hare krishna hare krishna krishna krishna hare hare hare rama hare rama rama rama hare hare

Srila Prabhupada

 

Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga

Nitai Gaura Hari Bol

Néctar de Srila Prabhupada

 

A Missão do Senhor Chaitanya Mahaprabhu

 

A Solução Real para Todos Problemas do Mundo Atual

 

Extraído do Sri Chaitanya Charitamrita

de
Sua Divina Graça
Sri Srimad Bhaktivedanta Swami Maharaj Prabhupada
Paramahamsa Thakura Mahashaya

da versão original em inglês
sem as supostas "correções"

 

Versão em português por Visvavandya Dasa
São Paulo, 28 de dezembro de 2008

 

Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga

Nitai Gaura Hari Bol

Néctar de Srila Prabhupada

A Missão do Senhor Chaitanya Mahaprabhu

 

Índice

Nota do Tradutor

"A Árvore do Serviço Devocional" (Cc. Adi 9)

"O Tronco, Ramos e Sub-ramos da Árvore de Chaitanya" (Cc. Adi 10)

"As Expansões do Senhor Nityananda" (Cc. Adi 11)

"As Expansões de Adwaita Acharya e Gadadhara Pandita" (Cc. Adi 12)

 

 

Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga

Nitai Gaura Hari Bol

Sri Pañcha-tattva

A Missão do Senhor Chaitanya Mahaprabhu

Nota do Tradutor

Este Néctar foi extraído do Sri Chaitanya Charitamrita, Adi-lila, Capítulos Nove, Dez, Onze e Doze, de Sua Divina Graça Sri Srimad Bhaktivedanta Swami Maharaj Prabhupada, Paramahamsa Thakura Mahashaya, da Edição original em inglês, sem as supostas "correções".

Como sempre aviso, a Verdade pode doer às vezes, mas ao mesmo tempo é Néctar, e a Verdade sempre faz bem.

É um Néctar muito especial para quem quer compreender a verdadeira realidade íntima da Missão do Senhor Chaitanya Mahaprabhu.

É um Néctar muito especial e muito importante para todos que desejam despertar a Consciência de Krishna, e alcançar o plano do serviço devocional amoroso puro ao Senhor Sri Krishna, pela graça do Senhor Sri Krishna Chaitanya Mahaprabhu.

Como o próprio autor afirma nos Versos finais do Capítulo Doze (Cc. Adi-lila, 12.91-96):

Verso 91
Simplesmente pela lembrança dos nomes de todos esses ramos e sub-ramos dos três troncos que eu descrevi (Nityananda, Adwaita e Gadadhara), a pessoa obtém a liberdade do enredamento desta existência material.

Verso 92
Simplesmente por lembrar os nomes de todos esses Vaishnavas, a pessoa pode alcançar os pés de lótus de Sri Chaitanya Mahaprabhu. De fato, simplesmente por lembrar seus santos nomes, a pessoa alcança a satisfação de todos desejos.

Verso 93
Por isso, por prestar minhas respeitosas reverências aos pés de lótus de todos eles, eu vou descrever os passatempos do jardineiro Sri Chaitanya Mahaprabhu em ordem cronológica.

Verso 94
O oceano dos passatempos do Senhor Chaitanya Mahaprabhu é incomensurável e insondável. Quem pode tomar coragem para medir o grande oceano?

Verso 95
Não é possível mergulhar neste grande oceano, mas sua doce fragrância agradável atrai minha mente. Por isso eu fico na beira deste oceano e tento saborear apenas uma gota dele.

Verso 96
Por sempre rogar aos pés de lótus de Sri Rupa e Sri Raghunatha, e por sempre desejar sua misericórdia, eu, Krishnadasa, narro o Sri Chaitanya Charitamrita, por seguir seus passos.

Jaya Prabhupada!

Boa Leitura!

Visvavandya Dasa
São Paulo, 28 de dezembro de 2008

 

 

Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga

Nitai Gaura Hari Bol

Sri Chaitanya Charitamrita, Adi-lila, Capítulo Nove

de
Sua Divina Graça
Sri Srimad Bhaktivedanta Swami Maharaj Prabhupada
Paramahamsa Thakura Mahashaya

 

A Árvore do Serviço Devocional

Srila Bhaktivinoda Thakura resume este Capítulo Nove em seu Amrita-pravaha-bhashya. O autor do Sri Chaitanya Charitamrita concebeu um exemplo figurado no Capítulo Nove que descreve a "planta de bhakti". Ele considera o Senhor Chaitanya Mahaprabhu, conhecido como Visvambhara, como o jardineiro dessa planta pois Ele é a personalidade principal que cuida dela. Como o supremo desfrutador, Ele desfruta das flores pessoalmente bem como as distribui. A semente da planta foi primeiramente plantada em Nabadwip, local de nascimento do Senhor Chaitanya Mahaprabhu, e a planta foi trazida para Purushottama-kshetra (Jagannatha Puri) e depois para Vrindavana. A semente frutificou primeiro em Sri Madhavendra Puri e depois em seu discípulo Sri Isvara Puri. A descrição figurada afirma que tanto a árvore em si bem como o tronco da árvore são Sri Chaitanya Mahaprabhu. Os devotos, liderados por Paramananda Puri e outros oito grandes sannyasis, são como as raízes expandidas da árvore. Há dois troncos especiais que saem do caule principal, Adwaita Prabhu e Nityananda Prabhu, e outros ramos e galhos brotam desses troncos. A árvore envolve o mundo inteiro, e as flores da árvore são para serem distribuídas a todos. Dessa forma, a árvore do Senhor Chaitanya Mahaprabhu embriaga o mundo inteiro. Deve-se notar que é um exemplo figurado destinado a explicar a missão do Senhor Chaitanya Mahaprabhu.

Verso 1

Presto minhas respeitosas reverências ao mestre espiritual do mundo inteiro, Senhor Sri Chaitanya Mahaprabhu, por cuja misericórdia até um cachorro pode atravessar o grande oceano a nado.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Vemos algumas vezes que um cachorro consegue nadar por alguns metros na água e depois volta para a margem. Aqui, entretanto, afirma-se que se um cachorro for abençoado por Sri Chaitanya Mahaprabhu, poderá atravessar o oceano a nado. Similarmente, o autor do Sri Chaitanya Charitamrita, Krishnadasa Kaviraja Goswami, coloca-se numa situação desamparada ao afirmar que não tem nenhuma força pessoal, mas pelo desejo do Senhor Chaitanya, expressado pelos Vaishnavas e Madana-mohana vigraha, é possível que ele atravesse o oceano transcendental para apresentar o Sri Chaitanya Charitamrita.

Verso 2

Todas as glórias a Sri Krishna Chaitanya, conhecido como Gaurahari! Todas as glórias a Adwaita e Nityananda Prabhu!

Verso 3

Todas as glórias aos devotos do Senhor Chaitanya, liderados por Shrivasa Thakura! Eu lembro os pés de lótus deles para que todos meus desejos sejam satisfeitos.

Iluminação de Srila Prabhupada:
O autor aqui continua a seguir os mesmos princípios de adoração ao Pañcha-tattva descritos no Sétimo Capítulo do Adi-lila.

Verso 4

Eu também lembro os seis Goswamis, Rupa, Sanatana, Bhatta Raghunatha, Sri Jiva, Gopala Bhatta e Dasa Raghunatha.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Assim é o processo de escrever literatura transcendental. Um sentimentalista que não tem qualidades Vaishnavas não pode produzir escrita transcendental. Existem muitos tolos que consideram krishna-lila como matéria de arte e escrevem ou pintam quadros sobre os passatempos do Senhor Krishna com as gopis, às vezes os retratam de forma praticamente obscena. Esses tolos sentem prazer na satisfação sensual material, mas quem deseja avançar na vida espiritual deve evitar esse tipo de literatura com escrúpulo. A menos que a pessoa seja um servo de Krishna e dos Vaishnavas, como Krishnadasa Kaviraja Goswami se apresenta ao prestar respeitosas reverências ao Senhor Chaitanya, Seus companheiros e Seus discípulos, não deve tentar escrever literatura transcendental.

Verso 5

Somente pela misericórdia de todos esses Vaishnavas e gurus que eu tento escrever sobre os passatempos e qualidades do Senhor Chaitanya Mahaprabhu. Se sei ou não sei, é para minha purificação pessoal que escrevo este Livro.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Este é o teor e a essência da composição literária transcendental. A pessoa tem que ser um Vaishnava autorizado, humilde e puro. A pessoa deve escrever a literatura transcendental para purificar a si mesma, não para crédito pessoal. Quando se escreve sobre os passatempos do Senhor, a pessoa se associa com o Senhor diretamente. Ela não deve pensar com mesquinhez: "Vou me tornar um grande autor. Vou ser um escritor célebre". Estes são desejos materiais. A pessoa deve tentar escrever para sua própria purificação. Pode ser publicado ou pode não ser publicado, não importa. Se a pessoa for sincera em sua composição literária, todas suas ambições serão satisfeitas. Se vai ser conhecida como um grande autor, é acidental. A pessoa não deve tentar escrever literatura transcendental com propósito de nome e fama.

Verso 6

Eu me abrigo na Suprema Personalidade de Deus, Sri Chaitanya Mahaprabhu, que é a própria árvore do amor transcendental por Krishna, bem como seu jardineiro e também o doador e desfrutador de seus frutos.

Verso 7

O Senhor Chaitanya pensou: "Meu nome é Visvambhara, aquele que mantém o universo inteiro. Seu significado será realizado se Eu puder preencher todo o universo com amor pelo Supremo".

Verso 8

Ao pensar assim, Ele aceitou o dever de um agricultor e começou a criar um jardim em Nabadwip.

Verso 9

Dessa forma, o Senhor trouxe a árvore dos desejos do serviço devocional para esta Terra e Se tornou Seu jardineiro. Ele plantou a semente e a regou com a água de Seu desejo.

Iluminação de Srila Prabhupada:
O serviço devocional é comparado em vários lugares a uma planta trepadeira. A pessoa tem que semear a semente da trepadeira da devoção, bhakti-lata, dentro de seu coração. À medida que ela ouve e canta regularmente, a semente frutifica e cresce gradualmente até se tornar uma planta madura e então produz o fruto do serviço devocional, chamado amor pelo Supremo, que o jardineiro (mala-kara) pode apreciar sem obstáculos.

Verso 10

Todas as glórias a Sri Madhavendra Puri, o depósito de todo serviço devocional a Krishna! Ele é uma árvore dos desejos do serviço devocional, e foi nele que a semente do serviço devocional frutificou primeiro.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Sri Madhavendra Puri, também conhecido como Sri Madhava Puri, pertencia à sucessão discipular de Madhwacharya e era um sannyasi muito famoso. Sri Chaitanya Mahaprabhu é o terceiro discípulo descendente de Sri Madhavendra Puri. O processo de adoração na sucessão discipular de Madhwacharya era cheio de cerimônias ritualísticas, quase sem nenhum sinal de amor pelo Supremo. Sri Madhavendra Puri foi a primeira pessoa nessa sucessão discipular a exibir sintomas de amor pelo Supremo e a primeira a escrever um poema que começa com as palavras ayi dina-dayardra natha, "Ó Suprema Personalidade de Deus supremamente misericordiosa". Esse poema contém a semente do cultivo de amor ao Supremo de Chaitanya Mahaprabhu.

Verso 11

A semente do serviço devocional frutificou em seguida na forma de Sri Isvara Puri, e depois o próprio jardineiro, Chaitanya Mahaprabhu, tornou-Se o tronco principal da árvore do serviço devocional.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Sri Isvara Puri era residente de Kumara-hatta, onde há atualmente a estação de trem conhecida como Kamarhatta. Há outra estação ali perto chamada Halisahara, que pertence à Ferrovia Eastern que percorre a seção leste de Calcutá.
Sri Isvara Puri nasceu numa família brâmane e era o discípulo mais querido de Srila Madhavendra Puri. A última parte do Sri Chaitanya Charitamrita (Antya 8.28-31) afirma:

isvara-puri gosani kare sri-pada sevana
sva-haste karena mala-mutradi marjana
nirantara krsna-nama karaya smarana
krsna-nama krsna-lila sunaya anuksana
tusta hana puri tanre kaila alingana
vara dila krsne tomara ha-uka prema-dhana
sei haite isvara-puri premera sagara

"Sri Madhavendra Puri ficou inválido na última parte de sua vida e era incapaz de se mover, por isso Isvara Puri se dedicou plenamente em seu serviço, tanto que limpava pessoalmente suas fezes e urina. Sempre cantava o maha-mantra Hare Krishna e lembrava Sri Madhavendra Puri dos passatempos do Senhor Krishna no último estágio de sua vida, assim Isvara Puri prestou o melhor serviço entre todos seus discípulos. Isso fez com que Sri Madhavendra Puri ficasse muito satisfeito com ele e o abençoou dessa forma: "Meu querido rapaz, eu só posso rogar a Krishna que fique satisfeito com você". Por isso, Isvara Puri, pela graça de seu mestre espiritual, Sri Madhavendra Puri, tornou-se um grande devoto no oceano de amor ao Supremo". Srila Visvanatha Chakravarti afirma em sua prece Gurv-astaka, yasya prasadad bhagavat-prasado yasyaprasadan na gatih kuto 'pi: "Pela misericórdia do mestre espiritual a pessoa é abençoada com a misericórdia de Krishna. Sem a graça do mestre espiritual a pessoa não pode fazer nenhum avanço". A pessoa se torna perfeita pela misericórdia do mestre espiritual, como neste exemplo nítido. Um Vaishnava é sempre protegido pela Suprema Personalidade de Deus, mas se aparenta estar inválido, é uma chance para seus discípulos servi-lo. Isvara Puri satisfez seu mestre espiritual pelo serviço, e pelas bênçãos de seu mestre espiritual, ele se tornou uma personalidade tão elevada que o Senhor Chaitanya Mahaprabhu o aceitou como Seu mestre espiritual. Srila Isvara Puri é o mestre espiritual de Sri Chaitanya Mahaprabhu, mas antes de iniciar o Senhor Chaitanya, ele foi para Nabadwip e ficou alguns meses na casa de Gopinatha Acharya. O Senhor Chaitanya o conheceu nessa época, e entendemos que ele serviu Sri Chaitanya Mahaprabhu por recitar seu livro, Krishna-lilamrita. Isso é explicado no Sri Chaitanya Bhagavata, Adi-lila, Capítulo Onze.
Para ensinar a todos pelo Seu próprio exemplo como ser um discípulo fervoroso de seu mestre espiritual, Sri Chaitanya Mahaprabhu, a Suprema Personalidade de Deus, visitou o local de nascimento de Isvara Puri em Kamarhatta e coletou um pouco de terra de seu lugar de nascimento. A qual Ele guardava com muito cuidado, e costumava comer um pouquinho todos os dias. Isso está descrito no Sri Chaitanya Bhagavata, Adi-lila, Capítulo Dezessete. Tornou-se um costume os devotos irem lá e coletarem um pouco de terra desse local, por seguirem o exemplo de Sri Chaitanya Mahaprabhu.

Verso 12

Por meio de Seu poder inconcebível, o Senhor Se tornou o jardineiro, o tronco e os ramos simultaneamente.

Versos 13-15

Paramananda Puri, Keshava Bharati, Brahmananda Puri e Brahmananda Bharati, Sri Vishnu Puri, Keshava Puri, Krishnananda Puri, Sri Nrisimha Tirtha e Sukhananda Puri; todos esses nove sannyasis raízes brotaram do tronco da árvore. Assim a árvore se fixou firmemente com a força dessas nove raízes.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Paramananda Puri: Paramananda Puri pertencia a uma família brâmane do distrito de Trihut em Uttara Pradesh. Madhavendra Puri era seu mestre espiritual. Devido à sua relação com Madhavendra Puri, Paramananda Puri era muito querido por Sri Chaitanya Mahaprabhu. O Chaitanya Bhagavata, Antya-lila, afirma:

sannyasira madhye isvarera priya-patra
ara nahi eka puri gosani se matra
damodara-svarupa paramananda-puri
sannyasi-parsade ei dui adhikari
niravadhi nikate thakena dui jana
prabhura sannyase kare dandera grahana
puri dhyana-para damodarera kirtana
yata-priti isvarera puri-gosanire
damodara-svarupereo tata priti kare

"Entre seus discípulos sannyasis, Isvara Puri e Paramananda Puri eram muito queridos por Madhavendra Puri. Por isso que Paramananda Puri, como Swarupa Damodara, que também era sannyasi, era muito querido por Sri Chaitanya Mahaprabhu e era Seu companheiro constante. Quando o Senhor Chaitanya aceitou a ordem renunciada, Paramananda Puri ofereceu-Lhe a danda. Paramananda Puri estava sempre absorto em meditação, e Sri Swarupa estava sempre dedicado ao cantar do maha-mantra Hare Krishna. Da mesma forma como Sri Chaitanya Mahaprabhu prestava respeito pleno a Seu mestre espiritual, Isvara Puri, Ele respeitava Paramananda Puri e Swarupa Damodara". O Chaitanya Bhagavata, Antya-lila, Capítulo Três narra que quando Sri Chaitanya Mahaprabhu viu Paramananda Puri na primeira vez, fez a seguinte afirmação:

aji dhanya locana, saphala aji janma
saphala amara aji haila sarva-dharma
prabhu bale aji mora saphala sannyasa
aji madhavendra more ha-ila prakasa

"Meus olhos, Minha mente, Minhas atividades religiosas e Minha aceitação da ordem sannyasa agora se tornaram todos perfeitos porque hoje Madhavendra Puri se manifestou perante Mim na forma de Paramananda Puri". O Chaitanya Bhagavata afirma mais ainda:

kathoksane anyo 'nye karena pranama
paramananda-puri caitanyera priya-dhama

"Sri Chaitanya Mahaprabhu assim compartilhou respeitosas reverências com Paramananda Puri, que era muito querido por Ele". Paramananda Puri fundou um pequeno monastério atrás do lado oeste do Templo de Jagannatha, onde cavou um poço para fornecer água. A água entretanto era amarga, por isso, Sri Chaitanya Mahaprabhu rezou ao Senhor Jagannatha para permitir que a água do Ganges viesse para dentro do poço e ficasse doce. Quando o Senhor Jagannatha atendeu ao pedido, o Senhor Chaitanya disse a todos devotos que desse dia em diante, a água do poço de Paramananda Puri devia ser celebrada como água do Ganges, pois qualquer devoto que se banhasse nela ou a bebesse obteria com certeza o mesmo benefício obtido em beber ou se banhar nas águas do Ganges. Essa pessoa com certeza desenvolveria o amor puro pelo Supremo. O Chaitanya Bhagavata, Antya-lila, afirma:

prabhu bale ami ye achiye prthivite
niscaya-i janiha puri-gosanira prite

"Sri Chaitanya Mahaprabhu costuma dizer: "Eu vivo neste mundo somente por causa do comportamento excelente de Sri Paramananda Puri"". O Gaura-ganoddesha-dipika, verso 118 afirma: puri sri-paramanando ya asid uddhavah pura. "Paramananda Puri não é outro além de Uddhava". Uddhava era amigo e tio do Senhor Krishna, e em chaitanya-lila, o mesmo Uddhava se tornou amigo de Sri Chaitanya Mahaprabhu e Seu tio em termos de sua relação na sucessão discipular.
Keshava Bharati: Os sampradayas Sarasvati, Bharati e Puri pertencem ao Sringeri Matha do sul da Índia. E Sri Keshava Bharati, que estava num monastério em Katwa nessa época, pertencia ao sampradaya Bharati. Segundo algumas opiniões autorizadas, apesar de Keshava Bharati pertencer ao sampradaya Shankara, foi iniciado antes por um Vaishnava. É dito que ele é um Vaishnava porque foi iniciado por Madhavendra Puri, pois alguns dizem que ele tomou sannyasa de Madhavendra Puri. O Templo e a Deidade adorada fundados por Keshava Bharati ainda existem na vila conhecida como Khatundi, que pertence à jurisdição postal de Kandara no distrito de Burdwan. Segundo os administradores do matha, os sacerdotes são descendentes de Keshava Bharati, e alguns dizem que os adoradores da Deidade são descendentes dos filhos de Keshava Bharati. Ele teve dois filhos em sua vida de casado, Nishapati e Ushapati, e um brâmane chamado Sri Nakadichandra Vidyaratna, que era membro da família de Nishapati, era o sacerdote encarregado na época em que Sri Bhaktisiddhanta Sarasvati visitou esse Templo. Segundo alguns, os sacerdotes do Templo pertencem à família do irmão de Keshava Bharati. Há outra opinião ainda de que descendem de Madhava Bharati, que era outro discípulo de Keshava Bharati. O discípulo de Madhava Bharati, Balabhadra, que mais tarde se tornou sannyasi do sampradaya Bharati, teve dois filhos em sua vida de casado chamados Madana e Gopala. Madana, cujo sobrenome era Bharati, vivia na vila Auriya, e Gopala, cujo sobrenome era Brahmachari, viveu na vila Denduda. Ainda existem muitos descendentes vivos dessas duas famílias.
O Gaura-ganoddesha-dipika, verso 52, afirma:

mathurayam yajna-sutram
pura krsnaya yo munih
dadau sandipanih so 'bhud
adya kesava-bharati

"Sandipani Muni, que anteriormente ofereceu o cordão sagrado a Krishna e Balarama, depois se tornou Keshava Bharati". Foi ele quem ofereceu sannyasa a Sri Chaitanya Mahaprabhu. Outra citação do Gaura-ganoddesha-dipika, verso 117: iti kecit prabhasante 'krurah kesava-bharati. "Segundo algumas opiniões autorizadas, Keshava Bharati é uma encarnação de Akrura". Keshava Bharati ofereceu a ordem sannyasa a Sri Chaitanya Mahaprabhu no ano 1432 shakabda (1510 d.C.) em Katwa. Isso está descrito no Vaishnava-mañjusha, Parte Dois.
Brahmananda Puri: Sri Brahmananda Puri era um dos companheiros de Sri Chaitanya Mahaprabhu quando Ele fazia kirtana em Nabadwip, e também acompanhou o Senhor Chaitanya em Jagannatha Puri. Notamos aqui que o nome Brahmananda não é aceito somente por sannyasis Mayavadis como também por sannyasis Vaishnavas. Um tolo certa vez criticou o nome sannyasi Brahmananda Swami, ao dizer que é um nome Mayavadi. Esse tolo não sabe que Brahmananda não se refere sempre ao impessoal. Parabhraman, o Brahman Supremo, é Krishna. Portanto, um devoto de Krishna também pode ser chamado de Brahmananda, como é evidente no fato de Brahmananda Puri ser um dos sannyasis principais companheiros do Senhor Chaitanya Mahaprabhu.
Brahmananda Bharati: Brahmananda Bharati foi visitar Sri Krishna Chaitanya Mahaprabhu em Jagannatha-dhama. Nessa ocasião, ele usava somente uma pele de veado para se cobrir, e Sri Chaitanya Mahaprabhu insinuou indiretamente que não gostava da cobertura de pele de veado. Brahmananda Puri então deixou a pele de veado e aceitou o pano de cor açafrão, como usado pelos sannyasis Vaishnavas. Ele viveu durante algum tempo com Sri Chaitanya Mahaprabhu em Jagannatha Puri.

Verso 16

Com o sóbrio e sério Paramananda Puri como a raiz central e as oito outras raízes nas oito direções, a árvore de Chaitanya Mahaprabhu se fixou com firmeza.

Verso 17

Muitos ramos cresceram do tronco, e inumeráveis outros em cima deles.

Verso 18

Os ramos da árvore de Chaitanya formaram assim uma copa ou sociedade, com grandes ramos que cobriram todo o universo.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Nossa Sociedade Internacional para a Consciência de Krishna é um dos ramos da árvore de Chaitanya.

Verso 19

Centenas de sub-ramos cresceram de cada ramo. Ninguém pode contar quantos ramos brotaram então.

Verso 20

Vou tentar descrever os principais dos inúmeros ramos. Ouçam por favor a descrição da árvore de Chaitanya.

Verso 21

O tronco se dividiu em dois no topo da árvore. Um tronco se chama Sri Adwaita e o outro, Sri Nityananda Prabhu.

Verso 22

Muitos ramos e sub-ramos brotaram desses dois troncos que cobriram o mundo inteiro.

Verso 23

Esses ramos e sub-ramos e seus sub-ramos ficaram tão numerosos que ninguém pode escrever sobre eles na realidade.

Verso 24

Os discípulos e discípulos netos e seus admiradores assim se espalharam pelo mundo inteiro, e não é possível enumerá-los todos.

Verso 25

Do mesmo modo como uma figueira produz frutos em todo seu corpo, cada parte da árvore do serviço devocional produz frutos.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Essa árvore do serviço devocional não é deste mundo material. Ela cresce no mundo espiritual, onde não há diferença entre uma parte do corpo e outra. Seria algo como uma árvore de açúcar, qualquer que seja a parte da árvore que a pessoa saboreia, sempre será doce. A árvore de bhakti tem vários ramos, folhas e frutos, mas tudo é destinado ao serviço à Suprema Personalidade de Deus. Existem nove processos diferentes de serviço devocional (sravanam kirtanam visnoh smaranam pada-sevanam arcanam vandanam dasyam sakhyam atma-nivedanam), mas todos eles se destinam unicamente ao serviço do Supremo Senhor. Por isso, se a pessoa ouvir, cantar, lembrar ou adorar, suas atividades produzirão o mesmo resultado. Qual desses processos é o mais adequado para cada devoto, depende de seu gosto.

Verso 26

Porque Sri Krishna Chaitanya Mahaprabhu é o tronco principal, o sabor dos frutos que cresceram em todos ramos e sub-ramos superavam o sabor do néctar.

Verso 27

As frutas amadureceram e ficaram doces e nectáreas. O jardineiro, Sri Chaitanya Mahaprabhu, distribuía todas sem cobrar nenhum preço.

Verso 28

Toda riqueza dos três mundos não pode se igualar ao valor de uma dessas frutas nectáreas do serviço devocional.

Verso 29

Sem considerar quem pediu ou não pediu, nem quem era digno ou indigno para receber, Chaitanya Mahaprabhu distribuiu o fruto do serviço devocional.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Este é o teor e a essência do movimento sankirtana do Senhor Chaitanya. Não se faz nenhuma discriminação entre aqueles que são dignos ou indignos para ouvir ou participar do movimento sankirtana. Por isso, sua pregação deve ser sem nenhuma discriminação. O único objetivo dos pregadores do movimento sankirtana deve ser pregar sem restrição. Essa é a forma como Sri Chaitanya Mahaprabhu apresentou Seu movimento sankirtana ao mundo.

Verso 30

O jardineiro transcendental, Sri Chaitanya Mahaprabhu, distribuía punhados e mais punhados de frutos em todas direções, e quando pessoas pobres famintas comiam o fruto, o jardineiro sorria com grande prazer.

Verso 31

O Senhor Chaitanya então se dirigiu às diversas variedades de ramos e sub-ramos da árvore do serviço devocional:

Verso 32

"Como a árvore do serviço devocional é transcendental, cada uma de suas partes pode executar a ação de todas outras partes. Apesar duma árvore ser supostamente imóvel, todavia essa árvore se move".

Iluminação de Srila Prabhupada:
Experimentamos no mundo material que as árvores permanecem num único lugar, mas no mundo espiritual, uma árvore pode ir de um lugar a outro. Portanto, tudo no mundo espiritual se chama alaukika, incomum ou transcendental. Outra característica dessa árvore é que pode atuar universalmente. As raízes duma árvore no mundo material penetram bem fundo na terra para obter seus nutrientes, mas no mundo espiritual, os galhos, ramos e folhas da parte superior da árvore podem atuar como as raízes.

Verso 33

"Todas as partes dessa árvore são conscientes, e se espalham por todo o mundo à medida que crescem assim".

Verso 34

"Eu sou o único jardineiro. Em quantos lugares Eu posso ir? Quantos frutos posso colher e distribuir"?

Iluminação de Srila Prabhupada:
Sri Chaitanya Mahaprabhu insinua aqui que a distribuição do maha-mantra Hare Krishna deve ser realizada com forças combinadas. Apesar de ser a Suprema Personalidade de Deus, Ele lamenta: "Como posso agir sozinho? Como posso colher os frutos e distribuir ao mundo inteiro sozinho"? Indica assim que todas as classes de devotos devem combinar para distribuir o maha-mantra Hare Krishna sem consideração de tempo, lugar e situação.

Verso 35

"Seria uma tarefa muito árdua colher os frutos e distribuí-los sozinho, e suspeito ainda que alguns receberão e outros não".

Verso 36

"Por isso, Eu ordeno a cada pessoa dentro deste universo que aceite o movimento da consciência de Krishna e o distribua em todas as partes".

Iluminação de Srila Prabhupada:
Há uma canção de Srila Bhaktivinoda Thakura a esse respeito:

enechi ausadhi maya nasibara lagi'
hari-nama-maha-mantra lao tumi magi'
bhakativinoda prabhu-carane padiya
sei hari-nama-mantra laila magiya

O movimento sankirtana foi apresentado pelo Senhor Chaitanya Mahaprabhu justamente para dissipar a ilusão de maya, pela qual todos neste mundo material pensam que são um produto da matéria e por isso têm muitos deveres pertencentes ao corpo. Na realidade, o ser vivo não é o corpo material; e sim a alma espiritual. Ele tem a necessidade espiritual de ser eternamente bem aventurado e pleno de conhecimento, mas se identifica com o corpo infelizmente, às vezes como ser humano, às vezes como animal, às vezes como árvore, às vezes como aquático, às vezes como semideus, e assim por diante. Assim, ele desenvolve um tipo de consciência a cada mudança de corpo com diferentes tipos de atividades e fica cada vez mais enredado na existência material, na transmigração perpétua de um corpo a outro. Sob o encanto de maya, ou ilusão, ele não considera passado ou futuro e se satisfaz apenas com a curta duração de vida que obteve no presente. Sri Chaitanya Mahaprabhu trouxe o movimento sankirtana para erradicar essa ilusão, e Ele pede a todos que o aceitem e o distribuam. A pessoa que é seguidora autêntica de Sri Bhaktivinoda Thakura deve aceitar imediatamente o pedido do Senhor Chaitanya Mahaprabhu por prestar respeitosas reverências a Seus pés de lótus e implorar a Ele pelo maha-mantra Hare Krishna. Se a pessoa tiver bastante sorte para implorar ao Senhor pelo maha-mantra Hare Krishna, sua vida será bem sucedida.

Verso 37

"Eu sou o único jardineiro. Se Eu não distribuir esses frutos, o que farei com eles? Quantos frutos posso comer sozinho"?

Iluminação de Srila Prabhupada:
O Senhor Chaitanya Mahaprabhu produziu tantos frutos do serviço devocional que podem ser distribuídos ao mundo inteiro, de outro modo, como Ele sozinho pode apreciar e saborear todos e cada fruto? O motivo original para o Senhor Sri Krishna descender como Sri Chaitanya Mahaprabhu é para compreender o amor de Srimati Radharani por Krishna e para saborear esse amor. Os frutos da árvore do serviço devocional são inumeráveis, por isso que Ele queria distribuí-los sem restrição a todos. Srila Rupa Goswami escreve:

anarpita-carim cirat karunayavatirnah kalau
samarpayitum unnatojjvala-rasam sva-bhakti-sriyam
harih purata-sundara-dyuti-kadamba-sandipitah
sada hrdaya-kandare sphuratu vah saci-nandanah

Há muitas encarnações preciosas da Suprema Personalidade de Deus, mas nenhuma é tão generosa, bondosa e magnânima como Sri Chaitanya Mahaprabhu, porque Ele distribui o aspecto mais confidencial do serviço devocional, chamado amor conjugal de Radha e Krishna. Sri Rupa Goswami Prabhupada portanto deseja que Sri Chaitanya Mahaprabhu viva perpetuamente nos corações de todos devotos, para que assim possam compreender e saborear os romances amorosos de Srimati Radharani e Krishna.

Verso 38

"Todas as partes da árvore foram aguadas pelo desejo transcendental da Suprema Personalidade de Deus, por isso que tem inúmeros frutos do amor ao Supremo".

Iluminação de Srila Prabhupada:
Deus é ilimitado, e Seus desejos também são ilimitados. Este exemplo dos frutos ilimitados é muito apropriado mesmo no contexto material, pois pela boa vontade da Suprema Personalidade de Deus pode haver suficiente produção de frutas, grãos e outros alimentos tanto que todas pessoas no mundo não serão capazes de esgotá-los, mesmo se comerem dez vezes mais além de sua capacidade. Na realidade, neste mundo material não há escassez de nada exceto Consciência de Krishna. Se as pessoas se tornarem conscientes de Krishna pela vontade transcendental da Suprema Personalidade de Deus, haverá bastante produção de alimentos para que as pessoas não tenham nenhum problema econômico. Qualquer um pode entender este fato com facilidade. A produção de frutos e flores não depende do nosso desejo mas da vontade suprema da Personalidade de Deus. Se Ele estiver satisfeito, suprirá bastantes frutos, flores etc., mas se as pessoas são ateístas e irreligiosas, a natureza, por Sua vontade, restringe o fornecimento de comida. Por exemplo, em várias províncias da Índia, especialmente em Maharashtra, Uttara Pradesh e outros estados vizinhos, às vezes acontece uma grande escassez de alimentos devido à falta de chuva. Os ditos cientistas e economistas não podem fazer nada a respeito. Portanto, para resolver todos problemas, a pessoa tem que procurar a boa vontade da Suprema Personalidade de Deus por se tornar consciente de Krishna e adorá-Lo regularmente em serviço devocional.

Verso 39

"Distribuam este movimento da consciência de Krishna por todo o mundo. Que todas pessoas comam estes frutos e fiquem definitivamente livres da velhice e morte".

Iluminação de Srila Prabhupada:
O movimento da consciência de Krishna iniciado pelo Senhor Chaitanya é extremamente importante pois quem adere a ele, torna-se eterno por se livrar do nascimento, morte e velhice. As pessoas não reconhecem que os pesares reais da vida são os quatro princípios de nascimento, morte, velhice e doença. São tão tolas que se conformam com essas quatro misérias, sem experimentarem o remédio transcendental do maha-mantra Hare Krishna. A pessoa pode se livrar de todas misérias simplesmente por cantar o maha-mantra Hare Krishna, mas porque estão encantadas pela energia ilusória, as pessoas não levam a sério este movimento. Portanto, aqueles que são servos verdadeiros de Sri Chaitanya Mahaprabhu devem distribuir seriamente este movimento por todo o mundo com o propósito de conceder o maior benefício para a sociedade humana. Claro que animais e outras espécies inferiores não têm capacidade de entender este movimento, mas mesmo se um pequeno grupo de seres vivos aceitá-lo seriamente, e cantar alto, todos seres vivos, inclusive árvores, animais e outras espécies inferiores, receberão o benefício. Quando Sri Chaitanya Mahaprabhu perguntou a Haridasa Thakura como faria o bem para outros seres vivos além dos humanos, Srila Haridasa Thakura respondeu que o maha-mantra Hare Krishna é tão poderoso que se for cantado alto, todos recebem o benefício, inclusive as espécies de vida inferiores.

Verso 40

"Se os frutos forem distribuídos no mundo inteiro, Minha reputação como pessoa piedosa será conhecida em toda parte, todas pessoas então glorificarão Meu nome com grande prazer".

Iluminação de Srila Prabhupada:
Essa profecia do Senhor Chaitanya Mahaprabhu começa a acontecer realmente agora. O movimento da consciência de Krishna é distribuído no mundo inteiro por meio do cantar do Santo Nome do Senhor, o maha-mantra Hare Krishna, e as pessoas que vivem vidas confusas e caóticas agora sentem felicidade transcendental. Elas encontram a paz em sankirtana, e reconhecem o benefício supremo deste movimento. Assim é a bênção do Senhor Chaitanya Mahaprabhu. Sua profecia agora se cumpre de verdade, e quem é sóbrio e consciente aprecia o valor deste grande movimento.

Verso 41

"Quem nasceu na forma humana no território da Índia (Bharata-varsha) deve tornar sua vida bem sucedida e trabalhar para o benefício de todas pessoas".

Iluminação de Srila Prabhupada:
A magnanimidade do Senhor Chaitanya Mahaprabhu se expressa neste verso muito importante. Apesar de nascer na Bengala, por isso que os bengalis têm um dever especial com Ele, Sri Chaitanya Mahaprabhu Se dirige não apenas aos bengalis mas a todos os habitantes da Índia. É no território da Índia que a verdadeira civilização humana pode se desenvolver.
A vida humana se destina especialmente à realização de Deus, como o Vedanta-sutra afirma: athato brahma-jijñasa. Qualquer pessoa que nasceu no território da Índia (Bharata-varsha) tem o privilégio especial de ser capaz de aproveitar a instrução e guia da civilização Védica. Ela recebe automaticamente os princípios básicos da vida espiritual, pois 99,9 % do povo indiano, mesmo simples camponeses e outros que não são educados nem sofisticados, acreditam na transmigração da alma, acreditam em vidas passadas e futuras, acreditam em Deus e querem adorar a Suprema Personalidade de Deus ou Seu representante. Esses ideais são herança natural da pessoa que nasce na Índia. A Índia tem vários lugares de peregrinação, tais como Gaya, Benares, Mathura, Prayag, Vrindavana, Haridwara, Ramesvaram e Jagannatha Puri, e até hoje, as pessoas vão e os visitam em centenas de milhares. Apesar dos líderes atuais da Índia influenciarem as pessoas a não acreditarem em Deus, não acreditarem na próxima vida e não acreditarem na diferença entre vida piedosa e impiedosa, e as ensinam a beber vinho, comer carne e se tornarem supostamente civilizadas, mesmo assim as pessoas têm medo das quatro atividades da vida pecaminosa, a saber, sexo ilícito, comer carne, intoxicação e jogos de azar, e onde quer que haja um festival religioso, elas se reúnem aos milhares. Nós experimentamos isso na prática. Sempre que o movimento da Consciência de Krishna realiza um festival de sankirtana em cidades grandes como Calcutá, Bombaim, Madras, Ahmedabad ou Hyderabad, milhares de pessoas vêm participar. Às vezes falamos em inglês, a maioria das pessoas não entende inglês, mesmo assim, elas vêm para nos ouvir. Mesmo quando imitadores de encarnações de Deus falam, as pessoas se reúnem aos milhares, porque toda pessoa que nasce na Índia tem uma inclinação espiritual natural e aprende os princípios básicos da vida espiritual, elas só precisam receber um pouco mais de educação sobre os princípios Védicos. Por isso que Sri Chaitanya Mahaprabhu afirma, janma sarthaka kari' kara para-upakara: se um indiano for versado nos princípios Védicos, tem que realizar a melhor atividade de bem estar para o mundo inteiro.
No presente, devido à falta de Consciência de Krishna, ou consciência de Deus, o mundo inteiro está na escuridão, coberto pelos quatro princípios da vida pecaminosa, comer carne, sexo ilícito, jogos de azar e intoxicação. Por isso que é preciso uma vigorosa propaganda para educar as pessoas para pararem com essas atividades. Assim haverá paz e prosperidade, os bandidos, ladrões e devassos diminuirão em número naturalmente, e toda a sociedade humana será consciente de Deus.
O efeito prático de nossa propagação do movimento da Consciência de Krishna por todo o mundo é que agora os devassos mais degradados se tornam santos do mais alto grau. É apenas o humilde serviço de um indiano para o mundo. Se todos indianos seguissem esse caminho, como recomendado pelo Senhor Chaitanya Mahaprabhu, a Índia daria um presente inigualável para o mundo, e seria assim muito gloriosa. Entretanto, a Índia agora é conhecida como um país miserável, e qualquer um que vem da América ou qualquer outro país rico para a Índia, vê pessoas que moram nas calçadas e não conseguem comer nem duas refeições por dia. Há também instituições que coletam dinheiro de todas partes do mundo em nome de atividades beneficentes para o povo afetado pela pobreza, mas gastam o dinheiro com sua própria satisfação sensual. Agora, pela ordem de Sri Chaitanya Mahaprabhu, o movimento para a Consciência de Krishna começou, e as pessoas recebem o benefício deste movimento. Por isso que agora é dever de todas pessoas proeminentes da Índia considerarem a importância deste movimento e treinarem muitos indianos para irem pregar este culto fora da Índia. As pessoas aceitarão, haverá cooperação entre o povo indiano e outros povos do mundo, e a missão de Sri Chaitanya Mahaprabhu será cumprida. Sri Chaitanya Mahaprabhu será então glorificado em todo mundo, e as pessoas serão naturalmente felizes, pacíficas e prósperas, não apenas nesta vida mas na próxima também, como o Bhagavad-gita afirma, qualquer um que entende Krishna, a Suprema Personalidade de Deus, obtém a salvação bem fácil, ou liberdade da repetição de nascimento e morte, e vai de volta ao lar, de volta ao Supremo. Por isso que Sri Chaitanya Mahaprabhu pede a todo indiano para se tornar um pregador de Seu culto a fim de salvar o mundo da confusão catastrófica.
Este não é apenas dever dos indianos mas o dever de todos, e ficamos muito felizes que moças e rapazes americanos e europeus cooperam seriamente com este movimento. Devemos saber definitivamente que a melhor atividade beneficente para a sociedade humana é despertar a consciência de Deus das pessoas, ou Consciência de Krishna. Por isso que todos devem ajudar este grande movimento. Como está confirmado no Srimad Bhagavatam, Décimo Canto, Capítulo Vinte e Dois, verso 35, que é citado a seguir no Sri Chaitanya Charitamrita.

Verso 42

"É dever de todo ser vivo realizar atividades beneficentes para o benefício de outros com sua vida, riqueza, inteligência e palavras".

