a Suprema Personalidade de Deus, enquanto Vidura é um dos semideuses administrativos encarregado do planeta Pitriloka e é conhecido como Yamaraja. As pessoas têm medo de Yamaraja porque ele é o único que executa a punição dos pecadores no mundo material, mas quem é devoto do Senhor não precisa ter medo dele. Para os devotos, ele é um amigo cordial, mas para os não devotos, é o medo personificado. Como já discutimos, sabemos que Yamaraja foi amaldiçoado por Mundaka Muni para se degradar como um shudra, desta forma, Vidura era uma encarnação de Yamaraja. Como é um servidor eterno do Senhor, ele demonstrou suas atividades devocionais com muito ardor e viveu uma vida de pessoa piedosa, tanto que um materialista como Dhritarastra também obteve a salvação com suas instruções. Assim por causa de suas atividades piedosas no serviço devocional do Senhor, ele era capaz de lembrar sempre os pés de lótus do Senhor, assim se purificou de toda a contaminação da sua vida com nascimento como shudra. E no fim, foi recebido novamente pelos habitantes de Pitriloka e restabelecido em sua posição original. Os semideuses também são companheiros do Senhor sem o contato pessoal, enquanto os companheiros diretos do Senhor estão em contato constante com Ele. O Senhor e Seus companheiros pessoais encarnam constantemente nos vários universos sem cessar. O Senhor lembra tudo, enquanto os companheiros esquecem por serem partes e parcelas ínfimas do Senhor, por serem infinitesimais, têm a tendência de esquecer esses incidentes. O Bhagavad-gita (4.5) confirma. Verso 50 draupadé ca tadäjïäya Draupadi também viu que seus esposos, sem se importarem com ela, deixaram o lar. Ela sabia bem sobre o Senhor Vasudeva, Krishna, a Personalidade de Deus. Tanto ela quanto Subhadra se absorveram na lembrança de Krishna e alcançaram os mesmos resultados de seus esposos. Iluminação de Srila Prabhupada: Ao pilotar um avião, a pessoa não pode cuidar de outros aviões. Cada um tem que cuidar de seu próprio avião, e se houver algum perigo, nenhum outro avião pode ajudar o outro nessa situação. Similarmente, no fim da vida, quando a pessoa tem que voltar ao Lar, de volta ao Supremo, cada um tem que cuidar de si mesmo sem a ajuda prestada por outros. Entretanto, a ajuda é oferecida no chão antes do vôo no espaço. Similarmente, o mestre espiritual, o pai, a mãe, os parentes, o cônjuge e outros podem prestar ajuda durante a vida da pessoa, mas quando atravessa o oceano, a pessoa tem que cuidar de si mesma e utilizar as instruções recebidas anteriormente. Draupadi tinha cinco esposos, e nenhum pediu a Draupadi para vir, Draupadi teve que cuidar de si mesma sem contar com seus grandes esposos. E como já era bem treinada, concentrou-se de imediato nos pés de lótus do Senhor Vasudeva, Krishna, a Personalidade de Deus. As esposas também obtiveram o mesmo resultado que seus esposos, da mesma forma, ou seja, elas alcançaram o destino do Supremo sem mudança de corpo. Srila Visvanatha Chakravarti Thakura indica que tanto Draupadi quanto Subhadra, apesar de seu nome não ser mencionado aqui, obtiveram o mesmo resultado. Nenhuma das duas teve que deixar o corpo. Verso 51 yaù çraddhayaitad bhagavat-priyäëäà O tema da partida dos filhos de Pandu para a meta suprema da vida, de volta ao Supremo, é plenamente auspicioso e perfeitamente puro. Por isso, qualquer pessoa que ouve esta narração com fé devocional obtém com certeza o serviço devocional do Senhor, a perfeição mais elevada da vida. Iluminação de Srila Prabhupada: O Srimad Bhagavatam é a narração sobre a Personalidade de Deus e os devotos do Senhor como os Pandavas. A narração sobre a Suprema Personalidade de Deus e Seus devotos é absoluta em si, por isso que ouvi-la com uma atitude devocional é se associar com o Senhor e os companheiros constantes do Senhor. Pelo processo de ouvir o Srimad Bhagavatam a pessoa pode alcançar a perfeição mais elevada da vida, a saber, voltar ao Lar, de volta ao Supremo, sem falha. Assim terminam os significados Bhaktivedanta do Primeiro Canto, Décimo Quinto Capítulo, do Srimad Bhagavatam, intitulado "Os Pandavas Se Retiram em Tempo".