Iluminação de Srila Prabhupada:
Há dois tipos de atividades gerais, shreyas, ou atividades que são definitivamente benéficas e auspiciosas, e preyas, ou aquelas que são imediatamente benéficas e auspiciosas. Por exemplo, crianças gostam de brincar. Elas não querem ir para a escola e receber educação, e pensam que brincar todo o dia e noite e desfrutar com seus amigos é o objetivo da vida. Mesmo na vida transcendental do Senhor Krishna, vemos que quando Ele era criança, gostava muito de brincar com Seus amigos da mesma idade, os meninos pastores de vacas. Ele nem voltava para jantar em casa. Mãe Yashoda tinha que sair para obrigá-Lo a voltar para casa. A natureza da criança é portanto se ocupar dia e noite em brincar, sem se preocupar até mesmo com sua saúde ou outros interesses importantes. Este é um exemplo de preyas, ou atividades imediatamente benéficas. Mas também existem shreyas, atividades que são auspiciosas definitivamente. Segundo a civilização Védica, o ser humano tem que ser consciente de Deus. Tem que entender quem é Deus, o que é este mundo material, quem é ele, e quais são suas relações mútuas. Isso se chama shreyas, ou atividade auspiciosa definitiva.
Este verso do Srimad Bhagavatam afirma que a pessoa deve se interessar por shreyas. Para alcançar o objetivo máximo de shreyas, ou boa fortuna, a pessoa tem que dedicar tudo, inclusive sua vida, riqueza e palavras, não apenas para si mesma mas para os outros também. Todavia, a menos que a pessoa se interesse por shreyas em sua própria vida, não pode pregar shreyas para o benefício dos outros.
Este verso citado por Sri Chaitanya Mahaprabhu se aplica a seres humanos, não a animais. Como o verso anterior indica com as palavras manusya-janma, essas ordens são para seres humanos. Infelizmente, os seres humanos, apesar de estarem em corpos humanos, tornam-se piores do que animais em comportamento. Isso é falha da educação moderna. Os educadores modernos não conhecem o objetivo da vida humana, apenas se interessam em como desenvolver a condição econômica de seus países ou sociedade humana. Isso também é necessário, a civilização Védica considera todos aspectos da vida humana, inclusive dharma (religião), artha (desenvolvimento econômico), kama (satisfação sensual) e moksha (liberação). Mas o primeiro interesse da humanidade deve ser a religião. Para ser religiosa, a pessoa tem que obedecer às ordens de Deus, mas infelizmente as pessoas desta era rejeitaram a religião, e estão ocupadas no desenvolvimento econômico. Por isso que adotam qualquer meio para ganhar dinheiro. A pessoa não precisa ganhar dinheiro de qualquer jeito para o desenvolvimento econômico, precisa apenas de dinheiro suficiente para manter seu corpo e alma. Todavia, porque o desenvolvimento econômico moderno acontece sem nenhuma base religiosa, as pessoas se tornaram luxuriosas, gananciosas e loucas por dinheiro. Elas apenas desenvolvem as qualidades de rajas (paixão) e tamas (ignorância), com negligência à outra qualidade da natureza, sattva (bondade), e às qualidades brâmanes. Por isso que a sociedade inteira está em caos.
O Bhagavatam afirma que é dever do ser humano evoluído atuar de forma a facilitar para a sociedade humana alcançar o objetivo supremo da vida. Há um verso similar no Vishnu Purana, Parte Três, Capítulo Doze, verso 45, que é citado neste capítulo do Sri Chaitanya Charitamrita como o verso 43.

Verso 43

"Com seu trabalho, pensamentos e palavras, uma pessoa inteligente deve realizar ações que serão benéficas para todos os seres vivos nesta vida e na próxima".

Iluminação de Srila Prabhupada:
Infelizmente, as pessoas em geral não sabem o que acontecerá na próxima vida. Preparar-se para sua próxima vida é bom senso, e é um princípio da civilização Védica, mas as pessoas atuais no mundo inteiro não acreditam na próxima vida. Mesmo professores e outros educadores influentes dizem que quando o corpo acaba, tudo acaba. Essa filosofia ateísta é a causa da morte da civilização humana. As pessoas fazem todos tipos de atividades pecaminosas irresponsavelmente, e o privilégio da vida humana é levado embora pela propaganda educacional dos assim chamados líderes. O fato real é que esta vida se destina à preparação para a próxima vida; a pessoa passa por muitas espécies, ou formas, por meio da evolução, e esta forma humana de vida é uma oportunidade para se promover a uma vida melhor. Como o Bhagavad-gita (9.25) explica:

yanti deva-vrata devan
pitrn yanti pitr-vratah
bhutani yanti bhutejya
yanti mad-yajino 'pi mam

"Aqueles que adoram os semideuses nascerão entre os semideuses, os que adoram fantasmas e espíritos nascerão entre esses seres, aqueles que adoram os ancestrais irão para os ancestrais, e aqueles que Me adoram viverão Comigo". Logo, a pessoa pode se promover aos sistemas planetários superiores, onde é a residência dos semideuses, pode se promover a Pitriloka, pode permanecer na Terra, ou também pode voltar ao lar, de volta ao Supremo. Como o Bhagavad-gita (4.9) confirma ainda mais: tyaktva deham punar janma naiti mam eti so 'rjuna. Quando deixa o corpo, a pessoa que conhece Krishna de verdade não retorna a este mundo para aceitar outro corpo material, mas volta ao lar, de volta ao Supremo. Esse conhecimento está nos shastras e as pessoas têm que ter uma oportunidade de compreendê-lo. Mesmo se a pessoa não conseguir voltar ao Supremo durante a vida, a civilização védica pelo menos dá a oportunidade de promoção aos sistemas planetários superiores, onde os semideuses vivem, e não regredir à vida animal. No presente, as pessoas não entendem esse conhecimento, apesar de constituir uma grande ciência, pois são mal educadas e treinadas para não aceitá-lo. Essa é a situação horrível da sociedade humana moderna. Assim, o movimento da consciência de Krishna é a única esperança para dirigir a atenção das pessoas inteligentes para um benefício mais elevado na vida.

Verso 44

"Eu sou só um jardineiro. Não tenho reino nem grandes riquezas. Tenho apenas algumas frutas e flores que desejo utilizar para alcançar piedade na Minha vida".

Iluminação de Srila Prabhupada:
Sri Chaitanya Mahaprabhu Se apresenta como não muito rico para realizar atividades beneficentes para a sociedade humana, assim indica que a pessoa não precisa ser rica ou opulenta para agir pelo benefício da humanidade. Pessoas ricas às vezes são muito orgulhosas de poderem realizar atividades benéficas para a sociedade humana enquanto outras não podem. Um exemplo prático quando há escassez de comida na Índia por causa da falta de chuva, alguns membros da classe rica distribuem comida com muito orgulho, por meio de grandes arranjos com a ajuda do governo, como se as pessoas fossem beneficiadas apenas com isso. Vamos supor que não haja grãos alimentícios. Como os ricos distribuirão comida? A produção de grãos depende plenamente de Deus. Se não chover, não haverá grãos, e essas pessoas supostamente ricas não terão capacidade para distribuir grãos para o povo.
O propósito real da vida, portanto, é satisfazer a Suprema Personalidade de Deus. Sri Rupa Goswami descreve em seu Bhakti-rasamrita-sindhu que o serviço devocional é tão exaltado que é benéfico e auspicioso para todas pessoas. Sri Chaitanya Mahaprabhu também declarou que para propagar o culto de bhakti do serviço devocional na sociedade humana, a pessoa não precisa ser rica. Qualquer um pode fazer isso e assim conceder o maior benefício à humanidade se souber a arte. O Senhor Chaitanya Mahaprabhu faz o papel de jardineiro porque apesar do jardineiro não ser uma pessoa rica, ele tem algumas frutas e flores. Qualquer pessoa pode coletar algumas frutas e flores e satisfazer a Suprema Personalidade de Deus com serviço devocional, como o Senhor recomenda no Bhagavad-gita (9.26):

patram puspam phalam toyam
yo me bhaktya prayacchati
tad aham bhakty-upahrtam
asnami prayatatmanah

Ninguém pode satisfazer o Supremo Senhor com suas riquezas, fortuna ou posição opulenta, mas qualquer um pode colher uma pequena fruta ou uma flor e oferecer ao Senhor. O Senhor afirma que se a pessoa faz essa oferenda com devoção, Ele aceitará e comerá. Quando Krishna come, o mundo inteiro fica satisfeito. O Mahabharata tem uma história que ilustra como Krishna comeu, e os sessenta mil discípulos de Durvasa Muni ficaram satisfeitos. Logo, é um fato que se podemos satisfazer a Suprema Personalidade de Deus com nossa vida (pranaih), com nossa riqueza (arthaih), com nossa inteligência (dhiya) ou com nossas palavras (vacha), o mundo inteiro ficará feliz naturalmente. Por isso que nosso dever principal é satisfazer o Supremo Senhor com nossas ações, ou dinheiro e nossas palavras. É muito simples. Mesmo se a pessoa não tiver dinheiro, pode pregar o maha-mantra Hare Krishna para todos. Ele pode ir a todos lugares, em cada lar, e pedir a todos para cantarem o maha-mantra Hare Krishna. Assim a situação do mundo inteiro se tornará muito feliz e pacífica.

Verso 45

"Apesar de agir como o jardineiro, Eu também quero ser a árvore, porque assim poderei conceder o benefício para todos".

Iluminação de Srila Prabhupada:
Sri Chaitanya Mahaprabhu é a personalidade mais benevolente da sociedade humana porque Seu único desejo é tornar as pessoas felizes. Seu movimento sankirtana se destina especialmente a tornar as pessoas felizes. Ele queria ser a própria árvore pois as árvores são consideradas os seres vivos mais benevolentes. O próprio Krishna elogia a existência duma árvore no verso seguinte do Srimad Bhagavatam (10.22.33).

Verso 46

"Veja como essas árvores mantêm todo ser vivo! Seu nascimento é bem sucedido. Seu comportamento é como das grandes personalidades, porque qualquer um que peça qualquer coisa de uma árvore nunca sai desapontado".

Iluminação de Srila Prabhupada:
Segundo a civilização Védica, os kshatriyas são considerados as personalidades mais exaltadas porque qualquer um que procura um rei kshatriya e pede caridade, o rei nunca recusa. As árvores são comparadas e esses nobres kshatriyas porque todos obtêm todos tipos de benefícios delas, alguns colhem as frutas, outros as flores, outros as folhas, outros os galhos, e outros até cortam a árvore, mesmo assim a árvore dá tudo sem hesitar.
O corte desnecessário de árvores sem consideração é outro exemplo da degradação humana. A indústria do papel corta centenas de milhares de árvores para suas usinas, e o papel é usado na impressão de tanta literatura sórdida para o prazer caprichoso da sociedade humana. Infelizmente, apesar desses empresários ficarem felizes em suas vidas presentes por causa de seu desenvolvimento industrial, não sabem que serão responsabilizados pela matança desses seres vivos que estão em formas de árvores.
Este verso do Srimad Bhagavatam foi falado pelo Senhor Krishna para Seus amigos quando descansava em baixo duma árvore depois de Seu passatempo de roubar as roupas das gopis (vastra-harana-lila). Chaitanya Mahaprabhu nos ensina com a citação deste verso que devemos ser tolerantes como as árvores e também benéficos como as árvores, que dão tudo para as pessoas necessitadas que vêm em baixo delas. Uma pessoa necessitada pode obter muitas vantagens das árvores e também de vários animais, mas as pessoas da civilização moderna se tornaram tão ingratas que exploram as árvores e os animais, e os matam. Essas são algumas das atividades pecaminosas da civilização moderna.

Verso 47

Os descendentes da árvore (os devotos de Sri Chaitanya Mahaprabhu) ficaram muito felizes por receberem esta ordem direta do Senhor.

Iluminação de Srila Prabhupada:
É desejo do Senhor Chaitanya Mahaprabhu que as atividades benévolas do movimento sankirtana, que foi inaugurado quinhentos anos atrás em Nabadwip, seja propagado em todo o mundo para o benefício dos seres humanos. Infelizmente, existem muitos ditos seguidores de Chaitanya Mahaprabhu que ficam satisfeitos em apenas construir um templo, fazer uma exibição com a Deidade, coletar fundos e utilizá-los para comer e dormir. Não há indício de pregação do culto de Sri Chaitanya Mahaprabhu por todo o mundo. Mesmo sem serem capazes de fazer isso, se alguém faz, eles ficam com inveja. Assim é a situação dos seguidores modernos de Chaitanya Mahaprabhu. A Era de Kali é tão forte que afeta até mesmo os ditos seguidores do Senhor Chaitanya. Os seguidores de Chaitanya Mahaprabhu no mínimo devem sair da Índia para pregar Seu culto por todo o mundo, porque assim é a missão do Senhor Chaitanya. Os seguidores do Senhor Chaitanya devem executar Sua vontade com sinceridade e dedicação, mais tolerantes do que as árvores e mais humildes do que a folha seca no chão.

Verso 48

O fruto do amor a Deus é tão saboroso que onde quer que o devoto o distribua, as pessoas que saboreiam o fruto, em qualquer lugar do mundo, ficam inebriadas imediatamente.

Iluminação de Srila Prabhupada:
O fruto maravilhoso do amor pelo Senhor distribuído pelo Senhor Chaitanya Mahaprabhu é descrito aqui. Temos a experiência prática que qualquer um que aceita esse fruto e o saboreia com sinceridade fica imediatamente louco por ele e abandona todos seus maus hábitos, embriagado com o presente de Chaitanya Mahaprabhu, o maha-mantra Hare Krishna. As afirmações do Sri Chaitanya Charitamrita são tão práticas que qualquer um pode testá-las. No nosso caso, temos muita confiança no sucesso da distribuição do grande fruto do amor ao Supremo por meio do cantar do maha-mantra, Hare Krishna, Hare Krishna, Krishna Krishna, Hare Hare. Hare Rama, Hare Rama, Rama Rama, Hare Hare.

Verso 49

O fruto do amor ao Supremo distribuído por Chaitanya Mahaprabhu é tão inebriante que qualquer um que o coma, e enche o estômago, fica imediatamente louco por ele, assim automaticamente canta, dança, ri e desfruta.

Verso 50

Quando Sri Chaitanya Mahaprabhu, o grande jardineiro, vê que as pessoas cantam, dançam e riem, e algumas rolam no chão, e outras emitem altos sons de exultação, Ele sorri com muito prazer.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Essa atitude de Sri Chaitanya Mahaprabhu é muito importante para as pessoas ocupadas no movimento Hare Krishna da Consciência de Krishna. Nós organizamos um festival de amor todos os domingos em cada centro de nossa instituição, ISKCON, e quando vemos que as pessoas vêm para cantar, dançar e comer prasada, e ficam em júbilo, e compram os livros, nós sabemos que com certeza Sri Chaitanya Mahaprabhu está sempre presente nessas atividades transcendentais, e fica muito feliz e satisfeito. Por isso que os membros da ISKCON devem incrementar este movimento cada vez mais, de acordo com os princípios que tentamos executar no presente. Sri Chaitanya Mahaprabhu, satisfeito, olhará com um sorriso para todos, concederá Sua bênção, e o movimento será bem sucedido.

Verso 51

O grande jardineiro, Senhor Chaitanya, come o fruto pessoalmente, e em conseqüência Ele fica sempre louco, como se estivesse atordoado e desnorteado.

Iluminação de Srila Prabhupada:
A missão de Sri Chaitanya Mahaprabhu é atuar em pessoa para ensinar as pessoas. Ele diz, apani acari' bhakti karila pracara (Cc. Adi 4.41). Primeiro, a pessoa tem que agir para poder ensinar depois. Assim é a função do professor verdadeiro. A menos que a pessoa compreenda a filosofia que fala, não será efetivo. Por isso que a pessoa não tem apenas que entender a filosofia do culto de Chaitanya como também implementá-la em sua vida prática.
Sri Chaitanya Mahaprabhu às vezes, quando cantava o maha-mantra Hare Krishna, desmaiava e ficava inconsciente por muitas horas. Ele ora em Seu Shikshastaka (7):

yugayitam nimesena
caksusa pravrsayitam
sunyayitam jagat sarvam
govinda-virahena me

"Ó Govinda! Meu sentimento de separação de Você faz um momento parecer como doze anos ou mais. Lágrimas escorrem dos Meus olhos como torrentes de chuva, e sinto que o mundo está vazio na Sua ausência". Esse é o estágio de perfeição do cantar do maha-mantra Hare Krishna e do comer o fruto do amor ao Supremo, como exibido por Sri Chaitanya Mahaprabhu. Não se deve imitar esse estágio artificialmente, mas se a pessoa seguir com seriedade e sinceridade os princípios reguladores e cantar o maha-mantra Hare Krishna, chegará o tempo quando esses sintomas aparecerão. Lágrimas encherão seus olhos, e não conseguirá cantar o maha-mantra claramente, e seu coração palpitará de êxtase. Sri Chaitanya Mahaprabhu diz que ninguém deve imitar isso, mas o devoto deve ansiar pelo dia quando tais sintomas de transe aparecerão automaticamente em seu corpo.

Verso 52

O Senhor deixou todos loucos como Ele com Seu movimento sankirtana. Não encontramos ninguém que não esteja inebriado com Seu movimento sankirtana.

Verso 53

Pessoas que criticaram o Senhor Chaitanya Mahaprabhu anteriormente, e O chamaram de bêbado, também comeram o fruto e começaram a dançar e dizer, "Muito bom! Muito bom"!

Iluminação de Srila Prabhupada:
Quando o Senhor Chaitanya Mahaprabhu começou o movimento sankirtana, foi até mesmo criticado por Mayavadis, ateus e tolos. Nós também somos automaticamente criticados por essas pessoas. Serão sempre assim e sempre criticarão tudo que for realmente bom para a sociedade humana. Mas os pregadores do movimento sankirtana não devem se desencorajar com essas críticas. Nosso método deve ser em converter esses tolos gradualmente por convidá-los a vir e comer prasada, cantar e dançar conosco. Nossa política deve ser essa. Qualquer um que venha se juntar a nós, claro, tem que ser sincero e sério sobre o avanço espiritual na vida. Essa pessoa, apenas por ter a nossa companhia, cantar conosco, dançar conosco e comer prasada conosco, gradualmente também dirá que este movimento é muito bom. Mas a pessoa que se junta a nós com outro propósito, para obter benefício material ou satisfação pessoal, nunca será capaz de compreender a filosofia deste movimento.

Verso 54

Depois de descrever a distribuição do Senhor do fruto de amor ao Supremo, agora desejo descrever os diferentes ramos da árvore do Senhor Chaitanya Mahaprabhu.

Verso 55

Rogo aos pés de lótus de Sri Rupa e Sri Raghunatha, pois sempre desejo sua misericórdia, assim eu, Krishnadasa, narro o Sri Chaitanya Charitamrita, por seguir os passos deles.

Assim terminam os significados Bhaktivedanta do Sri Chaitanya Charitamrita, Adi-lila, Nono Capítulo, que descreve a árvore do serviço devocional.

 

Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga

Nitai Gaura Hari Bol

Sri Chaitanya Charitamrita, Adi-lila, Capítulo Dez

de
Sua Divina Graça
Sri Srimad Bhaktivedanta Swami Maharaj Prabhupada
Paramahamsa Thakura Mahashaya

 

O Tronco, Ramos e Sub-ramos da Árvore de Chaitanya

Este Capítulo descreve os ramos da árvore chamada Sri Chaitanya Mahaprabhu.

Verso 1

Presto minhas respeitosas reverências repetidamente aos devotos que são como abelhas que sempre saboreiam o mel dos pés de lótus do Senhor Chaitanya Mahaprabhu. Mesmo se um não devoto que é como um cachorro se abrigar de alguma forma nesses devotos, apreciará o aroma da flor de lótus.

Iluminação de Srila Prabhupada:
O exemplo do cachorro é muito significativo a esse respeito. Um cachorro nunca vai ser devoto, mesmo assim vemos às vezes que o cachorro de um devoto também se torna devoto gradualmente. Vemos que o cachorro não respeita nem mesmo a planta de Tulasi. Por isso que o cachorro é o não devoto número um. Mas o movimento sankirtana de Sri Chaitanya Mahaprabhu é tão poderoso que mesmo um não devoto que é como um cachorro pode se tornar devoto gradualmente pela companhia de um devoto do Senhor Chaitanya. Srila Shivananda Sena, um pai de família grande devoto do Senhor Chaitanya Mahaprabhu, atraiu um cachorro na rua quando ia para Jagannatha Puri. O cachorro começou a segui-lo e finalmente chegou na presença de Chaitanya Mahaprabhu e foi liberado. Do mesmo modo, os gatos e cachorros da casa de Shrivasa Thakura também foram liberados. Não esperamos que gatos, cachorros e outros animais se tornem devotos, mas se estiverem na companhia de um devoto puro também são liberados.

Verso 2

Todas as glórias ao Senhor Chaitanya Mahaprabhu e ao Senhor Nityananda! Todas as glórias a Adwaita Prabhu, e todas as glórias aos devotos do Senhor Chaitanya, liderados por Shrivasa!

Verso 3

A descrição do Senhor Chaitanya como o jardineiro e a árvore é inconcebível. Agora ouçam com atenção sobre os ramos dessa árvore.

Verso 4

Os companheiros de Sri Chaitanya Mahaprabhu são muitos, mas nenhum deles deve ser considerado inferior ou superior. Isso não pode ser determinado.

Verso 5

Todas grandes personalidades na linha do Senhor Chaitanya relacionaram esses devotos, mas não puderam distinguir entre os maiores e os menores.

Verso 6

Presto minhas reverências a eles em sinal de respeito. Peço a eles que não considerem minhas ofensas.

Verso 7

Presto minhas reverências a todos devotos queridos por Sri Chaitanya Mahaprabhu, a árvore eterna do amor ao Supremo. Presto minhas respeitosas reverências a todos os ramos da árvore, os devotos do Senhor que distribuem o fruto do amor por Krishna.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Sri Krishnadasa Kaviraja Goswami dá o exemplo de como prestar reverências a todos devotos pregadores do Senhor Chaitanya, sem distinção entre superior e inferior. Infelizmente, atualmente há muitos tolos ditos devotos do Senhor Chaitanya que fazem essa distinção. Por exemplo, o título Prabhupada é oferecido ao mestre espiritual, especialmente um mestre espiritual destacado como Sri Rupa Goswami Prabhupada, Srila Jiva Goswami Prabhupada ou Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Goswami Prabhupada. Quando nossos discípulos quiseram chamar seu mestre espiritual como Prabhupada da mesma forma, algumas pessoas tolas ficaram com inveja. Sem considerar o trabalho de propaganda do movimento Hare Krishna, apenas porque esses discípulos chamavam seu mestre espiritual de Prabhupada, ficaram com tanta inveja que formaram uma facção junto com outras pessoas invejosas para minimizar o valor do movimento para a Consciência de Krishna. Para castigar esses tolos, Krishnadasa Kaviraja Goswami diz com franqueza, keha karibare nare jyestha-laghu-krama. Qualquer pessoa que for um pregador autêntico do culto de Sri Chaitanya Mahaprabhu deve ter respeito pelos devotos verdadeiros do Senhor Chaitanya, não deve ter inveja, e considerar um pregador mais superior e outro mais inferior. Essa é uma distinção material e não tem lugar na plataforma das atividades espirituais. Krishnadasa Kaviraja Goswami portanto oferece respeito igual a todos pregadores do culto de Sri Chaitanya Mahaprabhu, que são comparados a ramos da árvore. A ISKCON é um desses ramos, por isso que deve ser respeitada por todos devotos sinceros do Senhor Chaitanya Mahaprabhu.

Verso 8

Os dois irmãos Shrivasa Pandita e Sri Rama Pandita iniciaram dois ramos que são bem conhecidos no mundo.

Iluminação de Srila Prabhupada:
O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika, verso 90, descreve Shrivasa Pandita (Shrivasa Thakura) como uma encarnação de Narada Muni, e Sri Rama Pandita, seu irmão mais novo, é descrito como uma encarnação de Parvata Muni, um grande amigo de Narada. A esposa de Shrivasa Pandita, Malini, é celebrada como encarnação da ama Ambika, que amamentou o Senhor Krishna com o leite de seu seio, e como já comentamos, sua prima Narayani, a mãe de Thakura Vrindavana Dasa, o autor do Sri Chaitanya Bhagavata, era a irmã de Ambika em krishna-lila. Também entendemos na descrição do Sri Chaitanya Bhagavata depois que o Senhor Chaitanya Mahaprabhu aceitou a ordem sannyasa, Shrivasa Pandita deixou Nabadwip, provavelmente pelo sentimento de separação, e foi morar em Kumara-hatta.

Verso 9

Os dois irmãos deles se chamam Shripati e Shrinidhi. Esses quatro irmãos e seus servos e servas são considerados um ramo grande.

Verso 10

Não é possível contar os sub-ramos desses dois ramos. Sri Chaitanya Mahaprabhu realizava o canto coletivo diariamente na casa de Shrivasa Pandita.

Verso 11

Esses quatro irmãos e seus membros familiares se dedicaram plenamente ao serviço do Senhor Chaitanya. Eles não conheciam nenhum outro bem ou benefício.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Srila Narottama Dasa Thakura afirma, anya-devasraya nai, tomare kahinu bhai, ei bhakti parama-karana: Se a pessoa quiser ser um devoto puro, leal, não deve se abrigar em nenhum semideus ou semideusa. Mayavadis tolos dizem que adorar semideuses é tão bom quanto adorar a Suprema Personalidade de Deus, mas isso não é verdade. Essa filosofia desvia as pessoas para o ateísmo. A pessoa que não tem idéia de quem é Deus realmente pensa que qualquer forma que imagina ou qualquer impostor que aceita pode ser Deus. Essa aceitação de deuses baratos ou encarnações falsas de Deus é ateísmo de verdade. Por conseguinte, então, as pessoas que adoram semideuses e encarnações de Deus autoproclamadas são todas ateístas. Elas perderam o conhecimento, como o Bhagavad-gita (7.20) confirma: kamais tais tair hrta-jnanah prapadyante 'nya-devatah. "As pessoas cujas mentes estão corrompidas pelos desejos materiais se rendem aos semideuses". Infelizmente, as pessoas que não cultivam a Consciência de Krishna e não entendem corretamente o conhecimento Védico aceitam qualquer impostor como encarnação de Deus, e são da opinião que qualquer um pode se tornar uma encarnação apenas por adorar um semideus. Essa confusão filosófica existe com o nome de religião Hindu, mas o movimento da consciência de Krishna não aprova isso. De fato, condenamos isso com vigor. Essa adoração de semideuses e falsas encarnações de Deus nunca deve ser confundida com o puro movimento da consciência de Krishna.

Verso 12

Outro ramo grande é Acharyaratna, e seus companheiros são sub-ramos.

Verso 13

Acharyaratna também é conhecido como Sri Chandrashekhara Acharya. Numa peça de teatro na casa dele, o Senhor Chaitanya atuou como a deusa da fortuna.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Peças de teatro também eram realizadas durante a presença de Sri Chaitanya Mahaprabhu, mas os atores que participavam dessas peças eram todos devotos puros, não era permitido nenhum estranho. Os membros da ISKCON devem seguir esse exemplo. Sempre que encenarem peças sobre as vidas de Sri Chaitanya Mahaprabhu e do Senhor Krishna, os atores devem ser devotos puros. Atores profissionais e protagonistas dramáticos não têm ciência sobre serviço devocional, por isso que apesar de poderem atuar muito bem artisticamente, esse desempenho não tem vida. Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura costumava se referir a esses atores como yatra-dale narada, que significa "Narada caricato". Às vezes um ator faz o papel de Narada Muni numa peça, apesar de em sua vida privada não ser nem um pouco como Narada Muni por não ser um devoto. Tais atores não são necessários em encenações dramáticas sobre as vidas de Sri Chaitanya Mahaprabhu e do Senhor Krishna.
Sri Chaitanya Mahaprabhu costumava encenar peças com Adwaita Prabhu, Shrivasa Thakura e outros devotos na casa de Chandrashekhara. O local onde ficava a casa de Chandrashekhara agora é conhecido como Vrajapattana. Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura estabeleceu um ramo de seu Sri Chaitanya Matha nesse local. Quando Sri Chaitanya Mahaprabhu decidiu aceitar a ordem de vida renunciada, Chandrashekhara Acharya foi informado sobre isso por Sri Nityananda Prabhu, assim ele também estava presente quando o Senhor Chaitanya aceitou sannyasa de Keshava Bharati em Katwa. Ele foi o primeiro a propagar a notícia em Nabadwip da aceitação de sannyasa pelo Senhor Chaitanya. Sri Chandrashekhara Acharya esteve presente em muitos incidentes importantes dos passatempos do Senhor Chaitanya Mahaprabhu. Por isso que ele forma o segundo ramo da árvore do Senhor Chaitanya.

Verso 14

Pundarika Vidyanidhi, o terceiro grande ramo, é tão querido pelo Senhor Chaitanya Mahaprabhu, que às vezes o Senhor Chaitanya chorava em sua ausência.

Iluminação de Srila Prabhupada:
O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika descreve Srila Pundarika Vidyanidhi como o pai de Srimati Radharani em krishna-lila. Por isso que Chaitanya Mahaprabhu o tratava como Seu pai. O pai de Pundarika Vidyanidhi era conhecido como Banesvara ou, segundo outra opinião, Shuklambara Brahmachari, e o nome de sua mãe era Gangadevi. Segundo uma opinião, Banesvara era descendente de Sri Shivarama Gangopadhyaya. O lar original de Pundarika Vidyanidhi era na Bengala Oriental, numa vila perto de Dacca chamada Baghiya, que pertencia ao grupo das famílias brâmanes Varendra. Às vezes, esses brâmanes Varendra tinham desavenças com outro grupo dos brâmanes conhecidos como Radhiya, por isso que a família de Pundarika Vidyanidhi era discriminada e não era considerada uma família respeitada naquela época. Bhaktisiddhanta Sarasvati nos informa que um membro dessa família vive em Vrindavana e se chama Sarojananda Goswami. Uma das características peculiares dessa família é que todos seus membros tiveram só um ou nenhum filho, por isso que não foi uma família expansiva. Há um lugar no distrito de Chattagrama na Bengala Oriental conhecido como Hata-hajari, e a pouca distância daí, tem uma vila conhecida como Mekhala-grama onde os antepassados de Pundarika Vidyanidhi viviam. Pode-se chegar em Mekhala-grama a partir de Chattagrama tanto a cavalo como de carro de boi ou barco a vapor. A estação do barco a vapor se chama Annapurnara-ghata. O local de nascimento de Pundarika Vidyanidhi fica três quilômetros a sudoeste de Annapurnara-ghata. O templo que Pundarika Vidyanidhi construiu ali agora está muito velho e precisa de muitos reparos. Sem os reparos, o templo pode ruir bem rápido. Há duas inscrições nos tijolos do templo, mas são tão velhas que é impossível lê-las. Porém, há outro templo duzentos metros ao sul deste, e algumas pessoas dizem que é o velho templo construído por Pundarika Vidyanidhi.
Sri Chaitanya Mahaprabhu chamava Pundarika Vidyanidhi de "pai", e deu a ele o título Premanidhi. Pundarika Vidyanidhi depois se tornou mestre espiritual de Gadadhara Pandita e era amigo íntimo de Swarupa Damodara. Gadadhara Pandita primeiro confundiu Pundarika Vidyanidhi com uma pessoa ordinária apegada a ganhar dinheiro, mas depois, quando corrigido por Sri Chaitanya Mahaprabhu, tornou-se seu discípulo. Outro incidente na vida de Pundarika Vidyanidhi aconteceu quando criticou o sacerdote do templo de Jagannatha, e por isso foi castigado por Jagannatha Prabhu pessoalmente que esbofeteou sua face. Isso está descrito no Sri Chaitanya Bhagavata, Antya-lila, Capítulo Sete. Sri Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura nos informa que ainda há dois descendentes vivos da família de Pundarika Vidyanidhi, que se chamam Sri Harakumara Smrititirtha e Sri Krishnakinkara Vidyalankara. Para mais informações a esse respeito, deve-se consultar o dicionário conhecido como Vaishnava-mañjusha.

Verso 15

Gadadhara Pandita, o quarto ramo, é descrito como uma encarnação da potência de prazer de Sri Krishna. Ninguém portanto pode se igualar a ele.

Iluminação de Srila Prabhupada:
O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika, versos 147 a 153, afirma: "A potência de prazer de Sri Krishna anteriormente conhecida como Vrindavanesvari agora se personificou na forma de Sri Gadadhara Pandita nos passatempos do Senhor Chaitanya Mahaprabhu". Sri Swarupa Damodara Goswami explicou que a potência de prazer de Krishna na forma de Lakshmi era anteriormente muito querida pelo Senhor como Shyamasundara-vallabha. A mesma Shyamasundara-vallabha agora está presente como Gadadhara Pandita. Anteriormente, como Lalita-shakhi, ela estava sempre dedicada com amor a Srimati Radharani. O Décimo Segundo Capítulo desta parte do Sri Chaitanya Charitamrita tem uma descrição dos descendentes ou sucessão discipular de Gadadhara Pandita.

Verso 16

Seus discípulos e discípulos netos são seus sub-ramos. Seria muito difícil descrevê-los todos.

Verso 17

Vakresvara Pandita, o quinto ramo da árvore, é um servo muito querido pelo Senhor Chaitanya. Ele podia dançar em êxtase constante por setenta e duas horas.

Iluminação de Srila Prabhupada:
O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika, verso 71, afirma que Vakresvara Pandita é uma encarnação de Aniruddha, uma das expansões quádruplas de Vishnu (Vasudeva, Sankarshana, Aniruddha e Pradyumna). Ele podia dançar de forma maravilhosa por setenta e duas horas contínuas. Quando o Senhor Chaitanya Mahaprabhu encenava peças teatrais na casa de Shrivasa Pandita, Vakresvara Pandita era um dos dançarinos principais, e dançava sem interrupção por esse período de tempo. Sri Govinda Dasa, um devoto do Senhor Chaitanya Mahaprabhu de Oriya, narrou a vida de Vakresvara Pandita em seu livro Gaura-krishnodaya. Há muitos discípulos de Vakresvara Pandita em Orissa, e são conhecidos como Gaudiya Vaishnavas apesar de serem Oriyas. Entre esses discípulos estão Sri Gopalaguru e seu discípulo Sri Dhyanachandra Goswami.

Verso 18

Sri Chaitanya Mahaprabhu cantava pessoalmente enquanto Vakresvara Pandita dançava, Vakresvara Pandita então caiu aos pés de lótus do Senhor e falou como se segue.

Verso 19

"Ó Chandramukha! Dê-me dez mil Gandharvas por favor. Para que eles cantem enquanto eu danço, assim ficarei muito feliz".

Iluminação de Srila Prabhupada:
Os Gandharvas, residentes de Gandharvaloka, são célebres como cantores celestiais. Sempre que o canto é necessário nos planetas celestiais, Gandharvas são convidados para cantar. Os Gandharvas podem cantar continuamente por dias, por isso que Vakresvara Pandita queria dançar enquanto eles cantavam.

Verso 20

O Senhor Chaitanya respondeu: "Eu só tenho uma asa que é você, mas se tivesse outra, voaria no céu com certeza"!

Verso 21

Pandita Jagadananda, o sexto ramo da árvore de Chaitanya, é célebre como a vida e alma do Senhor. Ele é famoso por ser uma encarnação de Satyabhama [uma das rainhas principais do Senhor Krishna].

Iluminação de Srila Prabhupada:
Há muitos casos de Jagadananda Pandita com o Senhor Chaitanya Mahaprabhu. O mais importante é que ele era companheiro constante do Senhor e teve participação especial em todos passatempos do Senhor nas casas de Shrivasa Pandita e Chandrashekhara Acharya.

Verso 22

Jagadananda Pandita [como encarnação de Satyabhama] sempre queria ver o conforto do Senhor Chaitanya, mas como o Senhor era sannyasi, não aceitava as regalias oferecidas por Jagadananda Pandita.

Verso 23

Eles às vezes pereciam brigar por causa de trivialidades, mas essas brigas eram devido à sua afeição mútua, sobre a qual falarei depois.

Verso 24

Raghava Pandita, o seguidor original do Senhor Sri Chaitanya Mahaprabhu, é considerado como o sétimo ramo. Dele, sai outro sub-ramo liderado por Makaradhwaja Kara.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Kara é o sobrenome de Makaradhwaja. Esse sobrenome geralmente se encontra no presente na comunidade Kayastha. O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika, verso 166, afirma:

dhanistha bhaksya-samagrim
krsnayadad vraje 'mitam
saiva sampratam gauranga-
priyo raghava-panditah

Raghava Pandita anteriormente era uma gopi íntima em Vraja durante os passatempos do Senhor Krishna, e seu nome anterior era Dhanistha. Essa gopi, Dhanistha, sempre se dedicava a preparar a comida de Krishna.

Verso 25

A irmã de Raghava Pandita, Damayanti, era a serva querida do Senhor. Ela sempre coletava vários ingredientes com os quais cozinhava para o Senhor Chaitanya.

Iluminação de Srila Prabhupada:
O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika, verso 167, menciona, gunamala vraje yasid damayanti tu tat-svasa: A gopi chamada Gunamala apareceu como a irmã de Raghava Pandita, Damayanti. A linha de trem na ferrovia East Bengal que começa na estação Sealdah em Calcutá tem uma estação chamada Sodapura, que não fica muito longe de Calcutá. Há uma vila chamada Panihati a dois quilômetros dessa estação na direção do lado oeste do Ganges, onde ainda existe a residência de Raghava Pandita. Há uma planta trepadeira numa plataforma de concreto na tumba de Raghava Pandita. Há também uma Deidade Madana-mohana num templo em ruínas que fica perto. Esse templo é administrado pelo Zamindar (rei, governador) local chamado Sri Shivachandra Raya Chaudhuri. Makaradhwaja Kara também era habitante de Panihati.

Verso 26

As comidas que Damayanti cozinhava para o Senhor Chaitanya quando Ele estava em Puri eram carregadas em sacos pelo irmão dela, Raghava, sem o conhecimento de ninguém mais.

Verso 27

O Senhor aceitou essas comidas por um ano inteiro. Esses sacos ainda são célebres como raghavera jhali ["os sacos de Raghava Pandita"].

Verso 28

Eu descreverei o conteúdo desses sacos de Raghava Pandita mais tarde neste livro. Os devotos quando ouvem essa narração choram, e as lágrimas escorrem de seus olhos.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Há uma vívida descrição desses raghavera jhali no Capítulo Dez da parte Antya-lila do Sri Chaitanya Charitamrita.

Verso 29

Pandita Gangadasa é o oitavo ramo da árvore de Sri Chaitanya Mahaprabhu. A pessoa que lembra suas atividades obtém liberdade de todo cativeiro.

Verso 30

Sri Acharya Purandara, o nono ramo, é um companheiro constante do Senhor Chaitanya. O Senhor o considerava como Seu pai.

Iluminação de Srila Prabhupada:
O Sri Chaitanya Bhagavata descreve sempre que o Senhor Chaitanya Mahaprabhu visitava a casa de Raghava Pandita, Ele também visitava Purandara Acharya imediatamente depois de receber um convite. Purandara Acharya é considerado muito afortunado pois o Senhor costumava saudá-lo por chamá-lo de Seu pai e o abraçava com muito amor.

Verso 31

Damodara Pandita, o décimo ramo da árvore de Chaitanya, era tão elevado em amor pelo Senhor Chaitanya que uma vez castigou o Senhor sem hesitar com palavras duras.

Verso 32

Eu descreverei esse incidente do castigo em detalhes mais tarde no Sri Chaitanya Charitamrita. O Senhor ficou tão satisfeito com essa repreensão que mandou Damodara Pandita para Nabadwip.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Damodara Pandita, conhecido anteriormente como Shaibya em Vraja-dhama, costumava levar mensagens do Senhor Chaitanya para Shachimata, e durante o festival de Ratha-yatra, ele levava mensagens de Shachimata para o Senhor Chaitanya Mahaprabhu.

Verso 33

O décimo primeiro ramo, o irmão mais novo de Damodara Pandita, era conhecido como Shankara Pandita. Ele era célebre como os sapatos do Senhor.

Verso 34

Sadashiva Pandita, o décimo segundo ramo, estava sempre ansioso para servir aos pés de lótus do Senhor. Quando o Senhor Nityananda veio para Nabadwip, ele teve a grande boa ventura do Senhor residir em sua casa.

Iluminação de Srila Prabhupada:
O Sri Chaitanya Bhagavata, Antya-lila, Capítulo Nove, menciona que Sadashiva Pandita era um devoto puro e que Nityananda Prabhu residiu na casa dele.

Verso 35

O décimo terceiro ramo era Pradyumna Brahmachari. Como ele adora o Senhor Nrisimhadeva, Sri Chaitanya Mahaprabhu mudou seu nome para Nrisimhananda Brahmachari.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Pradyumna Brahmachari é descrito no Segundo Capítulo do Antya-lila do Sri Chaitanya Charitamrita. Ele era um grande devoto do Senhor Chaitanya que mudou seu nome para Nrisimhananda. Quando vinha da casa de Raghava Pandita em Panihati para a casa de Shivananda, o Senhor Chaitanya Mahaprabhu aparecia no coração de Nrisimhananda Brahmachari. Para reconhecer isso, Nrisimhananda Brahmachari costumava aceitar como alimento a comida de três Deidades, chamadas, Jagannatha, Nrisimhadeva e Senhor Chaitanya Mahaprabhu. Isso é afirmado no Sri Chaitanya Charitamrita, Antya-lila, Segundo Capítulo, versos 48 a 78. Depois de receber a informação que o Senhor Chaitanya Mahaprabhu ia para Vrindavana a partir de Kuliya, Nrisimhananda se absorveu em meditação, e com suas atividades mentais, começou a construir uma estrada muito bela de Kuliya para Vrindavana. De repente, entretanto, ele rompeu sua meditação e disse para outros devotos que dessa vez o Senhor Chaitanya Mahaprabhu não ia para Vrindavana mas só até o lugar conhecido como Kanai Natasala. Isso é descrito no Madhya-lila, Capítulo Um, versos 155 a 162. O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika, verso 74, afirma, avesas ca tathajneyo misre pradyumna-samjnake: Sri Chaitanya Mahaprabhu mudou o nome de Pradyumna Mishra, ou Pradyumna Brahmachari, para Nrisimhananda Brahmachari, pois o Senhor Nrisimhadeva estava manifesto em seu coração. É dito que o Senhor Nrisimhadeva costumava falar com ele diretamente.