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O Julgamento Final de Yudhisthira Quando Yudhisthira chegou ao Himalaia em sua peregrinação, um cão começou a acompanhá-lo e ficou junto com ele o tempo todo. Era seu pai Dharma que assumiu a forma do cão para acompanhá-lo em sua jornada de volta ao Lar, de volta ao Supremo. Indra apareceu em sua quadriga perante ele quando chegou ao ponto alto da montanha, e disse: "Seus irmãos e Draupadi chegaram antes de você. Você ficou para trás. Suba na minha quadriga e venha comigo em seu próprio corpo. Vim para buscá-lo". Mas quando Yudhisthira subiu na quadriga de Indra, o cão também subiu. Indra disse: "Não, não! Não há lugar para cães em swarga", e pôs o cão para fora. Yudhisthira disse: "Então também não há lugar para mim", e se recusou a entrar na quadriga celestial se tivesse que deixar seu fiel companheiro para trás. Dharma veio para testar a lealdade de Yudhisthira mais uma vez e ficou satisfeito com a conduta de seu filho. O cão desapareceu da visão. Yudhisthira chegou a swarga e viu Duryodhana. O príncipe Kuru estava sentado num trono magnífico e brilhava com o esplendor do Sol, à sua volta estavam o deus do heroísmo e outros Gandharvas. Ele não viu seus irmãos e mais ninguém. Yudhisthira ficou abismado. Yudhisthira perguntou: "Onde estão meus irmãos? Esse homem ambicioso, de visão limitada, está aqui. Eu não quero passar meu tempo em sua companhia. Fomos arrastados pela inveja desse homem e forçados a matar amigos e parentes. Ficamos atados à inércia de dharma quando, perante nossos olhos, a inocente Panchali, unida a nós pelo matrimônio sagrado, foi arrastada para o salão da assembléia e insultada pela ordem desse homem perverso. Não posso suportar a visão desse homem. Diga-me, onde estão meus irmãos? Quero ir para onde eles estiverem". Ao dizer isso, Yudhisthira desviou seu olhar de onde Duryodhana estava sentado em glória. Então Narada, o grande muni celestial, sorriu em desaprovação a Yudhisthira e disse: "Renomado príncipe, isso não está certo. Em swarga, não abrigamos maus sentimentos. Não fale desse jeito sobre Duryodhana. O bravo Duryodhana alcançou o estado presente por força do dharma kshatriya. Não é certo deixar os assuntos mundanos ficarem na mente e cultivar maus sentimentos. Siga a lei e fique aqui com o rei Duryodhana. Não há lugar para ódio em swarga. Você chegou aqui em seu próprio corpo humano, por isso que tem esses sentimentos inapropriados. Descarte-os, filho"! Yudhisthira respondeu: "Ó sábio, Duryodhana, que não sabe o que é certo e errado, é um pecador, que causou sofrimento a boas pessoas, que alimentou inimizade e ira e causou a morte de incontáveis homens, alcançou este swarga de guerreiros. Onde fica a região de maior glória, que deve ser a morada de meus bravos irmãos e Draupadi? Estou ansioso para vê-los e Karna, e também todos amigos e príncipes que deram suas vidas na batalha por mim. Não os vejo aqui. Quero me encontrar novamente com Virata, Drupada, Dhrishtaketu e Shikhandi, o príncipe Panchala. Anseio em ver os filhos queridos de Draupadi e Abhimanyu. Não os vejo aqui. Onde estão eles, que atiraram seus corpos no fogo ardente da batalha por minha causa, como o gui no fogo de sacrifício? Não vejo nenhum deles aqui. Aonde estão todos eles? Meu lugar deve ser junto deles. No fim da batalha, minha mãe Kunti queria que eu oferecesse oblações para Karna também. Quando penso nisso, mesmo agora, a tristeza me domina. Na ignorância de que era meu próprio irmão, causei a morte de Karna. Estou ansioso para vê-lo. Bhima, mais querido por mim do que a própria vida, Arjuna, que era como o próprio Indra, os gêmeos Nakula e Sahadeva e nossa querida Panchali, fixa em dharma, anseio em vê-los e estar com todos eles. Não quero ficar no céu, pois qual o benefício de ficar aqui, longe de meus irmãos? Onde quer que eles estejam, lá é meu swarga, não aqui neste lugar"! Os Gandharvas que ouviram isso, responderam: "Ó Yudhisthira, se deseja mesmo estar com eles, de todo jeito, pode ir imediatamente. Não há