Verso 36

Narayana Pandita, o décimo quarto ramo, um grande devoto liberal, não conhecia nenhum outro abrigo além dos pés de lótus do Senhor Chaitanya.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Narayana Pandita era um dos associados de Shrivasa Thakura. O Sri Chaitanya Bhagavata, Nono Capítulo, verso 93, menciona que ele foi ver Sri Chaitanya Mahaprabhu em Jagannatha Puri com o irmão do Thakura, Sri Rama Pandita.

Verso 37

O décimo quinto ramo era Sriman Pandita, que era um servente constante do Senhor Chaitanya Mahaprabhu. Ele costumava carregar uma tocha enquanto o Senhor dançava.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Sriman Pandita está entre os companheiros do Senhor Chaitanya Mahaprabhu quando o Senhor realizava sankirtana. Quando o Senhor Chaitanya Se vestiu na forma da deusa Lakshmi e dançou nas ruas de Nabadwip, Sriman Pandita carregava uma tocha para iluminar caminho.

Verso 38

O décimo sexto ramo, Shuklambara Brahmachari, era muito afortunado porque o Senhor Chaitanya Mahaprabhu pedia comida a ele de brincadeira ou a sério, ou algumas vezes pegava dele à força e comia.

Iluminação de Srila Prabhupada:
É dito que Shuklambara Brahmachari, um morador de Nabadwip, era o primeiro companheiro do Senhor Chaitanya Mahaprabhu no movimento sankirtana. Quando o Senhor Chaitanya Mahaprabhu voltou de Gaya depois da iniciação, ficou na casa de Shuklambara Brahmachari porque queria ouvir os passatempos do Senhor Krishna desse devoto. Shuklambara Brahmachari coletava doações de arroz dos habitantes de Nabadwip, e Sri Chaitanya Mahaprabhu ficava muito contente quando comia o arroz que ele preparava. É dito que Shuklambara Brahmachari era uma das esposas dos brâmanes yajñic durante os passatempos do Senhor Krishna em Vrindavana. O Senhor Krishna pediu comida para as esposas dos brâmanes yajñic, e o Senhor Chaitanya Mahaprabhu realizou um passatempo similar ao mendigar arroz de Shuklambara Brahmachari.

Verso 39

Nandana Acharya, o décimo sétimo ramo da árvore de Chaitanya, é célebre no mundo porque os dois Prabhus [Senhor Chaitanya e Nityananda] algumas vezes Se escondiam em sua casa.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Nandana Acharya é outro companheiro do Senhor Chaitanya Mahaprabhu durante Seus passatempos de kirtana em Nabadwip. Srila Nityananda Prabhu, como Avadhuta, viajava em vários lugares de peregrinação, e à primeira vez que veio a Sri Nabadwip Dhama, ficou escondido na casa de Nandana Acharya. Foi lá que Ele encontrou pela primeira vez todos devotos do Senhor Chaitanya Mahaprabhu. Quando Chaitanya Mahaprabhu exibiu Seu maha-prakasha, pediu a Ramai Pandita para chamar Adwaita Prabhu, que estava escondido na casa de Nandana Acharya, pois Sri Chaitanya Mahaprabhu sabia que Ele estava escondido. Similarmente, o Senhor Chaitanya também Se escondeu algumas vezes na casa de Nandana Acharya. Pode-se consultar o Sri Chaitanya Bhagavata, Madhya-lila, Capítulo Seis e Dezessete, sobre isso.

Verso 40

Mukunda Datta, um colega de classe do Senhor Chaitanya, é outro ramo da árvore de Chaitanya. O Senhor Chaitanya dançava enquanto ele cantava.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Sri Mukunda Datta nasceu no distrito Chattagrama, na vila Chanhara, que fica na jurisdição da delegacia de polícia chamada Patiya. Essa vila fica a dez kroshas, por volta de trinta e dois quilômetros, da casa de Pundarika Vidyanidhi. O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika (140) afirma:

vraje sthitau gayakau yau
madhukantha-madhuvratau
mukunda-vasudevau tau
dattau gauranga-gayakau

"Havia dois excelentes cantores em Vraja chamados Madhukantha e Madhuvrata. Eles apareceram em chaitanya-lila como Mukunda e Vasudeva Datta, que eram cantores da companhia do Senhor Chaitanya Mahaprabhu". Quando o Senhor Chaitanya era estudante, Mukunda Datta foi Seu colega de classe, e eles travavam discussões lógicas com freqüência. O Senhor Chaitanya Mahaprabhu algumas vezes discutia com Mukunda Datta, e usava artimanhas de lógica. Isso está descrito no Sri Chaitanya Bhagavata, Adi-lila, Capítulos Onze e Doze. Quando o Senhor Chaitanya Mahaprabhu voltou de Gaya, Mukunda Datta O satisfez com a recitação de versos do Srimad Bhagavatam sobre krishna-lila. Gadadhara Pandita Goswami se tornou discípulo de Pundarika Vidyanidhi pelo seu empenho, como afirma o Sri Chaitanya Bhagavata, Madhya-lila, Capítulo Sete. Quando Mukunda Datta cantava no quintal de Shrivasa Prabhu, Mahaprabhu dançava ao canto dele, e quando o Senhor Chaitanya exibiu uma manifestação extática durante vinte e quatro horas conhecida como sata-prahariya, Mukunda Datta inaugurou o espetáculo com seu canto.
O Senhor Chaitanya Mahaprabhu às vezes repreendia Mukunda Datta e o chamava de khadajathiya beta porque ele freqüentava muitos eventos realizados por diferentes classes de não devotos. Isso está descrito no Sri Chaitanya Bhagavata, Madhya-lila, Capítulo Dez. Quando o Senhor Chaitanya Mahaprabhu Se vestiu de deusa da fortuna para dançar na casa de Chandrashekhara, Mukunda Datta cantou a primeira canção.
Antes de revelar Seu desejo de aceitar a ordem de vida renunciada, o Senhor Chaitanya foi primeiro à casa de Mukunda Datta, e nessa ocasião, Mukunda Datta pediu para o Senhor Chaitanya Mahaprabhu continuar Seu movimento sankirtana por mais alguns dias antes de aceitar sannyasa. Isso está descrito no Sri Chaitanya Bhagavata, Madhya-lila, Capítulo Vinte e Seis. A notícia sobre o Senhor Chaitanya aceitar a ordem de vida renunciada chegou a Gadadhara Pandita, Chandrashekhara Acharya e Mukunda Datta por Nityananda Prabhu, assim todos foram para Katwa e organizaram kirtana e toda parafernália para a cerimônia de sannyasa do Senhor Chaitanya. Depois que o Senhor aceitou sannyasa, todos eles O seguiram, especialmente Sri Nityananda Prabhu, Gadadhara Prabhu e Govinda, que O seguiram por todo caminho para Purushottama-kshetra. Pode-se consultar o Sri Chaitanya Bhagavata, Antya-lila, Capítulo Dois, a esse respeito. Nityananda Prabhu quebrou o bastão de sannyasa de Chaitanya Mahaprabhu no lugar conhecido como Jalesvara. Mukunda Datta também estava presente nessa ocasião. Ele ia todos os anos da Bengala para ver o Senhor Chaitanya em Jagannatha Puri.

Verso 41

Vasudeva Datta, o décimo nono ramo da árvore de Sri Chaitanya, era uma grande personalidade e um devoto muito íntimo do Senhor. Ninguém pode descrever suas qualidades mesmo com milhares de bocas.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Vasudeva Datta, o irmão de Mukunda Datta, também era morador de Chattagrama. O Sri Chaitanya Bhagavata afirma, yanra sthane krsna haya apane vikraya: Vasudeva Datta era um devoto tão poderoso que Krishna foi comprado por ele. Vasudeva Datta ficava na casa de Shrivasa Pandita, e o Sri Chaitanya Bhagavata descreve que o Senhor Chaitanya Mahaprabhu estava tão satisfeito com Vasudeva Datta e tinha tanta afeição por ele que costumava dizer: "Eu sou apenas um homem de Vasudeva Datta. Meu corpo se destina unicamente ao prazer de Vasudeva Datta, e ele pode Me vender em qualquer lugar". Ele jurou solenemente por três vezes que isso era um fato e ninguém devia desacreditar essas afirmações. Ele disse: "Todos Meus devotos queridos, Eu digo a verdade para vocês. Meu corpo se destina especialmente a Vasudeva Datta". Vasudeva Datta iniciou Sri Yadunandana Acharya, o mestre espiritual de Raghunatha Dasa Goswami. Isso está no Sri Chaitanya Charitamrita, Antya-lila, Capítulo Seis, verso 161. Vasudeva Datta gastava dinheiro com muita generosidade, por isso o Senhor Chaitanya Mahaprabhu pediu a Shivananda Sena para ser seu sarakhela, ou secretário, a fim de controlar seus gastos extravagantes. Vasudeva Datta tinha tanta compaixão pelos seres vivos que queria aceitar todas suas reações pecaminosas para que pudessem ser liberados por Sri Chaitanya Mahaprabhu. Isso está no Sri Chaitanya Charitamrita, Antya-lila, Capítulo Quinze, versos 159 a 180.
Há uma estação de trem chamada Purvasthali perto da estação ferroviária de Nabadwip, e cerca de dois quilômetros, numa vila conhecida como Mamagachi, que é o local de nascimento de Vrindavana Dasa Thakura, há atualmente um templo de Madana-gopala que foi fundado por Vasudeva Datta. Os devotos do Gaudiya Matha cuidam desse templo, e o seva-puja continua de forma excelente. Os peregrinos do navadvipa-parikrama visitam Mamagachi todos os anos. Desde quando Sri Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura inaugurou o festival de navadvipa-parikrama, o templo tem sido muito bem administrado.

Verso 42

Srila Vasudeva Datta Thakura queria sofrer por todas atividades pecaminosas de todas pessoas no mundo para que o Senhor Chaitanya Mahaprabhu pudesse liberá-las.

Verso 43

O vigésimo ramo da árvore de Chaitanya é Haridasa Thakura. Seu caráter é maravilhoso. Ele cantava o Santo Nome de Krishna 300.000 vezes por dia sem falha.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Com certeza, cantar os Santos Nomes do Senhor 300.000 vezes por dia é maravilhoso. Nenhuma pessoa comum pode cantar tantos nomes, nem ninguém deve imitar o comportamento de Haridasa Thakura artificialmente. Porém é essencial que todos cumpram um voto específico para cantar o maha-mantra Hare Krishna. Por isso que prescrevemos em nossa Sociedade que nossos estudantes cantem pelo menos dezesseis voltas diariamente. Esse canto deve ser sem ofensas para que seja de alta qualidade. O canto mecânico não é tão eficiente quanto o canto dos Santos Nomes sem ofensas. O Sri Chaitanya Bhagavata, Adi-lila, Capítulo Dois, afirma que Haridasa Thakura nasceu na vila conhecida como Budhana mas depois de algum tempo, veio morar na margem do Ganges em Phuliya perto de Shantipura. Na descrição de seu castigo pelo magistrado islâmico, que está no Décimo Sexto Capítulo do Adi-lila do Sri Chaitanya Bhagavata, podemos compreender quanto humilde e calmo é Haridasa Thakura e como ele conquistou a misericórdia sem causa do Senhor. Nas peças de teatro que o Senhor Chaitanya Mahaprabhu encenava, Haridasa Thakura fazia o papel de chefe de polícia. Certa vez, quando cantava o maha-mantra Hare Krishna em Benapola, foi testado por Mayadevi em pessoa. O falecimento de Haridasa Thakura é descrito no Antya-lila do Sri Chaitanya Charitamrita, Décimo Primeiro Capítulo. Não se sabe ao certo se Haridasa Thakura nasceu na vila chamada Budhana que fica no distrito de Khulna. Antigamente, essa vila ficava no distrito dos vinte e quatro parganas dentro da divisão Satakshira (Bengala Ocidental).

Verso 44

As qualidades transcendentais de Haridasa Thakura não têm fim. Eu mencionei aqui apenas uma pequena fração de suas qualidades. Ele era tão elevado que quando Adwaita Goswami realizou a cerimônia shraddha de Seu pai, ofereceu o primeiro prato a ele.

Verso 45

As ondas de suas boas qualidades eram como as de Prahlada Maharaja. Ele nem mesmo pestanejou quando perseguido pelo governante islâmico.

Verso 46

Quando Haridasa Thakura faleceu, o Senhor em pessoa pegou seu corpo no colo, e dançou com ele em grande êxtase.

Verso 47

Srila Vrindavana Dasa Thakura descreve vividamente os passatempos de Haridasa Thakura em seu Sri Chaitanya Bhagavata. Qualquer um que não foi descrito, tentarei explicar mais tarde neste Livro.

Verso 48

Um sub-ramo de Haridasa Thakura consiste dos residentes de Kulina-grama. O mais importante deles é Satyaraja Khan, ou Satyaraja Vasu, que é um recipiente de toda misericórdia de Haridasa Thakura.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Satyaraja Khan era filho de Gunaraja Khan e pai de Ramananda Vasu. Haridasa Thakura morou por algum tempo durante o período de Chaturmasya na vila chamada Kulina-grama, onde cantava o Santo Nome, o maha-mantra Hare Krishna, e distribuía sua misericórdia aos descendentes da família Vasu. Satyaraja Khan recebeu a incumbência de fornecer as cordas de seda para a Deidade de Jagannatha durante o festival Rathayatra. Suas respostas das questões feitas por Sri Chaitanya Mahaprabhu sobre o dever dos devotos chefes de família são descritos vividamente no Madhya-lila, Capítulos Quinze e Dezesseis. A vila Kulina-grama fica a três quilômetros da estação ferroviária chamada Jaugrama da ferrovia Newcord de Howrah para Burdwan. O Senhor Chaitanya Mahaprabhu elogiou com muita exaltação o povo de Kulina-grama, e afirmou que mesmo um cachorro de Kulina-grama era muito querido por Ele.

Verso 49

Murari Gupta, o vigésimo primeiro ramo da árvore de Sri Chaitanya Mahaprabhu, era um depósito de amor pelo Supremo. Sua grande humildade e tranqüilidade derreteram o coração do Senhor Chaitanya.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Sri Murari Gupta escreveu um livro chamado Sri Chaitanya-charita. Ele pertencia a uma família de médicos vaidya (Védico) de Srihatta, o lar paterno do Senhor Chaitanya, e depois se tornou morador de Nabadwip. Ele estava entre os idosos de Sri Chaitanya Mahaprabhu. O Senhor Chaitanya exibiu Sua forma Varaha na casa de Murari Gupta, como o Sri Chaitanya Bhagavata, Madhya-lila, Terceiro Capítulo, descreve. Quando Sri Chaitanya Mahaprabhu exibiu Sua forma maha-prakasha, apareceu para Murari Gupta como o Senhor Ramachandra. Certa vez, Sri Chaitanya Mahaprabhu e Sri Nityananda Prabhu estavam sentados juntos na casa de Shrivasa Thakura, Murari Gupta primeiro prestou reverências ao Senhor Chaitanya e depois a Nityananda Prabhu. Porém, Nityananda Prabhu é mais velho que Chaitanya Mahaprabhu, o Senhor Chaitanya então comentou que Murari Gupta violou a etiqueta social, porque devia ter prestado reverências primeiro ao Senhor Nityananda e depois a Ele. Assim, pela graça de Sri Chaitanya Mahaprabhu, Murari Gupta ficou ciente sobre a posição de Sri Nityananda Prabhu, e no dia seguinte, primeiro prestou reverências para o Senhor Nityananda e depois para o Senhor Chaitanya. Sri Chaitanya Mahaprabhu deu pan mascada, ou noz de bétel, para Murari Gupta. Uma vez, Shivananda Sena ofereceu comida ao Senhor Chaitanya que tinha sido feita com ghi em excesso, o Senhor ficou doente no dia seguinte e foi até Murari Gupta para ser tratado. O Senhor Chaitanya aceitou um pouco de água do pote de Murari Gupta, e então ficou curado. O remédio natural para indigestão é beber um pouco de água, e como Murari Gupta era médico, deu um pouco de água para o Senhor beber, e O curou.
Quando Chaitanya Mahaprabhu apareceu na casa de Shrivasa Thakura em Sua Chaturbhuja murti (forma), Murari Gupta se tornou seu carregador na forma de Garuda, e nesses passatempos de êxtase o Senhor então montou em suas costas. Murari Gupta desejava deixar seu corpo antes da partida de Chaitanya Mahaprabhu, mas o Senhor o proibiu de fazer isso. Como está descrito no Sri Chaitanya Bhagavata, Madhya-lila, Vigésimo Capítulo. Certo dia, quando Sri Chaitanya Mahaprabhu apareceu em êxtase na Sua Varaha murti, Murari Gupta ofereceu-Lhe preces. Ele era um grande devoto do Senhor Ramachandra, e sua devoção fiel é descrita vividamente no Sri Chaitanya Charitamrita, Madhya-lila, Décimo Quinto Capítulo, versos 137 a 157.

Verso 50

Srila Murari Gupta nunca aceitava caridade de amigos, nem aceitava dinheiro de ninguém. Ele trabalhava como médico e mantinha sua família com seu salário.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Observamos que um grihastha (devoto chefe de família) não deve ganhar sua subsistência por mendigar de ninguém. Todo chefe de família das classes altas deve se dedicar ao seu dever profissional como brahmana, kshatriya ou vaishya, não deve se ocupar em servir outros, pois esse é o dever do shudra. A pessoa deve aceitar unicamente o que ganha com sua própria profissão. As obrigações dos brâmanes são yajana, yájana, pathana, páthana, dana e pratigraha. Um brâmane deve adorar Vishnu, e também deve instruir os outros como adorá-Lo. Um kshatriya pode se tornar proprietário de terras e ganhar a vida com a coleta de impostos e cobrança de aluguel dos locatários. Um vaishya pode aceitar agricultura ou comércio geral como seu dever profissional. Como Murari Gupta nasceu numa família de médicos (vaidya-vamsha), ele praticava a medicina, e mantinha sua família com o que ganhava. O Srimad Bhagavatam afirma que todos devem tentar satisfazer a Suprema Personalidade de Deus por meio da realização de seu dever profissional. Essa é a perfeição da vida. Esse sistema se chama daivi-varnashrama. Murari Gupta era um grihastha ideal, porque era um grande devoto do Senhor Ramachandra e de Chaitanya Mahaprabhu. Com seu trabalho como médico, ele mantinha sua família e ao mesmo tempo satisfazia o Senhor Chaitanya com o melhor de sua habilidade. Esse é o ideal da vida familiar.

Verso 51

Quando Murari Gupta tratava seus pacientes, por sua misericórdia, tanto suas doenças corpóreas quanto espirituais cessavam.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Murari Gupta podia tratar das doenças tanto físicas quanto espirituais porque era médico de profissão e um grande devoto do Senhor em termos de avanço espiritual. Esse é um exemplo de serviço à humanidade. Todos devem saber que há dois tipos de doenças na sociedade humana. Uma doença, chamada adhyatmika, ou doença material, pertence ao corpo, mas a doença principal é espiritual. O ser vivo é eterno, mas dum jeito ou de outro, quando está em contato com a energia material, fica sujeito à repetição de nascimento, morte, velhice e doença. Os médicos dos tempos modernos devem aprender com Murari Gupta. Apesar dos médicos filantrópicos modernos abrirem hospitais gigantescos, não existem hospitais que curam a doença material da alma espiritual. O movimento da consciência de Krishna assumiu a missão de curar essa doença, mas as pessoas não apreciam muito porque não sabem o que é essa doença. Uma pessoa doente precisa tanto do remédio correto quanto duma dieta apropriada, por isso que o movimento da consciência de Krishna fornece para as pessoas que sofrem a doença material o remédio de cantar o Santo Nome, ou maha-mantra Hare Krishna, e a dieta de prasada. Há muitos hospitais e clínicas médicas para curar as doenças corpóreas, mas não existem hospitais para curar a doença material da alma espiritual. Os centros do movimento da consciência de Krishna são os únicos hospitais estabelecidos que podem curar as pessoas do nascimento, morte, velhice e doença.

Verso 52

Sriman Sena, o vigésimo segundo ramo da árvore de Chaitanya, era um servo muito fiel do Senhor Chaitanya. Ele não conhecia nada mais além dos pés de lótus de Sri Chaitanya Mahaprabhu.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Sriman Sena era morador de Nabadwip e era companheiro constante do Senhor Chaitanya Mahaprabhu.

Verso 53

Sri Gadadhara Dasa, o vigésimo terceiro ramo, é considerado o mais elevado, porque ele induziu todos os Kazis (magistrados) mulçumanos a cantarem o Santo Nome do Senhor Hari.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Por volta de quinze quilômetros de Calcutá, na margem do Ganges, fica uma vila conhecida como Endiyadaha-grama. Srila Gadadhara Dasa era conhecido como morador dessa vila (endiyadaha-vasi gadadhara dasa). O Bhakti-ratnakara (Sétima Onda) nos informa que depois da partida do Senhor Chaitanya Mahaprabhu, Gadadhara Dasa veio de Nabadwip para Katwa. Depois, veio para Endiyadaha e viveu ali. Afirma-se que ele é o brilho do corpo de Srimati Radharani, da mesma forma como Srila Gadadhara Pandita Goswami é uma encarnação da própria Srimati Radharani. Explica-se algumas vezes que Chaitanya Mahaprabhu é radha-bhava-dyuti-suvalita, caracterizado pelas emoções e brilho corpóreo de Srimati Radharani. Gadadhara Dasa é dyuti, ou o brilho. O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika explica que ele é a expansão da potência de Srimati Radharani. Ele está entre os companheiros tanto de Srila Gaurahari quanto de Nityananda Prabhu; como um devoto de Sri Chaitanya Mahaprabhu, ele era uma das companheiras do Senhor Krishna em amor conjugal, e como devoto do Senhor Nityananda, ele é considerado como uma das amigas de Krishna em serviço devocional puro. Mesmo como um companheiro do Senhor Nityananda Prabhu, ele não estava entre os meninos pastores de vacas mas estava situado na relação transcendental de amor conjugal. Ele fundou um templo de Sri Gaurasundara em Katwa.
No ano shakabda 1434 (1513 d.C.), quando o Senhor Nityananda Prabhu recebeu o poder do Senhor Chaitanya para pregar o movimento sankirtana na Bengala, Sri Gadadhara Dasa foi um dos assistentes principais do Senhor Nityananda. Ele pregava o movimento sankirtana por pedir a todos que cantassem o maha-mantra Hare Krishna. Esse método simples de pregação de Srila Gadadhara Dasa pode ser seguido por cada um e todos em qualquer posição na sociedade. A pessoa só tem que ser um servo sincero e sério de Nityananda Prabhu e pregar este culto de porta em porta.
Quando Srila Gadadhara Dasa Prabhu pregava o culto de hari-kirtana, tinha um magistrado que era altamente contra o movimento sankirtana. Por seguir os passos do Senhor Chaitanya Mahaprabhu, Srila Gadadhara Dasa foi uma noite até a casa do Kazi e pediu-lhe para cantar o maha-mantra Hare Krishna. O Kazi respondeu: "Tudo bem, cantarei Hare Krishna amanhã". Ao ouvir isso, Srila Gadadhara Dasa Prabhu começou a dançar e disse: "Por que amanhã? Você já cantou o maha-mantra Hare Krishna, então apenas continue". O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika (versos 154-155) afirma:

radha-vibhuti-rupa ya
candrakantih pura vraje
sa sri-gauranga-nikate
dasa-vamsyo gadadharah
purnananda vraje yasid
baladeva-priyagrani
sapi karya-vasad eva
pravisat tam gadadharam

Srila Gadadhara Dasa é considerado uma forma unida de Chandrakanti, que é o resplendor de Srimati Radharani, e Purnananda, que é a principal das namoradas mais queridas do Senhor Balarama. Por isso que Srila Gadadhara Dasa Prabhu é um dos companheiros tanto de Chaitanya Mahaprabhu quanto de Nityananda Prabhu.
Certa vez, quando Srila Gadadhara Dasa Prabhu voltava para Bengala de Jagannatha Puri com Nityananda Prabhu, esqueceu-se de si mesmo e começou a falar muito alto como se fosse uma menina de Vrajabhumi que vendia iogurte, e Srila Nityananda Prabhu percebeu isso. Outra vez, absorto no êxtase das gopis, carregou um pote com água do Ganges na cabeça como se vendesse leite. Quando o Senhor Chaitanya Mahaprabhu apareceu na casa de Raghava Pandita enquanto ia para Vrindavana, Gadadhara Dasa foi vê-Lo, e Sri Chaitanya Mahaprabhu ficou tão contente que pôs Seu pé em sua cabeça. Quando Gadadhara Dasa Prabhu estava presente em Endiyadaha, instalou uma murti de Bala Gopala para ser adorada lá. Sri Madhava Ghosa encenou uma peça chamada "Dana-khanda" com a ajuda de Sri Nityananda Prabhu e Sri Gadadhara Dasa. Como é explicado no Sri Chaitanya Bhagavata, Antya-lila 5.318-394.
A tumba de Gadadhara Dasa Prabhu, que fica na vila Endiyadaha, estava sob a direção dos Vaishnavas Samyogi e depois ficou sob a direção de Siddha Bhagavan Dasa Babaji de Kalna. Por sua ordem, Sri Madhusudana Mullik, um dos membros da família aristocrática Mullik de Narikeladanga em Calcutá, fundou um patavati (monastério) lá no ano bengali 1256 (1849 d.C.). Ele também organizou a adoração à Deidade chamada Sri Radhakanta. Seu filho, Balaichanda Mullik, instalou Deidades Gaura-Nitai lá no ano bengali 1312 (1905 d.C.). Assim, no trono do templo, têm as Deidades Gaura-Nityananda e as Deidades Radha-Krishna. Há uma placa abaixo do trono com uma inscrição em sânscrito. Nesse templo, também há uma pequena Deidade do Senhor Shiva como Gopesvara. Tudo isso é descrito numa pedra que fica ao lado da porta de entrada.

Verso 54

Shivananda Sena, o vigésimo quarto ramo da árvore, é um servo altamente íntimo do Senhor Chaitanya Mahaprabhu. Todos que iam a Jagannatha Puri para visitar o Senhor Chaitanya aceitavam o abrigo e a direção de Sri Shivananda Sena.

Verso 55

Todo ano, ele levava um grupo de devotos da Bengala a Jagannatha Puri para visitar o Senhor Chaitanya. Ele mantinha o grupo inteiro durante sua jornada na estrada.

Verso 56

O Senhor Sri Chaitanya Mahaprabhu abençoou Seus devotos com Sua misericórdia sem causa de três formas: Sua aparição pessoal direta [sakshat], Seu poder dentro de alguém que Ele capacita [avesha], e Sua manifestação [avirbhava].

Iluminação de Srila Prabhupada:
O aspecto sakshat de Sri Chaitanya Mahaprabhu é Sua presença pessoal. Avesha se refere ao poder investido, como o investido em Nakula Brahmachari. Avirbhava é a manifestação do Senhor que aparece mesmo sem Ele estar presente em pessoa. Por exemplo, Sri Shachimata oferecia comida em casa para Sri Chaitanya Mahaprabhu apesar Dele estar bem longe em Jagannatha Puri, e quando ela abria os olhos depois de oferecer a comida, via que foi comida realmente por Sri Chaitanya Mahaprabhu. Similarmente, quando Shrivasa Thakura fazia sankirtana, todos sentiam a presença de Sri Chaitanya Mahaprabhu, mesmo na Sua ausência. Esse é outro exemplo de avirbhava.

Verso 57

O aparecimento do Senhor Sri Chaitanya Mahaprabhu na presença de cada devoto se chama sakshat. Sua aparição em Nakula Brahmachari como um sintoma de poder especial é um exemplo de avesha.

Verso 58

O antigo Pradyumna Brahmachari recebeu o nome Nrisimhananda Brahmachari de Sri Chaitanya Mahaprabhu.

Verso 59

Seu corpo tinha sintomas de avirbhava. Essas aparições são raras, mas o Senhor Chaitanya Mahaprabhu exibiu muitos desses passatempos por meio de Suas várias características.

Iluminação de Srila Prabhupada:
O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika (74) afirma que Nakula Brahmachari exibiu o poder (avesha) e Pradyumna Brahmachari a aparição (avirbhava) de Sri Chaitanya Mahaprabhu. Existem muitas centenas de milhares de devotos do Senhor Chaitanya entre os quais não há sintomas especiais, mas quando um devoto do Senhor Sri Chaitanya Mahaprabhu age com poder específico, exibe a característica chamada avesha. Sri Chaitanya Mahaprabhu propagou pessoalmente o movimento sankirtana, e aconselhou todos os habitantes de Bharatavarsha para aderirem a Seu culto e o pregarem por todo o mundo. Os sintomas corpóreos visíveis dos devotos que seguem essas instruções são chamados avesha. Srila Shivananda Sena observou tais sintomas avesha em Nakula Brahmachari, que exibiu sintomas exatamente iguais aos de Sri Chaitanya Mahaprabhu. O Sri Chaitanya Charitamrita afirma que a única atividade espiritual da era de Kali é a propagação do Santo Nome do Senhor, mas essa tarefa só pode ser realizada pela pessoa que recebe realmente o poder do Senhor Krishna. O processo pelo qual o devoto recebe esse poder se chama avesha, ou às vezes se chama shakty-avesha.
Pradyumna Brahmachari anteriormente foi morador da vila conhecida como Piyariganja em Kalna. Há uma descrição sobre ele no Antya-lila do Sri Chaitanya Charitamrita, Segundo Capítulo, e no Antya-lila do Sri Chaitanya Bhagavata, Capítulos Três e Nove.

Verso 60

Srila Shivananda Sena experimentou os três aspectos sakshat, avesha e avirbhava. Descreverei vividamente mais tarde esse assunto bem-aventurado de natureza transcendental.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Maharaja descreve Srila Shivananda Sena como se segue: Ele era residente de Kumarahatta, que também é conhecida como Halisahara, e era um grande devoto do Senhor. Há outra vila chamada Kanchadapada que fica a um quilômetro de Kumarahatta onde estão as Deidades Gaura-Gopala instaladas por Shivananda Sena, que também fundou um templo de Krishnaraya ainda existente. Shivananda Sena era o pai de Paramananda Sena, também conhecido como Puri Dasa ou Kavi-karnapura. Paramananda Sena escreveu em seu Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika (176) que duas gopis de Vrindavana, cujos nomes anteriores eram Vira e Duti, uniram-se para se tornarem seu pai. Srila Shivananda Sena guiava todos devotos do Senhor Chaitanya que iam da Bengala para Jagannatha Puri, e pagava sozinho todas despesas da viagem. Como está descrito no Sri Chaitanya Charitamrita, Madhya-lila, Capítulo Dezesseis, versos 19 a 27. Srila Shivananda Sena tinha três filhos, chamados Chaitanya Dasa, Ramadasa e Paramananda. Seu filho mais novo se tornou Kavi-karnapura, e é o autor do Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika. Seu mestre espiritual era Srinatha Pandita, que era o sacerdote de Shivananda Sena. Shivananda Sena era encarregado de supervisionar os gastos de Vasudeva Datta, que esbanjava dinheiro. Sri Shivananda Sena experimentou realmente as características de Sri Chaitanya Mahaprabhu de sakshat, avesha e avirbhava. Uma vez, ele acolheu um cachorro no caminho para Jagannatha Puri, e o Antya-lila, Primeiro Capítulo, descreve que esse cachorro alcançou a salvação depois por causa de sua companhia. Quando Srila Raghunatha Dasa, que depois se tornou Raghunatha Dasa Goswami, fugiu do lar paterno para se juntar a Sri Chaitanya Mahaprabhu, seu pai escreveu uma carta a Shivananda Sena para ter informações sobre ele. Shivananda Sena forneceu-lhe os detalhes que pediu, e depois o pai de Raghunatha Dasa Goswami mandou alguns criados e dinheiro para Shivananda Sena cuidar de Raghunatha Dasa Goswami. Uma vez, Sri Shivananda Sena convidou o Senhor Chaitanya Mahaprabhu para sua casa e o alimentou tão suntuosamente que o Senhor teve indigestão e ficou um pouco doente. O filho de Shivananda Sena soube disso, e deu ao Senhor os gêneros alimentícios que ajudam a digestão, e assim o Senhor Chaitanya Mahaprabhu ficou muito contente. Isso está descrito no Antya-lila, Décimo Capítulo, versos 142 a 151.
Certa vez, quando iam para Jagannatha Puri, todos devotos tiveram que ficar em baixo duma árvore, sem o abrigo duma casa ou até mesmo uma cabana, por isso, Nityananda Prabhu ficou muito bravo, como se estivesse muito perturbado pela fome. Então, Ele amaldiçoou os filhos de Shivananda para morrerem. A esposa de Shivananda ficou muito angustiada com isso, e começou a chorar. Ela levou muito a sério que seus filhos foram amaldiçoados por Nityananda Prabhu e por isso morreriam com certeza. Quando Shivananda voltou para casa depois e viu sua mulher a chorar, disse: "Por que você chora? Que todos nós possamos morrer se for o desejo de Sri Nityananda Prabhu". Quando Shivananda Sena voltou e Srila Nityananda Prabhu o viu, o Senhor o chutou com muita força, e reclamou que estava com muita fome, e perguntou por que ele não arrumou Sua comida. Assim é o comportamento do Senhor com Seus devotos. Srila Nityananda Prabhu se comportou como uma pessoa faminta comum, como se dependesse plenamente da organização de Shivananda Sena.
Havia um sobrinho de Shivananda Sena chamado Shrikanta que deixou o grupo em protesto à maldição de Nityananda Prabhu e foi direto até Sri Chaitanya Mahaprabhu em Jagannatha Puri, onde o Senhor o acalmou. Nessa ocasião, o Senhor permitiu que Seu dedão do pé fosse chupado por Puri Dasa, que era criança na época. E foi pela ordem de Chaitanya Mahaprabhu que ele pôde compor versos em sânscrito imediatamente. Durante os desentendimentos com a família de Shivananda, Sri Chaitanya Mahaprabhu ordenou a Seu secretário pessoal, Govinda, para dar a eles toda Sua comida remanescente. Isso está descrito no Antya-lila, Capítulo Doze, verso 53.

Verso 61

Os filhos, servos e membros da família de Shivananda Sena constituem um sub-ramo. Todos são serventes sinceros do Senhor Sri Chaitanya Mahaprabhu.

Verso 62

Os três filhos de Shivananda Sena, chamados Chaitanya Dasa, Ramadasa e Karnapura, eram todos devotos heróicos do Senhor Chaitanya.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Chaitanya Dasa, o filho mais velho de Shivananda Sena, escreveu um comentário sobre o Krishna-karnamrita que depois foi traduzido por Srila Bhaktivinoda Thakura em seu jornal Sajjana-toshani. De acordo com a opinião de peritos, Chaitanya Dasa é o autor do livro Chaitanya-charita (também conhecido como Chaitanya-charitamrita), composto em sânscrito. O autor não é Kavi-Karnapur, como se supõe geralmente. Essa é a opinião de Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura. Sri Ramadasa é o segundo filho de Shivananda Sena. O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika (145) afirma que os dois famosos papagaios chamados Daksha e Vichakshana em krishna-lila se tornaram os irmãos mais velhos de Kavi-karnapura, chamados Chaitanya Dasa e Ramadasa. Karnapura, o terceiro filho, também conhecido como Paramananda Dasa ou Puri Dasa, foi iniciado por Srinatha Pandita, que era discípulo de Sri Adwaita Prabhu. Karnapura escreveu muitos livros que são muito importantes na Literatura Vaishnava, como o Ananda-vrindavana-champu, Alankara-kaustubha, Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika e o grande épico Chaitanya-chandrodaya-nataka. Ele nasceu no ano 1448 shakabda (1527 d.C.). E escreveu livros continuamente por dez anos, de 1488 a 1498 (shakabda).

Verso 63

Srivallabha Sena e Srikanta Sena também são sub-ramos de Shivananda Sena, pois não eram apenas seus sobrinhos mas também, devotos puros de Sri Chaitanya Mahaprabhu.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Quando o Senhor Nityananda Prabhu repreendeu Shivananda Sena no caminho para Puri, esses dois sobrinhos de Shivananda deixaram o grupo em protesto, e foram ver Sri Chaitanya Mahaprabhu em Jagannatha Puri. O Senhor entendeu os sentimentos dos rapazes, e pediu a Seu secretário pessoal Govinda para dar prasada a eles até que o grupo de Shivananda chegasse. No sankirtana do festival Ratha-yatra, esses dois irmãos eram do grupo liderado por Mukunda. O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika, verso 174, afirma que a gopi chamada Katyayani apareceu como Srikanta Sena.

Verso 64

Govindananda e Govinda Datta, o vigésimo quinto e vigésimo sexto ramos da árvore, eram líderes de kirtana na companhia de Sri Chaitanya Mahaprabhu. Govinda Datta era o cantor principal do grupo de kirtana do Senhor Chaitanya.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Govinda Datta nasceu na vila Sukhachara perto de Khadadaha.

Verso 65

Sri Vijaya Dasa, o vigésimo sétimo ramo, outro dos cantores principais do Senhor, deu ao Senhor muitos livros escritos à mão.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Antigamente não havia gráficas ou livros impressos. Todos livros eram escritos à mão. Livros preciosos eram preservados em manuscritos nos templos ou locais importantes, e a pessoa que tivesse interesse em algum livro tinha que copiá-lo à mão. Vijaya Dasa era um escrevente profissional que copiou muitos manuscritos e os deu a Sri Chaitanya Mahaprabhu.

Verso 66

Sri Chaitanya Mahaprabhu deu o nome Ratnabahu ["mãos preciosas"] a Vijaya Dasa porque copiou muitos manuscritos para Ele. O vigésimo oitavo ramo é Krishnadasa, que é muito querido pelo Senhor. Ele era conhecido como Akinchana Krishnadasa.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Akinchana significa "aquele que não possui nada neste mundo".

Verso 67

O vigésimo nono ramo é Sridhara, um vendedor de cascas de bananeira. Ele é um servo muito querido pelo Senhor. Em várias ocasiões, o Senhor fez piadas com ele.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Sridhara era um brâmane pobre que ganhava a vida por vender cascas de bananeira que servem para fazer copos. O mais provável é que ele tinha um bananal e colhia folhas, casca e polpa das bananeiras para vender diariamente no mercado. Ele gastava cinqüenta por cento de seu ganho para adorar o Ganges, e usava o resto para sua subsistência. Quando Sri Chaitanya Mahaprabhu começou Seu movimento de desobediência civil em desafio ao Kazi, Sridhara dançou em júbilo. O Senhor costumava beber água de seu pote. Sridhara deu uma abóbora de presente para Shachidevi cozinhar antes do Senhor Chaitanya tomar sannyasa. Ele ia todos os anos ver o Senhor Chaitanya em Jagannatha Puri. Segundo Kavi-karnapura, Sridhara era um menino pastor de vacas em Vrindavana que se chama Kusumasava. o Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika, verso 133, afirma:

khola-vecataya khyatah
panditah sridharo dvijah
asid vraje hasya-karo
yo namna kusumasavah

"O menino pastor de vacas conhecido como Kusumasava em krishna-lila depois se tornou Kholavecha Sridhara durante o lila de Chaitanya Mahaprabhu em Nabadwip".

Verso 68

Todos os dias, o Senhor Chaitanya Mahaprabhu pegava de brincadeira frutas, flores e polpa de Sridhara e bebia a água de seu pote de ferro quebrado.

Verso 69

O trigésimo ramo é Bhagavan Pandita. Ele é um servo extremamente querido pelo Senhor, e mesmo antes, ele era um grande devoto do Senhor Krishna que sempre manteve o Senhor dentro de seu coração.

Verso 70

O trigésimo primeiro ramo é Jagadisha Pandita, e o trigésimo segundo é Hiranya Mahashaya, a quem o Senhor Chaitanya em Sua infância demonstrou Sua misericórdia sem causa.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Jagadisha Pandita foi anteriormente um grande dançarino em krishna-lila e era conhecido como Chandrahasa. Sobre Hiranya Pandita, é dito que certa vez quando o Senhor Nityananda, decorado com jóias preciosas, estava em sua casa, um grande ladrão tentou roubar essas jóias durante a noite inteira mas não teve sucesso. Depois, ele veio até Nityananda Prabhu e se rendeu a Ele.

Verso 71

O Senhor Chaitanya Mahaprabhu mendigou comida num dia de Ekadashi nas casas dos dois, e comeu.

Iluminação de Srila Prabhupada:
A regra para jejum em Ekadashi se destina especialmente aos devotos; não há restrições em Ekadashi sobre a comida que pode ser oferecida ao Senhor. O Senhor Sri Chaitanya Mahaprabhu comeu a comida do Senhor Vishnu em Seu êxtase como vishnu-tattva.

Verso 72

Os trigésimo terceiro e trigésimo quarto ramos são dois alunos de Chaitanya Mahaprabhu chamados Purushottama e Sanjaya, que eram alunos destacados em gramática (sânscrito). Eles são personalidades muito elevadas.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Esses dois alunos eram moradores de Nabadwip e foram os primeiros companheiros do Senhor no movimento sankirtana. Segundo o Sri Chaitanya Bhagavata, Purushottama Sanjaya era filho de Mukunda Sanjaya, mas o autor do Sri Chaitanya Charitamrita esclareceu que Purushottama e Sanjaya são duas pessoas, e não uma.

Verso 73

Vanamali Pandita, o trigésimo quinto ramo da árvore, era muito célebre neste mundo. Ele viu uma maça e um arado de ouro nas mãos do Senhor.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Vanamali Pandita viu o Senhor Chaitanya no êxtase de Balarama. Isso é descrito vividamente no Sri Chaitanya Bhagavata, Antya-lila, Capítulo Nove.