necessidade de mais demora", e ordenaram a um assistente para levar Yudhisthira. Então o assistente foi em frente e Yudhisthira o seguiu. À medida que andavam, começou a escurecer, e na penumbra, podia-se ver de forma sombria coisas estranhas e revoltantes. Ele passava por coisas escorregadias como sangue e vísceras. O caminho estava repleto de carne podre, ossos e cabelos de cadáveres. Os vermes rastejavam em toda parte e havia um fedor insuportável no ar. Ele viu corpos mutilados por todos os lados. Yudhisthira ficou horrorizado e confuso. Milhares de pensamentos torturavam sua mente no caminho. Ele perguntou ao assistente com profunda angústia: "Quanto mais temos que andar nesta estrada? Onde estão meus irmãos? Diga-me, meu amigo". O mensageiro respondeu em voz baixa: "Se quiser, podemos voltar". O mau cheiro do local era tão doentio que por um momento Yudhisthira pensou em voltar. Nesse momento, como se adivinhassem sua intenção, vozes familiares surgiram por toda a volta num lamento alto. "Ó Dharmaputra, não volte! Fique aqui alguns minutos pelo menos. Sua presença nos trouxe um alívio momentâneo da tortura. Quando você chegou, trouxe uma brisa tão doce e pura que encontramos um pequeno alívio em nossa agonia. Filho de Kunti, a simples visão de sua pessoa nos trouxe conforto e mitigou nosso sofrimento. Por favor, fique, que seja para sempre tão curto tempo. Não volte. Enquanto você estiver aqui, apreciamos uma pausa em nossa tortura". As vozes imploravam dessa forma. Ao ouvir os lamentos altos que viam de todos os lados, Yudhisthira ficou num doloroso dilema. Desnorteado com pena da angústia pungente das vozes agonizantes reconhecidas, ele exclamou: "Ai de mim, almas penadas! Quem são vocês que lamentam dessa forma? Por que estão aqui"? Uma voz disse: "Senhor, eu sou Karna". Outra disse: "Eu sou Bhima". Uma terceira voz gritou: "Eu sou Arjuna". "Draupadi", gritou outra voz em tom comovente. "Eu sou Nakula". "Eu sou Sahadeva". "Somos os filhos de Draupadi", e assim por diante, as vozes de lamento vinham de todas as partes, até que Yudhisthira não pôde suportar mais a dor acumulada. Ele gritou: "De qual pecado eles foram culpados? O filho de Dhritarastra, Duryodhana, fez qual boa ação para estar sentado como Mahendra no céu, enquanto todos estes estão no inferno? Será que é um sonho ou estou acordado? Será que minha mente enlouqueceu? Será que fiquei louco"? Sobrepujado pela ira, Yudhisthira amaldiçoou os deuses e denunciou Dharma. Ele virou para o Gandharva assistente e disse seriamente: "Volte para seus senhores. Vou ficar aqui onde meus irmãos queridos, que não cometeram nenhum pecado além da dedicação a mim, foram condenados às torturas do inferno. Que eu fique com eles". O assistente voltou e transmitiu a Indra o que Yudhisthira disse. Assim passou a décima terceira parte do dia. Quando Indra e Yama apareceram perante Yudhisthira onde ele estava angustiado. Os pecadores e seu sofrimento não eram mais vistos. Uma brisa fragrante soprou quando Yama, o deus de dharma, sorriu para seu filho Yudhisthira. "Ó mais sábio entre os homens, esta é a terceira vez que testo você. Você preferiu ficar no inferno por causa de seus irmãos. É inevitável que reis e governantes vão para o inferno pelo menos por um momento. Por isso, você teve que passar a décima terceira parte do dia condenado a sofrer as dores do inferno. Nem o ilustre Savyasachin (Arjuna) nem seu querido irmão Bhima estão no inferno de verdade. Nem Karna, o justo, nem ninguém mais que você pensou foi condenado ao sofrimento. Foi uma ilusão criada para testá-lo. Aqui não é o inferno, mas swarga. Você não vê Narada cujas viagens cobrem os três mundos? Pare de sofrer". Assim falou Yamaraja a seu filho Dharmaputra. Yudhisthira então voltou ao Lar, de volta ao Supremo, ao planeta mais elevado de Vaikuntha, Goloka Vrindavana, em seu mesmo corpo, como Srila Prabhupada explicou nos capítulos anteriores. |
Fim |
Mahabharata |
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Desde 18/julho/2000 (Última Edição: 27-jul-2024 ) |