Verso 74

O trigésimo sexto ramo, Buddhimanta Khan, era extremamente querido pelo Senhor Chaitanya Mahaprabhu ele é considerado como um servo principal do Senhor.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Sri Buddhimanta Khan era um dos moradores de Nabadwip. Ele era muito rico, e foi ele quem arranjou o casamento do Senhor Chaitanya com Vishnupriya, a filha de Sanatana Mishra, que era o sacerdote do Zamindar (rei, governador) local. Ele custeou sozinho todas despesas da cerimônia de casamento. Quando o Senhor Chaitanya Mahaprabhu sofreu um ataque de vayu-vyadhi (desarranjo do ar dentro do corpo) Buddhimanta Khan pagou todos remédios e tratamentos necessários para curá-Lo. Ele era companheiro constante do Senhor no movimento sankirtana. Ele coletou ornamentos para o Senhor quando Ele fez o papel da deusa da fortuna na casa de Chandrashekhara Acharya. Ele também foi ver o Senhor Chaitanya Mahaprabhu quando estava em Jagannatha Puri.

Verso 75

Garuda Pandita, o trigésimo sétimo ramo da árvore, sempre se dedicava a cantar o nome auspicioso do Senhor. Por causa da força de seu canto, até mesmo o efeito do veneno não pôde afetá-lo.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Garuda Pandita foi picado por uma serpente venenosa certa vez, entretanto o veneno da serpente não o afetou por causa de seu canto do maha-mantra Hare Krishna.

Verso 76

Gopinatha Simha, trigésimo oitavo ramo da árvore, era um servo leal do Senhor Chaitanya Mahaprabhu. O Senhor o chamava de Akrura de brincadeira.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Na realidade, ele era Akrura, como afirma o verso 117 do Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika.

Verso 77

Devananda Pandita era um narrador profissional do Srimad Bhagavatam, mas pela misericórdia de Vakresvara Pandita e pela graça do Senhor, ele compreendeu a interpretação devocional do Bhagavatam.

Iluminação de Srila Prabhupada:
O Sri Chaitanya Bhagavata, Madhya-lila, Capítulo Vinte e Um, afirma que Devananda Pandita e o pai de Sarvabhauma Bhattacharya, Visharada, moravam na mesma aldeia. Devananda Pandita era narrador profissional do Srimad Bhagavatam, mas o Senhor Chaitanya Mahaprabhu não gostava da sua interpretação. Na presente cidade de Nabadwip, anteriormente conhecida como Kuliya, o Senhor Chaitanya demonstrou essa misericórdia a ele que o fez abandonar a interpretação Mayavadi do Srimad Bhagavatam e aprender como explicar o Srimad Bhagavatam nos termos de bhakti. Anteriormente, Shrivasa Thakura estava presente numa de suas reuniões, e quando começou a chorar, os alunos de Devananda o colocaram para fora. Alguns dias depois, Chaitanya Mahaprabhu passou por esse caminho, e quando encontrou Devananda, repreendeu-o severamente por causa de sua interpretação Mayavada do Srimad Bhagavatam. Nessa época, Devananda tinha pouca fé em Sri Chaitanya Mahaprabhu como uma encarnação do Senhor Krishna, mas algum tempo depois numa noite, Vakresvara Pandita era um convidado em sua casa e explicou a ciência de Krishna, assim Devananda foi convencido sobre a identidade do Senhor Chaitanya Mahaprabhu. Dessa forma, foi induzido a explicar o Srimad Bhagavatam de acordo com o entendimento Vaishnava. O verso 106 do Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika descreve que ele foi anteriormente Bhaguri Muni, o sabha-pandita que recitava literatura Védica na casa de Nanda Maharaja.

Versos 78-79

Sri Khandavasi Mukunda e seu filho Raghunandana são o trigésimo nono ramo da árvore, Narahari é o quadragésimo, Chiranjiva o quadragésimo primeiro e Sulochana o quadragésimo segundo. Todos eles são grandes ramos da árvore toda misericordiosa de Chaitanya Mahaprabhu. Eles distribuíram os frutos e flores do amor pelo Senhor em todo lugar e para todos.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Sri Mukunda Dasa é filho de Narayana Dasa e irmão mais velho de Narahari Sarakara. O nome de seu segundo irmão é Madhava Dasa, e seu filho se chamava Raghunandana Dasa. Os descendentes de Raghunandana Dasa ainda vivem sete quilômetros a oeste de Katwa na vila chamada Srikhanda, onde Raghunandana Dasa vivia. Raghunandana teve um filho chamado Kanai, que teve dois filhos, Madana Raya, discípulo de Narahari Thakura, e Vamsivadana. Estima-se que pelo menos quatrocentos homens descendem dessa dinastia. Todos seus nomes estão registrados na vila conhecida como Srikhanda. O verso 175 do Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika afirma que a gopi chamada Vrindadevi se tornou Mukunda Dasa, que morava na vila Srikhanda e era muito querido por Sri Chaitanya Mahaprabhu. Sua maravilhosa devoção e amor por Krishna são descritos no Sri Chaitanya Charitamrita, Madhya-lila, Capítulo Quinze. O Bhakti-ratnakara (Oitava Onda) afirma que Raghunandana servia à Deidade do Senhor Chaitanya Mahaprabhu.
Narahari Dasa Sarakara é um devoto famoso. Lochana Dasa Thakura, o célebre autor do Sri Chaitanya-mangala, era seu discípulo. O Chaitanya-mangala afirma que Sri Gadadhara Dasa e Narahari Sarakara eram extremamente queridos por Sri Chaitanya Mahaprabhu, mas não há descrições específicas sobre os moradores da vila Srikhanda.
Chiranjiva e Sulochana eram moradores de Srikhanda, onde seus descendentes ainda vivem. Dos dois filhos de Chiranjiva, Ramachandra Kaviraja, era discípulo de Shrinivasacharya e companheiro íntimo de Narottama Dasa Thakura. O filho mais novo era Govinda Dasa Kaviraja, o famoso poeta Vaishnava. A esposa de Chiranjiva era Sunanda, e seu sogro era Damodara Sena Kaviraja. Chiranjiva morava antes na margem do rio Ganges na vila Kumaranagara. O verso 207 do Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika afirma que anteriormente ele era Chandrika em Vrindavana.

Verso 80

Satyaraja, Ramananda, Yadunatha, Purushottama, Shankara e Vidyananda todos pertencem ao vigésimo ramo. Eles são habitantes da vila conhecida como Kulina-grama.

Verso 81

Todos moradores da vila Kulina-grama, liderados por Vaninatha Vasu, são servos do Senhor Chaitanya, que é sua vida e única riqueza.

Verso 82

O Senhor disse: "O que falar dos outros, até um cachorro da vila Kulina-grama é Meu amigo querido".

Verso 83

"Ninguém pode descrever a posição afortunada de Kulina-grama. Ela é tão sublime que até mesmo os varredores de rua de lá que pastoreiam seus porcos também cantam o maha-mantra Hare Krishna".

Verso 84

No lado ocidental ficam o quadragésimo terceiro, quadragésimo quarto e quadragésimo quinto ramos, que são Sri Sanatana, Sri Rupa e Anupama. Eles são os melhores de todos.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Sri Anupama era o pai de Srila Jiva Goswami e irmão mais novo de Sri Sanatana Goswami e Sri Rupa Goswami. Seu nome anterior era Vallabha, mas depois que o Senhor Chaitanya o encontrou, deu-lhe o nome Anupama. Porque trabalhavam para o governo islâmico, esses três irmãos receberam o título Mullik. Nossa família pessoal é ligada aos Mulliks da Avenida Mahatma Gandhi em Calcutá, costumamos visitar o templo Radha-Govinda deles. Eles pertencem à mesma família que nós. (O gotra de nossa família, ou linha genealógica original, é o Gautama gotra, ou linha dos discípulos de Gautama Muni, e nosso sobrenome é "De"). Como aceitaram o posto de Zamindar (rei, governador) no governo islâmico, receberam o título Mullik. Similarmente, Rupa, Sanatana e Vallabha também receberam o título Mullik. Mullik significa "soberano". Da mesma forma como o governo inglês dá o título "Lorde" para pessoas ricas e respeitáveis, os islâmicos davam o título "Mullik" para famílias ricas e respeitáveis que tinham ligações íntimas com o governo. O título Mullik não se encontra apenas entre os aristocratas hindus mas também entre os islâmicos. Esse título não se restringe a uma família específica mas também é dado a várias famílias e castas. A qualificação para recebê-lo é riqueza e respeitabilidade.
Sanatana Goswami e Rupa Goswami pertenciam ao gotra Bharadwaja, o que indica pertencerem tanto à família quanto à sucessão discipular de Bharadwaja Muni. Como membros do movimento da consciência de Krishna, pertencemos à família, ou secessão discipular, de Sarasvati Goswami, por isso que somos conhecidos como Sarasvatas. Portanto, prestamos reverências ao mestre espiritual como sarasvata-deva, ou um membro da família Sarasvata (namas te sarasvate deve), cuja missão é a propagação do culto de Sri Chaitanya Mahaprabhu (gaura-vani-pracarine) e combater impersonalistas e niilistas (nirvisesa-sunyavadi-pascatya-desa-tarine). Esse também era o dever oficial de Sanatana Goswami, Rupa Goswami e Anupama Goswami.
A árvore genealógica de Sanatana Goswami, Rupa Goswami e Vallabha Goswami pode ser traçada até o décimo segundo século shakabda, quando um cavalheiro chamado Sarvajña nasceu numa família brâmane muito rica e próspera na província de Karnata. Ele teve dois filhos chamados Aniruddhera Rupesvara e Harihara, que tiveram seus reinos usurpados e foram obrigados a ir morar nas montanhas. O filho de Rupesvara, chamado Padmanabha, mudou para um local na Bengala conhecido como Naihati na beira do Ganges. Ele teve cinco filhos, dos quais o mais novo, Mukunda, tinha um filho muito bem comportado chamado Kumaradeva, que era o pai de Rupa, Sanatana e Vallabha. Kumaradeva morava em Baklachandradwipa, que fica no distrito de Jessore e agora é conhecida como Phateyabad. De seus muitos filhos, três participaram do Vaishnavismo. Mais tarde, Sri Vallabha e seus irmãos mais velhos Sri Rupa e Sanatana vieram de Chandradwipa para a vila no distrito de Maldah da Bengala conhecida como Ramakeli. Foi nesta vila que Srila Jiva Goswami nasceu, ao aceitar Vallabha como seu pai. Porque se dedicaram ao serviço do governo islâmico, os três irmãos receberam o título Mullik. Quando o Senhor Chaitanya Mahaprabhu visitou a vila Ramakeli, encontrou Vallabha lá. Mais tarde, Sri Rupa Goswami, depois de encontrar Sri Chaitanya Mahaprabhu, renunciou ao serviço do governo, e quando foi para Vrindavana encontrar o Senhor Chaitanya, Vallabha o acompanhou. O encontro de Rupa Goswami e Vallabha com Chaitanya Mahaprabhu em Allahabad é descrito no Madhya-lila, Capitulo Dezenove.
Na verdade, entendemos da afirmação de Sanatana Goswami que Sri Rupa Goswami e Vallabha foram para Vrindavana conforme as instruções de Sri Chaitanya Mahaprabhu. Eles foram primeiro para Mathura, onde encontraram um cavalheiro chamado Subuddhi Raya, que se mantinha com a venda de lenha combustível. Ele ficou muito contente de encontrar Sri Rupa Goswami e Anupama, e mostrou a eles as doze florestas de Vrindavana. Assim, eles viveram em Vrindavana por um mês e novamente foram procurar Sanatana Goswami. Seguiram o curso do Ganges e chegaram em Allahabad, ou Prayaga-tirtha, como Sanatana Goswami chegou lá por outro caminho, não se encontraram, e quando Sanatana Goswami chegou em Mathura foi informado sobre a visita de Rupa Goswami e Anupama por Subuddhi Raya. Quando Rupa Goswami e Anupama encontraram Chaitanya Mahaprabhu em Benares, ouviram Dele sobre as viagens de Sanatana Goswami, e assim voltaram para a Bengala, acertaram suas contas com o estado, e de acordo com a ordem de Sri Chaitanya Mahaprabhu, foram ver o Senhor em Jagannatha Puri.
No ano 1436 shakabda (1515 d.C.), o irmão mais novo, Anupama, morreu e foi de volta ao lar, de volta ao Supremo. Ele foi até o reino no céu espiritual onde Sri Ramachandra fica. Sri Rupa Goswami informou Sri Chaitanya Mahaprabhu em Jagannatha Puri sobre esse incidente. Vallabha era um grande devoto de Sri Ramachandra; por isso não conseguia considerar seriamente a adoração a Radha-Govinda conforme as instruções de Sri Chaitanya Mahaprabhu. Contudo, ele aceitava diretamente Sri Chaitanya Mahaprabhu como uma encarnação da Suprema Personalidade de Deus Ramachandra. O Bhakti-ratnakara tem a seguinte afirmação: "Vallabha recebeu o nome Anupama de Sri Gaurasundara, mas estava sempre absorto no serviço devocional do Senhor Ramachandra. Ele não conhecia ninguém mais além de Sri Ramachandra, mas ele sabia que Chaitanya Gosañi era o mesmo Senhor Ramachandra".
O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika (180) descreve Sri Rupa Goswami como a gopi chamada Sri Rupa-mañjari. Há uma lista dos livros compilados por Sri Rupa Goswami no Bhakti-ratnakara. De todos esses livros, os dezesseis seguintes são muito populares entre os Vaishnavas: (1) Hamsaduta, (2) Uddhava-sandesha, (3) Krishna-janma-tithi-vidhi, (4 e 5) Radha-krishna-ganoddesha-dipika, Brihat (maior) e Laghu (menor), (6) Stavamala, (7) Vidagdha-madhava, (8) Lalita-madhava, (9) Dana-keli-kaumudi, (10) Bhakti-rasamrita-sindhu (é o livro mais célebre de Sri Rupa Goswami), (11) Ujjvala-nilamani, (12) Akhyata-chandrika, (13) Mathura-mahima, (14) Padyavali, (15) Nataka-chandrika e (16) Laghu-bhagavatamrita. Sri Rupa Goswami abandonou todas conexões familiares, entrou na ordem de vida renunciada e dividiu seu dinheiro, deu cinqüenta por cento aos brâmanes e Vaishnavas, vinte e cinco por cento a seu kutumba (membros familiares) e guardou vinte e cinco por cento para emergências pessoais. Ele encontrou Haridasa Thakura em Jagannatha Puri, onde também encontrou o Senhor Chaitanya e Seus outros companheiros. Sri Chaitanya Mahaprabhu costumava elogiar os manuscritos de Rupa Goswami. Srila Rupa Goswami podia compor versos conforme os desejos de Sri Chaitanya Mahaprabhu, e escreveu dois livros chamados Lalita-madhava e Vidagdha-madhava sob a direção Dele. O Senhor Chaitanya desejou que os dois irmãos publicassem muitos livros para apoiar a religião Vaishnava. Quando Sanatana Goswami encontrou Sri Chaitanya Mahaprabhu, o Senhor também o aconselhou a ir para Vrindavana.
Sri Sanatana Goswami é descrito no Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika (181). Ele era conhecido anteriormente como Rati-mañjari ou algumas vezes como Lavanga-mañjari. O Bhakti-ratnakara afirma que seu mestre espiritual, Vidyavachaspati, ficava às vezes na vila Ramakeli, e Sanatana Goswami estudou toda literatura Védica com ele. Ele era tão dedicado a seu mestre espiritual que isso não pode ser descrito. Segundo o sistema Védico, se alguém vê um islâmico, deve realizar rituais para purificar esse encontro. Sanatana Goswami estava sempre na companhia de reis islâmicos. Sem dar muita atenção às regras Védicas, ele costumava visitar as casas de reis islâmicos, por isso considerava como se fosse convertido islâmico. Portanto, ele era sempre muito humilde e calmo. Quando Sanatana Goswami se apresentou ao Senhor Chaitanya Mahaprabhu, admitiu: "Estou sempre na companhia de pessoas de classe baixa, portanto meu comportamento é muito abominável". Na realidade, ele pertencia a uma família brâmane muito respeitável, mas como considerava seu comportamento abominável, nunca tentava se colocar entre os brâmanes mas sempre permanecia entre as pessoas de classe baixa. Ele compôs o Hari-bhakti-vilasa e Vaishnava-toshani, que é um comentário sobre o Décimo Canto do Srimad Bhagavatam. No ano 1476 shakabda (1555 d.C.) ele completou o comentário Brihad-vaishnava-toshani sobre o Srimad Bhagavatam. No ano 1504 shakabda (1583 d.C.), terminou o Laghu-toshani.
Sri Chaitanya Mahaprabhu ensinou Seus princípios por meio de seus seguidores principais. Entre eles, Ramananda Raya é excepcional, pois por seu intermédio o Senhor ensinou como um devoto pode dominar plenamente o poder de Cupido. Por causa do poder de Cupido, quando alguém vê uma bela mulher, é conquistado por sua beleza. Sri Ramananda Raya, entretanto, venceu o orgulho de Cupido. Na real, quando ensaiava o Jagannatha-vallabha-nataka, ele dirigia pessoalmente mulheres extremamente belas na dança, mas nunca foi afetado pela jovem beleza delas. Sri Ramananda Raya pessoalmente banhava essas moças, tocava nelas e as lavava com suas próprias mãos, mesmo assim ficava calmo e impassível, como um grande devoto deve ser. O Senhor Chaitanya Mahaprabhu certificou que isso só é possível para Ramananda Raya. Similarmente, Damodara Pandita era notável por sua objetividade como crítico. Ele não poupava nem mesmo Chaitanya Mahaprabhu de suas críticas. Isso também não pode ser imitado por ninguém. Haridasa Thakura é excepcional por sua tolerância porque apesar de ser surrado com chibatas em vinte e dois mercados, mesmo assim permaneceu tolerante. Similarmente, Sri Sanatana Goswami, apesar de pertencer a uma família brâmane das mais respeitáveis, era excepcional devido à sua humildade e tranqüilidade.
O Madhya-lila, Capítulo Dezenove, descreve o estratagema adotado por Sanatana Goswami para se livrar do serviço público. Ele enviou um memorando de doença ao Nawab, governador islâmico, mas na realidade estudava o Srimad Bhagavatam com brâmanes em sua casa. O Nawab recebeu essa informação por intermédio do médico real, e foi ver Sanatana Goswami imediatamente para descobrir sua intenção. O Nawab pediu a Sanatana para acompanhá-lo numa expedição para Orissa, mas quando Sanatana Goswami recusou, o Nawab ordenou que ele fosse preso. Quando Rupa Goswami foi embora de casa, escreveu uma nota para Sanatana Goswami com a informação que tinha algum dinheiro guardado com um comerciante local. Sanatana Goswami aproveitou esse dinheiro para subornar o carcereiro e fugir da prisão. Ele foi então para Benares encontrar Chaitanya Mahaprabhu, apenas com um servo cujo nome era Ishana. Eles pararam num sarai, ou hotel, no caminho, e quando o dono do hotel descobriu que Ishana tinha algumas moedas de ouro, planejou matar Sanatana Goswami e Ishana para roubar as moedas. Depois, Sanatana Goswami notou que o dono do hotel não os conhecia, mas estava muito preocupado com seu conforto. Assim, concluiu que Ishana levava algum dinheiro em segredo e o dono do hotel desconfiou e planejava matá-los por causa disso. Sanatana Goswami questionou Ishana que admitiu ter dinheiro consigo, Sanatana Goswami pegou o dinheiro imediatamente e deu ao dono do hotel, então, pediu-lhe para ajudá-los a atravessar a selva. Assim com a ajuda do dono do hotel, que também era o líder dos ladrões daquele território, ele atravessou as montanhas Hazipur, que são conhecidas atualmente como Hazaribags. Depois encontrou seu cunhado Srikanta, que lhe pediu para ficar com ele. Sanatana Goswami recusou mas antes de deixar Srikanta, deu-lhe um cobertor valioso.
Sanatana Goswami finalmente conseguiu chegar em Varanasi na casa de Chandrashekhara. Conforme a ordem do Senhor Chaitanya, Sanatana Goswami raspou a cabeça e pôs roupas de mendigo, ou babaji. Ele usou panos velhos de Tapana Mishra e tomou prasada na casa do brâmane Maharashtran. Depois, ouviu os ensinamentos do Senhor Chaitanya Mahaprabhu, o Senhor explicou tudo sobre serviço devocional pessoalmente a Sanatana Goswami. Ele aconselhou Sanatana Goswami a escrever livros sobre serviço devocional, inclusive um livro sobre as direções para atividades Vaishnavas, e escavar os locais de peregrinação perdidos de Vrindavana. O Senhor Chaitanya Mahaprabhu deu-lhe Suas bênçãos para ele poder realizar todo esse trabalho e também explicou a Sanatana Goswami o significado do verso atmarama através de sessenta e um ângulos de visão.
Sanatana Goswami foi para Vrindavana pela estrada principal, e quando chegou em Mathura, encontrou Subuddhi Raya. Depois, voltou para Jagannatha Puri através de Jharikhanda, a selva de Uttara Pradesh. Em Jagannatha Puri, ele decidiu deixar seu corpo por se jogar em baixo da roda do ratha de Jagannatha, mas Chaitanya Mahaprabhu o salvou. Então, Sanatana Goswami encontrou Haridasa Thakura e ouviu dele sobre a partida de Anupama. Sanatana Goswami mais tarde descreveu as glórias de Haridasa Thakura. Sanatana observou a etiqueta do templo de Jagannatha ao ir pela praia para visitar o Senhor Chaitanya, apesar de estar extremamente quente por causa do Sol. Ele pediu a Jagadananda Pandita que lhe desse permissão para voltar a Vrindavana. o Senhor Chaitanya Mahaprabhu elogiou o caráter de Sanatana Goswami, e abraçou Sanatana, assim aceitou seu corpo como espiritual. Sri Chaitanya Mahaprabhu mandou Sanatana Goswami morar em Jagannatha Puri durante um ano. Quando voltou para Vrindavana depois de muitos anos, encontrou Rupa Goswami novamente, e os dois irmãos ficaram em Vrindavana para realizarem as ordens de Sri Chaitanya Mahaprabhu.
O local onde Sri Rupa Goswami e Sanatana Goswami viveram é hoje um lugar de peregrinação. Geralmente conhecido como Gupta Vrindavana, ou Vrindavana escondida, e fica treze quilômetros ao sul do English Bazaar. Lá, os seguintes locais são visitados: (1) o templo da Deidade Sri Madana-mohana, (2) a árvore Keli-kadamba, sob a qual Sri Chaitanya Mahaprabhu encontrava Sanatana Goswami à noite e (3) Rupasagara, uma grande lagoa escavada por Sri Rupa Goswami. Uma sociedade chamada Ramakeli-samskara-samiti foi fundada em 1924 para restaurar o templo e renovar a lagoa.

Verso 85

Entre esses ramos, Rupa e Sanatana são principais. Anupama, Jiva Goswami e outros, liderados por Rajendra, são seus sub-ramos.

Iluminação de Srila Prabhupada:
O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika, verso 195, afirma que Srila Jiva Goswami foi anteriormente a gopi Vilasa-mañjari. Jiva Goswami desde sua infância gostava muito do Srimad Bhagavatam. Veio para Nabadwip mais tarde a fim de estudar sânscrito, e por seguir o exemplo de Sri Nityananda Prabhu, andava a pé ao redor de toda Nabadwip-dhama. Depois de visitar Nabadwip-dhama, foi para Benares estudar sânscrito com Madhusudana Vachaspati, quando terminou os estudos em Benares, foi para Vrindavana e se abrigou em seus tios, Sri Rupa e Sanatana. Isso está descrito no Bhakti-ratnakara. Segundo a informação que temos, Srila Jiva Goswami compôs e editou pelo menos vinte e cinco livros. Todos são célebres, e são os seguintes: (1) Hari-namamrita-vyakarana, (2) Sutra-malika, (3) Dhatu-sangraha, (4) Krishnarcha-dipika, (5) Gopala-virudavali, (6) Rasamrita-shesha, (7) Sri Madhava-mahotsava, (8) Sri Sankalpa-kalpavriksha, (9) Bhavartha-suchaka-champu, (10) Gopala-tapani-tika, (11) um comentário sobre o Brahma-samhita, (12) um comentário sobre o Bhakti-rasamrita-sindhu, (13) um comentário sobre o Ujjvala-nilamani, (14) um comentário sobre o Yogasara-stava, (15) um comentário sobre o Gayatri-mantra, como descrito no Agni Purana, (16) uma descrição sobre os pés de lótus do Senhor derivada do Padma Purana, (17) uma descrição dos pés de lótus de Srimati Radharani, (18) Gopala-champu (em duas partes) e (19-25) sete sandarbhas: Krama, Tattva, Bhagavat, Paramatma, Krishna, Bhakti e Priti. Depois da partida de Srila Rupa Goswami e Sanatana Goswami de Vrindavana, Srila Jiva Goswami se tornou o acharya de todos Vaishnavas na Bengala, Orissa e o resto do mundo, ele que guiava todos em seu serviço devocional. Ele inaugurou o templo Radha-Damodara em Vrindavana, onde tivemos a oportunidade de morar e ficar em retiro até os sessenta e cinco anos, quando decidimos ir para os Estados Unidos da América. Quando Jiva Goswami ainda estava presente, Srila Krishnadasa Kaviraja Goswami compilou seu famoso Sri Chaitanya Charitamrita. Mais tarde, Srila Jiva Goswami inspirou Srinivasa Acharya, Narottama Dasa Thakura e Duhkhi Krishnadasa para pregarem a Consciência de Krishna na Bengala. Jiva Goswami foi informado de que todos os manuscritos reunidos em Vrindavana que foram mandados para Bengala com propósito de pregação foram roubados perto de Vishnupura, na Bengala, mas depois soube que os livros foram recuperados. Sri Jiva Goswami concedeu o título Kaviraja a Ramachandra Sena, um discípulo de Srinivasa Acharya, e ao irmão mais novo de Ramachandra, Govinda. Quando Jiva Goswami estava vivo, Srimati Jahnavi-devi, a potência de prazer de Sri Nityananda Prabhu, foi para Vrindavana com alguns devotos. Jiva Goswami era muito bom para os Gaudiya Vaishnavas, os Vaishnavas da Bengala. Todos que iam para Vrindavana recebiam moradia e prasada. Seu discípulo Krishnadasa Adhikari relacionou todos os livros dos Goswamis em seu diário.
Os sahajiyas fizeram três acusações a Srila Jiva Goswami. Isso com certeza não é adequado para a realização de serviço devocional. A primeira acusação diz respeito a um materialista muito orgulhoso de sua reputação como grande erudito em sânscrito que se aproximou de Sri Rupa e Sanatana para debater com eles sobre as escrituras reveladas. Srila Rupa Goswami e Sanatana Goswami não queriam perder tempo e deram a ele uma declaração por escrito que foram derrotados por ele num debate sobre as escrituras reveladas. O erudito pegou essa declaração e foi até Jiva Goswami para obter um certificado de derrota similar, mas Jiva Goswami não concordou. Ao contrário, ele debateu com ele sobre as escrituras e o derrotou. Claro que é certo Jiva Goswami impedir tal erudito desonesto de alardear que derrotou Srila Rupa Goswami e Sanatana Goswami, mas por causa de sua falta de educação, a classe sahajiya aproveita esse incidente para acusar Srila Jiva Goswami de se desviar do princípio da humildade. Eles não sabem, todavia, que humildade e tolerância são adequadas quando a própria honra é insultada, mas não quando o Senhor ou os acharyas são blasfemados. Nesses casos, a pessoa não deve ser humilde e tolerante mas sim agir. Temos que seguir o exemplo dado por Sri Chaitanya Mahaprabhu. O Senhor Chaitanya afirma em Seu Shikshastaka (3):

trnad api sunicena
taror ivasahisnuna
amanina manadena
kirtaniyah sada harih

"A pessoa pode cantar o Santo Nome do Senhor em um estado mental humilde, por se considerar inferior à folha seca no chão. Deve ser mais tolerante do que uma árvore, desprovida de todo senso de falso prestígio, e deve estar pronta a prestar todo respeito aos outros. Nesse estado mental, a pessoa pode cantar o Santo Nome do Senhor constantemente". Entretanto, quando o Senhor soube que Nityananda Prabhu foi ferido por Jagai e Madhai, foi até o local imediatamente, furioso como o fogo, e queria matá-los. Assim o Senhor Chaitanya explicou Seu verso com o exemplo de Seu próprio comportamento. A pessoa tem que tolerar os insultos contra si mesma, mas quando ocorre uma blasfêmia cometida contra superiores como outros Vaishnavas, não deve ser humilde ou tolerante, mas deve ter a atitude apropriada para agir contra essa blasfêmia. Esse é o dever do servo de um guru e Vaishnavas. Qualquer um que entende o princípio da servidão eterna ao guru e Vaishnavas aprecia a ação de Sri Jiva Goswami em relação à vitória de um suposto erudito sobre seus gurus, Srila Rupa e Srila Sanatana Goswami.
Outra história fabricada para difamar Srila Jiva Goswami afirma que depois de compilar o Sri Chaitanya Charitamrita, Srila Krishnadasa Kaviraja Goswami mostrou o manuscrito a Jiva Goswami, o qual achou que arruinaria sua reputação como um grande erudito e por isso o atirou num poço. Srila Krishnadasa Kaviraja Goswami ficou muito chocado, e morreu imediatamente. Felizmente, uma cópia do manuscrito do Sri Chaitanya Charitamrita foi guardada por uma pessoa chamada Mukunda, por isso que foi possível publicá-lo depois. Esta história é outro exemplo vergonhoso de blasfêmia contra guru e Vaishnava. Esta história nunca pode ser aceita como verdadeira.
Segundo outra acusação, Srila Jiva Goswami não aprovava os princípios de parakiya-rasa em Vraja-dhama, por isso apoiava swakiya-rasa, por demonstrar que Radha e Krishna são casados eternamente. Na realidade, quando Jiva Goswami ainda era vivo, alguns de seus seguidores rejeitavam parakiya-rasa das gopis. Srila Jiva Goswami apoiou swakiya-rasa para o benefício espiritual deles, pois previu que os sahajiyas explorariam parakiya-rasa, como fazem no presente. Infelizmente, virou moda entre os sahajiyas de Vrindavana e Nabadwip, em seu deboche, achar um parceiro sexual sem casamento para viverem juntos e praticar o suposto serviço devocional em parakiya-rasa. Srila Jiva Goswami apoiou swakiya-rasa porque previu isso, e depois todos acharyas Vaishnavas também aprovaram. Srila Jiva Goswami nunca foi contra parakiya-rasa transcendental, nem nenhum outro Vaishnava desaprovou. Srila Jiva Goswami seguia fielmente seus gurus e Vaishnavas predecessores, Srila Rupa Goswami e Sanatana Goswami, e Srila Krishnadasa Kaviraja Goswami o aceita como um de seus gurus instrutores.

Verso 86

Por causa do desejo do jardineiro supremo, os ramos Srila Rupa Goswami e Sanatana Goswami cresceram múltiplas vezes, e se expandiram por todos países ocidentais e cobriram toda a região.

Verso 87

Esses dois ramos se expandiram até as fronteiras do rio Sindhu e os vales da cordilheira Himalaia por toda a Índia, inclusive os lugares de peregrinação como Vrindavana, Mathura e Haridwara.

Verso 88

Os frutos do amor ao Supremo que frutificaram nesses dois ramos foram distribuídos em abundância. Todos que experimentaram esses frutos ficaram loucos por eles.

Verso 89

As pessoas em geral do lado ocidental da Índia não são nem inteligentes nem bem comportadas, mas pela influência de Srila Rupa Goswami e Sanatana Goswami elas foram bem treinadas em serviço devocional e bom comportamento.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Apesar de não apenas no oeste da Índia que as pessoas foram contaminadas pela companhia dos islâmicos, é um fato que quanto mais para o oeste da Índia, mais se encontram pessoas afastadas da cultura védica. Até cinco mil anos atrás, quando o planeta inteiro estava sob o controle de Maharaja Parikshit, a cultura Védica era vigente em toda parte. Porém, gradualmente, as pessoas foram influenciadas pela cultura não Védica, e perderam a percepção de como se comportar em relação ao serviço devocional. Srila Rupa Goswami e Sanatana Goswami com muita compaixão pregaram o culto de bhakti no oeste da Índia, e vários propagadores do culto de Chaitanya seguem seus passos e propagam o movimento sankirtana nos países ocidentais e ensinam pelo exemplo pessoal os princípios do comportamento Vaishnava, assim purificam e melhoram muitas pessoas que anteriormente eram acostumadas à cultura dos mlecchas e yavanas. Todos nossos devotos dos países ocidentais abandonam seus maus hábitos de sexo ilícito, intoxicação, comer carne e jogos de azar. Claro que quinhentos anos atrás, essas práticas não eram conhecidas na Índia, pelo menos no leste da Índia, mas infelizmente, no presente, toda a Índia foi vítima desses princípios não Védicos, que em alguns casos são até apoiados pelo governo.

Verso 90

Segundo as direções das escrituras reveladas, os dois Goswamis escavaram os lugares de peregrinação perdidos e inauguraram a adoração às Deidades em Vrindavana.

Iluminação de Srila Prabhupada:
O local onde fica Sri Radha-kunda no presente era um campo agrícola no tempo de Chaitanya Mahaprabhu. Havia um pequeno reservatório de água lá, e Sri Chaitanya Mahaprabhu Se banhou naquela água assim revelou que o Radha-kunda original existia naquele lugar. Srila Rupa Goswami e Sanatana Goswami seguiram Suas instruções e restabeleceram Radha-kunda. Este é um exemplo brilhante de como os Goswamis escavaram os lugares de peregrinação perdidos. Similarmente, foi pela dedicação dos Goswamis que todos os templos importantes de Vrindavana foram estabelecidos. São sete templos originais Gaudiya Vaishnava mais importantes estabelecidos em Vrindavana, chamados, templo Madana-mohana, templo Govinda, templo Gopinatha, templo Sri Radharamana, templo Radha-Shyamasundara, templo Radha-Damodara e templo Gokulananda.

Verso 91

Srila Raghunatha Dasa Goswami, o quadragésimo sexto ramo da árvore, é um dos servos mais queridos do Senhor Chaitanya Mahaprabhu. Ele abandonou todas suas posses materiais para se render completamente ao Senhor e viver a Seus pés de lótus.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Srila Raghunatha Dasa Goswami provavelmente nasceu no ano 1416 shakabda (1495 d.C.) numa família kayastha como filho de Govardhana Majumdara, que era irmão mais novo do Zamindar da época, Hiranya Majumdara. Ele nasceu na vila chamada Sri Krishnapura. Há uma estação na ferrovia entre Calcutá e Burdwan chamada Trishabagha, a vila Sri Krishnapura fica a cerca de três quilômetros dela, onde ficava a casa dos pais de Sri Raghunatha Dasa Goswami. Tem um templo de Sri Sri Radha-Govinda até hoje lá. Há uma grande área aberta na frente do templo mas não tem nenhum salão grande para reuniões. Porém, um cavalheiro rico de Calcutá chamado Haricharana Ghosha, que morava no quarteirão Simla, restaurou o templo recentemente. O complexo do templo inteiro foi cercado por muros, e há um pequeno quarto no lado do templo com uma pequena plataforma onde Raghunatha Dasa Goswami adorava a Deidade. O moribundo rio Sarasvati passa ao lado do templo.
Os antepassados de Srila Raghunatha Dasa Goswami eram todos Vaishnavas e eram muito ricos. Seu mestre espiritual caseiro era Yadunandana Acharya. Apesar de Raghunatha Dasa ser chefe de família, não tinha apego por seu patrimônio e esposa. Como sabiam de sua tendência a fugir de casa, seu pai e seu tio contrataram guarda-costas especialmente para vigiá-lo, mas mesmo assim ele conseguiu escapar deles e foi embora para Jagannatha Puri encontrar Sri Chaitanya Mahaprabhu. Esse incidente aconteceu no ano 1439 shakabda (1518 d.C.). Raghunatha Dasa Goswami compilou três livros, chamados Stava-mala (ou Stavavali), Dana-charita e Muktacharita. Ele viveu muito. Viveu a maior parte de sua vida no Radha-kunda. O lugar onde Raghunatha Dasa Goswami realizava seu serviço devocional ainda existe no Radha-kunda. Ele quase parou de comer, por isso era esquelético e tinha saúde fraca. Sua única preocupação era cantar o Santo Nome do Senhor. Ele reduziu seu sono gradualmente até o ponto de quase não dormir. É dito que seus olhos estavam sempre cheios de lágrimas. Quando Srinivasa Acharya foi ver Raghunatha Dasa Goswami, o Goswami o abençoou ao abraçá-lo. Srinivasa Acharya pediu suas bênçãos para poder pregar na Bengala, e Srila Raghunatha Dasa Goswami o abençoou. O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika (186) afirma que Srila Raghunatha Dasa Goswami foi anteriormente a gopi chamada Rasa-mañjari. Às vezes se diz que ele era Rati-mañjari.

Verso 92

Quando Raghunatha Dasa Goswami se aproximou de Sri Chaitanya Mahaprabhu em Jagannatha Puri, o Senhor o confiou aos cuidados de Swarupa Damodara, Seu secretário. Assim os dois se dedicaram ao serviço confidencial do Senhor.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Esse serviço confidencial era o cuidado pessoal do Senhor. Swarupa Damodara, como Seu secretário pessoal, cuidava dos banhos, refeições, descanso e massagens do Senhor, e Raghunatha Dasa Goswami o ajudava. De fato, Raghunatha Dasa Goswami atuava como secretário assistente do Senhor.

Verso 93

Ele prestou serviço confidencial ao Senhor por dezesseis anos em Jagannatha Puri, depois da partida do Senhor e de Swarupa Damodara, deixou Jagannatha Puri e foi para Vrindavana.

Verso 94

Srila Raghunatha Dasa Goswami pensou em ir para Vrindavana a fim de ver os pés de lótus de Rupa e Sanatana, e depois deixar sua vida por pular da colina Govardhana.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Pular do cume da colina Govardhana é um sistema de suicídio realizado especialmente por pessoas santas. Depois da partida do Senhor Chaitanya e Swarupa Damodara, Raghunatha Dasa Goswami sentia profunda angústia da separação dessas duas personalidades exaltadas, por isso decidiu deixar sua vida por pular da colina Govardhana em Vrindavana. Porém, antes de fazer isso, ele queria ver os pés de lótus de Srila Rupa Goswami e Sanatana Goswami.

Verso 95

Srila Raghunatha Dasa Goswami veio então para Vrindavana, visitou Srila Rupa Goswami e Sanatana Goswami e prestou reverências a eles.

Verso 96

Os dois irmãos, entretanto, não permitiram que ele morresse. Eles o aceitaram como seu terceiro irmão e o mantiveram em sua companhia.

Verso 97

Como Raghunatha Dasa Goswami foi assistente de Swarupa Damodara, sabia muito sobre as características externas e internas dos passatempos do Senhor Chaitanya. Por isso os dois irmãos Rupa e Sanatana sempre ouviam isso dele.

Verso 98

Raghunatha Dasa Goswami abandonou gradualmente toda comida e bebida, e tomava apenas algumas gotas de leite desnatado.

Verso 99

Como dever diário, ele prestava regularmente mil reverências ao Senhor, cantava pelo menos cem mil Santos Nomes e prestava reverências a dois mil Vaishnavas.

Verso 100

Ele prestava serviço íntimo em sua mente a Radha-Krishna dia e noite, e discursava sobre o caráter do Senhor Chaitanya Mahaprabhu durante três horas por dia.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Temos muito que aprender sobre bhajana, ou adoração ao Senhor, por seguir os passos de Raghunatha Dasa Goswami. Todos os Goswamis se ocupavam nessas atividades transcendentais, como descreve o poema sobre eles de Srinivasa Acharya (krsnotkirtana-gana-nartana-parau premamrtambho-nidhi). A pessoa deve realizar serviço devocional com fidelidade por seguir os passos de Raghunatha Dasa Goswami, Srila Rupa Goswami e Sanatana Goswami, especialmente o cantar do Santo Nome do Senhor.

Verso 101

Sri Raghunatha Dasa Goswami tomava três banhos por dia no lago Radha-kunda. Logo que via um Vaishnava morador de Vrindavana, abraçava-o e prestava-lhe todo respeito.

Verso 102

Ele se dedicava ao serviço devocional por mais de vinte e duas horas e meia por dia, e dormia menos de duas horas, apesar de alguns dias isso também não era possível.

Verso 103

Fico maravilhado quando ouço sobre o serviço devocional que ele realizava. Eu aceito Srila Rupa Goswami e Raghunatha Dasa Goswami como meus guias.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Srila Krishnadasa Kaviraja Goswami aceita Raghunatha Dasa Goswami como seu guia especial. Por isso que ele diz no fim de cada capítulo, sri-rupa-raghunatha-pade yara asa caitanya-caritamrta kahe krsnadasa. Às vezes há o mal entendido de que usa a palavra raghunatha para prestar respeitosas reverências a Raghunatha Bhatta Goswami, porque às vezes se diz que Raghunatha Bhatta Goswami foi seu mestre espiritual iniciador. Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Goswami não aprova essa afirmação, ele não aceita Raghunatha Bhatta Goswami como mestre espiritual de Srila Krishnadasa Kaviraja Goswami.

Verso 104

Mais tarde darei uma explicação bem elaborada de como todos esses devotos encontraram Sri Chaitanya Mahaprabhu.

Verso 105

Sri Gopala Bhatta Goswami, o quadragésimo sétimo ramo, é um dos maiores e mais exaltados ramos da árvore. Ele estava sempre dedicado a conversas sobre o amor ao Supremo na companhia de Rupa Goswami e Sanatana Goswami.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Sri Gopala Bhatta Goswami era filho de Venkata Bhatta, um morador de Srirangam. Gopala Bhatta pertencia anteriormente à sucessão discipular do Ramanuja-sampradaya, mas depois se tornou membro do Gaudiya-sampradaya. No ano 1433 shakabda (1512 d.C.), quando o Senhor Chaitanya Mahaprabhu viajava pelo sul da Índia, permaneceu quatro meses durante o período de Chaturmasya na casa de Venkata Bhatta, que teve a oportunidade de servir o Senhor para a felicidade de seu coração. Gopala Bhatta também teve a oportunidade de servir o Senhor nessa época. Sri Gopala Bhatta Goswami foi iniciado depois por seu tio, o grande sannyasi Prabodhananda Sarasvati. Tanto o pai quanto a mãe de Gopala Bhatta Goswami eram extremamente afortunados, porque dedicaram suas vidas inteiras ao serviço do Senhor Chaitanya Mahaprabhu. Eles permitiram que Gopala Bhatta Goswami fosse para Vrindavana, e deixaram suas vidas com o pensamento em Sri Chaitanya Mahaprabhu. Quando o Senhor Chaitanya foi informado que Gopala Bhatta Goswami tinha ido para Vrindavana e encontrou Sri Rupa e Sanatana Goswami, ficou muito contente, e aconselhou Sri Rupa e Sanatana a aceitarem Gopala Bhatta Goswami como seu irmão mais novo e cuidarem dele. Sri Sanatana Goswami, por causa de seu grande afeto por Gopala Bhatta Goswami, compilou o Vaishnava smriti chamado Hari-bhakti-vilasa e o publicou em seu nome. Com as instruções de Srila Rupa e Sanatana, Gopala Bhatta Goswami instalou uma das sete Deidades principais de Vrindavana, a Deidade Radharamana. Os sevaits (sacerdotes) do templo Radharamana pertencem ao Gaudiya-sampradaya.
Quando Krishnadasa Kaviraja Goswami pediu a permissão de todos Vaishnavas antes de escrever o Sri Chaitanya Charitamrita, Gopala Bhatta Goswami também lhe deu suas bênçãos, mas pediu a ele que não mencionasse seu nome no livro. Por isso que Krishnadasa Kaviraja Goswami menciona Gopala Bhatta Goswami apenas com muita cautela em uma ou duas passagens do Sri Chaitanya Charitamrita. Srila Jiva Goswami escreveu no início de seu Tattva-sandarbha: "Um devoto do sul da Índia que nasceu numa família brâmane e era amigo íntimo de Rupa Goswami e Sanatana Goswami escreveu um livro que não compilou cronologicamente. Por isso que eu, um ser vivo insignificante conhecido como jiva, tento classificar os eventos do livro em ordem cronológica, com a consulta à direção de grandes personalidades como Madhwacharya, Sridhara Swami, Ramanujacharya e outros Vaishnavas superiores na sucessão discipular". Há uma afirmação similar no início do Bhagavat-sandarbha de Srila Jiva Goswami. Srila Gopala Bhatta Goswami compilou um livro chamado Sat-kriya-sara-dipika, editou o Hari-bhakti-vilasa, escreveu o prefácio do Sat-sandarbha e um comentário sobre o Krishna-karnamrita, e instalou a Deidade Radharamana em Vrindavana. O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika, verso 184, menciona que seu nome anterior nos passatempos do Senhor Krishna era Ananga-mañjari. Às vezes se diz que ele é uma encarnação de Guna-mañjari. Srinivasa Acharya e Gopinatha Pujari são dois de seus discípulos.

Verso 106

O acharya Shankararanya é considerado o quadragésimo oitavo ramo da árvore original. Os sub-ramos chamados Mukunda, Kashinatha e Rudra saem dele.

Iluminação de Srila Prabhupada:
É dito que Shankararanya era o nome sannyasa de Srila Visvarupa, irmão mais velho de Visvambhara (o nome original de Sri Chaitanya Mahaprabhu). Shankararanya faleceu no ano 1432 shakabda (1512 d.C.) em Sholapur, onde há um lugar de peregrinação conhecido como Panderapura. Isso é mencionado no Madhya-lila, Capítulo Nove, versos 299 e 300.
O Senhor Chaitanya Mahaprabhu abriu uma escola primária na casa de Mukunda, ou Mukunda Sanjaya, e o filho de Mukunda, cujo nome era Purushottama, se tornou aluno do Senhor. Kashinatha organizou o casamento do Senhor Chaitanya em Seu ashrama prévio, quando Seu nome era Visvambhara. Kashinatha convenceu o pandita (sábio) da corte, Sanatana, a oferecer sua filha a Visvambhara. O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika, verso 50, menciona que Kashinatha é uma encarnação do brâmane Kulaka, quem Satrajit enviou para tratar do casamento de Krishna com Satyabhama, e o verso 135 menciona que Rudra, ou Sri Rudrarama Pandita, foi anteriormente um amigo do Senhor Krishna chamado Varuthapa. Sri Rudrarama Pandita construiu um grande templo em Vallabhapura, que fica dois quilômetros ao norte de Mahesha, para as Deidades chamadas Radhavallabha. Os descendentes de seu irmão, Yadunandana Vandyopadhyaya, são conhecidos como Chakravarti Thakura, e são encarregados da manutenção do templo como sevaits. Antigamente, a Deidade Jagannatha vinha para o templo Radhavallabha por Mahesha durante o festival Ratha-yatra, mas no ano 1262 bengali (1855 d.C.), devido a um mal entendido entre os sacerdotes dos dois templos, a Deidade Jagannatha parou de vir.

Verso 107

Srinatha Pandita, o quadragésimo nono ramo, era o recipiente querido de toda misericórdia de Sri Chaitanya Mahaprabhu. Todos nos três mundos ficavam admirados de ver como ele adorava o Senhor Krishna.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Cerca de três quilômetros de Kumarahatta, ou Kamarhatta, que fica a poucos quilômetros de Calcutá, está a vila conhecida como Kanchadapada que era o lar de Sri Shivananda Sena. Ele construiu um templo de Sri Gaura-gopala lá. Um outro templo foi inaugurado lá com as murtis Sri Radha-Krishna por Srinatha Pandita. A Deidade desse templo se chama Sri Krishna Raya. O templo de Krishna Raya, construído no ano 1708 shakabda (1787 d.C.) por um Zamindar proeminente chamado Nimai Mullik de Pathuriya-ghata em Calcutá, é muito grande. Tem um grande pátio na frente do templo, e há quartos para hospedagem de visitantes e boa organização para preparação de prasada. Todo o pátio é cercado por muros altos, e o templo é tão grande quanto o templo de Mahesha. Tem uma placa com a inscrição dos nomes de Srinatha Pandita, seu pai e seu avô, e a data da construção do templo. Srinatha Pandita, um discípulo de Adwaita Prabhu, era mestre espiritual do terceiro filho de Shivananda Sena, que era conhecido como Paramananda Kavi-karnapura. É dito que a Deidade Krishna Raya foi instalada na época de Kavi-karnapura. É dito que Virabhadra Prabhu, o filho de Nityananda Prabhu, trouxe uma grande pedra de Murshidabad com a qual as três Deidades foram esculpidas, chamadas Radhavallabha vigraha de Vallabhapura, Shyamasundara vigraha de Khadadaha e Sri Krishna Raya vigraha de Kanchadapada. A casa de Shivananda Sena ficava na beira do Ganges perto dum templo quase em ruínas. É dito que o mesmo Nimai Mullik de Calcutá viu esse templo de Krishna Raya em ruínas no caminho para Benares e depois construiu o presente templo.

Verso 108

Jagannatha Acharya, o qüinquagésimo ramo da árvore de Chaitanya, é um servo extremamente querido pelo Senhor, por cuja ordem ele decidiu viver na margem do Ganges.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Jagannatha Acharya é mencionado no Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika (111) como o antigo Durvasa de Nidhuvana.

Verso 109

O qüinquagésimo primeiro ramo da árvore de Chaitanya é Krishnadasa Vaidya, o qüinquagésimo segundo é Pandita Shekhara, o qüinquagésimo terceiro é Kavichandra, e o qüinquagésimo quarto é Shasthivara, que era um grande realizador de sankirtana.

Iluminação de Srila Prabhupada:
O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika (171) menciona que Srinatha Mishra era a gopi Chitrangi e que Kavichandra era a gopi Manohara.

Verso 110

O qüinquagésimo quinto ramo é Srinatha Mishra, o qüinquagésimo sexto é Shubhananda, o qüinquagésimo sétimo é Srirama, o qüinquagésimo oitavo é Ishana, o qüinquagésimo nono é Srinidhi, o sexagésimo é Sri Gopikanta, e o sexagésimo primeiro é Mishra Bhagavan.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Shubhananda, que viveu em Vrindavana anteriormente como Malati, era um dos líderes de kirtana que dançava na frente do carro Ratha-yatra durante o festival de Jagannatha. É dito que ele comeu a espuma que saia da boca do Senhor quando Ele dançava na frente do carro Ratha-yatra. Ishana era servo pessoal de Srimati Shachidevi, que lhe concedeu grande misericórdia. Ele também era muito querido pelo Senhor Chaitanya Mahaprabhu.

Verso 111

O sexagésimo segundo ramo da árvore é Subuddhi Mishra, o sexagésimo terceiro é Hridayananda, o sexagésimo quarto é Kamala-nayana, o sexagésimo quinto é Mahesha Pandita, o sexagésimo sexto é Srikara, e o sexagésimo sétimo é Sri Madhusudana.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Subuddhi Mishra, que foi anteriormente Gunachuda em Vrindavana, instalou as Deidades Gaura-Nityananda num templo na vila conhecida como Belagan, que fica cerca de cinco quilômetros de Srikhanda. Seu descente atual é conhecido como Govindachandra Goswami.

Verso 112

O sexagésimo oitavo ramo da árvore original é Purushottama, o sexagésimo nono é Sri Galima, o septuagésimo é Jagannatha Dasa, o septuagésimo primeiro é Sri Chandrashekhara Vaidya, e o septuagésimo segundo é Dwija Haridasa.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Há um certa dúvida se Dwija Haridasa é o autor do Ashtottara-shata-nama. Ele teve dois filhos chamados Sridama e Gokulananda, que eram discípulos de Sri Adwaita Acharya. Sua vila, Kanchana-gadiya, fica a oito quilômetros da estação Bajarasau, a quinta estação a partir de Ajimaganja no distrito de Murshidabad, Bengala Ocidental.

Verso 113

O septuagésimo terceiro ramo da árvore original é Ramadasa, o septuagésimo quarto é Kavichandra, o septuagésimo quinto é Sri Gopala Dasa, o septuagésimo sexto é Bhagavatacharya, e o septuagésimo sétimo é Thakura Saranga Dasa.

Iluminação de Srila Prabhupada:
O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika (203) afirma: "Bhagavatacharya compilou um livro chamado Krishna-prema-tarangini, e era o devoto mais querido do Senhor Chaitanya Mahaprabhu". Quando o Senhor Sri Chaitanya Mahaprabhu visitou Varahanagara, um subúrbio de Calcutá, ficou na casa do brâmane mais afortunado que era muito erudito na literatura Bhagavata. Logo que o brâmane viu o Senhor Chaitanya Mahaprabhu, começou a ler o Srimad Bhagavatam. Quando Mahaprabhu ouviu sua explicação, que expunha bhakti-yoga, ficou imediatamente inconsciente de êxtase. O Senhor Chaitanya disse depois: "Nunca ouvi uma explicação tão boa do Srimad Bhagavatam. Por isso Eu o nomeio Bhagavatacharya. Seu único dever é recitar o Srimad Bhagavatam. Essa é uma ordem Minha". Seu nome verdadeiro era Raghunatha. Seu monastério, em Varahanagara, que fica cerca de seis quilômetros ao norte de Calcutá na beira do Ganges, ainda existe, e é administrado pelos discípulos iniciados por Sri Ramadasa Babaji. Atualmente, entretanto, não é tão bem administrado como na presença do Babaji Maharaja.
Outro nome de Thakura Saranga Dasa é Sarnga Thakura. Às vezes, ele também é chamado de Sarngapani ou Sarngadhara. Ele era morador de Nabadwip na vizinhança conhecida como Modadruma-dwipa, e adorava o Supremo Senhor num local reservado na beira do Ganges. Ele não aceitava nenhum discípulo, mas era inspirado repetidamente pela Suprema Personalidade de Deus de dentro do coração para fazer isso. Até que numa manhã decidiu: "A primeira pessoa que eu ver, tornarei minha discípula". Quando foi tomar seu banho no Ganges, viu por acaso um defunto que flutuava na água, e o tocou com seus pés. Isso fez com que o corpo ganhasse vida de imediato, e Thakura Saranga Dasa o aceitou como discípulo. Esse discípulo ficou famoso mais tarde como Thakura Murari, e seu nome é sempre associado ao de Sri Saranga. Sua sucessão discipular ainda habita a vila Sar. Há um templo em Mamagachi que dizem foi inaugurado por Sarnga Thakura. Não faz muito tempo, um novo prédio do templo foi erigido na frente duma árvore bakula lá, e agora é administrado pelos membros do Gaudiya Matha. É dito que a administração do templo é muito melhor agora do que antes. O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika (172) afirma que Saranga Thakura foi anteriormente a gopi chamada Nandimukhi. Alguns devotos dizem que ele foi anteriormente Prahlada Maharaja, mas Sri Kavi-karnapura afirma que seu pai Shivananda Sena, não aceita essa proposição.

Verso 114

O septuagésimo oitavo ramo da árvore original é Jagannatha Tirtha, o septuagésimo nono era o brâmane Sri Janakinatha, o octogésimo é Gopala Acharya, e o octogésimo primeiro é o brâmane Vaninatha.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Jagannatha Tirtha é um dos nove sannyasis principais companheiros do Senhor Chaitanya. Vaninatha Vipra era morador de Chanpahati, uma vila no distrito de Burdwan perto da cidade de Nabadwip, da delegacia de polícia de Purvasthali e da agência de correio de Samudragada. O templo de lá estava muito abandonado, mas foi restaurado no ano bengali 1328 (1921 d.C.) por Sri Paramananda Brahmachari, um dos discípulos de Sri Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura, que reorganizou o seva-puja (adoração no templo) e deixou o templo sob a direção do Sri Chaitanya Matha de Sri Mayapur. Hoje em dia no templo tem a Deidade de Sri Gaura-Gadadhara que é adorada estritamente conforme os princípios das escrituras reveladas. Chanpahati fica a três quilômetros tanto de Samudragada como da estação de Nabadwip da ferrovia oriental.

Verso 115

Os três irmãos Govinda, Madhava e Vasudeva são o octogésimo segundo, octogésimo terceiro e octogésimo quarto ramos da árvore. O Senhor Chaitanya e Nityananda dançavam quando eles faziam kirtana.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Os três irmãos Govinda, Madhava e Vasudeva Ghosa pertenciam a uma família kayastha. Govinda inaugurou o templo Gopinatha em Agradwipa, onde morava. Madhava Ghosa era um excelente líder de kirtana. Ninguém nos três mundos pode se comparar a ele. Ele era conhecido como o cantor de Vrindavana e era muito querido por Sri Nityananda Prabhu. É dito que quando os três irmãos faziam sankirtana, o Senhor Chaitanya e Nityananda dançavam em êxtase de imediato. Segundo o Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika (188), os três irmãos foram anteriormente as gopis Kalavati, Rasollasa e Gunatunga, que cantavam as canções compostas por Sri Vishakha-gopi. Os três irmãos faziam parte de um dos sete grupos que realizavam kirtana quando o Senhor Sri Chaitanya Mahaprabhu participava do festival Ratha-yatra em Jagannatha Puri. Vakresvara Pandita era o dançarino principal de seu grupo. Isso é descrito vividamente no Madhya-lila, Capítulo Treze, versos 42 e 43.

Verso 116

Ramadasa Abhirama estava profundamente absorto no sabor de amizade. Ele fez uma flauta de bambu com dezesseis nós.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Abhirama era morador de Khanakula-krishna-nagara.

Verso 117

Pela ordem de Sri Chaitanya Mahaprabhu, três devotos acompanharam o Senhor Nityananda Prabhu quando voltou para a Bengala para pregar.

Verso 118

Esses três são Ramadasa, Madhava Ghosa e Vasudeva Ghosa. Govinda Ghosa, porém, ficou com Sri Chaitanya Mahaprabhu em Jagannatha Puri e assim sentiu grande satisfação.

Verso 119

Bhagavatacharya, Chiranjiva, Sri Raghunandana, Madhavacharya, Kamalakanta e Sri Yadunandana são todos ramos da árvore de Chaitanya.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Sri Madhavacharya era esposo da filha do Senhor Nityananda, Gangadevi. Ele recebeu iniciação de Purushottama, um ramo de Nityananda Prabhu. É dito que quando a filha de Nityananda Prabhu casou com Madhavacharya, o Senhor lhe deu a vila chamada Panjinagara como dote. O templo de Madhavacharya fica perto da estação de Jirat na ferrovia oriental. Segundo o Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika (169), Sri Madhavacharya foi anteriormente a gopi chamada Madhavi. Kamalakanta pertencia ao tronco de Sri Adwaita Prabhu. Seu nome completo é Kamalakanta Visvasa.

Verso 120

Jagai e Madhai, o octogésimo nono e nonagésimo ramos da árvore, eram os grandes recipientes da misericórdia do Senhor Chaitanya. Esses dois irmãos são as testemunhas da prova de que o Senhor Chaitanya é corretamente chamado de Patita-pavana, "o libertador dos seres caídos".

Iluminação de Srila Prabhupada:
O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika (115) afirma que os dois irmãos Jagai e Madhai foram anteriormente os porteiros chamados Jaya e Vijaya, que depois se tornaram Hiranyaksha e Hiranyakashipu. Jagai e Madhai nasceram em famílias brâmanes respeitáveis, mas adotaram as profissões dos ladrões e bandidos, por isso se envolveram em todos tipos de atividades indesejáveis, especialmente caça a mulheres, intoxicação e jogos de azar. Mais tarde, pela graça do Senhor Chaitanya Mahaprabhu e Sri Nityananda Prabhu, foram iniciados, e tiveram a chance de cantar o maha-mantra Hare Krishna. Como resultado do cantar, os dois irmãos se tornaram devotos exaltados do Senhor Chaitanya Mahaprabhu. Os descendentes de Madhai existem até hoje, e são brâmanes respeitáveis. Os túmulos desses dois irmãos, Jagai e Madhai, ficam num lugar conhecido como Ghoshahata, ou Madhaitala-grama, que fica cerca de dois quilômetros ao sul de Katwa. É dito que Sri Gopicharana Dasa Babaji construiu um templo de Nitai-Gaura nesse local por volta de duzentos anos atrás.

Verso 121

Fiz uma breve descrição dos devotos do Senhor Chaitanya na Bengala. Na verdade, Seus devotos são inumeráveis.

Verso 122

Eu mencionei todos esses devotos especialmente porque eles acompanharam o Senhor Chaitanya Mahaprabhu na Bengala e Orissa, e O serviram de várias formas.

Iluminação de Srila Prabhupada:
A maioria dos devotos do Senhor Chaitanya viviam na Bengala e Orissa. Por isso são célebres como Oriyas e Gaudiyas. No presente, porém, pela graça do Senhor Chaitanya Mahaprabhu, Seu culto é propagado em todo o mundo, e é muito provável que na história futura do movimento do Senhor Chaitanya, europeus, americanos, canadenses, australianos, sul-americanos, asiáticos e pessoas de todo o mundo ficarão célebres como devotos do Senhor Chaitanya. A Sociedade Internacional para a Consciência de Krishna já construiu um grande templo em Mayapur, Nabadwip, que é visitado por devotos de todas as partes do mundo, como foi previsto pelo Senhor Chaitanya Mahaprabhu e antecipado por Sri Bhaktivinoda Thakura.

Verso 123

Agora vou descrever brevemente alguns devotos do Senhor Chaitanya Mahaprabhu em Jagannatha Puri.

Versos 124-126

Entre os devotos que acompanharam o Senhor em Jagannatha Puri, dois deles, Paramananda Puri e Swarupa Damodara, são a vida e a alma do Senhor. Entre outros devotos estão Gadadhara, Jagadananda, Shankara, Vakresvara, Damodara Pandita, Thakura Haridasa, Raghunatha Vaidya e Raghunatha Dasa.

Iluminação de Srila Prabhupada:
O Sri Chaitanya Bhagavata, Antya-lila, Capítulo Cinco, afirma que Raghunatha Vaidya veio ver Sri Chaitanya Mahaprabhu quando o Senhor estava em Panihati. Ele é um grande devoto e tem todas boas qualidades. Segundo o Sri Chaitanya Bhagavata, ele foi anteriormente Revati, a esposa de Balarama. Qualquer pessoa que ele olhasse, obtinha imediatamente a Consciência de Krishna. Ele vivia na praia em Jagannatha Puri e compilou um livro chamado Sthana-nirupana.

Verso 127

Todos esses devotos são companheiros do Senhor desde o começo, e quando o Senhor foi morar em Jagannatha Puri, eles permaneceram lá para servi-Lo fielmente.

Verso 128

Todos devotos que moravam na Bengala visitavam Jagannatha Puri todo ano para ver o Senhor.

Verso 129

Agora vou descrever os devotos da Bengala que foram os primeiros a virem para ver o Senhor em Jagannatha Puri.

Verso 130

Entre eles está Sarvabhauma Bhattacharya, um dos maiores ramos da árvore do Senhor, e o esposo de sua irmã, Sri Gopinatha Acharya.

Iluminação de Srila Prabhupada:
O nome original de Sarvabhauma Bhattacharya era Vasudeva Bhattacharya. O lugar de seu nascimento, conhecido como Vidyanagar, fica a cerca de quatro quilômetros da estação ferroviária de Nabadwip, ou estação Chanpahati. Seu pai era uma personalidade célebre chamado Mahesvara Visharada. É dito que Sarvabhauma Bhattacharya era o maior erudito em lógica da sua época na Índia. Ele foi aluno do grande professor Pakshadhara Mishra em Mithila, Bihar, que não permitia os alunos anotarem nenhuma de suas explicações sobre lógica. Sarvabhauma Bhattacharya, entretanto, era tão talentoso que aprendia as explicações de cor, e quando voltou para Nabadwip depois, fundou uma escola para o estudo de lógica, assim diminuiu a importância de Mithila. Estudantes da Índia inteira vinham para Nabadwip estudar lógica. Segundo algumas opiniões autorizadas, o célebre lógico Raghunatha Shiromani também foi aluno de Sarvabhauma Bhattacharya. De fato, Sarvabhauma Bhattacharya se tornou o principal de todos estudantes de lógica. Apesar de ser grihastha (devoto casado), ele ensinou muitos sannyasis sobre o conhecimento da lógica.
Ele inaugurou uma escola em Jagannatha Puri para o estudo da filosofia Vedanta, da qual também era grande erudito. Quando Sarvabhauma Bhattacharya encontrou Sri Chaitanya Mahaprabhu, aconselhou o Senhor a aprender filosofia Vedanta dele, mas depois se tornou aluno do Senhor Chaitanya Mahaprabhu para entender o verdadeiro significado do Vedanta. Sarvabhauma Bhattacharya era tão afortunado que viu a forma de seis braços do Senhor Chaitanya conhecida como Sadbhuja. Até hoje existe uma Deidade Sadbhuja que fica em um dos cantos do templo Jagannatha. A realização diária de sankirtana acontece nessa parte do templo. O encontro de Sarvabhauma Bhattacharya com o Senhor Chaitanya Mahaprabhu é descrito vividamente no Madhya-lila, Capítulo Seis. Sarvabhauma Bhattacharya escreveu um livro chamado Chaitanya-shataka. Em acréscimo aos cem versos desse livro, os versos que começam com as palavras vairagya-vidya-nija-bhakti-yoga e kalan nastam bhakti-yogam nijam yah são muito famosos entre os Gaudiyas Vaishnavas. O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika (119) afirma que Sarvabhauma Bhattacharya é uma encarnação de Brihaspati, o grande sábio erudito dos planetas celestiais.
Gopinatha Acharya, que pertencia a uma família brâmane respeitável, também era morador de Nabadwip e companheiro constante do Senhor. Como este verso do Sri Chaitanya Charitamrita menciona, ele era esposo da irmã de Sarvabhauma Bhattacharya. O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika (178) descreve que anteriormente ele foi a gopi chamada Ratnavali. Segundo outras opiniões, ele é uma encarnação de Brahma.

Verso 131

A lista dos devotos de Jagannatha Puri (que começa com Paramananda Puri, Swarupa Damodara, Sarvabhauma Bhattacharya e Gopinatha Acharya), Kashi Mishra é o quinto, Pradyumna Mishra o sexto e Bhavananda Raya o sétimo. O Senhor Chaitanya tinha muito prazer em encontrar com eles.

Iluminação de Srila Prabhupada:
O Senhor Chaitanya em Jagannatha Puri morava na casa de Kashi Mishra, que era o sacerdote do rei. Mais tarde, essa casa foi herdada por Vakresvara Pandita, e depois por seu discípulo Gopalaguru Goswami, que instalou lá uma Deidade de Radhakanta. O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika (193) afirma que Kashi Mishra foi anteriormente Kubja em Mathura. Pradyumna Mishra, morador de Orissa, era um grande devoto do Senhor Chaitanya Mahaprabhu. Pradyumna Mishra nasceu numa família brâmane e Ramananda Raya numa família não brâmane, mesmo assim o Senhor Chaitanya Mahaprabhu aconselhou Pradyumna Mishra a aprender os ensinamentos de Ramananda Raya. Esse incidente é descrito no Antya-lila, Capítulo Cinco.
Bhavananda Raya era o pai de Sri Ramananda Raya. Sua residência ficava em Alalanatha (Brahmagiri), que fica cerca de cinco quilômetros a oeste de Jagannatha Puri. Ele pertencia à comunidade karana de Orissa em termos de casta, cujos membros às vezes são chamados de kayasthas e outras vezes como shudras, mas ele era o governador de Madras sob o domínio do rei Prataparudra de Jagannatha Puri.

Verso 132

O Senhor abraçou Raya Bhavananda e declarou para ele: "Você apareceu anteriormente como Pandu, e seus cinco filhos apareceram como os Pandavas".

Verso 133

Os cinco filhos de Bhavananda Raya são Ramananda Raya, Pattanayaka Gopinatha, Kalanidhi, Sudhanidhi e Nayaka Vaninatha.

Verso 134

Sri Chaitanya Mahaprabhu disse a Bhavananda Raya: "Seus cinco filhos são todos Meus devotos queridos. Ramananda Raya e Eu somos um, apesar de nossos corpos serem diferentes".

Iluminação de Srila Prabhupada:
O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika (120-24) afirma que Ramananda Raya foi anteriormente Arjuna. Ele também é considerado uma encarnação da gopi Lalita, apesar de outras opiniões afirmarem que ele é uma encarnação de Vishakhadevi. Ele é o devoto mais confidencial do Senhor Chaitanya Mahaprabhu. Sri Chaitanya Mahaprabhu afirmou: "Apesar de Eu ser um sannyasi, Minha mente fica perturbada às vezes quando vejo uma mulher. Mas Ramananda Raya é muito melhor que Eu, porque nunca fica perturbado, mesmo quando toca numa mulher". Só Ramananda Raya tem essa prerrogativa de tocar numa mulher dessa forma, ninguém deve imitá-lo. Infelizmente, existem canalhas que imitam as atividades de Ramananda Raya. Não precisamos discuti-las mais.
Durante os passatempos finais do Senhor Chaitanya Mahaprabhu, Ramananda Raya e Swarupa Damodara sempre se dedicavam a recitar versos adequados do Srimad Bhagavatam para acalmar os sentimentos extáticos de separação de Krishna do Senhor. É dito que quando o Senhor Chaitanya Mahaprabhu foi para o sul da Índia, Sarvabhauma Bhattacharya O aconselhou a encontrar Ramananda Raya, e declarou que não havia nenhum devoto tão avançado na compreensão do amor conjugal de Krishna com as gopis. Quando viajou pelo sul da Índia, o Senhor Chaitanya encontrou Ramananda Raya na beira do Godavari, e em suas longas conversas, o Senhor assumiu a posição de aluno, e Ramananda Raya O instruía. Chaitanya Mahaprabhu concluiu essas conversas ao dizer: "Meu querido Ramananda Raya, tanto você quanto Eu somos loucos, por isso que nos encontramos intimamente no mesmo nível". O Senhor Chaitanya aconselhou Ramananda Raya a renunciar ao seu cargo no governo e voltar a Jagannatha Puri para viver com Ele. Apesar de Sri Chaitanya Mahaprabhu recusar um encontro com Maharaja Prataparudra por ele ser rei, Ramananda Raya, com um plano Vaishnava, organizou um encontro entre o Senhor e o rei. Isso é descrito no Madhya-lila, capítulo Doze, versos 41 a 57. Sri Ramananda Raya estava presente durante os jogos aquáticos do Senhor depois do festival Ratha-yatra.
O Senhor Chaitanya Mahaprabhu considerava Sri Ramananda Raya e Sri Sanatana Goswami como iguais em renúncia, apesar de Sri Ramananda Raya ser grihastha ocupado no serviço público e Sri Sanatana Goswami estar na ordem renunciada com desapego pleno das atividades materiais, os dois eram servos da Suprema Personalidade de Deus que mantinham Krishna no centro de todas suas atividades. Sri Ramananda Raya é uma das três e meia personalidades com quem Sri Chaitanya Mahaprabhu discutia os tópicos mais confidenciais da Consciência de Krishna (ver verso 137 adiante neste mesmo capítulo). O Senhor Chaitanya Mahaprabhu aconselhou Pradyumna Mishra a aprender a ciência de Krishna com Sri Ramananda Raya. Do mesmo modo como Subala sempre ajuda Krishna em Seu relacionamento com Radharani no krishna-lila, Ramananda Raya ajudava o Senhor Chaitanya Mahaprabhu em Seus sentimentos de separação de Krishna. Sri Ramananda Raya é o autor de Jagannatha-vallabha-nataka.

Versos 135-136

O rei Prataparudra de Orissa, os devotos oriya Krishnananda e Shivananda, Paramananda Mahapatra, Bhagavan Acharya, Brahmananda Bharati, Sri Shikhi Mahiti e Murari Mahiti acompanhavam Chaitanya Mahaprabhu constantemente quando Ele viveu em Jagannatha Puri.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Prataparudra Maharaja, que pertencia à dinastia dos reis Ganga e cuja capital é Chuttak, era o imperador de Orissa e um grande devoto do Senhor Chaitanya Mahaprabhu. Foi pelo arranjo de Ramananda Raya e Sarvabhauma Bhattacharya que ele pôde servir o Senhor Chaitanya. O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika (118) afirma que o rei Indradyumna, que construiu o templo de Jagannatha milhares de anos atrás, mais tarde nasceu novamente em sua própria família como Maharaja Prataparudra durante a época de Sri Chaitanya Mahaprabhu. Maharaja Prataparudra era tão poderoso quanto o rei Indra. A peça de teatro chamada Chaitanya-chandrodaya foi escrita sob sua direção.
No Sri Chaitanya Bhagavata, Antya-lila, Capítulo Cinco, Paramananda Mahapatra é descrito como se segue: "Paramananda Mahapatra estava entre os devotos que nasceram em Orissa e aceitaram Chaitanya Mahaprabhu como seu único bem. Ele sempre pensava em Chaitanya Mahaprabhu no êxtase do amor conjugal". Bhagavan Acharya, um catedrático muito erudito, morava em Halisahara, mas deixou tudo para viver com Chaitanya Mahaprabhu em Jagannatha Puri. Sua relação com Chaitanya Mahaprabhu era de amizade, como a de um menino pastor de vacas. Ele era muito amigo de Swarupa Gosañi, mas era fielmente devotado aos pés de lótus do Senhor Chaitanya Mahaprabhu. Ele convidou Chaitanya Mahaprabhu para sua casa algumas vezes.
Bhagavan Acharya era muito liberal e simples. Seu pai, Shatananda Khan, era totalmente materialista, e seu irmão mais novo, Gopala Bhattacharya, era um filósofo Mayavadi convicto que estudou minuciosamente. Quando seu irmão veio para Jagannatha Puri, Bhagavan Acharya queria ouvir dele sobre filosofia Mayavada, mas Swarupa Damodara o proibiu de fazer isso, e o assunto foi encerrado. Certa vez, um amigo de Bhagavan Acharya da Bengala queria recitar o texto duma peça de sua autoria que era contra os princípios do serviço devocional, apesar de Bhagavan Acharya querer recitar a peça para o Senhor Chaitanya Mahaprabhu, Swarupa Damodara, o secretário do Senhor, não permitiu. Mais tarde, Swarupa Damodara apontou vários erros e divergências na peça contra a conclusão do serviço devocional, o autor tomou conhecimento das falhas em sua composição, depois se rendeu a Swarupa Damodara, e implorou por sua misericórdia. Isso é descrito no Antya-lila, Capítulo Cinco, versos 91 a 158.
O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika, verso 189, afirma que Shikhi Mahiti foi anteriormente uma assistente de Srimati Radharani chamada Ragalekha. Sua irmã Madhavi também era assistente de Srimati Radharani e se chamava Kalakeli. Shikhi Mahiti, Madhavi e seu irmão Murari Mahiti eram todos devotos puros de Sri Chaitanya Mahaprabhu que não podiam esquecê-Lo nem por um momento em suas vidas. Tem um livro na língua Oriya chamado Chaitanya-charita-mahakavya no qual há narrações sobre Shikhi Mahiti. Uma das narrações é quando ele teve um sonho extático. Shikhi Mahiti estava sempre dedicado a servir o Senhor em sua mente. Uma noite, quando prestava esse serviço, caiu no sono, e seu irmão e irmã vieram despertá-lo enquanto dormia. Nesse momento, ele estava em pleno êxtase porque teve um sonho maravilhoso que o Senhor Chaitanya, quando visitava o templo de Jagannatha, entrava e saía repetidas vezes do corpo de Jagannatha, e olhava para a Deidade de Jagannatha. Assim que acordou, abraçou seu irmão e irmã e os informou: "Meus queridos irmão e irmã, tive um sonho maravilhoso que vou explicar a vocês. As atividades do Senhor Chaitanya Mahaprabhu, o filho da mãe Shachi, são com certeza maravilhosas. Eu vi que o Senhor Chaitanya Mahaprabhu, quando visitava o templo de Jagannatha, entrava no corpo de Jagannatha e saia de Seu corpo de novo. Eu ainda vejo esse mesmo sonho. Vocês acham que eu estou enlouquecido? Eu ainda vejo o mesmo sonho! E o mais maravilhoso é que quando chego perto de Chaitanya Mahaprabhu, Ele me abraça com Seus longos braços". Enquanto falava dessa forma a seu irmão e irmã, a voz de Shikhi Mahiti ficou embargada, e as lágrimas encheram seus olhos. Então, os irmãos e a irmã foram ao templo de Jagannatha, e viram o Senhor Chaitanya no Jagamohana (o salão de kirtana no templo de Jagannatha), que olhava para a bela Deidade de Sri Jagannatha da mesma forma que no sonho de Shikhi Mahiti. O Senhor era tão magnânimo que abraçou Shikhi Mahiti imediatamente, e exclamou: "Você é o irmão mais velho de Murari"! Ao receber esse abraço, Shikhi Mahiti sentiu a bem-aventurança transcendental extática. Assim, ele com seu irmão e sua irmã sempre se dedicavam a prestar serviço ao Senhor. Murari Mahiti, o irmão mais novo de Shikhi Mahiti, é descrito no Madhya-lila, Capítulo Dez, verso 44.

Verso 137

Madhavidevi, a décima sétima dos devotos proeminentes, é a irmã mais nova de Shikhi Mahiti. Ela é considerada uma das servas de Srimati Radharani anteriormente.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Há uma descrição de Madhavidevi no Antya-lila do Sri Chaitanya Charitamrita, Capítulo Dois, versos 104 a 106. Sri Chaitanya Mahaprabhu a considerava como uma das servas de Srimati Radharani. Aqui neste mundo, Chaitanya Mahaprabhu teve três e meio servos muito íntimos. Os três são Swarupa Gosañi, Sri Ramananda Raya e Shikhi Mahiti, e a irmã de Shikhi Mahiti, Madhavidevi, como é mulher, é considerada metade. Por isso se diz que Sri Chaitanya Mahaprabhu teve três e meio devotos confidenciais.

Verso 138

Brahmachari Kashisvara era discípulo de Isvara Puri, e Sri Govinda era outro de seus discípulos queridos.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Govinda é o servo pessoal de Sri Chaitanya Mahaprabhu. O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika, verso 137, afirma que os servos que se chamavam anteriormente Bhringara e Bhangura em Vrindavana se tornaram Kashisvara e Govinda nos passatempos de Chaitanya Mahaprabhu. Govinda sempre se dedicava ao serviço do Senhor, mesmo com alto risco.

Verso 139

Na lista dos devotos proeminentes de Nilachala (Jagannatha Puri), Kashisvara é o décimo oitavo e Govinda o décimo nono. Os dois vieram ver Chaitanya Mahaprabhu em Jagannatha Puri, como foram ordenados por Isvara Puri durante seu falecimento.

Verso 140

Tanto Kashisvara quanto Govinda eram irmãos espirituais de Sri Chaitanya Mahaprabhu, por isso o Senhor os honrou logo que chegaram. Mas porque Isvara Puri ordenou aos dois para prestarem serviço a Chaitanya Mahaprabhu, o Senhor aceitou o serviço deles.

Verso 141

Govinda cuidava do corpo de Sri Chaitanya Mahaprabhu, enquanto Kashisvara andava na frente do Senhor quando Ele ia ver Jagannatha no templo.

Verso 142

Quando Chaitanya Mahaprabhu ia para o templo de Jagannatha, Kashisvara, como era muito forte, abria o caminho através da multidão com suas mãos para que Chaitanya Mahaprabhu pudesse passar sem ser tocado.

Verso 143

Ramai e Nandai, o vigésimo e vigésimo primeiro entre os devotos importantes de Jagannatha Puri, sempre ajudavam Govinda vinte e quatro horas por dia na prestação de serviço ao Senhor.

Verso 144

Todos os dias, Ramai enchia vinte e dois grandes potes de água, enquanto Nandai ajudava Govinda pessoalmente.

Iluminação de Srila Prabhupada:
O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika (139) afirma que os dois servos que forneciam leite e água para o Senhor Krishna se tornaram Ramai e Nandai nos passatempos de Chaitanya Mahaprabhu.

Verso 145

O vigésimo segundo devoto, Krishnadasa, nasceu numa família brâmane pura e respeitável. Quando viajou para o sul da Índia, o Senhor Chaitanya levou Krishnadasa com Ele.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Krishnadasa é descrito no Madhya-lila, Capítulos Sete e Nove. Ele foi com Sri Chaitanya Mahaprabhu para carregar Seu pote de água. No estado de Malabar, membros do culto Bhattathari tentaram cativar Krishnadasa por mandarem uma mulher seduzi-lo, mas apesar de Sri Chaitanya Mahaprabhu salvá-lo do dano, quando voltaram para Jagannatha Puri, Ele pediu a Krishnadasa para ficar lá, pois o Senhor nunca Se dispunha favoravelmente a um companheiro que tivesse atração por mulher. Assim, Krishnadasa perdeu a companhia pessoal do Senhor Chaitanya Mahaprabhu.

Verso 146

Como é um devoto autêntico, Balabhadra Bhattacharya, o vigésimo terceiro companheiro principal, atuou como o brahmacari de Sri Chaitanya Mahaprabhu quando Ele viajou para Mathura.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Balabhadra Bhattacharya atuou como um brahmacari, ou ajudante pessoal de um sannyasi. Um sannyasi não deve cozinhar. Geralmente, um sannyasi toma prasada na casa de um grihastha, e o brahmachari o ajuda nesse sentido. O sannyasi é considerado mestre espiritual e o brahmachari seu discípulo. Balabhadra Bhattacharya atuou como brahmacari de Sri Chaitanya Mahaprabhu quando o Senhor viajou para Mathura e Vrindavana.

Verso 147

Bada Haridasa e Chota Haridasa, o vigésimo quarto e vigésimo quinto devotos em Nilachala, eram bons cantores que sempre acompanhavam o Senhor Chaitanya.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Chota Haridasa foi banido da companhia do Senhor Chaitanya Mahaprabhu como afirma o Antya-lila, Capítulo Dois.

Verso 148

Entre os devotos que viveram com o Senhor Chaitanya Mahaprabhu em Jagannatha Puri, Ramabhadra Acharya é o vigésimo sexto, Simhesvara o vigésimo sétimo, Tapana Acharya o vigésimo oitavo, Raghunatha o vigésimo nono e Nilambara o trigésimo.

Verso 149

Singabhatta é o trigésimo primeiro, Kamabhatta o trigésimo segundo e Kamalananda o trigésimo quarto. Todos eles serviram Sri Chaitanya Mahaprabhu antes na Bengala, mas depois esses servos deixaram a Bengala para viver com o Senhor em Jagannatha Puri.

Verso 150

Achyutananda, o trigésimo primeiro, era filho de Adwaita Acharya. Ele também viveu com o Senhor Chaitanya, ao se abrigar em Seus pés de lótus em Jagannatha Puri.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Há uma afirmação sobre Achyutananda no Capítulo Doze, verso 13, do Adi-lila.

Verso 151

Nirloma Gangadasa e Vishnudasa são o trigésimo sexto e trigésimo sétimo entre os devotos que viveram em Jagannatha Puri como servos de Sri Chaitanya Mahaprabhu.

Versos 152-154

Os devotos proeminentes de Varanasi são o médico Chandrashekhara, Tapana Mishra e Raghunatha Bhattacharya, filho de Tapana Mishra. Quando o Senhor Chaitanya veio para Varanasi depois de visitar Vrindavana, ficou durante dois meses na casa de Chandrashekhara Vaidya e aceitou prasada na casa de Tapana Mishra.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Quando Sri Chaitanya Mahaprabhu estava na Bengala, Tapana Mishra se aproximou Dele para discutir sobre o avanço espiritual. Assim foi favorecido pelo Senhor Chaitanya Mahaprabhu e recebeu iniciação hari-nama. Depois disso, pela ordem do Senhor, Tapana Mishra foi morar em Varanasi, e quando o Senhor Chaitanya visitou Varanasi, ficou na casa de Tapana Mishra.

Verso 155

Quando Sri Chaitanya Mahaprabhu ficou na casa de Tapana Mishra, Raghunatha Bhatta, que era uma criança na época, lavava Seus pratos e massageava Suas pernas.

Verso 156

Quando Raghunatha se tornou um homem jovem, foi visitar o Senhor Chaitanya Mahaprabhu em Jagannatha Puri e ficou lá por oito meses. Ele ofereceu prasada algumas vezes para o Senhor.

Verso 157

Mais tarde, pela ordem do Senhor Chaitanya, Raghunatha foi para Vrindavana e ficou lá sob o abrigo de Srila Rupa Goswami.

Verso 158

Quando ficou com Srila Rupa Goswami, sua ocupação era recitar o Srimad Bhagavatam para ele ouvir. Como resultado de seu recitar do Srimad Bhagavatam, alcançou o amor perfeito por Krishna, com o qual ficou enlouquecido para sempre.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Raghunatha Bhattacharya, ou Raghunatha Bhatta Goswami, um dos seis Goswamis, era filho de Tapana Mishra. Nasceu aproximadamente no ano 1425 shakabda (1504 d.C.), era perito em recitar o Srimad Bhagavatam, e o Antya-lila, Capítulo Treze, descreve que ele também era um exímio cozinheiro, tudo que ele cozinhava era como néctar. Sri Chaitanya Mahaprabhu ficava muito contente em aceitar a comida que ele cozinhava, e Raghunatha Bhatta costumava comer os restos da comida deixada por Sri Chaitanya Mahaprabhu. Raghunatha Bhattacharya viveu oito meses em Jagannatha Puri, depois o Senhor Chaitanya o mandou ir para Vrindavana para encontrar Sri Rupa Goswami. Sri Chaitanya Mahaprabhu pediu a Raghunatha Bhattacharya para não se casar e permanecer brahmachari, também mandou que ele lesse o Srimad Bhagavatam constantemente. Assim ele foi para Vrindavana, onde se ocupou em recitar o Srimad Bhagavatam para Srila Rupa Goswami. Ele era tão bom em recitar o Srimad Bhagavatam que recitava cada e todo verso em três tons melodiosos. Quando Raghunatha Bhatta Goswami morou com Sri Chaitanya Mahaprabhu, o Senhor o abençoou ao lhe dar nozes de bétel oferecidas à Deidade Jagannatha e um colar de flores de Tulasi que tinha quase dez metros de comprimento. Um dos discípulos de Raghunatha Bhatta Goswami construiu o templo Govinda sob sua direção. Raghunatha Bhatta Goswami forneceu todos os ornamentos da Deidade Govinda. Ele nunca falava futilidades ou assuntos mundanos mas sempre se dedicava a ouvir sobre Krishna vinte e quatro horas por dia. Ele nunca considerava uma blasfêmia contra qualquer Vaishnava. Mesmo se houvesse motivo para crítica, ele dizia que todos Vaishnavas estão dedicados ao serviço do Senhor por isso não se importava com suas faltas. Mais tarde, Raghunatha Bhatta Goswami morou numa pequena cabana no Radha-kunda. O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika, verso 185, afirma que Raghunatha Bhatta Goswami foi anteriormente a gopi chamada Raga-mañjari.

Verso 159

Eu citei dessa forma apenas uma pequena parte dos inumeráveis devotos do Senhor Chaitanya. É impossível descrever todos eles.

Verso 160

De cada ramo da árvore cresceram centenas de milhares de sub-ramos de discípulos e discípulos netos.

Iluminação de Srila Prabhupada:
O desejo do Senhor Chaitanya Mahaprabhu é que Seu culto fosse propagado por todo o mundo. Por isso há uma grande necessidade de muitos e muitos discípulos dos ramos de Sri Chaitanya Mahaprabhu na sucessão discipular. Seu culto deve ser propagado não apenas em algumas vilas, ou na Bengala, ou na Índia, mas por todo o mundo. É muito lamentável que supostos devotos complacentes criticam os membros da Sociedade Internacional para a Consciência de Krishna por aceitarem sannyasa e propagarem o culto do Senhor Chaitanya por todo o mundo. Não é da nossa conta criticar ninguém, mas porque eles tentam encontrar falhas neste movimento, a verdade real tem que ser dita. Sri Chaitanya Mahaprabhu queria os devotos por todo o mundo, e Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura e Srila Bhaktivinoda Thakura também confirmaram isso. Para satisfazer a vontade deles é que o movimento ISKCON se espalhou por todo o mundo. Os devotos genuínos do Senhor Chaitanya Mahaprabhu devem ter orgulho de propagar o movimento da consciência de Krishna em vez de criticar destrutivamente seu trabalho de propaganda.

Verso 161

Cada ramo e sub-ramo da árvore são repletos de frutos e flores inumeráveis. Eles inundam o mundo com as águas do amor por Krishna.

Verso 162

Cada e todo ramo dos devotos de Sri Chaitanya Mahaprabhu tem poder e glória espirituais ilimitados. Mesmo se alguém tiver milhares de bocas, será impossível descrever os limites de suas atividades.

Verso 163

Eu descrevi brevemente os devotos do Senhor Chaitanya Mahaprabhu em diferentes locais. Mesmo o Senhor Shesha, que tem milhares de bocas, não conseguiria listá-los.

Verso 164

Rogo aos pés de lótus de Sri Rupa e Sri Raghunatha, pois sempre desejo sua misericórdia, assim eu, Krishnadasa, narro o Sri Chaitanya Charitamrita, por seguir seus passos.

Assim terminam os significados Bhaktivedanta do Sri Chaitanya Charitamrita, Adi-lila, Décimo Capítulo, sobre o assunto do tronco principal da árvore de Chaitanya, seus ramos e seus sub-ramos.

 

Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga

Nitai Gaura Hari Bol

Sri Chaitanya Charitamrita, Adi-lila, Capítulo Onze

de
Sua Divina Graça
Sri Srimad Bhaktivedanta Swami Maharaj Prabhupada
Paramahamsa Thakura Mahashaya

 

As Expansões do Senhor Nityananda

Da mesma forma como os ramos e sub-ramos do Senhor Chaitanya Mahaprabhu são descritos no Décimo Capítulo, os ramos e sub-ramos de Sri Nityananda Prabhu são citados neste Décimo Primeiro Capítulo.

Verso 1

Depois de prestar minhas reverências a todos devotos de Sri Nityananda Prabhu, que são como abelhas que coletam o mel de Seus pés de lótus, tentarei descrever aqueles que são os mais proeminentes.

Verso 2

Todas as glórias a Sri Chaitanya Mahaprabhu! Qualquer pessoa que se abrigou em Seus pés de lótus é gloriosa.

Verso 3

Todas as glórias a Sri Adwaita Prabhu, Nityananda Prabhu e todos devotos do Senhor Chaitanya Mahaprabhu!

Verso 4

Sri Nityananda Prabhu é o tronco mais elevado da árvore indestrutível do amor eterno ao Supremo, Sri Krishna Chaitanya Mahaprabhu. Presto minhas respeitosas reverências a todos sub-ramos deste tronco mais elevado.

Verso 5

Sri Nityananda Prabhu é um tronco extremamente pesado da árvore de Sri Chaitanya. Muitos ramos e sub-ramos crescem deste tronco.

Verso 6

Regados pelo desejo de Sri Chaitanya Mahaprabhu, esses ramos e sub-ramos cresceram sem limite e cobriram o mundo inteiro com frutos e flores.

Verso 7

Esses ramos e sub-ramos dos devotos são inumeráveis e ilimitados. Quem pode contá-los? Para minha purificação pessoal, vou tentar enumerar apenas os mais proeminentes entre eles.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Não se deve escrever livros ou ensaios sobre matéria transcendental com a finalidade de obter nome, fama ou lucro. Literatura transcendental tem que ser escrita sob a direção da autoridade superior porque não se destina a propósitos materiais. Se a pessoa tentar escrever sob a guia da autoridade superior, será purificada. Todas atividades da Consciência de Krishna devem ser feitas para a purificação pessoal (apana sodhite), não para ganho pessoal.

Verso 8

Depois de Nityananda Prabhu, o maior ramo é Virabhadra Gosañi, que também tem inumeráveis ramos e sub-ramos. Não é possível descrever todos eles.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura descreve Virabhadra Gosañi como filho direto de Srila Nityananda Prabhu e um discípulo de Jahnava-devi. Sua mãe verdadeira é Vasudha. O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika, verso 67, diz que ele é uma encarnação de Kshirodakashayi Vishnu. Portanto, Virabhadra Gosañi não é diferente de Sri Krishna Chaitanya Mahaprabhu. Na vila chamada Jhamatapura, no distrito de Hugali, Virabhadra Gosañi tinha um discípulo chamado Yadunathacharya, que teve duas filhas, uma filha biológica chamada Srimati e uma filha adotiva chamada Narayani. Essas duas filhas casaram, e são mencionadas no Bhakti-ratnakara (Décima Terceira Onda). Virabhadra Gosañi teve três discípulos que são célebres como seus filhos, Gopijana-vallabha, Ramakrishna e Ramachandra. O mais novo, Ramachandra, pertencia à dinastia Shandilya e tinha o sobrenome Vatavyala. Ele estabeleceu sua família em Khadadaha, e seus membros são conhecidos como os goswamis de Khadadaha. O discípulo mais velho, Gopijana-vallabha, morava na vila conhecida como Lata, perto da estação ferroviária de Manakara no distrito de Burdwan. O segundo, Ramakrishna, morava perto de Maladaha, numa vila chamada Gayeshapura. Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura observa que como esses três discípulos pertenciam a diferentes gotras, ou dinastias, também tinham sobrenomes diferentes e moravam em lugares diferentes, não é possível aceitá-los como filhos verdadeiros de Virabhadra Gosañi. Ramachandra teve quatro filhos, dos quais o mais velho é Radhamadhava, cujo terceiro filho se chamava Yadavendra. O filho de Yadavendra é Nandakishora, seu filho é Nidhikrishna, seu filho é Chaitanyachanda, seu filho é Krishnamohana, seu filho é Jaganmohana, seu filho é Vrajanatha, e seu filho é Shyamalala Goswami. Esta é a árvore genealógica dada por Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura dos descendentes de Virabhadra Gosañi.

Verso 9

Apesar de Virabhadra Gosañi ser a Suprema Personalidade de Deus, Ele Se apresentou como um grande devoto. E apesar do Supremo Senhor ser transcendental a todas as leis Védicas, Ele seguia estritamente todos os rituais Védicos.

Verso 10

Ele é o pilar principal da assembléia do serviço devocional erigida por Sri Chaitanya Mahaprabhu. Ele sabia intimamente que agia como o Supremo Senhor Vishnu, mas externamente Ele não tinha orgulho.

Verso 11

Unicamente pela misericórdia gloriosa de Sri Virabhadra Gosañi que as pessoas em todo o mundo agora têm a chance de cantar os nomes de Chaitanya e Nityananda.

Verso 12

Por isso eu me abrigo nos pés de lótus de Virabhadra Gosañi para que por Sua misericórdia meu desejo intenso de escrever o Sri Chaitanya Charitamrita tenha a orientação adequada.

Verso 13

Dois devotos do Senhor Chaitanya, chamados Sri Ramadasa e Gadadhara Dasa, sempre viveram com Sri Virabhadra Gosañi.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Sri Ramadasa, conhecido depois como Abhirama Thakura, é um dos doze gopalas, meninos pastores de vacas amigos, de Sri Nityananda Prabhu. O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika, verso 126, afirma que Sri Ramadasa foi anteriormente Sridama. Há uma descrição no Bhakti-ratnakara (Quarta Onda) sobre Srila Abhirama Thakura. Por ordem de Sri Nityananda Prabhu, Abhirama Thakura se tornou um grande acharya e pregador do culto do serviço devocional de Chaitanya. Ele era uma personalidade muito influente, e os não devotos tinham muito medo dele. Pelo poder de Sri Nityananda Prabhu, ele estava sempre em êxtase e tinha extrema compaixão por todos os seres caídos. É dito que se ele prestasse reverências a uma pedra que não fosse shalagrama-shila, ela quebrava imediatamente.

Dezesseis quilômetros ao sul da ferrovia da estação Chanpadanga na linha estreita da estrada de ferro de Howrah, em Calcutá, para Amta, uma vila no distrito Hugali, há uma pequena cidade chamada Khanakula-krishnanagara, onde fica o templo de Abhirama Thakura. Na estação das chuvas essa área fica inundada, então as pessoas têm que ir para lá por outra linha, que agora se chama ferrovia do sudeste. Há uma estação nessa linha chamada Kolaghata, onde se vai de barco a vapor para Ranichaka. Doze quilômetros ao norte de Ranichaka fica Khanakula. O templo de Abhirama Thakura fica em Krishnanagara, que fica perto do kula (margem) do Khana (rio Dwarakesvara), por isso esse lugar é famoso como Khanakula-krishnanagara. Tem uma árvore bakula fora do templo. Esse local é conhecido como Siddha-bakula-kunja. É dito que quando Abhirama Thakura ia lá, ficava sentado em baixo dessa árvore. Em Khanakula-krishnanagara há uma grande feira anual no mês de Chaitra (março-abril) no krishna-saptami, sétimo dia da lua nova (crescente). Muitas centenas de milhares de pessoas participam desse festival. O templo de Abhirama Thakura tem uma história antiga. A Deidade no templo é conhecida como Gopinatha. Há muitas famílias sevaita que vivem perto do templo. É dito que Abhirama Thakura tinha um chicote e quem quer que ele tocasse com esse chicote, imediatamente se tornava um devoto elevado de Krishna. Entre seus muitos discípulos, Sriman Srinivasa Acharya é o mais famoso e o mais querido, mas há dúvidas se ele era seu discípulo iniciado.

Versos 14-15

Quando Nityananda Prabhu recebeu a ordem de ir pregar na Bengala, esses dois devotos [Sri Ramadasa e Gadadhara Dasa] receberam a ordem de ir com Ele. Por isso que às vezes eles são contados entre os devotos do Senhor Chaitanya e outras vezes como devotos do Senhor Nityananda. Similarmente, Madhava e Vasudeva Ghosha pertencem aos dois grupos de devotos simultaneamente.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Tem um lugar chamado Danihata, perto da estação ferroviária de Agradwipa e Patuli no distrito de Burdwan, onde fica a Deidade de Sri Gopinathaji. Essa Deidade considerava Govinda Ghosha como Seu pai. Até hoje, a Deidade realiza a cerimônia de shraddha no aniversário da morte de Govinda Ghosha. O templo dessa Deidade é administrado pela família raja-vamsha de Krishnanagara, cujos membros são descendentes de Raja Krishnachandra. Todo ano no mês de Vaishakha, quando há a cerimônia baradola, a Deidade Gopinatha é levada para Krishnanagara. A cerimônia é realizada com outras onze Deidades, e depois Sri Gopinathaji é trazido de volta para o templo em Agradwipa.

Verso 16

Ramadasa, um dos ramos principais, é repleto de amor fraternal pelo Supremo. Ele fez uma flauta com um bambu de dezesseis nós.

Verso 17

Srila Gadadhara Dasa estava sempre profundamente absorto no êxtase como uma gopi. O Senhor Nityananda encenou a peça Danakeli em sua casa.

Verso 18

Sri Madhava Ghosha era um dos líderes de kirtana principais. Quando ele cantava, Nityananda Prabhu dançava.

Verso 19

Quando Vasudeva Ghosha liderava o kirtana, que descrevia o Senhor Chaitanya e Nityananda, até mesmo madeira e pedra derretiam ao ouvir.

Verso 20

Há muitas atividades extraordinárias realizadas por Murari, um grande devoto do Senhor Chaitanya Mahaprabhu. Algumas vezes absorto em êxtase, ele esbofeteava a face dum tigre, e outras vezes, brincava com uma serpente venenosa.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Murari Chaitanya Dasa nasceu na vila Sar-vrindavana-pura, que fica a três quilômetros da estação Galashi da ferrovia Burdwan. Quando Murari Chaitanya Dasa veio para Nabadwip, estabeleceu-se na vila Modadruma, ou Mamagachi-grama. Nessa época, ficou conhecido como Sharnga ou Saranga Murari Chaitanya Dasa. Os descendentes de sua família ainda moram em Sarer Pata. Há a seguinte afirmação no Sri Chaitanya Bhagavata, Antya-lila, Capítulo Cinco: "Murari Chaitanya Dasa não tinha características corpóreas materiais, ele era plenamente espiritual. Assim, às vezes ele corria atrás de tigres na selva e os tratava como gatos e cachorros de estimação. Ele dava tapas na face de tigres e pegava serpentes venenosas no colo. Ele não temia pelo seu corpo externo, do qual era plenamente esquecido. Ele passava as vinte e quatro horas do dia dedicado ao cantar do maha-mantra Hare Krishna ou a falar sobre o Senhor Chaitanya e Nityananda. Às vezes, ele ficava submerso na água por dois ou três dias, mas não sofria nenhuma inconveniência corpórea. Por isso se comportava como se fosse pedra ou madeira, mas sempre gastava toda sua energia no cantar do maha-mantra Hare Krishna. Ninguém é capaz de descrever suas características específicas, mas é sabido que onde quer que Murari Chaitanya Dasa passava, quem estivesse presente era iluminado em Consciência de Krishna simplesmente pela atmosfera que ele criava".

Verso 21

Todos companheiros do Senhor Nityananda eram anteriormente meninos pastores de vacas em Vrajabhumi. Seus símbolos característicos são os chifres e bastões que carregam, sua roupa de pastor e as plumas de pavão em suas cabeças.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Jahnava-mata também está na lista dos seguidores do Senhor Nityananda. Ela é descrita no Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika, verso 66, como Ananga-mañjari de Vrindavana. Todos devotos que são seguidores de Jahnava-mata são considerados pertencentes à lista dos devotos de Sri Nityananda Prabhu.

Verso 22

O médico Raghunatha, também conhecido como Upadhyaya, era um devoto tão elevado que qualquer pessoa apenas por vê-lo despertava seu amor pelo Supremo adormecido.

Verso 23

Sundarananda, outro ramo de Sri Nityananda Prabhu, é o servo mais íntimo do Senhor Nityananda. O Senhor Nityananda Prabhu percebia a vida de Vrajabhumi em sua companhia.

Iluminação de Srila Prabhupada:
O Sri Chaitanya Bhagavata, Antya-lila, Capítulo Cinco, afirma que Sundarananda é um oceano de amor pelo Supremo e o companheiro principal de Sri Nityananda Prabhu. O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika afirma que ele foi Sudama em krishna-lila. Ele é portanto um dos doze meninos pastores de vacas que descenderam com Balarama em Seu advento como Sri Nityananda Prabhu. O lugar sagrado onde Sundarananda viveu fica na vila conhecida como Maheshapura, que fica vinte e três quilômetros a leste da estação Majadiya da ferrovia oriental de Calcutá para Burdwan. Esse lugar fica dentro do distrito de Jeshore, que agora é em Bangladesh. Entre as relíquias dessa vila, só resta a antiga residência de Sundarananda. Um baula (pseudo Vaishnava) mora no fim da vila, e todos os prédios, tanto os templos quanto a casa, parecem que acabaram de serem construídos. Em Maheshapura, têm as Deidades Sri Radhavallabha e Sri Sri Radharamana. Há um pequeno rio perto do templo chamado Vetravati. Sundarananda Prabhu era naisthika-brahmachari, nunca se casou em toda sua vida. Por isso não tem descendentes diretos exceto seus discípulos, mas os descendentes de sua família ainda residem na vila conhecida como Mangaladihi no distrito de Birbhum. Nessa mesma vila, tem um templo de Balarama, e a Deidade é adorada com regularidade. A Deidade original de Maheshapura, Radhavallabha, foi levada pelos Goswamis Saidabad de Berhampur, e desde que as Deidades atuais foram instaladas, uma família do Zamindar de Maheshapura cuida de Sua adoração. O aniversário do desaparecimento de Sundarananda é celebrado regularmente na lua cheia do mês de Magha (janeiro-fevereiro), as pessoas de toda a vizinhança se reúnem para comemorar esse festival.

Verso 24

Kamalakara Pippalai é considerado o terceiro gopala. Seu comportamento e amor pelo Supremo são incomuns, por isso ele é célebre em todo o mundo.

Iluminação de Srila Prabhupada:
O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika, verso 128, descreve Kamalakara Pippalai como o terceiro gopala. Seu nome anterior é Mahabala. A Deidade de Jagannatha de Mahesha em Sri Ramapura foi instalada por Kamalakara Pippalai. Essa vila Mahesha fica cerca de quatro quilômetros da estação ferroviária de Sri Ramapura. A genealogia da família de Kamalakara Pippalai é descrita como se segue. Kamalakara Pippalai teve um filho chamado Chaturbhuja, que teve dois filhos chamados Narayana e Jagannatha. Narayana teve um filho chamado Jagadananda, e o nome de seu filho é Rajivalochana. Na época de Rajivalochana, houve uma crise financeira para a adoração da Deidade de Jagannatha, é dito que o Nawab de Dacca, chamado Shah Suja, doou 1.185 bighas de terra no ano Bengali 1060 (1653 d.C.). Como a terra era de propriedade de Jagannatha, a vila foi batizada de Jagannatha-pura. Contam que quando Kamalakara Pippalai saiu de casa, seu irmão mais novo Nidhipati Pippalai procurou por ele e o encontrou algum tempo depois na vila Mahesha. Nidhipati Pippalai tentou de tudo para trazer seu irmão mais velho de volta para casa, mas ele não voltou. Por causa disso, Nidhipati Pippalai com todos seus membros familiares vieram morar em Mahesha. Os membros dessa família ainda residem na vizinhança da vila Mahesha. O nome da família é Adhikari, e é uma família brâmane.
A história do templo de Jagannatha em Mahesha é a seguinte. Um devoto chamado Dhruvananda foi ver o Senhor Jagannatha, Balarama e Subhadra em Jagannatha Puri, com a esperança de poder oferecer comida para Jagannathaji que cozinhou com suas próprias mãos. Esse era seu desejo. Certa noite, Jagannathaji apareceu para ele no sonho e pediu que ele fosse para Mahesha na beira do Ganges e começasse a adorá-Lo num templo. Assim, Dhruvananda foi para Mahesha, onde achou as três Deidades, Jagannatha, Balarama e Subhadra, que flutuavam no Ganges. Ele pegou as Deidades e As instalou numa pequena cabana, e realizou a adoração ao Senhor Jagannatha com muita satisfação. Quando ficou velho, ficou ansioso para passar a adoração aos cuidados de alguém confiável, e em outro sonho, obteve a permissão de Jagannatha Prabhu para passar a adoração a uma pessoa que encontraria na manhã seguinte. Na manhã seguinte, encontrou Kamalakara Pippalai, que antes era morador da vila Khalijuli na área da floresta Sundaravana na Bengala, e era um Vaishnava puro, um grande devoto do Senhor Jagannatha, assim passou a ele a responsabilidade da adoração imediatamente. Dessa forma, Kamalakara Pippalai se tornou o adorador do Senhor Jagannatha, e desde então, os membros de sua família foram designados como Adhikari, que significa "aquele que recebeu o poder para adorar o Senhor". Esses Adhikaris pertencem a uma família brâmane respeitável. Cinco tipos de brâmanes de alta classe são reconhecidos pelo sobrenome Pippalai.

Verso 25

Suryadasa Sarakhela e seu irmão mais novo Krishnadasa Sarakhela tinham fé firme em Nityananda Prabhu. Eles são um reservatório de amor pelo Supremo.

Iluminação de Srila Prabhupada:
O Bhakti-ratnakara (Décima Segunda Onda) afirma que há um lugar chamado Shaligrama a poucos quilômetros de Nabadwip onde ficava a residência de Suryadasa Sarakhela. Ele tinha um emprego de secretário do governo islâmico nessa época, por isso acumulou uma boa fortuna. Suryadasa tinha quatro irmãos, que eram todos Vaishnavas puros. Vasudha e Jahnava eram duas filhas de Suryadasa Sarakhela.

Verso 26

Gauridasa Pandita, o emblema do serviço devocional em amor ao Supremo mais elevado, possui a maior força para receber e entregar esse amor.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Contam que Gauridasa Pandita era sempre patrocinado pelo rei Krishnadasa, filho de Harihoda. Gauridasa Pandita morava na vila Shaligrama, que fica a poucos quilômetros da estação ferroviária Mudagacha, e depois veio morar em Ambika-kalana. O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika, verso 128, afirma que ele foi Subala antes, um dos meninos pastores de vacas amigos de Krishna e Balarama em Vrindavana. Gauridasa Pandita era o irmão mais novo de Suryadasa Sarakhela, e com a permissão de seu irmão mais velho, mudou sua residência para a beira do Ganges, e viveu na cidade conhecida como Ambika-kalana. Alguns dos nomes dos descendentes de Gauridasa Pandita são os seguintes: (1) Sri Nrisimha-Chaitanya, (2) Krishnadasa, (3) Vishnudasa, (4) Bada Balarama Dasa, (5) Govinda, (6) Raghunatha, (7) Badu Gangadasa, (8) Auliya Gangarama, (9) Yadavacharya, (10) Hridaya-Chaitanya, (11) Chanda Haladara, (12) Mahesha Pandita, (13) Mukuta Raya, (14) Bhatuya Gangarama, (15) Auliya Chaitanya, (16) Kaliya Krishnadasa, (17) Patuya Gopala, (18) Bada Jagannatha, (19) Nityananda, (20) Bhavi, (21) Jagadisha, (22) Raiya Krishnadasa e (22 ½) Annapurna. O filho mais velho de Gauridasa Pandita é conhecido como grande Balarama, e o mais novo é conhecido como Raghunatha. Os filhos de Raghunatha são Mahesha Pandita e Govinda. A filha de Gauridasa Pandita é conhecida como Annapurna.
A vila Ambika-kalana, bem em frente a Shantipura do outro lado do Ganges, fica a três quilômetros a leste da estação Kalana-korta da ferrovia oriental. Tem um templo em Ambika-kalana construído pelo Zamindar de Burdwan. Há uma grande árvore de tamarindo na frente do templo, e contam que Gauridasa Pandita e o Senhor Chaitanya Mahaprabhu se reuniam em baixo dessa árvore. O local onde fica o templo é conhecido como Ambika, e porque está na área de Kalana, a vila é conhecida como Ambika-kalana. Contam que ainda existe uma cópia do Bhagavad-gita escrita por Sri Chaitanya Mahaprabhu nesse templo.

Verso 27

Gauridasa Pandita fez o Senhor Chaitanya e o Senhor Nityananda os Senhores de sua vida e sacrificou tudo para o serviço do Senhor Nityananda, até mesmo o companheirismo de sua própria família.

Verso 28

O décimo terceiro devoto importante de Sri Nityananda Prabhu é Pandita Purandara, que se move no oceano de amor ao Supremo como o monte Mandara.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Pandita Purandara encontrou Sri Nityananda Prabhu em Khadadaha. Quando Nityananda Prabhu visitou essa vila, dançou de forma incomum, e Sua dança cativou Purandara Pandita. O pandita estava em cima duma árvore, e quando viu a dança de Nityananda, pulou no chão e se proclamou como Angada, um dos devotos do exército de Hanuman durante os passatempos do Senhor Ramachandra.

Verso 29

Paramesvara Dasa, considerado o quinto gopala de krishna-lila, rendeu-se plenamente aos pés de lótus de Nityananda. Qualquer um que lembre seu nome, Paramesvara Dasa, obterá o amor de Krishna com muita facilidade.

Iluminação de Srila Prabhupada:
O Sri Chaitanya Bhagavata afirma que Paramesvara Dasa, às vezes também conhecido como Paramesvari Dasa, é a vida e a alma de Sri Nityananda Prabhu. O corpo de Paramesvara Dasa é o local dos passatempos do Senhor Nityananda. Paramesvara Dasa, que morou algum tempo na vila Khadadaha, sempre estava intensamente repleto do êxtase de menino pastor de vacas. Ele foi anteriormente Arjuna, um menino pastor de vacas amigo de Krishna e Balarama. Ele é o quinto dos doze gopalas. Ele acompanhou Srimati Jahnava-devi quando ela realizou o festival em Kheturi. O Bhakti-ratnakara afirma que ele instalou Radha-Gopinatha no templo de Atapura no distrito de Hugali por ordem de Srimati Jahnava-mata. A estação de Atapura fica na ferrovia com linha estreita entre Howrah e Amata. Tem outro templo em Atapura, construído pela família Mitra, conhecido como templo Radha-Govinda. Tem um lugar muito atraente em frente ao templo entre duas árvores bakula e uma árvore kadamba onde fica o túmulo de Paramesvari Thakura, em cima tem um altar com um arbusto de tulasi. Dizem que a árvore kadamba dá só uma flor por ano que é oferecida à Deidade.
Dizem que Paramesvari Thakura pertencia a uma família vaidya. Um descendente de seu irmão é um adorador do templo no presente. Alguns de seus membros familiares ainda residem no distrito de Hugali, perto da agência de correio de Chanditala. Os descendentes de Paramesvari Thakura aceitaram muitos discípulos de famílias brâmanes, mas como os discípulos gradualmente adotaram a profissão médica, as pessoas das famílias brâmanes pararam de se tornar seus discípulos. Os títulos familiares dos descendentes de Paramesvari são Adhikari e Gupta. Infelizmente, os membros de sua família não adoram a Deidade diretamente, mas contratam brâmanes pagos para adorar a Deidade. No templo, Baladeva e Sri Sri Radha-Gopinatha estão juntos no trono. Supõe-se que a Deidade de Baladeva foi instalada depois porque segundo o relacionamento transcendental, Baladeva, Krishna e Radha não podem estar no mesmo trono. O festival do desaparecimento de Paramesvari Thakura é celebrado na lua cheia do mês de Vaishakha (abril-maio) nesse templo.

Verso 30

Jagadisha Pandita, o décimo quinto ramo dos seguidores do Senhor Nityananda, é o libertador do mundo inteiro. O amor devocional de Krishna jorra dele como torrentes de chuva.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Há descrições sobre Jagadisha Pandita no Sri Chaitanya Bhagavata, Adi-lila, Capítulo Seis, e Sri Chaitanya Charitamrita, Adi-lila, Capítulo Quatorze. Ele pertencia à vila Yashada-grama, no distrito de Nadia perto da estação ferroviária de Chakadaha. Seu pai, filho de Bhatta Narayana, se chamava Kamalaksha. Seu pai e sua mãe eram grandes devotos do Senhor Vishnu, e depois da morte deles, Jagadisha, com sua esposa Duhkhini e irmão Mahesha, deixaram seu local de nascimento e vieram para Sri Mayapur para viverem na companhia de Jagannatha Mishra e outros Vaishnavas. O Senhor Chaitanya pediu para Jagadisha ir para Jagannatha Puri pregar o movimento hari-nama sankirtana. Depois voltou de Jagannatha Puri, e pela ordem do Senhor Jagannatha, instalou as Deidades de Jagannatha na vila Yashada-grama. Dizem que quando Jagadisha Pandita trouxe a Deidade de Jagannatha para Yashada-grama, amarrou a Deidade pesadíssima num bastão e A carregou dessa forma para a vila. Os sacerdotes do templo ainda mostram o bastão que Jagadisha Pandita usou para carregar a Deidade de Jagannatha.

Verso 31

O décimo sexto servo querido de Nityananda Prabhu é Dhananjaya Pandita. Ele era muito renunciado e sempre absorto no amor de Krishna.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Pandita Dhananjaya era morador de uma vila em Katwa chamada Shitala. Ele era um dos doze gopalas. Seu nome anterior, segundo o Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika verso 127, era Vasudama. Shitala-grama fica perto da delegacia de polícia de Mangalakota e da agência dos correios de Kaichara no distrito de Burdwan. Na ferrovia de linha estreita de Burdwan para Katwa, há uma estação cerca de onze quilômetros de Katwa conhecida como Kaichara. É preciso andar quase dois quilômetros dessa estação para chegar em Shitala. O templo era uma casa de taipa coberta de palha. Algum tempo atrás, os Zamindars de Bajaravana Kabashi, os Mulliks, construíram uma casa grande para ser o templo, mas nos últimos sessenta e cinco anos, o templo ruiu e foi abandonado. O alicerce do templo antigo ainda pode ser visto. Há um pilar com tulasi perto do templo, e o dia do desaparecimento de Dhananjaya é celebrado todo ano no mês de janeiro. Dizem que Pandita Dhananjaya ficou no grupo de sankirtana sob a direção de Sri Chaitanya Mahaprabhu, e depois foi para Vrindavana. Antes de ir para Vrindavana, ele ficou algum tempo na vila chamada Sanchadapanchada, que fica dez quilômetros ao sul da estação ferroviária de Memari. Essa vila é conhecida às vezes como "o lugar de Dhananjaya" (Dhananjayera Pata). Depois de algum tempo, ele deixou a responsabilidade da adoração com um discípulo e voltou para Vrindavana. Depois que voltou de Vrindavana para Shitala-grama, instalou a Deidade de Gaurasundara no templo. Os descendentes de Pandita Dhananjaya ainda vivem em Shitala-grama e cuidam da adoração no templo.

Verso 32

Mahesha Pandita, o sétimo dos doze gopalas, era muito liberal. Com muito amor de Krishna, ele dançava ao toque de um címbalo como um louco.

Iluminação de Srila Prabhupada:
A vila de Mahesha Pandita, conhecida como Palapada, fica no distrito de Nadia dentro duma floresta cerca de dois quilômetros ao sul da estação ferroviária de Chakadaha. O Ganges passa perto. Dizem que Mahesha Pandita vivia antes no lado leste de Jirat na vila conhecida como Masipura ou Yashipura, quando Masipura ficou alagada com uma inundação do Ganges, as Deidades foram trazidas para Palapada, que fica no meio de várias vilas como Beledanga, Berigrama, Sukhasagara, Chandude e Manasapota. Há cerca de quatorze vilas, e a vizinhança inteira é conhecida como Panchanagara Paragana. É mencionado que Mahesha Pandita participou do festival realizado por Sri Nityananda Prabhu em Panihati. Narottama Dasa Thakura também participou desse festival, e Mahesha Pandita o encontrou nessa ocasião. O templo de Mahesha Pandita tem as Deidades Gaura-Nityananda, Sri Gopinatha, Sri Madana-mohana e Radha-Govinda, bem como uma shalagrama-shila.

Verso 33

Purushottama Pandita, morador de Nabadwip, é o oitavo gopala. Ele ficava quase louco quando ouvia o nome de Nityananda Prabhu.

Iluminação de Srila Prabhupada:
O Sri Chaitanya Bhagavata afirma que Purushottama Pandita nasceu em Nabadwip e é um grande devoto do Senhor Nityananda Prabhu. Como um dos doze gopalas, seu nome anterior é Stokakrishna.

Verso 34

Balarama Dasa sempre saboreava plenamente o néctar do amor de Krishna. Quando ouvia o nome de Nityananda Prabhu, ficava altamente enlouquecido.

Verso 35

Yadunatha Kavichandra é um grande devoto. O Senhor Nityananda Prabhu sempre dança em seu coração.

Iluminação de Srila Prabhupada:
O Sri Chaitanya Bhagavata, Madhya-lila, Capítulo Um, afirma que um cavalheiro chamado Ratnagarbha Acharya era amigo do pai de Sri Chaitanya Mahaprabhu. Eles moravam na mesma vila. Ele teve três filhos, Krishnananda, Jiva e Yadunatha Kavichandra.

Verso 36

O vigésimo primeiro devoto de Sri Nityananda Prabhu na Bengala é Krishnadasa Brahmana, que é um servo do Senhor de primeira classe.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Radha-desha se refere à parte da Bengala onde o Ganges não flui.

Verso 37

O vigésimo segundo devoto do Senhor Nityananda Prabhu é Kala Krishnadasa, que é o nono menino pastor de vacas. Ele é um Vaishnava de primeira classe e não conhecia mais nada além de Nityananda Prabhu.

Iluminação de Srila Prabhupada:
O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika, verso 132, afirma que Kala Krishnadasa, também conhecido como Kaliya Krishnadasa, foi anteriormente um gopa (menino pastor de vacas) chamado Lavanga. Ele é um dos doze meninos pastores de vacas. Kaliya Krishnadasa tinha sua sede na vila chamada Akaihata, que fica no distrito de Burdwan dentro da jurisdição da agência de correios e delegacia de polícia de Katwa. Fica na estrada para Nabadwip. Para chegar em Akaihata, é preciso ir da estação de conexão de Vyandela para a estação ferroviária de Katwa e depois andar mais três quilômetros, ou então descer na estação de Danihata e andar mais dois quilômetros. A vila Akaihata é muito pequena. Tem um festival no mês de Chaitra, no dia de Varuni, que comemora o dia do desaparecimento de Kala Krishnadasa.

Verso 38

O vigésimo terceiro e vigésimo quarto devotos proeminentes de Nityananda Prabhu são Sadashiva Kaviraja e seu filho Purushottama Dasa, que é o décimo gopala.

Verso 39

Desde o nascimento, Purushottama Dasa ficava absorto no serviço aos pés de lótus do Senhor Nityananda Prabhu, e sempre se dedicava a brincadeiras infantis com o Senhor Krishna.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Sadashiva Kaviraja e Nagara Purushottama, que são pai e filho, são descritos no Sri Chaitanya Bhagavata como maha-bhagyavan, altamente afortunados. Eles pertenciam à casta vaidya dos médicos védicos. O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika verso 156, afirma que Chandravali, uma das gopis mais queridas de Krishna, nasceu depois como Sadashiva Kaviraja. Os versos 194 e 200 afirmam que Kamsari Sena, o pai de Sadashiva Kaviraja, era anteriormente a gopi chamada Ratnavali nos passatempos de Krishna. Todos os membros familiares de Sadashiva Kaviraja são grandes devotos do Senhor Chaitanya Mahaprabhu. Purushottama Dasa Thakura ficava algumas vezes em Sukhasagara, perto das estações ferroviárias de Chakadaha e Shimurali. Todas as Deidades instaladas por Purushottama Thakura ficavam antes em Beledanga-grama, mas quando o templo foi destruído, as Deidades foram trazidas para Sukhasagara. Quando o templo ficou submerso no leito do Ganges, as Deidades foram trazidas junto com a Deidade de Jahnava-mata para Sahebadanga Bedigrama. Como esse lugar também foi destruído, todas as Deidades agora ficam na vila chamada Chandude-grama, que fica a dois quilômetros de Palapada, como descrito acima.

Verso 40

Sri Kanu Thakura, um cavalheiro muito honrado, é filho de Purushottama Dasa Thakura. Ele é um devoto tão elevado que o Senhor Krishna sempre vive em seu corpo.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Para ir à sede de Kanu Thakura, tem-se que pegar um barco na estação Jhikaragacha-ghata para o rio conhecido como Kapotaksha. Outro jeito é andar quatro quilômetros da estação de Jhikaragacha-ghata até ver Bodhakhana, a sede de Kanu Thakura. O filho de Sadashiva é Purushottama Thakura, e seu filho é Kanu Thakura. Os descendentes de Kanu Thakura o conhecem como Nagara Purushottama. Ele é o menino pastor de vacas chamado Dama durante krishna-lila. Dizem que logo depois do nascimento de Kanu Thakura, sua mãe, Jahnava, morreu. Quando tinha por volta de doze anos, Sri Nityananda Prabhu o levou para Sua casa em Khadadaha. Calcula-se que Kanu Thakura nasceu no ano Bengali 942 (1535 d.C.). Dizem que ele nasceu no dia do festival de Ratha-yatra. Como era um grande devoto do Senhor Krishna desde o começo de sua vida, Sri Nityananda Prabhu lhe deu o nome Shishu Krishnadasa. Quando tinha cinco anos, foi para Vrindavana com Jahnava-mata, ao verem os sintomas de êxtase de Kanu Thakura, os Goswamis lhe deram o nome Kanai Thakura.
Tem uma Deidade Radha-Krishna na família de Kanu Thakura conhecida como Pranavallabha. Dizem que sua família adorava a Deidade muito antes do advento do Senhor Chaitanya Mahaprabhu. Quando houve a invasão Maharashtra na Bengala, a família de Kanu Thakura foi dizimada, e depois da invasão, um Harikrishna Goswami da família voltou ao seu lar original, Bodhakhana, e reinstalou a Deidade Pranavallabha. Os descendentes da família ainda se ocupam no serviço a Pranavallabha. Kanu Thakura estava presente no festival Khetari utsava, quando Jahnava-devi e Virabhadra Goswami também estavam presentes. Um dos membros da família de Kanu Thakura, Madhavacharya, casou com a filha de Sri Nityananda Prabhu, que se chama Gangadevi. Tanto Purushottama Thakura quanto Kanu Thakura tiveram muitos discípulos de famílias brâmanes. A maioria dos discípulos descendentes de Kanu Thakura agora vive na vila chamada Gadabeta, na beira do rio Shilavati, no distrito de Midnapore.

Verso 41

Uddharana Datta Thakura, o décimo primeiro dos doze meninos pastores de vacas, é um devoto elevado do Senhor Nityananda Prabhu. Ele adorava os pés de lótus do Senhor Nityananda em todos aspectos.

Iluminação de Srila Prabhupada:
O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika, verso 129, afirma que Uddharana Datta Thakura foi anteriormente o menino pastor de vacas de Vrindavana chamado Subahu. Uddharana Datta Thakura, conhecido anteriormente como Sri Uddharana Datta, era morador de Saptagrama, que fica na beira do rio Sarasvati perto da estação ferroviária de Trishabigha no distrito de Hugali. Saptagrama era uma cidade bem grande na época de Uddharana Thakura, compreendia muitos outros lugares como Vasudeva-pura, Banshabediya, Krishnapura, Nityananda-pura, Shivapura, Shankhanagara e Saptagrama.
Calcutá se desenvolveu durante o domínio britânico pela influência da comunidade mercantil, e especialmente pela comunidade suvarna-vanik que veio de Saptagrama para estabelecer seus negócios e lares por toda Calcutá. Eram conhecidos como a comunidade mercantil Saptagrami de Calcutá, e a maioria pertencia às famílias Mullik e Sil. Mais da metade de Calcutá pertencia a essa comunidade, como é o caso de Srila Uddharana Thakura. Nossa família paterna também veio desse distrito e pertence à mesma comunidade. Os Mulliks de Calcutá são divididos em duas famílias, a família Sil e a família De. Todos Mulliks da família De pertencem originalmente à mesma família e gotra. Nós também anteriormente pertencíamos ao ramo da família De cujos membros, de laços íntimos com os governantes islâmicos, receberam o título Mullik.
O Sri Chaitanya Bhagavata, Antya-khanda, Capítulo Cinco, afirma que Uddharana Datta era um Vaishnava extremamente elevado e liberal. Ele nasceu com o direito de adorar Nityananda Prabhu. Dizem que Nityananda Prabhu, depois de ficar em Khadadaha por algum tempo, veio para Saptagrama e ficou na casa de Uddharana Datta. A comunidade suvarna-vanik que Uddharana Datta pertencia era na realidade uma comunidade Vaishnava. Seus membros são banqueiros e comerciantes de ouro (suvarna significa "ouro", e vanik significa "comerciante"). Muito tempo atrás, houve um desentendimento entre Balla Sena e a comunidade suvarna-vanik por causa do grande banqueiro Gauri Sena. Balla Sena tomava empréstimos de Gauri Sena e gastava dinheiro com extravagância, por isso Gauri Sena parou de fornecer dinheiro. Balla Sena se vingou por instigar uma conspiração social para tornar os suvarna-vaniks párias, desde então eles foram rejeitados das classes superiores, a saber, brahmanas, kshatriyas e vaishyas. Mas pela graça de Srila Nityananda Prabhu, a comunidade suvarna-vanik foi elevada novamente. O Sri Chaitanya Bhagavata afirma, yateka vanik-kula uddharana haite pavitra ha-ila dvidha nahika ihate: não há nenhuma dúvida que todos os membros da sociedade suvarna-vanik foram purificados novamente por Sri Nityananda Prabhu.
Em Saptagrama ainda tem um templo com a Deidade de seis braços de Sri Chaitanya Mahaprabhu que foi adorada pessoalmente por Srila Uddharana Datta Thakura. No lado direito de Sri Chaitanya Mahaprabhu tem uma Deidade de Sri Nityananda Prabhu, e no lado esquerdo está Gadadhara Prabhu. Também tem uma murti de Radha-Govinda e uma shalagrama-shila, e abaixo do trono tem um retrato de Sri Uddharana Datta Thakura. Atualmente, tem um grande salão na frente do templo, e na frente do salão tem uma planta Madhavi-lata. O templo fica num local com sobra fresca e muito bem situado. Quando voltei da América em 1967, os membros do comitê executivo desse templo nos convidaram para visitá-lo, assim tivemos a oportunidade de visitar esse templo com alguns alunos americanos. Anteriormente, na nossa infância, visitamos esse templo com nossos pais porque todos os membros da comunidade suvarna-vanik se interessam com muito entusiasmo nesse templo de Uddharana Datta Thakura. No ano Bengali 1283 (1876 d.C.) um babaji chamado Nitai Dasa organizou a doação de doze bighas de terra para esse templo. A administração do templo se deteriorou depois, mas em 1306 (1899 d.C.), com a cooperação do famoso Balarama Mullik de Hugali, que era juiz auxiliar, e vários membros ricos da comunidade suvarna-vanik, a administração do templo melhorou muito. Não mais de cinqüenta anos atrás, um dos membros de família de Uddharana Datta Thakura chamado Jagamohana Datta instalou uma murti (estátua) de madeira de Uddharana Datta Thakura no templo, mas essa murti não está mais lá; no presente, tem um retrato de Uddharana Datta Thakura para adoração. Sabe-se entretanto que a murti de madeira de Uddharana Thakura foi levada por Sri Madana-mohana Datta e agora é adorada com uma shalagrama-shila por Srinatha Datta.
Uddharana Datta Thakura era o administrador do estado de um grande Zamindar em Naihati, que fica a quatro quilômetros ao norte de Katwa. As relíquias dessa família real ainda são visíveis perto da estação de Dainhata. Como Uddharana Datta Thakura era o administrador do estado, também era conhecido como Uddharana-pura. Uddharana Datta Thakura instalou Deidades de Nitai-Gaura que depois foram trazidas para a casa do Zamindar, que era conhecido como Vanaoyaribada. Srila Uddharana Datta Thakura permaneceu chefe de família a vida inteira. O nome de seu pai é Srikara Datta, o nome de sua mãe é Bhadravati, o nome de seu filho é Srinivasa Datta.

Verso 42

O vigésimo sétimo devoto proeminente de Nityananda Prabhu é Acharya Vaishnavananda, uma grande personalidade do serviço devocional. Ele era conhecido anteriormente como Raghunatha Puri.

Iluminação de Srila Prabhupada:
O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika, verso 97, afirma que Raghunatha Puri era anteriormente muito poderoso com as oito perfeições místicas. Ele é uma encarnação de uma das perfeições.

Verso 43

Outro devoto importante do Senhor Nityananda Prabhu é Vishnudasa, que tem dois irmãos, Nandana e Gangadasa. O Senhor Nityananda Prabhu ficava na casa deles algumas vezes.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Os três irmãos Vishnudasa, Nandana e Gangadasa eram moradores de Nabadwip e pertenciam à família brâmane Bhattacharya. Vishnudasa e Gangadasa ficaram por algum tempo com Sri Chaitanya Mahaprabhu em Jagannatha Puri, e o Sri Chaitanya Bhagavata afirma que Nityananda Prabhu ficava anteriormente na casa deles.

Verso 44

Paramananda Upadhyaya é um grande servo de Nityananda Prabhu. Sri Jiva Pandita glorificou as qualidades de Sri Nityananda Prabhu.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Sri Paramananda Upadhyaya é um devoto avançado. Seu nome é mencionado no Sri Chaitanya Bhagavata, onde Sri Jiva Pandita também é mencionado como o segundo filho de Ratnagarbha Acharya e um amigo de infância de Hadai Ojha, o pai de Nityananda Prabhu. O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika, verso 169, afirma que Sri Jiva Pandita foi anteriormente a gopi chamada Indira.

Verso 45

O trigésimo primeiro devoto do Senhor Nityananda Prabhu é Paramananda Gupta, que é muito devotado ao Senhor Krishna e altamente avançado em consciência espiritual. Nityananda Prabhu também morou anteriormente em sua casa por algum tempo.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Paramananda Gupta compôs uma prece ao Senhor Krishna conhecida como Krishna-stavavali. O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika, versos 194 e 199, afirma que ele foi anteriormente a gopi chamada Manjumedha.

Verso 46

O trigésimo segundo, trigésimo terceiro, trigésimo quarto e trigésimo quinto devotos proeminentes são Narayana, Krishnadasa, Manohara e Devananda, que sempre se dedicam ao serviço do Senhor Nityananda.

Verso 47

O trigésimo sexto devoto do Senhor Nityananda é Hoda Krishnadasa, cuja vida e alma é Nityananda Prabhu. Ele sempre se dedica aos pés de lótus de Nityananda, e não conhecia ninguém mais além Dele.

Iluminação de Srila Prabhupada:
A residência de Krishnadasa Hoda era Badagachi, que agora fica em Bangladesh.

Verso 48

Entre os devotos do Senhor Nityananda, Nakadi é o trigésimo sétimo, Mukunda o trigésimo oitavo, Surya o trigésimo nono, Madhava o quadragésimo, Sridhara o quadragésimo primeiro, Ramananda o quadragésimo segundo, Jagannatha o quadragésimo terceiro e Mahidhara o quadragésimo quarto.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Sridhara é o décimo segundo gopala.

Verso 49

Srimanta é o quadragésimo quinto, Gokula Dasa o quadragésimo sexto, Hariharananda o quadragésimo sétimo, Shivai o quadragésimo oitavo, Nandai o quadragésimo nono e Paramananda qüinquagésimo.

Verso 50

Vasanta é o qüinquagésimo primeiro, Navani Hoda o qüinquagésimo segundo, Gopala o qüinquagésimo terceiro, Sanatana o qüinquagésimo quarto, Vishnai o qüinquagésimo quinto, Krishnananda o qüinquagésimo sexto e Sulocana o qüinquagésimo sétimo.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Navani Hoda parece que é o mesmo Hoda Krishnadasa, filho do rei de Badagachi. Seu pai se chamava Hari Hoda. Pode-se visitar Badagachi pela linha da ferrovia Lalagola-ghata. O Ganges fluía anteriormente por Badagachi, mas agora se tornou um canal conhecido como Kalshira Khala. Tem uma vila perto da estação de Mudagacha conhecida como Shaligrama onde o rei Krishnadasa organizou o casamento de Sri Nityananda Prabhu, como está descrito no Bhakti-ratnakara,(Décima Segunda Onda). Às vezes dizem que Navani Hoda é filho de Raja Krishnadasa. Seus descendentes ainda vivem em Rukunapura, uma vila perto de Bahiragachi. Eles pertencem à comunidade dakshina-radhiya-kayastha, mas como se tornaram brâmanes, ainda iniciam todas as classes de pessoas.

Verso 51

O qüinquagésimo oitavo grande devoto do Senhor Nityananda Prabhu é Kamsari Sena, o qüinquagésimo nono é Ramasena, o sexagésimo é Ramachandra Kaviraja, e o sexagésimo primeiro, sexagésimo segundo e sexagésimo terceiro são Govinda, Sriranga e Mukunda, que eram todos médicos.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Sri Ramachandra Kaviraja, filho de Khandavasi Chiranjiva e Sunanda, é discípulo de Srinivasa Acharya e o amigo mais íntimo de Narottama Dasa Thakura, que orou várias vezes pela companhia dele. Seu irmão mais novo é Govinda Kaviraja. Srila Jiva Goswami apreciava muito a grande devoção de Sri Ramachandra Kaviraja pelo Senhor Krishna e por isso lhe deu o título Kaviraja. Sri Ramachandra Kaviraja, que é perpetuamente desinteressado em vida familiar, ajudou imensamente o trabalho de pregação de Srinivasa Acharya e Narottama Dasa Thakura. Ele morou primeiro em Srikhanda mas depois foi para a vila Kumara-nagara na beira do Ganges.
Govinda Kaviraja é irmão de Ramachandra Kaviraja e o filho mais novo de Chiranjiva de Srikhanda. Apesar de ser um shakta, ou adorador da deusa Durga, inicialmente, depois foi iniciado por Srinivasa Acharya Prabhu. Govinda Kaviraja também morou primeiro em Srikhanda e depois em Kumara-nagara, mais tarde mudou para a vila conhecida como Teliya Budhari, na margem sul do rio Padma. Como Govinda Kaviraja, autor dos dois livros Sangita-madhava e Gitamrita, é um grande kavi Vaishnava, ou poeta, Srila Jiva Goswami lhe deu o título Kaviraja. Ele é descrito no Bhakti-ratnakara (Nona Onda).
Kamsari Sena foi anteriormente Ratnavali em Vraja, como o Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika, versos 194 e 200, descreve.

Verso 52

Entre os devotos do Senhor Nityananda Prabhu, Pitambara é o sexagésimo quarto, Madhavacharya o sexagésimo quinto, Damodara Dasa o sexagésimo sexto, Shankara o sexagésimo sétimo, Mukunda o sexagésimo oitavo, Jñana Dasa o sexagésimo nono e Manohara o setuagésimo.

Verso 53

O Gopala dançarino é o setuagésimo primeiro, Ramabhadra o setuagésimo segundo, Gauranga Dasa o setuagésimo terceiro, Nrisimha-Chaitanya o setuagésimo quarto e Minaketana Ramadasa o setuagésimo quinto.

Iluminação de Srila Prabhupada:
O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika, verso 68, descreve Minaketana Ramadasa como uma encarnação de Sankarshana.

Verso 54

Vrindavana Dasa Thakura, filho de Srimati Narayani, compôs o Sri Chaitanya-mangala (mais tarde conhecido como Sri Chaitanya Bhagavata).

Verso 55

Srila Vyasadeva descreveu os passatempos de Krishna no Srimad Bhagavatam. O Vyasa dos passatempos do Senhor Chaitanya Mahaprabhu é Vrindavana Dasa.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Srila Vrindavana Dasa Thakura é uma encarnação de Vedavyasa e também um menino pastor de vacas amigo chamado Kusumapida em krishna-lila. Em outras palavras, o autor do Sri Chaitanya Bhagavata, Srila Vrindavana Dasa Thakura, filho da sobrinha de Shrivasa Thakura, Narayani, é uma encarnação combinada de Vedavyasa e o menino pastor de vacas Kusumapida. Há uma afirmação descritiva de Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura em seu comentário sobre o Sri Chaitanya Bhagavata que dá os detalhes da vida de Vrindavana Dasa Thakura.

Verso 56

Entre todos os ramos de Sri Nityananda Prabhu, Virabhadra Gosañi é o mais elevado, Seus sub-ramos são ilimitados.

Verso 57

Ninguém é capaz de descrever os seguidores ilimitados de Nityananda Prabhu. Eu mencionei alguns deles apenas para minha purificação pessoal.

Verso 58

Todos esses ramos, os devotos do Senhor Nityananda Prabhu, estão repletos com os frutos maduros do amor de Krishna, assim distribuíram esses frutos a todos que encontraram, e os inundaram com o amor de Krishna.

Verso 59

Todos esses devotos têm poder ilimitado para entregar o amor incessante de Krishna sem obstruções. Eles podem pelo seu próprio poder oferecer a qualquer um Krishna e o amor de Krishna.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Srila Bhaktivinoda Thakura cantou, krishna se tomara, krishna dite para, tomara sakati ache. Nessa canção, Bhaktivinoda Thakura descreve que um Vaishnava puro, como proprietário de Krishna e do amor de Krishna, pode entregar os dois para qualquer um que queira. Portanto, para obter Krishna e o amor de Krishna, a pessoa tem que procurar a misericórdia dos devotos puros. Srila Visvanatha Chakravarti Thakura também diz, yasya prasadad bhagavat-prasado yasyaprasadan na gatih kuto 'pi: "Pela misericórdia do mestre espiritual, a pessoa é abençoada com a misericórdia de Krishna. Sem a graça do mestre espiritual, a pessoa não pode fazer nenhum avanço". Pela graça de um Vaishnava ou o mestre espiritual autêntico, a pessoa pode obter tanto o amor do Supremo, Krishna, e o próprio Krishna.

Verso 60

Eu descrevi brevemente apenas alguns dos seguidores e devotos do Senhor Nityananda Prabhu. Mesmo Shesha Naga que tem mil bocas não pode descrever todos esses devotos ilimitados.

Verso 61

Com o desejo ardente de servir ao propósito de Sri Rupa e Sri Raghunatha, eu, Krishnadasa, narro o Sri Chaitanya Charitamrita, por seguir os passos deles.

Assim terminam os significados Bhaktivedanta do Sri Chaitanya Charitamrita, Adi-lila, Décimo Primeiro Capítulo, sobre a matéria das expansões do Senhor Nityananda.

 

Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga

Nitai Gaura Hari Bol

Sri Chaitanya Charitamrita, Adi-lila, Capítulo Doze

de
Sua Divina Graça
Sri Srimad Bhaktivedanta Swami Maharaj Prabhupada
Paramahamsa Thakura Mahashaya

 

As Expansões de Adwaita Acharya e Gadadhara Pandita

Bhaktivinoda Thakura faz um resumo do Décimo Segundo Capítulo do Adi-lila em seu Amrita-pravaha-bhashya. Este Décimo Segundo Capítulo descreve os seguidores de Adwaita Prabhu, entre os quais os seguidores de Achyutananda, o filho de Adwaita Acharya, são considerados seguidores puros que receberam a nata da filosofia enunciada por Sri Adwaita Acharya. Outros ditos descendentes e seguidores de Adwaita Acharya não devem ser considerados. Este capítulo também inclui narrações a respeito do filho de Adwaita Acharya chamado Gopala Mishra e do servo de Adwaita Acharya chamado Kamalakanta Visvasa. Na sua infância, Gopala desmaiou durante a lavagem de Gundicha-mandira em Jagannatha Puri e por isso se tornou recipiente da misericórdia do Senhor Chaitanya Mahaprabhu. A história sobre Kamalakanta Visvasa fala sobre quando pediu trezentas rúpias emprestadas a Prataparudra Maharaja para saldar as dívidas de Adwaita Acharya, fato que fez Sri Chaitanya Mahaprabhu repreendê-lo quando soube disso. Kamalakanta Visvasa foi então purificado a pedido de Sri Adwaita Acharya. Depois de descrever os descendentes de Adwaita Acharya, o capítulo termina com a descrição dos seguidores de Gadadhara Pandita Goswami.

Verso 1

Os seguidores de Sri Adwaita Prabhu são de dois tipos. Uns são seguidores verdadeiros, e os outros são falsos. Rejeito os seguidores falsos, e presto minhas respeitosas reverências aos seguidores reais de Sri Adwaita Acharya, cuja vida e alma é Sri Chaitanya Mahaprabhu.

Verso 2

Todas as glórias a Sri Chaitanya Mahaprabhu! Todas as glórias ao Senhor Nityananda! Todas as glórias a Sri Adwaita Prabhu! Todos Eles são gloriosos.

Verso 3

Presto minhas respeitosas reverências ao todo glorioso Adwaita Prabhu, que forma o segundo tronco da árvore eterna de Chaitanya, e a Seus seguidores, que formam Seus sub-ramos.

Verso 4

Sri Adwaita Prabhu é o segundo grande tronco da árvore. Há muitos sub-ramos, mas é impossível mencionar todos eles.

Verso 5

Sri Chaitanya Mahaprabhu também é o jardineiro, assim Ele rega a árvore com a água de Sua misericórdia, todos ramos e sub-ramos crescem dia após dia.

Verso 6

Os frutos do amor do Supremo que crescem nesses ramos da árvore de Chaitanya são tão numerosos que inundam o mundo inteiro com o amor de Krishna.

Verso 7

À medida que o tronco e ramos são regados, os ramos e sub-ramos se propagam prodigiosamente, e a árvore cresce cheia de frutos e flores.

Verso 8

Primeiro, todos seguidores de Adwaita Acharya compartilhavam uma única opinião. Porém mais tarde, eles seguiram duas opiniões diferentes, como ordenado pela providência.

Iluminação de Srila Prabhupada:
As palavras daivera karana indicam que pela força da providência, ou pela vontade de Deus, os seguidores de Adwaita Acharya se dividiram em dois partidos. Tal divergência entre os discípulos de um acharya também se encontra entre os membros do Gaudiya Matha. No início, durante a presença de Om Vishnupada Paramahamsa Parivrajakacharya Ashtottara-shata Sri Srimad Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura Prabhupada, todos discípulos trabalhavam em concordância, mas logo depois de seu desaparecimento, eles divergiram. Um partido seguiu estritamente as instruções de Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura, mas outro grupo criou seu próprio conceito sobre como executar seus desejos. Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura, na hora de sua partida, pediu a seus discípulos para formarem um corpo de governo e conduzirem atividades missionárias em cooperação mútua. Ele não instruiu nenhuma pessoa em particular para se tornar o próximo acharya. Mas logo após sua partida, seus secretários principais fizeram planos, sem autoridade, para a ocupação do posto de acharya, e se dividiram em duas facções sobre quem seria o próximo acharya. Conseqüentemente, as duas facções se tornaram asara, ou inútil, pois não tinham nenhuma autoridade, porque desobedeceram a ordem do mestre espiritual. Apesar da ordem do mestre espiritual para formarem um corpo de governo e realizarem as atividades missionárias do Gaudiya Matha, as duas facções não autorizadas começaram o litígio que ainda acontece depois de quarenta anos sem decisão.
Portanto, nós não pertencemos a nenhuma facção. Mas porque os dois partidos, ocupados com a divisão dos bens materiais da instituição Gaudiya Matha, pararam o trabalho de pregação, nós assumimos a missão de Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura e Bhaktivinoda Thakura para a pregação do culto de Chaitanya Mahaprabhu por todo o mundo, sob a proteção de todos acharyas predecessores, e vimos que nossa humilde tentativa foi bem sucedida. Nós seguimos os princípios explicados especialmente por Srila Visvanatha Chakravarti Thakura em seu comentário sobre o verso do Bhagavad-gita vyavasayatmika buddhir ekeha kuru-nandana (Bg. 2.41). De acordo com essa instrução de Visvanatha Chakravarti Thakura, o dever do discípulo é seguir estritamente as ordens de seu mestre espiritual. O segredo do sucesso no avanço da vida espiritual é a fé firme do discípulo nas ordens de seu mestre espiritual. Os Vedas confirmam isso:

yasya deve para bhaktir
yatha deve tatha gurau
tasyaite kathita hy arthah
prakasante mahatmanah

"Para quem tem fé firme nas palavras do mestre espiritual e nas palavras da Suprema Personalidade de Deus, o segredo do sucesso no conhecimento Védico é revelado". O movimento da consciência de Krishna é propagado de acordo com esse princípio, por isso que nosso trabalho de pregação é bem sucedido, apesar dos muitos obstáculos oferecidos por demônios antagonistas, porque obtivemos ajuda positiva dos acharyas prévios. Deve-se julgar cada ação por seu resultado. Os membros do partido do acharya autodenominado que ocuparam a propriedade do Gaudiya Matha estão satisfeitos, mas não puderam fazer progresso na pregação. Por isso, com o resultado de suas ações, podemos concluir que são asara, ou inúteis, enquanto o sucesso do partido ISKCON, a Sociedade Internacional para a Consciência de Krishna, que segue estritamente guru e Gauranga, aumenta diariamente por todo o mundo. Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura queria imprimir a máxima quantidade de livros possível e distribuí-los por todo o mundo. Nós tentamos ao máximo realizar isso, e obtivemos resultados muito além de nossas expectativas.

[N. T.: Vivenciamos que a história se repetiu, pela vontade divina suprema. O próprio Srila Prabhupada afirmou que a ISKCON era o seu corpo. E quando ele estava presente, todos viviam em harmonia e o movimento da consciência de Krishna fluía no mundo inteiro com sucesso. Srila Prabhupada partiu deste planeta em 1977 (14/11/1977), e levou consigo a verdadeira ISKCON, que era seu corpo. A grande maioria de seus discípulos (99,9 %) também não seguiu suas últimas instruções, e preferiu ficar do lado dos bens materiais. Por isso, também se tornaram asara. Até os Livros Divinos de Srila Prabhupada foram destruídos com supostas "correções". Mesmo alguns discípulos que seguiram suas últimas instruções, fizeram isso por prestígio pessoal e transformaram a Missão de Srila Prabhupada em negócio próprio, assim se tornaram religiosos profissionais ou mercenários da fé.
Srila Bhaktivinoda Thakura explica em seu Sri Chaitanya Shikshamritam, Capítulo Seis:
"Depois de muitos nascimentos, se a pessoa tiver a sorte de ter a tendência para a devoção, ela obtém consideração pelo caminho da devoção, e essa consideração gera o gosto dela pela companhia de devotos. Se a prática de Bhajan for feita com devotos puros, ela obtém Sadhana-Bhakti, com inclinação para Prema. Se as lições sobre Bhajan vierem de devotos mestiços ou daqueles que possuem aparência da devoção, Prema fica distante e não pode ser sincero. Nesse estado prevalece Anartha (mal) que fica no caminho como um empecilho em mostrar a consideração aos devotos puros. Surge a maldade e o coração se torna enganoso. Nesse estágio, os aspirantes caem na classe primária e assim passam muitos nascimentos. Os primários têm consideração pela devoção, só que é muito frágil e sempre guiada pela tentação. A fórmula para tirar a inquietação do coração é aprender lições sobre adoração segundo o Agama Shastra com um professor genuíno. Depois de praticar a adoração por um longo tempo, eles podem obter a consideração por Nama. Quando surge a consideração por Nama, cresce a inclinação para a prática de Nama-Bhajan na companhia de Sadhus".
Apenas para esclarecer brevemente, pois é um assunto que não vale a pena ser discutido].

Verso 9

Alguns discípulos aceitaram estritamente as ordens do acharya, e outros divergiram, e forjaram independentemente suas próprias opiniões sob o encanto de daivi-maya.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Este verso descreve o começo do cisma. Quando discípulos não aderem ao princípio de aceitar a ordem do mestre espiritual, imediatamente há duas opiniões. Qualquer opinião diferente da opinião do mestre espiritual é inútil. A pessoa não pode infiltrar idéias forjadas materialmente no avanço espiritual. Isto é desvio. Não há espaço para ajustar avanço espiritual a idéias materiais.

Verso 10

A ordem do mestre espiritual é o princípio ativo da vida espiritual. Qualquer um que desobedece a ordem do mestre espiritual imediatamente se torna inútil.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Aqui temos a opinião de Srila Krishnadasa Kaviraja Goswami. As pessoas que seguem estritamente as ordens do mestre espiritual são úteis na execução da vontade do Supremo, enquanto as pessoas que desviam da ordem estrita do mestre espiritual são inúteis.

Verso 11

Não tem necessidade de descrever aqueles que são inúteis. Eu mencionei apenas para distingui-los dos devotos úteis.

Verso 12

O arroz colhido está misturado com palha primeiro, e é preciso abaná-lo para separar o arroz da palha.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Este exemplo dado por Krishnadasa Kaviraja Goswami é muito apropriado. No caso dos membros do Gaudiya Matha, também se pode aplicar um processo similar. Há muitos discípulos de Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura, mas para julgar quem é seu verdadeiro discípulo, para separar os úteis dos inúteis, deve-se medir as atividades de tais discípulos na execução da vontade do mestre espiritual. Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura tentou ao máximo propagar o culto de Sri Chaitanya Mahaprabhu nos países fora da Índia. Quando estava presente, ele patrocinou os discípulos para irem fora da Índia a fim de pregarem o culto de Sri Chaitanya Mahaprabhu, mas não foram bem sucedidos porque em suas mentes não estavam determinados com seriedade sobre a pregação de Seu culto nos países estrangeiros, eles apenas queriam ter o crédito de ir a países estrangeiros e utilizar esse reconhecimento na Índia por se apresentarem como pregadores repatriados. Muitos swamis adotaram esse meio de pregação hipócrita pelos últimos oitenta anos ou mais, mas nenhum conseguiu pregar o verdadeiro culto da Consciência de Krishna por todo o mundo. Eles meramente voltaram para a Índia e fizeram propaganda falsa que tinham convertido todos estrangeiros às idéias do Vedanta ou consciência de Krishna, e assim coletaram fundos na Índia e viveram satisfeitos com a vida de confortos materiais. Do mesmo modo como a pessoa abana o arroz para separar o verdadeiro arroz da palha inútil, a pessoa pode entender facilmente por aceitar o critério recomendado por Krishnadasa Kaviraja Goswami quem é um pregador mundial genuíno e quem é inútil.

Verso 13

Um grande ramo de Adwaita Acharya é Achyutananda, Seu filho. Desde o começo de sua vida, ele se dedicou ao serviço aos pés de lótus do Senhor Chaitanya.

Verso 14

Quando Achyutananda ouviu de seu pai que Keshava Bharati era o mestre espiritual do Senhor Chaitanya Mahaprabhu, ficou muito triste.

Verso 15

Ele disse a seu pai, "Sua instrução de que Keshava Bharati é o mestre espiritual de Chaitanya Mahaprabhu arruinará o país inteiro".

Verso 16

"O Senhor Chaitanya Mahaprabhu é o mestre espiritual dos quatorze mundos, mas Você diz que alguém mais é Seu mestre espiritual. Isso não tem base em nenhuma escritura revelada".

Verso 17

Quando Adwaita Acharya ouviu isso de Seu filho Achyutananda de cinco anos de idade, sentiu uma grande satisfação por causa de seu julgamento conclusivo.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Para comentar sobre os versos 13 a 17, Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura dá uma descrição extensiva sobre os descendentes de Adwaita Acharya. O Sri Chaitanya Bhagavata, Antya-khanda, Capítulo Um, afirma que Achyutananda é o filho mais velho de Adwaita Acharya. O livro em sânscrito Adwaita-charita afirma, "Adwaita Acharya Prabhu teve três filhos chamados Achyuta, Krishna Mishra e Gopala Dasa, todos nascidos do ventre de Sua esposa, Sitadevi, que eram devotos do Senhor Chaitanya. Adwaita Acharya também teve mais três filhos cujos nomes são Balarama, Swarupa e Jagadisha. Portanto, são seis filhos de Adwaita Acharya". Dos seis filhos, três são seguidores estritos do Senhor Chaitanya Mahaprabhu, e desses três, Achyutananda é o mais velho.
Adwaita Prabhu casou no começo do século quinze shakabda (fim do século quinze d.C.). Quando o Senhor Chaitanya Mahaprabhu quis visitar a vila Ramakeli no caminho de Jagannatha Puri para Vrindavana durante os anos shakabda 1433 e 1434 (1512 e 1513 d.C.), Achyutananda tinha só cinco anos de idade. O Sri Chaitanya Bhagavata, Antya-khanda, Quarto Capítulo, descreve Achyutananda nessa época como panca-varsa vayasa madhura digambara, "com apenas cinco anos de idade e nu". Por isso concluímos que Achyutananda nasceu por volta do ano 1428 (1507 d.C.). Antes do nascimento de Achyutananda, a esposa de Adwaita Prabhu, Sitadevi, veio ver o Senhor Chaitanya Mahaprabhu em Seu nascimento. Assim não é impossível que ela teve os outros três filhos com Adwaita dentro de vinte e um anos entre 1407 e 1428 shakabda (1486 e 1507 d.C.). Existe um livro não autorizado chamado Sitadwaita-charita, publicado em bengali no jornal não autorizado Nityananda-dayini em 1792 shakabda (1871 d.C.), que menciona Achyutananda como colega de classe de Sri Chaitanya Mahaprabhu. De acordo com o Sri Chaitanya Bhagavata, essa afirmação não é válida de jeito nenhum. Quando Chaitanya Mahaprabhu aceitou a ordem renunciada sannyasa, veio para casa de Adwaita Prabhu em Shantipura no ano 1431 shakabda (1510 d.C.). Nessa ocasião, como afirma o Sri Chaitanya Bhagavata, Antya-khanda, Capítulo Um, Achyutananda tinha só três anos de idade. O Sri Chaitanya Bhagavata afirma mais ainda que a criança nua, o filho de Adwaita Prabhu, veio imediatamente e caiu aos pés de lótus do Senhor Sri Chaitanya Mahaprabhu. O Senhor o pegou no colo imediatamente, apesar dele não estar muito limpo, com poeira por todo o corpo. O Senhor Chaitanya disse, "Meu querido Achyuta, Adwaita Acharya é Meu pai, por isso somos irmãos".
Antes de Sri Chaitanya Mahaprabhu exibir Suas formas espirituais durante Sua residência em Nabadwip, pediu a Sri Rama Pandita, irmão de Shrivasa Thakura, para ir a Shantipura e trazer Adwaita Acharya. Achyutananda acompanhou seu pai nessa ocasião. É dito advaitera tanaya "Achyutananda" nama. parama-balaka, seho kande avirama. Achyutananda também se juntou ao choro em bem-aventurança transcendental. Novamente, quando o Senhor Chaitanya bateu em Adwaita Acharya porque Ele explicou o Srimad Bhagavatam sob o ponto de vista impersonalista em oposição aos princípios de bhakti-yoga, Achyutananda também estava presente. Portanto, todos esses incidentes devem ter acontecido apenas dois ou três anos antes do Senhor Chaitanya aceitar a ordem sannyasa. O Sri Chaitanya Bhagavata, Antya-khanda, Capítulo Um, afirma que Achyutananda, o filho Adwaita Acharya, prestou reverências ao Senhor. Assim concluímos que Achyutananda é um grande devoto do Senhor Chaitanya Mahaprabhu desde o início de sua vida.
Não há informação se Achyutananda casou, mas ele é descrito como o maior ramo da família de Adwaita Acharya. No livro chamado Shakha-nirnayamrita sabemos que Achyutananda é um discípulo de Gadadhara e que se abrigou no Senhor Chaitanya em Jagannatha Puri e se dedicou ao serviço devocional. O Sri Chaitanya Charitamrita, Adi-lila, Capítulo Dez, afirma que Achyutananda, o filho de Adwaita Acharya, viveu em Jagannatha Puri, sob o abrigo do Senhor Chaitanya Mahaprabhu. Gadadhara Pandita, nos últimos anos de Sua vida, também viveu com o Senhor Chaitanya Mahaprabhu em Jagannatha Puri. Por isso não há dúvida de que Achyutananda era discípulo de Pandita Gadadhara. Nas descrições da dança do Senhor Chaitanya Mahaprabhu na frente do carro durante o festival de Ratha-yatra, o nome de Achyutananda aparece várias vezes. É dito que no grupo de Adwaita Acharya de Shantipura, Achyutananda dançava enquanto outros cantavam. Nessa época, o menino tinha só seis anos de idade. O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika, compilado por Sri Kavi-karnapura, descreve Achyutananda como discípulo de Gadadhara Pandita e um devoto muito elevado e querido do Senhor Chaitanya Mahaprabhu. Segundo a opinião de alguns, ele é uma encarnação de Kartikeya, o filho do Senhor Shiva, e segundo outros, ele foi anteriormente a gopi chamada Achyuta. O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika apóia as duas opiniões. Outro livro, Narottama-vilasa, compilado por Sri Narahari Dasa, menciona a presença de Achyutananda durante o festival de Khetari. Segundo Sri Narahari Dasa, durante seus últimos dias de vida, Achyutananda ficou na sua casa em Shantipura, mas durante a presença do Senhor Chaitanya Mahaprabhu, viveu em Jagannatha Puri com Gadadhara Pandita.
Dos seis filhos de Adwaita Acharya, três, Achyutananda, Krishna Mishra e Gopala Dasa, viveram fervorosamente no serviço a Chaitanya Mahaprabhu. Como Achyutananda não aceitou esposa, não teve filhos. O segundo filho de Adwaita Acharya, Krishna Mishra, teve dois filhos, Raghunatha Chakravarti e Dola-govinda. os descendentes de Raghunatha ainda vivem nas vizinhanças de Madana-gopala-pada, Ganakara, Mrijapura e Kumarakhali. Dola-govinda teve três filhos, chamados Chanda, Kandarpa e Gopinatha. Os descendentes de Kandarpa vivem em Maldah na vila Jikabadi. Gopinatha teve três filhos, Sri Vallabha, Pranavallabha e Keshava. Os descendentes de Sri Vallabha vivem nas vilas conhecidas como Masiyadara (Mahisadera), Damukadiya e Chandipura. Tem uma árvore genealógica da família de Sri Vallabha que começa com seu filho mais velho, Ganga-narayana. Os descendentes do filho mais novo de Sri Vallabha, Ramagopala, ainda vivem em Damukadiya, Chandipura, Solamari, e assim por diante. Os descendentes de Pranavallabha e Keshava vivem em Uthali. O filho de Pranavallabha é Ratnesvara, e seu filho é Krishnarama, cujo filho mais novo é Lakshmi-narayana. Seu filho é Navakishora, e o segundo filho de Navakishora é Ramamohana, cujo filho mais velho é Jagabandhu e cujo terceiro filho, Virachandra, aceitou a ordem sannyasa e instalou a Deidade do Senhor Chaitanya Mahaprabhu em Katwa. Esses dois filhos de Ramamohana são conhecidos como Bada Prabhu e Chota Prabhu, e eles inauguraram o passeio em volta de Navadwip-dhama. Pode-se consultar o Vaishnava-mañjusha para a árvore genealógica completa de Adwaita Prabhu na linha de Krishna Mishra.

Verso 18

Krishna Mishra é filho de Adwaita Acharya. O Senhor Chaitanya Mahaprabhu sempre permanece em seu coração.

Verso 19

Sri Gopala é outro filho de Sri Adwaita Acharya Prabhu. Agora ouçam sobre suas características, porque são todas muito maravilhosas.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Sri Gopala é um dos três filhos devotados de Adwaita Acharya. Ele é descrito no Madhya-lila do Sri Chaitanya Charitamrita, Capítulo Doze, versos 143 a 149.

Verso 20

Quando o Senhor Chaitanya lavou pessoalmente o Gundicha-mandira em Jagannatha Puri, Gopala dançou na frente do Senhor com muito amor e alegria.

Iluminação de Srila Prabhupada:
O Gundicha-mandira (templo) fica em Jagannatha Puri, todos os anos, Jagannatha, Balabhadra e Subhadra vão do templo de Jagannatha para lá e ficam durante oito dias. Quando o Senhor Chaitanya Mahaprabhu morou em Jagannatha Puri, Ele lavava pessoalmente esse templo todos os anos junto com Seus devotos principais. O Capítulo Gundicha-marjana do Sri Chaitanya Charitamrita (Madhya 12) descreve isso vividamente.

Verso 21

Enquanto o Senhor Chaitanya Mahaprabhu e Adwaita Prabhu cantavam o maha-mantra Hare Krishna e dançavam, aconteciam vários sintomas de êxtase em Seus corpos, e Suas mentes ficavam muito felizes.

Verso 22

Quando todos dançavam, Gopala, que dançava e dançava, desmaiou e caiu no chão inconsciente.

Verso 23

Adwaita Acharya Prabhu ficou muito triste. Pegou Seu filho no colo e começou a cantar o mantra de Nrisimha para a proteção dele.

Verso 24

Adwaita Acharya cantou vários mantras, mas Gopala não recobrou a consciência. Assim, todos Vaishnavas presentes choraram de tristeza pelo Seu pesar.

Verso 25

O Senhor Chaitanya Mahaprabhu então pôs Sua mão no peito de Gopala e disse a ele, "Meu querido Gopala, levante-se e cante o Santo Nome do Senhor".

Verso 26

Quando ouviu esse som e sentiu o toque do Senhor, Gopala se levantou imediatamente, e todos Vaishnavas cantaram o maha-mantra Hare Krishna em júbilo.

Verso 27

Os outros filhos de Adwaita Acharya são Sri Balarama, Swarupa e Jagadisha.

Iluminação de Srila Prabhupada:
O livro em sânscrito Adwaita-charita afirma que Balarama, Swarupa e Jagadisha são o quarto, quinto e sexto filhos de Adwaita Acharya. Portanto, Sri Adwaita Acharya teve seis filhos. Balarama, Swarupa e Jagadisha, por serem smartas, ou Mayavadis, foram rejeitados pela sociedade Vaishnava. Às vezes, Mayavadis se apresentam como Vaishnavas, ou adoradores do Senhor Vishnu, mas na verdade não acreditam no Senhor Vishnu como a Suprema Personalidade de Deus, pois consideram semideuses como o Senhor Shiva, Durga, o deus do Sol e Ganesha iguais a Ele. Eles são conhecidos geralmente como panchopasaka-smartas, e não se deve considerá-los entre os Vaishnavas.
Balarama teve três esposas e nove filhos. O filho mais novo de sua primeira esposa era conhecido como Madhusudana Goswami. Ele aceitou o título Bhattacharya e seguiu o caminho dos smarta ou filosofia Mayavada (impersonalismo). Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura observa que o filho de Goswami Bhattacharya, Sri Radharamana Goswami Bhattacharya, rejeitou o título goswami porque é geralmente destinado a sannyasis, aqueles que aceitaram a ordem de vida renunciada. Quem ainda está na vida familiar não deve mal utilizar o título goswami. Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura não reconheceu a casta dos goswamis porque não estão na linha dos seis Goswamis na ordem renunciada que são discípulos diretos do Senhor Chaitanya Mahaprabhu, a saber, Srila Rupa Goswami, Srila Sanatana Goswami, Srila Bhatta Raghunatha Goswami, Sri Gopala Bhatta Goswami, Sri Jiva Goswami e Srila Raghunatha Dasa Goswami. Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura afirmou que o ashrama grihastha, ou plano da vida familiar, é um tipo de concessão para o prazer sensual. Por isso que um grihastha não deve adotar falsamente o título goswami. O movimento ISKCON nunca concedeu o título goswami para um pai de família. Apesar de todos os sannyasis iniciados na ISKCON serem jovens, nós lhes concedemos os títulos da ordem de vida renunciada, swami e goswami, porque dedicaram plenamente suas vidas ao culto de Sri Chaitanya Mahaprabhu. Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura menciona que a casta dos goswamis casados não apenas desrespeitam o título goswami, mas também, por seguirem os princípios de smarta Raghunandana, exibem a grande estupidez de queimar uma imagem de palha de Adwaita Acharya na cerimônia de shraddha, assim agem como rakshasas e desrespeitam a causa do Hari-bhakti-vilasa, que é o guia dos Vaishnavas. Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura afirma que esses smarta da casta goswami escrevem livros sobre filosofia Vaishnava ou comentários sobre as escrituras originais, mas um devoto puro deve evitar essa leitura com muita cautela.

Verso 28

O servo muito íntimo de Adwaita Acharya chamado Kamalakanta Visvasa conhecia todos negócios de Adwaita Acharya.

Iluminação de Srila Prabhupada:
O nome Kamalananda mencionado no Adi-lila (10.149) e o nome Kamalakanta mencionado no Madhya-lila (10.94) se referem à mesma pessoa. Kamalakanta, um servo muito íntimo do Senhor Chaitanya Mahaprabhu nascido numa família brâmane, dedicou-se ao serviço de Sri Adwaita Acharya como Seu secretário. Quando Paramananda Puri foi de Navadwip para Jagannatha Puri, levou Kamalakanta Visvasa com ele, e os dois foram ver o Senhor Chaitanya em Jagannatha Puri. Isso é mencionado no Madhya-lila (10.94) que um dos devotos do Senhor Chaitanya, o brâmane Kamalakanta, foi com Paramananda Puri para Jagannatha Puri.

Verso 29

Quando Kamalakanta Visvasa estava em Jagannatha Puri, mandou uma nota por um mensageiro para Maharaja Prataparudra.

Verso 30

Ninguém sabia sobre essa nota, mas de alguma forma chegou nas mãos de Sri Chaitanya Mahaprabhu.

Verso 31

A nota estabelecia Adwaita Acharya como uma encarnação da Suprema Personalidade de Deus.

Verso 32

Mas também mencionava que Adwaita Acharya tinha contraído uma dívida recentemente de cerca de trezentas rúpias que Kamalakanta Visvasa queria liquidar.

Verso 33

O Senhor Chaitanya Mahaprabhu ficou triste quando leu a nota, apesar de Sua face ainda brilhar como a Lua. Assim, sorriu e falou como se segue.

Verso 34

"Ele estabeleceu Adwaita Acharya como uma encarnação da Suprema Personalidade de Deus. Não há nada errado nisso, porque Ele é na verdade o Senhor em pessoa".

Verso 35

"Mas ele transformou uma encarnação de Deus num mendigo paupérrimo. Por isso tenho que puni-lo para sua correção".

Iluminação de Srila Prabhupada:
Descrever uma pessoa como encarnação de Deus, ou Narayana, e ao mesmo tempo apresentá-lo como pobre é contraditório, e é a maior das ofensas. Os filósofos Mayavadi, dedicados ao trabalho missionário de arruinar a cultura Védica com a pregação de que todos são Deus, descrevem uma pessoa pobre como daridra-narayana, ou "Narayana pobre". O Senhor Chaitanya Mahaprabhu nunca aceitou essa estupidez e idéias não autorizadas. Ele avisou com rigor, mayavadi-bhashya sunile haya sarva-nasa: "Qualquer pessoa que segue os princípios da filosofia Mayavada está condenada com certeza". Tal pessoa tola tem que ser corrigida com punição. Apesar de ser contraditório afirmar que a Suprema Personalidade de Deus ou Sua encarnação é pobre, encontramos nas escrituras reveladas que quando o Senhor encarnou como Vamana, mendigou um pouco de terra de Maharaja Bali. Todos sabem, entretanto, que Vamanadeva não é nem um pouco pobre. Mendigar de Maharaja Bali foi um artifício para beneficiá-lo. Quando Maharaja Bali deu a terra de verdade, Vamanadeva exibiu Sua posição onipotente e cobriu os três mundos com apenas três passos. Não se deve aceitar os ditos daridra-narayanas como encarnações porque são plenamente incapazes de exibir a opulência das encarnações de Deus genuínas.

Verso 36

O Senhor ordenou a Govinda, "De hoje em diante, não permita que esse bauliya Kamalakanta Visvasa venha aqui".

Iluminação de Srila Prabhupada:
Os bauliyas, ou baulas, são uma das treze seitas desautorizadas que passam por seguidores de Chaitanya Mahaprabhu. O Senhor ordenou a Govinda, Seu assistente pessoal, para não deixar Kamalakanta Visvasa vir em Sua presença porque tinha se tornado um bauliya. Assim, apesar dos baula-sampradaya, aula-sampradaya e sahajiya-sampradaya, bem como os smartas, jata-gosañis, atibadis, chudadharis e gauranga-nagaris, alegarem que pertencem à sucessão discipular de Chaitanya Mahaprabhu, o Senhor os rejeitou na verdade.

Verso 37

Quando Kamalakanta Visvasa ouviu sobre essa punição de Sri Chaitanya Mahaprabhu, ficou muito triste, mas quando Adwaita Prabhu soube, ficou muito feliz.

Iluminação de Srila Prabhupada:
O Senhor afirma no Bhagavad-gita, samo 'ham sarva-bhutesu na me dvesyo 'sti na priyah: "Eu não invejo ninguém, nem sou parcial com alguém. Sou igual com todos" (Bg. 9.29). Como a Suprema Personalidade de Deus é igual com todos, ninguém pode ser seu inimigo, nem ninguém pode ser Seu amigo. Como todos são partes ou filhos da Suprema Personalidade de Deus, o Senhor não pode considerar alguém parcialmente como amigo e outro como inimigo. Por isso quando o Senhor Chaitanya Mahaprabhu puniu Kamalakanta Visvasa por não permitir que ele viesse mais em Sua presença, apesar da punição ser severa demais para ele, Sri Adwaita Prabhu, que sabia o significado íntimo dessa punição, ficou feliz porque apreciou que o Senhor de fato favoreceu Kamalakanta Visvasa. Por isso que não ficou nem um pouco triste. Os devotos devem ficar sempre felizes com as ações de seu mestre, a Suprema Personalidade de Deus. Um devoto pode ser posto em dificuldade ou opulência, mas deve aceitar os dois como presentes da Suprema Personalidade de Deus e se dedicar com júbilo ao serviço do Senhor em todas circunstâncias.

Verso 38

Quando viu Kamalakanta Visvasa triste, Adwaita Acharya Prabhu lhe disse, "você é muito afortunado por ser punido pelo Supremo Senhor, a Suprema Personalidade de Deus, o Senhor Chaitanya Mahaprabhu".

Iluminação de Srila Prabhupada:
Este é um julgamento autorizado de Sri Adwaita Prabhu. Ele aconselha claramente que ninguém deve ficar triste quando os reveses acontecem com ele pela ordem da Suprema Personalidade de Deus. Um devoto deve ficar sempre feliz de receber a sorte que lhe é concedida pelo Supremo Senhor, a qual pode parecer agradável ou desagradável de acordo com o julgamento da pessoa.

Verso 39

"Antes, o Senhor Chaitanya Mahaprabhu sempre Me respeitava como sênior a Ele, mas Eu não gostava desse respeito. Por isso, com Minha mente aflita de tristeza, Eu fiz um plano".

Verso 40

"Assim, comecei a expor o Yoga-vashistha, que considera a liberação como meta última da vida. Por isso o Senhor ficou bravo Comigo e Me tratou com desrespeito aparente".

Iluminação de Srila Prabhupada:
Existe um livro chamado Yoga-vashistha que os Mayavadis gostam muito porque é cheio de más interpretações impessoais sobre a Suprema Personalidade de Deus, sem nenhum vestígio de Vaishnavismo. De fato, todos Vaishnavas devem evitar esse livro, mas Adwaita Acharya Prabhu, que desejava ser punido pelo Senhor, começou a apoiar as afirmações do Yoga-vashistha. Por isso o Senhor Chaitanya Mahaprabhu ficou extremamente irado com Ele e aparentemente O tratou de forma desrespeitosa.

Verso 41

"Quando fui castigado pelo Senhor Chaitanya, fiquei muito feliz de receber uma punição similar à de Sri Mukunda".

Iluminação de Srila Prabhupada:
Sri Mukunda, um grande amigo e companheiro do Senhor Chaitanya Mahaprabhu, costumava visitar muitos lugares onde as pessoas eram contra o culto Vaishnava. Quando o Senhor Chaitanya Mahaprabhu soube disso, puniu Mukunda, por proibi-lo de vê-Lo novamente. Apesar de Chaitanya Mahaprabhu ser suave como uma flor, ao mesmo tempo é rígido como um raio, e todos ficaram com medo de permitir que Mukunda viesse novamente à presença de Sri Chaitanya Mahaprabhu. Mukunda, entretanto, que ficou muito triste, pediu a seus outros amigos perguntarem se poderia ver o Senhor Chaitanya Mahaprabhu novamente algum dia. Assim os devotos fizeram essa pergunta ao Senhor Chaitanya, o Senhor respondeu, "Mukunda terá permissão para Me ver depois de milhões de anos". Quando deram essa resposta a Mukunda, ele dançou em júbilo, e quando o Senhor Chaitanya Mahaprabhu soube que Mukunda ia esperar com tanta paciência para encontrá-Lo depois de milhões de anos, imediatamente pediu-lhe para retornar. Há uma descrição sobre esse castigo de Mukunda no Sri Chaitanya Bhagavata, Madhya-lila, Décimo Capítulo.

Verso 42

"Uma punição similar foi dada à mãe Shachidevi. Quem pode ser mais afortunado do que ela para receber tal castigo"?

Iluminação de Srila Prabhupada:
A mãe Shachidevi recebeu uma punição similar, como o Sri Chaitanya Bhagavata, Madhya-lila, Capítulo Vinte e Dois menciona. A mãe Shachidevi, por expressar sua natureza feminina aparentemente, acusou Adwaita Prabhu de encorajar seu filho a se tornar um sannyasi. Chaitanya Mahaprabhu, que considerou essa acusação como uma ofensa, pediu para Shachidevi tocar nos pés de lótus de Adwaita Acharya para aliviar a ofensa que tinha supostamente cometido.

Verso 43

Depois de consolar Kamalakanta Visvasa dessa forma, Sri Adwaita Acharya Prabhu foi ver Chaitanya Mahaprabhu.

Verso 44

Sri Adwaita Acharya disse ao Senhor Chaitanya, "Eu não consigo entender Seus passatempos transcendentais. Você foi mais bondoso com Kamalakanta do que geralmente é Comigo".

Verso 45

"A bondade que Você demonstrou a Kamalakanta é tão grande que Você nunca mostrou tamanha bondade nem mesmo para Mim. Que ofensa Eu cometi a Seus pés de lótus para que nunca recebesse um benefício desse"?

Iluminação de Srila Prabhupada:
Esta é uma referência da punição anterior do Senhor Chaitanya Mahaprabhu para Adwaita Acharya. Quando Adwaita Acharya Prabhu lia o Yoga-vashistha, o Senhor Chaitanya Mahaprabhu bateu Nele, mas nunca Lhe disse para não vir mais em Sua presença. Por isso que Sri Adwaita Acharya Prabhu queria ressaltar para o Senhor Chaitanya Mahaprabhu que foi mais favorável a Kamalakanta Visvasa porque proibiu Kamalakanta de vê-Lo, e não fez isso com Adwaita Acharya. Portanto, o benefício exibido para Kamalakanta Visvasa foi maior do que o benefício de Adwaita Acharya.

Verso 46

Ao ouvir isso, o Senhor Chaitanya Mahaprabhu riu com satisfação e chamou Kamalakanta Visvasa imediatamente.

Verso 47

Adwaita Acharya então disse a Chaitanya Mahaprabhu, "Por que Você chamou essa pessoa de volta e permitiu que ele O visse? Ele Me enganou de duas formas".

Verso 48

Ao ouvir isso, Chaitanya Mahaprabhu ficou satisfeito intimamente. Só os dois puderam entender o pensamento de cada um.

Verso 49

O Senhor Chaitanya Mahaprabhu instruiu Kamalakanta, "você é um bauliya, aquele que não conhece as coisas como são realmente. Por que age dessa forma? Por que invadiu a privacidade de Adwaita Acharya e prejudicou Seus princípios religiosos"?

Iluminação de Srila Prabhupada:
Kamalakanta Visvasa, por ignorância, pediu ao rei de Jagannatha Puri, Maharaja Prataparudra, para liquidar a dívida de trezentas rúpias de Adwaita Acharya, mas ao mesmo tempo, estabeleceu Adwaita Acharya como uma encarnação da Suprema Personalidade de Deus. Isso é contraditório. Uma encarnação do Supremo Senhor não pode ter dívida com ninguém neste mundo material. Chaitanya Mahaprabhu nunca fica satisfeito com uma contradição dessas, que é chamada tecnicamente de rasabhasa, ou sobrepor um humor (rasa) sobre outro. Isso é o mesmo tipo de idéia como a contradição de que Narayana é pobre (daridra-narayana).

Verso 50

"Adwaita Acharya, Meu mestre espiritual, nunca deve aceitar caridade de pessoas ricas ou reis porque se um mestre espiritual aceitar dinheiro ou cereais desses materialistas, sua mente ficará poluída".

Iluminação de Srila Prabhupada:
É muito arriscado aceitar dinheiro ou comida de pessoas materialistas, porque essa aceitação polui a mente do recipiente da caridade. De acordo com o sistema Védico, deve-se dar caridade aos sannyasis e brahmanas porque a pessoa que dá caridade a eles fica livre das atividades pecaminosas. Antigamente, entretanto, os brâmanes não aceitavam caridade de uma pessoa a menos que fosse muito piedosa. O Senhor Chaitanya Mahaprabhu deu esta instrução para todos mestres espirituais. Pessoas materialistas que não estão inclinadas a abandonar suas atividades pecaminosas como sexo ilícito, intoxicação, jogos de azar e comer carne às vezes querem se tornar nossas discípulas, mas, diferente dos mestres espirituais que aceitam discípulos sem levar em conta sua condição, os Vaishnavas não aceitam tais discípulos baratos. A pessoa tem que pelo menos concordar em seguir as regras e regulamentos do discípulo antes que um Vaishnava o aceite. De fato, um Vaishnava não deve nem mesmo aceitar caridade ou comida de pessoas que não seguem as regras e regulamentos dos princípios Vaishnavas.

Verso 51

"Quando a mente da pessoa fica poluída, é muito difícil lembrar Krishna; e quando a lembrança do Senhor Krishna é obstruída, sua vida se torna improdutiva".

Iluminação de Srila Prabhupada:
O devoto deve estar sempre alerta, para manter sua mente em estado vívido a fim de que possa sempre lembrar o Senhor Sri Krishna. Os shastras afirmam, smartavyah satatam vishnuh: na vida devocional, a pessoa deve sempre lembrar o Senhor Vishnu. Srila Shukadeva Goswami também aconselhou Maharaja Parikshit, smartavyo nityasah. No Segundo Canto, Primeiro Capítulo, do Srimad Bhagavatam, Shukadeva Goswami aconselha Parikshit Maharaja:

tasmad bharata sarvatma
bhagavan isvaro harih
srotavyah kirtitavyas ca
smartavyas cecchatabhayam

"Ó descendente do rei Bharata, a pessoa que deseja se livrar de todas misérias deve ouvir, glorificar e também lembrar a Suprema Personalidade de Deus, que é a Superalma, o controlador e o salvador de todas misérias" (Bhag. 2.1.5). Este é o resumo de todas atividades de um Vaishnava, e a mesma instrução se repete aqui (krishna-smrti vinu haya nisphala jivana). Srila Rupa Goswami afirma no Bhakti-rasamrita-sindhu, avyartha-kalatvam: Um Vaishnava deve ficar alerta para desperdiçar nem mesmo um segundo de sua valiosa duração de vida. Este é um sintoma de um Vaishnava. Mas a companhia de pessoas do dinheiro, ou visayis, materialistas que estão apenas interessados em prazer sensual, polui a mente da pessoa e impede essa lembrança contínua do Senhor Krishna. Sri Chaitanya Mahaprabhu portanto avisou, asat-sanga-tyaga - ei vaishnava-acara: Um Vaishnava deve se comportar de tal forma para nunca ficar na companhia de não devotos ou materialistas (Cc. Madhya 22.87). A pessoa pode evitar essa companhia simplesmente por sempre lembrar Krishna dentro do seu coração.

Verso 52

"Assim a pessoa se torna impopular aos olhos do povo em geral, porque isso arruína sua religiosidade e fama. Um Vaishnava, especialmente o que atua como mestre espiritual, não deve agir dessa forma. A pessoa tem que estar sempre consciente sobre esse fato".

Verso 53

Quando Chaitanya Mahaprabhu deu essa instrução a Kamalakanta, todos que estavam presentes consideraram ser destinada a todos. Assim Adwaita Acharya ficou muito contente.

Verso 54

Somente o Senhor Chaitanya Mahaprabhu pôde entender as intenções de Adwaita Acharya, e Adwaita Acharya apreciou a importante instrução do Senhor Chaitanya Mahaprabhu.

Verso 55

Há várias considerações confidenciais nessa declaração. Eu não escrevo todas elas, com receio de aumentar desnecessariamente o volume deste livro.

Verso 56

O quinto ramo de Adwaita Acharya é Sri Yadunandana Acharya, que tem tantos ramos e sub-ramos que é impossível escrever sobre eles.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Yadunandana Acharya é o mestre espiritual iniciador oficial de Raghunatha Dasa Goswami. Em outras palavras, quando Raghunatha Dasa Goswami era casado, Yadunandana Acharya o iniciou em casa. Mais tarde, Raghunatha Dasa Goswami se abrigou em Sri Chaitanya Mahaprabhu em Jagannatha Puri.

Verso 57

Sri Yadunandana Acharya era aluno de Vasudeva Datta, e recebeu toda sua misericórdia. Por isso que pôde aceitar os pés de lótus do Senhor Chaitanya em todos ângulos de visão, como o abrigo supremo.

Iluminação de Srila Prabhupada:
O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika, verso 140, descreve que Vasudeva Datta foi anteriormente Madhuvrata, um cantor de Vrindavana.

Verso 58

Bhagavata Acharya, Vishnudasa Acharya, Chakrapani Acharya e Ananta Acharya são o sexto, sétimo, oitavo e nono ramos de Adwaita Acharya.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Sri Bhaktisiddhanta Sarasvati Goswami Prabhupada afirma em seu Anubhashya que Bhagavata Acharya estava anteriormente entre os seguidores de Adwaita Acharya mas depois é considerado entre os seguidores de Gadadhara Pandita. O sexto verso do Shakha-nirnayamrita, um livro escrito por Yadunandana Dasa, afirma que Bhagavata Acharya compilou um livro famoso chamado Prema-tarangini. Segundo o Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika, verso 195, Bhagavata Acharya viveu em Vrindavana anteriormente como Sweta-mañjari. Vishnudasa Acharya estava presente durante o Khetari-mahotsava. Ele foi para lá com Achyutananda, como o Bhakti-ratnakara, Décimo Taranga afirma. Ananta Acharya é uma das oito gopis principais. Seu nome anterior é Sudevi. Apesar de estar entre os seguidores de Adwaita Acharya, mais tarde se tornou um devoto importante de Gadadhara Goswami.

Verso 59

Nandini, Kamadeva, Chaitanya Dasa, Durlabha Visvasa e Vanamali Dasa são o décimo, décimo primeiro, décimo segundo, décimo terceiro e décimo quarto ramos de Sri Adwaita Acharya.

Verso 60

Jagannatha Kara, Bhavanatha Kara, Hridayananda Sena e Bholanatha Dasa são o décimo quinto, décimo sexto, décimo sétimo e décimo oitavo ramos de Adwaita Acharya.

Verso 61

Yadava Dasa, Vijaya Dasa, Janardana Dasa, Ananta Dasa, Kanu Pandita e Narayana Dasa são o décimo nono, vigésimo, vigésimo primeiro, vigésimo segundo, vigésimo terceiro e vigésimo quarto ramos de Adwaita Acharya.

Verso 62

Srivatsa Pandita, Haridasa Brahmachari, Purushottama Brahmachari e Krishnadasa são o vigésimo quinto, vigésimo sexto, vigésimo sétimo e vigésimo oitavo ramos de Adwaita Acharya.

Verso 63

Purushottama Pandita, Raghunatha, Vanamali Kavichandra e Vaidyanatha são o vigésimo nono, trigésimo, trigésimo primeiro e trigésimo segundo ramos de Adwaita Acharya.

Verso 64

Lokanatha Pandita, Murari Pandita, Sri Haricharana e Madhava Pandita são o trigésimo terceiro, trigésimo quarto, trigésimo quinto e trigésimo sexto ramos de Adwaita Acharya.

Verso 65

Vijaya Pandita e Srirama Pandita são dois ramos importantes de Adwaita Acharya. Eles têm inumeráveis ramos, mas sou incapaz de mencioná-los todos.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Como Shrivasa Pandita é uma encarnação de Narada Muni, seu irmão mais novo, Srirama Pandita, é aceito como uma encarnação de Parvata Muni, o amigo mais íntimo de Narada Muni.

Verso 66

O tronco de Adwaita Acharya recebeu a água fornecida pelo jardineiro original, Sri Chaitanya Mahaprabhu. Dessa forma, os sub-ramos foram nutridos, e seus frutos e flores cresceram exuberantemente.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Os ramos de Adwaita Acharya nutridos com a água fornecida por Sri Chaitanya Mahaprabhu devem ser considerados como os acharyas autênticos. Como já discutimos antes, os representantes de Adwaita Acharya mais tarde se dividiram em dois grupos, os ramos autênticos da sucessão discipular dos acharyas e os ramos pretensiosos de Adwaita Acharya. Os que seguiram os princípios de Chaitanya Mahaprabhu floresceram, enquanto os outros, que são mencionados abaixo no sexagésimo sétimo verso, secaram.

Verso 67

Depois da partida do Senhor Chaitanya Mahaprabhu, alguns ramos, por razões desafortunadas, desviaram do Seu caminho.

Verso 68

Alguns ramos não aceitaram o tronco original que vitaliza e mantém a árvore inteira. Quando se tornaram ingratos dessa forma, o tronco original ficou irado com eles.

Verso 69

Assim, o Senhor Chaitanya não os regou com a água de Sua misericórdia, e eles gradualmente secaram e morreram.

Verso 70

Uma pessoa sem Consciência de Krishna não é melhor que madeira seca ou um corpo morto. Entende-se que ela está morta mesmo enquanto vive, e depois da morte será punida por Yamaraja.

Iluminação de Srila Prabhupada:
No Srimad Bhagavatam, Sexto Canto, Terceiro Capítulo, vigésimo nono verso, Yamaraja, o superintendente da morte, diz a seus assistentes que tipo de pessoas devem ser trazidas perante ele. Ele afirma: "A pessoa cuja língua nunca descreve as qualidades e o Santo Nome da Suprema Personalidade de Deus, cujo coração nunca palpita quando lembra Krishna e Seus pés de lótus, e cuja cabeça nunca se prostra em reverência ao Supremo Senhor deve ser trazida perante mim para punição". Em outras palavras, os não devotos devem ser levados perante Yamaraja para punição, e depois a natureza material lhes concede vários tipos de corpos. Depois da morte, que é dehantara, mudança de corpo, os não devotos são levados perante Yamaraja para justiça. De acordo com o julgamento de Yamaraja, a natureza material dá a eles corpos adequados para as reações de suas atividades passadas. Assim é o processo de dehantara, ou transmigração do eu de um corpo a outro (Bg. 2.13). Os devotos conscientes de Krishna, entretanto, não são sujeitos ao julgamento de Yamaraja. Para os devotos, há uma estrada aberta, como o Bhagavad-gita confirma. Depois de deixar o corpo (tyaktva deham), o devoto não tem que aceitar nunca mais outro corpo material, porque ele volta para o lar, de volta ao Supremo, em um corpo espiritual. As punições de Yamaraja se destinam a pessoas que não são conscientes de Krishna.

Verso 71

Não apenas os descendentes desviados de Adwaita Acharya mas qualquer um que é contra o culto de Sri Chaitanya Mahaprabhu deve ser considerado um ateu sujeito à punição de Yamaraja.

Verso 72

Seja um erudito acadêmico, um grande asceta, um chefe de família bem sucedido ou um sannyasi famoso, se for contra o culto de Sri Chaitanya Mahaprabhu, está destinado a sofrer a punição estabelecida por Yamaraja.

Verso 73

Os descendentes de Adwaita Acharya que aceitaram o caminho de Sri Achyutananda são todos grandes devotos.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Srila Bhaktivinoda Thakura faz a seguinte observação a esse respeito em seu Amrita-pravaha-bhashya: "Sri Adwaita Acharya é um dos troncos importantes da bhakti-kalpataru, ou árvore do desejo do serviço devocional. O Senhor Sri Chaitanya Mahaprabhu, como o jardineiro, regou a raiz da árvore de bhakti com água e nutriu todos seus troncos e ramos. Mas entretanto, sob o encanto de maya, a condição mais desafortunada do ser vivo, alguns ramos, que não aceitaram o jardineiro que os regou com água, consideraram o tronco como a única causa da grande bhakti-kalpataru. Em outras palavras, os ramos ou descendentes de Adwaita Acharya que consideraram Adwaita Acharya a causa original da planta da devoção, e assim negligenciaram e desobedeceram às instruções de Sri Chaitanya Mahaprabhu, privaram-se do efeito de serem regados e assim secaram e morreram. Devemos entender mais ainda que não apenas os descendentes desviados de Adwaita Acharya mas qualquer um que não tem conexão com Chaitanya Mahaprabhu, mesmo se for independentemente um grande sannyasi, acadêmico erudito ou asceta, é como um ramo morto da árvore".
Essa análise de Sri Bhaktivinoda Thakura, que apóia as afirmações de Sri Krishnadasa Kaviraja Goswami, descreve a posição da dita religião Hindu atual, conduzida com a predominância da filosofia Mayavada, que se tornou uma instituição com uma mistura confusa de várias idéias inventadas.
Os Mayavadis têm muito medo do movimento da consciência de Krishna e o acusam de arruinar a religião Hindu porque aceita pessoas de todas as partes do mundo e todas as seitas religiosas e as dedica cientificamente ao daiva-varnashrama-dharma. Como já explicamos várias vezes, porém, não encontramos essa palavra "Hindu" na literatura Védica. É provável que essa palavra veio do Afeganistão, um país com predominância islâmica, e se referia originalmente a um desfiladeiro no Afeganistão conhecido como Hindukush que ainda faz parte de uma rota comercial entre a Índia e vários países islâmicos.
O verdadeiro sistema de religião Védica se chama varnashrama-dharma, como é confirmado no Vishnu Purana:

varnasramacaravata
purusena parah puman
vishnur aradhyate pantha
nanyat tat-tosa-karanam
(Vishnu Purana 3.8.9)

A literatura Védica recomenda que o ser humano deve seguir os princípios de varnashrama-dharma. A aceitação do processo de varnashrama-dharma tornará a vida da pessoa bem sucedida porque irá conectá-la à Suprema Personalidade de Deus, que é o objetivo da vida humana. Por isso que o movimento da consciência de Krishna se destina a toda humanidade. Apesar da sociedade humana ter diferentes seções e subdivisões, todos seres humanos pertencem a uma espécie, e por isso temos que aceitar que todos têm a habilidade para entender sua posição constitucional em conexão à Suprema Personalidade de Deus, Vishnu. Sri Chaitanya Mahaprabhu confirma, jivera 'Swarupa' haya - krsnera nitya-Dasa: "Todo ser vivo é uma parte eterna, um servo eterno, da Suprema Personalidade de Deus". Todo ser vivo que alcançou a forma humana de vida pode entender sua posição e assim se tornar elegível para se tornar um devoto do Senhor Krishna. Nós acreditamos nisso, por isso, toda humanidade deve ser educada em Consciência de Krishna. De fato, em todas partes do mundo, em cada país, nós pregamos o movimento sankirtana, e vemos que as pessoas aceitam facilmente o maha-mantra Hare Krishna sem hesitar. O efeito visível desse canto é que os membros do movimento Hare Krishna, independente de suas origens, todos abandonam os quatro princípios da vida pecaminosa e alcançam um padrão elevado de devoção.
Apesar de se apresentarem como grandes eruditos, ascetas, chefes de família e swamis, os ditos seguidores da religião Hindu são todos inúteis, ramos secos da religião Védica. Eles são impotentes, eles não podem fazer nada para propagar a cultura Védica para o benefício da sociedade humana. A essência da cultura Védica é a mensagem de Sri Chaitanya Mahaprabhu. O Senhor Chaitanya instruiu (Cc. Madhya 7.128):

yare dekha, tare kaha 'krishna' upadesa
amara ajnaya guru hana tara' ei desa

A pessoa deve instruir todos que encontra sobre os princípios de krishna-katha, como expressado no Bhagavad-gita Como Ele É e no Srimad Bhagavatam. A pessoa que não tem interesse em krishna-katha ou o culto de Sri Chaitanya Mahaprabhu é como madeira seca inútil sem nenhuma força viva. O ramo da ISKCON, regado diretamente por Sri Chaitanya Mahaprabhu, torna-se bem sucedido sem dúvida, enquanto os ramos desconectados da dita religião Hindu que têm inveja da ISKCON secam e morrem.

[N. T.: Como já comentamos no Verso 8 acima, a ISKCON era o corpo de Srila Prabhupada. Quando ele estava presente, tudo funcionava com sucesso, pelo seu poder divino].

Verso 74

Pela misericórdia de Adwaita Acharya, Os devotos que seguiram estritamente o caminho de Chaitanya Mahaprabhu alcançaram o abrigo dos pés de lótus do Senhor Chaitanya sem dificuldade.

Verso 75

Devemos concluir, portanto, que o caminho de Achyutananda é a essência da vida espiritual. Aqueles que não seguiram esse caminho simplesmente dispersaram.

Verso 76

Portanto, eu presto minhas respeitosas reverências milhões de vezes aos verdadeiros seguidores de Achyutananda, cuja vida e alma é Sri Chaitanya Mahaprabhu.

Verso 77

Assim eu descrevi brevemente os três ramos (Achyutananda, Krishna Mishra e Gopala) dos descendentes de Sri Adwaita Acharya.

Verso 78

Há inumeráveis ramos e sub-ramos de Adwaita Acharya. É muito difícil descrevê-los todos. Eu dei apenas um vislumbre do tronco total e seus ramos e sub-ramos.

Verso 79

Depois de descrever os ramos e sub-ramos de Adwaita Acharya, eu vou tentar descrever alguns dos descendentes de Sri Gadadhara Pandita, os ramos mais importantes.

Verso 80

Os ramos principais de Sri Gadadhara Pandita são (1) Sri Dhruvananda, (2) Sridhara Brahmachari, (3) Haridasa Brahmachari e (4) Raghunatha Bhagavatacharya.

Iluminação de Srila Prabhupada:
O verso 152 do Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika descreve Sri Dhruvananda Brahmachari como uma encarnação de Lalita, e o verso 194 descreve Sridhara Brahmachari como a gopi conhecida como Chandralatika.

Verso 81

O quinto ramo é Ananta Acharya, o sexto, Kavi Datta, o sétimo, Nayana Mishra, o oitavo, Gangamantri, o nono Mamu Thakura, e o décimo, Kanthabharana.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Os versos 197 e 207 do Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika descrevem Kavi Datta como a gopi chamada Kalakanthi, os versos 196 e 207 descrevem Nayana Mishra como a gopi chamada Nitya-mañjari, e os versos 196 e 205 descrevem Gangamantri como a gopi chamada Chandrika. Mamu Thakura, cujo nome verdadeiro era Jagannatha Chakravarti, era sobrinho de Sri Nilambara Chakravarti, o avô de Sri Chaitanya Mahaprabhu. Na Bengala, o tio materno é tratado como mama, e na Bengala Oriental e Orissa, mamu. Por isso que Jagannatha Chakravarti era conhecido como Mama ou Mamu Thakura. A residência de Mamu Thakura era no distrito de Faridpur na vila conhecida como Magadoba. Após a partida de Sri Gadadhara Pandita, Mamu Thakura se tornou o sacerdote responsável pelo templo conhecido como Tota-gopinatha em Jagannatha Puri. Segundo a opinião de alguns Vaishnavas, Mamu Thakura era conhecido anteriormente como Sri Rupa-mañjari. Os seguidores de Mamu Thakura são Raghunatha Goswami, Ramachandra, Radhavallabha, Krishnajivana, Shyamasundara, Shantamani, Harinatha, Navinachandra, Matilala, Dayamayi e Kunjavihari. Kanthabharana, cujo nome original era Sri Ananta Chattaraja, era a gopi chamada Gopali em krishna-lila.

Verso 82

O décimo primeiro ramo de Gadadhara Goswami é Bhugarbha Gosañi, e o décimo segundo é Bhagavata Dasa. Os dois foram para Vrindavana e lá viveram a vida toda.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Bhugarbha Gosañi, conhecido anteriormente como Prema-mañjari, era um grande amigo de Lokanatha Goswami, que construiu o templo de Gokulananda, um dos sete templos importantes de Vrindavana, a saber, Govinda, Gopinatha, Madana-mohana, Radharamana, Shyamasundara, Radha-Damodara e Gokulananda, que são instituições autorizadas dos Gaudiya Vaishnavas.

Verso 83

O décimo terceiro ramo é Vaninatha Brahmachari, e o décimo quarto é Vallabha-chaitanya Dasa. Essas duas personalidades estão sempre repletas com o amor de Krishna.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Sri Vaninatha Brahmachari é descrito no Décimo Capítulo, verso 114, do Adi-lila. Um discípulo de Vallabha-chaitanya chamado Nalini-mohana Goswami estabeleceu um templo de Madana-gopala em Navadwip.

Verso 84

O décimo quinto ramo é Srinatha Chakravarti, o décimo sexto, Uddhava, o décimo sétimo, Jitamitra, e o décimo oitavo, Jagannatha Dasa.

Iluminação de Srila Prabhupada:
O Shakha-nirnaya, verso 13, menciona Srinatha Chakravarti como um reservatório de todas boas qualidades e um especialista no serviço ao Senhor Krishna. Similarmente, o verso 35 menciona Uddhava Dasa como altamente qualificado para distribuir o amor do Supremo para todos. O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika, verso 202, menciona Jitamitra como a gopi chamada Shyama-mañjari. Jitamitra escreveu um livro chamado Krishna-mayurya. Jagannatha Dasa era morador de Vikramapura, perto de Dacca. Seu local de nascimento é na vila conhecida como Kasthakata ou Kathadiya. Seus descendentes vivem agora nas vilas conhecidas como Adiyala, Kamarapada e Paikapada. Ele estabeleceu um templo de Yashomadhava. Os adoradores desse templo são os Goswamis de Adiyala. Como uma das sessenta e quatro sakhis, ele foi anteriormente uma assistente da Chitradevi-gopi chamada Tilakini. A seguir, temos uma lista de seus descendentes: Ramanrisimha, Ramagopala, Ramachandra, Sanatana, Muktarama, Gopinatha, Goloka, Harimohana Shiromani, Rakhalaraja, Madhava e Lakshmikanta. O Shakha-nirnaya menciona que Jagannatha Dasa pregou o movimento Hare Krishna no distrito ou estado de Tripura.

Verso 85

O décimo nono ramo é Sri Hari Acharya, o vigésimo, Sadipuriya Gopala, o vigésimo primeiro, Krishnadasa Brahmachari, e o vigésimo segundo, Puspagopala.

Iluminação de Srila Prabhupada:
O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika, versos 196 e 207, menciona que Hari Acharya foi anteriormente a gopi chamada Kalakshi. Sadipuriya Gopala é célebre como pregador do movimento Hare Krishna em Vikramapura, na Bengala Oriental. Krishnadasa Brahmachari estava anteriormente entre o grupo das sakhis conhecidas como ashta-sakhis. Seu nome era Indulekha. Krishnadasa Brahmachari viveu em Vrindavana. Há um túmulo no templo de Radha-Damodara conhecido como o túmulo de Krishnadasa. Alguns dizem que o túmulo é de Krishnadasa Brahmachari e outros, de Krishnadasa Kaviraja Goswami. Em qualquer caso, prestamos nossas respeitosas reverências a ambos porque os dois eram especialistas na distribuição do amor do Supremo para os seres caídos desta era. O Shakha-nirnaya menciona que Puspagopala era conhecido anteriormente como Swarnagramaka.

Verso 86

O vigésimo terceiro ramo é Sriharsha, o vigésimo quarto, Raghu Mishra, o vigésimo quinto, Lakshminatha Pandita, o vigésimo sexto, Bangavati Chaitanya Dasa, e o vigésimo sétimo, Raghunatha.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Raghu Mishra é descrito no Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika, versos 195 e 201, como Karpura-mañjari. Similarmente, Lakshminatha Pandita é mencionado como Rasonmada, e Bangavati Chaitanya Dasa é mencionado como Kali. O Shakha-nirnaya afirma que Bangavati Chaitanya Dasa era sempre visto com os olhos cheios de lágrimas. Ele também teve um ramo de descendentes. Seus nomes são Mathuraprasada, Rukminikanta, Jivanakrishna, Yugalakishora, Ratanakrishna, Radhamadhava, Ushamani, Vaikunthanatha e Lalamohana, ou Lalamohana Shaha Shankhanidhi. Lalamohana foi um grande comerciante na cidade de Dacca. O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika, versos 194 e 200, menciona que Raghunatha foi anteriormente Varangada.

Verso 87

O vigésimo oitavo ramo é Amogha Pandita, o vigésimo nono, Hastigopala, o trigésimo, Chaitanya-vallabha, o trigésimo primeiro, Yadu Ganguli, e o trigésimo segundo, Mangala Vaishnava.

Iluminação de Srila Prabhupada:
Sri Mangala Vaishnava era morador da vila Titakana no distrito de Murshidabada. Seus antepassados eram shaktas que adoravam a deusa Kiritesvari. Dizem que Mangala Vaishnava, anteriormente um brahmachari estrito, deixou o lar e mais tarde casou com a filha de seu discípulo Prananatha Adhikari na vila de Mayanadala. Os descendentes de sua família são conhecidos como os Thakuras de Kandada, que é uma vila do distrito de Burdwan perto de Katwa. Descendentes dispersos de Mangala Vaishnava, trinta e seis famílias no total, ainda vivem lá. Entre os célebres discípulos de Mangala Thakura estão Prananatha Adhikari, Purushottama Chakravarti da vila de Kandada, e Nrisimha-prasada Mitra, cujos membros da família são famosos como tocadores de mridanga. Sudhakrishna Mitra e Nikunjavihari Mitra também são dois tocadores de mridanga especialmente famosos. Na família de Purushottama Chakravarti há pessoas famosas como Kunjavihari Chakravarti e Radhavallabha Chakravarti, que agora vivem no distrito de Birbhum. Eles são recitadores profissionais do Chaitanya-mangala. Dizem que quando Mangala Thakura construiu uma estrada da Bengala para Jagannatha Puri, encontrou uma Deidade de Radhavallabha ao cavar um lago. Nessa época, ele vivia aos redores de Kandada na vila chamada Ranipura. A shalagrama-shila que Mangala Thakura adorava pessoalmente ainda existe na vila de Kandada. Um templo foi construído lá para a adoração de Vrindavana-chandra. Mangala Thakura teve três filhos, Radhikaprasada, Gopiramana e Shyamakishora. Os descendentes desses três filhos ainda estão vivos.

Verso 88

Shivananda Chakravarti, o trigésimo terceiro ramo, que sempre viveu em Vrindavana com firme convicção, é considerado um ramo importante de Gadadhara Pandita.

Iluminação de Srila Prabhupada:
O Sri Gaura-Ganoddesha-Dipika, verso 183, menciona que Shivananda Chakravarti foi anteriormente Lavanga-mañjari. O Shakha-nirnaya, escrito por Yadunandana Dasa, também descreve outros ramos de Gadadhara Pandita, como se segue: (1) Madhava Acharya, (2) Gopala Dasa, (3) Hridayananda, (4) Vallabha Bhatta (o Vallabha-sampradaya, ou Pustimarga-sampradaya, é muito famoso), (5) Madhu Pandita (esse devoto famoso viveu perto de Khadadaha na vila conhecida como Sanibona-grama, cerca de três quilômetros a leste da estação de Khadadaha, e construiu o templo de Gopinathaji em Vrindavana), (6) Achyutananda, (7) Chandrashekhara, (8) Vakresvara Pandita, (9) Damodara, (10) Bhagavan Acharya, (11) Ananta Acharyavarya, (12) Krishnadasa, (13) Paramananda Bhattacharya, (14) Bhavananda Goswami, (15) Chaitanya Dasa, (16) Lokanatha Bhatta (esse devoto, que viveu na vila de Talakhadi no distrito de Yashohara e construiu o templo de Radhavinoda, é o mestre espiritual de Narottama Dasa Thakura e um grande amigo de Bhugarbha Goswami), (17) Govinda Acharya, (18) Akrura Thakura, (19) Sanketa Acharya, (20) Pratapaditya, (21) Kamalakanta Acharya, (22) Yadava Acharya e (23) Narayana Padihari (um morador de Jagannatha Puri).

Verso 89

Assim eu descrevi brevemente os ramos e sub-ramos de Gadadhara Pandita. Ainda tem muito mais que eu não mencionei aqui.

Verso 90

Todos seguidores de Gadadhara Pandita são considerados grandes devotos porque têm o Senhor Sri Chaitanya Mahaprabhu como sua vida e alma.

Verso 91

Simplesmente pela lembrança dos nomes de todos esses ramos e sub-ramos dos três troncos que eu descrevi (Nityananda, Adwaita e Gadadhara), a pessoa obtém a liberdade do enredamento desta existência material.

Verso 92

Simplesmente por lembrar os nomes de todos esses Vaishnavas, a pessoa pode alcançar os pés de lótus de Sri Chaitanya Mahaprabhu. De fato, simplesmente por lembrar seus santos nomes, a pessoa alcança a satisfação de todos desejos.

Verso 93

Por isso, por prestar minhas respeitosas reverências aos pés de lótus de todos eles, eu vou descrever os passatempos do jardineiro Sri Chaitanya Mahaprabhu em ordem cronológica.

Verso 94

O oceano dos passatempos do Senhor Chaitanya Mahaprabhu é incomensurável e insondável. Quem pode tomar coragem para medir o grande oceano?

Verso 95

Não é possível mergulhar neste grande oceano, mas sua doce fragrância agradável atrai minha mente. Por isso eu fico na beira deste oceano e tento saborear apenas uma gota dele.

Verso 96

Por sempre rogar aos pés de lótus de Sri Rupa e Sri Raghunatha, e por sempre desejar sua misericórdia, eu, Krishnadasa, narro o Sri Chaitanya Charitamrita, por seguir seus passos.

Assim terminam os significados Bhaktivedanta do Sri Chaitanya Charitamrita, Adi-lila, Décimo Segundo Capítulo, que descreve as expansões de Adwaita Acharya e Gadadhara Pandita.

Índice do Bhagavad-gita

Índice de Livros

Desde 18/julho/2000

(Última Edição: 01-ago-2021 )

home